2021 - Cartografia de Geossistema
2021 - Cartografia de Geossistema
2021 - Cartografia de Geossistema
Alfenas - MG
2021
THIAGO SILVA FORTE
Alfenas – MG
2021
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Alfenas
Documento assinado eletronicamente por Clibson Alves dos Santos, Professor do Magistério
Superior, em 25/11/2021, às 14:26, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º,
§ 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.
Documento assinado eletronicamente por Roberto Marques Neto, Usuário Externo, em 25/11/2021,
às 16:49, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539,
de 8 de outubro de 2015.
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“Ostras felizes não produzem pérolas”
Rubem Alves.
Dedico aos meus avós
Maria Geralda, Osmarina
M. Forte e Ismar Alves
(Em memória) ...
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida, que me foi dado e serviu
de alicerce em tempos tenebrosos quanto esses em que estamos vivendo. Agradeço
aos meus familiares pelo apoio.
Agradeço ao meu Orientador Professor Doutor Roberto Marques Neto por este
tempo de aprendizado e compreensão nesta empreitada. Agradeço ao programa de
Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Alfenas, ao Professor
Doutor Flamarion Dutra Alves pelo suporte que me foi necessário.
Agradeço ao incansável André Luís Bellini, pelas aulas e assessorias nas
elaborações dos mapas, amizade que fiz dentro da Geografia e levo para a vida. Seu
apoio foi fundamental para consecução deste projeto.
Agradeço aos colegas de mestrado, em especial a Renata Vieira Melo pelas
motivações, pelo apoio e parceria nos momentos mais difíceis desta trajetória, e aos
demais colegas e professores pelas contribuições importantes.
Ao Professor Doutor Paulo Henrique de Souza pela oportunidade que me foi
dada como seu estagiário, as vezes pequenos gestos nos motivam por uma vida
inteira.
Aline Bastos, pelo cuidado, carinho e amizade, motivação e principalmente por
não me deixar desistir, muito obrigado. Agradeço a todos que direta ou indiretamente
contribuíram com essa caminhada.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- Brasil (CAPES)- Código de
financiamento 001.
RESUMO
Figura 53 - Latossolo em relevo colinoso preparado para cultivo de cana. ............. 105
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14
1.1 Considerações Gerais .............................................................................................. 14
1.2 Justificativas ............................................................................................................. 17
1.3 Objetivos ................................................................................................................... 21
2 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 23
2.1 Elaboração do banco de dados ............................................................................... 26
2.2 Elaboração dos mapas temáticos............................................................................ 28
1 INTRODUÇÃO
1.2 Justificativas
1Segundo Chibeni (...) o Empirismo sustenta que o conhecimento se baseia e se adquire através do
que se apreende pelos sentidos. Admite-se, além de sentidos “externos” (visão, audição, tato, olfato e
paladar) a participação de um sentido “interno” (introspecção), que nos informa acerca de nossos
sentimentos, estados de consciência e memória. Epistemologia: noções introdutórias – Silvio Seno
Chibeni- acessado em 04/08/2020.
18
Figura 1 - Uso e ocupação da Terra no Município de Divisa Nova - MG na escala temporal de 2006
a 2016.
O plano diretor de Divisa Nova data de 2006 e já possui 14 anos, sendo assim,
nunca foi revisto, não houve avaliação sistemática das metas propostas nele contidas
e se as mesmas foram executadas por parte dos gestores municipais nos anos
seguintes a sua confecção. A recomendação segundo o Estatuto das Cidades, Lei n°
10257/2001, em seu artigo 39, parágrafo 3°, é que o plano diretor seja revisto a cada
dez anos. O conteúdo do documento é generalista e pouco se aprofunda nas questões
técnicas de planejamento ambiental.
O plano diretor de Divisa Nova, é oriundo de um consórcio entre Furnas
Centrais Elétricas e os municípios que são banhados pelo lago de Furnas, e foi
fomentado em função do plano de aceleração do crescimento do Governo Federal
vigente naquele período, que exigia em sua época o plano diretor para que os
municípios angariassem recursos financeiros e insumos da esfera Federal.
Nota-se a ausência de uma secretaria de meio ambiente e planejamento, e as
decisões com relação aos problemas ambientais do município ficam sem serem
contempladas. O plano de saneamento básico é também generalista. De certa forma,
o poder público sempre busca a confecção destes documentos para conseguir
recursos financeiros das outras esferas de atuação, sem se preocupar com seus
desdobramentos, ou ter uma equipe técnica de avaliação e execução dos
documentos.
O município não possui base de dados cartográficos georreferenciados nem
mesmo a planta cadastral de seus imóveis e propriedades público/ privadas, o que
gerou uma ação do ministério público impedindo a transferência e venda de
propriedades nos limites territoriais do mesmo até que a situação seja regularizada,
desta forma apenas a usucapião como modalidade de posse de terras está sendo
aceito como processo para transferência de propriedades no município.
O cemitério da cidade se encontra com sua capacidade total quase exaurida e
há dificuldades de se encontrar outra localidade para o estabelecimento de outro
cemitério pelo problema citado acima, e por não haver disponibilidade de locais em
função das propriedades rurais do entorno urbano, ou seja, dentro da cidade não há
mais disponibilidade de terrenos, e as propriedades rurais já estão incorporadas à
pequenos sítios ou em grandes latifúndios.
Essa questão se torna um problema jurídico, uma vez que o Estado tem
prioridade no interesse a qualquer propriedade dentro de seu território o que é
20
1.3 Objetivos
Objetivos Específicos:
Promover um diagnóstico ambiental do município com ênfase no meio físico;
Identificar e discutir os principais impactos ambientais existentes;
22
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2
Entende-se por multidisciplinaridade a abordagem de um mesmo assunto por várias disciplinas cada
uma com suas especificidades e interdisciplinaridade como o trabalho coletivo de entre diversas
disciplinas com o objetivo de produzir vários conteúdos ao tratar-se de um mesmo objeto de pesquisa.
24
Para confecção dos mapas foi utilizado o software livre QGIS na versão 2.18.26
Las Palmas. Para elaboração dos mapas e base cartográfica foram utilizadas as
folhas cartográficas de Areado (folha SF-23-V-D-I-4), Botelhos (folha SF-23-V-D-IV-
1), Campestre (folha SF-23-V-D-IV-2) e Campo do meio (folha SF-23-V-D-I-3) após
georreferenciamento das mesmas na escala de 1:50.000.
27
utilizadas imagens de satélite CBERS 4A das quais foram trabalhadas as Bandas 1,2
e 3 bem como o método matemático (Interative Minimum Distance - Forgy 1965),
algoritmo este presente no provedor de algoritmos SAGA GIS do software QGIS,
gerando a interpolação dos polígonos delimitados para classificação pelo Dzetsezaka
plugin para esta finalidade.
Também foi realizado através do plugin AcATama, a matriz de confusão para
geração da acurácia e validação da Classificação supervisionada. Os procedimentos
de entrada no software foram realizados através da amostragem aleatória estratificada
para validação. De acordo com Olofsson et al. (2014), a estratificação é recomendada
para melhorar a precisão da exatidão e as estimativas da área.
Desta maneira, uma mudança de terreno ou uma outra categoria que possa
ocupar uma pequena proporção da paisagem pode ser identificada e o tamanho da
amostra pode ser alocado para este estrato podendo ser grande o suficiente para
gerar um erro padrão para a estimativa.
Desta maneira foram escolhidos no menu de forma aleatória 305 pontos para
validação da imagem conforme figura 5.
Figura 5 - Mapa de distribuição de pontos de validação no município de DN.
3
COHEN, J. A Coeficient of Agreement for Nominal Scales. Educational and
Measurment. Vol XX, No 1, p. 37-46, 1960.
31
Desta forma o índice kappa obtido para esta classificação foi de 0,6892, ou
68,9%:
Este índice obtido pode ser considerado muito bom segundo Congalton et al.
(1999, apud Queiroz et al. 2017):
No entanto, este trabalho busca mapear o 3° táxon, onde Ross (2006) disserta
que este táxon é o das unidades de padrões de formas semelhantes do relevo ou
padrões de tipo de relevos, podendo ser identificados em análises regionais, ou seja,
em escalas pequenas.
Portanto foram utilizados para composição da diferenciação genética das
formas de relevo os modelados de acumulação (A) e de Dissecação homogênea do
35
polígonos com a correlação 1:1, ou seja, 1 unidade, sendo 1 forma de relevo, um tipo
de vegetação, 1 tipo de solo, uso e vegetação naquele local específico, 1 tipo de rocha.
Pra cada tipo de compartimento geomorfológico foi observado as composições dos
outros elementos, delineando assim os geossistemas. Esse processo se deu através
da criação de novas camadas vetoriais e correção de erros topológicos com a
ferramenta nó do software QGIS.
Abaixo na figura 11, são apresentados os pontos onde foram realizadas as
observações de campo.
A delimitação das App’s de topo de morro foi realizada através da base legal
dos morros seguindo a metodologia de Oliveira e Filho (2013), adaptada para o
software QGIS. O processo se deu a partir da determinação da base hidrológica,
invertendo o MDE original através da calculadora raster. Após foi realizado o
direcionamento de fluxo (escoamento) das microbacias da área de estudos. Os limites
dessas microbacias determinaram as linhas de cumeada e com o MDE invertido
também foram determinados os topos de morro do MDE original, enquanto as bacias
de drenagem passam nas bases hidrológicas do morro coincidindo com os pontos de
cela em sua altitude máxima.
Para o zoneamento ambiental foram utilizados critérios a partir do diagnóstico
ambiental, resultados cartográficos e legislação pertinente. O mapeamento de
geossistemas foi crucial e serviu de base para as delimitações, uma vez que através
dele foi possível conhecer as integridades que compõem a paisagem e pensar as
fragilidades e potencialidades dos ambientes. Dos resultados cartográficos todos
tiveram grande importância, mas pode-se destacar com peso preponderante o mapa
de declividades e do de compartimentação geomorfológica além do conhecimento a
realidade da área de estudos.
38
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Bertalanffy irá introduzir a teoria geral dos sistemas (TGS) no ano de 1937.
Tendo cunho pautado na Biologia, esta teoria vem à tona demonstrando justamente a
necessidade de evoluir da perspectiva reducionista e separatista dos elementos para
uma ciência de integridade dos aspectos e fenômenos presentes em um ambiente,
isto frente as limitações metodológicas da ciência clássica.
Para Bertalanffy (1968, pág. 63), os sistemas podem ser definidos como
complexos de elementos em interação. Desta forma o autor faz uso recorrente de
aspectos matemáticos para perpetrar os ditames sobre a teoria, e reitera como
objetivo da TGS a formulação de princípios válidos para os sistemas em geral
qualquer que seja a natureza de seus elementos e forças existentes entre eles, tendo
como premissa que a teoria mesmo tendo cunho matemático pode ser aplicada em
toda ciência que considera os “todos organizados”.
41
4STODDART D.R. 1967b: Organism and ecosystem as geographical models. In CHORLEY, R.J.
anda HAGGET, P.(eds), Models in Geography (London: Methuen), 511-48.
48
discernimento da constância dos fenômenos e seus tipos, e não mais uma descrição
de áreas e diferenciações. (CAVALCANTI; CORREA, 2014).
Essas premissas sustentarão por exemplo seu trabalho acerca da distribuição
de espécies com relação a variação climática e o estabelecimento de leis que
justificam essas ocorrências e seus determinantes controladores, a latitude e a
altitude, para Cavalcanti (2013, pág. 70):
...é a partir dos esforços de naturalistas com visão integrada do mundo, como
Humboldt, que as variações da latitude e da altitude, passam a ser tratadas
como determinantes gerais de padrões regionais e globais de ambientes
naturais, passando a ser possível falar de uma teoria das zonas naturais, que
viria a sustentar propostas posteriores como a ideia de biomas de Karl H.
Walter e a noção de geossistemas de Viktor B. Sochava.
A Teoria Geral dos Sistemas foi apresentada dessa forma pela primeira vez no
segundo quarto do século XX, porém as abordagens sistêmicas não eram novidade
nas sociedades mais antigas, sobretudo as anteriores a Cristo. De grande
versatilidade e capacidade de auxílio no desenvolvimento de diferentes áreas da
ciência sempre foi muito presente nas diversas temáticas relacionadas à Geografia
Física, evoluindo com o decorrer do amadurecimento da epistemologia desta e
tornando-se um de seus principais meios de ação.
A abordagem sistêmica foi um marco para os estudos geográficos e para o
entendimento das dinâmicas físico ambientais trazendo grande avanço para a ciência
geográfica, em se tratando especificamente desta área do conhecimento, se
configurou como um método de pesquisa de grande valia, principalmente pelos
subconjuntos da Geografia física.
forma, é dada maior ênfase neste período para objetos naturais mesmo que sua
simbologia fugisse de sua imagem real, ou seja, mesmo que fossem distorcidos, assim
lhes atribuindo uma conotação religiosa (FIGUEIRÓ, 1997).
Cronologicamente, a Paisagem foi sendo apresentada como uma visão
subjetiva e idealizada do espaço territorial habitado pelo homem, sendo que
posteriormente viria a se tornar uma representação mais objetiva de uma dada
realidade observada adquirindo o seu caráter polissêmico (CARVALHO et al.,2002).
As representações paisagísticas estiveram presentes na sociedade egípcia por
meio das obras de arte e arquitetura, onde os edifícios, principalmente os religiosos,
eram decorados com cenas e preocupações da vida diária.
Dentre as preocupações científicas, a matemática e a geometria foram
desenvolvidas e utilizadas nas construções e medições das terras afetadas pelas
cheias do Nilo, trazendo os princípios de mensuração espacial. Outra importante
representação paisagística está no que concerne a organização do calendário anual,
dividido pelas observações feita nas mudanças da Paisagem culminando nas
estações do ano (365 dias) cheia, inverno e verão.
No Oriente, as paisagens foram incorporadas nas civilizações de acordo com
cada desenvolvimento histórico e com a ampliação e avanço da escrita e dos
conhecimentos matemáticos, geométricos e arquitetônicos bem como a astronomia e
a medicina; perpetuando as características e culturas das civilizações. A integração
da cultura grega com a egípcia marcou a paisagem cultural de sua época
caracterizada pelas construções de templos e esculturas que retratavam a natureza
(CARVALHO et al., 2002).
No período do renascimento, o racionalismo é a maior influência na
ressignificação das representações paisagísticas que ocorrem juntamente com a
ressignificação dos jardins, em uma transição dos meios de apreciação. Estes jardins
eram planejados para a contemplação cênica, tendo como público frequente,
principalmente intelectuais e acadêmicos (FIGEIRÓ 1997).
A integração dos jardins com as edificações urbanas e sua ornamentação, irão
caracterizar fundamentalmente a Paisagem concreta. Desta forma, a pintura e os
jardins irão delinear trajetórias diferentes para a construção do conceito de paisagens.
Enquanto os jardins serão incorporados ao aspecto urbano e concreto, as pinturas
assumem o papel de representações simbólicas das realidades e de idealizações do
imaginário de seu autor (CARVALHO et al., 2002).
56
Talvez tenha surgido de” Land schaffen”, ou seja, criar a terra, produzir a
terra. Esta palavra transmutada em” Landscape” chegou a Geografia norte-
americana pelas mãos de Sauer que, cuidadosamente, enfatizava que seu
sentido continua sendo o mesmo: o de formatar (land shape) a terra,
implicando numa associação das formas físicas e culturais.
5
O Romantismo é um movimento filosófico, artístico e literário surgido na Alemanha do século XIX
como uma forma de reação às consequências da Revolução Industrial e ao ritmo acelerado do
progresso que dominava a sociedade europeia da época. Para se opor a mecanização em curso, esta
Escola propõe a contemplação do sublime e o resgate das paisagens idealizadas, retratadas pelos
pintores do século XVII.
6
O termo Landschaft já existia desde a idade média, ocorre que a partir da Renascença este conceito
começa a incorporar novos valores relacionados ao senso estético com a observação da natureza.
7
HOLZER, Werther. Paisagem Imaginário e Identidade: alternativas para o estudo geográfico. In:
ROSENDAHL, Zeny & CORRÊA, Roberto Lobato (orgs). Manifestações da Cultura no Espaço. Rio de
Janeiro: Eduerj, 1999. 248p. p.149-168 (Série Geografia Cultural)
58
8 Representa uma área do meio externo que é determinado pelas condições vitais de um outro
agrupamento de organismos. É uma região que apresenta regularidade nas condições ambientais e
nas suas populações, um mesmo ecótopo pode incluir a uma mesma família diferentes cenoses.
Concerne à menor parcela de um habitat, possível de ser discernida geograficamente.
9 Conjunto de condições físicas e químicas que caracterizam um ecossistema ou bioma
59
Desta forma ele entende o geossistema como sendo uma unidade natural de
todas as categorias possíveis, do geossistema planetário (todo o ambiente geográfico
em geral), ao geossistema elementar (fácies físico-geográficas).
A problemática central da teoria dos geossistemas é o estudo da dinâmica do
meio natural, desta maneira, compreendendo essa dinâmica se torna possível
62
10
Correspondem a estruturas derivadas que surgem de maneira espontânea e sob o impacto humano
podendo se manifestar em grupos e classes de epifácies, essas ultimas epigeomas.
11
Grupo de epifácies sistematizadas
12 Geomassa, é um termo aplicado para definir a ideia de matéria geográfica, ou seja, aquela eu pode
ser agrupada de acordo com sua posição entre as esferas geográficas (litomassa, biomassa,
hidromassa, aeromassa).
63
este termo utilizado desta forma, designa que está sendo utilizado no sentido de
diferenciação de áreas (CAVALCANTI, 2010).
Desta forma, seguindo o axioma hierárquico, no sentido da regionalização, o
planeta seria subdividido em áreas menores até alcançar a menor dimensão de
conexão com a natureza, ou seja, áreas elementares (indivisíveis) compondo a base
do sistema hierárquico, que com o decorrer da história recebeu diversas
nomenclaturas, variando de acordo com a abordagem, sendo que o topo do sistema
classificatório sempre foi o próprio planeta (CAVALCANTI, 2010).
Segundo Isachenko13 (1991, apud Cavalcanti 2010, pág. 63), um cinturão
geográfico é a maior divisão zonal do envelope geográfico. As características
fisiográficas do cinturão são expressas pelo nível de calor e umidade e a relação à
circulação das massas de ar. O cinturão é dividido em zonas e subzonas com base
nas variações de umidade e calor. O setor físico-geográfico corresponde a variação
de características termohidrológicas em função da continentalidade e o sub setor
físico geográfico corresponderia a variação interna em um determinado setor.
As ideias de continente e subcontinente estão relacionadas às ideias de forma
e orografia. Um país físico-geográfico é definido como parte do continente marcado
por elemento estruturais. Para Isachenko (1991, apud Cavalcanti 2010, pág. 59) um
domínio físico-geográfico individualizou-se a partir da influência de fatores azonais
(movimentos tectônicos, transgressões e regressões marinhas, glacial, continental) no
desenvolvimento de um país físico geográfico, um domínio pode ainda conter um
subdomínio, tratando-se diferentes estágios de evolução geomorfológica de um
domínio.
A província físico-geográfica é a constituição de uma unidade morfoestrutural
que se desenvolveu dentro de condições termohidrológicas similares e a subprovíncia
seria uma parte isolada da província ao longo do seu desenvolvimento. Um distrito é
definido como um subdomínio no interior de uma zona físico-geográfica.
Para Sochava (1978), a noção de macrogeócoro se relaciona com o termo
landschaft, uma interpretação diferenciada do sentido do conceito de paisagem.
Isachenko (1971) estudou as divisões físico-geográficas e as classificou tomando
como princípio a landschaft. Desta forma ele entende a paisagem como sendo uma
13
ISASCHENKO, A.G. Principles of landscape Science and phisical geographic regioalization.
Melbourne University Press. 1973. 320p.
64
14 É definida como parte da estrutura do trato (topo do morro, segmento de encosta etc.)
15 É uma unidade maior, um sistema conjugado de fáceis formado a partir de qualquer forma de relevo
(convexa ou côncava unidos em gênese e idade, podendo ainda apresentar subtratos, e uma conexão
funcional de um conjunto de tratos conjugados recebe o nome de Terreno (bacias hidrográficas, vales
de rios, terraços).
16 Significa um sistema espacial heterogêneo, formado por geômeros, que se cruzam territorialmente,
com o tamanho areal, desta maneira os dois sistemas formam uma totalidade e a
relação entre eles é dada pelas trocas de matéria e energia.
Desta maneira, Sochava se dedica a estudar os sistemas através de três
propriedades: a estrutura, a dinâmica e a evolução das paisagens. Considerando
também os geossistemas em três dimensões ou escalas: a planetária, a regional e a
topológica, tendo como arsenal metodológico a cartografia (RODRIGUEZ, 2019;
SOCHAVA, 1978).
É importante ressaltar que o autor não aceita a existência de um sistema
integral, sempre se remetendo a inter-relação dialética das categorias de sistemas.
Sochava (1978) considera a natureza e a sociedade como antagônicos dialéticos.
Hipsometria:
5.1.2 Declividade
Forte ondulado entre 20% e 45% ocupam 32,9% do terreno, sendo uma área
de difícil cultivo agrícola, onde se requer restrições para o uso e ocupação visando a
conservação dos recursos naturais. As faixas acima de 45% são áreas montanhosas
e de alto declives, não indicadas para qualquer tipo de cultivo. Na área de estudos
estão também associadas às APP’s de Topo de Morro, aquelas onde se leva em
consideração o ponto de sela de acordo com o novo código florestal.
3- Ondulado 49,21%
75
5- Montanhoso 0,98%
6- Escarpado 0,17%
5.1.3 Rugosidade:
Para Bertol et al. (2006), a rugosidade pode ser entendida como a distribuição
espacial das ondulações do terreno, ou seja, pelas variações de altura nas
microelevações e de profundidade das microdepressões superficiais.
Dentre outros fatores, a rugosidade é afetada pelo tipo de preparo do solo em
cultivos agrícolas, volume das chuvas e estabilidade dos agregados estruturais diante
do intemperismo hídrico. O aumento da rugosidade é responsável pelo aumento da
armazenagem de água na superfície, da infiltração da água no solo e na retenção de
sedimentos e por isso, pela redução da erosão hídrica, ou seja, seu aumento ou
diminuição está diretamente associado com o volume e intensidade das chuvas.
(BERTOL et al., 2006)
Portanto, à partir do exposto, o cálculo do índice de rugosidade (I.R.T), propicia
uma análise mais detalhada do terreno e a possibilidade de inferir quais áreas estão
mais ou menos propensas a erosão hídrica.
76
Desta forma pode se considerar após a determinação dos índices extraídos que
I.T.R com índices:
5.2 Geologia
5.3 Pedologia
5.4 Hidrografia
Neste ponto do rio, próximo a ponte, foi possível visualizar processos erosivos,
e taludes que apresentaram marcas de recorte feitos por máquinas pesadas para
retirada de solos, que em seu aspecto se assemelham ao solo utilizado para saibro
na construção civil, saibros são produtos de alteração de rochas quartzo-feldspáticas.
90
Figura 36: Recorte de talude às margens do rio. Figura 37: Feldspato Alterado
O rio possui uma ampla planície de inundação (figura 38) alagada em sua
margem direita com modelados de acumulação fluvial caracterizadas por sedimentos
provenientes de inundação com regime mal drenado, seu substrato permanece
molhado a maior parte do ano, e o nível freático é visível na superfície, um
geossistema frágil e suscetível a pressões externas poluidoras.
Esta área é conhecida do ponto de vista local por ter sido utilizada para o cultivo
de arroz durante um longo período. Esta área se encontra assoreada, e está ocupada
pela criação de gado bovino (figura 39), o que gera consequências como o
pisoteamento e compactação dos solos, além da carga de material poluente
descartado na mesma como metano e outros através das fezes dos animais, além é
claro de defensivos agrícolas.
91
situação, ela está sendo utilizada para geração de energia elétrica e seu acesso é
restrito e não autorizado para visitação.
5.5 Clima
O site Climate Data foi utilizado como fonte dos dados climáticos devido à
escassez de dados locais, portanto a escala da coleta de dados foi regional. De acordo
com os dados do Climate Data a cidade de Divisa Nova possui o clima quente e
temperado, ocorrendo grande pluviosidade no verão e no inverno, segundo a escala
de Köppen e Geiger o clima é classificado como CWA (clima temperado húmido com
Inverno seco e Verão quente), a média anual de temperatura é de 20,1ºC e a
pluviosidade média anual é de 1520 mm, o mês mais seco é julho com média de 22
mm e o mais chuvoso é dezembro com média de 277 mm.
5.7 Vegetação:
19
Irá se utilizar a abreviação (PMDN) para se referir a tal documento.
97
Outra questão interessante é que Divisa Nova possui uma vegetação chamada
de cerradão, reconhecida pela população local, vegetação esta de suma importância
para nichos ecológicos. A mesma não aparece no mapa de uso e ocupação por se
tratar de fragmentos florestais. Esta área é caracterizada por ser de transição entre a
mata Atlântica e o cerrado (figura 48).
usados para cultivo de culturas como arroz e hortaliças, abaixo pode-se observar uma
área a qual o afloramento foi direcionado através de um canal antrópico figura 49
(PMDN, 2006).
Com o recuo do nível do lago de Furnas, a confluência entre o Rio Cabo Verde
se dá por um canal que se encontra com o mesmo, dá para se notar pela vegetação
a diferença entre a planície de inundação e a área de recuo do lago.
Neste local não há verticalizações, as residências são pontuais, há construções
ao longo da margem do lago de furnas. É importante salientar que esta área está
localizada em uma área considerada como zona rural, não há saneamento básico, o
descarte de efluentes das residências se dá por meio de fossas rudimentares o que a
longo prazo percola no nível freático e escoa até mesmo para o próprio lago de furnas.
A cana de açúcar é predominante no entorno da represa. Os problemas
ambientais desta prática de cultivo são diversos, dentre eles a erradicação da
vegetação natural, a contaminação por agrotóxicos, a degradação dos solos além dos
problemas gerados pelo fogo.
Os problemas com as queimadas das safras são decorrentes da fuligem, que
possui um tipo de carbono diferente que impacta na assimilação por organismos na
ciclagem deste como nutriente, ou seja, ela pode ser assimilada em maior ou menor
105
Esta área corresponde a uma antiga lavoura de café que foi substituída pela
cana-de-açúcar, esse padrão se repete pelo município, o que assevera a necessidade
de planejamento territorial, uma vez que esta atividade se mostra predatória para
geossistemas. O avanço da cana chega até a faixa periurbana conforme figura 55,
que em períodos de queimadas em função do seu cultivo, causam deveras prejuízos
a comunidade local.
107
Figura 56 - Geossistema 22- Vertentes dissecadas e morrarias intermontanas sobre latossolos com
incidência de café e pastagem, substrato Paragnaisse
7 ZONEAMENTO AMBIENTAL
Zona de Interesse e uso Restrito: esta zona foi delimitada por apresentar
diversidade geológica, por conter patrimônio cultural e natural como áreas com
pinturas rupestres, e por representar a faixa de maior elevação do município, sendo
também uma área de transição de relevo entre municípios onde o uso do café é
preponderante. Sendo assim a conservação destas áreas se faz fundamental para
manutenção de ecossistemas, evitando perca de solos e demais degradações do
meio.
Figura 58 - Pintura rupestre em Ortognaisse de DN.
112
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 4.297, de 10 de julho de 2002. Regulamenta o art. 9º, inciso II,
da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o
Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 20 mar. 2021.
LANG, S. et al. Análise da paisagem com SIG. São Paulo - SP: Oficina de Textos,
2009. 424 p.
125
OLOFSSON, P. et al. Good practices for estimating area and assessing accuracy of
land change. Remote Sensing of Environment. Boston, v. 148, n. 148, p. 42-57, 15
jan. 2014.