Estudo Tecnico Ampliacao Pe Do Rio Da Onca 2022
Estudo Tecnico Ampliacao Pe Do Rio Da Onca 2022
Estudo Tecnico Ampliacao Pe Do Rio Da Onca 2022
Fevereiro
2022
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 2
2. METODOLOGIA APLICADA .......................................................................................... 4
3. ASPECTOS GERAIS ...................................................................................................... 4
4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E PROBLEMAS AMBIENTAIS DECORRENTES ..... 12
5. CLIMA ........................................................................................................................... 14
5.1 VENTOS E PRESSÃO ATMOSFÉRICA .................................................................................. 15
5.2 TEMPERATURA ............................................................................................................... 16
5.3 PRECIPITAÇÃO ............................................................................................................... 16
6. GEOLOGIA ................................................................................................................... 16
7. GEOMORFOLOGIA ...................................................................................................... 17
8. HIDROGRAFIA ............................................................................................................. 18
9. MEIO BIOLÓGICO ........................................................................................................ 21
9.1 FLORA ........................................................................................................................... 21
9.2 FAUNA ........................................................................................................................... 32
10. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA ............................................................................................. 37
11. JUSTIFICATIVA TÉCNICA ......................................................................................... 43
12. EQUIPE TÉCNICA ...................................................................................................... 45
13. BIBLIOGRAFIA DE APOIO ........................................................................................ 45
1. APRESENTAÇÃO
2
Figura 1: Indicação dos lotes de terra pretendidos para a ampliação do PE do Rio da Onça. Fonte: Instituto Ambiental do Paraná (2002).
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Destaca-se que a figura 01 ilustra a área de estudo de ampliação proposta bem como
a área do parque, entretanto trata-se de mapeamento antigo, datado de 2002. Todavia,
devido à plotagem acurada deste mapa, e visando tornar visual a localização dos lotes,
optou-se pela sua utilização.
Estudos para incorporação dos lotes citados remontam aos anos 2.000, quando foi
elaborado um estudo de criação e ampliação de Unidades de Conservação na Bacia
Litorânea do estado do Paraná.
2. METODOLOGIA APLICADA
3. ASPECTOS GERAIS
4
SNUC, as Unidades de Conservação quando criadas devem ser enquadradas em
categorias de manejo, com base nos recursos naturais e nas aptidões de propiciar
benefícios diretos e indiretos, buscando garantir a proteção e a conservação dos recursos
naturais.
Figura 2: Entrada para o PE do Rio da Onça. Fonte: Bruno Reis Martins (2022).
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Figura 3: Placa na entrada do parque, com indicação das trilhas do PE do Rio da Onça. Fonte: Bruno Reis
Martins (2022).
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Como a Categoria “Parque Florestal” não tem amparo legal, no ano de 2012 foi feita
a adequação da categoria de manejo ao SNUC, passando a Unidade a denominar-se
Parque Estadual do Rio da Onça, conforme Decreto Estadual nº 3.741 de 2012.
O PE do Rio da Onça dispõe de centro de visitantes, casa de apoio administrativo e
de pesquisa, casa do guarda-parque, trilhas interpretativas com passarelas e pontes
estruturadas em madeira e o mirante das bromélias, onde é possível observar a formação
das copas das árvores.
O Parque oferece atividades de educação ambiental e interpretação da natureza,
através do percurso nas trilhas existentes (Figuras 3, 4 e 5).
O circuito inclui cinco trilhas, onde os visitantes recebem informações sobre as
principais espécies da flora e fauna presentes na Unidade.
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Figura 5: Equipe técnica do IAT em visita ao PE do Rio da Onça, em fevereiro de 2022. Fonte: Bruno Reis
Martins (2022).
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A visitação do Parque se faz em circuito retangular de aproximadamente 1.500
metros, subdividido em cinco trilhas em trajeto contínuo (figura 3). O percurso inicia no
Centro de Visitantes, passa por cinco pontes ao longo do trajeto e pelos rios Tiririca e Preto.
No percurso das trilhas encontram-se áreas de Caxetais e de Restinga, com predominância
de espécies vegetais vinculadas a ambientes úmidos.
Também se pode observar grande densidade e exuberância de bromélias nas
árvores e ambientes bem drenados com ocorrência de bromélias de hábitos rasteiros
(Figuras 6 e 16). No percurso existe um mirante (Mirante das Bromélias), onde se pode
visualizar a copa das árvores com epífitas.
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Figura 6: Detalhe para a grande diversidade de epífitas encontradas no PE do Rio da Onça. Fonte: Bruno
Reis Martins (2022).
12
Figura 7: Vista aérea do lote 14, onde é possível notar o contato entre a zona urbana e o remanescente
florestal. Fonte: Jeferson de Lima Pereira (2022).
A área do entorno do Parque inserida no perímetro urbano é ocupada principalmente
por residências, além de pontos de comércio e serviços vicinais e equipamentos de uso
coletivo (de saúde, educação, lazer, cultura e similares). Já a porção inserida na área rural
caracteriza-se por área de floresta com pouca ocupação humana.
Ainda com relação à área urbana do entorno do PE do Rio da Onça, em algumas
regiões, localizadas tanto no bairro Praia Grande, quanto no bairro Rio da Onça, observa-
se pontos característicos de ocupação irregular para moradia.
No que diz respeito aos resíduos sólidos, verifica-se que a população adota a prática
de descarte desses materiais nas margens de vias públicas, terrenos baldios, rios e canais.
Assim, em toda a região do entorno do PE do Rio da Onça, inclusive em áreas limítrofes, é
possível encontrar resíduos abandonados, incluindo em ambientes aquáticos que afluem
para o interior da Unidade de Conservação.
Inúmeras são as ameaças à preservação da área de estudo: a forte pressão
imobiliária da região litorânea e expansão urbana do município de Matinhos, o corte ilegal
de palmito e outras espécies, a caça e a pesca predatória. Além disso, a contaminação dos
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rios que afetam o PE do Rio da Onça e a área de estudo por efluentes urbanos também
compromete a qualidade dos ecossistemas, que naturalmente se interrelacionam com o
regime hídrico da região. A deposição irregular de resíduos sólidos também compromete a
biodiversidade local.
Sob o ponto de vista da ecologia da paisagem, a porção litorânea do estado do
Paraná, na qual se insere o PE do Rio da Onça a área de estudo, não apresenta uma
condição típica de fragmentação, mas sim uma matriz florestal relativamente extensa onde
os eixos rodoviários e áreas balneárias imprimem limites à expansão e continuidade das
áreas naturais. No entanto é evidente um processo de crescente isolamento do PE do Rio
da Onça, notadamente pelas suas porções leste e sul, mas também ao norte, onde acessos
rodoviários e ocupações humanas já se instalaram. Tal tendência é resultado do expressivo
crescimento da população do município.
O Censo do IBGE de 2010 contabilizou 29.428 habitantes em Matinhos. Atualmente,
o município conta com 35.705 habitantes (população estimada pelo IBGE - 2021), com
densidade demográfica de 306,63 hab/km², com aproximadamente 98% de população
urbana, segundo dados do IPARDES.
5. CLIMA
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A região litorânea do Paraná é controlada na maior parte do ano pelo anticiclone do
Atlântico Sul. A massa de ar tropical atlântica é estável, porém instável em seu ramo
ocidental. Essa instabilidade aumenta no verão, quando esse anticiclone penetra sobre o
ar aquecido. As frentes frias, ao esbarrarem na Serra do Mar, ficam presas nos vales e
esporões, formando com o ar fronteiriço uma frente especial. O ar aquece-se
adiabaticamente, tornando-se saturado. Esse processo propicia a formação de nevoeiros e
chuvas próprias das frentes frias.
Nas áreas da planície litorânea, a amplitude das temperaturas médias anuais chega
a 9,8ºC ao nível do mar, com temperatura máxima de 26,1ºC em janeiro e mínima de 16,3ºC
em julho.
5.3 Precipitação
As chuvas são dos tipos orográfico, ciclônico e de convecção. No primeiro tipo, que
ocorre especialmente no inverno, as massas de ar formadoras de chuva possuem, muitas
vezes, 500 km de largura e extensão superior a esse valor, podendo as precipitações
durarem várias horas e até mesmo, dias.
Os volumes de chuvas no litoral paranaense e Serra do Mar são bastante elevados,
tanto em termos anuais, como num período de 24 horas, não se observando variações
significativas nos volumes pluviométricos ao longo dos anos.
6. GEOLOGIA
7. GEOMORFOLOGIA
8. HIDROGRAFIA
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identificação dada a quase inexistência de divisores topográficos, caracterizado pela
presença de cursos d’água de pequeno porte. A área de estudo encontra-se neste contexto.
A quase totalidade dos cursos d’água da planície costeira sofre comumente
influência da variação de marés, que por vezes se estende por dezenas de quilômetros a
montante da foz.
O mapeamento hidrográfico disponível na escala 1:50.000 permite identificar a
existência de alguns rios na área de estudo, como o Rio Guaraguaçu, Rio Cambará, Rio do
Meio, Rio Indaial, Rio Preto, Rio Matinhos e destacando-se o Rio da Onça, que corta o
Parque Estadual do Rio da Onça.
O rio da Onça possui comprimento aproximado de 6,5 km, estando cerca de 1,4 km
do seu segmento central no interior do Parque Estadual do Rio da Onça. A coloração escura
de suas águas, assim como de outros rios e riachos da região, deve-se principalmente ao
teor de matéria orgânica presente nos sedimentos que atravessa (Figura 8).
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Figura 8: Rio da Onça, com destaque para a coloração da água. Fonte: Walquíria Letícia Biscaia de Andrade
(2021).
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Em síntese, a rede hidrográfica da área de estudo é composta por rios maiores, e
por pequenos cursos d’água de baixa vazão, muitas vezes associados a áreas contíguas
encharcadas e úmidas.
A densidade e riqueza da rede hidrográfica local são especialmente marcantes,
resultantes dos elevados índices de pluviosidade e do relevo regional.
9. MEIO BIOLÓGICO
9.1 Flora
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Quartzarênicos (antigas Areias Quartzozas) e Espodossolos (antigos Podzóis) e, nos
abaciados úmidos, Organossolos e Gleissolos, variando em função de seus conteúdos em
areia e em argila (Figuras 9 e 10). Essa aparente melhoria das condições do substrato
favoreceu o estabelecimento de plantas arbustivas e, na sequência, de arbóreas, muito
específicas e características deste processo (Formações Pioneiras com influência Flúvio-
lacustre – várzeas e caxetais), tendendo no decorrer do tempo ao máximo do
desenvolvimento vegetal as florestas (Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas).
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Figura 9: amostra de solo fotografada dentro do PE do Rio da Onça. Fonte: Walquíria Letícia Biscaia de
Andrade (2021).
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Figura 10: amostra de solo fotografada dentro do PE do Rio da Onça. Fonte: Walquíria Letícia Biscaia de
Andrade (2021).
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Este é o contexto ambiental em que se encontra a área de estudo, da qual se
excluem as formações dos frontais marinhos (restingas), por distar destes em
aproximadamente 400 m, integralmente ocupados pela urbanização do município de
Matinhos. Abarca, portanto, um gradiente vegetacional muito interessante e característico
dessas áreas, partindo dos alinhamentos de cordões e intercordões já estáveis e em parte
reafeiçoados, intercalando várzeas e caxetais com florestas sobre solos não hidromórficos
(tabuleiros) e sobre solos hidromórficos (guanandizais), além de áreas de transição.
Antropização ocorreu, contudo, muito antes do avanço da urbanização, quando as
porções do terreno mais elevadas e enxutas eram desflorestadas e convertidas em cultivos
agrícolas, poupando em parte as florestas sobre solos mal drenados, das quais apenas os
melhores indivíduos arbóreos eram retirados. Essas atividades foram suspensas
localmente, permitindo a regeneração natural da vegetação nas áreas até então cultivadas,
as quais se encontram atualmente em diferentes estágios sucessionais.
A área de ampliação está localizada na planície litorânea apresentando formações
vegetacionais da Mata Atlântica, abrangendo fitotipias típicas da região fitoecológica da
Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (Figura 7).
A Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas está sobre sedimentos arenosos, com
florestas bem desenvolvidas possuindo indivíduos arbóreos dominantes com até 30 m de
altura (Figura 11). São fisionomicamente muito semelhantes às formações submontanas e
montanas, porém a flora responde às condições diferenciadas do substrato arenoso e do
padrão de drenagem. Das Terras Baixas são muito típicos o guanandi (Caloplyllum
brasiliense), a cupiúva (Tapirira guianensis), o ipê do brejo (Tabebuia umbellata), e a
jacataúva (Cytharexyllum myrianthum), com um sub-bosque caracterizado pela abundância
de epífitas, pteridófitas e palmáceas, notadamente o jerivá (Syagrus romanzoffiana) e o
palmito (Euterpe edulis). Estes ambientes são intercalados por Áreas de Formações
Pioneiras como os caxetais (Tabebuia cassinoides).
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Figura 11: exemplar de árvore emergente. Fonte: Walquíria Letícia Biscaia de Andrade (2021).
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Em sua quase totalidade as formações de terras baixas sofreram intervenção do
homem, substituídas por cultivos agrícolas, pastagens e urbanização, constituindo-se este
importante remanescente como de relevância ambiental na proteção destes ambientes.
A vegetação da área atual do PE do Rio da Onça é caracterizada pelas formações
vegetacionais da Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (Solos hidromórficos – 52,99
hectares, Solos não-hidromórficos – 24,15 hectares, Transição Solos hidromórficos e não-
hidromórficos – 10,86 hectares), Formações Pioneiras Flúvio-Lacustre (Herbácea – 1,02
hectares e Arbórea – 5,88 hectares) e Sucessão Vegetal (Herbácea – 1,92 hectares e
Arbórea – 21,68 hectares), conforme estudo apresentado no plano de manejo.
As florestas sobre solos hidromórficos são dominadas por indivíduos emergentes (14
a 18-20 m de altura. Figura 11) de guanandis (Calophyllum brasiliense), maçarandubas
(Manilkara subsericea), canelas (Ocotea pulchella) e cupiúvas (Tapirira guianensis), com
seus troncos e ramificações densamente colonizados por epífitas de bromeliáceas e
aráceas (Philodendron corcovadense), bem espaçados entre si, provavelmente pela
retirada no passado dos melhores indivíduos, às vezes formando clareiras onde as
oportunistas embaúba (Cecropia pachystachya) e a cidreira (Hedyosmum brasiliense)
podem estar presentes, entre outras. O sub-bosque é igualmente denso, onde se destacam
arecáceas dos gêneros Geonoma e Bactris, dominando um estrato herbáceo amplamente
colonizado por bromeliáceas diversas e pteridófitas.
As florestas sobre solos não hidromórficos evoluíram a partir das acumulações
arenosas, antigos cordões e dunas, em parte já reafeiçoadas (aplainadas) por ação das
chuvas, das raízes das plantas e também da fauna, compondo substratos melhor drenados,
porém pobres em nutrientes. Nessas áreas um grupo seleto de espécies arbóreas se
mostra mais competitivo, muito característico de praticamente todas as planícies costeiras
do sul e sudeste brasileiros.
No mapeamento realizado para a elaboração do Plano de Manejo, uma porção do
parque foi classificada como transição solos hidromórficos e não hidromórficos,
representando áreas de transição e de mistura dessas duas classes, de difícil
individualização.
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A vegetação herbácea de aspecto graminóide que ocupa as depressões lineares
(intercordões) ainda existentes na porção oeste do parque, quase permanentemente
encharcadas pelas águas do lençol freático foi classificada como Formação Pioneira Flúvio-
lacustre herbácea. Predominam nesses ambientes a taboa (Typha domingensis),
gramíneas e ciperáceas diversas, algumas invasoras importantes como a braquiária. Nesta
fase observa-se o início de colonização de espécies arbóreas, ainda na forma de arvoretas,
onde a caxeta (Tabebuia cassinoides) e a pixirica (Tibouchina trichopoda) se destacam. O
desenvolvimento destas comunidades ao longo do tempo tende ao adensamento arbóreo
rumo ao estabelecimento das florestas de guanandizais, a máxima expressão da vegetação
regional, sobre solos hidromórficos (Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas).
A Formação Pioneira Flúvio-lacustre arbórea sucede a anteriormente descrita, com
a ocupação progressiva de indivíduos de caxeta, formando populações às vezes puras
dessa espécie, podendo ser acompanhada do guanandi (Calophyllum brasiliense), do
gerivá (Syagrus romanzoffianum) e da guapurunga (Marlierea sp.), entre outras (Figura.
12).
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Figura 12. Perfil esquemático de um trecho de caxetal de Matinhos Fonte: GALVÃO et al., 2002.
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Figura 14: Contínuo florestal, da área proposta para ampliação, evidenciando a qualidade ambiental do
maciço. Fonte: Jeferson de Lima Pereira (2022).
9.2 Fauna
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Figura 15 – Exemplares registrados no Parque Estadual do Rio da Onça. Legenda: A: Agouti paca, B:
Didelphis albiventris, C: Sapajus nigritus.D: Dipsas indica (dormideira) Fotos: Sérgio Morato, plano de
manejo do PE do Rio da Onça, 2015
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Já como formas endêmicas do bioma em condição sensu lato (i.e. espécies cuja
distribuição abrange também as florestas com araucárias e as florestas estacionais da bacia
do Paraná), ocorrem na área do Parque o anfíbio Leptodactylus notoaktites e os répteis
Hydromedusa tectifera, Leposternon microcephalum, Oxyrhopus clathratus,
Sibynomorphus neuwiedi, Xenodon neuwiedi, Micrurus corallinus e Bothrops jararacussu
(Peters & Orejas-Miranda, 1970; Peters & Donoso- Barros, 1970; Ernst & Barbour, 1989;
Morato, 1995, 2005; Ribas & Monteiro-Filho, 2002; Haddad et al., 2008; Frost, 2011).
Dentre as espécies de anfíbios e répteis registradas no Parque Estadual do Rio da
Onça, nenhuma encontra-se relacionado às espécies ameaçadas de extinção na lista
nacional (IBAMA, 2003; Machado et al., 2005), ou na lista do Estado do Paraná, (Segalla &
Langone, 2004; Bérnils et al., 2004). Entretanto, o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman
latirostris) já esteve em listas anteriores, sendo que a espécie ainda sofre muita pressão de
caça. Assim, a presença desta espécie no Parque merece destaque, pelo fato da área
abranger ambientes adequados para sua conservação. Ademais, a densidade, isolamento
e grau de conservação das populações de C. latirostris também levam o foco para esta
espécie.
Em resumo, 75% das espécies de anfíbios e 56% dos répteis registradas na área do
Parque tratam-se de espécies endêmicas ao bioma, ainda que em diferentes níveis de
abrangência. Este alto nível de endemismos e a presença de espécies de grande interesse
científico, denotam uma alta significância ao Parque para a conservação da herpetofauna,
mesmo em face a uma menor riqueza em relação a outras regiões
O estado do Paraná é relativamente bem conhecido quanto a sua ornitofauna. Muitas
das espécies florestais apresentam grandes distribuições geográficas, mas algumas delas
são endêmicas do Bioma Mata Atlântica. A área de estudo enquadra-se nas áreas de
endemismos de aves denominadas como “Serra do Mar Center”, por Cracraft (1985), e
como “Atlantic Forest Lowlands”, por Stattersfield et al. (1998). Espécies listadas como
representativas de ambas as áreas de endemismo e registradas na Unidade de
Conservação são o papa-formiga-de-grota (Myrmeciza squamosa), choquinha-cinzenta
(Myrmotherula unicolor), saíra-sapucaia (Tangara peruviana) e cigarra-verdadeira
(Sporophila falcirostris).
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Dentre as espécies registradas, quatro são ameaçadas de extinção, todas na
categoria "vulnerável", a saber: araponga (Procnias nudicollis), maria-da-restinga
(Phylloscartes kronei), saíra-sapucaia (Tangara peruviana) e cigarra-verdadeira
(Sporophila falcirostris). Todas são consideradas ameaçadas pela lista mundial,
enquanto que a maria-da-restinga e a cigarra-verdadeira são apenas pela lista nacional
e do Estado do Paraná.
A riqueza de espécies de mamíferos estimada para o parque corresponde às
espécies com ocorrência restrita à Mata Atlântica, especificamente um pequeno grupo
composto por cinco espécies. São três roedores: Euryoryzomys russatus (rato-do-
mato), Sooretamys angouya (rato-do-mato) e Guerlinguetus ingrami (esquilo), um
primata: Sapajus nigritus (macaco-prego; já registrado no Parque Estadual do Rio da
Onça), e um marsupial: Didelphis aurita (gambá-de-orelha-preta; já registrado no
Parque Estadual do Rio da Onça).
Segundo o inventário realizado para elaboração do plano de manejo, 17 espécies
entre as espécies listadas para o Parque estão ameaçadas de extinção ou indicam
necessidade de atenção. Entre essas, quatro já foram registradas no Parque Estadual
do Rio da Onça e nove são classificadas como “vulneráveis”. Apenas Cerdocyon thous
é arrolada exclusivamente na lista CITES, lembrando que os objetivos e critérios de
inclusão nessa lista são diferentes das demais. Uma única espécie ocorre nas quatro
listas de espécies ameaçadas analisadas: Leopardus tigrinus (gato-do-mato-pequeno),
o que sugere um grau de ameaça homogêneo por toda a área de ocorrência dessas
espécies.
Finalmente, em visita técnica, realizada em fevereiro de 2022 pela equipe do
Instituto Água e Terra, observou-se uma grande diversidade de insetos, com destaque
para os táxons Odonata (libélulas), Diptera (mosquitos) e Lepidoptera (borboletas e
mariposas). Estes são grupos com grande importância para o processo de polinização
e, consequentemente, para a manutenção do ecossistema local.
Durante a mesma visita também se observou a grande presença de áreas
alagadas e bromélias (figura 16), que constituem ambientes adequados para a
sobrevivência de anfíbios, microvertebrados e artrópodes.
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Figura 16: Clareira com bromélias tipo tanque. Estas espécies criam microhabitats ideias para
manutenção de uma grande diversidade de animais, principalmente artrópodes e anfíbios. Fonte: Bruno
Reis Martins (2022)
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A ampliação do parque proporcionará a fauna maior fluxo gênico e a recolonização
de áreas, contribuindo assim para a conservação da biodiversidade.
No lote 14, que faz divisa com o PE do Rio da Onça, no local onde situava-se a
antiga sede da Ambiental Paraná Florestas S. A. existe uma ocupação, com duas casas.
Um antigo funcionário da Ambiental Paraná Florestas S. A. ocupa uma das casas, de
acordo com a vistoria realizada por técnicos do Instituto Água e Terra em fevereiro de 2022
(Figura, 17).
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Figura 17: Ocupação, com duas casas, na área proposta para ampliação. Fonte: Bruno Reis Martins (2022).
O restante do lote, em sua maioria, está constituído por áreas florestais preservadas
(Figura 18).
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Figura 18: Contínuo florestal, da área proposta para ampliação, evidenciando a área ocupada. Fonte:
Jeferson de Lima Pereira (2022).
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Figura 19: Imagem aérea ilustrativa do grau de conservação do lote 13. Fonte: Jeferson de Lima Pereira
(2022).
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Figura 20: Vista aérea indicando a Estação de Tratamento de Esgoto (ao fundo), vizinha ao lote 12. Fonte:
Jeferson de Lima Pereira (2022).
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Figura 21 – Mapa da área de ampliação do Parque Estadual do Rio da Onça. Fonte: Diretoria de Gestão Territorial, Gerência de Geociências, Divisão de Geodésia
(IAT), 2022.
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O total de área a ser adicionada ao Parque Estadual do Rio da Onça é de 1.541,23
ha, totalizando uma superfície final de 1.659,7352 ha.
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As razões decisivas situam-se nos cenários e contexto delineados para a Floresta
Ombrófila Densa e seus ecossistemas associados, incluindo as Planícies Costeiras. Esta
região apresenta um mosaico de ecossistemas ameaçados, cuja ocorrência no estado do
Paraná revela aspectos de notória representatividade nacional. Cumprindo uma finalidade
estratégica em relação à fauna, à flora e às belezas de excepcional valor paisagístico,
perfazendo amostras ecossistêmicas de grande importância ecológica, atestadas por um
grande número de estudos científicos realizados.
O Parque Estadual do Rio da Onça reúne um conjunto de atributos ambientais
únicos, estando inserido em um contexto socioeconômico muito dinâmico, condição que
denota grande significância para a Unidade de Conservação.
Mesmo com extensão pouco expressiva se comparada às demais unidades de
conservação da região litorânea, o Parque protege ambientes típicos da Floresta Ombrófila
Densa de Terras Baixas, fitofisionomia extremamente pressionada pela expansão urbana
verificada nas últimas décadas no litoral paranaense, sendo Matinhos um dos municípios
com as maiores taxas de crescimento populacional do Estado.
Finalmente, o Parque representa potencial núcleo de conectividade entre unidades
de conservação já existentes e áreas naturais contíguas ainda não protegidas por atos
legais, vindo a formar um mosaico de unidades de conservação de florestas em planície.
Pelo exposto, entendemos que as áreas em estudo apresentam elementos ambientais que
justificam a ampliação da Unidade de Conservação de Proteção Integral Parque Estadual
do Rio da Onça, passando de 118,5052 ha de área original para 1.659,7352 ha.
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12. EQUIPE TÉCNICA
Técnica responsável:
Junia Heloisa Woehl
Chefe da Unidade:
Aneuri Moreira de Lima
Equipe de apoio:
Bruno Reis Martins
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GALVÃO. F.; RODERJAN, C. V.; KUNIYOSHI, Y. S.; ZILLER, S. R. 2002. COMPOSIÇÃO
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HADDAD, C.F.B. & PRADO, C.P.A. 2005. Reproductive modes in frogs and their
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http://cidades.ibge.gov.br/painel/populacao.php?codmun=411820> Acesso em:
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MINEROPAR –Minerais do Paraná S.A. 2005. Mapa Geológico do Estado do Paraná, Folha
Curitiba. Escala 1:250.000.
MYERS, N., MITTERMEIER, R., MITTERMEIER, C., FONSECA, G. & KENT, J. 2000.
Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403:853-858.
MYERS, N., MITTERMEIER, R., MITTERMEIER, C., FONSECA, G. & KENT, J. 2000.
Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403:853-858.
RIBEIRO, M.C., METZGER, J.P., MARTENSEN, A.C., PONZONI, F.J. & HIROTA, M.M.
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