Relacao Treinador-Atleta
Relacao Treinador-Atleta
Relacao Treinador-Atleta
Escola de Psicologia
janeiro de 2016
Universidade do Minho
Escola de Psicologia
Dissertação de Mestrado
Mestrado em Psicologia Aplicada
janeiro de 2016
Declaração
Assinatura: ____________________________________________________________
Índice
Resumo ...................................................................................................................................... iv
Abstract ...................................................................................................................................... v
Introdução................................................................................................................................... 6
Método ..................................................................................................................................... 11
Participantes.......................................................................................................................... 11
Instrumentos ......................................................................................................................... 12
Procedimentos....................................................................................................................... 14
Resultados ................................................................................................................................ 14
Discussão .................................................................................................................................. 24
Conclusão ................................................................................................................................. 26
Referências ............................................................................................................................... 27
ii
Agradecimentos
O mais especial agradecimento ao meu pai e irmã por tudo o que me têm
providenciado, a todos os níveis e de todas as maneiras, e à minha mãe e avó, as minhas duas
estrelinhas que sempre me deram o infinito e acima de tudo, que sempre me quiseram e
fizeram feliz! Esta dissertação é dedicada a vocês.
iii
Qualidade da relação treinador-atleta em contextos desportivos: Relações com fatores
de grupo e diferenças em função do sexo
Resumo
iv
Coach-athlete relationship quality in sports contexts: Relationships with group factors
and differences as a function of sex
Abstract
In the sports context, one of the most important interpersonal relationships is the
coach-athlete relationship. The present study has as its goals the following: a) analyse the
variables and/or group factors associated to the coach-athlete relationship; and b) analyse the
differences as a function of sex in those variables. In this study participated 322 futsal
athletes, 136 male (42.2%) and 186 female (57.8%), aged between 13 and 41 years old (M =
22.51; DP = 5.03). The main scale used was a Portuguese adapted version of The Coach-
Athlete Relationship Questionnaire (Jowett & Ntoumanis, 2004), to assess the perceptions of
the coach-athlete relationship quality. Results have showed the existence of several group
factors related to the coach-athlete relationship, being the group cohesion, the motivational
climate and the coach efficacy the most significant ones. Significant differences were also
found with regard to athletes' self-reported sex, namely, among others, a better perception of
closeness for female athletes.
v
Introdução
6
Com base no Modelo dos 3 Cs, Jowett e Ntoumanis (2004) desenvolveram um
instrumento de avaliação da relação treinador-atleta, denominado The Coach Athlete
Relationship Questionnaire (CART), que mede as perceções dos pensamentos
(compromisso), emoções (proximidade) e comportamentos (complementaridade) dos
treinadores e atletas, segundo uma perspetiva direta.
Diversos estudos têm sido efetuados com o intuito de explorar as características
inerentes à relação treinador-atleta, mais concretamente, as dimensões presentes no Modelo
dos 3 Cs. Por exemplo, Jowett (2003) explorou o papel que o conflito interpessoal exerce na
relação treinador-atleta, concluindo que, quando não existe compromisso e a comunicação é
ineficaz, havendo falta de confiança e respeito, para além da performance do atleta diminuir, a
probabilidade da relação se dissolver é elevada. Jowett e Meek (2000) exploraram a relação
treinador-atleta em casais, e Jowett e Timson-Katchis (2005) analisaram a importância das
redes sociais (mais especificamente, os pais) na díade treinador-atleta no desporto jovem,
concluindo ambos que níveis elevados de compromisso, proximidade e complementaridade
estão relacionados com uma boa perceção da qualidade da relação. Outros estudos
comprovaram que as perceções positivas da qualidade da relação treinador treinador-atleta
(perceções dos "3 Cs") estão associadas a performances de sucesso (Jowett & Cockerill,
2003), ao aumento das perceções de coesão de equipa (Jowett & Chaundy, 2004), ao aumento
das perceções de autoconceito dos atletas (Jowett, 2008b), a sentimentos de eficácia da equipa
(Jowett, Shanmugam & Caccoulis, 2012; Hampson & Jowett, 2014) e à motivação das
equipas (Olympiou, Jowett & Duda, 2008). Foram ainda encontrados preditores para o
estabelecimento de uma boa relação treinador-atleta, como os comportamentos do treinador,
nomeadamente ao nível das competências sociais (e.g. comunicação) (Philippe & Seiler,
2006), e o clima orientado para a mestria (Olympiou et al., 2008). Posto isto, será importante
abordar alguns conceitos, como a coesão de grupo, o clima motivacional e a eficácia do
treinador.
Coesão de Grupo
A coesão de grupo pode ser definida como "um processo dinâmico que se reflete na
tendência para o grupo se manter junto e permanecer unido na procura dos seus objetivos
instrumentais e/ou da satisfação das necessidades afetivas dos membros" (Carron et al., 1998,
p. 213, cit. in Carron & Brawley, 2000). É possível realçar algumas características
importantes da coesão, como a natureza dinâmica inerente à mesma, no sentido em que pode
sofrer alterações ao longo do tempo e do processo de formação, desenvolvimento,
7
manutenção e dissolução do grupo; uma dimensão instrumental, que leva os membros a
perseguir determinados objetivos; e uma dimensão afetiva, baseada nos laços afetivos que se
desenvolvem no seio do grupo. Finalmente, é necessário salientar a natureza
multidimensional da coesão, uma vez que existem inúmeros fatores que levam um grupo a
manter-se unido, variando de grupo para grupo, e de contexto para contexto (Jowett, 2008a;
Carron, Shapcott & Burke, 2008).
Carron e Brawley (2000) criaram um Modelo Conceptual da Coesão de Grupo, alusivo
às perceções que cada membro do grupo desenvolve relativamente a duas vertentes diferentes
do grupo. Uma das vertentes, refere-se ao modo como o grupo satisfaz as necessidades e
objetivos pessoais, ou seja, às motivações pessoais dos indivíduos para permanecer no grupo
e aos sentimentos pessoais que o indivíduo tem sobre o grupo; esta vertente é denominada de
crenças de Atração Individual para o Grupo (AIG). A outra vertente, diz respeito ao grupo
como um todo, refletindo as perceções de cada membro relativamente ao grau de união do
grupo e às crenças do grupo sobre aspetos como a proximidade, similaridade, e ligação como
um todo; esta vertente é denominada de crenças de Integração no Grupo (IG). Para além
desta diferenciação ao nível das crenças, Carron e Brawley (2000) acrescentaram outra
componente ao modelo, nomeadamente, a diferenciação entre duas orientações das crenças de
AIG e IG. Uma referente a aspetos ligados à tarefa (T), como por exemplo, os objetivos e
resultados coletivos, e outra referente a aspetos sociais (S), como as relações interpessoais e
atividades sociais inerentes ao grupo.
Carron e Brawley (2000), após definirem o Modelo Conceptual da Coesão de Grupo,
operacionalizado em quatro componentes da coesão, AIG-S, AIG-T, IG-S, e IG-T,
desenvolveram o Group Environment Questionnaire (GEQ), um questionário com 18 itens,
com a finalidade de medir a coesão em equipas desportivas.
Clima Motivacional
O clima motivacional remete à estrutura de objetivos que vigora num determinado
contexto (neste caso, desportivo), criado por outros significativos (e.g., treinadores), dirigidos
para a mestria e/ou para o ego (Duda & Whitehead, 1998, cit. in Heuzé, Sarrazin, Masiero,
Raimbault & Thomas, 2006). Com base na teoria dos objetivos de realização (Nicholls,
1984), Ames e Archer (1988) distinguiram dois climas motivacionais: a) o clima orientado
para a mestria (ou tarefa), no qual se valoriza a aprendizagem e desenvolvimento de novas
competências/capacidades e o esforço empregue pelo indivíduo para as alcançar; e b) o clima
orientado para o ego (ou performance), no qual a preocupação reside em ser capaz de realizar,
8
obtendo elevados padrões de performance , e só é alcançado o sucesso quando o indivíduo é
visto como melhor que os outros, sendo por isso, um clima propenso à competição
interpessoal, rivalidade e comparação social.
De forma a ter acesso às perceções dos atletas quanto ao clima motivacional criado
pelos treinadores em contextos desportivos, Seifriz, Duda e Chi (1992; see also, Walling,
Duda & Chi, 1993) desenvolveram uma escala denominada Perceived Motivational Climate
in Sport Questionnaire (PMCSQ), que foi revista por Newton, Duda e Yin (2000), dando
origem à PMCSQ-2. Com base nas escalas anteriores, Smith, Cumming e Smoll (2008),
desenvolveram o Motivational Climate Scale for Youth Sports (MCSYS), um instrumento que
avalia as perceções de existência de um clima orientado para a mestria e/ou orientado para o
ego, e que pode ser aplicável a uma gama mais vasta da população, nomeadamente, a
crianças.
Eficácia do Treinador
Feltz, Chase, Moritz e Sullivan (1999, cit. in Ede, Hwang & Feltz, 2011), definiram a
eficácia do treinador como a crença que o treinador tem na sua capacidade para ensinar e
desenvolver as competências dos seus atletas de forma eficaz. Estes autores desenvolveram o
Modelo Conceptual da Eficácia do Treinador, segundo o qual as crenças e confiança do
treinador nas suas capacidade podem influenciar os atletas em quatro dimensões diferentes: a)
motivação, definida como a capacidade para influenciar os estados e qualidades psicológicas
dos atletas (e.g., manter confiança e motivação e construir a autoestima dos seus atletas, e
desenvolver coesão de grupo); b) estratégia de jogo, ou seja, capacidade para liderar durante
uma competição desportiva; c) técnica, que se baseia na capacidade para fornecer instruções
técnicas e de diagnóstico durante a prática desportiva; e d) construção de carácter, que se
reflete na capacidade para, através do desporto, influenciar de forma positiva o
desenvolvimento do carácter dos atletas (e.g., promover atitudes de fair-play, respeito pelos
outros, desportivismo, e carácter moral). Estas dimensões são importantes preditores da
eficácia do treinador, exercendo influência no próprio, nos seus atletas e na equipa, tanto ao
nível do rendimento e performance desportiva, como do bem-estar e desenvolvimento
psicológico geral (Chase & Martin, 2012; Boardley, Kavussanu & Ring, 2008). Mais ainda,
para se ser eficaz como treinador, devem-se ter em conta as características do próprio, o tipo
de atletas que orienta (e.g., sexo) e o contexto onde se insere (e.g. modalidade coletiva)
(Gomes, Pereira & Pinheiro, 2008).
9
Aquando da conceptualização do Modelo Conceptual da Eficácia do Treinador, Feltz
et al. (1999, cit. in Chase & Martin, 2012), desenvolveram o Coaching Efficacy Scale (CES),
com o intuito de medir a perceção dos treinadores relativamente à sua eficácia em influenciar
a aprendizagem e performance dos seus atletas, através das quatro dimensões das crenças de
eficácia, mais especificamente, da motivação, estratégia de jogo, técnica, e construção de
carácter.
10
Relativamente à coesão de equipa, Gomes, Pereira e Pinheiro (2008) encontraram
diferenças significativas entre os sexos, mais concretamente, na coesão social (AIG-S e IG-S),
tendo as mulheres evidenciado maiores níveis do que os homens.
Para o clima motivacional, Murcia, Gimeno e Coll (2008) concluíram que os homens
têm uma maior propensão para a orientação para o ego, e que, por isso, é também mais
provável que percecionem a sua participação desportiva como estando inserida num clima
orientado para o ego, contrariamente às mulheres, que tem uma maior orientação para a
mestria e por conseguinte, uma maior perceção para o clima orientado para a mestria.
Hanrahan e Cerin (2009) apoiam também estes resultados, apelando para que os homens
sejam encorajados a definir o sucesso em termos de aprendizagem e não de tentarem ser
superiores aos outros. Contrariamente a estes estudos, Koh e Wang (2015) não encontraram
diferenças significativas na orientação para a mestria entre os sexos. Smith et al. (2008)
concluíram que ambos os sexos percecionaram o clima criado pelo seu treinador como sendo
mais orientado para a mestria do que para o ego, no entanto, os atletas do sexo masculino
percecionaram os comportamentos dos seus treinadores como sendo mais orientados para o
ego e menos orientados para a mestria do que os atletas do sexo feminino.
Quanto à eficácia do treinador, num estudo de Vargas-Tonsing, Myers e Feltz (2004)
foram encontradas diferenças entre os sexos no que diz respeito às perceções de frequência e
eficácia dos comportamentos do treinador.
Desta forma, o presente estudo tem por objetivo central analisar as variáveis e/ou
fatores de grupo e de equipa associados à qualidade da relação treinador-atleta e,
paralelamente, analisar as diferenças existentes em função do sexo nessas mesmas variáveis.
Método
Participantes
Participaram neste estudo 322 atletas de futsal, 136 (42.2%) do sexo masculino e 186
(57.8%) do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 13 e os 41 anos (M = 22.51;
DP = 5.03). Os participantes distribuíram-se pelos escalões iniciado (N = 2, 0.6%), juvenil (N
= 11, 3.4%), júnior (N = 53, 16.5%) e sénior (N = 256, 79.5%), competindo na 1ª divisão
nacional (N = 50, 15.5%), 2ª divisão nacional (N = 8, 2.5%), divisões distritais (N = 234,
72.7%), e outros campeonatos de nível inferior (N = 13, 4.0%) em Portugal, e ainda em
divisões de outros países, nomeadamente, na série A (N = 3, 0.9%) e C1 (N = 1, 0.3%) de
Itália, 2ª divisão de França (N = 1, 0.3%), 1ª divisão do Chipre (N = 1, 0.3%) e F-League do
Japão (N = 1, 0.3%). Relativamente ao nível competitivo, é de salientar que 21 atletas (6.5%)
11
competiam a nível profissional. Na Tabela 1 estão descritos os dados relacionados com a
prática da modalidade.
Tabela 1
Estatísticas descritivas da prática da modalidade
M SD Min. Max.
Instrumentos
Questionário sociodemográfico. Este questionário tem como objetivo recolher dados
demográficos (idade, sexo) e dados desportivos (clube, divisão/liga, escalão competitivo,
nível competitivo, idade de início da prática da modalidade, número de anos de prática
federada da modalidade, número médio de horas de treino por semana, número médio de
provas oficiais por ano em competições nacionais e em competições internacionais) dos
atletas.
Questionário da Relação Treinador-Atleta. A versão utilizada (Cruz, Alves,
Meireles, Sofia & Silva, 2009) é uma tradução e adaptação do The Coach-Athlete
Relationship Questionnaire (CART-Q; Jowett & Ntoumanis, 2004) e avalia a qualidade da
relação treinador-atleta segundo as perceções do atleta relativamente aos pensamentos,
emoções e comportamentos presentes na sua interação com o treinador. É constituída por 11
itens, que medem três dimensões: o compromisso (3 itens; e.g., "Penso que com o meu
treinador a minha carreira desportiva é promissora"); a proximidade (4 itens; e.g., "Eu confio
no meu treinador"); e a complementaridade (4 itens; e.g., "Eu adoto e partilho uma forma de
estar amigável com o meu treinador"). O questionário é respondido numa escala tipo Likert de
7 pontos (1 = Discordo totalmente; 7 = Concordo totalmente). O "score" total é obtido através
da soma dos itens; "scores" mais elevados indicam uma perceção da qualidade da relação
treinador-atleta mais positiva. Neste estudo, foi obtido um alpha de Cronbach de .77 para o
compromisso, .87 para a proximidade, e .74 para a complementaridade.
12
Escala de Clima Motivacional no Desporto Juvenil (ECMDJ). Esta escala é uma
versão traduzida e adaptada por Cruz (2008) da Motivational Climate Scale for Youth Sports
(MCSYS; Smith et al., 2008) e tem como objetivo avaliar a perceção que os atletas têm
relativamente ao clima motivacional presente na sua equipa. A escala é constituída por 12
itens, divididos em duas subescalas que refletem a importância dada aos objetivos de mestria
(6 itens) e aos objetivos direcionados para o ego (6 itens). As respostas são obtidas através de
uma escala tipo Likert de 5 pontos (1 = Nada verdadeiro; 5 = Muito verdadeiro) e o "score"
total é calculado através da soma dos itens. Neste estudo o clima orientado para a mestria
obteve um alfa de Cronbach de .88 e o clima orientado para o ego de .71.
Escala de Eficácia do Treinador (EET). Consiste na versão traduzida e adaptada por
Cruz et al. (2009) do Coaching Efficacy Scale (CES; Feltz et al., 1999, cit. in Myers, Wolfe &
Feltz, 2005), tendo como objetivo medir a perceção dos atletas relativamente à eficácia do seu
treinador. A versão utilizada é constituída por 23 itens, distribuídos por quatro subescalas: a)
motivação (7 itens): α = .97; b) estratégia de jogo (7 itens): α = .97; c) técnica (5 itens): α =
.93; e d) construção de carácter (4 itens): α = .94. As respostas variam entre 0 (Nada eficaz) e
10 (Extremamente eficaz) e o "score" total é obtido através da soma dos itens. "Scores" mais
elevados indicam uma maior perceção de eficácia do treinador por parte do atleta.
Questionário de Coesão em Equipas Desportivas (QCED). O Group Environmental
Questionnaire (GEQ; Carron, Widmeyer & Brawley, 1985) foi traduzido e adaptado por Cruz
e Antunes (1997) e pretende avaliar aspetos da coesão em equipas desportivas. Fazem parte
da sua constituição 18 itens, distribuídos por 4 dimensões de coesão: a) atração individual
para o grupo - social (AIG-S): 5 itens (α = .89); b) atração individual para o grupo - tarefa
(AIG-T): 4 itens (α = .86); c) integração no grupo - social (IG-S): 4 itens (α = .91); e d)
integração no grupo - tarefa (IG-T): 5 itens (α = .92). As respostas são obtidas através de uma
escala tipo Likert de 9 pontos (1 = Discordo Totalmente; 9 = Concordo Totalmente) e o
"score" total resulta do somatório dos itens de cada subescala. "Scores" mais elevados
indicam uma maior perceção de coesão de equipa.
Escalas de crenças de Autoeficácia e Eficácia Coletiva (ECA-E e ECEC).
Recorreu-se a duas medidas desenvolvidas por Cruz e colaboradores (2009) para a avaliação
destes constructos, no presente caso, na modalidade de futsal, tendo em conta e/ou adaptando
medidas similares já desenvolvidas em contextos desportivos. Ambas as escalas são
constituídas (cada uma) por 17 itens, que avaliam o grau de confiança, convicção e certeza
dos atletas na sua capacidade pessoal (autoeficácia) e/ou da respetiva equipa (eficácia
coletiva) para executarem determinadas competências específicas do futsal. Os itens são
13
respondidos numa escala de 11 pontos (0 = 0% de certeza na capacidade para fazer; 10 =
100% de certeza na capacidade para fazer). O "score" total resultou da média do somatório
dos itens e valores mais elevados refletem crenças mais elevadas nos julgamentos de
autoeficácia e de eficácia coletiva. De salientar que, no presente estudo foram obtidos
excelentes coeficientes de fidelidade (alfa Cronbach) de .95 e .98., para a escala de
autoeficácia e eficácia coletiva, respetivamente.
Procedimento
O presente estudo contou com dois métodos de aplicação dos instrumentos.
Primeiramente, após terem sido contactadas as equipas, foram agendados os dias para entrega
e recolha dos instrumentos, em formato de papel. Posteriormente, a fim de alargar o estudo a
todo o país e inclusive além fronteiras, foi criado um questionário online, igual ao original.
Foi novamente estabelecido contacto com as equipas e atletas, de forma a enviar o
questionário. No momento da entrega do questionário, foram fornecidas as devidas
informações quanto ao objetivo do estudo e à confidencialidade e anonimato dos dados.
Análise de Dados
A análise de dados foi realizada através do software "Statistical Package for the Social
Sciences" (SPSS, versão 22). Foram calculadas estatísticas descritivas e correlações de
Pearson, para a amostra total e separadas para ambos os sexos, e realizados testes t e análises
de regressão para as diferenças em função do sexo.
Resultados
Análises descritivas
Na tabela 2 estão representadas as estatísticas descritivas (média, desvio padrão,
"scores" mínimos e máximos) para cada variável do estudo.
Através da sua análise é possível verificar que, relativamente à perceção da qualidade
da relação treinador-atleta, a complementaridade (M = 24.08, DP = 3.79) e a proximidade (M
= 24.04, DP = 4.38) foram mais reportadas do que o compromisso (M = 16.47, DP = 3.73).
No que diz respeito à eficácia do treinador, os comportamentos indicados como mais
frequentes foram os de motivação (M = 55.25, DP = 15.10) e os direcionados para a estratégia
de jogo (M = 54.91, DP = 15.12). Os atletas apresentaram uma maior atração para a equipa a
nível social (M = 34.74, DP = 10.30), e uma maior integração ao nível da tarefa (M = 36.47,
DP = 9.86). O clima orientado para a mestria foi o mais reportado (M = 25.73, DP = 4.35).
14
Tabela 2
Estatísticas Descritivas das Variáveis em Estudo
M DP Min. Max.
CART-Q
Compromisso 16.47 3.73 3.00 21.00
Proximidade 24.04 4.38 4.00 28.00
Complementaridade 24.08 3.79 8.00 28.00
ECA-E
Autoeficácia 7.27 1.56 1.76 10.00
ECMDJ
Clima orientado para a mestria 25.73 4.35 8.00 30.00
Clima orientado para o ego 14.50 4.60 6.00 30.00
ECEC
Eficácia coletiva 7.14 1.72 .00 10.00
QCED
Atração individual para o grupo - social (AIG-S) 34.74 10.30 5.00 45.00
Atração individual para o grupo - tarefa (AIG-T) 28.27 8.02 4.00 36.00
Integração no grupo - social (IG-S) 27.69 8.07 4.00 36.00
Integração no grupo - tarefa (IG-T) 36.47 9.86 5.00 45.00
EET
Motivação 55.25 15.10 3.00 70.00
Estratégia de jogo 54.91 15.12 2.00 70.00
Técnica 38.38 10.43 1.00 50.00
Construção de carácter 33.77 7.50 1.00 40.00
Correlações de Pearson
Através da análise efetuada, é possível verificar a existência de inúmeras correlações
significativas entre as variáveis em estudo (Tabela 3).
As três dimensões da relação treinador-atleta, compromisso, proximidade e
complementaridade, relacionaram-se de forma significativa com todas as variáveis. De
salientar as relações entre estas três dimensões e as da ECMDJ, uma vez que, com o clima
orientado para a mestria as relações foram positivas (compromisso, r = .55, p < .001;
proximidade, r = .63, p <.001; e complementaridade, r = .49, p < .001) e, pelo contrário, com
o clima orientado para o ego foram negativas (compromisso, r = -.25, p < .001; proximidade,
r = -.32, p < .001; complementaridade, r = -.19, p < .01).
Tal como no CART-Q, também as dimensões da eficácia do treinador (EET)
apresentaram uma relação negativa com o clima orientado para o ego (motivação, r = -.28, p
< .001; estratégia de jogo, r = -.20, p < .001; técnica, r = -.24, p < .001; e construção de
carácter, r = -.26, p < .001).
O clima orientado para a mestria e o clima orientado para o ego relacionaram-se
negativamente entre si, r = -.31, p < .001. Por este motivo, é de realçar que todas as relações
15
significativas do clima orientado para a mestria foram positivas, à exceção da relação com a
idade, r = -.17, p < .01 e, por outro lado, todas as relações significativas do clima orientado
para o ego foram negativas.
Relativamente à coesão de grupo, destaque apenas para o facto de que nenhuma das
dimensões se relacionou com a autoeficácia, a atração para o grupo - social foi a única
dimensão a não se relacionar de forma significativa com o clima orientado para o ego e a
atração para o grupo - tarefa foi a única dimensão que não se relacionou com a idade.
Um aspeto importante a mencionar reside no facto de que as dimensões da relação
treinador-atleta (CART-Q), da coesão de grupo (QCED), do clima motivacional (ECMDJ) e
da eficácia do treinador (EET) relacionaram-se todas entre si de forma estatisticamente
significativa, excetuando a relação entre as variáveis atração individual para o grupo - social e
o clima orientado para o ego, em que tal não aconteceu.
No que concerne à autoeficácia e eficácia coletiva, é de salientar a relação entre
ambas, r = .42, p <.001. Além disso, a autoeficácia relacionou-se somente com as dimensões
do CART-Q e da EET, enquanto que a eficácia coletiva se relacionou com todas as variáveis,
à exceção do clima orientado para o ego.
Foi ainda inserida a variável idade, no entanto é apenas de notar que todas as
correlações significativas evidenciadas foram negativas.
Na Tabela 4 podem-se observar as correlações realizadas em função do sexo entre as
variáveis do CART-Q e as variáveis em estudo. Através da sua análise é possível verificar
que, para o sexo masculino, as três dimensões compromisso, proximidade e
complementaridade, relacionaram-se significativamente com todas as variáveis. Por outro
lado, para o sexo feminino, foram reportadas menos relações significativas, sendo a
complementaridade a que apresentou menor número. Para ambos os sexos foram evidenciadas
relações significativas entre as dimensões do CART-Q e as dimensões da coesão de grupo,
eficácia do treinador, e eficácia coletiva. Nas relações com o clima, para o sexo masculino,
foram as três significativas e positivas com o clima orientado para a mestria, e negativas com
o clima orientado para o ego. O mesmo se verificou para o sexo feminino, excetuando a
complementaridade, que não se relacionou de forma significativa com o clima orientado para
o ego. Ainda no sexo feminino, o compromisso foi a única dimensão que se relacionou com a
idade e a única que não se relacionou com a autoeficácia.
16
Tabela 3
Correlações de Pearson entre as Variáveis em Estudo
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
CART-Q
1. Compromisso 1
2. Proximidade .85*** 1
ECA-E
ECMDJ
ECEC
QCED
8. Atração individual para o grupo - social (AIG-S) .29*** .23*** .21*** -.01 .25*** -.09 .15** 1
9. Atração individual para o grupo - tarefa (AIG-T) .38*** .33*** .28*** .03 .30*** -.20*** .23*** .80*** 1
10. Integração no grupo - social (IG-S) .27*** .26*** .22*** .02 .24*** -.13* .20*** .76*** .70*** 1
11. Integração no grupo - tarefa (IG-T) .31*** .31*** .27*** .02 .27*** -.15** .25*** .71*** .77*** .86*** 1
EET
12. Motivação .63*** .69*** .57*** .17** .70*** -.28*** .50*** .21*** .28*** .24*** .30*** 1
13. Estratégia de jogo .60*** .65*** .52*** .18** .66*** -.20*** .53*** .18** .26*** .20** .27*** .88*** 1
14. Técnica .64*** .68*** .54*** .19** .68*** -.24*** .54*** .22*** .27*** .25*** .29*** .90*** .91*** 1
15. Construção de carácter .55*** .64*** .51*** .18** .66*** -.26*** .45*** .16** .25*** .21*** .31*** .85*** .83*** .82*** 1
16. Idade -.19** -.22*** -.13* .06 -.17** .07 -.22*** -.20** -.11 -.21*** -.17** -.23*** -.20** -.21*** -.13* 1
17
Tabela 4
Correlações de Pearson em Função do Sexo entre as Dimensões do CART-Q e as Variáveis
em Estudo
ECA-E
ECMDJ
ECEC
QCED
18
Análises de diferenças em função do sexo
Na Tabela 5 é possível observar as diferenças obtidas, através das análises dos testes t,
em função do sexo, nas dimensões do CART-Q.
A proximidade é a única dimensão que apresenta uma diferença estatisticamente
significativa entre o sexo masculino e o sexo feminino, t(253) = 2.89, p = .004. No entanto, é
possível verificar que em todas as dimensões, o sexo feminino obteve valores mais elevados
do que o sexo masculino, ou seja, níveis mais elevados de compromisso (M = 16.74, DP =
3.63), proximidade (M = 24.66, DP = 3.92) e complementaridade (M = 24.31, DP = 3.67).
Tabela 5
Diferenças em Função do Sexo nas Dimensões do CART-Q
M DP M DP t p
19
Tabela 6
Diferenças Estatisticamente Significativas em Função do Sexo
M DP M DP t p
ECA-E
ECMDJ
Clima orientado para a mestria 24.45 4.93 26.67 3.60 4.40 < .001
Clima orientado para o ego 15.65 4.34 13.66 4.62 -3.90 < .001
QCED
Atração individual para o grupo - social (AIG-S) 33.07 11.14 35.96 9.50 2.40 .017
Atração individual para o grupo - tarefa (AIG-T) 26.63 8.80 29.47 7.18 3.07 .002
Integração no grupo - social (IG-S) 26.34 8.52 28.69 7.59 2.57 .011
Integração no grupo - tarefa (IG-T) 34.60 10.80 37.86 8.88 2.86 .005
EET
20
Análises de regressão em função do sexo para as dimensões do CART-Q
21
Tabela 7
Análises de Regressão (Método Stepwise) no Sexo Masculino para a Predição de
Compromisso, Proximidade e Complementaridade com as Variáveis em Estudo
Variáveis β p
Compromisso
Proximidade
Complementaridade
22
Tabela 8
Análises de Regressão (Método Stepwise) no Sexo Feminino para a Predição de
Compromisso, Proximidade e Complementaridade com as Variáveis em Estudo
Variáveis β p
Compromisso
Proximidade
Complementaridade
23
Discussão
24
sexo feminino, o que vai de encontro aos resultados obtidos neste estudo. Apesar de não
serem diferenças significativas, os níveis de compromisso e complementaridade também
foram superiores para o sexo feminino, tal como registado por Jowett e Clark-Carter (2006).
As diferenças significativas encontradas ao nível da coesão de equipa, indicam que o
sexo feminino apresenta valores mais elevados para todas as dimensões sociais e de tarefa,
confirmando os resultados obtidos por Gomes et al. (2008). Vargas-Tonsing et al. (2004)
encontraram diferenças entre os sexos relativamente às perceções de frequência e eficácia dos
comportamentos do treinador e, no presente estudo, as diferenças indicam que o sexo
feminino apresenta níveis mais elevados de perceção da eficácia do treinador, em todas as
dimensões, por ordem decrescente, motivação, técnica, estratégia de jogo e construção de
carácter. Quanto ao clima motivacional, apesar de ambos os sexos reportarem níveis mais
elevados de clima orientado para a mestria do que para o ego, os atletas do sexo masculino
percecionam um clima mais orientado para o ego e menos orientado para a mestria do que o
sexo feminino. Estes dados estão de acordo com os resultados obtidos por Smith et al. (2008),
e podem ser suportados pela hipótese de Murcia et al. (2008), segundo a qual os homens
percecionam um clima orientado para o ego porque têm uma maior propensão para orientarem
os seus objetivos para o ego, contrariamente às mulheres. Posto isto, será necessário que os
treinadores fomentem um clima mais orientado para a mestria em equipas masculinas,
tentando contrariar a orientação para o ego inerente ao sexo masculino (Hanrahan & Cerin,
2009).
Nas análises de regressão, os resultados indicam que para o sexo masculino, o clima
orientado para a mestria e a construção de carácter são ambos preditores do compromisso,
proximidade e complementaridade. O mesmo acontece para o sexo feminino, acrescentando-
se ainda a eficácia coletiva na predição do compromisso, e a autoeficácia e integração no
grupo - tarefa na predição da complementaridade. Uma das semelhanças entre ambos os sexos
é o facto da construção de carácter ser preditor das três componentes da relação treinador-
atleta em ambos, o que pode ser explicado através da hipótese testada por Boardley et al.
(2008), na qual as perceções dos atletas da eficácia da construção de carácter dos treinadores,
foram preditores dos comportamentos pró-sociais dos atletas (i.e., "comportamento voluntário
com a intenção de beneficiar outro indivíduo"; Eisenberg et al., 1996, p. 974). Este tipo de
comportamentos positivos estão associados a uma disposição emocional positiva e ao
aumento de competências sociais (Eisenberg et al., 1996), que poderão facilitar o
estabelecimento de uma boa relação treinador-atleta. A outra semelhança entre os sexos diz
respeito à predição das três dimensões da relação treinador-atleta através do clima orientado
25
para a mestria, que confirma os resultados de Olympiou et al. (2008), segundos os quais a
perceção de um clima orientado para a mestria está associada a perceções mais positivas dos
atletas e, portanto, níveis mais elevados, de proximidade, compromisso e complementaridade
com os treinadores. Relativamente às diferenças, é de notar que, no geral, para o sexo
feminino existe um maior número de fatores associados à predição das dimensões da relação
treinador-atleta. Segundo os resultados encontrados por Heuzé et al. (2006) numa amostra de
atletas do sexo feminino, o clima orientado para a mestria foi um preditor positivo nas
perceções das atletas da integração no grupo - tarefa e, como visto anteriormente, no presente
estudo, as atletas do sexo feminino reportaram níveis superiores de perceção do clima
orientado para a mestria. Estes resultados podem explicar a predição da complementaridade
pela integração no grupo - tarefa no sexo feminino.
Como visto anteriormente, a proximidade refere-se à componente afetiva e emocional
da relação treinador-atleta e, os comportamentos inerentes à mesma são fundamentais para o
bem-estar dos atletas. Os treinadores devem, por isso, manter uma relação de proximidade
com os seus atletas e, em desportos de equipa, com cada atleta especificamente, partilhando
comportamentos de suporte social e não apenas comportamentos que visam as performances e
resultados competitivos (Reinboth & Duda, 2006), ou seja, desenvolver um clima
motivacional orientado para a mestria, aliado a estimulação de atitudes positivas, de
entreajuda e desportivismo entre os atletas. Posto isto, um pormenor interessante neste estudo
reside no facto de que, apesar de terem sido encontradas diferenças de média significativas na
proximidade reportada por ambos os sexos, no que concerne à predição dessa mesma
dimensão, as variáveis que a predizem são as mesmas para os dois sexos, nomeadamente, a
construção de carácter e o clima motivacional.
Conclusão
26
de tarefa, e perceções de eficácia coletiva e autoeficácia. Atletas mais novos percecionam
maiores níveis de compromisso, proximidade e complementaridade do que atletas mais
velhos. Quanto às diferenças em função do sexo, a principal conclusão reside na perceção de
níveis superiores de proximidade (componente emocional) por parte de atletas do sexo
feminino, ou seja, gostam, confiam e respeitam mais os seus treinadores, apreciando os seus
sacrifícios, do que os atletas do sexo masculino. Quanto às semelhanças encontradas, os
treinadores de ambas as equipas femininas e masculinas deverão empregar comportamentos
de construção de carácter e implementar um clima orientado para a mestria de forma a
promover um aumento na qualidade da relação com os atletas.
A aplicação do questionário em formato digital, apesar de ser mais abrangente no que
toca à população inquirida, pode representar uma limitação à veracidade dos dados obtidos,
uma vez que não é possível haver um controlo total quanto à acessibilidade do questionário. O
facto de terem sido utilizadas apenas medidas de autorrelato também inviabiliza os dados
recolhidos, que neste caso, dependem da perceção do sujeito e estão sujeitos à desejabilidade
social. Os dados recolhidos são mais limitados devido ao design transversal utilizado, ao
invés do longitudinal.
Em estudos futuros seria interessante ter em conta também o sexo dos treinadores,
assim como a aplicação das medidas de autorrelato e/ou outras medidas aos treinadores.
Apesar deste estudo incidir somente na modalidade de futsal, limitando assim a generalização
dos dados obtidos a outras modalidades desportivas, constitui um importante passo no
aprofundamento do conhecimento desta modalidade que está em crescimento exponencial no
mundo do desporto.
Referências Bibliográficas
Ames, C., & Archer, J. (1988). Achievement goals in the classroom: Students' learning
strategies and motivation processes. Journal of Educational Psychology, 80(3), 260-267.
Boardley, I. D., Kavussanu, M., & Ring, C. (2008). Athletes' perceptions of coaching
effectiveness and athlete-related outcomes in rugby union: An investigation based on the
coaching efficacy model. The Sport Psychologist, 22, 269-287.
Carron, A. V., & Brawley, L. R. (2000). Cohesion: Conceptual and measurement issues.
Small Group Research, 31(1), 89-106.
Carron, A. V., Shapcott, K. M., & Burke, S. M. (2008). Group cohesion in sport and exercise:
Past, present and future. In M. Beauchamp, & M. Eys (Eds.), Group dynamics in exercise
27
and sport psychology: contemporary themes, pp. 117-139. London and New York:
Routledge.
Carron, A. V., Widmeyer, W. N., & Brawley, L. R. (1985). The development of an instrument
to assess cohesion in sports teams: The Group Environmental Questionnaire. Journal of
Sport Psychology, 7, 244-266.
Chase, M. A., & Martin, E. (2012). Coaching efficacy beliefs. Routledge Handbook of Sports
Coaching, (6), 68-80. doi: 10.4324/9780203132623.ch6.
Cross, S. E., & Madson, L. (1997). Models of the self: Self-construals and gender.
Psychological Bulletin, 122(1), 5-37.
Cruz, J. F. (2008). Avaliação da ansiedade, motivação e regulação emocional em contextos
desportivos. Manuscrito não publicado. Braga: Universidade do Minho.
Cruz, J. F., Alves, L., Meireles, L., Sofia, R., & Silva, R. (2009). Adaptação e validação de
medidas específicas de factores e processos de grupo no desporto (Versão preliminar).
Manuscrito não publicado. Braga: Universidade do Minho.
Cruz, J. F., & Antunes, J. M. (1997). Adaptação e características psicométricas do
"Questionário de Coesão Desportiva" e da "Escala de Satisfação com a Competição". In
J. F. Cruz, & A. R. Gomes (Eds.), Psicologia Aplicada ao Desporto e à Actividade
Física: Teoria, investigação e intervenção, pp. 340-347. Braga: Universidade do Minho.
Cruz, J. F., & Gomes, A. R. (1996). Liderança de equipas desportivas e comportamentos do
treinador. In J. F. Cruz (Ed.), Manual de Psicologia do Desporto (1ª ed.), pp. 389-409.
Braga: S.H.O. - Sistemas Humanos e Organizacionais, Lda.
Driskell, J. E., & Salas, E. (2010). Collective orientation an team performance: Development
of an individual differences measure. Human Factors, 52(2), 316-328.
doi:10.1177/0018720809359522.
Ede, A., Hwang, S., & Feltz, D. L. (2011). Current directions in self-efficacy research in
sport. Revista Iberoamericana de Psicologia del Ejercicio y el Deporte, 6(2), 181-201.
Eisenberg, N., Fabes, R. A., Karbon, M., Murphy, B. C., Wosinski, M., Polazzi, L., Carlo, G.,
Juhnke, C. (1996). The relations of children's dispositional prosocial behaviour to
emotionality, regulation, and social functioning. Child Development, 67, 974-992.
Gomes, A. R., Pereira, A. P., & Pinheiro, A. R. (2008). Liderança, coesão e satisfação em
equipas desportivas: Um estudo com atletas portugueses de futebol e futsal. Psicologia:
Reflexão e Crítica, 21(3), 482-491.
28
Hampson, R., & Jowett, S. (2014). Effects of coach leadership and coach-athlete relationship
on collective efficacy. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 24, 454-
460. doi: 10.1111/j.1600-0838.2012.01527.x.
Hanrahan, S. J., & Cerin, E. (2009). Gender, level of participation, and type of sport:
Differences in achievement goal orientation and attributional style. Journal of Science
and Medicine in Sport, 12, 508-512. doi:10.1016/j.jsams.2008.01.005.
Heuzé, J., Sarrazin, P., Masiero, M., Raimbault, N., & Thomas, J. (2006). The relationships of
perceived motivational climate to cohesion and collective efficacy in elite female teams.
Journal of Applied Sport Psychology, 18(3), 201-218. doi: 10.1080/10413200600830273.
Hyde, J. S. (2005). The gender similarities hypothesis. American Psychologist, 60(6), 581-
592. doi: 10.1037/0003-066X.60.6.581.
Jowett, S. (2003). When the "honeymoon" is over: A case study of a coach-athlete dyad in
crisis. The Sport Psychologist, 17, 444-460.
Jowett, S. (2007). Interdependence analysis and the 3+1Cs in the coach-athlete relationship.
In S. Jowett, & D. Lavallee (Eds.), Social Psychology in Sport (10ª ed.), pp. 15-27.
United States: Human Kinetics.
Jowett, S. (2008a). Coach-athlete relationships ignite sense of groupness. In M. Beauchamp,
& M. Eys (Eds.), Group dynamics in exercise and sport psychology: contemporary
themes, pp. 63-77. London and New York: Routledge.
Jowett, S. (2008b). Moderator and mediator effects of the association between the quality of
the coach-athlete relationship and athletes' physical self-concept. International Journal of
Coaching Science, 2(1), 1-20.
Jowett, S., & Chaundy, V. (2004). An investigation into the impact of coach leadership and
coach-athlete relationship on group cohesion. Group Dynamics: Theory, Research, and
Practise, 4, 302-311.
Jowett, S., & Clark-Carter, D. (2006). Perceptions of empathic accuracy and assumed
similarity in the coach-athlete relationship. British Journal of Social Psychology, 45, 617-
637. doi:10.1348/014466605X58609.
Jowett, S., & Cockerill, I. M. (2003). Olympic medallists' perspective of the athlete-coach
relationship. Psychology of Sport and Exercise, 4, 313-331. doi:10.1016/S1469
0292(02)00011-0.
Jowett, S., & Meek, G. A. (2000). The coach-athlete relationship in married couples: An
exploratory content analysis. The Sport Psychologist, 14, 157-175.
29
Jowett, S., & Nezlek, J. (2011). Relationship interdependence and satisfaction with important
outcomes in coach-athlete dyads. Journal of Social and Personal Relationships, 1-15.
doi: 10.1177/0265407511420980.
Jowett, S., & Ntoumanis, N. (2004). The Coach-Athlete Relationship Questionnaire (CART-
Q): Development and initial validation. Scandinavian Journal of Medicine & Science in
Sports, 14, 245-257. doi: 10.1046/j.1600-0838.2003.00338.x.
Jowett, S., Shanmugam, V., & Caccoulis, S. (2012). Collective efficacy as a mediator of the
association between interpersonal relationships and athlete satisfaction in team sports.
International Journal of Sport and Exercise Psychology, 10(1), 66-78. doi:
10.1080/1612197X.2012.645127.
Jowett, S., & Timson-Katchis, M. (2005). Social networks in sport: Parental influence on the
coach-athlete relationship. The Sport Psychologist, 19, 267-287.
Koh, K. T., & Wang, C. K. (2015). Gender and type of sport differences on perceived
coaching behaviours, achievement goal orientations and life aspirations of youth Olympic
games Singaporean athletes. International Journal of Sport and Exercise Psychology,
13(2), 91-103. doi: 10.1080/1612197X.2014.932820.
LaVoi, N. M. (2007). Expanding the interpersonal dimension: Closeness in the coach-athlete
relationship. Sports Science, 2(4), 497-512.
Lorimer, R., & Jowett, S. (2009). Empathic accuracy, meta-perspective, and satisfaction in the
coach-athlete relationship. Journal of Applied Sport Psychology, 21(2), 201-212. doi:
10.1080/10413200902777289.
Lorimer, R., & Jowett, S. (2010). The influence of role and gender in the empathic accuracy
of coaches and athletes. Psychology of Sport and Exercise, 11, 206-211.
doi:10.1016/j.psychsport.2009.12.001.
Myers, N. D., Wolfe, E. W., & Feltz, D. L. (2005). An evaluation of the psychometric
properties of the Coaching Efficacy Scale for coaches from the United States of America.
Measurement in Physical Education and Exerise Science, 9(3), 135-160. doi:
10.1207/s15327841mpee0903_1.
Murcia, J. A., Gimeno, E. C., & Coll, D. G. (2008). Relationships among goal orientations,
motivational climate and flow in adolescent athletes: Differences by gender. The Spanish
Journal of Psychology, 11(1), 181-191.
Newton, M., Duda, J. L., & Yin, Z. (2000). Examination of the psychometric properties of the
Perceived Motivational Climate in Sport Questionnaire - 2 in a sample of female athletes.
Journal of Sports Sciences, 18(4), 275-290. doi:10.1080/026404100365018.
30
Nicholls, A. R., Polman, R., & Levy, A. R. (2010). Coping self-efficacy, pre-competitive
anxiety, and subjective performance among athletes. European Journal of Sport Science,
10(2). 97-102. doi:10.1080/17461390903271592.
Nicholls, J. G. (1984). Achievement motivation: Conceptions of ability, subjective
experience, task choice, and performance. Psychological Review, 91(3), 328-346.
Olympiou, A., Jowett, S., & Duda, J. L. (2008). The psychological interface between the
coach-created motivational climate and the coach-athlete relationship in team sports. The
Sport Psychologist, 22, 423-438.
Philippe, R. A., & Seiler, R. (2006). Closeness, co-orientation and complementarity in coach-
athlete relationships: What male swimmers say about their male coaches. Psychology of
Sport and Exercise, 7, 159-171. doi:10.1016/j.psychsport.2005.08.004.
Reinboth, M., & Duda, J. (2006). Perceived motivational climate, need satisfaction and
indices of well-being in team sports: A longitudinal perspective. Psychology of Sport and
Exercise, 7(3), 269-286. doi: 10.1016/j.psychsport.2005.06.002.
Seifriz, J. J., Duda, J. L., & Chi, L. (1992). The relationship of perceived motivational climate
to intrinsic motivation and beliefs about success in basketball. Journal of Sport &
Exercise Psychology, 14, 375-391.
Smith, R. E., Cumming, S. P., & Smoll, F. L. (2008). Development and validation of the
Motivational Climate Scale for Youth Sports. Journal of Applied Sport Psychology,
20(1), 116-136. doi: 10.1080/10413200701790558.
Sullivan, P., Jowett, S., & Rhind, D. (2014). Communication in sport teams. Routledge
Companion to Sport and Exercise Psychology, Global perspectives and fundamental
concepts, 36, 559-570. doi: 10.4324/9781315880198.
Totterdell, P. (1999). Mood scores: Mood and performance in professional cricketers. British
Journal of Psychology, 90, 317-332.
Vargas-Tonsing, T. M., Myers, N. D., & Feltz, D. L. (2004). Coaches' and athletes'
perceptions of efficacy-enhancing techniques. The Sport Psychologist, 18, 397-414.
Walling, M. D., Duda, J., & Chi, L. (1993). The Perceived Motivational Climate in Sport
Questionnaire: Construct and predictive-validity. Journal of Sport and Exercise
Psychology, 15(2), 172-183.
Yang, S. X., & Jowett, S. (2012). Psychometric properties of the Coach-Athlete Relationship
Questionnaire (CART-Q) in seven countries. Psychology of Sport and Exercise, 13, 36-
43.
31