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6, N° 2, 2017 35
PÔSTERES
forme, de forma bilateral, caracterizada por hipersinal em T2. Por fim,
iniciou tratamento com D-penicilamina e zinco, apresentando melhora
do quadro. Em internação prévia, devido a quadro de hepatite, foi feita
investigação para etiologia viral, autoimune e doenças mieloprolifera-
tivas, porém recebeu alta sem diagnóstico etiológico. Comentários: A
doença de Wilson é rara, podendo ter bons resultados com tratamento
precoce e adequado. Por isso a importância da suspeição diagnóstica
em todo paciente com lesão hepatocelular ou sintomas neurológicos,
principalmente em idade jovem. O diagnóstico inclui o quadro clínico
associado a presença de ceruloplasmina baixa e exame oftalmológico
demonstrando anel de Kayser- Fleischer. As dosagens de cobre urinário
e hepático se encontram elevadas. O tratamento envolve a remoção do
excesso de cobre do organismo, podendo ser utilizado zinco e quelantes
de cobre, como a Trientina e D- Penincilamina.
P-008 - EXCESSO DE PESO E CRESCIMENTO LINEAR ENTRE P-009 - CARACTERÍSTICAS GENÉTICAS E FENÓTIPOS DE
CRIANÇAS DE BAIXA CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM FIBROSE CÍSTICA NO
PORTO ALEGRE SUL DO BRASIL
Paula Machado Becher, Vivian Rodrigues Ferreira, Katiana Rosa, Camila Machado, Débora Dettmer,
Márcia Regina Vitolo Victória Silveira, Bruna Nunes, Renata Ongaratto,
Talitha Comaru, Leonardo Araújo Pinto
UFCSPA
PUCRS
Objetivos: Verificar a associação entre excesso de peso e crescimento
linear entre escolares de baixa condição socioeconômica. Metodologia: Objetivos: Descrever as principais mutações identificadas em um
Estudo de coorte aninhado a um ensaio de campo randomizado por grupo de crianças e adolescentes em acompanhamento em um
centro de Fibrose Cística (FC) e associá-las às suas características
conglomerados, com crianças do nascimento a idade escolar atendidas
clínicas. Metodologia: Estudo transversal retrospectivo, no qual foram
em Unidades de Saúde de Porto Alegre/RS. Obtiveram-se os dados
incluídos pacientes do ambulatório de FC do Hospital São Lucas da
antropométricos a partir de aferição de peso e estatura. O estado PUCRS que possuíam 2 alelos identificados no gene CFTR. As carac-
nutricional foi classificado com o auxílio do software AnthroPlus terísticas clínicas foram coletadas a partir dos prontuários físicos e
versão 1.0.4. Para análise estatística utilizou-se o pacote estatístico eletrônicos. Todos os pacientes foram submetidos à realização de
SPPS 16.0, os resultados foram obtidos através de Test T e regressão genotipagem da mutação F508del. Os indivíduos heterozigotos, ou
de ANOVA. Resultados: Avaliou-se 356 escolares, (6,3 ± 0,26 anos; não portadores da mutação, realizaram um painel de pesquisa de
52,2% meninos). A prevalência de baixa estatura foi de 1,4% (4), mutações ou sequenciamento completo do gene CFTR. Resultados:
baixo peso 1% (3) e excesso de peso de 33,4% (99). Os escolares Foram incluídos 42 pacientes com média de idade de 9,74±6,51, com
16 diferentes mutações em 84 alelos conhecidos. A mais frequente foi
classificados com excesso de peso apresentaram média de altura
a F508del, abrangendo 60 alelos (71,43%). A segunda mais comum
significativamente maior em relação àqueles sem excesso (121, 21
foi a G542X (7,14%), seguida da N1303K (4,76%) e R1162X (4,76%).
± 5,06 vs 117,97 ± 5,47 cm (p < 0,000). As crianças que nasceram Todos os que apresentaram íleo meconial (26,2%) possuíam pelo
grandes para idade gestacional (GIG) apresentaram na idade escolar, menos 1 alelo para F508del e 63,6 % eram homozigotos para esta
média de estatura significativamente maior em comparação as que mutação. Insuficiência pancreática esteve presente em 71,4% dos
obtiveram outra classificação nutricional de peso ao nascer para idade pacientes, dos quais 75% eram homozigotos para F508del. Ainda,
gestacional (121,81 ± 5,44 cm vs 118,49 ± 5,49 cm) (p < 0,000). Na 16,7% apresentavam déficit nutricional e 30,9 % doença pulmonar
análise de regressão observou-se que com o aumento de uma unidade relevante. Ambas as características foram mais comuns nos pacientes
homozigotos para F508del e nos com mutação F508del/ R1162X.
de z-score de IMC/I (β= 0,272; p < 0,000) ocorreu o aumento de 0,27
Conclusões: F508del e G542X foram as mutações mais frequentes
unidade de z-score de E/I. Conclusões: Nascer GIG e/ou ter excesso de
neste centro de referência no sul do Brasil. As mutações encontradas
peso em idade escolar está associado com o incremento de estatura
foram associadas a fenótipos graves com altas taxas de insuficiência
entre escolares de baixa condição socioeconômica. pancreática (71,4%) e doença pulmonar (30,9%).
P-018 - GRAVE ASPIRAÇÃO DE CORPO ESTRANHO: P-019 - MUTISMO SELETIVO EM PEDIATRIA: RELATO DE
RELATO DE CASO CASO
Carola Amoroso, Cristian Tedesco Tonial Caroline Perin Strassburger1, Larissa B. Acadroli2,
Analida Pinto Buelvas1, Gabriel Coelho de Souza1,
PUCRS Amadeu F. Bassan1, Cristian Tedesco Tonial1
Introdução: A aspiração de corpo estranho (ACE) é descrita 1PUCRS, 2UCS
principalmente nas crianças do sexo masculino, predomina
entre 1 e 3 anos de idade. A localização anatômica mais Introdução: O DSM-IV classifica o mutismo seletivo pela recusa em
importante de corpos estranhos nas vias aéreas são a é a falar em algumas situações com a possibilidade de colóquio em
traqueia e a carina, pois ambas que tem maior probabilidade outras. Acomete com maior frequência crianças do sexo feminino,
de levar a Parada Cardiorrespiratória (PCR). No Brasil, milho, sendo classificado como um transtorno de ansiedade. Relato de
caso: Paciente do sexo feminino, 5 anos, previamente hígida e com
feijão e amendoim são os grãos mais comumente aspirados
calendário vacinal em dia, foi internada no hospital por apresentar
na faixa etária pediátrica. Dispneia e dificuldade respirató-
mutismo. A mãe relatou que a filha havia diminuído o volume da
ria estão entre os sintomas mais importantes após a tosse.
voz há 2 semanas, sussurrando apenas, interrompendo completa-
Relato de caso: Paciente do sexo masculino de 11 meses de
mente a fala há aproximadamente 5 dias. Embora não pronunciasse
idade, previamente hígido, consulta em serviço de emergência
palavras, era ativa e brincava normalmente, se comunicando através
pediátrica com relato de queda da própria altura, sem sinais de gestos. Raramente, quando distraída, pronunciava onomatopeias
externos de trauma cranioencefálico grave. Havia apresentada e palavras curtas como “eca”. Causas orgânicas foram descartadas
anteriormente episódio de tosse e dificuldade respiratória, devido a ausência de sinais de infecção aos exames laboratoriais
estridor, e sonolência progressiva, porém familiares não haviam bem como alterações ao eletroencefalograma e exames de ima-
relacionado com alimentação. Evoluiu com crises convulsivas gem. Algumas causas psiquiátricas em resposta a uma possível
tônico-clônicas generalizadas. No pronto atendimento foi sub- violência ou abuso sexual também foram descartadas. No decorrer
metido a exames de imagem (radiografia de tórax e tomografia da investigação, a mãe relatou o nascimento de uma prima há 7
de crânio) que foram normais. Indicada intubação orotraqueal, meses, dispersando a atenção da família que antes era destinada
sendo necessária elevada pressão inspiratória durante venti- a sua filha. Após a visita da equipe psiquiátrica a paciente voltou a
lação mecânica. Apresentou instabilidade cardiorrespiratória falar, porém no dia seguinte o quadro se repetiu. A mãe afirmou que
na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica que culminou com o motivo seria a notícia da morte do dublador de um personagem
PCR. Comentários: Quadros de aspiração de corpo estranho de desenho animado que a criança gostava muito. Comentários:
nem sempre são de fácil diagnóstico no atendimento inicial. Embora não exista uma literatura extensa sobre este assunto, os
Necessitam alto índice de suspeição, visto que o atraso no pediatras podem exercer um importante papel no diagnóstico e
diagnóstico pode culminar em óbito. tratamento desta patologia.
40 Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria
UNISC
Objetivos: Verificar se a obesidade aos três anos de idade está as-
Objetivos: Avaliar a relação entre o tempo de aleitamento materno e sociada com a presença de hipertensão ao seis anos. Metodologia:
o peso em relação a idade entre crianças com sobrepeso e obesidade.
Estudo de coorte aninhado a um ensaio de campo randomizado por
Metodologia: Foi realizado um estudo transversal, com uma amostra
conglomerados, com crianças do nascimento a idade escolar atendidas
de 39 crianças com idade entre 0 e 10 anos que realizam acompanha-
em Unidades de Saúde de Porto Alegre/RS. Aos três anos, obtiveram-
mento em um ambulatório de crianças em sobrepeso e obesidade. Os
se dados antropométricos a partir de aferição de peso e estatura. O
dados foram obtidos utilizando um questionário semi-estruturado que
estado nutricional foi classificado por meio do Índice de massa Corporal
investiga eventos relacionados ao nascimento e à primeira infância.
(IMC) para a idade, com o auxílio do software AnthroPlus. A pressão
Foram excluídos os maiores de dez anos de idade. A análise dos dados
arterial foi aferida aos seis anos com aparelho digital Omron®, modelo
se deu através do software SPSS. Resultados: A amostra apresentou
HEM-7113 e classificada segundo as recomendações do Fourth Report
idade média de 6,1 anos, tempo médio de amamentação de 4,1 me-
on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure in
ses e predominância do escore Z igual ou maior que 3 (79,48%). O
coeficiente de correlação de Pearson entre o tempo de amamentação Children and Adolescents (2005). Para análise estatística utilizou-se
e o peso atual foi de 0,290, indicando que há uma fraca correlação o pacote estatístico SPPS 16.0. Realizou-se o teste do qui-quadrado,
entre as variáveis. Além disso, foi obtido através da regressão linear considerando significativos resultados de p ≤ 0,05. Resultados:
simples que o coeficiente de determinação (R²) foi de 0,084, o que Avaliou-se 305 escolares, com idade média de 6,3 ± 0,23 anos, sendo
significa dizer que apenas em 8,4% dos casos o tempo de amamentação 52,4% meninos (n=159). A prevalência de obesidade, verificada aos
explica o peso, nessa amostra. A dispersão dos dados foi analisada três anos de idade foi de 18,03% (n=55) e de hipertensão 10,8%
através de histograma, que apresentou um desvio padrão de 0,987, (n=33). Verificou-se associação estatística entre obesidade aos três
apontando que a amostra é homogênea. Conclusões: Apesar de ser anos e hipertensão aos seis anos (p= 0,013). Conclusões: Observou-
reconhecido que o aleitamento materno no primeiro ano de vida se alta prevalência de pré-escolares obesos e de hipertensão entre
é um fator protetor para obesidade, não foi possível estabelecer a as crianças em idade escolar. Pode-se concluir que a obesidade atua
associação entre os índices antropométricos e tempo de aleitamento precocemente como fator de risco para o desenvolvimento de hiper-
materno no grupo de crianças avaliado. tensão entre crianças de baixa condição socioeconômica.
P-026 - TUBERCULOSE PLEURAL EM PEDIATRIA: RELATO P-027 - APENDICITE AGUDA EM LACTENTE – RELATO DE
DE CASO CASO
Bruna Freire Accorsi, Katchibianca Bassani Weber, Carine Nunes Nervo Tessari, Gabriele Zuanazzi Tonello,
Suelen Santos Camargo, Eliandra da Silveira de Lima, Paola Firigollo Wayss, Paulo Sérgio Gonçalves da Silva,
Rafael Bottega, Ricardo Carvalho da Silva, Cristiano do Amaral de Leon
Magali Santos Lumertz, Renato Tetelbom Stein,
Paulo Márcio Condessa Pitrez, Leonardo Araújo Pinto ULBRA
P-028 - PREVALÊNCIA DE SÍNDROME DA MORTE SÚBITA P-029 - QUILOTÓRAX CONGÊNITO: UM RELATO DE CASO
NA INFÂNCIA, NO RIO GRANDE DO SUL, EM UM PERÍODO
Amanda da Fontoura San Martin, Guilherme Szuchman
DE SEIS ANOS
Wolquind, Rafael Purper Ortiz, Débora Maria Pilau Philippsen,
Paula Bibiana Müller Nunes, Marcella Gonçalves Piovesan, Patrícia Dineck da Silva, Larissa Goñi Murussi,
Angelina Bopp Nunes, Clarissa Aires Roza Cristiano de Oliveira Roxo, Manoel Ribeiro
UNISC PUCRS
Objetivos: Identificar a prevalência de casos de Síndrome da Introdução: Quilotórax congênito é uma condição rara (incidência
Morte Súbita na Infância (SMSI) no estado do Rio Grande do Sul 1:10.000 a 1:15.000), devido defeitos de formação do ducto torácico
em um período de 6 anos. A SMSI consiste no óbito inesperado (atresia, fístulas, linfangiectasia e linfangiomatose). É a maior causa
de derrame pleural intrauterina e perinatal. O diagnóstico é feito pela
de crianças menores de um ano e está associada a práticas de
análise do líquido de aspecto branco-leitoso com predomínio de gorduras
sono inadequadas. Metodologia: Pesquisa descritiva baseada
e linfócitos. Descrição do caso: Neonato masculino, segundo gemelar,
em consulta na base de dados do DATASUS referentes aos anos
idade gestacional de 34 semanas, peso ao nascer 2265g, APGAR 6/8.
de 2010 a 2015. Analisou-se os dados de óbitos infantis no Parto cesáreo indicado por presença de derrame pleural moderado em
Rio Grande do Sul, mortalidade segundo CID 10 (Síndrome da hemitórax direito e pequeno derrame pericárdico. Foi entubado em sala
Morte Súbita na Infância), faixa etária detalhada de 1 minuto de parto porque nasceu não vigoroso. Na UTI Neonatal, foi extubado e
até 11 meses de vida. Resultados: Houve 32 óbitos por SMSI de colocado em CPAP. Com 8 horas de vida foi realizada drenagem torácica
2010 a 2015. Nos primeiros 28 dias de vida ocorreram 37,5% de grande quantidade de secreção amarela-citrino. A análise do líquido
(12) das mortes, sendo o óbito mais precoce com 1 hora de pleural mostrou 2.000 eritrócitos/µL; 4.538 leucócitos/µL; ph 7,56;
vida. No primeiro mês, foram registradas 25% (8) das mortes. glicose: 98 mg/dL; proteínas totais: 3,1g/dL, albumina 1,5 g/dL; triglice-
Aos 2 meses, ocorreram 9,4% (3) dos óbitos, enquanto que, rídeos: 15 mg/dL; LDH 565 UI/L. Manteve-se com drenagem torácica em
aos 3 meses, foram 12,5% (4). No quarto mês houveram 6,2% selo d’agua por 41dias. Comentários: O acúmulo recorrente de líquido
(2) dos casos e aos 5 meses também registrou-se 6,2% (2). No pleural pode gerar déficit de proteínas, eletrólitos e células de defesa,
sexto mês ocorreram apenas 3,1% (1) dos óbitos. Conclusões: podendo desencadear desidratação por hipovolemia, desnutrição por
A SMSI é um problema de saúde que requer atenção especial. hipoproteinemia, desequilíbrio eletrolítico, acidose metabólica e dimi-
nuição da imunidade por linfopenia. O diagnóstico é feito pela análise
Os dados obtidos corroboram a necessidade de uma conscien-
do líquido pleural, sendo critérios diagnósticos: contagem de células >
tização do sistema de saúde em geral para este diagnóstico.
1.000 µL, linfócitos > 70%, triglicerídeos > 110 mg/dL e relação líquido
A identificação de situações de risco – como lactentes que
pleural/colesterol sérico < 1,0. O tratamento é conservador com dieta
dormem em decúbito ventral – e campanhas de promoção
hipogordurosa, triglicerídios de cadeia média e drenagem pleural em
de saúde voltadas para as práticas de sono seguro seriam a selo d’água. Uso de somatostatina. Tratamento pode ser ainda, cirúrgico
premissa para combater as taxas de mortalidade. com realização de pleurodese para fechamento da fístula.
Introdução: O processo de aprendizagem na área da saúde necessita de Introdução: A Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo é uma
treinamento teórico-prático. A partir disso, a disciplina de pediatria do cardiopatia congênita que se apresenta com estenose ou atresia da
curso de medicina de uma Universidade Federal realiza a simulação do valva mitral e/ou da valva aórtica associada a vários graus de hipoplasia
atendimento ambulatorial de puericultura, em que alunos, monitores ventricular esquerda. É predominante no sexo masculino. Descrição:
e docentes da disciplina participam. Dessa maneira, objetiva-se com Paciente masculino, lactente, nascido em Porto Alegre, cuja ecografia
esse trabalho expor a visão da monitoria acerca do autoaprendizado fetal de 30 semanas evidenciou ventrículo esquerdo com hipoplasia de
que essa avaliação prática proporciona. Metodologia: A prova prática, 6mm (VR: 16 mm), ausência de fibroelastose, bem como valva aórtica
utilizada pela disciplina de pediatria I – ministrada no terceiro ano do hipoplásica de 4mm (VR: 10 mm), válvula mitral com estenose e fluxo
retrógrado em Aorta descendente, perfundida pelo canal arterial.
curso de Medicina -, simula uma consulta pediátrica de puericultura,
Conclusão do exame: síndrome de hipoplasia do coração esquerdo.
sendo aplicada em ambiente hospitalar por monitores da disciplina
Nasceu em 12/01/17, a termo, 3,250kg, Apgar: 08/ 09, AIG. Com um
e professor regente. A avaliação é filmada e, com consentimento
dia de vida foi submetido à tentativa de atrioseptostomia com cateter
dos alunos que a realizaram, colocada à disposição dos monitores e
balão sem sucesso, seguida de procedimento híbrido de bandagem da
professor para análise do conteúdo. É a partir desse vasto material
artéria pulmonar em 16/01/17. Em ecocardiograma de controle feito
que se baseia esse trabalho. Resultados: A prova prática foi realizada
em 22/01/17, evidenciou-se valva aórtica atrésica, Aorta ascendente
com 82 alunos ao longo do ano de 2016. A análise dessas provas hipoplásica (menor de 2mm) com fluxo retrógrado e ductus arterioso
permitiu que os monitores percebessem as principais características pérvio, mantendo perfusão. No dia 24/01/17, apresentou piora clínica
de cada atendimento – aspectos negativos e positivos -, assim como por sepse, sendo administrada antibioticoterapia. Recebeu alta hospitalar
seu impacto sobre o resultado final da consulta simulada. Conclusão: em 07/02/17, perdendo-se o seguimento da criança (família residente
Conclui-se que os monitores aprimoraram suas técnicas de atendi- em Vacaria). Óbito ocorreu um mês após alta hospitalar. Comentários:
mento aos pacientes, aprendendo por meio do exemplo. Além disso, O “Single Ventricle Reconstruction trial” apontou mortalidade de 30%
o fato de o monitor interpretar a mãe durante a consulta faz com que após primeiro estágio cirúrgico. As principais causas de morte foram
desenvolva uma percepção semelhante àquela do paciente durante o doença cardiovascular (42%), causa desconhecida (24%) e falência
atendimento. A participação dos monitores na avaliação prática lhes múltipla dos órgãos (7%). Em concordância com o estudo, o paciente do
proporciona grande aprendizado e crescimento profissional, além de relato acima não apresentou resultados significativos após o primeiro
contribuir para o sucesso dessa atividade na disciplina. procedimento, vindo a óbito por etiologia desconhecida.
P-038 - LEPTOSPIROSE COM COPLICAÇÕES PANCREÁTICA P-039 - GRUPO DE APOIO PARA PACIENTES COM DOENÇA
E NEUROLÓGICA: RELATO DE CASO CELÍACA EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO SUL DO
BRASIL
Juliana Besutti, Fernanda Umpierre Bueno, Guilherme Unchalo
Ana Regina Lima Ramos1, Daisy Lopes Del Pino1,
Eckert, Luiz Alberto Vanni, Ciana Santos Indicatti, Mayara Luiza
Raquel Borges Pinto1, Beatriz John dos Santos1,
Oliveira da Silva Kist, Karoline Bigolin Stiegemaier
Ana Cristina Braccini Aguiar1, Ester Benatti2
HCC 1
HCC, 2ACELBRA RS
Introdução: Leptospirose é uma zoonose de elevada incidência no Brasil
Introdução: A Doença Celíaca (DC) é uma enteropatia imuno-mediada
com média de 2,1casos/100.000 habitantes, sendo 2.870 em 2016 (387
crônica caracterizada por diversos sinais e sintomas que melhoram
no RS). Apresenta quadros oligossintomáticos até formas graves cujas
com a adesão a dieta sem glúten. Tem especial impacto em fatores
complicações são insuficiência renal (IRA), miocardite, arritmias, pancrea-
tite, uveíte, hemorragia pulmonar, distúrbios neurológicos e Síndrome de
sociais e emocionais e o envolvimento da família é fundamental
Weil (icterícia, IRA, hemorragia). A letalidade média é de 10,8%. Descrição para o sucesso do tratamento. Objetivos: Relatar a formação de um
do caso: Menina, 12 anos, interna com vômitos, diarreia, cefaleia, mialgia grupo de apoio para crianças e adolescentes celíacos no HCC (HCC)
e fotofobia há 7 dias, 2 dias após ter se banhado em uma lagoa. Realizou de Porto Alegre, RS. Metodologia: O grupo é formado por crianças e
laboratoriais: função hepática normal, renal alterada; ecocardiograma: adolescentes celíacos em acompanhamento no HCC e outros servi-
normal; ecografia abdominal: aumento da ecogenicidade renal e esple- ços, seus familiares e os profissionais da saúde. Tem como objetivo
nomegalia. Iniciado Ceftriaxone por suspeita de Leptospirose. Devido ampliar o entendimento da doença e a adesão ao tratamento. O grupo
piora clínica, oligúria e rigidez de nuca, realizou tomografia de crânio: reúne-se no HCC, mensalmente e os temas abordados são diversos. A
normal, sendo transferida a UTI Pediátrica. Coletado líquor - meningite equipe de profissionais é formada pela Gastroenterologia e Nutrição,
asséptica. Fez avaliação oftalmológica – uveíte e laboratoriais 48 horas com apoio de outras especialidades, além do apoio da Associação de
após, com pancreatite aguda e redução da creatinina. Sorologias para Celíacos do Brasil (ACELBRA-RS). Os temas são abordados de forma
Dengue, Chicungunya e Meningite: negativas; Leptospirose: positiva. expositiva aos pais e cuidadores, sendo posteriormente aberto para
Usou Ceftriaxone 7 dias, recebeu alta assintomática 10 dias após. Co- a troca de experiências e esclarecimento de dúvidas. As crianças
mentários: Essa zoonose transmitida por ratos, cães, bovinos e suínos são atendidas em outro espaço por uma voluntária da ACELBRA, que
é bifásica: 1) fase septicêmica (4-7 dias) e 2) fase imune (10-30 dias). trabalha diversas questões. Os dois grupos reúnem-se novamente
Apresenta-se com febre súbita, adinamia, cefaleia, mialgia, sintomas para confraternização e degustação de produtos sem glúten. Também
gastrintestinais e, em casos graves, alterações hepáticas, neurológicas, ocorrem oficinas de culinária sem glúten, sendo abordadas as técnicas
renais e vasculares. O diagnóstico é sugerido pela clínica e firmado por adequadas de culinária, essenciais para o adequado manejo da doença.
sorologia ou isolamento da Leptospira em culturas. Iniciar tratamento Conclusões: A doença celíaca tem um impacto psicológico importante
precoce evita a progressão da doença e reduz desfechos fatais. A droga e há claro benefício com o uso de grupos de apoio. Nosso grupo tem
de escolha é a Penicilina G Cristalina; Ceftriaxone é alternativa em ajudado crianças a conviverem melhor a doença e melhorarem sua
alérgicos ou na suspeita de sepse comunitária. qualidade de vida.
Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 45
P-042 - RELATO DE CASO: TUMOR BOTRIOIDE VAGINAL P-043 - CONEXÃO ENTRE A REDE PÚBLICA E O SERVIÇO
EM MENINA DE 11 MESES DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL: QUAIS OS PRINCIPAIS
PROBLEMAS DO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS
Artur Gehres Trapp1, Isadora Chiaradia Mattielo1,
ENCAMINHADAS?
Ariane Nádia Backes2, Claudemir Trapp
1PUCRS, 2HCPA Dâmaris Mikaela Balin Dorsdt, Elisa Correia, Ricardo Sukiennik,
Ricardo Halpern
Introdução: As neoplasias genitais são raras na infância e adolescências.
UFCSPA, HCSA
O rabdomiosarcoma (RMS) vaginal é o mais encontrado, representando
menos de 5% dos RMS. Incidência tem pico bimodal (2-6 e 10-18 anos). Objetivos: Conhecer o perfil dos pacientes referendados da Rede Pública
O subtipo botrioide é o mais encontrado e apresenta-se como lesões para um serviço de referência em desenvolvimento infantil. Metodologia:
em cacho de uva. RMS é um tumor maligno de origem mesenquimal Revisão dos prontuários da primeira consulta dos pacientes encaminhados
tipicamente infantil. O diagnóstico precoce e controle local da doença pela Rede Pública no período de 2014 a 2016, avaliando os motivos de
(quimioterapia neo-adjuvante e cirurgia do tumor remanescente) é encaminhamento e as hipóteses diagnósticas da equipe do Ambulatório de
fundamental para a cura. Relato de caso: Feminina, 11 meses, previa- Desenvolvimento. Resultados: No período foram encaminhados 427 pacien-
mente hígida, iniciou com quadro de retenção urinária acompanhado tes. Destes, 310 (72,5%) compareceram para atendimento. Os principais
por sangramento vaginal/ uretral, sendo necessária sondagem vesical de motivos de encaminhamento foram sintomas comportamentais (21,9%),
demora. Exame físico: presença de massa palpável em região suprapúbica problemas de aprendizado (16,1%), atraso do desenvolvimento e suspeita
de transtorno do espectro autista (19,0%). Os demais foram encaminhados
e lesão ‘em cacho de uva’ exteriorizada pela vagina. Ecografia: massa
por sintomas não relacionados ao desenvolvimento. Os principais grupos
pélvica (10 cm no maior diâmetro), comprimindo o colo vesical. Realizada
diagnósticos encontrados foram: déficit cognitivo (11,9%), disrupção
biópsia com diagnóstico de tumor botrioide de vagina, confirmado por
familiar e/ou socio-ambiental (10,3%), transtorno do déficit de atenção e
imunohistoquimica. RNM: lesão comprometendo toda a extensão da
hiperatividade (9,7%), atraso da fala e/ou linguagem (8%), transtornos de
vagina até colo uterino, sem comprometimento linfonodal. Estadiamento:
humor (8%), transtornos de vínculo (6,8%), traço opositor desafiante (6,8%),
sem metástases. Realizada quimioterapia neoadjuvante e ressecção da
atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (6,1%), transtorno de espectro
parede anterior da vagina por abordagem perineal, com preservação autista (5,8%) e transtornos específicos do aprendizado (5,8%). Conclusões:
funcional, que permitiu ressecção completa da lesão (margens livres Os grupos diagnósticos estão de acordo com a distribuição dos principais
confirmada no transoperatório), com objetivo curativo. Discussão: No problemas de desenvolvimento e comportamento. Apesar de mais de 50%
passado, o tratamento cirúrgico baseava-se em exanterações pélvicas, dos pacientes terem sido encaminhados por questões não relacionadas ao
mutilando as pacientes. Com a evolução da quimioterapia, tornaram-se desenvolvimento, após a avaliação quase 80% desses pacientes apresenta-
mais conservadores. Atualmente, baseia-se na quimioterapia seguida de ram algum problema relacionado com desenvolvimento e comportamento.
cirurgia para ressecção de doença residual. A técnica empregada nesse Apesar da efetividade do encaminhamento a mediana de idade ainda é alta
caso, com abordagem perineal, surge como alternativa, tornando-se (6 anos), o que compromete os efeitos da intervenção. É fundamental que
terapêutica oncológica factível. Houve preservação funcional e estética instrumentos de triagem possam ser utilizados de rotina na atenção primária
da vagina, com adequado tratamento oncológico. para que o encaminhamento seja efetivo e o mais precoce possível.
46 Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria
P-044 - CÂNCER DE ADRENAL PEDIÁTRICO E A SÍNDROME P-045 - COMPARAÇÃO DE DUAS REFERÊNCIAS PARA
DE LI-FRAUMENI: RELATO DE CASO CLASSIFICAÇÃO DO PESO AO NASCER EM RECÉM-
NASCIDOS DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO DE PORTO
Eliege Bortolini, Débora Block Sanderson, Eduardo Dallazen,
ALEGRE
Hanny Kirszenworcel Pereira, Letícia Leão Alvarenga,
Renata Sartor Fachinelli, André Anjos da Silva Ester Zoche1, Helena Von Eye Corleta,
Eunice Beatriz Martin Chaves1, Vera Lúcia Bosa2
UNIVATES
1HCPA, 2UFRGS
Introdução: A Síndrome de Li-Fraumeni (SLF) é uma doença
autossômica dominante de câncer hereditário que aumenta o Introdução: O peso ao nascer é reconhecido com um preditor
risco de um indivíduo desenvolver uma variedade ampla de de saúde. A classificação do peso ao nascer por Alexander e co-
cânceres. Assim, uma parcela significativa da população pediá- laboradores, 1996 foi elaborada através de dados americanos e
trica com carcinoma adrenocortical preenche os critérios para é amplamente utilizado como referência. Recentemente Villar e
SLF. Descrição do caso: Trata-se de um estudo de caso sobre colaboradores, 2014, publicaram novos padrões de classificação,
a SLF. Paciente do sexo feminino, 2 anos e 3 meses, consultou através de um estudo multicêntrico, incluindo dados brasileiros.
oncopediatra e, na sequência, geneticista. Apresentou-se ini- Objetivo: Comparar a classificação do peso ao nascer de uma
cialmente com queixa de dor abdominal. Exame de imagem amostra de recém-nascidos de um hospital terciário de Porto
com massa adrenal de características malignas. Realizou-se Alegre, por Alexander e colaboradores e Villar e colaboradores.
ressecção tumoral e ao anátomo-patológico, diagnosticou-se Métodos: O peso ao nascer de 160 recém-nascidos foi classificado
carcinoma adrenocortical. Assim, foi realizada investigação conforme suas referências sendo classificados como pequeno
genética, com sequenciamento completo do gene TP53, para idade gestacional (PIG) abaixo do percentil 10 e grande
apresentando a mutação R337H, sendo a SLF confirmada com para idade gestacional (GIG) acima do percentil 90. Resultados:
diagnóstico clínico e molecular. Essa síndrome foi herdada do Houve diferença significativa entre as duas metodologias de
pai, portador R337H após exame genético realizado nos geni- classificação (p<0,001). Quando considerada a referência de
tores. História familiar paterna confirma o padrão autossômico Alexander e colaboradores, 13,12% (n=21) eram PIG e 1,8%
dominante dessa condição. Comentários: O diagnóstico precoce eram GIG (n=3). Quando considerada a referência de Villar e
é essencial para o tratamento e controle da doença. Sendo colaboradores, o percentual de PIG reduziu para 5% (n=9) e de
assim, é sublime o conhecimento de acadêmicos de medicina GIG aumentou para 6,8% (n=11). Os resultados mostram que
sobre o diagnóstico e a clínica dessa doença, ajudando, assim, a nova referência de classificação, mais próxima da realidade
na formação de profissionais mais preparados. brasileira, apresenta uma nova perspectiva nos pontos de corte
do peso ao nascer, reduzindo o número de recém-nascidos PIG
e apresentando um maior número de GIG.
P-048 - NEUROMIELITE ÓPTICA: RELATO DE CASO P-049 - ARTROGRIPOSE MÚLTIPLA CONGÊNITA: RELATO
DE CASO
Cristiano de Oliveira Roxo, Alessandra Pereira,
Rodrigo Groisman Sieben, Amanda San Martin, Manoel Antonio da Silva Ribeiro, Larissa Pasqualli,
Rafael Purper Ortiz, Débora Maria Pilau Philippsen Camila Peng Krüger, Renata Azevedo,
Luise Guimarães Rodrigues, Monique Alves
PUCRS
PUCRS
Introdução: Neuromielite óptica (NMO) é uma doença inflamatória
do sistema nervoso central caracterizada por neurite óptica e mielite A artrogripose múltipla congênita é caracterizada pela presen-
transversa. Os anticorpos Aquaporina-4 e antiMOG são positivos em ça, ao nascimento, de múltiplas contraturas articulares. É uma
grande parte dos pacientes. Devido à gravidade, o tratamento deve síndrome rara com incidência de 3 casos para cada 10.000 nas-
ser instituído tão logo haja suspeita diagnóstica. Relato de caso: cidos vivos. Neonato masculino, nascido parto cesáreo eletivo,
A.A.S., masculino, 10 anos, chega na emergência do HSL encaminhada idade gestacional de 383/7 semanas, pesando 2390g, Apgar
por oftalmologista por edema de papila bilateral, pior à direita. Na 9/9. Mãe com 33 anos, G2PC2A0, pré-natal com 7 consultas,
chegada, paciente relatava dor ocular há duas semanas, que associava sorologias negativas, portadora de Síndrome do anticorpo
a trauma. Apresentava pupilas isofotoreagentes; Campimetria por anti-fosfolipídico, em uso de Carbamazepina, Clobazam, AAS
confrontação com borramento visual e diplopia em OD. Força grau e Enoxaparina. A ecografia obstétrica com 22 semanas de
V; Sensibilidade preservada; Reflexos grau II. Realizou ressonância gestação mostrou presença de útero bicorno, alterações fetais
magnética (RM) de crânio e órbitas que evidenciou inflamação bi- sugestivas de pé torto congênito e flexão permanente de mãos.
lateral do nervo óptico. Foi submetido a coleta de liquor (LCR) com Foi realizado o diagnóstico de artrogripose múltipla congênita
pesquisa de anticorpos. O exame foi positivo para Anti-MOG, mas por imobilidade de quadril, joelho, pés e mãos bilateralmente
pela ausência de sinais de mielite transversa, o diagnóstico do NMO no pré-natal através de ecografias obstétricas seriadas que
não se confirmou. Recebeu alta com diagnóstico de neurite óptica, não mostravam evidências de movimentação dos membros.
após pulsoterapia com corticoide. No momento da alta apresentava A primeira gestação foi normal com o filho de mesmo pai sem
melhora da visão. Comentários: A Neuromielite Óptica deve ser nenhuma malformação congênita. O diagnóstico pré-natal
considerada em toda criança com sintomas visuais como perda da de artrogripose múltipla congênita é difícil, existindo poucos
acuidade e dor. A RM é fundamental na investigação bem como os relatos na literatura. Geralmente, não inclui déficit intelectual.
testes confirmatórios (presença de autoanticorpos no LCR). A doença Não existe caráter hereditário definido e, na maioria dos casos,
pode levar a perda visual irreversível, sendo altamente incapacitante a etiologia é desconhecida. O prognóstico está diretamente
e o tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível. A NMO relacionado com as deformidades presentes.
pode ser a primeira manifestação de Esclerose Múltipla e necessita
de acompanhamento com neurologista pediátrico.
O programa de triagem auditiva neonatal (PTAN) tem como objetivo a A triagem auditiva neonatal faz parte das ações realizadas para a
detecção precoce da deficiência auditiva (DA). Existem intercorrências atenção integral à saúde auditiva na infância. Esta deve ser reali-
que podem causar a DA, são os chamados indicadores de risco para a zada, preferencialmente, nos primeiros dias de vida e, no máximo,
deficiência auditiva (IRDA). Os IRDA são: preocupação do cuidador em durante o primeiro mês de vida da criança. No programa de triagem
relação a atrasos no desenvolvimento; histórico familiar de DA perma- auditiva neonatal (PTAN) são investigados os indicadores de risco
nente na infância e casos de consanguinidade; permanência na UTI por para a deficiência auditiva (IRDA), pois há maior risco para alteração
mais de cinco dias, ventilação extracorpórea e assistida, exposição a auditiva nesses casos. Este programa é realizado em duas etapas:
drogas ototóxicas, hiperbilirrubinemia com exsanguíneo transfusão, teste e reteste, quando necessário. No reteste quando se mantêm
anóxia perinatal grave, Apgar neonatal de 0 a 4 no primeiro minuto a falha, é realizado o encaminhamento para o serviço de audiologia
ou 0 a 6 no quinto minuto, peso ao nascer inferior a 1500 gramas; de alta complexidade de referência para o diagnóstico audiológico.
infecções congênitas; anomalia craniofaciais e no osso temporal; sín- Objetivos: Analisar a ocorrência de encaminhamentos realizados
dromes genéticas que expressam DA; distúrbios neurodegenerativos; para diagnóstico audiológico e verificar a existência ou não de IRDA.
infecções bacterianas ou virais pós-natais; traumatismo craniano e Metodologia: Foram analisados quantitativamente os registros
quimioterapia. Objetivos: Analisar a ocorrência dos IRDA em um PTAN. dos atendimentos do PTAN de um hospital escola no período de
Metodologia: Foram analisados quantitativamente os registros dos março de 2016 a março de 2017. Resultados: Foram triados 895
atendimentos do PTAN de um hospital escola no período de março recém-nascidos, desses 11 apresentaram falha no reteste, sendo
de 2016 a março de 2017. Resultados: Foram triados 895 bebês. encaminhados para o diagnóstico audiológico. Desses 11, 6 bebês
Destes, 260 possuíam um ou associação de algum IRDA. Encontrou-se
não apresentaram IRDA e 5 apresentaram IRDA (exposição a drogas
as seguintes ocorrências: 114 exposições a drogas ototóxicas; 102
ototóxicas, permanência na UTI por mais de cinco dias, ventilação
ventilações assistidas; 101 UTI neonatal; 70 infecções congênitas;
assistida, Apgar neonatal de 0 a 4 no primeiro minuto ou 0 a 6 no
61 Apgar neonatal; 31 históricos familiares de DA; 26 baixo peso; 3
quinto minuto e baixo peso ao nascer). Conclusões: O PTAN é impor-
infecções pós-natais; 2 anomalias craniofaciais; 1 síndrome genética
tante para a detecção e intervenção precoce da deficiência auditiva
e 1 hiperbilirrubinemia com exsanguíneo transfusão. Conclusões: Os
infantil, pois minimiza as consequências para o desenvolvimento de
resultados indicam que o IRDA em maior ocorrência foi exposição a
linguagem. Ressalta-se a importância da universalidade da triagem,
drogas ototóxicas. Este dado é importante para que seja realizado o
visto que bebês sem IRDA também tiveram falha no reteste.
monitoramento auditivo e de linguagem dessas crianças.
48 Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria
Objetivo: Determinar a prevalência de retinopatia da prematuridade Introdução: A Fibrose Cística (FC) é uma doença autossômica recessiva,
(ROP) em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal durante multissistêmica,causada por mutações no CFTR (Cystic fibrosis trans-
o período de três anos. Metodologia: Estudo observacional trans- membrane conductance regulator). Os testes de triagem neonatal levam
versal retrospectivo, realizado a partir da análise de prontuários de à suspeita diagnóstica quando há alterações na medida do tripsinogênio
prematuros atendidos, no período de janeiro de 2013 a dezembro imunorreativo (IRT), sendo o teste do suor preconizado para realização
de 2015, na UTI Neonatal de um hospital universitário do interior do do diagnóstico. Descrição do caso: Paciente masculino, apresentou IRT
Rio Grande do Sul. Foram incluídos recém-nascidos (RNs) com idade de 328 ng/mL aos 7 dias de vida e de 233 ng/mL aos 14 dias de vida.
gestacional inferior ou igual a 32 semanas e/ou peso ao nascimento Realizados dois testes do suor apresentando: cloro 32 mmol/L (aos 26
menor ou igual a 1.500 gramas, que tenham realizado avaliação of- dias de vida) e cloro 21 mmol/L (aos 47 dias de vida). Aos 2 meses de
talmológica durante a internação hospitalar. Os critérios de exclusão idade, necessitou internação hospitalar por quadro de pneumonia bac-
foram RNs que evoluíram para óbito ou que tenham recebido alta teriana. Tomografia de tórax aos 3 meses com lesão escavada sugestiva
hospitalar antes de serem submetidos ao exame de fundo de olho de pneumonia necrotizante. Exame tomográfico de controle aos 8 meses
para avaliação de ROP. Resultados: A amostra foi composta de 64 de idade, demonstrou regressão de lesões escavadas, apresentando
bronquiectasias localizadas. A despeito de adequado crescimento
RNs, dos quais 56 (87,50%) apresentaram ROP. A classificação estágio
pôndero-estatural, realizada nova tomografia de tórax aos 23 meses
I, zona III foi a mais predominante, representada por 34 RNs, o que
de vida devido a recorrência de infecções respiratórias a partir dos 18
correspondente a 60,71% do total de neonatos acometidos pela pa-
meses de vida, com manutenção das áreas de bronquiectasias locali-
tologia. Conclusões: A prevalência de ROP encontrada neste estudo
zadas. Novo teste de suor coletado aos 29 meses de vida, com cloro 72
foi elevada, sendo superior ao relatado na literatura, possivelmente
mmol/L. Iniciado acompanhamento em centro terciário especializado.
pelo fato de que foram analisados apenas pacientes internados em
Comentários: A FC pode se apresentar com diversas manifestações,
uma UTI Neonatal e consequentemente expostos a maiores riscos para
dificultando o diagnóstico. Infecções respiratórias de repetição em
o desenvolvimento da doença. O presente estudo apresentou maior
pacientes com IRT alterado devem levar à suspeita diagnóstica, mesmo
incidência de ROP no estágio I, zona III, indicando que os casos de
em pacientes com testes de suor normais/borderline prévios e com bom
retinopatia não foram tão severos, porém afetaram até a parte mais
ganho pôndero-estatural. Nesses casos, deve ser levada em consideração
periférica da retina temporal.
nova investigação para FC.
P-056 - BIÓPSIA HEPÁTICA PROTOCOLAR EM PACIENTES P-057 - RELATO DE CASO: HAMARTOMA MESENQUIMAL
PEDIÁTRICOS COM NO MÍNIMO DEZ ANOS DE HEPÁTICO
TRANSPLANTE: SÉRIE DE CASOS
Isadora Chiaradia Mattiello1, Artur Gehres Trapp1,
Artur Gehres Trapp1, Ariane Nadia Backes2, Sandra M.G. Pedro Albino Santos2, Ariane Nádia Backes2,
Vieira2, Carlos Thadeu Cerski2, Marina R. Adami2, Maria Lucia Ana Regina Lima Ramos2, Raquel Borges Pinto2,
Zanotelli2, Carlos O. Kieling2, Isadora Chiaradia Mattiello1 Beatriz John dos Santos2, Valentina Oliveira Provenzi2
1PUCRS, 2HCPA 1PUCRS, 2GHC
Introdução: O valor de biópsias de fígado protocolares é uma questão Introdução: O hamartoma mesenquimal é o segundo tumor hepático
ainda não esclarecida no transplante hepático pediátrico. O objetivo benigno mais comum em crianças, sendo a sua etiologia e patogênese
deste estudo foi avaliar os resultados de biópsias de fígado realizadas pobremente entendidas. Esse tumor tipicamente se apresenta com
eletivamente, em pacientes transplantados pediátricos, cujo procedimento aumento do volume abdominal, podendo estar associado a sintomas
foi realizado há no mínimo 10 anos. Método: Descrição de biópsias de compressivos devido ao grande tamanho da lesão, tais como: restrição
fígado de pacientes transplantados por doença aguda ou crônica, sem respiratória, obstrução de veia cava inferior e suboclusão intestinal. O
co-morbidades relacionadas ao transplante ou alterações laboratoriais. hamartoma é mais comum no lobo direito do fígado, sendo o tratamento
Único patologista experiente avaliou a histologia quanto a presença e/ou de escolha a ressecção completa da lesão. Relato de caso: Paciente
graduação de fibrose, rejeição ou outras anormalidades. Rejeição celular feminina, 2 anos, apresentando massa palpável e visível em hipo-
foi classificada de acordo com os critérios de BANFF e/ou RAI. Relato de côndrio direito e epigastro, associado a desconforto abdominal após
caso: Estudadas 15 biópsias, de 15 pacientes (idade no transplante de as refeições. Exames de imagem mostrando múltiplas lesões císticas
3,1±2,3 anos). A indicação do procedimento foi cirrose descompensada comprometendo todos os segmentos hepáticos, sendo a maior delas
em 13 pacientes (11 atresia biliar) e insuficiência hepática aguda em 2. de 20cm, provocando compressão das estruturas adjacentes. Alfafe-
Quatorze pacientes estavam em uso de monoterapia com tacrolimo e um
toproteína normal. Realizada a ressecção (não regrada) de cada uma
com ciclosporina. As enzimas ALT e AST estiveram dentro dos valores de
das lesões císticas separadamente, com preservação do parênquima
referência (VR) em todos os pacientes. Quatro pacientes apresentavam
hepático devido ao comprometimento multifocal. Anatomopatológico
aumento de GGT (até 1,4 vezes VR). O tempo médio pós-transplante foi de
compatível com hamartoma hepático. Em acompanhamento pós opera-
12,7±2,2 anos. Não houve complicações relacionadas à biópsia hepática.
tório há 3 anos, sem recidiva. Discussão: Tradicionalmente, o tratamento
Os achados histológicos observados foram: biópsia normal (8 pacientes);
cirúrgico do hamartoma hepático é a excisão completa do tumor. Se a
reação ductular (3); dilatação sinusoidal leve; edema periportal; infiltrado
lesão é considerada irressecável, as opções cirúrgicas incluem a enu-
inflamatório portal leve e fibrose: 1 de cada. Não houve complicações
cleação e a marsupialização, com alto risco de recorrência das lesões.
relacionadas à biópsia hepática. Discussão: A alta frequência de resul-
tados normais na amostra estudada, suscita questionamentos sobre o
No caso acima havia múltiplos cistos com comprometimento de todo
benefício da biópsia protocolar em pacientes assintomáticos, com testes fígado, cuja ressecção demandou o uso de várias técnicas cirúrgicas,
bioquímicos normais. sem perda significativa de parênquima hepático.
P-058 - TRANSPLANTE HEPÁTICO PEDIÁTRICO: UMA P-059 - RELATO DE UM PACIENTE COM DISPLASIA
EXPERIÊNCIA DE 22 ANOS CAMPOMÉLICA E SEXO REVERSO
Isadora Chiaradia Mattielo1, Ariane Nadia Backes2, Elisa Pacheco Estima Correia, Victória Bernardes Guimarães,
Artur Gehres Trapp1, Carlos Oscar Kieling2, Gabriela Dalla Giacomassa Rocha Thomaz, Larissa Lemos
Maria Lúcia Zanotelli2, Ian Leipnitz2, Marina Rossato Adami2, Karsburg, Débora Perin Decol, Fabiana Tabegna Pires, Jônio
Renata Rostirola Guedes2, Sandra Maria Gonçalves Vieira2 Vieira Ferreira, Matheus Henrique Paschoaloni de Freitas,
1PUCRS, 2HCPA
Paulo Ricardo Gazzola Zen, Rafael Fabiano Machado Rosa
UFCSPA
Introdução: Transplante hepático (TXH) tornou-se uma opção terapêutica
definitiva para todas as formas de insuficiência hepática aguda/crônica Introdução: A displasia campomélica é uma doença genética rara asso-
em adultos e crianças. Atualmente, os pacientes pediátricos representam ciada a mutações no gene SOX9. Geralmente é letal ainda no período
12,5% de todos os receptores. Métodos: Foram incluídos pacientes com neonatal. Nosso objetivo foi relatar o caso de um paciente com displasia
menos de 18 anos transplantados de 25/03/1995 a 20/03/2017. Resul- campomélica, salientando o risco de malignização gonadal em casos
tados: Foram realizados, no total, 182 transplantes em 170 pacientes. de sexo reverso. Descrição do caso: L.S.J. é a primeira filha de pais não
Atresia biliar foi a indicação mais prevalente (n=86/50,6%), seguida consanguíneos. Ela nasceu a termo por cesariana, pesando 2.780 kg, e
com escores de Apgar de 5 e 8. Após o nascimento, necessitou-se realizar
das doenças genéticas metabólicas (n=23/13,5%). Foram realizados
intubação orotraqueal e fazer uso de ventilação mecânica. A criança
160 transplantes com doador falecido (88%) e 22 transplantes com
era fenotipicamente feminina e possuía dolicocefalia, fenda palatina,
doador vivo (12%). Para transplantes com doador falecido, a sobrevida
micrognatia, dedos curtos com clinodactilia dos quintos dedos das mãos,
do paciente foi 73% em 1 ano, 66,2% em 5 anos e 63,7% em 10 anos.
fossetas pré-tibiais e pé torto congênito bilateral. As radiografias mostra-
Para transplantes com doador vivo, a sobrevida em 1, 5 e 10 anos foi
ram a presença 11 pares de costelas, cifoescoliose, hipoplasia dos ossos
68,2%. Entre doador falecido e vivo, não houve diferença estatística
pélvicos, luxação de quadris, encurvamento dos fêmures e das tíbias, e
entre as sobrevidas em 1 (p=0,63), 5 (p=0,97) e 10 anos (p=0,96). hipoplasia das fíbulas. A ecografia pélvica revelou a presença de útero;
Sobrevida em 1 ano foi 75,3% para os eletivos vs. 58,3% para os ur- contudo, as gônadas não foram identificadas. O estudo cromossômico
gentes (p=0,06); em 5 anos foi 69,2% para os eletivos vs. 47,7% para mostrou um cariótipo 46,XY. Devido a isto, indicou-se realização de
os urgentes (p=0,04); em 10 anos foi 66,6% para os eletivos vs. 47,7% gonadectomia profilática, devido ao risco aumentado de malignização
para os urgentes (p=0,055). Discussão: As indicações para TXH não gonadal. Contudo, o paciente evoluiu com piora do quadro respiratório
diferem daquelas observadas em outros Centros. Não houve diferença e acabou indo ao óbito no quarto mês de vida. Comentários: A displasia
de sobrevida quando foram utilizados enxertos de doador falecido ou campomélica cursa com alterações importantes do desenvolvimento
doador vivo. A sobrevida do paciente foi semelhante à relatada pelo esquelético, em especial encurtamento e arqueamento dos ossos longos.
Children´s Hospital of Pittsburgh nos seus primeiros 20 anos do TXH, Em casos de pacientes com constituição 46,XY e falta de masculinização
utilizando enxertos de doadores falecidos. Resultados para transplantes da genitália (sexo reverso), as gônadas devem ser profilaticamente
eletivos foram superiores aos dos transplantes urgentes. removidas devido ao risco aumentado de gonadoblastoma.
50 Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria
P-060 - ENCEFALITE HERPÉTICA POR HSV1 EM ESCOLAR DE P-061 - SÍNDROME DE OSTEOCONDROMAS MÚLTIPLOS
8 ANOS: RELATO DE CASO HEREDITÁRIOS: UMA DOENÇA GENÉTICA RARA E
Maria Eduarda Bilhar Cruxen,Camila Milani, DEBILITANTE
Thais Maiara de Mesquita, Joanna Paola Bonini Nunes,
João Luiz Martins Krás Borges Elisa Pacheco Estima Correia, Victória Bernardes Guimarães,
Luciana Amorim Beltrão, Bianca Fantin de Souza,
UCS Dâmaris Mikaela Balin Dordst, Andressa Fiori Bortoli,
Fernanda Scalco Acco, Vinicius de Borba Capaverde,
Introdução: A encefalite herpética causada pelo herpes vírus tipo 1 Paulo Ricardo Gazzola Zen, Rafael Fabiano Machado Rosa
(HSV-1) corresponde de 10 a 20% dos 20.000 casos de encefalite viral
anual nos Estados Unidos. Ocorre em todas as faixas etárias, sendo um UFCSPA
terço dos casos em crianças e adolescentes, nos quais é o principal Introdução: A síndrome de osteocondromas múltiplos hereditários (SOMH),
agente. É uma doença com elevado índice de óbitos, ocorrendo em ou síndrome de exostoses múltiplas hereditárias, é uma condição genética
até 70% dos casos se não diagnosticados e tratados precocemente. autossômica dominante caracterizada por predisposição ao desenvolvimento
Descrição do caso: C.E.L.P., 8 anos, masculino, previamente hígido. de tumores ósseos. Nosso objetivo foi relatar uma família com o diagnóstico de
Apresentava paralisia facial à esquerda de início abrupto há 3 dias, SOMH. Descrição do caso: Menino branco, de 8 anos, o único filho de um casal de
associado a crises convulsivas focais e picos febris. Evoluiu com es- pais jovens e não consanguíneos. O pai apresentava história de achados físicos
pasmos faciais à esquerda, afonia, disfagia, hemiplegia à esquerda e similares aos da criança. Esta recebeu o diagnóstico de hipotireoidismo congênito
rebaixamento do sensório (Escala de Coma de Glasgow 10). Iniciado através do teste do pezinho. Os pais notaram o surgimento das alterações nos
aciclovir empírico, por suspeita de encefalite viral. Solicitado pesquisa membros por volta dos 2 anos de idade. Estas consistiam em saliências ósseas,
de reação de cadeia polimerase no líquor (LCR), que positivou para especialmente nas extremidades dos ossos longos. Ao exame físico, notavam-
HSV-1. Paciente completou 21 dias de tratamento. Necessitou de intu- se saliências endurecidas na escápula, costelas, braços, antebraços, joelhos e
bação e posterior traqueostomia. Respondeu bem ao tratamento, com tornozelos; deformidade dos antebraços; clinodactilia dos quintos dedos das
melhora do sensório, da afonia e recuperação de força, porém, persistiu mãos; encurtamento dos dedos dos pés; háluces valgos e mancha café com leite
com episódios de crises convulsivas. Recebeu alta com traqueostomia grande e de contornos irregulares em região lombossacra. O estudo radiográfico
e com medicação contínua profilática para epilepsia. Comentários: evidenciou osteocondromas múltiplos acometendo, principalmente, a porção
distal e metafisária dos ossos longos dos membros superiores e inferiores. O
Os sintomas mais comuns de encefalites são cefaleia intensa, febre e
pai apresentava achados clínicos semelhantes, exceto hipotireoidismo, mas com
rigidez nucal, sendo diagnóstico diferencial de meningite bacteriana.
limitação na movimentação dos membros. Comentários: A SOMH caracteriza-se
O que as diferencia é o acometimento predominante e precoce do
pelo desenvolvimento de osteocondromas (tumores ósseos benignos cobertos
sensório, que o paciente apresentava. O tratamento com Aciclovir
de cartilagem que crescem a partir das metáfises dos ossos longos). Estes po-
deve ser iniciado assim que há suspeita clínica, pois reduz em até 70%
dem levar a uma redução no crescimento do esqueleto, deformidades ósseas,
a mortalidade. Todavia, menos de 10% dos pacientes sobreviventes
restrição da mobilidade articular e compressão de nervos periféricos. O risco
ficam sem sequelas neurológicas ou déficits cognitivos.
de degeneração maligna (que é de cerca de 1%) aumenta com a idade.
P-064 - OSTEOMIELITE AGUDA COM COMPREMETIMENTO P-065 - ÓBITOS FETAIS E NEONATAIS PRECOCES NO RIO
DA FISE DE CRESCIMENTO: RELATO DE CASO GRANDE DO SUL, O QUE NOS REVELAM?
Camila Milani, Maria Eduarda Bilhar Cruxen, Erico José Faustini, Eleonora Walcher, Celia Maria Boff de
Joanna Paola Bonini Nunes, Thais Maiara de Mesquita, Magalhães, Carine Teresa Ecco, Barbara Rejane Cruz, Rosane
Marina Fragomeni, Gladis Helena Cercato Gomes Kozlowski, Katia Ronise Rospide, Andrea Leusin de Carvalho,
Marília Carlotto
UCS
SERS/RS
Introdução: A Osteomielite Aguda (OA) é definida como uma pato-
logia infecciosa ortopédica. Acomete principalmente crianças do Objetivos: Comparar as causas de óbitos ocorridos nos períodos fetal
sexo masculino, possuindo distribuição bimodal (menores de 2 anos e neonatal precoce e originadas de afecções maternas. Metodologia:
e entre os 8 e 12 anos), com incidência anual de 1:5.000 a 1:10.000 Foram selecionados do banco estadual do Sistema de Informação de
crianças. O diagnóstico é baseado na suspeita clínica e, quando Mortalidade (SIM) do Rio Grande do Sul (RS) os atestados de óbitos fetais
realizado precocemente, aliado a terapêutica adequada, a doença e de recém-nascidos (RN) com óbitos ocorridos nos primeiros seis dias de
cursa com baixos índices de complicações. Descrição do caso: I.O.M., vida e decorridos em 2016. Foram incluídos os atestados associados às
categorias de óbitos “feto e RN afetados por fatores maternos, não obriga-
9 anos, masculino, previamente hígido, procurou a emergência
toriamente relacionados com a gravidez atual” e “feto e RN afetados por
devido quadro de dor e edema em pé esquerdo associado a edema
complicações maternas da gravidez” e classificadas as causas. Resultados:
e hiperemia em joelho direito, de início súbito, na semana anterior.
Em 2016 ocorreram 1219 óbitos fetais e 698 óbitos neonatais precoce
Negava trauma em membros inferiores. Realizou Ressonância Nuclear
sendo, respectivamente, 249 e 159, relacionados às duas categorias de
Magnética que evidenciou OA em tornozelo esquerdo, com abscesso,
óbitos incluídas. As principais causas de óbitos fetais e neonatais precoces
e em joelho direito. Submetido à drenagem cirúrgica, foi percebido
associados a estas categorias de óbitos foram hipertensão arterial sistêmica,
comprometimento da articulação e da fise de crescimento da tíbia doenças infecto parasitárias materna, ruptura prematura de membranas,
esquerda. O material foi enviado para análise evidenciando cresci- incontinência do colo uterino, oligodrâmnios e gravidez múltipla. Estas
mento de Staphylococcus aureus sensível a Oxacilina, a qual já estava causas de óbitos corresponderam, respectivamente, a 83% e 84% dos
em uso desde o início da internação. Completou antibioticoterapia óbitos fetais e neonatais precoces associados às duas categorias sele-
endovenosa por 6 semanas, recebendo alta após. Comentários: A OA cionadas. Conclusões: Causas de óbitos fetais e neonatais precoce no
quando corretamente tratada apresenta apenas 5% de complicação. RS associadas a fatores maternos são convergentes. São indicadas, para
Estima-se que a eficácia do tratamento conservador seja de 90%. O a redução dos óbitos associados a estas causas, ações relacionadas ao
antibiótico de escolha, para tratamento empírico, deve dar cobertura aumento do acesso ao pré-natal, a qualificação dos profissionais e das
para Staphylococcus aureus, o agente mais comum para OA em idade redes de referência, a orientação sobre saúde sexual e planejamento
escolar. O paciente recebeu antibiótico precocemente, entretanto, familiar, a captação precoce de gestantes, a busca ativa de faltosas e a
necessitou de intervenção devido a abscesso e, apesar do tratamento melhoria da articulação intersetorial visando o cuidado de gestantes e
adequado, teve comprometimento da fise de crescimento. famílias em vulnerabilidade social.
P-076 - PERFIL NUTRICIONAL DE CRIANÇAS QUE P-077 - VÍRUS COMO CAUSADOR DE CHOQUE SÉPTICO
PARTICIPARAM DA BLITZ DA SAÚDE
Isabel Cristina Schütz Ferreira, Carlye Nicheli Cechinato,
Carolina Real Cappellaro, Milene Maria Saalfeld de Oliveira, Patrícia Lago, João Carlos Batista Santana
Fernanda Lacerda Kopereck, Francesca Beiersdorf Peter,
HCPA
Eduarda Jaíne Facchinello Dallaqua, Kathielen Fortes Rosler
UCPEL Introdução: Doenças respiratórias agudas são frequentes em
pediatria. Infecções do trato respiratório têm grande impacto
Objetivos: Analisar o perfil nutricional de crianças e adolescentes que devido à morbidade e mortalidade. Infecções virais, além dos
participaram da Blitz da Saúde e promover a importância da alimentação quadros respiratórios, podem ser causadoras de quadros sépti-
saudável entre as crianças e seus pais ou responsáveis, orientando-os a cos e terem desfechos dramáticos. Descrição do caso: V.R.S., 2
procurar assistência médica quando necessário. Metodologia: Crianças meses, masculino, levado à emergência pediátrica por quadro
e adolescentes foram convidadas aleatoriamente pela Liga Acadêmica de gemência e febre há 1 dia. Tosse seca e espirros há 2 dias. Ao
de Pediatria da UCPel e as que aceitaram participar da coleta de dados primeiro exame bastante choroso, sem outras anormalidades.
durante a Blitz da Saúde, das 9 às 17 horas, em 22/10/2016, tiveram Triagem para sepse: Hb 8,7; Leucócitos 6040 sem desvio; 386 mil
aferidas e registradas suas medidas de peso, altura e IMC. Utilizaram-
plaquetas; PCR 32,1; EQU normal. Rx tórax normal. Algumas horas
se balanças digitais e régua horizontal, apropriadas para as aferições
após, piora do estado geral, má perfusão. Submetido à coleta de
corretas de acordo com a faixa etária de cada um. Os dados foram
líquor: glicose 55; proteínas 38; 12 leucócitos; bacterioscópico
demonstrados em curvas de IMC da OMS adequadas à idade e ao
negativo. Quadro de choque séptico. Recebeu expansão volêmica
gênero, que estavam expostas em pôster, e foram dadas orientações
(total 40 mL/kg de SF 0,9%). Iniciado ampicilina e gentamicina.
sobre medidas que objetivem uma infância saudável, como a prática
Transferido à UTI pediátrica, moteado, choroso, extremidades
de exercícios físicos e alimentação balanceada. Resultados: O total
frias, com necessidade de vasopressor. Trocado antibiótico para
de participantes foi de 94, sendo, desses, 43 meninas e 51 meninos,
ceftriaxone. Realizada pesquisa de vírus respiratórios, positiva
com idades de 2 meses a 13 anos. Das meninas, 76% apresentaram
peso adequado, 18%, sobrepeso e 4%, obesidade. Dos meninos, 72%
para adenovírus. Apresentou boa evolução do quadro, tendo alta
tinham peso adequado, 17%, sobrepeso e 9%, obesidade. Conclusões: hospitalar em 9 dias. Comentários: Sepse é causa frequente de
Na análise realizada dos dados obtidos, 25% dos participantes estão internação em UTIs pediátricas. Apresentação do quadro clínico
na faixa do sobrepeso e obesidade, sendo significativamente preocu- pode ser imprevisível, por isso a importância da vigilância do
pante, considerando a infância determinante para estabelecimento do paciente e reavaliações frequentes. O manejo visa reestabelecer
perfil metabólico e de comorbidades futuras. Aos pais e responsáveis a perfusão tecidual e se baseia em início precoce de reposição
foram dadas informações sobre a importância de incentivar e manter volêmica e cobertura antibiótica. É importante destacar que não
hábitos saudáveis de vida desde cedo, seguindo orientações recebidas apenas bactéricas, mas também os vírus podem ser causadores
em consultas pediátricas periódicas. de choque séptico.
P-080 - FEBRE, DOR ABDOMINAL E EM MEMBRO P-081 - ECTRODACTILIA: UMA RARA MALFORMAÇÃO DE
INFERIOR- QUAL DIAGNÓSTICO A SE PENSAR? MEMBROS
Isabel Cristina Schütz Ferreira, Carlye Nicheli Cechinato, Mariana Grossi, Augusto Hinterholz, Luciana M. Pereira,
Patrícia Lago, João Carlos Batista Santana Mariana Nascimento, Daniela Miranda, Fátima C. de Souza
HCPA UNISC
Introdução: Paciente em bom estado geral, dor em membro inferior e RNS, sexo feminino, a termo, observado ao exame físico mal-
abdome, provas inflamatórias alteradas. O caso pode sugerir patologias formação em mãos, com ausência de segundo, terceiro e quarto
como abdome agudo, quadros virais e, menos comumente, quadro de quirodáctilos da mão esquerda e ausência do quarto quirodác-
artrite séptica. Descrição do caso: MFAP, 8 anos, masculino. Dor em tilo da mão direita, mobilidade preservada e preensão palmar
coxa direita e abdome há 3 dias, diarreia e febre persistente há 2 dias. adequada em ambas. Sem alterações em membros inferiores.
Consultou em outros dois serviços, sendo liberado com orientações. A Ectrodactilia é uma anomalia congênita do desenvolvimento
Consultou na emergência pediátrica em 17/01/17 por piora da dor em embriológico fetal, de herança autossômica dominante com
coxa e febre persistente. Hipóteses: apendicite aguda ou gastroenterite penetrância variável que acomete cerca de 1 paciente a cada
viral com miosite. Ecografia abdominal e de membro inferior D normais.
90 mil a 150 mil nascidos vivos. Em sua base anatômica está a
Hemograma com leucocitose sem desvio, PCR 70,3, CK 277. Tomografia
ausência congênita dos raios centrais, formados pelo segundo,
abdominal com apêndice limítrofe (0,7 cm). Liberado em 18/01/17, com
terceiro e quarto raios, gerando uma grande fenda mediana na
melhora da dor e plano de revisão em 2 dias. Retornou em 19/01/17 por
mão, associada a aplasia/hipoplasia de metacarpos e/ou falan-
piora da dor em coxa e baixo ventre, persistência da febre, sem vômitos/
ges. A presença do primeiro raio, bem como do quinto, decorre
diarreia. Ecografia de articulação do quadril à D com impressão de artrite
basicamente da embriogênese se dar em períodos distintos,
séptica. Iniciado oxacilina (trocada para vancomicina em 20/01 por
hemocultura com Staphylococcus MRSA) e gentamicina. RNM de MID,
preservando-as. Além das alterações das mãos, os pés também
de 21/01/17, com possibilidade de abscesso ósseo transtrocantérico. podem ser acometidos, compondo conjuntamente a síndrome
Submetido à artrotomia coxofemoral e drenagem. Mantinha febre em da ectrodactilia. É classificada em dois subtipos básicos: forma
24/01, trocado gentamicina por clindamicina, com boa evolução. Bac- típica (1/90.000 nascidos vivos) e atípica (1/150.000 nascidos
teriológico quadril: Pseudomonas aeruginosa, trocado clindamicina por vivos). Na forma típica, a ausência dos ossos do metacarpo e
cefepime em 30/01. Boa evolução, completou tratamento antibiótico, falanges resulta em um defeito em forma de V, dividindo a mão
recebeu alta hospital em março/17. Comentários: Quadros febris po- em porção cubital e porção radial. Na forma atípica, defeitos
dem ser desafiadores em pediatria. Caso sugeria também apendicite nos ossos do metacarpo dos quirodáctilos mediais geram uma
aguda de lenta evolução ou quadro viral. Suspeição diagnóstica foi ampla fenda, agora em formato de U. A cirurgia busca a maior
essencial para correta investigação e tratamento do quadro febril de funcionalidade possível do membro, frequentemente com boa
etiologia não usual. adaptação dos pacientes aos defeitos residuais.
P-082 - QUASE FALHAS EM PRESCRIÇÕES DE PACIENTES P-083 - INTOXICAÇÃO POR CANNABIS EM PACIENTE
PEDIÁTRICOS INTERNADOS EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO: RELATO DE CASO
UNIVERSITÁRIO
Rodrigo Furian El Ammar, Francesca Fiori Canevese,
Bruna Bergmann Santos, Giovanna Webster Negretto, Amanda da Fontoura San Martin, Raísa Dall Agnol Fiorentin,
Helen dos Santos Feiten, Ricardo Moresco Zucco Cristian Tedesco Tonial
HCPA PUCRS
Objetivo: Verificar os tipos de erros de prescrição mais frequentemente Introdução: A intoxicação aguda por cannabis em crianças ocorre fre-
encontrados por farmacêuticos clínicos na pediatria, bem como a adesão quentemente após ingesta acidental da droga destinada a uso adulto,
da equipe médica frente a estas intervenções. Os erros de prescrição principalmente naqueles países onde o consumo é permitido por lei.
foram classificados como “quase falhas”, pois foram identificados antes Os pacientes intoxicados costumam apresentar sonolência, mudança
de atingir o paciente e que poderiam ou não causar algum dano. Metodo- de comportamento, irritabilidade, náuseas, taqui ou bradicardia. Em
logia: Estudo transversal onde foram utilizados registros de ocorrência grandes intoxicações, pode ocorrer apneia e mais raramente con-
das quase falhas identificadas nas prescrições de unidades pediátricas, vulsões. Descrição do caso: Paciente de 2 anos chega à emergência
no período de Abril a Setembro de 2016. Estas foram classificadas como: com quadro de náuseas, desorientação, hipoatividade e sonolência.
dose, forma farmacêutica, via de administração, apresentação, posologia, Mãe refere que os sintomas iniciaram após criança frequentar local
medicamento duplicado, duração de tratamento, necessidade do medi- onde houve consumo prolongado de cannabis. Relata possível into-
camento, prescrição incompleta, falha paramétrica e outros. Resultados: xicação por ingestão acidental da droga. Ao exame físico, paciente
De um total de 3.737 prescrições médicas analisadas pelo farmacêutico pouco reativo, com pupilas mióticas e taquicardia. Não apresentava
clínico de referência na unidade, 211 quase falhas foram interceptadas, esforço respiratório. Metabólitos da maconha foram investigados a
com 85% de adesão pela equipe médica. Os erros mais frequentes foram partir de exames de sangue e urina, seguindo orientação do Centro
na dose (27,5%), necessidade do medicamento (10,4%) e apresentação de Informação Toxicológica (CIT). O hemograma e a glicemia estavam
(10%). Todas as intervenções realizadas quanto a medicamentos de uso normais. Paciente recebeu hidratação endovenosa e foi mantido em
prévio não prescritos e a necessidade de medicamentos foram aderidas observação pela equipe da emergência pediátrica. O Serviço Social
pela equipe médica. Conclusão: Os tipos de quase-falhas mais intercep- foi ativado visando esclarecer a situação de risco à qual o paciente
tados neste estudo podem ser explicados através da forte relação entre estava exposto. Optou-se pela eliminação fisiológica do composto e,
dose e peso em Pediatria, bem como a necessidade de adequação das após melhora clínica, paciente recebeu alta hospitalar. Comentários:
apresentações dos medicamentos de forma a permitir o uso de doses A intoxicação aguda pela maconha pode ter grande repercussão
fracionadas e em diferentes vias de administração. Considerando que clínica visto que a droga age rapidamente em diversos sistemas
os erros de prescrição estão inseridos na primeira etapa do processo de orgânicos, podendo causar depressão grave do estado neurológico e
medicação, o farmacêutico clínico pode auxiliar na redução destes erros, respiratório. A investigação do contexto social é relevante para evitar
garantindo um uso mais seguro e racional da farmacoterapia. futuras exposições.
56 Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria
P-084 - HEMANGIOMA: UMA APRESENTAÇÃO ATÍPICA EM P-085 - MENINGITE TUBERCULOSA COM BAAR LIQUÓRICO
LACTENTE POSITIVO: RELATO DE CASO
Isabela Nizarala Antonello, Ana Leonora Cobalchini de Bortoli,
Francesca Fiori Canevese, Rodrigo Furian El Ammar,
Maíra Maccari Strassburger, Camila Urach dos Santos
Amanda da Fontoura San Martin, Raísa Dall Agnol Fiorentin,
UNISC Cristian Tedesco Tonial
P-086 - ARTÉRIA UMBILICAL ÚNICA EM UM FETO P-087 - RELATO DE CASO: DOENÇA DE MÉNÉTRIER
APRESENTANDO CRESCIMENTO INTRAUTERINO RESTRITO
Isadora Lukenczuk Said1, Dayse do Valle Oliveira2,
Rafael Fabiano Machado Rosa1, Elisa Pacheco Estima Correia1, Valéria Lukenczuk Said3, Iraci Lukenczuk Said1,
Victória Bernardes Guimarães1, Luciana Amorim Beltrão1, Tamires Lukenczuk Said2
Bianca Fantin de Souza1, Dâmaria Mikaela Balin Dordst1, 1Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT),
Rosilene da Silveira Betat2, Jorge Alberto Bianchi Telles2, 2Hospital Universitário Julio Müller (HUJM),
Rosana Cardoso Manique Rosa1, Paulo Ricardo Gazzola Zen 3Universidade de Cuiabá (UNIC)
1UFCSPA, 2 HMIPV
Introdução: A doença de Ménétrier é entidade rara, de etiologia desconhecida,
Introdução: A artéria umbilical única (AUU) é considerada uma alte- embora tenham sido descritas doenças autoimunes associadas, processos
ração associada a um maior risco de anormalidades cromossômicas alérgicos e infecções por Citomegalovírus e Helicobacter pylori. É caracteri-
e estruturais. Nosso objetivo foi relatar um caso de associação entre zada por hipertrofia das pregas do fundo e corpo gástricos, hipersecreção da
crescimento intrauterino restrito (CIUR) e AUU. Descrição do caso: A mucosa com consequente enteropatia perdedora de proteínas. Descrição do
gestante apresentava 27 anos e estava em sua primeira gestação. Ela caso: Paciente, 5 anos, masculino, com quadro de hiporexia, emagrecimento,
veio encaminhada com 14 semanas de gravidez por suspeita de CIUR. náuseas e vômitos por duas semanas, edema de membros inferiores e genital.
Referia história de tabagismo (fumava uma média de 4 cigarros/dia). Ao exame físico, apresentava-se consciente e afebril. Ausculta cardíaca sem
alterações e respiratória diminuída em bases pulmonares. Presença de edema
Suas sorologias para STORCH foram todas negativas. O rastreio de
em membros inferiores e escrotal. Exames complementares apresentaram:
primeiro trimestre havia sido normal (a medida da translucência nucal
PCR normal, hipoproteinemia e hipoalbuminemia de 1,5 mg/dL (VR: 3,8 -5,4),
foi de 1,5 mm). O ultrassom, realizado com 21 semanas, mostrou uma
hemograma, função hepática e renal sem alterações, proteinúria de 24 horas e
morfologia fetal normal. O peso estimado encontrava-se no percentil
gordura fecal negativas. Ultrassonografia de abdome total evidenciou derrame
10. A ecocardiografia fetal foi normal. O ultrassom, realizado com 36
pleural bilateral e líquido livre no abdome. Endoscopia digestiva demonstrou
semanas, evidenciou a presença da AUU. O peso fetal estimado era de
mucosa gástrica com edema, enantema difuso, hiperplasia de pregas e gastrite
2084 gramas (próximo ao percentil 10), sendo que a medida da circun-
hemorrágica do corpo, com biópsia negativa para neoplasia, granuloma e H.
ferência abdominal encontrava-se no percentil 10. O exame ecográfico
Pylori. Medicado com albumina, furosemida e suporte nutricional, com melhora
com 38 semanas mostrou um peso estimado de 2368 gramas (próximo
do quadro. Comentários: A patogênese da doença de Ménétrier não é bem
ao percentil 5) e uma circunferência abdominal no percentil 5. A criança,
esclarecida e a expressão excessiva de fatores de crescimento como fator de
uma menina, nasceu de parto cesáreo, com 39 semanas de gestação,
crescimento transformador alfa (TGF-α) pode estar envolvida. Manifesta-se
pesando 2270 gramas e com escores de Apgar de 9/10. Ela não era dis-
com dor epigástrica, náuseas, vômitos, perda ponderal, edema periférico,
mórfica/sindrômica e evoluiu clinicamente bem. Comentários: Segundo
ascite e derrames cavitários devido a hipoalbuminemia, podendo haver
a literatura, fetos portadores de AUU, mesmo isolada, encontram-se em
hemorragia digestiva. O tratamento é de suporte, pois o curso em crianças
risco para eventos adversos, como o CIUR, como observado em nosso geralmente é benigno e autolimitado, devendo fazer parte do diagnóstico
caso. Assim, uma maior vigilância deveria ser adotada em gestações de diferencial nos quadros de edema de causa hipoproteinêmica.
fetos portadores de AUU.
Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 57
P-092 - PANCREATITE AGUDA PÓS TRAUMÁTICA EM P-093 - O DESMAME ANTES DOS SEIS MESES ESTÁ
PACIENTE PEDIÁTRICO ASSOCIADO À INTRODUÇÃO PRECOCE DE ALIMENTOS
ULTRAPROCESSADOS?
Juliana Saideles da Silveira1, Bruna Maiara Ciechanowski
Nogueira2, Rafaela Luma da Silva Bettega3, Ester Zoche1, Rafaela da Silveira Correa2,
Tarso Saideles Pizarro4, Juliana Fatima Juliana Fatima Juliana Mariante Giesta2, Vera Lucia Bosa2
Cipriani1, Luisa Antunes Pedrazani1, Aline Carin Costa Picolo1,
1HCPA, 2UFRGS
Jaqueline Aparecida da Silveira1
1UPF, 2HSVP, 3UNISC, 4UFSM Os primeiros dois anos de vida da criança são de suma importância para
a formação de hábitos alimentares saudáveis. As mudanças no consumo
Introdução: A pancreatite aguda de etiologia traumática representa de 10 alimentar da população brasileira demostram uma substituição de
a 40% o total de quadros de pancreatite aguda (PA). Na pediatria, ela pode alimentos in natura por alimentos processados e ultraprocessados,
ser secundária a acidentes automobilísticos, esportivos, atropelamentos, mudança essa que também reflete na inadequação da alimentação das
quedas e abuso sexual. É rara a ocorrência de lesão pancreática isolada por crianças. Objetivo: verificar a associação da introdução de alimentos
um trauma abdominal fechado, e ela pode se manifestar com uma sintoma- ultraprocessados com o aleitamento materno, em crianças amamen-
tologia pobre. Isso, muitas vezes, leva a um diagnóstico tardio e uma maior
tadas até os seis meses de idade e aquelas desmamadas antes dos
morbimortalidade em crianças com PA traumáticas. Relato do caso: Paciente
seis meses. Métodos: Estudo tranversal, com 300 crianças entre 4 a
feminina, 9 anos, 27 kg, previamente hígida, encaminhada da cidade natal
18 meses, internadas em um hospital terciário de Porto Alegre. Foi
por dor abdominal de forte intensidade irradiada para dorso e alteração
aplicado um questionário sobre o consumo de alimentos ultraproces-
da amilase. Quadro iniciado há 1 dia, após trauma em abdome superior ao
sados e aleitamento materno. Para análise das variáveis categóricas,
cair da bicicleta. Acompanhado de náuseas e vômitos e pouca aceitação de
foi utilizado o teste qui-quadrado, e os resultados estão expressos
dieta via oral. Sem outras queixas. Nega utilização de outras medicações.
em percentual (valor absoluto). Considerou-se significativo p<0,05.
REG, ativa, corada, hidratada, afebril. Abdômen plano, simétrico, timpânico,
RHA presentes, doloroso a palpação difusa, sem visceromegalias palpáveis. Resultados: Encontrou-se diferença significativa entre a introdução de
HGT 98, amilase 1068, lipase 2910, TGO 46, TGP 50, VSG 20, HB 14.1, PCR alimentos ultraprocessados dentre as crianças amamentadas até os seis
141,6, leucócitos 11.000. US abdominal com achados sugestivos de pancre- meses e aquelas desmamadas antes dos seis meses (p<0,001). Dentre
atite aguda. TC abdômen evidenciou fratura da transição da cabeça/corpo as mães que amamentaram as crianças até os seis meses, 28,6% (44)
pancreático, evidenciando discreto aumento da coleção peri-pancreática. não tinha introduzido alimentos ultraprocessados na alimentação do
Comentários: Apesar da PA ser complicação pouco frequente de traumas filho, enquanto 71,4% (110) já havia introduzido. Dentre as mães que
abdominais infantis fechados deve-se considerar o diagnóstico precoce e o desmamaram antes dos 6 meses, apenas 15,3% (18) não tinha ofertado
manejo adequado. Nesses quadros, a conduta indicada é reposição volêmica, alimentos ultraprocessados e 84,7% (100) já tinha apresentado este
analgesia e nutrição adequada, visando reduzir a morbidade associada. A tipo de alimento para o filho. Tais achados reforçam os benefícios do
antibioticoprofilaxia também deve ser considerada além da conduta expec- aleitamento materno, inclusive no que tange às escolhas alimentares
tante, observando a necessidade de intervenção cirúrgica. maternas para a criança.
P-094 - RELATO DE CASO DE HIPERPLASIA ADRENAL P-095 - PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ATENDIMENTOS EM
CONGÊNITA EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA DE TRIAGEM AMBULATÓRIO DE GASTROENTEROLOGIA PEDIÁTRICA
NEONATAL PÚBLICO DO RIO GRANDE DO SUL
Amanda Kühl, Bruna Oliveira Lago, Angelina Bopp Nunes,
João Lucas Garcia Liranço1, Luciana Amorim Beltrão2, Tássia Callai, Otávio Oliveira da Cunha, Jenifer Grotto de
Marcos Vinícios Razera3, Marta Chapper, Silvana Pires, Souza, Marília Dornelles Bastos, Anna Carolina de Almeida
Simone Castro, Cristiane Kopacek1, Jamila Albarello4 Nogueira
1HMIPV, 2UFCSPA, 3HCSA, 4UNESC UNISC
Introdução: A hiperplasia adrenal congênita (HAC) é uma desordem Objetivos: Conhecer o perfil dos encaminhamentos ao ambu-
autossômica recessiva associada a defeitos na síntese dos esteroides latório de Gastroenterologia pediátrica durante cinco anos, a
adrenais. Essa alteração resulta em estímulo aumentado das glândulas fim de elucidar a faixa etária e as patologias mais prevalentes.
manifestando-se clinicamente com perda de sal e/ou virilização. A Metodologia: Estudo epidemiológico descritivo dos atendimen-
HAC está associada a uma significativa morbimortalidade e o teste de tos ambulatoriais, com dados coletados através dos prontuários
triagem neonatal (Teste do pezinho) oferecido de forma gratuita é uma dos pacientes atendidos de janeiro de 2011 a dezembro de
estratégia fundamental no diagnóstico precoce. Descrição: Paciente
2016. Foram coletados dados referentes à idade e motivo da
masculino, nascido de parto vaginal, a termo, sem intercorrências,
consulta. Foram excluídos dados referentes à reconsultas e
pesando 3605g, apgar 9/10, mãe secundigesta, tratou infecção urinária
retornos. Resultados: Foram analisados os prontuários de 1608
nesta gestação. A primeira amostra do TTN foi coletada com 5 dias de
pacientes atendidos neste ambulatório. A média de idade foi de
vida e o valor de 17-hidroxiprogesterona de 152 ng/mL foi dez vezes
o valor de referência para o peso de nascimento (PN). Através da busca
4,03 anos. A maioria das crianças tinha queixa de Constipação,
ativa de um serviço de referência em triagem neonatal, localizou-se a correspondendo a 27,5% dos casos. Pacientes com quadro de
criança no décimo dia de vida. Avaliado ambulatorialmente, já com perda dor abdominal representam 13,1% dos atendimentos, seguido
ponderal de quase 10% do PN associada a quadro de diarreia e vômitos de Alergia a proteína do leite de vaca com 9,18% e Doença do
leves. Encaminhado para internação, exames iniciais demonstraram refluxo gastroesofágico com 6,03%. Conclusão: A média de idade
hiponatremia (Na 124mmol/L) e hiperpotassemia (K 5,98 mEq/L). Ao das crianças atendidas no ambulatório foi de 4 anos com queixa
exame, leve desidratação de mucosas, macrogenitossomia com hiperpig- de constipação intestinal, seguido de Dor abdominal, Alergia
mentação genital, de axilas e lâmina ungueal. Iniciado tratamento com à proteína do leite de vaca e Refluxo gastroesofágico. A partir
fludrocortisona, hidrocortisona e reposição de sódio. Comentários: O desses resultados será possível identificar temas de atualização
diagnóstico precoce da HAC é fundamental para prevenção de óbito em entre a comunidade médica que permitam a prevenção e um
lactentes por insuficiência adrenal. É de grande importância a realização atendimento inicial mais adequado para essas crianças.
do TTN entre o 3º e 5º dias de vida e um serviço de busca ativa ágil a
fim de iniciar o tratamento e seguimento com brevidade, garantindo
sobrevida aos portadores de HAC.
Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 59
P-100 - DOENÇA DE POMPE. ATÉ ONDE INVESTIR? P-101 - PERFIL DOS PACIENTES COM DOENÇA
INFLAMATÓRIA INTESTINAL EM TERAPIA
Rodrigo Groisman Sieben1, Cristiano de Olivera Roxo1,
COM IMUNOBIOLÓGICOS EM UM SERVIÇO DE
Sara Kvitko de Moura2
GASTROENTEROLOGIA PEDIÁTRICA
1PUCRS, 2HCPA
Luiza Salgado Nader, Aline Luiza Georg Estevam,
Introdução: As doenças neurodegenerativas são desafios diagnósticos Matias Epifanio, Vanessa Adriana Scheeffer,
que podem levar a rápida deterioração clínica. Qual o limite que se deve Cristina Helena Targa Ferreira, Aline Falleiros Freitas,
investir? Descrição do caso: M.S.C., masculino, 4 meses, internou por infec- Aniele Reis Vahl, Caroline Sales de Souza, Cristina Vicioli
ção respiratória, engasgos e apneia, tratado com ampicilina, eritromicina
UFCSPA
então encaminhado a hospital referência por não melhora. Na chegada
descorado, hipotônico com tiragem subcostal, Saturação 94%, sem ruídos Introdução: A terapia com biológicos é utilizada em pacientes com doença
adventícios, sopro sistólico, fígado 5cm abaixo do rebordo costal e retardo de Crohn e colite ulcerativa grave de acordo com indicação precisa como
de desenvolvimento neuropsicomotor, demais sem particularidades. crohn fistulizante, falha de resposta clínica e endoscópica às primeiras
História pregressa havia toxoplasmose no 2° Trimestre com investigação linhas de tratamento. Objetivo: Caracterizar o perfil dos pacientes em
normal e atraso vacinal. História familiar sem particularidades. Exames: uso de imunobiológicos de um serviço de Gastropediatria. Metodologia:
Rx-tórax: cardiomegalia, TGP:275, TGO:708. Fonoaudiologia diagnosticou Avaliação de prontuário eletrônico disponível desde março/2012 até
Incoordenação sucção x deglutição x respiração. Prosseguida investigação março/2017 dos pacientes em uso de imunobiológicos. Resultados:
com Eletroneuromiografia: miotonias nos MS E MI. Ecocardiograma: diâme- Acompanhamos 34 pacientes com diagnóstico de Doença Inflamatória
tros sistólico e espessuras parietais aumentadas, hipertrofia concêntrica;
Intestinal destes, 14 fazem tratamento com imunobiológico (Infliximab
disfunção sistólica grave por hipocinesia difusa; insuficiência mitral leve;
ou Adalimumab). A idade média dos pacientes no diagnóstico de DII
FE 27,85%. ECG: ritmo sinusal; regular; sobrecarga de câmaras. Paciente
foi de 9 anos (3-15). Os sintomas iniciais foram diarreia em 64%, dor
apesar de antibioticoterapia, fisioterapia e estimulação permaneceu
abdominal 42%, enterorragia 42%, perda de peso 35%, fístula perianal
com engasgos e progressivamente desenvolveu insuficiência cardíaca e
21% e sintomas extraintestinais em 14%. Um paciente fez tratamento
respiratória, sendo necessário cuidados intensivos com necessidade de
primário com Infliximab devido à Crohn fistulizante. A indicação de
ventilação mecânica. Repetida ecocardiografia com FE 12,5%, iniciando
infliximab foi Crohn fistulizante em 3/14, doença corticodependente
arritmias. Com o quadro de hipotonia, disfagia, cardiomiopatia, dispneia e
7/14 e corticorresistente 3/14. Em um caso foi necessário trocar trata-
hepatomegalia foram solicitados erros inatos do metabolismo confirmando
mento para Adalilumab por falha de resposta. O tratamento combinado
o diagnostico de Doença de Pompe; alfa-glicosidase 0,31 (1,0 - 7,6). Co-
mentários: Realizada reunião com pais sobre cuidados paliativos que em
Infliximab + azatioprina foi utlizado em 42%. Conclusão: A terapia
primeiro momento foi aceito, porém após discreta melhora foi rejeitada imunobiológicos revolucionou o tratamento da DII. Em nosso serviço uma
conduta e solicitado investimento total. Paciente permanece hoje em UTI parcela considerável dos pacientes estão em uso destas medicações.
pediátrica, traqueostomizado, acamado, não reativo, recebendo dieta via Isto deixa claro a necessidade do uso dessa classe medicamentosa na
sonda, com prognostico reservado. faixa etária pediátrica com Doença Inflamatória Intestinal.
P-102 - CERVICALGIA COMO ÚNICA MANIFESTAÇÃO DE P-103 - ACHADOS PRÉ- E PÓS-NATAIS DE UMA CRIANÇA
TUMOR DE FOSSA POSTERIOR – RELATO DE CASO COM EMBRIOPATIA DIABÉTICA E ACHADOS DA
ASSOCIAÇÃO VACTERL
Antonia Pardo Chagas, Ana Regina Lima Ramos,
Raquel Borges Pinto, Beatriz John dos Santos, Rosana Rosa, Elisa Correia, Victória Guimarães,
Fernando Barcellos do Amaral, Pedro Paulo Albino dos Santos, Luciana Beltrão, Jamile Correia, Maurício Nunes,
Amir José dos Santos, José Luiz Fattore Ernani da Rosa, Daniélle Silveira, Paulo Zen, Rafael Rosa
HCC UFCSPA
Introdução: O câncer infantil apresenta poucos fatores de risco e causas Introdução: O diabetes mellitus insulino dependente (DM1) pode
conhecidos, sendo, portanto, de difícil prevenção. Desta forma, o diag- levar à presença de um espectro de malformações, conhecido como
nóstico precoce ainda é a principal arma contra a doença, permitindo embriopatia diabética. Nosso objetivo foi relatar um feto de uma mãe
tratamento em fases iniciais e melhores taxas de cura. Descrição do caso: com DM1 que apresentava achados da associação VACTERL. Descrição
W.K., masculino, 3 anos, levado à emergência com quadro agudo de dor do caso: A gestante apresentava 24 anos e estava em sua primeira
de forte intensidade em região cervical. Queixas recorrentes nos últimos gestação. Possuía história de DM1. A ecografia fetal de fora do hospital,
2 anos, com piora naquele mês. Negava outras queixas. Apresenta baixo com 22 semanas de gravidez, descrevia holoprosencefalia, cardiopatia
ganho ponderal, sem outras alterações ao exame físico. Hemograma com congênita e artéria umbilical única. A ecocardiografia fetal evidenciou
eosinofilia, demais exames laboratoriais normais. Avaliado pela Otorrino- dextrocardia; conexão atrioventricular do tipo dupla via de entrada para
laringologia com exame normal, ecografia cervical com linfonodomegalias. ventrículo esquerdo; conexão ventriculoarterial do tipo via única de
Gastropediatria realiza Endoscopia Digestiva Alta sem alterações, sugerindo saída e truncus arteriosus. O ultrassom morfológico mostrou também
então Tomografia Computadorizada de crânio e cervical, a qual mostrou líquido amniótico aumentado, artéria umbilical única, e dilatação do
extenso tumor em fossa posterior. Ressecção cirúrgica parcial devido à
terceiro ventrículo e de ventrículos laterais. No exame complementar
localização, análise anatomopatológica mostrou diagnóstico de Astrocitoma
também não se visualizou o rim direito, o rim esquerdo apresentava
Pilocítico Grau 1. Paciente segue acompanhamento clínico e tratamento
dimensões reduzidas e observou-se uma anormalidade de coluna.
quimioterápico, com boa evolução. Comentários: O Astrocitoma Pilocítico
A ressonância magnética fetal confirmou o achado de hidrocefalia
Grau 1 é uma lesão de baixo grau de malignidade cujo tratamento deve
supratentorial, além das demais malformações descritas no ultrassom.
ser predominantemente cirúrgico, podendo ser curativo. Este paciente
O cariótipo fetal foi normal. A criança nasceu de parto cesáreo, com
apresentava queixa de cervicalgia frequente há longo tempo, sem causa
33 semanas de gestação, apresentando perímetro cefálico de 45 cm
definida e sem outras alterações ou queixas além do baixo ganho de
e escores de Apgar de 3/7. A ecografia abdominal mostrou que o rim
peso. A demora no diagnóstico e tratamento pode ter definido com que
direito era pélvico e o esquerdo, displásico multicístico. A radiografia
aumentasse de tamanho e impossibilitasse a cura cirúrgica. Em outros
de coluna mostrou hemivértebras e vértebras em borboleta. Comen-
tipos de tumor o prognóstico não teria sido o mesmo. Sendo o diagnóstico
tários: Na literatura, há relato de que existe relação entre o DM1 e a
precoce um dos principais definidores de bom prognóstico na oncologia,
associação VACTERL, tal como observado no presente caso.
a alta suspeição de câncer deve estar sempre presente.
Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 61
P-104 - SINOSTOSE RADIOUMERAL EM UMA CRIANÇA P-105 - LITÍASE RENAL PRECOCE EM PACIENTE
APRESENTANDO HISTÓRIA DE FRATURAS: SÍNDROME DE PEDIÁTRICO PÓS TRAUMA RAQUIMEDULAR:
ANTLEY-BIXLER RELATO DE CASO
Rosana Rosa, Victória Guimarães, Elisa Correia, Luciana Caroline Montagner Dias, Fernanda Naspolini Bastos,
Beltrão, Ernani da Rosa, Daniélle Silveira, Jamile Correia, Vanessa Morellato Basso, Samir Bordini Pezzi, Elisa Baldasso,
Maurício Nunes, Paulo Zen, Rafael Rosa Arthur Silva Lazaretti, Silvana Palmeiro Marcantônio,
João Ronaldo Mafalda Krauzer, Alessandra Moreira Bender,
UFCSPA Helena Müller
Introdução: A síndrome de Antley-Bixler (SAB) é uma doença genética rara Hospital Moinhos de Vento
caracterizada, entre outros achados, por sinostose radioumeral. Nosso
objetivo foi relatar um paciente com diagnóstico de SAB, chamando a Introdução: Pacientes com trauma raquimedular (TRM) são mais propensos
atenção para os achados que podem levar à sua suspeita diagnóstica. a complicações urológicas. A litíase renal é uma das mais comuns, devido a
Descrição do caso: O paciente é o primeiro filho de pais jovens e não fatores como estase urinária, refluxo, imobilização, infecções e alterações
consanguíneos, encaminhado para avaliação devido à suspeita de metabólicas. Este relato de caso objetiva alertar para a possibilidade de
osteogênese imperfeita. Nasceu de parto cesáreo, a termo, pesando desenvolver litíase renal precocemente em pacientes com TRM. Descrição
3540 gramas e com Apgar de 9/10. No quinto dia, observou-se que o do caso: Paciente feminina, 3 anos, com lesão raquimedular em nível de
C5 e C6, apresentou quadro de ITU febril no 4° dia pós trauma. Ecografia
bebê apresentava restrição nos cotovelos, sendo verificadas fraturas
abdominal realizada nesta data não evidenciava alterações no trato uri-
de membros. O cariótipo era normal. Aos 27 dias de vida, observou-se
nário. No 11° dia foi realizada ecografia de vias urinárias que evidenciou
crânio com parietais proeminentes, fontanela ampla, fronte proemi-
o surgimento de cálculos na bexiga, em região medular de ambos os rins e
nente, fendas palpebrais oblíquas para baixo, hipoplasia de raiz nasal,
cálculos obstrutivos no ureter distal esquerdo. Tomografia computadorizada
orelhas displásicas, e rigidez nas articulações dos cotovelos, joelhos
confirmou esses achados. A paciente apresentava função renal normal
e tornozelos. A avaliação radiográfica evidenciou fratura de úmero e
e a avaliação metabólica (urina de 24 horas) evidenciou hipercalciúria,
fêmur esquerdos, deformidade das extremidades distais dos úmeros e hipocitratúria, magnésio urinário baixo e hiperexcreção de sódio. Foi
das proximais dos rádios e ulnas, com fusão do úmero e ulna à esquerda, submetida a ureterolitotripsia rígida com colocação de cateter duplo J
e fêmur esquerdo alargado e encurvado lateralmente. A ressonância bilateralmente. Comentários: Pacientes com TRM são mais propensos a
magnética de encéfalo revelou moderada dilatação do sistema ventricular desenvolver litíase renal. Não encontramos nenhum artigo que relatasse o
supratentorial; acentuação das fissuras e sulcos corticais hemisféricos, desenvolvimento tão precoce de cálculo renal. A relação entre o tempo pós
e megacisterna magna. Aos 9 meses de idade, observou-se dificuldade trauma e a formação de cálculo renal e vesical é descrita, evidenciando um
respiratória e otite bilateral. A nasofibrobroncoscopia não revelou risco mais elevado dentro dos primeiros 6 meses. Outro artigo corroborou
obstrução de coanas. Comentários: A soma dos achados observados este risco aumentado de formar cálculos dentro dos primeiro 3 a 6 meses,
foi compatível com o diagnóstico de SAB. Esta deveria ser considerada sendo causado pela desmineralização das extremidades e consequente
em casos apresentando sinostose radioumeral, um achado considerado hipercalciúria. Cronicamente, acredita-se que a formação de cálculos renais
geralmente mínimo para a realização do diagnóstico. esteja mais relacionada à infecção.
P-106 - TUMOR DE WILMS BILATERAL. RELATO DE CASO P-107 - A IMPORTÂNCIA DO EXAME FÍSICO EM PACIENTES
PEDIÁTRICOS: RELATO DE CASO
David Ricardo Pacheco Camargo, Sabliny Carreiro Ribeiro,
Cristian Tedesco Tonial Pedro Lucas de Paula1, Georgea Malfatti1,
Eduardo Anton de Oliveira2, Francisco Bruno1
PUCRS
1PUCRS, 2Faculdade de Medicina da PUCRS
Introdução: O tumor de Wilms é um tumor maligno originado dos
tecidos embrionários do rim, constituído por três tecidos basicamente: Introdução: A internação de crianças nos primeiros meses de vida é
epitélio, estroma e blastema. Representa 6% dos tumores pediátricos um evento frequente, principalmente devido a doenças respiratórias.
e 95% dos tumores renais nessa faixa etária. Relato de caso: Paciente A importância de um exame físico detalhado nesta faixa etária pode
M.E.C., feminino, 4 anos, admitida no serviço de emergência pediá- sugerir a presença de outras patologias até então não observadas.
trica, na companhia da avó que relatou abaulamento em hipocôndrio Descrição do caso: Menina de 1 mês, é levada à emergência por
esquerdo, mais evidente quando em decúbito dorsal. Negou outros apresentar tosse e cianose. Ao exame, estava agitada, taquipneica
sintomas como dor, vômitos, febre ou trauma local. Ao exame físico e, saturação de pulso de 98%. Diagnosticado bronquiolite, internou
abdominal apresentava massa endurecida móvel, em flanco esquerdo. para uso de oxigênio. Pela internação prolongada, realizou radiografia
A paciente foi internada para investigação. Tomografia Computadori- de tórax que evidenciou cardiomegalia. Realizou ecocardiograma,
zada de Abdome evidenciou grande massa lobulada compatível com que mostrou coartação de aorta e disfunção moderada de ventrículo
nefroblastomatose múltipla em rim esquerdo e outras quatro lesões esquerdo. Encaminhada para tratamento cirúrgico. Ao examiná-la
em rim direito. A paciente foi submetida à Nefrectomia esquerda havia dificuldade na definição de sopro cardíaco, mas era evidente
com biópsia excisional de linfonodo para aórtico esquerdo e biópsia a ausência de pulsos pediosos e tibiais posteriores. A coartação de
excisional de nódulo na superfície anterior do rim direito. O estudo aorta é uma malformação cardiovascular frequente, cerca de 5%
histopatológico confirmou Nefroblastoma (Wilms) em rim esquerdo, das cardiopatias. Trata-se de um estreitamento, normalmente na
multicêntrico e com componente blastemal predominante e neoplasia região ístmica da aorta, entre a artéria subclávia esquerda e o ducto
encapsulada blastemal compatível com nefroblastoma em rim direito. arterioso. O reconhecimento é basicamente clínico pela redução dos
No pós-operatório seguiu-se tratamento quimioterápico adjuvante pulsos arteriais nos membros inferiores em relação aos superiores. Há
recomendado pela SIOP para estadiamento III, risco intermediário hipertensão arterial nos membros superiores e na ausculta cardíaca
(EIII-RI). Atualmente a paciente encontra-se em com função renal observa-se a hiperfonese de segunda bulha e estalido proto-sistólico
aórtico. Comentários: Muitos pacientes portadores de coartação de
preservada e em acompanhamento ambulatorial multidisciplinar.
aorta deixam de ter o diagnóstico no período neonatal, simplesmente
Comentários: Este caso ilustra o tratamento de Tumores de Wilms
pela falta de um exame físico mais acurado. A palpação de pulsos
bilateral com cirurgia mais conservadora apesar da presença de fatores
observando a assimetria entre os membros superiores e inferiores
prognósticos desfavoráveis. O objetivo terapêutico no Tumor de Wilms
pode evitar consequências dessa cardiopatia, como insuficiência
consiste em erradicar a doença (taxa de cura de 80%) conservando
cardíaca e hipertensão.
ao máximo o parênquima renal normal.
62 Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria
P-108 - SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA POR P-109 - PERFIL DOS RECÉM-NASCIDOS DE PORTO ALEGRE,
PNEUMOCOCO INVASIVO. RELATO DE CASO O QUE MUDOU EM 15 ANOS?
Nanda Leonela Zamora Calderon, Júlia Machado da Silveira Juarez Cunha, Ana Lucia Martins Gomes,
Bom, Júlia Frota Variani, Graziela Morais Lourenço, Isabela Link da Silva Belló, Thais Carolina Moraes de Oliveira,
Bárbara Brum Fonseca, Fernanda de Azeredo Jardim Siqueira, Katiely Cardoso da Silva, Alice Finckler, Patricia Conzatti Vieria
Beatriz Piccaro de Oliveira, Isadora Chiaradia Mattiello,
Enio Silverio do Canto, Cristian Tedesco Tonial CGVS/SMS/POA
P-110 - RELATO DE CASO - COMPLICAÇÕES PÓS-NATAIS P-111 - APENDICITE AGUDA, UMA DOENÇA COMUM MAS
EM UM RECÉM-NASCIDO COM VÁLVULA DE URETRA COM DIAGNÓSTICO RETARDADO
POSTERIOR
Karen Eliana Velásquez Fuenmayor, Nanda Leonela Zamora
Bruna Breowicz de Bitencourt1, Anelise Uhlmann1, Calderon, David Ricardo Pacheco Camargo
Anelaine Brunelli3, Leticia Feldens1, Gabriela Blos1,
PUCRS
Roberta Moreira1, Rafael Gheller3
1 HMIPV, 2Hospital Municipal de Maringá, 3Instituto de Introdução: A apendicite aguda é a causa mais comum de dor
Cardiologia abdominal aguda que requer intervenção cirúrgica de urgência na
infância e adolescencia. O diagnóstico e o tratamento cirúrgico pre-
Introdução: As válvulas uretrais posteriores (VUP) são de origem desco-
coce influem diretamente no prognóstico. Relato do caso: Menina,
nhecida, ocorrem em 1 de cada 8000 nascidos vivos, predominante no
10 anos de idade, admitida na emergência pediátrica, consultou por
sexo masculino, e é a causa mais comum de obstrução urinária inferior
dor abdominal de menos de 24 horas associado a 2 episódios de
pré-natal. Descrição do caso: Paciente recém-nascido, gemelar, Apgar
5 e 7. Necessitou de intubação orotraqueal nos primeiros minutos de vômitos, febre não quantificada, anorexia e evacuações com fezes
vida. Recebeu implante imediato do cateter de drenagem na bexiga. amolecidas. No exame físico, bom estado geral, hidratada, febril,
Após 11 horas de vida foi extubado e deixado em CPAP nasal. Dois dias dor à palpação de fossa iliaca direita e hipogástrio, punho percussão
mais tarde, obteve piora clínica, e desenvolveu acidose metabólica, lumbar direita duvidosa. Hemograma normal e ecografia de abdômen
sendo prescrita antibioticoterapia e bicarbonato de sódio. A diurese era que mostrou adenite mesentérica, foi liberada com sintomáticos.
preservada. No sétimo dia de vida, apresentou insuficiência respiratória, Retornou após 48 horas à emergência por piora dos sintomas,
hipertensão pulmonar, distúrbios de coagulação e convulsões. Iniciado
indicado novos laboratoriais normais e ecografia de abdômen que
óxido nítrico, sildenafil, milrinona, dopamina e dobutamina. O paciente
evidenciou apêndice cecal com diâmetro transverso aumentado,
desenvolveu edema resistente aos diuréticos. Indicada diálise peritoneal
com 17 dias de vida, porém sem condições clínicas para a colocação
decidido internação hospitalar para tratamento conservador com
de cateter. Após seis dias, obteve melhora do coagulograma, iniciou a antibióticos. Após 24 horas de internação pioraram os sintomas,
diálise peritoneal. Apresentou melhora, com redução progressiva do realizada terceira ecografia abdominal que mostrou aumento do
edema, do estado ventilatório e das condições cardíacas. Conseguiu calibre da apêndice de 1,3 cm. Realizada apendicectomia com
ser extubado com 37 dias de vida. O tratamento definitivo, fulguração achado de apêndice perfurada sem peritonite. Recebeu alta após 72
de VUP foi realizado com 1 mês e 23 dias de vida, mantendo a diálise horas pós-operatória. Comentários: A apendicite aguda é comum
peritoneal por 35 dias. Com 3 meses de vida mantinha boa diurese e na criança, entretanto o diagnóstico constitui um desafio clínico.
creatinina de 1 mg/dL. Passou a ser acompanhado em outro serviço
O objetivo do caso é estimular a avaliação clínica e recomendar
aonde realizou vesicostomia, sem intercorrências. Comentários: O rápido
o uso dos escores diagnósticos e apenas se necessário o uso de
diagnostico é necessário para uma maior sobrevida destes pacientes,
preferencialmente encaminhando os mesmos a um hospital terciário
imagem complementar para um diagnóstico precoce com redução
para melhor manejo. da morbi-mortalidade.
Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 63
P-112 - GRUPO DE APOIO À CRIANÇA COM DERMATITE P-113 - PNEUMONIA NECROTIZANTE POR
ATÓPICA POR MEIO DE PROJETO EDUCACIONAL EM STAPHYLOCOCCUS MRSA DA COMUNIDADE. RELATO DE
HOSPITAL SUS PORTO ALEGRE CASO
Rosane Merg, Adriane Besckow, Sérgio Dório, Maira Fedrizzi Maria José Jimeno Zabala, Giovana Galiotto Araldi,
Sandra Méndez Correa
HCC
Hospital São Lucas - PUCRS
Dermatite Atópica (DA) é uma doença genética, imunológica e res-
piratória, chamada por alguns de “asma da pele”. Tem como fatores Introdução: Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA) é
desencadeantes a asma, rinite, bronquite, além de fatores ambientais considerado um germe tipicamente hospitalar. No entanto, pneumonias
como: lã, pó, animais com pelo, produtos de limpeza, perfume, etc, necrotizantes causadas por MRSA adquiridos na comunidade (CA-
sendo prevalente em 30% da população infantil. Objetivos: Descrever MRSA) têm sido descritas no Brasil e este tipo de infecção costuma
ações de um grupo de apoio a crianças e adolescentes com Dermatite ter alta morbidade. Neste relato descrevemos um caso de pneumonia
Atópica em um Hospital Infantil de cuidados terciários de Porto Alegre. necrotizante por CA-MRSA, em paciente pediátrico. Relato de caso:
Metodologia: O grupo iniciou suas atividades em 2016, sendo formado Paciente masculino, 9 anos, admitido na UBS por dor abdominal há
por crianças e adolescentes com DA atendidos no ambulatório de 6 dias, com piora clínica gradativa e febre há 4 dias. Ao exame físico
pediatria do Hospital em questão além de profissionais da área da apresentava-se com murmúrio vesicular reduzido em base pulmonar
saúde. O Projeto “Escolinha de Atopia” é multidisciplinar, e conta com a direita e dor ventilatório-dependente. Radiografia de tórax evidenciou
participação de profissionais de diversas áreas (médicos, profissionais consolidação em lobo inferior direito, sendo indicada internação
da enfermagem, psicologia, nutrição, recreação e outros) tendo em hospitalar e iniciado tratamento com ceftriaxone. Pela manutenção da
vista que o problema envolve os diversos aspectos da vida do paciente. febre, indicada tomografia computadorizada de tórax que demonstrou
Entre as ações promovidas estão explicações e conselhos práticos sobre derrame pleural septado e imagem sugestiva de necrose pulmonar.
Atopia aos pais, atividades educativas lúdicas para as crianças como Submetido à videopleuroscopia com drenagem de abscesso associado
teatro, pintura, recortes, colagens e culinária, além da autoaplicação do a necrose, e mantido com dreno de tórax. Cultura de líquido pleural
emoliente corporal para crianças. A Escolinha de Atopia tem encontros positiva para CA-MRSA. Realizada troca de antibiótico para vancomicina
periódicos mensais durante o ano, conforme calendário divulgado com e posteriormente associado clindamicina por manutenção da febre e
datas e respectivos temas. Tão importante quanto fornecer o suporte piora do estado geral no pós operatório. O paciente necessitou segunda
clínico é também ouvir os pacientes e seus familiares. Conclusão: A intervenção cirúrgica por novo empiema. Comentários: O CA-MRSA
Dermatite Atópica interfere negativamente na qualidade de vida dos deve ser considerado em nosso meio como causador de pneumonias
pacientes pediátricos e de seus familiares e este projeto promove comunitárias graves. A abordagem correta deste tipo de infecção, com
educação em saúde criando alternativas terapêuticas melhorando a escolha adequada de antibiótico e manejo das complicações, empiema
qualidade de vida dos pacientes e seus familiares. e necrose, contribui com a diminuição da sua morbidade.
P-114 - AÇÕES DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE: REFLEXÕES A P-115 - RELATO DE CASO: HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA DE
PARTIR DA CONSTRUÇÃO DE UM BLOG SOBRE DEPRESSÃO MORGAGNI EM LACTENTE
PÓS-PARTO
Anelaine Brunelli1, Bruna Bitencourt2, Elieti Rozada1,
Alice de Moura Vogt, Carina Saraiva Eidt Ferreira, Eduardo Verdelho1, Murilo Masanobu Tomiyoshi3,
Daiane Mattje Rodrigues, Rafaela Alves Hansen, Agnaldo Sergio Vivan Filho3, Lorena Albertin1,
Tamires Macedo da Silva, Moisés Romanini Ana Paula da Silva1, Andressa Rasmussem4,
Maria Gisele Carreira4
UNISC
1Hospital Municipal de Maringá, 2HMIPV, 3UNICESUMAR, 4Rede
A depressão pós-parto é um problema frequente no Brasil, atingindo de Assistência á Saúde Metropolitana
cerca de 12 a 19% das puérperas e afeta tanto a saúde da mãe quanto
o desenvolvimento de seu filho. A manifestação desse quadro acontece, Introdução: Acomete entre 1:2000 e 1:4000 nascidos vivos e constitui 8%
das principais anomalias congênitas, predomínio no sexo masculino. Os
normalmente, nas primeiras quatro semanas pós-parto, alcançando
defeitos podem ser uni ou bilaterais, sendo à esquerda mais frequente,
sua intensidade máxima nos seis primeiros meses. O diagnóstico da
incidência de 75 a 90%. Hérnia diafragmática congênita (HDC) de Morgagni,
depressão pós-parto nem sempre é preciso, assim, somente 50% dos
representam apenas 1 a 2% das HDC. Merece tratamento cirúrgico eletivo,
casos são diagnosticados na clínica diária e menos de 25% das puérperas mesmo em assintomáticos, evitando complicações (hérnias encarceradas e
acometidas têm acesso ao tratamento. Apesar dos vários critérios de estrangulamento intestinal). Relato do caso: Paciente ACBO, masculino, 1a
diagnóstico não há um consenso de quais devem ser utilizados para isso, e 8m, procura serviço de saúde com sintomas de vômitos após ter ingerido
dificultando assim a identificação da doença. Por essas razões, a partir de salgadinhos, sendo medicado com sintomáticos e alta médica. Após 4 dias,
um trabalho realizado na disciplina de Saúde Mental, no módulo Saúde retorna devido persistência do quadro, piora do estado geral, recusa alimentar,
da Mulher, foi criado um blog com o objetivo de informar as puérperas dor abdominal, realizado exames laboratoriais e Raio X de tórax, condizente
e suas famílias que possam sofrer com essa doença. Considerando o com diagnóstico de pneumonia em base pulmonar direita e iniciado antibio-
público alvo, foi pedido para alguns profissionais que escrevessem ticoterapia endovenosa. Seguiu internado, após piora brusca do estado geral,
distensão abdominal, parada eliminação de flatos, gemência, nova avaliação
sobre a depressão pós-parto a partir de seus panoramas profissionais:
médica e novos exames, foi constatado ausculta de ruídos hidroaéreos em
psiquiatria, obstetrícia, psicologia, pediatria. Esses profissionais refleti-
base do tórax à direita e visualizado no RX conteúdo do trato gastrointestinal
ram sobre a doença, quais os sintomas importantes a serem observados e
em região torácica, ultrassonografia torácica com massa em região torácica
orientações de como proceder se a gestante ou os familiares identifiquem compatível com intestino, foi então diagnosticado hérnia diafragmática
esses sinais. Foram publicados, ainda, alguns depoimentos exclusivos de Morgagni, encaminhado para tratamento cirúrgico videolaparoscópico.
de mulheres que sofreram depressão pós-parto e suas experiências. Comentários: HDC de Morgagni é uma condição rara nessa idade, sendo
Conclui-se que a depressão pós-parto é um problema de alta prevalência, o prognóstico bom quando diagnosticado e tratado precocemente. Nesse
que pode ser melhor identificado com mais informações para que as sentido, a avaliação médica completa e amplo repertório de diagnósticos
puérperas acometidas tenham mais acesso ao tratamento, sendo o blog diferenciais se tornam necessárias, inclusive em doenças consideradas raras,
uma potencial ação de informação em saúde. para bom prognóstico do paciente.
64 Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria
P-122 - RELATO DE CASO: TOXOCARÍASE E TALASSEMIA P-123 - RELATO DE CASO: DOENÇA DE KAWASAKI EM
MINOR EM LACTENTE LACTENTE DE 3 MESES
Ana Paula da Silva1, Anelaine Brunelli1, Helena Müller, Caroline Montagner Dias,
Maria Gisele Torremocha Carreira2, Eduardo Verdelho1, Fernanda Naspolini Bastos, Vanessa Morellato Basso,
Elieti Rozada1, Lorena Albertin1, Gilberto Hishinuma1, Samir Bordini Pezzi, Luciano Remião Guerra,
Bruna Bitencourt3, Andressa Rasmussem2 Aristóteles de Almeida Pires
1Hospital Municipal de Maringá, 2Rede de Assistência à Saúde Hospital Moinhos de Vento
Metropolitana, 3HMIPV
Introdução: Descrever o caso clínico de um paciente lactente
Introdução: A toxocariase é uma parasitose ocasionada pelo toxocara canis, de 3 meses de idade com diagnóstico de Doença de Kawasaki
tendo como hospedeiro o cão. A contaminação ocorre com a ingestão de ovos
(DK), atendida na emergência de um hospital da cidade de
embrionados ou larvas presentes em vísceras, é mais prevalente em crianças,
Porto Alegre. Analisar o período de diagnóstico até o início
trata-se de uma doença autolimitada, que pode cursar com: anemia, febre,
tosse, hepatomegalia, eosinofilia e leucocitose. Quando cronificada pode do tratamento, devido baixa incidência da doença nesta faixa
ocorre reagudização e complicações como: larva migrans visceral e ocular. etária. Métodos: Os dados analisados incluíram: nome, sexo,
Portanto mesmo nos casos autolimitados é necessário a realização do trata- idade, data do início dos sintomas e da admissão no serviço
mento, sendo os fármacos com eficácia comprovada os benzimidazois. Relato especializado, sintomatologia, evolução clínica, uso de Imu-
de caso: A.M.S.F, 3 anos, masculino, em atendimento de puericultura, com 1 noglobulina Endovenosa (IGEV) e complicações coronarianas.
ano e 4 meses apresentava palidez cutânea 2+/4+, sendo solicitado exames
Resultados: Relato de caso de um lactente que iniciou com
de rotina. Retorna com 2 anos e 6 meses, mantendo palidez cutânea 3+/4+.
quadro de febre persistente, exantema, hiperemia conjun-
Solicitado novamente exames, apresentou um parasitológico de fezes com
giárdia lambia e hemograma com anemia hipocrômica microcítica (Hb: 6,9,
tival, edema de lábios e adenopatia cervical. O diagnóstico
Vcm: 43,23/, Rdw: 20,3), Leucocitose: 34.100, Eosinofilia: 57%, Ferritina: 15,4. de Kawasaki foi tardio e a criança desenvolveu aneurisma de
Prescrito metronidazol 20mg/kg/dia durante 7 dias, iniciado sulfato ferroso coronária. Conclusões: A hipótese diagnóstica de Doença de
6 mg/kg/dia e vitamina C. Retorna em 30 dias com: Ferro: 28,6, Eletroforese Kawasaki deve ser pensada, uma vez que o paciente se encaixa
de hemoglobina: Ha1:92,5, HbF:3%, HbA2:4,5%, b:6,6, Ht:21,1%, Vcm:44,89, nos critérios de diagnósticos da doença, mesmo não sendo
Rdw 21,6, Leucócitos: 30.900, Eosinófilos: 55%, Reticulócitos: 3,14%, Toxocara a idade mais prevalente. O diagnóstico da doença pode ser
IgG: 9,9. Apresenta exames compatíveis com talassemia minor e toxocariase.
difícil devido a inexistência de teste laboratorial específico,
Prescrito tiabendazol 5 mg/kg dia 14 dias e encaminhado para avaliação com
hematologista. Retornou para puericultura em 60 dias, com melhora importante
principalmente em casos atípicos. O pediatra deve atentar,
da anemia, eosinofilia, leucocitose. Comentários: A toxocariase é uma infecção pois trata-se de uma doença que cursa com complicações
prevalente principalmente em países subdesenvolvidos. O principal veiculo de cardíacas na fase aguda.
transmissão é as mãos de crianças contaminada com ovos do Toxocara canis,
portanto é fundamental o diagnóstico e tratamento precoce, evitando assim
possíveis complicações decorrentes da ação do parasita no hospedeiro.
66 Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria
P-128 - MORTALIDADE INFANTIL EM PORTO ALEGRE, 2001 P-129 - DISFAGIA PROGRESSIVA EM PACIENTE
A 2015 ADOLESCENTE - ACALÁSIA DE ESÔFAGO DE CAUSA
Juarez Cunha, Ruy Pezzi Alencastro, Patricia Conzatti Vieira, DESCONHECIDA: RELATO DE CASO
Eugenio Pedroso Lisboa, João Ezequiel Mendonça da Silva
José Vicente Noronha Spolidoro, Vanessa Morellato Basso,
CGVS/SMS/PMPA Caroline Montagner Dias, Fernanda Naspolini Bastos,
Samir Bordini Pezzi, João Ronaldo Mafalda Krauzer,
Objetivos: Avaliar a mortalidade infantil em Porto Alegre, a evolução Silvana Palmeiro Marcontonio
de seus componentes e das principais grupos de causas de óbito, no
período de 2001 a 2015. Metodologia: Foram utilizados os dados ori- Hospital Moinhos de Vento
ginados pelo Sistema Nacional de Informação sobre Mortalidade(SIM), Introdução: A Acalásia de esôfago (AE) caracteriza-se por aperistaltismo
através das Declarações de Óbitos(DO). Foi analisada a série histórica do esôfago médio e distal e por um esfíncter esofágico inferior (EEI) com
de 2001 a 2015 com as informações de 3.238 óbitos de menores de 1 relaxamento incompleto durante a deglutição e frequentemente hipertônico
ano residentes em Porto Alegre. Resultados: Indicadores no primeiro em repouso. A etiologia não está esclarecida, admitindo-se fatores genéticos,
e último ano da série histórica. Total de óbitos <1 ano: 296 em 2001 e infecciosos ou autoimunes. Tem como principais apresentações clínicas a
regurgitação, vômitos, disfagia e perda ponderal. Estes sintomas, principal-
182 em 2015. Queda 38,5%. Coeficiente de Mortalidade Infantil(CMI):
mente na adolescência, e devido sua sintomatologia inespecífica, podem ser
14,19 em 2001 e 9,24 em 2015. Queda 34,9% Óbitos Neonatais: 179 frequentemente confundidos com distúrbios do comportamento alimentar,
em 2001 e 126 em 2015. Queda 29,6%. Óbitos pós-neonatais: 117 depressão, ansiedade e doença do refluxo gastroesofágico. Descrição do caso:
em 2001 e 56 em 2015. Queda 47,9% Evitabilidade (Lista Brasileira, Paciente feminina,15 anos, história de disfagia há 8 meses, progressiva, com
MALTA): 193(65,2%) em 2001 e 104(62,4%) em 2015. Cinco principais endoscopia digestiva alta (EDA) prévia normal, quadro de depressão associado,
causas: Afecções do Período Perinatal, entre 44,1-59,1% e as Anomalias emagrecimento e tosse. Sintomas inicialmente associados ao quadro compor-
Congênitas, entre 21,0 -30,8% apareceram na série histórica em pri- tamental. Apresentou piora dos sintomas com vômitos e engasgos. Internada,
realizou nova EDA que evidenciou resíduos alimentares esofágicos e grânulos
meiro e segundo lugares. Do terceiro ao quinto lugares alternância das
brancos aderidos a mucosa. Diagnosticada com candidíase esofágica, tratou com
Doenças Aparelho Respiratório, das Doenças Infecciosas Parasitárias, fluconazol sem melhora dos sintomas. Refez EDA com melhora dos grânulos
Causas Externas. Conclusões: Apesar do importante decréscimo da porém novamente com restos alimentares impactados no esôfago. Realizado
mortalidade infantil de Porto Alegre, tanto nos óbitos neonatais quanto então manometria esofágica que evidenciou AE. Discussão: A AE é uma doença
pós-neonatais, ainda temos muito a fazer para alcançar os patamares rara, geralmente de origem indeterminada. Seu diagnóstico é subestimado por
dos países desenvolvidos. A maioria dos óbitos das crianças menores apresentar sintomas inespecíficos, principalmente na adolescência, quando
de 1 ano são por causas que podemos interferir. O SIM com informações podem cursar apenas com disfagia. Exames iniciais como esofagograma podem
elucidar o diagnóstico mas não apresentam muita sensibilidade. Atualmente
qualificadas, a investigação e análise dos óbitos, a avaliação de suas
o padrão ouro utilizado é a manometria esofágica que evidencia relaxamento
causas e a possibilidade de serem evitadas, se mostram ferramentas incompleto do EEI e ausência de peristalse distal. O tratamento mais aceito
muito úteis para planejar ações de vigilância em saúde e diminuir a atualmente é cirúrgico através da Miotomia de Heller. Terapias endoscópicas
mortalidade infantil. e farmacológicas podem ser alternativas.
P-130 - CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN E DOENÇA P-131 - DOENÇA DE GRAVES EM MENINO COM SÍNDROME
DE HIRSCHSPRUNG - UM RELATO DE CASO DE DOWN
Karol Levien Dora1, Fernanda Kupka1, Vera Regina Levien1, Marlene da Silva Mello Dockhorn1,
Marilisa Baldissera2, Luciana Thomaz Vilas Boas3, Marilene Aparecida de Oliveira Campagnolo2
Rosangela de Mattos Müller1, Lorena Leal de Castro1, 1Clínica
Lucas Duarte Bettin1, Helena Harter Tomaszeski1, particular, 2 Hospital Santa Casa de Alegrete
Sérgio Renato da Rosa Decker3 Introdução: Doença de Graves (DG) é uma doença rara na infância
1UCPEL, 2PUCRS, 3UFPEL e adolescência, sendo a causa mais comum de tireotoxicose nessas
idades, ocorre em aproximadamente 0,02% das crianças, com maior
Introdução: A síndrome de Down (SD) é um distúrbio cromossômico prevalência de 11 a 15 anos, as meninas mais afetadas que os meninos
causado pela trissomia do cromossomo 21, com incidência de 1:700
(5:1). Não há evidências que o hipertireoidismo tenha maior preva-
nascidos vivos. Patologia associada a outros defeitos congênitos, como
lência na criança com Síndrome de Down, embora o hipotireoidismo
cardiopatias (aproximadamente 50%), alterações gastrointestinais, além
tenha prevalência de ~10% maior que a população em geral. É uma
de susceptibilidade aumentada para infecções. A doença de Hirschsprung
(DH) ou aganglionose intestinal congênita é prevalente em 2-15% dos doença imuno-mediada que resulta da produção de Imunoglobulinas
pacientes com SD e supostamente consequência de uma mutação no gene estimulantes da Tireoide pelo estímulo dos Linfócitos B. Descrição
do GDNF (fator de crescimento derivado de células gliais). A DH é a causa do caso: Menino de 9 anos e 11 meses, com S. de Down, é trazido
mais comum de obstrução intestinal inferior em recém-nascidos, causada à consulta com queixa de perda de peso (8 a 10 kilos em 2 meses),
pela inervação anormal do intestino em suas variadas porções. Relato de apatia, agitação, cansaço, anorexia, palidez, sudorese fria, palpitações,
caso: Paciente de 7 meses, masculino, branco, portador de síndrome de “ameaça de síncope” por 3 vezes, desinteresse na escola, e aumento
Down com cardiopatia congênita, interna para tratamento de pneumonia do número de evacuações. História familiar de tireoideopatia (paterna
aguda. Nascido de parto vaginal às 37 semanas, PN=2685g, Apgar 8/8. e materna). Ao exame físico: ativo, h:134,5 cm P50 (E-Z=0,00); Env:
Sem evacuar desde o nascimento, no seu 5º dia de vida iniciou com
134,9 cm; Peso: 36,100Kg. Tireóde (T) palpável, aumentada ++/+++++;
vômitos, distensão abdominal e icterícia, transferido para UTI Neonatal
FC: 110 bpm, ritmo regular; P110/60mm Hg. Exames complementares:
do HUSFP, eliminando rolha meconial, onde foi realizado tratamento para
TSH:0,008 µUI(0,34-5,6);T3:532; T4L:5,57 (0,7-1,80mg/dL); AATPO
enterocolite. Permanecia com distensão abdominal, evacuava com enema.
Com 45 dias de vida foi transferido para PUCRS, onde realizou biopsia 158 (< 9 UI/mL); TGP:113; TGO:68; TRAB:30,9; Leucograma: 4.000 mil
retal que confirmou presença de células aganglionares compatível com Leucócitos. US T vol. aumentado, atividade vascular intraglandular
doença de Hirschsprung. Submetido a colostomia em alça, em zona de aumentada; Cintilografia: T aumentada + hipercaptação:78,0% (15 a
transição em colo sigmoide, com boa recuperação. Paciente foi à óbito 36%); Diagnóstico diferencial: TDAH; S. McCune Albright; Tireoidite.
quando submetido a cirurgia cardíaca com 1 ano e 4 meses. Conclusão: A Tratamento: Metimazole 0,25mg/kg/dia. Comentários: A relevância
SD e a DH são alterações congênitas comumente associadas. É importante da apresentação do caso é que a Doença de Graves é incomum na
seu conhecimento para rápido diagnóstico, melhorando o prognóstico e criança e adolescente, e o desenvolvimento de suas complicações
qualidade de vida do paciente. no diagnóstico tardio são bastante graves.
68 Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria
P-146 - CHOQUE HIPOVOLÊMICO POR SANGRAMENTO P-147 - ACALÁSIA, RELATO DE TRÊS PACIENTES NA FAIXA
ESPONTÂNEO: SÍNDROME RARA ETÁRIA PEDIÁTRICA
Pedro Lucas de Paula1,Tulio Carriazo2, Aline Falleiros de Freitas, Aniele Reis Vahl, Matias Epifânio,
Luísa dos Santos Mascolo1, Liss Januário de Oliveira1, Aline Luiza Georg Estevam, Caroline Sales de Souza,
Francisco Bruno2 Luiza Salgado Nader, Cristina Helena Targa Ferreira,
1Faculdade de Medicina da PUCRS, 2Serviço de Pediatria do
Luciana Pereira Neto Barbosa, Cintia Steinhaus,
Vanessa Adriana Scheeffer
Hospital São Lucas da PUCRS
HCSA
Introdução: Choque circulatório tem apresentação crítica e
mortalidade considerável. Além das causas usuais de choque, Introdução: Acalásia é uma desordem motora esofágica de etiologia desconhe-
outras situações infrequentes podem ocorrer na emergência cida caracterizada clinicamente por disfagia lenta e progressiva para alimentos,
pediátrica. Relatamos o caso de uma síndrome rara com compli- pelo comprometimento do esfíncter esofágico inferior e pela aperistalse
cação incomum. Descrição do caso: Menino de 7 anos atendido esofágica. Tem prevalência de 1:10.000 pessoas. Raramente os sintomas se
manifestam antes dos 15 anos de idade. O diagnóstico é baseado na clínica,
por equipe de resgate na escola devido a sangramento espon-
associado a exames radiográficos alterados. Importante realizar REED, EDA e
tâneo no pé que não cedeu a compressão local. Transferido ao
manometria para o diagnóstico. O tratamento visa aliviar os sintomas e melhorar
Hospital criança chega pálida, sonolenta, sudorética, taquicárdica,
o esvaziamento esofágico. Tratamento farmacológico inclui injeção de toxina
pulsos centrais e periféricos finos. Classificado como choque
botulínica e inibidor de canal de cálcio, e terapia não medicamentosa inclui
hipovolêmico, administrado oxigênio, obtido acessos vasculares
a miotomia ou dilatação pneumática, e até o levantamento gástrico. Neste
e reposto soro fisiológico 60 mL/kg e concentrado de hemácias, trabalho apresentamos três pacientes com acalasia na faixa etária pediátrica
curativo compressivo no pé e, transferido a UTI pediátrica. Me- com diferentes sintomatologias e diferentes tratamentos. Descrição dos casos:
nino era portador da Síndrome de Klippel-Trenaunay-Weber, Duas pacientes sexo feminino e um sexo masculino, com idade média de 12
caracterizado por malformação arterial, malformação venosa e anos. Um paciente com quadro inicial de pneumonias aspirativas e vômitos
supercrescimento do membro afetado, entre suas complicações silenciosos. Outros dois pacientes com disfagia progressiva. O diagnóstico
está o sangramento espontâneo por causa das malformações dos três pacientes foi realizado com REED e EDA, sendo dois complementados
arteriais superficiais. Comentários: Choque hemorrágico ne- com manometria. Um paciente com EDA normal e dois com EDA com dilatação
cessita de tratamento rápido e agressivo. Alertamos que a rara da luz esofágica. Um paciente foi tentado a terapia farmacológica com toxina
síndrome de Klippel-Trenaunay-Weber pode excepcionalmente botulínica, sem resposta. Todos foram submetidos à Miotomia. Dois pacientes
provocar sangramento grave. apresentaram sintomas em meses após a realização do procedimento cirúrgico,
um foi novamente submetido à miotomia e outro evoluiu para levantamento
gástrico. Comentários: Concluimos que é uma doença rara com diagnóstico as
vezes duvidoso e que pode iniciar com diferentes sintomatologias. Terapias
alternativas podem ser tentadas para tratamento.
72 Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria
P-148 - ÓBITO FETAL POR SÍFILIS DIAGNOSTICADA - A P-149 - NÓ VERDADEIRO – PATOLOGIA RARA COM RISCO
IMPORTÂNCIA DO RASTREIO DE ÓBITO INTRAUTERINO
Helena Harter Tomaszeski, Karine Vicenzi, Priscila Ribas, Helena Harter Tomaszeski, Priscila Ribas, Karine Vicenzi,
Lorena Leal de Castro, Luana Oliveira Jost, Amanda Santos Pereira, Mariana Fontana,
Anna Carolina Barroso Arpini, Mariana Fontana, Guadalupe Bertoli Nascimento, Anna Carolina Barroso Arpini,
Guadalupe Bertoli Nascimento, Kelly Cristina Coppini Kelly Cristina Coppini
UCPEL UCPEL
Introdução: Define-se como sífilis congênita a transmissão do Trepone- Introdução: O cordão umbilical é constituído por duas artérias e uma
ma pallidum, da gestante infectada, não-tratada ou inadequadamente veia, sendo envolvido pela geleia de Wharton e coberto por uma
tratada para o seu concepto, por via transplacentária. Sendo os achados, única camada do âmnio. As massas do cordão umbilical são raras e
mais frequentes, no acometimento fetal: alterações hepáticas, hepa- de etiologias diversas, como os nós verdadeiros. Estes, podem causar
tomegalia, trombocitopenia, anemia, ascite, entre outros. Relato de diversas complicações, inclusive óbito fetal. Relato de caso: Paciente
de 22 anos, gesta 2 parto vaginal 1, idade gestacional de 37 semanas
caso: Paciente, 17 anos, gesta 2 para 1 cesárea (há 1 ano e 2 meses),
e 4 dias por ecografia precoce. Chega à maternidade com queixa de
idade gestacional de 33 semanas e 5 dias. Realizou duas consultas
diminuição da movimentação fetal. Ao exame na admissão: Batimentos
de pré-natal, sendo solicitado exames laboratoriais de rotina, sem
cardiofetais 150; Toque vaginal: colo grosso, posterior e com 5 cm de
acompanhamento. Procurou atendimento no serviço de obstetrícia
dilatação. Evoluiu para parto vaginal, sem episiotomia, apresentando
de um Hospital Universitário, no qual foi evidenciado paciente sífilis nó verdadeiro em cordão umbilical. Recém-nascido único vivo, sexo
reagente não tratada. No hospital, fez Ultrassonografia Obstétrica, o feminino, apgar 9/10, peso 2920g. Paciente e recém-nascido evoluíram
qual mostrou: gestação tópica, com feto único, compatível com 33 de forma satisfatória, recebendo alta hospitalar e orientação para seguir
semanas e 1 dia, peso estimado de 2823 gramas, com presença de acompanhamento ambulatorial. Comentário: O nó verdadeiro é encon-
ascite e edema de tecido subcutâneo - óbito fetal. Comentários: A trado em 1% dos nascimentos, tendo associação com idade materna
sífilis congênita é doença de fácil prevenção, bastando que a gestante avançada e multiparidade. Costuma ocorrer devido à movimentação
infectada seja detectada e prontamente tratada, assim como seu excessiva do feto. Normalmente único, no entanto, se apertado ou
parceiro sexual. A patologia sifilítica, nas fases primária e secundá- múltiplo, pode levar à oclusão vascular e consequentemente óbito
ria, em gestantes não tratadas, possui taxas de transmissão vertical intrauterino. Em estudos, comprovou-se que, sua presença, aumenta
de 100%. Já, em fases tardias são de 30%. Sabe-se que 30% dos em quatro vezes a chance de morte fetal. Durante a gestação, sua
conceptos, de gestantes não tratadas, evoluem para óbito fetal, 10% identificação, muitas vezes é sugestiva, além de rara e desafiadora,
para óbito neonatal e 40% para retardo mental. Portanto, ofertando sendo realizada por ecografia. Quando identificado, a gravidez deve
ser monitorada com cautela, especialmente no terceiro trimestre,
um adequado pré-natal, visando diagnóstico e tratamento precoce,
devendo ser realizados exames Ultrassonográficos em série, incluindo
essas consequências poderiam ser evitadas.
Doppler e perfil biofísico.
P-150 - NEURITE ÓPTICA BILATERAL E SEVERA P-151 - ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO
ASSOCIADA AO ANTI-MOG DE ORIGEM INDETERMINADA EM CRIANÇA DE 4 ANOS:
RELATO DE CASO EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Liss Januário de Oliveira, Patrícia Henkes Félix,
Pedro Lucas de Paula, Eduardo Fernandes de Oliveira, Fatima Cleonice de Souza, Barbara Confessor Cebalho
Bruna Klein da Costa, Douglas Kazutoshi Sato Barbosa, Liciane Maria Reis Guimarães, Marcella Gonçalves
Piovesan, Paula Bibiana Muller Nunes
PUCRS
UNISC
Introdução: O diagnóstico diferencial de Neurite Óptica (NO) em pacientes
pediátricos inclui causas genéticas, infecciosas, neoplásicas e doenças reu- Introdução: O AVC é uma importante causa de morbidade a longo
matológicas sistêmicas. Além disso, a NO é manifestação inicial frequente prazo e está entre as 10 principais causas de morte na população
de diversas doenças inflamatórias desmielinizantes do sistema nervoso pediátrica nos EUA. O acidente vascular encefálico isquêmico
central. Relataremos o caso de um paciente pediátrico positivo para anti- (AVEI) tem uma incidência anual, em lactentes e crianças, de 0,6
glicoproteína da mielina do oligodendrócito (anti-MOG), cuja manifestação
a 7,9/100.000 crianças ano; sendo mais comum em meninos (até
inicial foi NO extensa bilateral e severa. Descrição do caso: Paciente
60%). A etiologia do AVEI em crianças é variada e diferente da
masculino, 10 anos, interna por redução severa da acuidade visual (AV)
vista em adultos, sendo mais comum os problemas cardíacos
bilateralmente associada à dor ocular de dois dias de evolução. Ao exame
congênitos e adquiridos, as condições hematológicas, vasculo-
físico, apresentava papiledema bilateralmente sem outras alterações ao
exame físico geral e neurológico. Negava infecções, vacinações recentes
patias, distúrbios metabólicos e ingestão de drogas. A causa de
ou história pessoal e familiar de doenças reumatológicas. A Ressonância AVC é identificada em cerca de 75% das crianças. Objetivos:
Magnética de encéfalo demonstrou hipersinal em T2 em ambos nervos Chamar a atenção para a dificuldade diagnóstica etiológica
ópticos da porção retrobulbar até o quiasma, com realce pelo gadolínio, que o AVE pode representar na criança, fazendo breve revisão
sem lesões encefálicas. Investigação laboratorial inicial não demonstrou literária das possíveis causas, investigação e manejo. Métodos:
alterações. A testagem sérica de IgG-aquaporina-4 foi negativa e IgG Relato de um caso de AVE isquêmico em uma criança de 4 anos
anti-MOG positiva (método baseado em células). Recebeu tratamento previamente hígida e que apresentou hemiplegia flácida e
com metilprednisolona intravenosa por 5 dias seguida de 7 sessões de disartria de início súbito. Conclusões: O diagnóstico etiológico
plasmaférese e prednisolona oral em redução gradual com recuperação de acidentes vasculares cerebrais em crianças é dificultado pela
completa da AV. Comentários: Há grande esforço para o desenvolvimento ampla variedade etiológica e pouco sensibilidade dos métodos
de biomarcadores que auxiliem no tratamento e definição de prognóstico diagnósticos disponíveis. Deve-se atentar para achados clínicos
dos pacientes pediátricos com NO. A presença do anti-MOG tem sido sugestivos dessa patologia que é de extrema importância para
observada em alguns casos e parece estar associada principalmente a
uma atuação multidisciplinar precoce. Existe uma necessidade
episódios recorrentes de NO e encefalomielite disseminada aguda, apa-
de se elaborar um protocolo de atendimento específico para essa
rentemente com melhor prognóstico e resposta ao tratamento a despeito
população, bem como métodos diagnósticos diferentes.
da severidade da manifestação clínica inicial.
Resumos do X Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria Boletim Científico de Pediatria - Vol. 6, N° 2, 2017 73
P-154 - IMPACTO DA VACINAÇÃO COM DTPA EM P-155 - EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA ABORDAGEM
GESTANTES SOBRE A INCIDÊNCIA DA COQUELUCHE NO ESCOLAR
BRASIL
Juliana Kazanowski, Laís Rolim Coutinho,
Débora Dettmer, Frederico Friedrich, Maria Clara Valadão, Andressa Pinto Marreiros, Manoel Victor Case Coelho Andrade,
Leonardo Pinto, Renata Ongaratto, Talitha Comaru, Antônio Hamilton Campos de Avila Filho, Thiago Lima Peixoto
Paulo Marcio Pitrez Costa, Maribel Nazaré dos Santos Smith Neves
PUCRS UNIFAP
Introdução: A coqueluche continua sendo relevante causa de morbi- A Atenção Primaria à Saúde necessita que os profissionais atuem
mortalidade principalmente em lactentes pequenos, apesar de ser uma como facilitadores da aprendizagem visando construção de conheci-
doença imunoprevenível. Na última década (especialmente após 2010) mentos desde a promoção e a prevenção em saúde até a reabilitação,
houve o ressurgimento da doença no mundo e também no Brasil. O abrangendo, sobretudo, os princípios e as diretrizes que norteiam o
objetivo deste estudo foi relatar as tendências nacionais da incidência Sistema Único de Saúde (SUS). Nesta perspectiva, o presente trabalho
da coqueluche em crianças no Brasil e o impacto da introdução da visa apresentar a experiência de acadêmicos de Medicina da UNIFAP
vacina dTpa em gestantes. Métodos: Os dados foram obtidos através em uma escola de Ensino Fundamenta da rede pública de Macapá/
do número de casos confirmados constantes no DATA-SUS e Sistema AP, cujo objetivo foi proporcionar vivências para a construção de uma
de Informação de Agravos de notificação (SINAM). Foi utilizada base de aprendizagem significativa dos adolescentes sobre saúde básica no
dados do Ministério da Saúde do Brasil, registrados de 2007 a 2015. âmbito individual, familiar e comunitário. Trata-se de estudo descri-
Para os cálculos de incidência, utilizaram-se os dados populacionais tivo, do tipo relato de experiência. O trabalho foi realizado em três
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados da momentos distintos: 1) Divisão de grupos; 2) Seminários intragrupos
vacinação das gestantes foram acessados no link pni.datasus.gov.br, e 3) Gincana. Após a divisão das turmas em grupos de 9 a 10 estu-
SI-PNI-Sistema de Informações do PNI. Resultados: Entre janeiro de dantes, se deu sequência aos três seminários que versaram sobre
2007 e dezembro de 2015 foram confirmados 27.276 casos, 21.286 Alimentação e Exercícios Físicos: Hábitos de vida; Higiene e conheci-
(78%) em crianças abaixo de quatro anos. Em pacientes menores de mento fisiológico da puberdade; e Prevenção às doenças comunitárias:
um mês de vida a incidência variou de 6,23/100.00 hab./ano em 2007 Esquadrão Aedes não. O público-alvo consistiu em duas turmas, de
a 96,92/100.000 hab./ano em 2014, caindo para 22,24 em 2015. A sexto ano e sétimo ano totalizando 58 jovens de 11 a 14 anos. Os
redução coincide com a vacinação das gestantes a partir de meados de acadêmicos realizaram sucintos seminários aos púberes através de
2013. Conclusões: No Brasil a situação epidemiológica se modificou a formas interativas de trocas de saberes recorrendo a conhecimentos
partir de 2011, com aumento significativo da incidência em lactentes prévios, multimídias e materiais concretos, além de uma pequena
< 1 ano. A vacinação da gestante com dTpa pode proteger os lactentes gincana como estímulo a participação. Conclui-se que a atividade foi
através da transferência passiva de anticorpos e se mostra promissora na relevante, pois os adolescentes demonstraram interesse e atenção
prevenção da doença em lactentes que ainda não iniciaram o esquema aos temas propostos, interagindo naturalmente com questionamentos
vacinal para pertussis. inerentes aos assuntos tratados.