TNpacientecrticofinal
TNpacientecrticofinal
TNpacientecrticofinal
TRIÂNGULO MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
Tipo do PRT.UNC.003 - Página 1/30
PROTOCOLO
Documento
Título do TERAPIA NUTRICIONAL PARA PACIENTES EM Emissão: 22/10/2021 Próxima revisão:
Documento CUIDADOS INTENSIVOS Versão: 1 22/10/2023
SUMÁRIO
1. OBJETIVOS 4
2. JUSTIFICATIVA 4
3. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 4
4. ATRIBUIÇÕES, COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES 4
5. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 5
6. SÍNDROME DE REALIMENTAÇÃO 6
6.1 Critérios para risco de Síndrome de Realimentação: 7
6.2 Manejo 7
7. TERAPIA NUTRICIONAL 8
8. TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL 9
8.1 Posição da sonda para TN 9
8.2 Pré-requisitos para iniciar a TNE 9
8.3 Condições em que a TNE deve ser atrasada 9
8.4 Condições em que a NE deve ser administrada em baixa dose 10
8.5 Condições em que a NE deve ser usada, inclusive de forma precoce 10
8.6 Algumas considerações importantes quanto à TNE 10
8.7 Em casos de complicações no pós-operatório do trato gastrointestinal ou
esofágica, é recomendado 10
8.8 Tipos de fórmulas enterais 11
8.9 Drogas Vasoativas e Terapia Nutricional Enteral 12
9. NUTRIÇÃO APÓS EXTUBAÇÃO 13
10. NECESSIDADES NUTRICIONAIS 13
10.1 Cálculo das necessidades energéticas 13
10.2 Cálculo das necessidades proteicas 15
10.3 Demais macronutrientes 16
10.4 Outras recomendações 16
11. AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DA TERAPIA NUTRICIONAL NA UTI 17
11.1Controle glicêmico 17
11.2 Intolerância gastrointestinal 17
11.3 Diarreia 19
11.4 Constipação intestinal 21
12. TERAPIA NUTRICIONAL NA PRONA 22
13. TERAPIA NUTRICIONAL NO PACIENTE GRAVE COM COVID-19 22
14. CUIDADOS PALIATIVOS E FIM DE VIDA NA UTI 23
15. REFERÊNCIAS 23
16. HISTÓRICO DE ELABORAÇÃO/REVISÃO 26
ANEXO A 27
ANEXO B 28
ANEXO C 29
APÊNDICE A 30
SIGLAS E ABREVIATURAS
A Altura
AGHU Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários
AND Academy of Nutrition and Dietetics
ASG Avaliação Subjetiva Global
AVC Acidente Vascular Cerebral
BN Balanço Nitrogenado
CI Calorimetria Indireta
DHE Distúrbio Hidroeletrolítico
DVA Droga Vasoativa
ECMO Membrana de Oxigenação Extra Corpórea
EV Endovenoso
GEB Gasto Energético Basal
GER Gasto Energético de Repouso
HC-UFTM Hospital de Clínicas da Universidade do Triângulo Mineiro
I Idade
IMC Índice de Massa Corporal
L Litro
MSJ Mifflin-St Jeor
NE Nutrição Enteral
NP Nutrição Parenteral
NRS 2002 Nutritional Risk Screening
P Peso
PRT Protocolo
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
SARA Síndrome da Angústia Respiratória Aguda
SR Síndrome de Realimentação
TCE Trauma cranioencefálico
TCM Triglicerídio de Cadeia Média
Tmáx Temperatura máxima
TNE Terapia Nutricional Enteral
TNO Terapia Nutricional Oral
TRM Trauma Raquimedular
UNC Unidade de Nutrição Clínica
UTI Unidade de Terapia Intensiva
Ve Ventilação por minuto
VET Valor Energético Total
VO Via Oral
1. OBJETIVOS
a. Prevenir o deterioramento nutricional durante a fase crítica;
b. Assegurar que a terapia nutricional planejada seja realmente recebida pelo paciente;
c. Prevenir ou detectar e tratar de forma assertiva e padronizada as complicações relacionadas
à terapia nutricional.
2. JUSTIFICATIVA
Atualmente a importância da terapia nutricional para o paciente criticamente enfermo já é
reconhecida, mas a sua implementação com qualidade ainda é um grande desafio devido ao quão
complexo é lidar com esse perfil de paciente e à dificuldade em conscientizar os profissionais de
saúde envolvidos nesse processo (CASTRO M.G. et al, 2018; BRASPEN; ABRAN, 2011).
Estudos demonstrando efeito negativo na sobrevida e qualidade de vida que a perda de
massa magra e a desnutrição causam no paciente crítico revelam a necessidade de reconhecermos
a terapia nutricional como parte essencial do tratamento a ser implementada de forma precoce, e
que devemos parar de tratar a desnutrição como consequência, e sim como causa de pior desfecho
clínico (CASTRO M.G. et al, 2018; BRASPEN; ABRAN, 2011).
Devido a diversas alterações hormonais com intuito de manter a estabilidade hemodinâmica
do indivíduo, o paciente crítico apresenta intolerância à glicose e catabolismo proteico elevado e a
terapia nutricional apesar de não reverter essas reações, quando instituída de forma adequada e
precoce, age com melhora na evolução clínica reduzindo as consequências do alto catabolismo
(FERREIRA I.K., 2007).
Na Unidade de Terapia Intensiva encontra-se uma grande diversidade de diagnósticos e
condições clínicas, e outros fatores como medicamentos, ventilação mecânica, pacientes em fase
aguda e em fase de reabilitação que afetam o gasto energético e tornam o estabelecimento da meta
energética e proteica um grande desafio, uma vez que tanto a hipo quanto a hiperalimentação
podem causar prejuízos graves nesses indivíduos (CASTRO M.G. et al, 2018).
Conforme é descrito por Aranjues A.L. et al (2008) protocolos assistenciais auxiliam na
adequação e qualidade da terapia nutricional para esses pacientes, por isso a Unidade de Nutrição
Clínica (UNC) do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM)
produz esse protocolo, sistematizando o cuidado nutricional para o paciente crítico.
5. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
A triagem nutricional deve ser realizada em até 48 horas da admissão na UTI, utilizando a
ferramenta NRS 2002 (Nutritional Risk Screening) (Anexo A) e esta deverá ser registrada no
prontuário eletrônico do paciente no módulo multiprofissional, no campo anamnese, descrevendo
o resultado da triagem em pontuação e o nível de assistência nutricional, obtido usando a
classificação, conforme protocolo de assistência nutricional geral, no qual considera o risco
nutricional e a necessidade de dietoterapia específica. Já para os pacientes criticamente enfermos
internados nas outras clínicas do hospital, será aplicado a Avaliação Subjetiva Global (ASG) (Anexo
B) como triagem, conforme padronizado no Manual de Nutrição Clínica.
Após aplicar a triagem, os pacientes devem ser avaliados respeitando a maior pontuação ou
classificação final na triagem (ex.: NRS 2002 >5, ASG C) e nível de assistência nutricional, onde a
prioridade será sempre para os pacientes terciários.
A avaliação nutricional será feita com formulário próprio da instituição (Apêndice A) que
contempla:
• Dados pessoais;
• Informações prévias à internação. Ex.: funcionalidade, peso, perda ponderal, apetite;
• Avaliação da condição clínica atual. Ex.: funcionamento intestinal, glicemias, temperatura,
estabilidade hemodinâmica, uso de drogas vasoativas, prescrição médica, entre outros;
• Avaliação antropométrica;
• Exame físico;
• Exames bioquímicos.
Os diagnósticos nutricionais serão feitos conforme padronizado no Manual de Nutrição
Clínica, ou seja, utilizando a Padronização Internacional de Diagnósticos de Nutrição proposta pela
Academy of Nutrition and Dietetics (AND) (2006) (Anexo C) ou através da ASG, quando não for
possível utilizar a padronização da AND.
A evolução nutricional deverá ser registrada em prontuário eletrônico no Aplicativo de
Gestão para Hospitais Universitários (AGHU) no módulo multiprofissional, constando todos os itens
citados a cima, diagnósticos nutricionais, necessidades nutricionais, a prescrição dietética e
planejamento terapêutico nutricional. Para avaliação antropométrica e exame físico, deve-se
consultar o Manual de Nutrição Clínica.
Os pacientes devem ser acompanhados diariamente, com evolução diária da condição
clínica, tolerância à dieta, % de adequação da infusão da dieta enteral e necessidade de alteração
na conduta nutricional. A reavaliação deverá ser realizada de 7 em 7 dias.
6. SÍNDROME DE REALIMENTAÇÃO
Apesar de não haver um critério universal a síndrome de realimentação (SR) é uma condição
potencialmente fatal, caracterizada por um grupo de sinais e sintomas clínicos que ocorrem após a
reintrodução do suporte nutricional (oral, enteral ou parenteral) em um paciente desnutrido ou não
(MEHANNA et al 2009). A SR pode afetar diversos sistemas, incluindo o cardiovascular, o
respiratório, o neurológico, o hematológico e o musculo esquelético. As principais características
são: hipovolemia, queda do nível sérico de eletrólitos, predominantemente os intracelulares,
fósforo, magnésio e potássio, alteração do metabolismo da glicose (causando hiperglicemia) e
deficiência de vitaminas e oligoelementos (MEHANNA, 2008).
Antes de iniciar a terapia nutricional no paciente crítico, deve-se avaliar a existência de
critérios para o risco de SR e classificar o paciente como sem risco, risco baixo, risco alto ou risco
muito alto, conforme a seguir.
Determinar o risco para SR. IMC = índice de massa corporal. Adaptado de Aubry et al (KOEKKOEK E VAN ZANTEN,
2018).
6.2 Manejo
O manejo desses pacientes deve ser realizado com cautela, a reintrodução da dieta deve ser
realizada de forma gradativa com reposição de eletrólitos, minerais e vitaminas, seguindo
orientações do protocolo de Aubry et al, 2018:
Manejo da terapia nutricional nos pacientes com risco de SR. VET = valor energético total. Adaptado de Aubry et al,
2018.
Cópia eletrônica não controlada
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins lucrativos.
® 2021, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Todos os direitos reservados
www.Ebserh.gov.br
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
TRIÂNGULO MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
Tipo do PRT.UNC.003 - Página 8/30
PROTOCOLO
Documento
Título do TERAPIA NUTRICIONAL PARA PACIENTES EM Emissão: 22/10/2021 Próxima revisão:
Documento CUIDADOS INTENSIVOS Versão: 1 22/10/2023
7. TERAPIA NUTRICIONAL
A terapia nutricional deve ser iniciada precocemente, nas primeiras 24 a 48 horas de
admissão na UTI ou pós-operatório. Estudos demonstram que o início precoce de nutrição, quando
é possível, influencia no tempo e custo da internação, reduz o número de complicações infecciosas
e mortalidade (CASTRO M.G. et al, 2018).
A nutrição oral deve ser preferência naqueles pacientes em que esta não está
contraindicada e que conseguem ingerir pelo menos 70% das suas necessidades nutricionais por
esta via, caso o paciente não atinja essa quantidade, iniciar terapia nutricional oral (TNO) com
suplementação oral (CASTRO M.G. et al, 2018).
Para a prescrição da dieta via oral, quanto à consistência, é necessário avaliar o nível de
consciência do paciente, dentição e deglutição, neste último, muitas vezes é necessário a solicitação
da avaliação com profissional fonoaudiólogo. A solicitação de interconsulta para avaliação do
fonoaudiólogo só pode ser feita pelo médico ou residente, então o nutricionista após avaliar o
paciente e identificar a necessidade, deverá solicitar à equipe médica que a interconsulta seja feita.
Em casos de disfagia em que o profissional fonoaudiólogo libera a dieta com alteração na
consistência, primeiro adequar a consistência da dieta e avaliar aceitação por via oral antes de
indicar terapia nutricional enteral (TNE). Aqueles pacientes que apresentam disfagia grave com alto
risco de aspiração, é indicado TNE com sonda em posição pós-pilórica, se não for possível, nutrição
parenteral (NP) (para esta, consultar protocolo específico) (SINGER P et al, 2019).
Também é necessário conhecer o diagnóstico clínico e co-morbidades preexistentes para
prescrição de dietoterapia específica, quando necessário, por exemplo: dieta para diabetes, para
insuficiência renal crônica, hipossódica, entre outras.
A aceitação da dieta por via oral (VO) deve ser avaliada diariamente através de formulário
específico preenchido pela equipe de enfermagem ou descrito no relatório do plantão, descrevendo
o que o paciente aceitou em cada refeição, ou por resto ingestão realizado por técnico de nutrição,
onde cada alimento que é oferecido para o paciente e posteriormente, o que sobrou em cada
refeição, será descrito detalhadamente e pesado em balança digital de precisão. Aos pacientes que
apresentarem aceitação da dieta VO menor que 70% deve-se prescrever suplemento alimentar,
considerando dietoterapia específica e indicação nutricional, e considerando também a
disponibilidade de suplementos na instituição (ex.: para diabético, para doença renal, hiperproteico,
entre outros).
Caso mesmo com TNO o paciente não atingir pelo menos 70% das suas necessidades
nutricionais, a terapia nutricional enteral deve ser indicada como primeira escolha, com intuito de
manter a via digestiva funcionante, estimular o trofismo da alça intestinal e evitar translocação
bacteriana e ocorrência de sepse, atenuar resposta metabólica, prevenir a ocorrência de úlceras de
stress e reduzir o déficit energético e proteico (SINGER P et al, 2019).
Para a prescrição da TNE deve-se calcular metas nutricionais, forma de progressão da dieta,
escolha do tipo de fórmula e avaliar a necessidade de dietas especiais como para diabetes, para
doença renal crônica, entre outras (descritas detalhadamente posteriormente).
Cópia eletrônica não controlada
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins lucrativos.
® 2021, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Todos os direitos reservados
www.Ebserh.gov.br
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
TRIÂNGULO MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
Tipo do PRT.UNC.003 - Página 9/30
PROTOCOLO
Documento
Título do TERAPIA NUTRICIONAL PARA PACIENTES EM Emissão: 22/10/2021 Próxima revisão:
Documento CUIDADOS INTENSIVOS Versão: 1 22/10/2023
A terapia de nutrição enteral também deverá ser avaliada diariamente através do resto
infusão, no qual o técnico de nutrição registra em formulário próprio, em cada horário de troca da
dieta enteral, o quanto de dieta restou no frasco do horário antecedente, posteriormente lança
esses dados em planilha específica para serem avaliados pelo nutricionista.
Já a nutrição parenteral (consultar protocolo específico para mais detalhes) deve ser feita
nos casos em que a terapia nutricional enteral e/ou oral estiverem contraindicadas ou não sejam
toleradas ou de forma complementar à TNE e/ou oral quando o paciente apresenta dificuldade em
atingir suas metas nutricionais. Para os pacientes com menor risco nutricional o início deve ser após
5-7 dias sem possibilidade de dieta oral ou enteral que atinja as necessidades nutricionais, e de
forma precoce naqueles pacientes com alto risco nutricional ou desnutridos (MCCLAVE S.A. et al,
2016).
8.2 Pré-requisitos para iniciar a TNE (TOLEDO D.; CASTRO M., 2015)
• Estabilidade hemodinâmica (sem ou com uso de doses baixas a moderadas de drogas
vasoativas);
• Trato gastrointestinal funcionante;
• Presença de sonda distalmente a anastomose ou presença de jejunostomia (em pacientes
em pós-operatório gastrointestinal, com sonda passada no intraoperatório).
8.3 Condições em que a TNE deve ser atrasada (TOLEDO D.; CASTRO M., 2015):
• Choque hemodinâmico e descontrolado;
• Hipoxemia, acidose ou hipercapnia descontrolados;
• Hemorragia gastrointestinal alta ativa;
• Isquemia intestinal evidente;
Cópia eletrônica não controlada
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins lucrativos.
® 2021, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Todos os direitos reservados
www.Ebserh.gov.br
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
TRIÂNGULO MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
Tipo do PRT.UNC.003 - Página 10/30
PROTOCOLO
Documento
Título do TERAPIA NUTRICIONAL PARA PACIENTES EM Emissão: 22/10/2021 Próxima revisão:
Documento CUIDADOS INTENSIVOS Versão: 1 22/10/2023
8.4 Condições em que a NE deve ser administrada em baixa dose (TOLEDO D.; CASTRO M.,
2015)
• Paciente sob hipotermia;
• Hipertensão intra-abdominal sem síndrome compartimental;
• Falência hepática aguda;
• Risco de vida;
• Em uso de droga vasoativa.
8.5 Condições em que a NE deve ser usada, inclusive de forma precoce (TOLEDO D.; CASTRO
M., 2015)
• Membrana de oxigenação extra corpórea (ECMO);
• Trauma cranioencefálico (TCE), trauma raquimedular (TRM);
• Acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico ou hemorrágico;
• Pancreatite aguda;
• Pós-operatório de cirurgia gastrointestinal, trauma;
• Pós-operatório de aneurisma de aorta;
• Bloqueadores neuromusculares;
• Posição prona;
• Abdome aberto;
• Sepse;
• Diarreia.
8.6 Algumas considerações importantes quanto à TNE (TOLEDO D.; CASTRO M., 2015):
• Pacientes com estabilidade hemodinâmica às custas de drogas vasoativas (DVA) devem
receber nutrição, mas com cautela e progressão lenta, preferir deixar dieta com meta mais baixa
até desmame das DVA, devido ao risco de isquemia intestinal.
• Pacientes cirúrgicos, queimados, com trauma, idosos ou recebendo dieta via jejunostomia
apresentam maior risco para isquemia e necrose intestinal.
• Orienta-se manter a cabeceira do leito entre 30° e 45° de todos os pacientes intubados e
recebendo nutrição enteral. Nos casos em que este grau de elevação seja contraindicado,
considerar a tentativa de elevar a cabeceira do leito o máximo permitido.
• Em casos de fístula, administrar NE em acesso distal. Se o acesso distal não for obtido, é
recomendado a NP.
Módulos de nutrientes
Cópia eletrônica não controlada
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins lucrativos.
® 2021, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Todos os direitos reservados
www.Ebserh.gov.br
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
TRIÂNGULO MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
Tipo do PRT.UNC.003 - Página 12/30
PROTOCOLO
Documento
Título do TERAPIA NUTRICIONAL PARA PACIENTES EM Emissão: 22/10/2021 Próxima revisão:
Documento CUIDADOS INTENSIVOS Versão: 1 22/10/2023
Quanto aos tipos de fórmulas enterais que a Unidade de Nutrição Clínica dispõe atualmente
são a dieta padrão que é uma dieta polimérica normocalórica (1,2kcal/ml), dieta hipercalórica
polimérica (1,5kcal/ml), dieta polimérica com fibras (1,2kcal/ml com mix de fibras, solúveis e
insolúveis), dieta polimérica para diabetes (1,0kcal/ml, isenta de sacarose e com quantidade
reduzida de carboidrato; menos de 50% e com fibras), dieta polimérica para renal crônico em
tratamento conservador (2,0kcal/ml, hipoproteica; 7% da distribuição calórica e com valores
reduzidos de fósforo e potássio), dieta oligomérica hipercalórica e hiperproteica (1,5kcal/ml e
com 18% de proteína).
Os módulos para nutrição enteral são utilizados para atingir as necessidades nutricionais do
paciente, quando a fórmula enteral sozinha não atinge. Atualmente, o serviço dispões de módulo
de proteína (proteína isolada do soro de leite), de carboidrato (maltodextrina), de lipídio (TCM e
azeite de oliva) e de fibras (mix de fibras solúveis), os quais, após serem calculados de acordo
com as metas nutricionais para o paciente e prescritos por profissional nutricionista, durante o
porcionamento, são adicionados à fórmula de dieta enteral que será administrada ao paciente
ou diluídos em água para serem administrados em bolus com seringa.
associada, apresentam maior risco de intolerância e de isquemia intestinal (MCCLAVE S.A. et al,
2016).
É importante também verificar, além da dose, o tipo de droga que o paciente está recebendo,
pois cada uma terá um efeito no trato gastrointestinal diferente, como por exemplo a
dobutamina que aumenta o débito cardíaco e consequentemente o fluxo sanguíneo para a
mucosa gástrica, a norepinefrina, até certas doses, aumenta o fluxo esplâncnico, já a epinefrina
diminui o fluxo esplâncnico, e a vasopressina causa vasoconstrição intestinal (COVELHO L.H. et
al, 2020).
Pacientes com estabilidade hemodinâmica às custas de DVA em doses estáveis ou em desmame,
ou com doses não tão altas devem receber TNE de forma precoce, mas com cautela, calculando
metas nutricionais mais amenas (20 – 25 kcal/kg) e avaliando-se diariamente a tolerabilidade e a
condição clínica em geral (WELLS D.L., 2012).
Algumas doses consideradas seguras para TN:
• Dopamina: 3 – 10 mcg/kg/min
• Dobutamina: 12 mcg/kg/min
• Norepinefrina: 6 – 25 mcg/min
• Noradrenalina: até 0,3 mcg/kg/min
Nos indivíduos com doses altas de DVA, deve-se avaliar, juntamente com o médico intensivista,
a prescrição de nutrição trófica (cerca de 20% das necessidades nutricionais) com intuito de
evitar translocação bacteriana e manter o trofismo da parede intestinal (WELLS D.L., 2012;
COVELHO LH et al, 2020).
pacientes críticos, devendo ser empregada sempre que disponível. Na impossibilidade de utilizar
este equipamento, recomenda-se o cálculo da estimativa através de quilocalorias por quilo de
peso, respeitando sempre a evolução gradativa da meta calórica. Para pacientes desnutridos ou
com alto risco nutricional, recomenda-se atingir a meta calórica/proteica o mais breve possível
(CASTRO M.G. et al, 2018; SINGER P et al, 2019).
Recomenda-se na fase aguda, que geralmente acontece do 1º ao 3º dia de terapia intensiva, o
cálculo de 15 a 20 kcal/kg/dia. E após o 4º dia, na fase crônica ou anabólica, a recomendação é
de 25 a 30 kcal/kg/dia (CASTRO M.G. et al, 2018; SINGER P et al, 2019).
Quando for possível utilizar a calorimetria indireta (CI), ofertar na fase inicial de 50 a 70% nas
necessidades energéticas totais, podendo atingir de 80 a 100% a partir do 4º dia (CASTRO M.G.
et al, 2018; SINGER P et al, 2019).
Já para os pacientes obesos críticos, dependentes de ventilação mecânica, a equação preditiva
de Penn State prevê com mais precisão o gasto energético basal (CHOBAN et al., 2013).
a. Equação de Penn State para pacientes obesos mais jovens:
GEB (kcal/dia) = MSJ (0,96) + Tmáx (167) + Ve (31) – 6212
Se as equações de Penn State não puderem ser usadas, as necessidades de energia podem ser
baseadas na equação de Mifflin-St Jeor usando o peso corporal atual (CHOBAN et al., 2013):
a. Homens:
GEB (kcal/dia) = (10 x P) + (6,25 x A) – (5 x I) + 5
b. Mulheres:
GEB (kcal/dia) = (10 x P) + (6,25 x A) – (5 x I) – 161
Onde, P = peso em kg
A = altura em cm
I= idade em anos
Nestes pacientes, quando for possível utilizar a calorimetria indireta, não ofertar mais de 70%
das suas necessidades energéticas, pois é comprovado que a oferta hipocalórica é benéfica para
esses pacientes por proporcionar melhor desfecho clínico (CASTRO M.G. et al, 2018).
Quando há queixa de náusea e plenitude gástrica pelo paciente, o uso de pró-cinéticos e redução
temporária da vazão da dieta são eficazes na melhora desses sintomas e devem ser instituídos
(VEGA A.T. et al, 2008).
Para aqueles pacientes que mesmo após medicação pró-cinética e/ou locação da sonda em
posição pós-pilórica mantiverem intolerância gástrica e dificuldade para se atingir TNE plena,
indica-se o uso de NP até resolução do quadro. Nesses casos, a NP deve ser iniciada para
pacientes eutróficos após 7 dias em que não foi possível atingir as metas nutricionais, já para
pacientes desnutridos ou em estado de alto catabolismo, deve ser iniciada após 48h de TNE
insuficiente (SINGER P et al, 2019).
11.3 Diarreia
Segundo a UNICEF e WHO (2009) a diarreia é definida como 3 ou mais episódios de
evacuação por dia em moderada a grande quantidade, em consistência semilíquida ou líquida,
ou uma eliminação de fezes com aumento anormal na liquidez e frequência, considerando o
hábito do paciente.
A diarreia é uma complicação multifatorial, o indivíduo com mais de 72h de internação
apresenta a chamada diarreia nosocomial, sendo que no doente crítico as principais causas são
medicamentos, infecções, incluindo o Clostridium difficile, as próprias doenças de base e fatores
relacionados à dieta enteral como osmolalidade, temperatura, densidade calórica, quantidade
de gordura, velocidade de infusão, entre outros, e para o tratamento, a primeira conduta deve
ser a investigação da causa (CASTRO M.G. et al, 2018; SABOL, VK; CARLSON, KK, 2007).
Indivíduos com idade superior a 60 anos ou com internação prévia nos últimos 3 meses ou
que fazem tratamento quimioterápico ou que utilizam medicamentos inibidores da bomba de
prótons ou com condição imunológica comprometida ou que apresentam diabetes são mais
propensos a desenvolver diarreia associada ao uso de antibióticos de amplo espectro (SQUELLATI
R, 2017).
Segundo Goldstein E et al (2015), principalmente nos pacientes de risco, são essenciais
medidas preventivas como redução do uso de inibidores da bomba de prótons, educação da
equipe quanto à higiene das mãos, limpeza do quarto, desinfecção de equipamentos, diagnóstico
precoce de infecção por C. difficile com isolamento dos pacientes infectados.
Para o tratamento, orienta-se o uso de fibras solúveis, exceto naqueles pacientes em uso de
drogas vasoativas, distensão abdominal, intolerância à TN e com alto risco de isquemia intestinal.
Outra conduta a ser tomada é alterar a fórmula da dieta para oligomérica como forma de teste,
pois em alguns casos, como na diarreia disabsortiva, essa fórmula trará benefício, mas em outros
ela poderá intensificar a diarreia por ter mais alta osmolaridade.
O uso de probióticos também é recomendado para o tratamento da diarreia em doentes críticos,
principalmente devido à possível capacidade de substituir a microbiota patogênica por bactérias
comensais que podem atuar na sinalização gênica ativando a produção de citocinas anti-
inflamatórias e modulação da resposta imune, por atuarem como barreira microbiológica à
Cópia eletrônica não controlada
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins lucrativos.
® 2021, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Todos os direitos reservados
www.Ebserh.gov.br
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
TRIÂNGULO MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
Tipo do PRT.UNC.003 - Página 20/30
PROTOCOLO
Documento
Título do TERAPIA NUTRICIONAL PARA PACIENTES EM Emissão: 22/10/2021 Próxima revisão:
Documento CUIDADOS INTENSIVOS Versão: 1 22/10/2023
translocação bacteriana, por terem efeito preventivo e curativo na diarreia associada ao uso de
antibiótico (SHINOTSUKA CR et al, 2008; CASTRO M.G. et al, 2018). Mas seu uso está
contraindicado em pacientes imunossuprimidos, pós-operatório recente de anastomose
intestinal, cirurgia de via biliar e pâncreas, isquemia intestinal, portadores de doenças
hematológicas e reumatológicas e curta estada na UTI (CASTRO M.G. et al, 2018).
Segundo as Diretrizes da WGO sobre probióticos e prebióticos (2017), para prevenção e
tratamento da diarreia associada ao uso de antibióticos em adultos, é indicado a prescrição da
cepa Saccharomyces boulardii CNCM I-745 na dose de 10 a 9ª UFC/cápsula de 250 mg duas vezes
ao dia.
Nos casos de diarreia causada pelo Clostridium difficile, tratamento medicamentoso pode
ser necessário. Esse tipo de infecção pode ser classificada quanto à severidade em moderada,
severa e complicada, sendo que nessa última podem ocorrer complicações como íleo paralítico,
megacólon tóxico, hipotensão refratária e/ou insuficiência de múltiplos órgãos. Na infecção
classificada como moderada o metronidazol apresenta bons resultados, e na infecção severa e
complicada a vancomicina geralmente é a melhor escolha (PIRES R.N., 2014). Mas como é difícil
esse diagnóstico diferenciado no paciente crítico, uma vez que sintomas da infecção por
Clostridium difficile são comuns na maioria dos pacientes como leucocitose, febre e hipotensão,
é necessário a discussão do caso com o médico intensivista para a melhor tomada de decisão.
Pacientes críticos tem alto catabolismo e necessidade proteica aumentada, por isso a
redução da oferta calórica/proteica não deve ser a primeira escolha como conduta na diarreia, e
sim usada somente naqueles casos sem resolução com outras medidas. Abaixo temos um quadro
com o manejo na diarreia na Unidade de Terapia Intensiva do HC/UFTM:
15. REFERÊNCIAS
ACADEMY OF NUTRITION AND DIETETICS (AND). Nutrition Terminology Reference Manual
(eNCPT): Dietetics Language for Nutrition Care, 2006.
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução Da Diretoria Colegiada - RDC Nº 21, de
13 de maio de 2015. Dispõe sobre o regulamento técnico de fórmulas para nutrição enteral. Diário
Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, nº 91, p 28 – 31, 2015.
ARANJUES A.L. et al. Monitoração da terapia nutricional enteral em UTI: indicador de qualidade? O
Mundo da Saúde, São Paulo: 2008: jan/mar 32(1):16-23. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/mundo_saude_artigos/monitoracao_terapia_nutricio
nal.pdf. Acesso em: 28/07/21.
AUBRY E., FRIEDLI N., SCHUETZ P., STANGA Z. Refeeding syndrome in the frail elderly population:
prevention, diagnosis and management. Clin Exp Gastroenterol. 2018; 11:255-64. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6045900/. Acesso em: 15/08/2020
AZEVEDO R.P.; MACHADO F.R. Constipação intestinal em pacientes graves: muito mais do que
imaginamos. Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(2):73-74. Disponível em:
http://rbti.org.br/artigo/detalhes/0103507X-25-2-1. Acesso em: 15/04/21.
BARAZZONI R et al. ESPEN expert statements and practical guidance for nutritional management of
individuals with SARS-CoV-2 infection. Clinical Nutrition, Volume 39: 1631-1638, junho, 2020.
Disponível em: https://www.clinicalnutritionjournal.com/article/S0261-5614(20)30140-
0/fulltext#secsectitle0055. Acesso em: 20/07/21.
BHARUCHA A.E., PEMBERTON J.H., LOCKE G.R. 3rd. American Gastroenterological Association
technical review on constipation. Gastroenterology. 2013 Jan;144(1):218-38. doi:
10.1053/j.gastro.2012.10.028. PMID: 23261065; PMCID: PMC3531555.
BOTTONI, A. Cirurgia e trauma. In: Cuppari, L. (Ed). Guia de Nutrição clínica no adulto. 1. ed. Barueri:
Manole, 2002. p. 319-342.
BRASPEN - Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; ABRAN - Associação Brasileira de
Nutrologia. Terapia Nutricional no Paciente Grave. Projeto Diretrizes, 2011. Disponível em:
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_no_paciente_grave.pdf Acesso em:
03/09/2020
CAMPOS L.F. et al. Revisão do parecer BRASPEN de terapia nutricional em pacientes hospitalizados
com COVID-19. BRASPEN J, 2021; 36 (1): 122-6. Disponível em: https://wdcom.s3.sa-east-
1.amazonaws.com/hosting/braspen/journal/2021/journal/jan-mar-2021/artigos/15-Atualizacao-
Parecer-BRASPEN-COVID-19.pdf. Acesso em: 20/07/21.
CASTRO M.G. et al. Diretriz Brasileira de Terapia Nutricional no Paciente Grave. BRASPEN Journal
2018; vol 33 (Supl 1): 2-36. ISSN 2525-7374. Disponível em: https://f9fcfefb-80c1-466a-835e-
5c8f59fe2014.filesusr.com/ugd/a8daef_695255f33d114cdfba48b437486232e7.pdf
CHOBAN P et al. A.S.P.E.N. Clinical Guidelines: Nutrition Support of Hospitalized Adult Patients With
Obesity. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, Volume 37, Number 6, 2013.
TOLEDO D.; CASTRO M. Terapia Nutricional em UTI. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2015.
UNICEF - The United Nations Children’s Fund; WHO - World Health Organization. Diarrhea: Why
children are still dying and what can be done. New York and Geneva; 2009. Disponível em:
http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44174/9789241598415_eng.pdf;jsessionid=415
76EEDC59B320B9426EAB096001687?sequence=1. Acesso em: 03/09/2020
VEGA A.T. et al. Nutrición enteral, intervención segura en la Unidad de Terapia Intensiva. Revista de
la Asociación Mexicana de Medicina Crítica Y Terapia Intensiva. Vol. XXII, Núm. 4, p 226-235, 2008.
WELLS D.L. Provision of Enteral Nutrition During Vasopressor Therapy for Hemodynamic Instability.
Nutrition in Clinical Practice, 2012, vol 27: 521-526. https://doi.org/10.1177/0884533612448480
WGO - World Gastroenterology Organisation. Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de
Gastroenterologia: Probióticos e prebióticos. World Gastroenterology Organisation, Fevereiro,
2017. Disponível em: https://www.worldgastroenterology.org/guidelines/global-
guidelines/probiotics-and-prebiotics/probiotics-and-prebiotics-portuguese. Acesso em:
03/09/2020
16. HISTÓRICO DE ELABORAÇÃO/REVISÃO
VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA AÇÃO/ALTERAÇÃO
1 01/10/2021 Elaboração do Protocolo (PRT) de Terapia Nutricional para Pacientes em
Cuidados Intensivos
ANEXO A
ANEXO B
Avaliação Subjetiva Global
ANEXO C
APÊNDICE A