Reforma Ou Revolucao - Rosa Luxemburg
Reforma Ou Revolucao - Rosa Luxemburg
Reforma Ou Revolucao - Rosa Luxemburg
Prefácio
Primeira Parte
1. O Método Oportunista
2. A Adaptação do Capitalismo
3. A Realização do Socialismo pelas Reformas Sociais
4. A Política Alfandegária e o Militarismo
5. Consequências Práticas e Carácter Geral do
Revisionismo
Segunda Parte
1. O Método Oportunista
Notas:
(1) Cada Estado (Land) do Império Alemão tinha a sua
Constituição e o seu Parlamento (Landstag) . Depois da
considerável expansão do movimento socialista, e desde a abolição
da lei de excepção, o Saxe instaurou um sistema eleitoral análogo
ao existente na Prússia baseado nas categorias do rendimento
(Drelklassenwahl). (retornar ao texto)
(2) Rosa Luxemburg dá esta designação às diversas formas
modernas de concentração do capital: trusts, concentrações, etc. –
(N. T.). (retornar ao texto)
(3) Numa nota ao ,livro III do Capital, F. Engels escreveu em 1894:
"Desde que estas linhas foram escritas (1865), a concorrência
aumentou consideràvelmente no mercado mundial, devido ao rápido
desenvolvimento industrial de todos os países civilizados.
especialmente na América e na Alemanha. A constatação do rápido
e gigantesco crescimento das forças produtivas modernas
ultrapassa em cada dia e cada vez mais as leis da troca capitalista
das mercadorias, no quadro das quais essas forças se devem
movimentar, e esta constatação impõe-se na hora actual com uma
evidência progressivamente crescente, mesmo perante a
consciência dos capitalistas. Esta constatação verifica-se sobretudo
através de dois sintomas. Em primeiro lugar, na mania
proteccionista que se generalizou e difere do anterior sistema
.proteccionista principalmente por proteger em particular os artigos
mais aptos para a exportação. Depois, nos monopólios através dos
quais os fabricantes de grandes grupos totais de produção
regulamentam a produção e, por consequência, os preços e os
lucros. Note-se que essas experiências só são possíveis quando a
situação económica é relativamente favorável. A primeira
perturbação reduzi-Ias-á a nada e demonstrará que, embora a
produção precise de ser regulamentada, não é certamente a classe
capitalista que será chamada a fazê-Io. Enquanto esperam, esses
monopólios em concentração só têm um objectivo: tomar todas as
medidas para que os mais pequenos sejam engolidos pelos maiores
e ainda mais ràpidamente que no passado". (Capital III, tomo IX,
'PP. 204- -205, tradução Molitor, ed. Costes). (retornar ao texto)
4. A Política Alfandegária e o Militarismo
Notas:
(4) Em 1872, os professores Wagner, Schmolller , Brentano, etc.,
reuniram-se num Congresso em Eisenach, no decorrer do qual
proclamaram com muito ardor e força publicitária que o seu
objectivo era a instauração de reformas sociais para a protecção da
classe trabalhadora. Esses mesmos senhores, que o liberal
Oppenheimer qualifica irònicamente de "professores universitários
do socialismo", fundaram imediatamente a Associação para as
reformas sociais. Alguns anos mais tarde, no momento em que a
luta contra a social-democracia se agravou, estes pioneiros do
"socialismo universitário" votaram, na sua qualidade de deputados
peIo Reichstag, pela manutenção em vigor da lei de excepção
contra os socialistas. Para além disto, toda a actividade associativa
se resume à convocação de algumas assembleias gerais, durante
as quais são lidos alguns relatórios académicos sobre diferentes
temas. Por outro lado, a associação publicou mais de cem volumes
sobre diversas questões económicas. Mas quanto às reformas
sociais, estes professores, que depois vieram a intervir a favor dos
direitos protecionistas, do militarista, etc., não deram um passo.
Finalmente, a própria associação, abandonou todo o programa de
reformas sociais para se entregar exclusivamente à questão das
crises, provocações. etc. (retornar ao texto)
Inclusão 15/01/2005
Última atualização 22/03/2016
Parte II
Notas:
(5) Esta parte não se refere já aos artigos mas ao livro de
Bernstein "Dle Voraussetzungen des Sozialismus und der Aufgaben
der Sozial-Demokratie" As páginas que indicamos pertencem à
edição alemã. ( N. T. ). (retornar ao texto)
(6) Bernstein vê manifestamente na grande difusão das pequenas
acções uma prova de que a riqueza social começa a deixar cair a
sua chuva benfazeja sobre os desprotegidos. Com efeito, quem
poderia, a não ser os pequenos-burgueses, ou mesmo os operários,
comprar acções pela bagatela ,de uma libra esterlina ou de vinte
marcos! Infelizmente esta hipótese assenta sobre um erro de
cálculo: opera-se com o valor nominal das acções em lugar de se
operar com o seu valor para o mercado, o que é completamente
diferente. No que respeita ao mercado mineiro, tratou-se entre
outras coisas das minas sul-africanas do Rand, das acções, tudo,
como a maior parte dos valores mineiros de uma libra esterlina, ou
seja de vinte marcos papel. Mas, já em 1899, elas custavam três
fibras esterlinas (ver contas referentes ao final do mês de Março), ou
seja não vinte mas 860 marcos! O mesmo acontece por todo o lado.
Na realidade, as pequenas acções são, embora tenham um aspecto
bastante democrático, "uma boa segurança sobre a riqueza social"
de características absolutamente burguesas e não pequeno-
burguesas ou proletárias, pois apenas uma pequena minoria de
accionistas consegue comprá-las pelo seu valor nominal. (retornar
ao texto)
(7) "As próprias cooperativas operárias de 'produção constituem a
'primeira brecha aberta no seio do antigo sistema. embora
naturalmente na sua organização real reproduzam forçosamente
todas as deficiências do sistema vigente". (Marx, Capital, livro III,
cap 27, t. XI, p. 287, trad. Molitor, Paris, Coste). (retornar ao texto)
(8) As eleições para o Reichstag de Janeiro de 1907 foram
designadas por "eleições dos Hottentots": tiveram lugar no fim das
sangrentas guerras coloniais contra os Héréros e os Hottentots e
foram marcadas por um certo retrocesso social-democracia, que
perdeu um grande número de lugares. A propaganda governamental
conseguiu, no decorrer da campanha eleitoral, promover a união
dos partidos burgueses e conservadores contra o S. P. D. (N. T.).
(retornar ao texto)
3. A Conquista do Poder Político
a hidropisia oportunista.
Se se considerar a enorme expansão do movimento no decursos
dos últimos anos e o carácter complexo das condições em que se
deve travar a luta, assim como os objectivos que deve ter, era
inevitável que num determinado momento se manifestasse uma
certa flutuação: cepticismo quanto à possibilidade de atingir os
grandes objectivos finais, hesitações quanto ao elemento teórico do
movimento. O movimento operário não pode nem deve progredir de
outra forma; os instantes de hesitação, de descrença, estão muito
longe de surpreender os marxistas, pelo contrário, foram previstos e
preditos desde há muito por Marx:
"As revoluções burguesas", escrevia Marx, há meio século no seu
Dezoito Brumário "como as do século XVIII, precipitam-se
ràpidamente de acontecimento em acontecimento, os seus efeitos
dramáticos ultrapassam-se ràpidamente, homens e coisas parecem
engastados no brilho dos diamantes, o entusiasmo estático é a
mentalidade quotidiana, mas têm uma vida curta. Atingem
ràpidamente o seu apogeu e um longo marasmo apodera-se da
sociedade antes que ela aprenda a apropriar-se tranquilamente dos
resultados do período tempestuoso. Inversamente, as revoluções
proletárias, como a do século XIX, autocriticam-se
permanentemente, interrompem a cada momento o seu curso,
voltam ao que já parecia estar feito para o recomeçar de novo,
zombam impiedosamente das suas insuficiências, das fraquezas e
misérias das suas primeiras tentativas, parecem não abater o seu
adversário que, tirando da terra novas forças, se endireita
novamente, mais gigantesco, têm um medo constantemente
renovado frente à imensidade infinita do seu próprio objectivo, até
que seja atingida a situação que torna impossível qualquer recuo e
que as próprias circunstâncias lhe gritem:
"Hic Rhodus, hic salta!"
"É aqui que está a rosa! É aqui que é preciso dançar!"
Tudo isto continua a ser verdade, mesmo depois de ter sido
edificado o socialismo científico. O movimento proletário, mesmo na
Alemanha, não se fez de repente socialista, faz-se um pouco em
cada dia, faz-se corrigindo os desviacionismos opostos: o
anarquismo e o oportunismo; um ou outro erro são fases do
movimento considerado como um processus contínuo.
Nessa perspectiva não é a aparição de uma corrente oportunista
que deve surpreender, é sobretudo a sua fragilidade. Tanto quanto
se manifestou em ocasiões isoladas, a propósito da acção prática
do partido, poder-se-ia imaginar que se apoiava numa base teórica
séria.
Hoje, lendo os livros de Bernstein, a expressão teórica máxima
dessa tendência, grita-se com estupefacção: Como? É tudo o que
têm para dizer? Nem sombra de pensamento original! Nem uma
ideia que o marxismo já não tivesse, há dezenas de anos, refutado,
esmagado, ridicularizado, reduzido a pó! Bastou que o oportunismo
começasse a falar para demonstrar que nada tinha para dizer. É
isso que dá, para a história do partido, tanta importância ao livro de
Bernstein.
Bernstein abandonou as categorias do pensamento do
proletariado revolucionário, a dialéctica e a concepção materialista
da história; ora é a elas que deve as circunstâncias atenuantes da
sua mudança. Porque só a dialéctica e a concepção materialista da
história podem mostrá-lo, com grande magnanimidade, tal como o
foi inconscientemente: o instrumento predestinado que, revelando à
classe operária um desfalecimento passageiro do seu ardor, a
forçou a rejeitá-Io com um gesto de desprezo escarnecedor.
Tínhamos dito: o movimento torna-se socialista corrigindo os
desviacionismos anarquistas e oportunistas que são uma
consequência inevitável do seu crescimento. Mas ultrapassá-los não
significa fazer tudo com toda aquela tranquilidade que agradaria a
Deus. Ultrapassar a corrente oportunista actual significa rejeitá-Ia.
Bernstein termina o seu livro com um conselho ao partido: que
ouse parecer o que é, quer dizer, um partido reformista, socialista e
democrata. O partido, ou seja, o seu órgão supremo, o Congresso
deveria, em nossa opinião, seguir esse conselho propondo a
Bernstein, parecer o que é: um progressista democrata pequeno-
burguês.
A primeira edição terminava com estes dois parágrafos que Rosa
Luxemburg suprimiu por lhe parecer terem perdido oportunidade.
Início da página
Notas:
(9) Foi em 1884 e em 1885 que se discutiu no Parlamento a
questão da subvenção que Bismark pretendia conceder às
companhias marítimas, em particular àquelas que faziam carreiras
para as primeiras (ou futuras) colónias alemãs. As opiniões da
social-democracia sobre este problema apresentaram-se bastante
diversificadas. (N. T.). (retornar ao texto)
(10) Votação do orçamento na Baviera: A partir dos anos 90 foi
introduzida no partido socialista da Baviera a tradição de votar o
orçamento do Land. Isto era contrário às tradições do Partido no seu
conjunto: no Reichstag, os deputados socialistas recusavam todos
os anos em bloco o orçamento. (retornar ao texto)
(3) O "movimento dos Independentes" foi iniciado pelo grupo dos
"Junge" de tendências anarquistas, no interior do S. P. D. (N. T.).
(retornar ao texto)
References