O Impressionismo
O Impressionismo
O Impressionismo
O impressionismo foi o movimento mais importante e revolucionrio ocorrido na pintura ocidental, especialmente francesa, entre 1860 e 1890, depois de ter sido anunciada nas obras de Courbet e Turner. Nesse perodo, nenhum outro pode ser comparado, tanto pela nova viso plstica do mudo que revelou como pelas originais inovaes que introduziu no domnio da tcnica de pintura. Tambm nenhum outro lhe pode ser comparado pelas fecundas e prolongadas influncias que exerceu, tendo contribudo direta e decisivamente para a formao das primeiras escolas da pintura moderna no comeo do sculo XX. Revelando nova viso plstica do mundo, adotou novos processos tcnicos para transmiti-la adequada e fielmente, demonstrando assim a perfeita coerncia estilstica sempre encontrada nas concepes de arte realmente autnticas e inovadoras. Veio diretamente do Realismo, de cujo esprito cientfico se impregnara. Os primeiros e representativos impressionistas saram justamente das fileiras realistas que, sob a inspirao de Courbet combatiam, na poca, as convenes de arte oficial, adotadas na Escola de Belas Artes e consagradas no Salo de Paris. Oficialmente, o movimento impressionista nasceu dia 15 de abril de 1874 quando um grupo de jovens e desconhecidos pintores inaugurava uma exposio coletiva, no salo do fotgrafo Felix Nadar, em Paris. Entre os expositores estavam Auguste Renoir, Paul Czanne, Claude Monet, alm de outros de menor relevo. A exposio no foi bem recebida pelo pblico e a crtica. Apenas pequeno nmero de visitantes, intelectuais e artistas, parecia compreender e apoiar os jovens artistas. A maioria os condenava, considerando-os falsos pintores, que ignoravam a beleza, as regras tradicionais da pintura e os princpios eternos da arte. Os visitantes, quando no indignavam, riam. Assim, entre protestos e risos, a exposio encerrava-se um ms depois. Entre restries e ironias, combatidos sobretudo pela Escola deBelas Artes e pelo Salo Oficial de Pris, mas, aos poucos, aceitos e compreendidos, os impressionistas continuaram fazendo as suas exposies coletivas, em nmero de oito, at 1886, quando o gruopo finalmente se dispersou, cada um tomando o seu caminho na vida. A consagrao oficial veio somente em 1927, quando o governo criou o Museu dos Impressionistas, justo reconhecimento pela obra daqueles jovens renegados pintores que revolucionaram a pintura de poca, livrando-a do academicismo at ento reinante. Dentre os percussores do impressionismo no podemos esquecer a figura do Leonardo da Vinci. Basta lembrar que as suas observaes sobre a natureza foram registradas no apenas nos seus escritos (tratado da paisagem) como tambm nos seus quadros. Por exemplo, a paisagem do fundo do famoso retrato da Mona Lisa pode ser considerada impressionista.
Para se entender um quadro impressionista preciso seguir os seus princpios mais importantes. Vejamos: a- a cor no uma realidade permanente da natureza. As tonalidades mudam constantemente. Diziam os impressionistas que as cores da natureza no so permanentes, ao contrrio, esto mudando incessantemente, muitas vezes com sutilezas imperceptveis ao olhar desatento. O verde da copa de uma rvore, por exemplo, muda constantemente de tonalidade, desde o amanhecer ao anoitecer, segundo a incidncia dos raios solares. Os impressionistas derrubam o conceito de cor local que corresponde fidelidade do quadro histrico e a cor convencional. b- A linha no existe na natureza. Ela uma abstrao criada pelo esprito do homem para representar imagens visuais. Este princpio provocou protestos. Proclamavam os impressionistas ser a linha pura abstrao do homem para representar imagens visuais. A forma dos objetos, segundo os impressionistas, no dada por uma linha, mas pelo trmino de sua superfcie colorida de tonalidade ou cor diferente. Os neoclssicos defendiam o princpio da forma-linha, isto , a forma obtida com o desenho; os romnticos, o da forma-cor, isto , a forma obtida com o colorido. Os impressionistas criam a forma-luz, isto , a forma obtida atravs das vibraes luminosas das cores. c- As sombras no so pretas nem escuras. So luminosas e coloridas. So cores e luzes de outras tonalidades. Afirmavam os impressionistas no serem as sombras pretas e escuras, como vinham sendo tradicionalmente representadas. Ao contrrio, so luminosas e coloridas, em outras palavras, so luzes e cores de tonalidades diferentes; d- As cores se contrastam e se influenciam reciprocamente. Essas influncias obedecem ao que se chama de lei das complementares, percebida pela sensibilidade de muitos pintores e depois formulada em bases cientficas. Ao contemplarmos, distncia, uma cor isolada sobre um fundo branco ou preto, percebemo-la aureolada por sua complementar. Portanto, a complementar de uma cor outra cor, que a torna mais pura, intensa e vibrante quando justaposta ou aproximada. Outro exemplo: se demorarmos nosso olhar num objeto amarelo, ao desvi-lo para um objeto azul, a nuana desta cor ser midificada para violeta. Se uma pessoa de camisa amarela debruar-se sobre uma mesa de toalha vermelha, aparecer com a tonalidade esverdeada; e- Diviso ou dissociao das tonalidades. Este ultimo princpio impressionista recebeu a denominao de Pontilhismo ou Neoimpressionismo. Os dois maiores representantes so: George Seurat e Paul Signac. Ambos usam pinceladas miudinhas, virguladas, para sugerir vibraes luminosas. Do duas pequenas pinceladas de cores primrias para que a convergncia do nosso cristalino, misturando as duas cores,
produza uma secundria. Exemplo: Para se obter o verde, em lugar de darem uma pincelada verde, davam duas pinceladas bem juntinhas, uma azul e outra amarela, a fim de que misturadas as duas cores produzissem o verde. Analisemos sinteticamente os trs maiores pintores do impressionismo francs: Monet, Renoir e Czanne. Claude Monet (1840-1926) expe pela primeira vez no salo de Paris em 1865, revelando sugestes da tcnica de Gustave Courbet. A partir de 1867, no entanto, ao pintar Mulheres no jardim, inicia suas pesquisas luminosas. Durante a guerra franco-prussiana por razes polticas, refugiou-se em Londres, quando conheceu as obras dos paisagistas ingleses, especialmente Turner, com sua intensa luminosidade. Em 1872, ao retornar a Paris, instalou o seu atelier num barco, para captar melhor a luz, as variaes dos reflexos luminosos na gua, paisagens e cenas campestres. Os seus melhores quadros so desta poca, como prova A Primavera e o Barco no Epte. O nome de impressionismo foi tirado de seu quadro Impresses do amanhecer. Entre 1891 e 1908, fez viagens Noruega para pesquisar brumas luminosas e colorao do gelo e Itlia, para melhor observar a natureza e os raios solares. Antes se preocupava com tonalidades primrias, depois se sucedem os tons cinza. Pierre Auguste Renoir (1841-1919) atinge a fase culminante de ser estilo entre 1876 e 1879. A sua tela Moinho da Galeta desse perodo. A partir de 1879, quando realiza sua primeira exposio individual na Galeria da Vida Moderna, afasta-se dos princpios impressionistas para procurar formas mais constitudas. Viajando pela Alemanha e Itlia pde admirar velhos mestres, entre eles Rafael, e sua pintura alcana um delineamento mais ntido de formas, adotando uma temtica clssica. Sente tambm uma profunda admirao por Ingres, especialmente seu desenho. No fim de sua vida, abranda a rigidez dos contornos e inicia o perodo que se chama nacarado pelo gosto das tonalidas vermelhas. Foi um grande intrprete do nu feminino, e A Banhista um exemplo. Paul Czanne (1839-1906) um dos maiores intrpretes do impressionismo e da reao contra esse movimento. Suas primeiras pinturas so vises de festas e paisagens, ricas em colorido e movimento. Dizia que pintar no meramente copiar o objeto e por isso sua pintura apresenta entre objetos, presena fsica e instabilidade das coisas. Com o correr do tempo, sua arte tornou-se cada vez mais delicada e experimental. Abandona os postulados do movimento, resolve reconstruir a sensao de estrutura, densidade e peso dos objetos. Passa a adquirir uma viso plstica do mundo, isto , via mais forma que contedo. Por exemplo: via rvore como um grande cilindro, representado pelo tronco, e uma eclipse, sugerida pela forma geral da copa. Tentava reduzir, simplificar as formas da
natureza e cilindros, esferas e cones. A est a origem do Cubismo de Picasso e Braque. Com a libertao das formas, abriu caminho autonomia da pintura, libertando-a da tradio de imitar ou reproduzir, para criar formas mais autnomas de elaborao intelectual. Abriu o caminho para o Abstracionismo. Sua paixo pela cor era to grande que se esquecia da forma e freqentemente praticava deformao. Aplicou o termo modulao p0ara aproximar tons quentes e frios, no intuito de melhor sugerir o volume. Para ele, em pintura, a sensao era tudo. Suas obras mais representativas so: As Banhistas, Os jogadores de cartas e Aldeia de pescadores. No Brasil, o nico pintor a fugir do academicismo e divulgar princpios impressionistas foi Eliseu Visconti ( 1867-1944). A sua grande qualidade foi o de ser o pioneiro do modernismo no Brasil. Depois de estudar na escola Nacional de Belas Artes de Paris, desenvolveu uma tcnica segura e pde ampliar o campo brasileiro das artes plsticas. No nu feminino, demonstrou o seu carinho no tratamento das personagens, como por exemplo, em Giovent e dana das Oradas e nas decoraes do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Nos temas do cotidiano, a famlia est presente nos quadros que conjuga a figura humana com a natureza, criando comoventes espetculos ao ar livre, com suas cores matizadas e a luminosidade dispersa na atmosfera admiravelmente obtida. O seu quadro maternidade confirma essas assertivas. A criao decorativa, a cermica, as artes grficas e a produo industrial passaram cogitao de Visconti, que procurou, ao retornar ao Brasil, difundi-las em suas condies mais atualizadas.