A Revolta Da Baixa Do Cassange DE 1961

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Introdução

Neste presente trabalho falaremos sobre a Revolta da Baixa de Cassange de 1961,


No entanto debruçar sobre o acontecimentos da baixa de cassange nos remete a luta de
libertação Nacional e para isso temos que lembrar o percurso anterior a Luta de Libertação
Nacional.
Por esta altura ( Periodo anterior as lutas de Libertação) Com a Europa a refazer-
se dos escombros, assiste-se a criação da NATO (1949), Por essa altura, o colonialismo
clássico dava mostras de esgotamento,E Foram surgindo pressões internacional contra
Portugal para que cedesse a independência para as suas Colónias, No entanto, algumas
nações europeias demoravam para assimilar o fenómeno e insistiam na manutenção de
alguns territórios sob seu controle, isso motivou a criação de associações e coligações que
posteriormente foram chamados partidos politicos Tudo isso na Clandestinidade
A mudança de pensamento e de posicionamento da sociedade colonizada deu
origem a acontecimentos ( Revoltas) Que mudaram o Rumo do território ora chamada
Província- ultramar de Portugal
Os acontecimentos ocorridos em 1961 foram : 4 de Janeiro: revolta dos
trabalhadores dos campos de algodão na baixa de Cassange , os incidentes do 4 de
Fevereiro dos ataques a Prisão de Luanda e a Emissora Nacional de Angolae por Ultimo
15 de Março, massacre da UPA no Norte.

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1959: Período Anterior a luta de libertação nacional em
Angola
Falar dos acontecimentos da baixa de cassange nos remete a luta de libertação
Nacional e para isso temos que lembrar o percurso anterior a Luta de Libertação Nacional

O ano de 1959 foi um ano de grande mobilização política em Angola. Pelo


mundo, anuncia-se o derrube do ditador Fulgêncio Batista à 01 de Janeiro com o triunfo
da Revolução Cubana, comandada por Fidel de Castro
Com a Europa a refazer-se dos escombros, assiste-se no pós-segunda Guerra
Mundial, a formação da NATO em 1949 e ao redesenhar da Geopolítica a nível mundial
nos anos que se seguiram, assim como o nascimento de novas nações, a par da
emergência do poder soviético e americano, em contraste com o declínio do poder das
antigas metrópoles com a desintegração dos impérios europeus de vocação ultramarina
– Reino Unido, França, Holanda, Bélgica e Portugal.
Por essa altura, o colonialismo clássico dava mostras de esgotamento, e os ventos
sopravam noutra direcção. No entanto, algumas nações europeias demoravam para
assimilar o fenómeno e insistiam na manutenção de alguns territórios sob seu controle,
como Portugal (Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné
Bissau), França (Argélia) e Bélgica (Congo), só para citar as áreas onde os conflitos
assumiram proporções maiores. No caso português é relevante observar que Lisboa
procedeu exatamente ao contrário do que indicava a tendência da descolonização:
reforçou o seu sistema colonial, promovendo investimentos e estimulando o
deslocamento de população da metrópole em direção às colônias, especialmente para
Angola.
É o culminar de uma década que inicia em 1949, quando já em plena “Guerra
Fria”, face à pressão dos movimentos nacionalistas, os britânicos reconheciam a
Independência da Índia e da Palestina, os holandeses despediam-se da Indonésia e os
Franceses iniciavam a guerra na Indochina.
Em Luanda a evolução do sentimento anti-colonial, atingira entretanto uma fase
de radicalização ao longo dos anos 50. Se inicialmente alguns angolanos assimilados,
mestiços e brancos, haviam utilizado sobretudo a intervenção cultural, desportiva e
associativa como cobertura de actividades de debate e denúncia da opressão colonial, a
emergência de um sentimento nacional brotava então da necessidade de contrapor à
cultura europeia (cuja assimilação era fundamental para distinguir os africanos
“civilizados” de todos os outros) uma outra cultura, africana – silenciada, ocultada,
combatida e desprezada — que era necessário resgatar e divulgar, enquanto base de uma
futura consciência nacional e condição para uma emancipação intelectual dos africanos
face aos europeus. A arma da crítica deveria preceder a crítica das armas.
Viriato da Cruz, destacado político, escritor e nacionalista angolano, inspirador
desta cultura africanista, escreveria no início dos anos 50: “O nosso movimento ataca o
respeito dado aos valores culturais do Ocidente, na maior parte antiquados e varridos pelo
vento, incita a mocidade a voltar a descobrir Angola, sob todos os aspectos e por esforço
organizado e colectivo.

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Do desigual e perigoso combate a dominação europeia, os jovens nacionalistas
angolanos passarão no entanto rapidamente à necessidade de organizações políticas
clandestinas que conduzissem a uma mais ampla e firme luta ao colonialismo.
O trabalho legal nas associações via-se dificultado pela infiltração policial e pela
coexistência no associativismo de duas tendências opostas, uma favorável à reivindicação
de melhores condições de vida para os africanos e que aceitava por isso o paternalismo
colonial e outra que se opunha decididamente à aceitação de condições impostas pelo
colonizador e que visava já um firme combate ao colonialismo português.
Consequentemente, a década de 1950 trouxe novos cenários no hemisfério sul e,
naturalmente para Angola, contudo: Considerada até então, <jóia da coroa do
império Português> com imensos recursos naturais, Angola dispunha de uma grande
riqueza por explorar. Nas décadas de 1940 e 1950, cerca de 110.000 imigrantes fixaram-
se nas ex-colónias africanas e a maioria dos quais, nesta ex-colónia portuguesa.
Para o Governo, liderado pelo ditador António de Oliveira Salazar, era preciso
defender, a todo o custo a ocupação do território e, incentivados pelo próprio regime em
1960, dos cerca de 126.000 colonos que já residiam em Angola, 116.000 eram originários
de Portugal.
No entanto, a partir dos anos 1950, no auge do processo de descolonização afro-
asiática, Portugal sofreu diversas pressões internacionais devido à sua política colonial.
Marcado historicamente por sua debilidade econômica, o país havia implementado um
modelo colonialista dependente, baseado na abertura de seus domínios ultramarinos à
atuação do capital internacional.
Este facto, aliado aos interesses estratégicos dos EUA e da OTAN, no contexto da
Guerra Fria, fez com que as grandes potências acabassem esvaziando as pressões
contrárias ao colonialismo português.
Desse modo, a política económica adoptada durante a década de 50, foi marcada
pela modernização das infra-estruturas empresariais e a construção de infra-estruturas
rodoviárias e industriais, aumentando extraordinariamente o trabalho forçado dos
indígenas.
A vida dos trabalhadores angolanos e das suas famílias enfrentava uma realidade
difícil, vivendo-se a frustração da repressão portuguesa, dadas as poucas facilidades que
havia de fugir ao “contrato” que era imposto à mão-de-obra nativa e ao roubo
indiscriminado de enormes parcelas de terra aos camponeses.
Muitos portugueses procuravam então, uma vida melhor e Angola, para eles,
representava ”uma luz ao fundo do túnel”; o comércio era a principal actividade
escolhida pelos colonialistas, ao passo que, mais de 80% dos africanos continuavam a
viver no meio rural e a praticar uma agricultura de subsistência.
Em 1961, só 11 a 12 % da população total era urbana, e muitas localidades com
mais de dois mil habitantes, facto que as elevava à categoria de cidades, eram meras
aldeias. Apenas cinco cidades – Luanda, Benguela, Lobito, Nova Lisboa (Huambo) e Sá
da Bandeira (Lubango) – tinham uma população superior a 20 mil habitantes. A capital,

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Luanda, continuava a dominar a realidade urbana, com cerca de 40% da população
citadina.
Por aquela altura, enquanto que as reivindicações pela Independência de Angola,
ainda se faziam na clandestinidade, noutros países africanos já se respiravam os ares da
liberdade, tal era o caso do Ghana, que se tornou independente em Março de 1957,
seguindo-se mais tarde, outros, como veio a acontecer com o Senegal em Abril de 1960
e o Congo Leopoldville à 30 de Junho desse mesmo ano.
Vários factores terão contribuindo para o despertar das ideias da consciência
da angolanidade, bem como para a formação dos primeiros movimentos de luta contra o
domínio externo, tal como referiu o médico, escritor e nacionalista angolano, Edmundo
Rocha: o “primeiro factor importante” que contribuiu para esse despertar, “foi o
aparecimento de elites de intelectuais angolanas, tanto no interior de Angola como na
diáspora, que tomaram consciência da necessidade de lutar pela dignidade do homem, no
seu próprio país, adquirindo assim uma consciência nacional, em Luanda, Lisboa e em
Leopoldville.
Estas elites, embora nem sempre se inspirassem nos mesmos princípios, tinham
objectivos comuns de se afirmarem e contestarem as políticas do regime colonial
desafiando, assim, as instituições administrativas”.
De acordo com Edmundo Rocha, “o segundo factor importante [para
o incremento das manifestações de protesto contra a dominação colonial em Angola] foi
a fuga de muitos angolanos para os territórios vizinhos.
Perante a dura situação da política colonial em Angola que incidia no trabalho
forçado e na mão-de-obra barata, quase gratuita, obrigatória das massas rurais angolanas,
com um recrutamento forçado, muitos angolanos procuraram sair do país”.
´´Um terceiro fenómeno que contribuiu para o despertar da consciência
nacionalista e anti-colonialista em Angola“, também assinalado por Edmundo Rocha, foi
“a comunicação e a circulação da informação de propaganda, subversão e politização das
massas populares.
É evidente que as informações ajudam a formar opinião. E neste contexto, as
diferentes vias de comunicação que os intelectuais nacionalistas utilizaram, como a
circulação de panfletos, jornais e programas radiofónicos, emitidos a partir do exterior
(Congo ex-Belga, por exemplo), exerciam uma grande influência para as camadas sociais
angolanas mais baixas. Por isso, o contacto de angolanos que viviam no Congo ex-Belga
com as populações angolanas do norte de Angola constituía um canal de circulação
das informações de fora para o interior”.
Com o surgimento de vários grupos, segundo o historiador René Pélissier, “o
nacionalismo angolano ia-se revitalizando, embora cada um desses grupos tivesse ideias
diferentes, acerca do futuro de Angola. Dizer que havia apenas dois grupos nacionalistas,
africanos e europeus, seria uma simplificação excessiva, pois havia, segundo esse autor,
“em termos gerais, quatro agrupamentos, compreendendo mais de 60 partidos e
associações: as antigas associações de assimilados, agora patrocinadas pelo governo; os

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novos partidos de assimilados-africanos militantes clandestinos; os grupos separatistas
étnicos africanos; e os partidos de colonos europeus”.
“Certo é que o nacionalismo angolano era muito mais vasto e diverso, o que terá
levado os comunistas angolanos a formular vários esforços ‘frentistas´, criando em 1956
o Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola e o Movimento Independentista de
Angola. (…)
Em Dezembro de 1956 aprovar-se-ia um manifesto, ao que tudo indica redigido
por Viriato da Cruz e que terá chegado à Lisboa em 1957. O manifesto ficaria conhecido
para a história, como manifesto fundador do MPLA, embora o movimento pareça ter sido
formalmente criado em 1960. As ideias fundamentais do nacionalismo angolano de
inspiração marxista estavam porém, já presentes.
Neste documento, propõe-se uma estratégia de combate intransigente ao
colonialismo português, a unificação de todos os indivíduos e colectivos independentistas
num “amplo movimento popular de libertação de Angola”, uma frente anti-imperialista
que fosse a expressão angolana da frente anti-imperialista mundial reunida
em Bandung no ano anterior e, no que será uma das marcas de água do futuro MPLA
relativamente à FNLA e UNITA, fazia-se uma caracterização do sistema colonial
português e da sua integração numa hierarquia de poderes imperialistas à escala mundial
na qual desempenhava um papel subordinado, elegendo como inimigo a abater o sistema,
os interesses que este servia e as forças que o suportavam, deslocando a batalha do campo
étnico para o campo político, económico e social.
A intensa actividade de propaganda e a organização ilegal ou semi-legal levada
a cabo pelas organizações nacionalistas atraíram a atenção da PIDE, que se infiltrara não
apenas nas associações e clubes, mas também nos musseques de Luanda, onde era mais
intenso o esforço anti-colonial.
E se em Março de 1959 o governo havia já aí instalado um aeródromo militar,
inaugurado com pompa e circunstância numa verdadeira demonstração de força, a PIDE
iria lançar um rude golpe ao nacionalismo angolano, prendendo sucessivamente, entre
Março e Junho desse ano, um total de 59 pessoas, num processo que, culminou em
inúmeras detenções em Luanda.
Entre os detidos contava-se o primeiro presidente do MPLA, Ilídio Tomé Alves
Machado, que juntamente com mais outros réus, foram alvo de um julgamento secreto
realizado no ano seguinte, condenados a severas penas de prisão por subversão política,
onde se incluíam marinheiros: um cubano, um ganês, um norte-americano e vários
dirigentes nacionalistas angolanos.
As prisões então levadas a cabo pela polícia política portuguesa, realça
Bettencourt, acabariam por proporcionar ainda uma boa amostragem do estrato social dos
elementos que se empenharam na luta anti-colonial: “eram em sua maioria funcionários
públicos, empregados do comércio, enfermeiros, operários e estudantes.
Constituíam-se nos quadros mais consciencializados, que davam sustentação aos
pequenos grupos independentistas e possuíam tanto formação católica, como protestante”
e, apesar de terem constituído um profundo golpe às forças anti-colonialistas, as

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prisões dos nacionalistas angolanos, proporcionaram inquestionavelmente o
reconhecimento, por parte de Portugal, de que havia grupos organizados, lutando pela
Independência das ex-colónias africanas.
Em 1959, realiza-se ainda em Accra, A Conferência dos Povos de
África. Aproveitando a realização desse evento, as forças nacionalistas, com o apoio das
populações dos musseques de Luanda, manifestaram-se nas ruas contra a escravatura e
exigindo a independência. As autoridades coloniais responderam à manifestação com
força e, nos dias seguintes, a polícia fez detenções nos musseques.
Em Junho de 1960, no seguimento de reivindicações para uma solução pacífica
do problema colonial, vários membros do MPLA, entre eles, os mais notórios, Agostinho
Neto e Joaquim Pinto de Andrade, são presos em Lisboa; um a 08 de Junho e o outro, a
25 do mesmo mês e ano. Em resposta, os líderes locais sublevaram a população da aldeia
natal de Neto, para exigir a sua libertação.
As tropas abriram fogo sobre eles em Catete e houve relatos de que teriam
assassinado 30 pessoas e ferido cerca de 200. Este foi o primeiro sinal de que se teve
conhecimento — apesar de outros poderem ter previamente ocorrido — de que a
repressão por parte dos militares começava a substituir aquela que a polícia efectuava
antes da eclosão dos distúrbios.
Entretanto, os líderes que se encontravam naquela altura, no exterior do País,
deparavam-se com as enormes distâncias que os separava fisicamente de Angola,
dificultando ou mesmo invalidando a prossecução das sua actividades políticas. “Esta
fragilidade”, pode, segundo o historiador Réne Pelissier, “ser facilmente explicada:
Independentemente da atracção exercida pelos ideais nacionalistas sobre a massa do
povo, antes de 1961 os movimentos não se encontravam devidamente preparados para
travar uma luta política, muito menos para uma luta militar.
Etnicamente, encontravam-se divididos, tal como acontecia por todo o
continente”, sublinha este autor, realçando que,existiam duas correntes principais dentro
do nacionalismo angolano, antes de 1961: os modernistas, claramente sujeitos a uma
influência marxista e os etnonacionalistas”.
“Este nacionalismo, que pretendia ser pan-angolano — ou seja, anti-tribalista —
por ter surgido nas cidades, permanecia contudo, na maior parte dos casos, um fenómeno
elitista e urbano, faltando-lhe o apoio das grande massas rurais, sem o qual, qualquer
revolta nacional estaria condenada ao fracasso.
Desde o início que os obstáculos eram imensos e apesar dos líderes do MPLA no
exílio terem tentado compensar o impacto causado pelas grandes rusgas policiais que
tiveram lugar em Angola, através de uma intensa agitação política que lançaram, as
prisões efectuadas pelas forças policiais, ao longo de 1959 e nos anos subsequentes,
privaram os modernos movimentos nacionalistas, dos seus principais líderes locais”.
A PIDE fazia recurso a vários métodos para atingir o seu objectivo de reprimir a
contestação anti-colonial, como sejam: vigiar suspeitos, violação de correspondência,
identificação de pessoas, busca e revista de pessoas, utilização de calúnias,
aproveitamento de vulnerabilidades, provocações e rusgas.

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Dali para a frente, as células de Luanda, enfraquecidas e em grande parte isoladas
dos seus líderes no estrangeiro, lançaram-se numa operação improvisada e suicida
condenada ao fracasso, mas com sérias repercussões: uma insurreição urbana seguiu-se,
no início de 1961no coração do mais forte baluarte da comunidade branca.
Foi quanto bastou para alertar a opinião pública internacional sobre as legítimas e
tão ansiadas aspirações do sofrido Povo de Angola.
A estes acontecimentos, seguiram-se mais prisões, torturas e assassinatos de
patriotas, tirando de circulação indivíduos activos no processo de contestação anti-
colonial, mas a luta continuou com novos e diferentes métodos, incluindo acções
militares. Os colonos trataram por isso de se armar, tal como ficou demonstrado, pelo
facto de terem incrementado a aquisição de armas a partir de 1959, em que Angola
importou 156 toneladas de armas e munições e, no ano a seguir, 953 toneladas para
resistirem aos africanos revoltados pela ocupação colonial.
Os movimentos e outras associações até então existentes no cenário da luta anti-
colonial em Angola, apesar da fragilidade organizativa com que se debatiam e dispondo
de escassos recursos, mobilizaram-se no interior e exterior do País para combater o
colonialismo com o apoio das forças progressistas no ocidente, da comunidade socialista
e dos emergentes Estados africanos.
É possível, assim compreender, que as revoltas anti-coloniais procuraram afirmar-
se na viragem da década de 50 para a década de 60. E embora,«os portugueses ao falar da
revolta, terem por outro lado, insistido no falacioso argumento, de ela ter sido importada,
isto é, não haver nascido em território angolano, alegando que os ´´chefes terroristas´´,
como então denominavam os líderes nacionalistas, encontrarem-se, para lá das fronteiras
angolanas», a comunicação através da imprensa e propaganda emitidas pela rádio, a partir
do exterior não deixou de jogar, como podemos ver, um papel incisivo no contacto com
todas as camadas sociais da população angolana até à diáspora.
Cientes da sua importância, os nacionalistas serviram-se da informação e
propaganda para despertar nas mentes a consciência da necessidade inevitável na
prossecução da luta pela conquista da Independência nacional, procurando assim,
envolver as massas populares nas campanhas revolucionárias que desencadearam o início
da luta armada.
Podemos por isso, concluir que, as prisões de 1959, como sublinhou a historiadora
Anabela Cunha, “foram o resultado da maturação de um conjunto de ideias que
provinham de décadas anteriores e que foram postas em prática pelos patriotas envolvidos
no chamado “Processo dos 50” e por outros que, apesar de não terem sido presos, viriam
também mais tarde a desempenhar um importante papel na luta armada de libertação
nacional que se seguiu a partir de 1961, na medida em que, as acções clandestinas não
cessaram com a prisão deste grupo de nacionalistas; pelo contrário, continuaram e
alastraram-se pelo território angolano e no estrangeiro; assim como, as rivalidades que
foram surgindo entre os principais protagonistas da luta armada de libertação nacional,
nomeadamente o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), UPA/FNLA
(Frente Nacional de Libertação de Angola) e União para a Independência Total de Angola

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(UNITA) não impedissem que a luta seguisse o seu curso irreversível e, culminasse 15
anos depois, com a proclamação da independência a 11 de Novembro de1975

A Revolta da Baixa do Cassange 1961

Ocorrido a 4 de janeiro de 1961, nos campos de algodão da Baixa do Cassange,


província de Malanje, os camponeses ao serviço da Cotonang (Companhia do Algodão
de Angola) recusam trabalhar e queimam as sementes fornecidas pela companhia
algodoeira. Estalava, assim, a revolta que, com os assaltos às cadeias de Luanda e a
mortandade no Norte de Angola, abria uma explosão de ódio e violência e marcava o
princípio do fim do colonialismo português.

Sob o espectro da recente independência do vizinho Congo, o protesto remontava


ao final do ano de 1960, quando os camponeses param a produção, recusam pagar
impostos, destroem pontes, cortam estradas, incendeiam veículos e edifícios da
companhia, saqueiam lojas e atacam colonos brancos, capatazes da Cotonang e forças
militares enviadas para impor a ordem.

No entanto, era já longa a injustiça do regime algodoeiro, assente, por um lado, na


cultura obrigatória, que compelia os camponeses a cultivar algodão em prejuízo das
culturas de subsistência, e, por outro, nos baixíssimos preços pagos, nos castigos
corporais, no trabalho forçado e na completa desproteção dos trabalhadores. Em janeiro
de 1961 o protesto ganha força e alastra pela região e em fevereiro as autoridades
coloniais respondem com o envio de forças militarizadas, execuções sumárias, vaga de
prisões e aldeias bombardeadas com napalm. A violência traduz-se num número
indeterminado de mortes, entre as largas centenas e as dez mil.

O regime, embora tentando encobrir os acontecimentos, encara-o como um


levantamento contra a soberania nacional. Os acontecimentos, precipitar-se-ão com o
assalto às cadeias a 4 de fevereiro e com os massacres das populações brancas e dos
negros que trabalhavam nas fazendas no Norte de Angola pela UPA (União dos Povos de
Angola) em março de 1961, deixando um rasto de milhares de mortos. “Para Angola
rapidamente e em força”, dirá Salazar, depois de sobreviver ao golpe de Botelho Moniz,
em abril.

A revolta da Baixa do Cassange viria a ser recuperada como a génese da luta pela
libertação na década e meia seguinte.

Segundo Aida Freudenthal, Independentemente da controvérsia em torno dos seus


agentes históricos, a revolta do 4 de Janeiro foi recuperada para a História de Angola,
como uma componente da luta de libertação que iria prolongar-se por treze longos anos.

Segundo o livro As Voltas do Passado , de Miguel Cardina e Bruno Sena Martins


a Revolta da baixa de cassangeb deu-se em 3 (Tres) Fase distintas :

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1. "Uma planta que o branco criou para chatiar o preto"

Uma agitação pouco usual percorria algumas sanzalas da região algodoeira nos
meses de cacimbo que antecederam o início da nova campanha de 1960-1961. Alguns
chefes de posto foram alertados por sinais fugidios que rompiam a quietude das noites.
Uma ou outra palavra dita ou cânticos novos entoados em reuniões noturnas, davam a
entender que algo estava em preparação. Regressavam a Angola catequistas vindos do
Congo, com o apelo à recusa de cultivar algodão, de trabalhar nas estradas e de pagar o
imposto. Após 30 de junho de 1960, a independência do Congo fizera renascer a
esperança das populações em seguirem o mesmo percurso de libertação.

Quando entre outubro e dezembro, os agentes da Cotonang acreditavam ter


mobilizado os camponeses para mais um ano de trabalho árduo nos campos da Baixa,
foram confrontados em 4 de janeiro de 1961, com a recusa e queima das sementes
distribuídas pela Companhia. Pedida a intervenção das autoridades administrativas do
distrito de Malanje, foi analisada a situação, sob a tutela do governador, administrativo
experiente e convicto de que era aconselhável o entendimento prévio do protesto
camponês, antes da aplicação de medidas drásticas.

Era sabido que a Companhia impunha a cultura do algodão sob condições muito
exigentes, pagando o produto a preços irrisórios e fazendo recair os custos de produção,
o transporte e outros prejuizos sobre as famílias camponesas. Através dos agentes
administrativos, estas eram vítimas de violência física, não sendo poupados os próprios
sobas, enquanto mulheres e crianças eram forçadas a trabalhar nas estradas, além de
produzirem alimentos para o sustento de todos. Alguns sobas, como porta-vozes dos seus
"filhos", solicitavam há muitos anos, aos representantes da administração, a abolição do
regime algodoeiro e que os deixassem em paz para cultivarem a mandioca nas suas lavras.

O breve tempo de negociação promovida pelo governador de Malanje ao longo de


janeiro de 61, foi interrompido, perante a evolução rápida dos acontecimentos. Do lado
da Cotonang, havia urgência em forçar os camponeses a iniciar a campanha algodoeira
com o lançamento das sementes à terra, segundo um calendário determinado pelas
condições climáticas. A manutenção dessa rotina anual era o garante não só dos
rendimentos da concessionária como o suporte do comércio e dos transportes em toda a
região, pelo que os pequenos e grandes comerciantes constituíam os seus aliados naturais.
Para todos eles era imperioso preservar a ordem colonial, garantir a sua segurança e forçar
os camponeses a respeitar o statu quo.

Entretanto a tensão entre os opositores propagara-se a áreas administrativas


contíguas: do Luremo ao Milando e ao Quela, a insurreição declarou-se noutros sobados,
ao longo da estrada principal que então atravessava a Baixa em direção a Marimba, junto
à fronteira do Cuango. Sob a pressão da Cotonang, dos comerciantes e das entidades
administrativas locais, a substituição do governador de Malanje acelerou a repressão,
abrindo caminho ao esmagamento militar da revolta. Nessa escalada, a partir de 4 de
fevereiro entraram em cena a 3ª e a 4ª Companhias de Caçadores que executaram a
eliminação gradual e concertada dos focos de revolta a partir de Teka-dya-Kinda. A
movimentação destas forças terrestres foi complementada pela Força Aérea (FAP), a
partir de 6 de fevereiro, em intervenções desmedidas perante a natureza do "inimigo",

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com sanzalas arrasadas e a eliminação indiscriminada de muitos dos seus habitantes em
vários sobados: Nganga Muxika, Kivota, Bumba, Marimba, Kunda, Sunjinji, Xiquita, Xá-
Muteba, Bange Angola, Kanzaje e Kulaxingu, entre outros.

Contudo o conflito ultrapassou a escala regional quando se adensaram as ameaças


à ordem colonial, após os ataques de 4 de Fevereiro em Luanda e de 15 de Março no
distrito do Congo. A partir de então, e até maio desse mesmo ano, foram registadas por
fontes militares e policiais, várias acções repressivas e capturas de eventuais revoltosos,
entre os quais importantes autoridades tradicionais da região, cuja acção fora considerada
mais relevante no evoluir dos protestos na Baixa. Milhares de prisões e mortes devastaram
a população da extensa região algodoeira, embora seja controverso o seu cômputo final
que tem oscilado, segundo os autores, entre algumas centenas e 10.000 pessoas.

2. Silenciar o presente

Fragilizado pela intensa crítica internacional contra o colonialismo português,


amplamente difundida ao longo da década de 1950, o Estado português adotou ora a
negação de factos ora a política do silêncio, visando eliminar o impacto político da
revolta, tanto interna como externamente. Não conseguindo esse objetivo, apesar de
limitar a difusão pública de notícias, o poder colonial optou por construir uma narrativa
oficial dos factos, apoiada no conteúdo de documentos confidenciais e secretos enviados
pelas autoridades administrativas, pelos responsáveis militares, pela Cotonang, por
missionários católicos, etc. O principal destinatário eram de facto as instâncias
internacionais, uma vez que essa narrativa ia ao encontro das bases essenciais
proclamadas pelo regime de Salazar, no sentido da integração efetiva dos africanos no
espaço "ultramarino", em nome da civilização cristã e do progresso. Totalmente desfasada
da realidade vivida em Angola, era reafirmada oficialmente a paz reinante na colónia, só
perturbada pela ação subversiva de alguns agentes, aliciados pelo comunismo
internacional, enviados do exterior para explorar a ignorância e a crendice dos
camponeses, sujeitos a práticas mágicas ancestrais. Na base da argumentação oficial, era
atribuido à independência recente do Congo um papel destabilizador da paz reinante em
Angola. Na ONU e perante as acusações de vários países, Portugal defendeu essa
narrativa oficial, ao mesmo tempo que desenvolvia uma campanha em torno da
"excelência" da sua acção colonial em África.

Internamente, eram censuradas versões dos acontecimentos que pudessem de


algum modo contrariar o discurso oficial, nomeadamente ao confirmarem o protesto das
populações contra o domínio português. Era contudo atribuída à Cotonang, nos círculos
oficiais, a responsabilidade pelo descontentamento dos camponeses, sendo esta o alvo
principal das críticas dos administrativos, que desse modo desviavam a atenção dos
abusos e violências cometidos sob as ordens dos chefes de posto e administradores.

A fim de conter a agitação social e política, a PSP e a PIDE reforçaram os meios


de repressão através da vigilância sobre as deslocações e encontros de pessoas suspeitas
de pertencer a redes nacionalistas e de terem actuado como agitadores políticos na Baixa
de Kasanje. Num ambiente opressivo, a acção policial detinha todo o eventual suspeito
mesmo fora das áreas camponesas, na convicção de que as áreas urbanas haviam prestado
apoio à revolta. Na verdade se essas conexões provavelmente existiram, não restam

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evidências suficientes para comprová-las. O certo é que a violência se abateu de forma
discricionária sobre a população, sem recurso aos meios judiciais para defender a sua
integridade física, nem possibilidade de fazer ouvir a sua voz.

3. Romper o silêncio

A oralidade quase hegemónica no meio rural angolano explica em parte a


dificuldade em obter na década de 1960, registos escritos por angolanos sobre a revolta.
Na verdade, em sociedades coloniais, a informação que circulava entre os africanos era
predominantemente oral, sendo o recurso à escrita limitado pelas políticas educativas
então em vigor. Além disso, a repressão policial e a Censura bloquearam a necessária
difusão de textos que contrariassem a versão oficial dos factos. Não obstante, algumas
mensagens escritas assinalaram o eclodir da revolta e alguns movimentos dos revoltosos,
utilizando as redes nacionalistas clandestinas que veiculavam notícias para o exterior,
particularmente para o Congo. Assim, cartas da autoria do Cónego Manuel das Neves
(Makarius) eram levadas regularmente por estafetas que asseguravam a ligação Luanda-
Kinshasa e desde fevereiro eram nelas mencionados os incidentes ocorridos na Baixa.iv
Minimizando o significado da revolta, a atenção dos nacionalistas foi no entanto desviada
para a propaganda desenvolvida nas instâncias internacionais, em busca de afirmação
política e de apoios para a sua causa.

Entretanto, alguns relatos feitos por jornalistas estrangeiros foram publicados em


jornais europeus como :Reino Unido - Observer, Sunday Telegraph; em França - Le
Monde; nos EUA- New York Times, Newsweek e na Argélia – Africasia, sendo na sua
maioria textos informativos e generalistas. Outros eram denúncias da situação colonial
vivida em Angola, das atrocidades cometidas por colonos e pelo exército, como os relatos
de missionários metodistas – Mc Veigh, Le Master e Parsons. Alguns militares desertores
como o médico Mário Pádua condenaram os abusos do colonialismo em Angola,
enquanto os padres bascos católicos, chegados à Missão dos Bângalas, um pouco mais
tarde, recolheram testemunhos sobre as sequelas da repressão. Porém um pesado manto
de silêncio pairou sobre os "incidentes de Cassanje" mesmo depois do 25 de Abril e das
independências das colónias. Só nos anos 90, quando foram desclassificados os
documentos dos arquivos de Salazar e da PIDE, e algumas memórias foram editadas, se
iniciou o processo de rescrita da história colonial.

Em Angola, foi também possível nessa década recuperar boa parte da memória
histórica do 4 de janeiro de 1961, declarado Dia dos Mártires da Repressão Colonial.Num
ímpeto coletivo, foram invocados os mortos, assinalados os sítios e registadas as vozes
angolanas dos sobreviventes, cujas memórias os haviam acompanhado até aos campos de
refugiados no Congo e com eles haviam regressado. Versões por vezes contraditórias
persistem nos relatos dos mais-velhos, coincidindo porém na identificação dos atores, na
localização e nos objetivos perseguidos.

Essas memórias integram hoje a identidade política dos angolanos, ainda que
promovendo a reinterpretação dos papeis históricos dos seus participantes. Alguns
reclamam a iniciativa política da UPA ou de um movimento católico sediado em Malanje,
na origem dos factos ocorridos em Kasanje, enquanto outros a contestam. Em contraponto
ao 4 de Fevereiro, reclamado inicialmente pelo MPLA, o 4 de Janeiro é por vezes

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invocado por partidos da Oposição como a UNITA e a CASA, como o "rastilho que um
mês depois permitiu a explosão do 4 de Fevereiro".

À semelhança deste último, hoje entendido como um movimento unitário urbano


e anti-colonial, onde as siglas não estavam em causa, na Baixa não foi ainda comprovada
a intervenção de formações nacionalistas, empenhadas na época numa agenda própria.
São quase unânimes os testemunhos dos sobreviventes àcerca da ignorância dos
camponeses sobre os movimentos de libertação à data da revolta, enquanto
surpreendentemente são recordados pelos mais-velhos os nomes de Lumumba e
Kasavubu. Na verdade estas figuras históricas da independência do Congo, além de
marcarem a transição ali ocorrida, inspiraram as mensagens dos nlongui - professores ou
catequistas angolanos que nas fontes portuguesas apareciam como agitadores estrangeiros
que incitavam os camponeses à resistência contra os colonizadores – os brancos – e contra
a Cotonang. Contrariando a tese oficial dos agitadores estrangeiros, os poucos
mensageiros "infiltrados" no norte de Angola regressavam à região donde haviam partido
em busca de trabalho, já que o dinamismo económico do Congo absorvia mão de obra
dos territórios vizinhos. A sua militância no PSA poderá explicar a atuação detetada em
Angola em reuniões de camponeses que procuravam mobilizar. Embora os nomes de
muitos intervenientes na revolta tenham sido esquecidos, pela maior ou menor relevância
na época, continuam porém a ser identificados os sobas, quer pela autoridade exercida
junto dos seus "filhos" quer pelo papel dialogante junto das autoridades coloniais, ou
ainda pela sua eliminação física ou desaparecimento. Independentemente da controvérsia
em torno dos seus agentes históricos, a revolta do 4 de Janeiro foi recuperada para a
História de Angola, como uma componente da luta de libertação que iria prolongar-se por
treze longos anos.

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CONCLUSÃO

Podemos por isso, concluir que, o processo anterior a Revolta da Baixa de


Cassange , como sublinhou a historiadora Anabela Cunha, “as prisões de 1959 foram o
resultado da maturação de um conjunto de ideias que provinham de décadas anteriores e
que foram postas em prática pelos patriotas envolvidos no chamado “Processo dos 50” e
por outros que, apesar de não terem sido presos, viriam também mais tarde a desempenhar
um importante papel na luta armada de libertação nacional que se seguiu a partir de 1961
Na medida em que, as acções clandestinas não cessaram com a prisão deste grupo
de nacionalistas; pelo contrário, continuaram e alastraram-se pelo território angolano e no
estrangeiro; assim como, as rivalidades que foram surgindo entre os
principais protagonistas da luta armada de libertação nacional, nomeadamente o MPLA
(Movimento Popular de Libertação de Angola), UPA/FNLA (Frente Nacional de
Libertação de Angola) e União para a Independência Total de Angola (UNITA) não
impedissem que a luta seguisse o seu curso irreversível e, culminasse 15 anos depois, com
a proclamação da independência a 11 de Novembro de 1975
Segundo Aida Freudenthal, Independentemente da controvérsia em torno dos seus
agentes históricos, a revolta do 4 de Janeiro Conhecida como a revolta da Baixa de
Cassange foi recuperada para a História de Angola, como uma componente da luta de
libertação que iria prolongar-se por treze longos anos.

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Referências Bibliográficas
1. http://wizi-kongo.com/luta-de-libertacao-de-angola/a-baixa-de-cassange-o-
prenuncio-da-luta-armada/
2. As Voltas do Passado - A Guerra Colonial e as Lutas de Libertação Miguel Cardina,
Bruno Sena Martins
3. Abshire, David M. e SAMUELS, Michael A., The Portuguese Africa, a Handbook.
4. Bittencourt, Marcelo, A Criação do MPLA, In Estudos Afro-Asiáticos, 32: Pp. 185-208,
Rio de Janeiro, CEAA/UCAM, Dezembro de 1997.
5. Cunha, Anabela “Processo dos 50”: memórias da luta clandestina pela independência
de Angola, Revista Angolana de Sociologia (RAS) nº8.
6. Washington Santos Nascimento, Das ingombotas ao bairro operário: políticas
metropolitanas, trânsitos e memórias no espaço urbano luandense (Angola, 1940-
1960).
7. Wheeler, Douglas e Pélissier, René, História de Angola – Edições Tinta-da-China,
Fevereiro 2011.
8. Melo, João de (1988). Os Anos da guerra, 1961-1975: os portugueses em África.
9. Mello, Arnon, Portugal e as Colónias de África, Brasília, 29 de Abril de 1974.
10. Menezes, Solival (2000), Mamma Angola: sociedade e economia de um país nascente.
11. Revista Visão, Lisboa, 2011.
12. Rocha, Edmundo, Angola – Contributo ao Estudo da Génese do Nacionalismo
Angolano, Dinalivro, Lisboa, 1999. (ABÍLIO GASPAR)

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