Manual Sistema Nervoso 2023
Manual Sistema Nervoso 2023
Manual Sistema Nervoso 2023
MANUAL
Noções básicas do sistema
nervoso e aconselhamento
na farmácia
José Coelho
2023
NOÇÕES BÁSICAS DO SISTEMA NERVOSO
Todos nós sentimos fome, sede, cheiros, sons, dores. Todas essas sensações são
produzidas a partir de estímulos de um sistema muito importante no nosso corpo, o
sistema nervoso. Para ouvir o som de um pássaro cantando, é preciso que o ouvido
capte as vibrações desse som e envie um estímulo nervoso até o cérebro. Lá ele é
decodificado e interpretado. Assim, ouve-se o som. Mas isso ocorre em milésimos de
segundos, vamos descobrir como?
Composição de um neurônio
Nosso sistema nervoso é formado por células nervosas chamadas de neurônios, que
são compostos por:
• Dendritos: pequenos filamentos que recebem os impulsos de outros neurônios;
• Axônio: filamento alongado e fino da célula. Transmite os impulsos nervosos;
• Corpo celular: onde fica o núcleo celular;
• Bainha de mielina: a mielina é uma substância isolante produzida pelo axônio que tem
função de aumentar a velocidade de transmissão dos impulsos.
Entre os neurônios há um pequeno espaço chamado de sinapse. Quando o impulso
nervoso chega até o axônio, há liberação de substâncias (os neurotransmissores) nas
sinapses. Essas substâncias causam alterações nas extremidades das outras células,
provocando um novo impulso nervoso, passando rapidamente de uma célula para outra.
Existem três tipos de neurônios: os neurônios sensoriais, neurônios motores e neurônios
de associação.
Os neurônios sensoriais recebem os estímulos dos órgãos dos sentidos (visão, olfato,
audição, paladar e tato) e os levam até o sistema nervoso central para serem
decodificados e interpretados.
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Os neurônios motores levam as respostas do sistema nervoso central até os músculos
ou outros órgãos para serem executadas.
Os neurônios de associação fazem as ligações entre todos os neurônios.
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Sistema Nervoso Periférico (SNP): nervos e gânglios nervosos que conectam o
SNC aos órgãos do corpo.
Anatomia do Sistema Nervoso Central
Encéfalo
O encéfalo é formado pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Ele possui em torno de
35 bilhões de neurônios e pesa aproximadamente 1,4 kg.
O encéfalo é formado pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Encontra-se na caixa
craniana, ocupando todo seu espaço e junto com a medula e os nervos compõe o
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sistema nervoso. É envolvido por membranas chamadas meninges, cuja função é
proteger o encéfalo e a medula contra choques mecânicos.
Cérebro
Eles trabalham em conjunto, porém, existem algumas funções específicas para cada um
dos hemisférios. O hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo e o hemisfério
esquerdo controla o lado direito.
O fluxo sanguíneo no cérebro é bastante elevado, superado apenas pelos rins e
coração.
A maior parte do encéfalo é o telencéfalo, que faz parte do cérebro. Ele constitui quase
90% da massa encefálica e possui uma superfície característica marcada por sulcos e
reentrâncias que formam as circunvoluções cerebrais.
Há um sulco muito profundo que marca a divisão do cérebro em duas metades
chamadas de hemisférios cerebrais. O hemisfério direito liga-se ao hemisfério esquerdo
através do corpo caloso, que é constituído de inúmeras fibras nervosas.
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As regiões do cérebro coordenam funções específicas
A região mais externa do cérebro possui coloração mais acinzentada formando o córtex
cerebral (também conhecido como substância cinzenta) e internamente a coloração é
mais esbranquiçada (substância branca).
Além disso, há regiões delimitadas no córtex dos hemisférios que são chamadas de
lobos e são responsáveis por coordenar funções específicas, como memória, raciocínio
e audição. São quatro: lobo frontal, lobo temporal, lobo parietal e lobo occipital.
Diencéfalo: Tálamo e Hipotálamo
Ligadas ao córtex cerebral, essas pequenas estruturas estão localizadas na base do
cérebro. O tálamo é composto de muitos corpos celulares tal como a substância
cinzenta dos hemisférios cerebrais. É responsável pela recepção das mensagens
sensoriais, atuando na transmissão delas ao córtex. Está também envolvido com a
regulação do estado de atenção e consciência.
O hipotálamo é tão pequeno como um grão de ervilha, sendo encontrado logo abaixo do
tálamo. Atua na regulação da temperatura corporal e controle de água do corpo, tendo
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importante papel na homeostase. Também participa na expressão das emoções e dos
comportamentos sexuais, relacionando o sistema nervoso ao endócrino.
Cort
e mediano do encéfalo e suas estruturas
Cerebelo
O cerebelo ou metencéfalo representa 10% do volume do encéfalo. Ele é relacionado
com a manutenção do equilíbrio corporal, controle do tônus muscular e aprendizagem
motora.
Assim, como ocorre no cérebro, o cerebelo possui dois hemisférios separados por uma
faixa estreita, o vérmis.
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As funções do cerebelo estão relacionadas com a integração sensorial e motora. Ele
participa nos movimentos da cabeça, dos olhos e dos membros coordenando todo o
movimento do corpo. Além disso o cerebelo controla o equilíbrio durante a caminhada e
também é responsável pela postura
Tronco Encefálico
O tronco encefálico é constituído pelo mesencéfalo, ponte e bulbo.
O mesencéfalo é a menor parte do tronco encefálico, localiza-se entre a ponte e o
cérebro. A ponte localiza-se entre o mesencéfalo e o bulbo. No bulbo, a parte inferior
liga-se a medula espinhal e a superior com a ponte.
Bulbo
O bulbo ou medula oblonga começa um pouco acima do primeiro par de nervos
espinhais cervicais e vai até um sulco. Estão localizados aí os centros vitais que
controlam respiração e batimentos cardíacos.
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Ponte
A ponte está situada entre o bulbo e o mesencéfalo. Existe um sulco transversal que
marca a separação entre o bulbo e a ponte. Posteriormente a ponte fica encoberta pelo
cerebelo. A ponte está relacionada com as funções cerebelares de movimento e
equilíbrio.
Medula Espinal
Meninges
Todo o Sistema Nervoso Central é revestido por três membranas que o isolam e
protegem, as meninges.
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A aracnoide e a pia-máter são separadas pelo líquido cefalorraquidiano ou liquor. Ele
confere proteção mecânica e amortecimento de choques aos órgãos do Sistema
Nervoso Central. Ainda oferece nutrientes ao cérebro.
Ele é uma das divisões do Sistema Nervoso, que anatomicamente, é dividido em:
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Sistema Nervoso Central e Periférico
O SNP é constituído por nervos e gânglios. Eles são os responsáveis por interligar o
SNC as partes do corpo.
Nervos
Os nervos correspondem a feixes de fibras nervosas envolvidas por tecido conjuntivo.
Eles são responsáveis por fazer a união do SNC a outros órgãos periféricos e pela
transmissão dos impulsos nervosos.
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Os nervos apresentam os seguintes tipos:
Gânglios
Os gânglios nervosos são aglomerados de neurônios situados fora do sistema nervoso
central, espalhados pelo corpo. É comum eles formarem uma estrutura esférica.
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Divisões do Sistema Nervoso Periférico
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O SNP é dividido em sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo, de acordo
com sua atuação.
Sistema Nervoso Somático: regula as ações que estão sob o controle da nossa
vontade, ou seja, ações voluntárias. Atua sob a musculatura esquelética de contração
voluntária.
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Divisão do Sistema Nervoso Periférico
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O sistema nervoso ou sistema neural humano, originado a partir do ectoderma (um
folheto embrionário), é formado por neurônios, células da glia e reduzida quantidade de
substâncias intracelulares, atuando diretamente na coordenação funcional dos diferentes
órgãos e demais sistemas, armazenando informações, captando sensações e efetuando
reações por mecanismos hormonais e motores.
A estrutura de um neurônio:
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Telodendros → ramificações situadas na região terminal de um axônio, aumentando a
superfície de propagação de um impulso, permitindo intercâmbio com outro neurônio ou
um órgão.
As informações são emitidas por estímulos através da captação pelos sentidos e órgãos,
transferidos aos nervos até a medula espinhal ou o encéfalo. Sendo então o estímulo
processado e enviadas as mensagem por conexões neuronais aos nervos e desse aos
músculos ou gânglios, em resposta a alterações do meio externo ou interno.
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Nervos Cranianos
Os nervos cranianos são os que fazem conexão com o encéfalo. Em humanos, são
compostos por 12 pares que partem do encéfalo e o conectam aos órgãos dos sentidos
e músculos.
I - Nervos olfativos
São originados na região olfatória de cada fossa nasal, atravessam o osso etmoide e
terminam no bulbo olfatório.
Possuem função exclusivamente sensitiva, sendo responsáveis pela condução dos
impulsos olfatórios.
II - Nervos ópticos
São compostos por um grosso feixe de fibras nervosas originadas na região da retina
que penetram no crânio através do canal óptico.
Possuem função estritamente sensitiva.
IV - Nervo troclear
É um nervo com parte sensitiva e motora, também relacionado com a movimentação dos
olhos e a visão.
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V - Nervo trigêmeo
Apresenta uma porção motora e outra sensitiva.
A porção motora atua nos músculos relacionados com a mastigação.
A porção sensitiva apresenta três ramos: o oftálmico, maxilar e mandibular. É
responsável pela inervação da face, parte do couro cabeludo e de regiões mais internas
do crânio.
VI - Nervo abducente
Ë responsável pela inervação do músculo reto lateral do olho.
IX - Nervo glossofaríngeo
É um nervo com função sensitiva e motora. É responsável pela sensibilidade de parte da
língua, da faringe e tuba auditiva. A parte motora é relacionada com os músculos da
faringe.
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X - Nervo vago
É um nervo com função motora e sensitiva. Inerva quase todos os órgãos abaixo do
pescoço, com inervação parassimpática. É responsável pela manutenção de funções
vitais como regulação da frequência cardíaca.
XI - Nervo acessório
É um nervo essencialmente motor, atuando em funções relacionada à deglutição e
movimentos da cabeça e pescoço.
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ANSIEDADE
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Qual a incidência de ansiedade em Portugal?
Em alguns casos, a ansiedade poderá ter uma causa evidente. Por outro lado, existem
outros casos em que a ansiedade parece não ter causa aparente. Quando isso sucede,
o facto de o paciente não conseguir identificar a causa da sua ansiedade tende a
aumentá-la ainda mais. Por esse motivo, um dos aspetos importante no tratamento da
ansiedade é a identificação dos fatores que a desencadeiam.
Para além disso, pensa-se poder existir uma base genética para a ansiedade.
A ocorrência de experiências stressantes e a incapacidade de lidar com elas é outro
aspeto importante.
O consumo de álcool, drogas, chá, café, tabaco e alguns medicamentos podem também
associar-se a crises de ansiedade.
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De um modo geral, as dificuldades da vida são habitualmente fatores que desencadeiam
ansiedade, e nos casos agudos, angústia. Além disso, as dificuldades pessoais de
inserção na sociedade, os conflitos interiores no domínio afetivo, emocional e sexual
podem conduzir a uma sintomatologia ansiosa.
Como se manifesta a ansiedade?
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É necessário não esquecer que a ansiedade é um fenómeno universal, que faz
parte da nossa vida. Frequentemente, pequenas alterações no quotidiano ou nos
hábitos podem diminuir ou mesmo eliminar as reações ansiosas.
Pode ser útil adotar no dia-a-dia hábitos simples que permitam reduzir os estados
de ansiedade. São exemplos disso as técnicas de relaxamento e meditação, uma
boa gestão e organização do tempo, uma comunicação regular e eficaz com os
outros (tanto no trabalho como em casa), entre outros.
Por vezes, pode ser necessário o recurso a medicamentos, que deverão ser
sempre prescritos pelo médico. Este tipo de tratamento é, habitualmente, de
longa duração e deve ser cuidadosamente acompanhado.
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DEPRESSÃO
Estima-se que uma em cada quatro mulheres e um em cada dez homens possam ter
crises de depressão em alguma fase da sua vida e as crianças também podem ser
afetadas.
Não existem dados concretos em relação à sua frequência em Portugal, mas as
estimativas referem valores de 2 a 3% para os homens e de 5 a 9% para as mulheres
para as formas mais graves de depressão e valores superiores a 20% para formas mais
ligeiras da doença.
O que distingue uma Depressão de sentimentos de tristeza?
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Trata-se de uma doença que pode passar despercebida, uma vez que os seus sintomas
podem atribuídos a outras causas (doenças físicas, stress, etc.).
É importante perceber que todos podemos estar tristes, mas esses sentimentos duram
pouco tempo. No caso da depressão, ocorre interferência no dia-a-dia e um sofrimento
intenso. Como tal, a depressão, embora comum, é uma doença grave.
Muitos doentes com depressão não procuram tratamento, embora existam formas
eficazes de tratar a depressão.
Quais os sintomas de depressão?
A depressão é uma perturbação do humor que não deve ser confundida com os
sentimentos de tristeza, geralmente reativos a acontecimentos da vida, temporários e
que, de um modo geral, não são incompatíveis com uma vida normal.
A depressão pode apresentar diferentes formas e graus de gravidade.
Na depressão, os sintomas tendem a persistir durante mais tempo e podem incluir:
Sentimentos de tristeza e aborrecimento
Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação
Sensações de aflição, preocupação, receios infundados e insegurança
Diminuição da energia, fadiga e lentidão
Perda de interesse e prazer nas atividades diárias
Perturbação do sono e do desejo sexual
Variações significativas do peso por perturbações do apetite
Sentimentos de culpa e de auto-desvalorização
Alterações da concentração, memória e raciocínio
Sintomas físicos não devidos a outra doença (dores de cabeça, perturbações
digestivas, dor crónica, mal-estar geral)
Ideias de morte e tentativas de suicídio
A depressão afeta de um modo significativo o rendimento no trabalho, a vida familiar e
todas as atividades do doente, causando grande sofrimento.
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Nas formas mais graves, os sintomas podem surgir sem relação aparente com
acontecimentos traumáticos da vida e duram diversos meses.
Nas formas mais ligeiras, a intensidade dos sintomas é menor e permitem a manutenção
das atividades diárias, embora sempre com uma sensação de fadiga, tristeza e
desinteresse, que se prolonga durante anos.
Em alguns casos, a depressão não se manifesta sob a forma de tristeza, mas através de
sintomas como a fadiga, dores inespecíficas, sensação de opressão no peito, insónias,
perturbações digestivas (náuseas, vómitos, diarreia), o que coloca a hipótese de uma
doença diferente, assim dificultando e retardando o diagnóstico.
A depressão pode fazer parte da Doença Bipolar, na qual ocorrem episódios de
depressão alternados com períodos de excitação e euforia. Nas fases eufóricas, a
autoestima dos doentes está muito elevada com perda da noção da realidade, podendo
ocorrer gastos excessivos e a realização de negócios impossíveis.
Quais as causas da Depressão?
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negativa feita pelos outros tenderá a acentuar a fraca imagem pessoal e a reduzida
autoestima.
O suicídio é uma possibilidade que não deve ser esquecida e o tratamento é essencial
para reduzir esse risco e permitir a melhoria dos sintomas da depressão.
Existem diversos tratamentos possíveis para a depressão, incluindo-se nestes os
medicamentos antidepressivos e a psicoterapia.
Existem diversas classes de medicamentos que deverão ser sempre escolhidos pelo
médico de uma forma individualizada. De um modo geral, são tratamentos que devem
ser prolongados durante um período de tempo significativo de modo a serem eficazes.
O suporte familiar e social é um complemento importante do tratamento selecionado
pelo médico.
O prognóstico da depressão é bom e depende essencialmente do tratamento instituído e
de um adequado controlo de todos os fatores de risco presentes em cada caso.
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SONO NORMAL e INSÓNIA
• REM – refere-se a fase de sono com intensa atividade cerebral (com sonhos),
movimentos oculares rápidos, ausência da termorregulação e de tónus muscular (exceto
no diafragma e nos músculos dos olhos e do ouvido medio).
Durante a noite, as duas fases alternam-se em ciclos com uma duração de 90 a 110
minutos cada. Estes ciclos terminam em breves micro-despertares e repetem-se quatro
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a seis vezes por noite. A proporção das diferentes fases em cada ciclo varia durante a
noite, com o sono NREM predominando no primeiro 1/3 e o sono REM no ultimo terço
da noite,
Com o crescimento a duração total de sono nas 24 horas vai diminuindo bem como a
proporção de sono REM e inversamente há um aumento de sono NREM.
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adaptadas a idade e ao desenvolvimento da criança e, quando já só há uma sesta, esta
deve ser realizada no inicio da tarde e durar no máximo duas horas. Antes de dormir
devem ser evitadas bebidas estimulantes, refeições pesadas ou exercício físico. A rotina
de ir para a cama deve ser consistente, de curta duração e com atividades calmas e
agradáveis.
O ambiente em que se dorme também e importante, não devendo existir televisão,
computador ou telemóvel no quarto.
Idade Sono
0 - 2 meses
Duração de sono - 10 a 19 / 24 horas. Períodos de sono alternados com uma a duas
horas de vigília, determinados pela fome e saciedade e sem padrão diurno/noturno.
Padrões de sono irregulares.
2 - 12 meses
Duração de sono - 12 a 13 / 24 horas. Período de sono noturno de nove a dez horas.
Diminuição progressiva do numero de sestas diurnas, de quatro a duas. Desenvolve-se
a capacidade de adormecer sozinho.
1 - 3 anos
Duração de sono - 11 a 13 / 24 horas. Passa a haver apenas uma sesta durante o dia
(habitualmente por volta dos 18 meses).
3 - 6 anos
Duração de sono – 9 a 10 /24 horas. Em idade variável desaparecem as sestas. Cerca
de 26% das crianças de quatro anos e 15% das de cinco anos necessita de sesta.
6 - 12 anos
Duração de sono – 9 a 10 /24 horas. Adolescência. Duração de sono - 8 a 9 / 24 horas.
Com a puberdade há um atraso fisiológico na produção da melatonina que condiciona o
inicio do sono cerca de duas horas mais tarde do que e habitual. Os adolescentes têm
tendência a estar mais alerta a noite e a acordar mais tarde.
DISTÚRBIOS do SONO
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Estima-se que cerca de 30% das crianças/adolescentes apresente ou ja tenha
apresentado algum problema de sono. A falta de identificação e orientação pode
contribuir para a sua persistência ate a idade adulta. E fundamental que estas situações
sejam diagnosticadas e orientadas atempadamente e, por isso, o inquérito de hábitos do
sono deve fazer parte das consultas de vigilância de saúde infantil e juvenil. Devem ser
abordadas questões relativas a hora de deitar e de levantar (durante a semana e fim-de-
semana), rotina de ir dormir, resistência em ir para a cama, dificuldade em adormecer e
despertares noturnos; sintomas noturnos como ressonar, pausas respiratórias, agitação
ou movimentos exuberantes, episódios de confusão, choro ou deambulação; sintomas
diurnos como a sonolência excessiva, hiperatividade, perturbações do comportamento
ou dificuldades de aprendizagem.
Parassónias
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episódios sejam mais frequentes na primeira metade da noite e que não haja memoria
para o episodio.
A historia familiar e frequentemente positiva já que existe uma predisposição genética. A
esta associa-se fatores precipitantes que condicionam a ocorrência e frequência dos
episódios: privação, ma higiene ou simplesmente alteração do padrão de sono (como
dormir num local diferente); alterações emocionais ou comportamentais e patologias
como a síndrome de apneia obstrutiva do sono.
Se as características não forem típicas (vários episódios por noite, horário não habitual,
movimentos estereotipados, posturas distónicas ou memoria lucida para o episodio)
deve ser equacionado o diagnostico diferencial com crises epiléticas.
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As parassónias do período REM mais frequentes são os pesadelos. Ocorrem na
segunda metade da noite, há memoria para o episodio, e as crianças acordam
completamente, estando assustadas e com medo de voltar a dormir. Nestes casos e
importante tranquilizar e transmitir segurança.
Hipersónia
Devem ser excluídas doenças que cursem com dor ou necessidade de tomar medicação
durante a noite, psiquiátricas (como a depressão) e distúrbios do sono como a
perturbação respiratória obstrutiva do sono ou a síndrome de pernas inquietas. A
privação de sono pode também estar relacionada com ma higiene do sono - horários
irregulares, horário tardio de ir dormir e/ou presença e uso de televisão, computador ou
telemóvel.
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síndrome de atraso de fase e fundamental a motivação do adolescente e da família e
podem ser utilizados ajustes de horários de ir dormir e acordar, exposição a luz ou
administração de melatonina,
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apenas resistência em ir para a cama, insónia inicial ou sono agitado. A historia familiar
e frequentemente positiva e o fator de
risco mais comumente associado e a diminuição das reservas de ferro. Se a ferritina for
inferior a 50 ng/ml, esta indicado a administração de ferro (6 mg/kg/dia) durante seis
meses.
O bruxismo ou “ranger” dos doentes e uma entidade que, com frequência, preocupa os
pais. Consiste em movimentos repetitivos involuntários e não funcionais, que
habitualmente desaparecem com a erupção da dentição definitiva. A sua fisiopatologia
não é completamente conhecida, descrevendo-se fatores de risco como ma oclusão
dentaria, rinite alérgica, ansiedade, paralisia cerebral ou historia familiar positiva. Se
ocorrer frequentemente pode causar erosão dentaria, dores faciais ou na articulação
temporomandibular, cefaleias e eventualmente sintomas diurnos relacionados com ma
qualidade do sono. Nestes casos a criança/adolescente deve ser referenciada para
tratamento dentário.
FACTOS A RETER
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A síndrome de pernas inquietas pode ocorrer em crianças/adolescentes e cursar com
queixas de difícil caracterização nos membros inferiores, insónia inicial e sono agitado.
A hiperatividade pode ser uma manifestação de défice de sono na criança mais pequena
e, por outro lado, cerca de um quarto das crianças com esta perturbação tem problemas
de sono.
A criança com síndrome de apneia obstrutiva do sono grave pode ter uma observação
normal durante o dia.
INSÓNIA
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A insónia define-se como a dificuldade no inicio do sono, na sua consolidação ou
qualidade.
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As perturbações do sono constituem, portanto, um problema de saúde pública que
requer uma intervenção quer a nível individual, quer num âmbito mais vasto.
Em Portugal, de acordo com os resultados obtidos em alguns estudos, 28,1% da
população com mais 18 anos de idade sofre de sintomas de insónia, pelo menos três
noites por semana.
A insónia é o distúrbio do sono mais frequente no adulto e associa-se a importantes
consequências, como o aumento da mortalidade causada por doenças cardiovasculares,
distúrbios psiquiátricos, acidentes e o absentismo laboral.
A insónia pode afetar cerca 69% dos doentes de uma consulta de Clínica Geral e,
apesar de afetar milhões de pessoas em todo o mundo, esta doença continua a ser sub-
diagnosticada, razão pela qual muitos doentes não recebem o tratamento adequado.
A insónia é definida como uma experiência subjetiva de sono inadequado ou de
qualidade limitada, apesar de existir uma oportunidade e condições adequadas para
dormir, com prejuízo para o funcionamento social, ocupacional e de outras atividades
diurnas.
Pode ainda ser definida como uma dificuldade em iniciar o sono (insónia inicial),
dificuldade em manter o sono (insónia intermédia), acordar muito cedo (insónia terminal)
ou, embora com menor frequência, por uma queixa de sono não restaurador ou de má
qualidade.
Quanto à duração, a insónia pode ser aguda (duração inferior a quatro semanas) ou
crónica (duração superior a quatro semanas) com os sintomas ocorrendo pelo menos
em três noites por semana.
O que causa as insónias?
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No que se refere às causas, a insónia pode ser dividida em insónia primária (não é
causada por condição física ou mental conhecida) ou secundária (causada por outra
doença médica ou psiquiátrica, medicamentos, etc.). A prevalência da insónia
secundária é muito superior à da insónia primária, e parece estar a aumentar.
Os distúrbios do humor e ansiedade estão presentes em 30% a 50% dos doentes com
insónia; as doenças médicas (mais frequentemente a dor) são encontradas em 10 % dos
doentes, o abuso de substâncias é encontrado noutros 10% e apenas 10% parece
resultar de distúrbios primários do sono.
As doenças psiquiátricas que mais frequentemente se apresentam com insónia, incluem
depressão major e a ansiedade.
Estão descritos como fatores de risco para a insónia crónica o aumento da idade, género
feminino, presença de outras doenças (doença médica, psiquiátrica, abuso de
substâncias), escassas relações sociais, baixo nível socioeconómico, separação
matrimonial ou de um parceiro, o desemprego e o trabalho por turnos.
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A insónia transitória (duração de uma a várias noites) é uma situação comum e sem
consequências graves. A insónia persistente ou crónica (duração de meses/anos) pode
corresponder a uma situação de doença e deve ser avaliada pelo médico.
Por outro lado, a insónia pode ser a causa de acidentes graves, quando a sonolência
ocorre durante a condução automóvel ou de outros veículos.
É fundamental uma correta história clínica, com uma detalhada história do sono e com o
registo de um diário de sono, bem como informação complementar sobre o/a parceiro(a)
para saber como ele (a) dorme.
O exame objetivo e o pedido de exames complementares de diagnóstico devem ser
direcionados para a suspeita da causa secundária da insónia.
No caso da insónia secundária, o tratamento deve ser direcionado para a sua causa
específica.
A combinação do tratamento farmacológico específico (benzodiazepinas) com o não
farmacológico (terapia comportamental) pode ser útil na insónia secundária, como
complemento do tratamento da doença de base.
As intervenções farmacológicas têm uma mais rápida resposta, mas a eficácia é melhor
mantida com a terapia combinada.
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O recurso a medicamentos deve ser considerado quando a insónia é aguda e é
necessária uma redução imediata dos sintomas.
Os medicamentos utilizados no tratamento das insónias podem ter importantes efeitos
secundários e, por isso, a sua utilização deve ser prescrita e acompanhada por um
médico.
Por exemplo, é importante não tomar esse tipo de medicamentos juntamente com álcool
ou outros fármacos psicoativos.
O tratamento deve ser iniciado com a menor dose eficaz, no menor tempo possível, e
ser descontinuado gradualmente. Se houver necessidade de administrações durante um
longo período de tempo, a sua utilização deve ser intermitente, (por exemplo, três noites
por semana), ou conforme necessário.
Uma bebida alcoólica antes de deitar facilita o início do sono, mas tende a torná-
lo mais leve, com maior probabilidade de se acordar durante a noite.
É igualmente útil adotar hábitos que facilitem o sono, como ler um livro, ouvir
música ou tomar um banho quente.
O exercício físico deve ser realizado pelo menos 5 a 6 horas antes da hora de
deitar e devem ser evitadas refeições muito pesadas.
O quarto de dormir deve ter um ambiente confortável no que se refere a
temperatura e iluminação e silêncio.
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Vale a pena tentar criar um ritmo, indo dormir e acordando às mesmas horas
todos os dias, incluindo os fins-de-semana.
PSICOSES
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Tipos
esquizofrenia;
transtorno de personalidade esquizotípica;
transtornos psicóticos.
Esquizofrenia
Esquizofrenia, no geral, é caracterizada por alterações no pensamento, na percepção,
no comportamento e no humor.
Apesar de poder acontecer em outras idades, este tipo de psicose se manifesta pela
primeira vez com maior frequência em adolescentes e jovens adultos na faixa dos 14 e
28 anos.
Existem diversos tipos de esquizofrenia, cada um com suas características específicas.
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Psicoses agudas e transitórias
Estes transtornos são caracterizados por sintomas psicóticos de curta duração e que
não reincidem. Os sintomas incluem ideias delirantes, alucinações e percepções
perturbadas, além de comportamento gravemente desorganizado. O tempo de duração
costuma ser de, no máximo, duas semanas.
Transtornos esquizoafetivos
Este tipo de transtorno possui sintomas tanto de características esquizofrênicas quanto
de transtornos de humor, não podendo ser classificados nem como um nem como outro.
Está dentro do espectro da esquizofrenia.
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Transtorno esquizoafetivo do tipo misto
Aqui, os sintomas de esquizofrenia são acompanhados tanto por episódios maníacos
quanto depressivos em igual medida.
Outros transtornos
Existem outras psicoses que não entram em nenhuma das classificações anteriores. É o
caso, por exemplo, da psicose alucinatória crônica, uma condição que causa
alucinações e delírios e cujos episódios podem ser espaçados por meses. Ela não se
encaixa em nenhum tipo de esquizofrenia.
Pode-se dizer que existem duas causas para psicoses: genética e devido ao abuso de
substâncias. Além disso, existem as chamadas psicoses secundárias, que são sintomas
psicóticos causados por outras condições e não são realmente psicoses, fazendo parte
de outro diagnóstico.
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Entretanto, existe uma maneira de adquirir a psicose mesmo sem tê-la latente. O abuso
de substâncias psicoativas é capaz de causar uma psicose legítima.
Usar drogas em grandes quantidades e de maneira frequente pode causar uma psicose.
Se a pessoa já possui a condição latente, existe uma chance maior de a doença ser
desencadeada. As drogas aqui listadas não estão em ordem específica e todas, em
menor ou maior grau, apresentam riscos. As drogas que provocam este quadro são:
Cocaína; Anfetamina; Metanfetamina; MDMA (ecstasy); Mephedrone (MCAT);
LSD; Cogumelos alucinógenos; Ketamina e o Álcool.
Psicose secundária
Quando uma doença causa sintomas psicóticos como alucinações e delírios, ela não
passa a ser considerada uma psicose. Estas doenças podem levar ao sintomas, mas
são seu próprio diagnóstico e não entram na classificação de psicose.
Grupos de risco
Estima-se que 1% das pessoas entre 14 e 28 anos de idade são consideradas de alto
risco clínico para esse transtorno e que pelo menos 20% dessas pessoas sofrerão um
episódio psicótico na vida.
Algumas pessoas estão no grupo de risco para o desenvolvimento de psicoses:
Quadro clínico
Delírios
A percepção é a maneira como uma pessoa interpreta um estímulo externo, por exemplo
quando você observa o desenho de um sol. O estímulo é o desenho. O seu cérebro
interpreta este estímulo e você é capaz identificá-lo como um sol: esta é a percepção.
Num delírio, o paciente possui uma percepção falsa sobre a realidade, necessariamente
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baseada em um estímulo externo. É um erro de julgamento. A pessoa em delírio
acredita em coisas que não são reais baseada em estímulos reais.
Por exemplo, ela pode ver alguém trazer sopa ao ver o líquido se mover, acreditar que
isso significa que ela está envenenada. Esse pensamento não é abalado apesar de
contra-argumentação e provas óbvias do contrário. Isso significa que alguém em delírio
não pode ser convencido do contrário, mesmo através de experiências que provem a
impossibilidade do delírio.
Os delírios apresentam-se como convicções firmes, que não podem ser mudadas, de
coisas impossíveis. Esta impossibilidade, entretanto, é aplicada ao caso. Certas pessoas
podem ter delírios em que acreditam que alguém envenenou seu alimento, mesmo que
a pessoa saiba que este alguém nunca chegou perto da comida. Comida envenenada é
tecnicamente possível, mas alguém que nunca esteve presente não pode adicionar o
veneno.
Importante notar que os delírios são coisas individuais, diferentes de instituições como
as religiosas, que são culturais e coletivas.
Alucinações
Alucinações são experiências que se assemelham com a percepção de um estímulo que
não está presente no momento. Elas podem envolver qualquer um dos cinco sentidos,
fazendo com que a pessoa veja ou ouça imagens ou sons que não estão sendo
emitidos.
Desorganização do pensamento
Pensamentos e discurso confusos e desorganizados.
Sintomas negativos
São chamados de sintomas negativos quaisquer sintomas que subtraem capacidades do
paciente. No caso das psicoses, com o tempo, pode haver reduções cognitivas e perda
da volição, ou seja, perda da capacidade de escolha e decisão.
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Alterações de humor
Oscilações de humor podem ser comuns em psicoses, causando sentimentos de
depressão ou euforia.
Alterações comportamentais
É comum que pacientes de psicoses tenham queda no rendimento escolar e
profissional, além de prejuízo no círculo social. Entre os comportamentos alterados pode
estar deixar de realizar responsabilidades que antes eram cumpridas como tarefa de
casa ou o trabalho.
Agitação e agressividade
O paciente pode se tornar agitado e agressivo.
Exames extras podem ser utilizados, por exemplo exames de sangue, ressonância
magnética e tomografia computadorizada. É importante notar que estes exames não são
feitos para encontrar sinais de psicose, mas para descartar condições que possam
causar uma possível psicose secundária.
Infelizmente, as psicoses não têm cura. Elas podem ser tratadas e entrar em remissão,
mas o risco de afetar o paciente sempre estará presente.
Os tratamentos para a condição podem controlar os sintomas e melhorar a qualidade de
vida do paciente.
Qual o tratamento?
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O tratamento para psicoses envolve o uso de medicamentos antipsicóticos e terapia
psicológica, além de afastar o paciente de gatilhos conhecidos.
Medicamentos
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar
um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do
tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas
neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma,
substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer
tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem,
procure orientação médica ou farmacêutica.
Terapia
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As psicoses são condições que podem causar grande sofrimento no paciente e é
importante que haja terapia psicológica para ajudá-lo a conviver melhor com seu
transtorno.
Em casos em que o paciente apresenta risco para si ou para outras pessoas, ele poderá
ser hospitalizado.
Convivendo
Os familiares são aqueles que irão passar mais tempo com o paciente doente e isso
pode ser desgastante. A doença causa sofrimento, acima de tudo, para o paciente, mas
os familiares também passarão por desafios.
É importante que a família aceite e entenda a doença, evitem tentar culpar alguém ou
alguma coisa pelo que aconteceu e que não desconte no paciente as frustrações que ela
lhe causa.
Terapia ocupacional
A terapia ocupacional pode ajudar o paciente a aprender como conviver com seus
arredores e com sua condição. Este tipo de terapia é capaz de aumentar drasticamente
a qualidade de vida do paciente, especialmente se houver terapia familiar junto da
ocupacional.
Grupos de ajuda
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Grupos de ajuda podem transmitir a sensação de que a pessoa não está sozinha na
situação em que se encontra, tanto para os pacientes quanto para os familiares. Parte
considerável da população passa por situações parecidas e os grupos de ajuda podem
servir de apoio para quem se sente solitário nesta situação.
Prognóstico
Com o devido tratamento, o paciente pode ter seus sintomas controlados e entrar em
remissão. Isso não é uma garantia e nem é definitivo.
A remissão significa que os sintomas não estão mais presentes e que a condição não
está ativa no momento. Contudo, ela pode voltar e, por isso, o tratamento não deve se
descontinuado mesmo durante a remissão.
Se o primeiro episódio do psicose se deu na vida adulta, é mais fácil viver com menos
complicações, seguindo o tratamento e evitando gatilhos para as crises, já que o
paciente passou pelas adaptações sociais necessárias antes da condição o atingir.
Entretanto, seguindo o tratamento medicamentoso e frequentando o médico psiquiatra e
o psicólogo, mesmo em remissão, é possível ter uma qualidade de vida satisfatória.
Complicações
O paciente com psicose sofre com enorme perda de qualidade de vida e isso acontece
mesmo com tratamento. Sem tratar a condição, as psicoses podem levar um paciente ao
suicídio.
Perdas sociais
Por conta dos delírios e alucinações, pessoas com psicoses podem sofrer severas
perdas sociais, tanto pelas pessoas não se sentirem confortáveis próximas a elas,
quanto pelo paciente não se sentir confortável próximo de outras pessoas.
Durante uma crise psicótica, a pessoa pode acreditar que os outros estão tramando
contra ela ou que querem seu mal. Fora de uma crise, ela pode se sentir mal e
envergonhada pelo que acontece consigo.
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Redução cognitiva e de memória
Com o tempo, existe o risco de diminuição cognitiva do paciente com psicose. Isso não
necessariamente irá acontecer, mas é um risco real, especialmente sem tratamento.
Perda de volição
A volição é a capacidade de fazer escolhas. Com o tempo, o paciente pode ter sua
volição reduzida, tornando o paciente dependente das escolhas de pessoas a seu redor.
Não existe como prevenir todas as causas de psicoses. Algumas são genéticas,
algumas são doenças e algumas não são conhecidas. É possível, entretanto, prevenir
comportamentos que facilitam o desencadear de psicoses.
Evitar o uso de drogas psicoativas como a maconha, o LSD e o álcool pode
prevenir alguns tipos de psicose.
BENZODIAZEPINAS
Histórico
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São moduladores alostéricos positivos dos recetores do tipo A do ácido gamma-
aminobutírico (GABA), neurotransmissor inibidor do SNC (Sistema Nervoso Central),
tornando os recetores GABA mais sensíveis à ativação pelo próprio GABA. O
mecanismo de ação de todas as BZDs é sensivelmente o mesmo, contudo, as
diferenças no âmbito da farmacocinética e farmacodinamia conferem características a
cada um dos fármacos, permitindo definir a escolha de um fármaco em detrimento de
outro, consoante a situação clínica.
Devido ao seu maior índice terapêutico e menor potencial para induzir tolerância e
dependência física, as BZDs vieram substituir os barbitúricos e meprobamato, tornando-
se numa das classes farmacológicas mais prescritas em todo o mundo. Também
Portugal apresenta um dos maiores níveis de utilização a nível europeu. Contudo,
pensa-se que este consumo generalizado não se verifique apenas pela sua ampla
aplicabilidade clínica.
Apesar das BZDs serem consideradas fármacos seguros e eficazes no que diz respeito
a tratamento de curto prazo, o seu uso no tratamento a longo prazo é controverso devido
ao desenvolvimento de tolerância e dependência. Assim sendo, mostra-se oportuno
apurar em que consistem os fenómenos da tolerância, da dependência (física e
psicológica), da síndrome de abstinência de BZDs, entre outros conceitos relacionados,
bem como apresentar quais os mecanismos neurobiológicos, modelos explicativos e
fatores associados que visam explicar a sua ocorrência. Diversos aspetos devem ser
tomados em conta, relativamente à decisão terapêutica e à prescrição racional por parte
do médico em relação às BZDs. Isso inclui a decisão da implementação do fármaco
perante os sintomas e patologias apresentadas, medidas de prevenção de abuso e
dependência, bem como a consciencialização de que a interrupção do fármaco deverá
ser realizada de forma progressiva e submetida a uma vigilância apertada. O uso
inapropriado desta classe farmacológica acarreta ainda um risco crescente dos doentes
se automedicarem e aumentarem a dose destas substâncias.
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temática, devendo sempre equacionar qual a melhor estratégia terapêutica para o
doente
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É aconselhado que a utilização destes medicamentos se restrinja a ansiedade e insónias
patológicas, evitando-se a sua utilização nas formas ligeiras e moderadas. A sua
utilização deve ser limitada no tempo.
Efeitos Psicoativos
1. Efeitos Imediatos
Têm uma ação ansiolítica, anticonvulsiva e provocam um estado de relaxamento
muscular e sonolência. Podem provocar desinibição, pondo o indivíduo num estado
loquaz, excitável ou inclusivamente agressivo.
Trata-se de fármacos com uma ampla margem de segurança e, até nas intoxicações
agudas, o risco de morte é reduzido.
As doses elevadas provocam náuseas, confusão, diminuição da coordenação
psicomotora.
Todos os efeitos, tal como acontece com os barbitúricos, aumentam em combinação
com o álcool, podendo provocar uma overdose.
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Não obstante as recomendações para uma utilização restrita destes fármacos, Portugal
apresenta dos maiores níveis de utilização de benzodiazepinas ao nível europeu. Este
facto veio realçado no relatório do International Narcotics Control Board, que aconselha
Portugal a analisar a prática atual no que concerne à prescrição e utilização de
benzodiazepinas.
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