Fisiopatologia Da Sífilis

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FISIOPATOLOGIA DA SÍFILIS

Treponema pallidum é o agente etiológico da sífilis, ela é uma doença de evolução lenta
e quando não tratada, alterna períodos sintomáticos e assintomáticos, com
características clínicas, imunológicas e histopatológicas distintas, divididas em três
fases: sífilis primária, sífilis secundária e sífilis terciária. Não havendo tratamento após a
sífilis secundária, existem dois períodos de latência: um recente, com menos de um ano,
e outro de latência tardia, com mais de um ano de doença.

Sífilis primária

Após a infecção, ocorre um período de incubação entre 10 e 90 dias. O primeiro


sintoma é o aparecimento de uma lesão única no local de entrada da bactéria. A lesão
denominada cancro duro ou protossifiloma é indolor, tem a base endurecida, contém
secreção serosa e muitos treponemas. A lesão primária se cura espontaneamente, num
período aproximado de duas semanas. As lesões sifilíticas facilitam a entrada do vírus
da imunodeficiência humana – HIV. As análises de pacientes com infecção simultânea
por HIV e T. pallidum indicam alterações tanto na resposta imune humoral do paciente
quanto na resposta à terapia para sífilis. Além disso, a sífilis acelera a evolução para
Aids bem como a infecção pelo HIV altera a história natural de sífilis.

Diagnóstico laboratorial:

Na sífilis primária, o diagnóstico laboratorial pode ser feito pela pesquisa direta do
Treponema pallidum por microscopia de campo escuro, pela coloração de Fontana-
Tribondeau, que utiliza sais de prata, e pela imunofluorescência direta. Os anticorpos
começam a surgir na corrente sanguínea cerca de 7 a 10 dias após o surgimento do
cancro duro, por isso nessa fase os testes sorológicos são não-reagentes. O primeiro
teste a se tornar reagente em torno de 10 dias da evolução do cancro duro é o FTA-abs,
seguido dos outros testes treponêmicos e não treponêmicos. Quanto mais precocemente
a sífilis primária for tratada maior será a possibilidade dos exames sorológicos tornarem
não-reagentes. Porém, mesmo após a cura, os testes treponêmicos podem permanecer
reagentes por toda a vida.

Sífilis secundária

Quando a sífilis não é tratada na fase primária, evolui para sífilis secundária, período
em que o treponema já invadiu todos os órgãos e líquidos do corpo. Nesta fase, aparece
como manifestação clínica o exantema (erupção) cutâneo, rico em treponemas e se
apresenta na forma de máculas, pápulas ou de grandes placas eritematosas branco-
acinzentadas denominadas condiloma lata, que podem aparecer em regiões úmidas do
corpo.

Diagnóstico laboratorial:

Na sífilis secundária, todos os testes sorológicos são reagentes e os testes quantitativos


tendem a apresentar títulos altos. Após o tratamento nessa fase, os testes treponêmicos
permanecem reagentes por toda a vida do usuário, enquanto os testes não treponêmicos
podem ter comportamento variável. Em alguns indivíduos ficam não reagentes e em
outros permanecem indefinidamente reagentes em baixos títulos.

Sífilis latente

Se não houver tratamento, após o desaparecimento dos sinais e sintomas da sífilis


secundária, a infecção entra no período latente, considerado recente no primeiro ano e
tardio após esse período. A sífilis latente não apresenta qualquer manifestação clínica.

Diagnóstico Laboratorial:

Nessa fase todos os testes sorológicos permanecem reagentes e observa-se uma


diminuição dos títulos nos testes quantitativos. Para diferenciar esta fase da infecção
primária deve-se pesquisar no líquor a presença de anticorpos, utilizando-se o VDRL.
Evidencia-se sífilis latente quando o VDRL é reagente no líquor, acompanhado de
baixos títulos no soro.

Sífilis terciária

A sífilis terciária pode levar dez, vinte ou mais anos para se manifestar. A sífilis
terciária se manifesta na forma de inflamação e destruição de tecidos e ossos. É
caracterizada por formação de gomas sifilíticas, tumorações amolecidas vistas na pele e
nas membranas mucosas, que também podem acometer qualquer parte do corpo,
inclusive no esqueleto ósseo. As manifestações mais graves incluem a sífilis
cardiovascular e a neurossífilis.

Diagnóstico Laboratorial:

Nesta fase os testes sorológicos habitualmente são reagentes e os títulos dos testes não
treponêmicos tendem a ser baixos, porém podem ocorrer resultados não reagentes. Em
usuários que apresentam sintomas neurais, o exame do líquor – LCR é indicado, porém
nenhum teste isoladamente é seguro para o diagnóstico da neurossífilis. Recomenda-se
que o diagnóstico seja feito pela combinação da positividade do teste sorológico,
aumento da células e de proteínas no LCR . Para testagem do LCR, o VDRL é o exame
recomendado, porém tem baixa sensibilidade (30 – 47% de resultados falso-negativos) e
alta especificidade. A infecção pelo Treponema pallidum não confere imunidade
permanente, por isso, é necessário diferenciar entre a persistência de exames reagentes
(cicatriz sorológica) e a reinfecção pelo T. pallidum.

Quando não se pode estabelecer clinicamente a fase da sífi lis deve-se fazer um teste
treponêmico e um não treponêmico.

FISIOPATOLOGIA DA NEUROCRIPTOCOCOSE

A Neurocriptococose é doença infecciosa causada pelo fungo Cryptococcus neoformans


que acomete o sistema nervoso central. Os principais agentes da infecção em humanos
são Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii. A infecção por C. neoformans
ocorre em condições de imunossupressão celular, já o patógeno C. gattii comporta-se
como agente primário, acometendo principalmente indivíduos imunocompetentes.

A contaminação ocorre por meio da inalação de esporos (estruturas germinativas dos


fungos) que circulam no ar junto as fezes dos pombos, resultando numa infecção
primária do sistema respiratório instalando-se nos pulmões (vias aéreas inferiores).
Posteriormente, o fungo se difunde à circulação sanguínea ou linfática passando pelo
coração e artérias que levam para os demais órgãos, inclusive o sistema nervoso central
(inflamando a meninge) onde o fungo tem tropismo. Além disso, o indivíduo pode
apresentar uma queda da imunidade celular que propicia a difusão da infecção para pele,
órgãos parenquimatosos e ossos.

Os sintomas da doença são decorrentes da propagação do fungos por meio de vasos


sanguíneos e linfáticos chegando até o sistema nervoso central, e mais especificamente
as meninges (membranas que revertem o cérebro conhecido como dura-máter, pia-
máter, aracnoide). Os sintomas são: dores de cabeça constantes; rigidez no pescoço;
alterações de visão, inclusive no período final da doença principalmente em pacientes
portadores do vírus HIV; movimentos involuntários de membros; pode levar ao
acometimento de convulsões em pacientes que persistiram com a doença; perda de
coordenação motora.

O diagnóstico e tratamento precoces da doença criptocócica são os principais fatores


relacionados à redução de mortalidade. Punção lombar (PL) diagnóstica deve ser
sempre realizada na suspeita clínica de meningite criptocócica e ausência de
contraindicações ao procedimento. Recomenda-se a realização de testes de aglutinação
com látex no líquor (sensibilidade superior a 95%) ou, alternativamente, tinta da China
(sensibilidade 60%-80%). Tinta da china, látex ou cultura positivas para Cryptococcus
sp no líquor confirmam o diagnóstico de meningite criptocócica. Além disso, todos os
indivíduos com látex para Cryptococcus sp. positivo no plasma ou soro devem ser
investigados para meningite com PL. A HIC é responsável por aproximadamente 90%
das mortes por meningite criptocócica nas duas primeiras semanas após início do
tratamento. Portanto, na ausência de contraindicação à PL, deve-se avaliar a pressão de
abertura liquórica para o diagnóstico de HIC.

REFERÊNCIAS

PIZANI, T. A. Criptococose em pacientes HIV positivos: Revisão sistemática da


literatura: Academia De Ciência E Tecnologia. São José Do Rio Preto, 2015.

MACHADO, S. A. H. Prevalência do antígeno criptocócico utilizando Lateral Flow


Assay (LFA) no screening de pacientes com HIV/AIDS: Ministério da Saúde,
Fundação Oswaldo Cruz, Mestrado em Medicina Tropical. Teresina, Novembro 2015.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sífilis: Estratégias para Diagnóstico no Brasil.


Brasília: Ministério da Saúde, Coordenação de Doenças Sexualmente Transmissíveis e
Aids. 2010. 100 p.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo Clínico E Diretrizes Terapêuticas


Para Manejo Da Infecção Pelo Hiv em Adultos. Brasília, 2013

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