Trabalho Klein-1
Trabalho Klein-1
Trabalho Klein-1
O filme Garota Interrompida conta a história de Susanna Kaysen, uma jovem de 18 anos que
em meados de 1969 é internada em um Hospital Psiquiátrico após uma tentativa de suicídio,
misturando uma grande quantidade de aspirina com uma garrafa de vodka. Esta, tem sua vida
“interrompida” por quase 2 anos em tratamento dentro da instituição.
A personagem sente-se encalhada, incapacitada de negociar com seu conflito. Susanna não
quer ir para a faculdade e gostaria de se tornar uma escritora e estava apenas "tentando fazer a parar a
merda." em seu ato. Steiner (1987) acredita que os pacientes fronteiriços, ao tentar sair deste dilema e
mover-se em direção a seus objetos acabam recuando por não conseguir viver o contato emocional
próximo, mergulhando em confusão e fragmentação. Podemos perceber seu estado de
despersonalização na seguinte frase que inicia o filme:
“Alguma vez você já confundiu um sonho com a realidade? Ou roubou algo quando
você tinha o dinheiro? Você já se sentiu triste? Ou pensou que o trem estava em
movimento quando ele estava parado? Talvez eu fosse louca, talvez fossem os anos
60, ou talvez eu fosse, apenas uma Garota Interrompida”.
Susanna percebe-se confusa sobre como se sente e experiencia situações quase psicóticas,
como quando refere sentir que suas mãos estavam sem ossos, apegando-se a este delírio para justificar
sua tentativa de suicídio, ato também negado pela paciente. Klein (1935) acredita que o objetivo do
suicida seja criar uma ruptura na sua relação com o mundo externo, livrando o objeto real/ou bom de
si mesmo, ou da parte do ego identificada com os objetos maus. Em conversa consigo mesma,
Susanne refere que tenta se machucar externamente numa tentativa de matar aquilo (sofrimento e dor)
que vivencia internamente.
A personagem faz amizade com colegas pacientes e cultiva um encanto especial por Lisa,
uma sociopata que manipula facilmente as mulheres ao seu redor, sendo gentil ou cruel com elas de
acordo com seu desejo. Esta, incentiva Susanna a parar de tomar seus medicamentos e negociá-los
com os outros pacientes, sair para fora de seu quarto à noite e resistir a terapia, tornando-se uma
péssima influencia.
Klein (1937), afirma que nas amizades desenvolvidas na adolescência estão presentes
impulsos e sentimentos muito fortes, criando amizades muito intensas principalemnte entre membros
do mesmo sexo. Os sentimentos homossexuais inconscientes estão subjacentes e muitas vezes
provocam atividades homossexuais reais, como uma tentativa de fugir da pulsão que os empurra para
o sexo oposto, como pode ser percebido no filme quando Susanna, ao fugir com Lisa, a beija na boca.
O amor, a admiração e adulação que podem tomar parte dessas relações também acabam sendo uma
garantia contra o ódio.
O ex-namorado de Susanna vai visita-la. Os dois tentam fazer sexo em seu quarto e são
interrompidos. Resolvem ir conversar fora do prédio e Toby revela que ele está prestes a ser
convocado para a guerra. Propõe a ela de fugir para o Canadá com ele, tentando convencê-la de que
ela não é louca e que as meninas do Hospital não são realmente suas amigas. Com isso, Susanna se
recusa a ir com ele, e afirma estar louca de fato, por ter conquistado com aquelas meninas a relação
mais real que já havia vivenciado.
Polly, observa Susanna e Tobby e como eles falam lá fora. Naquela noite, ela acorda gritando.
As enfermeiras removêm-na e colocam ela em confinamento solitário para acalmá-la, mas ela
continua chorando, horrorizada com as cicatrizes de queimaduras por todo o corpo e rosto. Para
animá-la, Susanna pega um violão na sala de música e fica fora do quarto de Polly com Lisa, cantando
"Downtown".
Em ambas as cenas descritas, podemos perceber que Susanna estabelece uma relação de
confiança com as amigas, assim como a gratidão e retribuição da satisfação obtida através do objeto.
Ela demonstra bondade, que para Klein (1957), se da na troca entre um objeto bom que ama e protege
o self e é amado e protegido pelo self.
Na manhã seguinte, Susanna é analisada mais uma vez. Drª. Sonia Wick, decide tomar
Susanna como seu paciente. Ela é diagnosticada com transtorno de personalidade borderline. Seus
sentimentos são sempre ambivalentes, possui comportamentos autodestrutivos e melancolia, ataques
de fúria, sarcasmo e comportamentos sexuais impulsivos, que a rotulam como promíscua e confirmam
o diagnóstico.
Lisa também tem uma consulta Psiquiátrica, mas não retorna, e Susanna cai em uma
depressão. Frustrada com o descumprimento da rotina de Susanna, a Enfermeira joga-a em um banho
frio para acordá-la, é continente ao ataque verbal da paciente, afirmando que, apesar de sua doença,
ela não é louca, apenas uma "preguiçosa, menina auto-indulgente que está fingindo-se de louca" .
Lisa retorna a noite, e ela e Susanna fogem de Claymoore. Passam a noite na casa da Daisy,
que recentemente foi liberada da instituição. Lisa acusa Daisy de ter uma relação incestuosa com o
pai, e zomba dela por se automutilar e por suas práticas abusivas relacionadas a anorexia. Embora
Susanna expresse raiva contra Lisa, ela não é capaz de detê-la nem ela procurar Daisy até a manhã
seguinte. quando ela descobre que Daisy se enforcou.
Susanna liga para ambulância e volta ao hospital muito abalada. Nas próximas semanas, ela
começa a cooperar com seus médicos e responde a sua terapia, expressando seus sentimentos através
da escrita e pintura. Ela logo recebe alta de sua internação.
Nas transcrições acima podemos observar a transição se Susanna da Posição
Esquizo-Paranoide, de um self que estava desintegrado para Posição Depressiva, conseguindo uma
maior integração de sí mesma. Desenvolve uma capacidade simbólica e a emergência de capacidade
reparadoras de um pensar não mais concreto que culminam no sucesso da analise.