Manual Da Formação - 3 Parte
Manual Da Formação - 3 Parte
Manual Da Formação - 3 Parte
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ÍNDICE DE TEMAS
Introdução
1. REFERÊNCIAS TEÓRICAS
Modelos de avaliação psicológica e sua especificidade
Modelos de observação clínica e anamnese
Avaliação psicológica e diagnóstico
Referência à psicologia do desenvolvimento. Teorias, princípios e técnicas da avaliação
instrumental
Modelos teóricos de referência.
4. DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO
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3. Idade Escolar - Avaliação psicológica na idade escolar
A Figura Humana
A avaliação psicológica em idade escolar poderá iniciar-se pelo desenho temático ou
por uma prova grafo percetiva. A figura humana como representação da autoimagem e
autoconceito fornece informação relevante sobre aspetos intelectuais, instrumentais e
emocionais. Dá indicações importantes para a orientação da observação e escolha da
metodologia a empregar.
Tópicos de análise:
❑ Impressão geral:
• expressividade, vazio, detalhes, pobreza ou harmonia, riqueza, dinamismo;
❑ Interpretação de aspetos projetivos e expressivos globais:
• posição, tamanho, características do traço, correções, retoques, sombreado…
Material:
✓ Lápis e folha de papel branco;
✓ Não se permite o uso de borracha;
✓ Exclui-se o uso de lápis de cor, exceto em crianças muito pequenas.
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Instrução:
✓ “Nesta folha de papel, tu vais desenhar uma pessoa. Faz o melhor desenho que
possas. Demora o tempo que quiseres e faz o melhor possível”. “Faz como tu
quiseres”.
Principais diferenças:
✓ Pedido que é feito à criança – desenho de um homem, desenho de uma mulher, auto-
retrato;
✓ Desenho do homem 73 itens; Desenho da mulher 71 itens;
✓ Cotação diferente; escalas separadas para avaliar desenhos de meninos e meninas.
Interpretação:
✓ Sempre em relação com a história clínica e com os outros dados da avaliação;
✓ Pode associar-se o desenho do próprio;
✓ O desenho de uma pessoa representa sempre a expressão de si, a imagem do corpo.
O teste pode ser aplicado a crianças e adultos. É composto por duas partes: uma gráfica e
uma verbal (inquérito). Pede-se à criança que desenhe:
1º Uma pessoa;
2º Uma pessoa do outro sexo.
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Categorias de interpretação:
o Tamanho;
o Precisão do traço;
o Posição na folha;
o Tema;
o Atitude da pessoa;
o Enquadramento e solo;
o Realismo;
o Grau de acabamento;
o Simetria;
o Eixo central;
o Perspetiva;
o Proporção;
o Sombreado;
o Traços acrescentados/apagados;
o Conteúdo;
o Roupa/acessórios;
o Expressão postural;
o Expressão facial.
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House-Tree-Person (HTP)
Criado por John Buck, é constituído por uma sequência de 3 desenhos – casa, árvore
e pessoa.
Interpretação:
✓ Localização;
✓ Tamanho;
✓ Traçado;
✓ Movimento;
✓ Conteúdo.
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DESENHO DA FAMÍLIA IMAGINÁRIA
Tópicos de análise:
✓ Nível gráfico;
✓ Estrutura formal e de conteúdo;
✓ Tonalidade afetiva do desenho;
✓ Tamanho e colocação das figuras;
✓ Representação correspondente à criança;
✓ Ordem segundo a qual as figuras são desenhadas;
✓ Indicadores de ansiedade.
Valor diagnóstico:
1. Pesquisar entre as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem escolar um
eventual défice de organização grafo-percetiva e visuomotora;
2. Pesquisar entre as crianças que apresentam défice cognitivo, a existência de perturbação
da organização grafo-percetiva que pode ter condicionado ou ampliado o défice.
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Categorias de análise:
✓ Forma: Relações internas de orientação, de dimensões relativa;
✓ Número: Intervém nos modelos II e IV;
✓ Relação contiguidade-separação: Intervém em todos os modelos;
✓ Orientação geral: Orientações primitivas alto/baixo, direita/esquerda;
✓ Orientação precisa: Exatidão da horizontal, da vertical, das oblíquas, por referência
às coordenadas da folha e por referência recíproca dos elementos do modelo;
✓ Precisão dos alinhamentos: Alinhamento dos pontos ou das retas cuja exatidão
determina em parte a adequação do modelo;
✓ Exatidão das dimensões: Dimensão das cópias, das proporções internas e das
relações de simetria.
Correção quantitativa:
Os Pontos:
✓ Decompõe-se a figura em 18 elementos;
✓ Cada elemento correto e bem colocado vale 2 pontos;
✓ Cada elemento correto e mal colocado vale 1 ponto;
✓ Cada elemento deformado ou incompleto mas reconhecível e bem colocado vale 1
ponto;
✓ Cada elemento deformado ou incompleto mas reconhecível e mal colocado vale ½
ponto;
✓ Cada elemento irreconhecível ou ausente vale 0 pontos.
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Correção qualitativa:
Tipos de Reprodução:
✓ O emprego do lápis de cor permite anotar o processo que adotou para reproduzir o
desenho e a ordem como procedeu;
✓ Distinguem-se 7 tipos de reprodução:
Tipo I-II
Começa pela cruz e em seguida faz o retângulo e as diagonais e medianas e depois coloca
os outros elementos nesta estrutura.
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Tipo VI - Redução a um Esquema Familiar
A figura é reduzida a um esquema familiar (barco, casa, homem) que faz lembrar vagamente
o modelo.
Estádio I (4 anos)
Tipo Dominante: Tipo V;
Tipo Secundário: Tipo IV;
• A perceção é sincrética: condensação e homogeneização dos elementos;
• Predomínio da assimilação deformante (esquemas familiares);
• Detalhes absorvidos ou modificados no todo, ou não percebidos, ou modificando o
todo.
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• A atividade percetiva atinge o nível superior;
• “Reestruturação operatória do real” começa por isolar um elemento fundamental (“o
retângulo”) a partir da qual os outros elementos se organizam;
• Há análise imediata seguida de reestruturação sintética;
• Coincide com o aparecimento do raciocínio hipotético-dedutivo e da reversibilidade
das operações.
Estádio II (5 a 6 anos)
Tipo Dominante: Tipo III
Tipo Secundário: Tipo IV e V
As Particularidades Primitivas:
Particularidades típicas dos 4 aos 8 anos que são deformações da figura mais ou menos
importantes, normais nessas idades, mas que são sintoma de anomalia ou atraso em
indivíduos mais velhos.
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Deformação por ausência de estruturação
Acumulação caótica de formas vagas por vezes encerradas dentro de uma linha fechada
servindo de contorno. Alguns detalhes fora da figura e isoladas dela.
DÉFICE COGNITIVO:
• Os resultados no teste são nitidamente inferiores tanto na cópia como na memória;
• Não ultrapassam, em geral, o percentil 25;
• Lentidão na reprodução do desenho;
• O tipo dominante é muito inferior ao correspondente à idade real;
• As crianças com défices cognitivos de 7-8 anos de idade real têm muitas
particularidades primitivas.
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• deformações e estereotipias.
E mais raramente:
• reprodução mais ou menos idêntica à cópia;
• ligeiro progresso de estruturação.
É preciso distinguir:
1. As produções dos défices cognitivos simples cujos resultados são fracos, mas têm um
conjunto coerente;
2. As produções que resultam de perturbação da estruturação percetiva:
• O conjunto gráfico é confuso e desorganizado;
• Desenhos incoerentes e inacabados;
• Testemunham além de um atraso cognitivo, perturbações na estruturação espacial
ou lesões orgânicas.
A presença de um tipo de cópia inferior à idade real pode resultar doutros fatores para além
de um atraso intelectual:
✓ inaptidão específica;
✓ desenvolvimento não harmónico (atraso percetivo apenas);
✓ reação à prova, atitude geral particular, particularidade sensorial, inadaptação,…
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INDICADORES DE DIFICULDADES EMOCIONAIS OU DE ADAPTAÇÃO NA PROVA DE
MEMÓRIA:
A figura Complexa de Rey pode ser pensada como uma projeção corporal do sujeito e
interpretada de acordo com este princípio.
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Interpretação dos resultados:
ESCALA VERBAL
• Capacidade para lidar com símbolos abstratos;
• Qualidade da educação formal e da estimulação do ambiente – influência de variáveis
socioculturais;
• Compreensão, memória e influência verbal;
• Capacidades intelectuais cristalizadas – as que se adquirem através do treino,
educação e aculturação;
• Provas que apelam à relação/suporte de um outro.
ESCALA DE REALIZAÇÃO
• Grau e qualidade do contacto não verbal com o meio envolvente;
• Capacidade de integrar estímulos percetivos e respostas motoras adequadas;
• Capacidade de trabalho em situações concretas;
• Rapidez de execução;
• Capacidade de avaliar informações visuoespaciais;
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• Capacidades que envolvem alguma fluidez que permita a adaptação a estímulos
menos familiares;
• Provas que apelam à mobilização de competências do próprio.
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QI R » QI V Facilidade visuomotora
• Resultados podem sugerir compromisso do hemisfério cerebral esquerdo;
Na WISC III podem ainda ser calculados três índices a partir da análise fatorial:
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ICV – Índice de Compreensão Verbal
• Informação, Semelhanças, Vocabulário, Compreensão;
• Capacidade de conceptualização, conhecimentos e expressão verbal;
• As provas avaliam:
❑ Processamento sequencial;
❑ Memória a curto e a longo prazo;
❑ Capacidade numérica.
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❑ Coordenação visuomotora, memória visual, motivação, planeamento, organização,
desenvolvimento de estratégias;
❑ Velocidade de resposta na resolução de problemas não verbais (velocidade de
pensamento e velocidade motora).
A distribuição das notas nos QIs Verbal Realização e Escala completa e dos resultados dos
3 índices fatoriais (ICV,IOP;IVP) têm:
❑ uma média de 100;
❑ um desvio padrão de 15.
Discrepâncias:
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Muito Superior (QI »130)
Superior (QI=120-129)
Médio Superior (QI=110-119)
Médio (QI=90-109)
Médio Inferior (QI=80-89)
Inferior (QI=70-79)
Muito Inferior QI«69
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Análise qualitativa, fatores implicados
PROVAS VERBAIS
Informação:
• Avalia a memória remota, memorização de dados escolares e sócio-culturais;
• É influenciada pelo meio cultural e escolar;
• Depende da atenção à vida social e da fluência verbal.
Semelhanças:
• Muito saturada de fator G;
• Avalia a capacidade de conceptualização, generalização e pensamento categorial;
• O resultado deve ser comparado com o dos Cubos;
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• É um teste relativamente independente das influências sócio-culturais.
Aritmética:
• Raciocínio aritmético, operações mentais a partir de situações concretas;
• Implica a aprendizagem e adaptação escolar, capacidade de concentração e atenção
mantida;
• É muito sensível aos fatores emocionais (ansiedade).
Vocabulário:
• Forte correlação com o resultado Verbal e o resultado Global;
• Muito saturada de fator G;
• Implica capacidade de adquirir conhecimentos e facilidade de verbalização,
conhecimento léxical de palavras;
• Muito dependente do contexto escolar e sócio-cultural.
Compreensão:
• Avalia a integração das normas parentais e sociais, desenvolvimento da consciência
moral;
• A capacidade de adaptação prática;
• A integração dos valores do grupo;
• Conhecimento de comportamentos convencionais;
• É sensível à oposição, particularmente nos adolescentes;
• Induz mais do que outras, respostas projetivas;
• Nos psicóticos surgem por vezes respostas bizarras, “ao lado”, estereotipadas;
• Os resultados devem ser comparados com os de Ordenação de imagens.
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PROVAS DE REALIZAÇÃO
Completamento de gravuras:
• Capacidade de perceção fina, atenção aos detalhes, observação, memória visual a
longo prazo;
• Valores baixos podem ser encontrados em crianças que procuram evitar a realidade
por retirada de tipo psicótico ou evitamento fobico;
• Valores altos surgem em crianças vigilantes com organizações de tipo obsessivo.
Disposição de gravuras:
• Organização lógica de uma situação, adaptação prática e social;
• Prova saturada de fator verbal implícito;
• Implica a capacidade de avaliar uma situação no seu conjunto;
• Ordenar logicamente e temporalmente uma situação concreta.
Cubos:
• Esquema espacial abstrato;
• Avalia capacidades conceptuais de análise e síntese, representação mental e
abstração;
• Implica a estruturação espacial, lateralização, capacidades de orientação;
• É muito sensível à emotividade e às perturbações do pensamento nos casos de
organicidade;
• Um bom resultado elimina a hipótese de défice cognitivo;
• É sensível às dificuldades de representação mental, devendo ser comparada com
Aritmética;
• Prejudica as crianças com dificuldades de estruturação espacial, devendo ser
comparada com os Puzzles;
• Os disléxicos e os disortográficos fazem erros típicos:
❑ orientação errada dos cubos;
❑ Inversões;
❑ muitas hesitações;
❑ incapacidade de ver o conjunto da figura;
❑ dificuldade em avaliar o número de cubos necessário.
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Composição de objetos:
• Estruturação espacial e lateralização, antecipação flexibilidade;
• Implica também o esquema corporal e a imagem do corpo;
• Correlação fraca com os outros testes;
• Fracasso nos casos de organicidade;
• Muito sensível às perturbações do esquema corporal e imagem do corpo;
• Confirma ou infirma eventuais dificuldades de estruturação espacial
Código:
• Memorização de sinais e símbolos, velocidade psicomotora, memória visual a curto
prazo;
• Aptidão grafomotora, capacidades mnésicas, concentração, atenção e aprendizagem
mecanizada;
• Boa correlação com as outras provas, particularmente com a memória de algarismos;
• Resultados muito baixos nos casos de organicidade e na psicose.
Pesquisa de símbolos:
• Concentração, atenção;
• Velocidade de procura visual, memória visual a curto prazo;
Labirintos:
• Aptidão intelectual para a procura progressiva de uma direção;
• Implica coordenação percetivo-motora e controlo da impulsividade.
COMPETÊNCIAS ÚNICAS
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❑ Cubos – Análise do todo a partir das partes formação de conceitos não verbais, visualização
espacial;
❑ Composição de objetos – Antecipação das relações entre as partes, flexibilidade;
❑ Código – Velocidade psicomotora e de execução, memória visual a curto prazo;
❑ Pesquisa de símbolos – Velocidade de procura visual.
FATORES INTELECTUAIS
Conceptualização:
• Semelhanças
• Cubos
Fator G:
• Semelhanças
Representação simbólica:
• Aritmética
• Cubos
• Memória de algarismos
Adaptação escolar:
• Informação
• Vocabulário
• Aritmética
• Código
Memória:
• Memória de algarismos
• Código
• Informação
• Vocabulário
Adaptação social:
• Compreensão- com implicação pessoal
• Ordenação de imagens- sem implicação pessoal
• Informação - aquisições culturais
Adaptação à realidade:
• Lacunas
• Ordenação de imagens
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• Puzzles
Estruturação Temporal:
• Ordenação de Imagens
Motricidade/ Manipulação:
• Cubos
• Ordenação Imagens
Grafismo:
• Código
Esquema Corporal:
• Puzzles
FATORES AFETIVOS
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FUNÇÕES SUPERIORES
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ANÁLISE DOS ASPETOS DE PERSONALIDADE
NEUROSE:
• Fraco desempenho em tarefas em que esteja presente um esforço imediato
(raciocínio puro);
• Melhores resultados DG e CO, resultados menos bons Sem e Cb;
• POC respostas excessivamente detalhadas – não prejudica Voc e Inf; prejudica Comp
e Sem; melhores resultados Arit; resultados menos bons CG;
• Inibição fóbica – Arit e DG.
ANSIEDADE:
• Prejudica essencialmente MD e também presente Inf, Arit, Cb;
• Atividade motora excessiva.
DEPRESSÃO:
• Geralmente QIV> QIR, mais virada para a reflexão do que para a ação;
• Mais sensível à estimulação relacional, o que origina melhores resultados Inf, Arit,
Voc;
• Fracos desempenhos nas provas de realização, sendo Cd e PS mais sensíveis à
depressão.
PSICOPATIA:
• Wechsler considerou algumas características do desempenho da personalidade
psicopática nos diversos subtestes:
• QIR>QIV;
• CO+DG>Cb+CG;
• Pontuações baixas Inf e Arit;
• Pontuações fracas Comp, MD, Sem e Cd;
• Boas pontuações DG e CO.
PSICOSE:
• Geralmente QIV>QIR (sem diferenças estatisticamente significativas);
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• Bons resultados Inf (perante a necessidade de armazenar informação com segurança face
ao vazio afetivo); mas esquizofrénicos demonstrarão a perda de contacto com a realidade,
pelo que fracos resultados;
• Paranóides, êxito CG pela hipervigilância;
• Respostas bizarras, incoerentes, neologismos no Voc;
• Fraco desempenho CO pela incapacidade de uma visão holística dos fragmentos;
• Estão normalmente presentes diferenças marcantes entre ordem direta e ordem inversa da
MD, sendo o resultado final mais baixo.
INDICAÇÕES:
• Medida de Inteligência (fator “g”):
• Raciocínio lógico;
• Capacidade genérica de raciocínio;
• Não avalia competências para a aprendizagem;
• Nas crianças e adolescentes não existe muitas vezes correlação com os resultados da
WISC;
• Aplicada isoladamente os resultados não podem ser considerados como medida de
competências cognitivas.
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✓ Orientação
✓ Memória
✓ Linguagem
✓ Atenção
✓ Funções executivas
✓ Motricidade
✓ Lateralidade
• Resultados - padronizados por teste e padronizados por índice global (linguagem,
memória, Atenção/Funções Executivas);
• Vários testes avaliam a mesma função o que nos permite ver se é mesmo essa a
função afetada e não uma área secundária também presente na mesma prova.
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MEMÓRIA
Reconhecimento de faces - Avalia a aptidão para reconhecer faces, imediatamente após
a sua apresentação e a seguir a um intervalo de tempo fixo;
Memória de histórias – Avalia a memória a longo prazo mediante a apresentação oral de
material conceptual. A resposta eficaz a este teste implica igualmente capacidades de
atenção, escuta, codificação, compreensão da informação verbal, planeamento,
organização e sequenciação;
FCR – Avalia a memória visual, assim como um conjunto de aptidões visuo-espaciais
construtivas e outros processos cognitivos associados ao funcionamento executivo, tais
como planeamento, organização e resolução de problemas (em tarefas de cópia, evocação
diferida de intervalo curto e evocação diferida de intervalo longo);
Lista de palavras – Avalia a aprendizagem e memória verbal (memória a curto prazo,
memória a longo prazo) e processos mnésicos específicos, como a codificação da
informação, a capacidade de retenção, a evocação, o reconhecimento e a suscetibilidade à
interferência;
Tabuleiro de corsi – Avalia a memória espacial/não verbal e o processamento visuo-
espacial.
LINGUAGEM
Nomeação rápida – Avalia de forma integrada a velocidade de processamento da
informação, a atenção, o autocontrolo, o estabelecimento de conexões entre a perceção
visual e a articulação, a ativação e integração de informação semântica, a ativação motora
e sequenciação temporal, bem como a memória a longo prazo;
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Compreensão de instruções – Avalia a linguagem recetiva, ao nível semântico e sintático,
bem como o processamento da informação auditivo-verbal;
Consciência fonológica – Os subtestes de Eliminação e Substituição que constituem o
teste CF avaliam a consciência fonémica através de atividades metalinguísticas de
manipulação, como a eliminação ou a substituição de segmentos fonológicos.
ORIENTAÇÃO
Teste de orientação – Permite o exame da orientação geral, temporal, espacial e memória.
LATERALIDADE
Teste de lateralidade – Avalia a destreza manual e digital (velocidade, precisão e
coordenação de movimentos de mãos e dedos).
MOTRICIDADE
Tabuleiro de motricidade - Avalia a destreza manual e digital (velocidade, precisão e
coordenação de movimentos de mãos e dedos).
ATENÇÃO/FUNÇÕES EXECUTIVAS
Fluência verbal – Avalia a aptidão para gerar palavras de acordo com categorias
semânticas e fonémicas. Os testes de fluência verbal semântica e fonémica avaliam,
sobretudo, as funções executivas, mas também, a linguagem e a memória;
Torre – Avalia competências executivas de resolução de problemas e de planeamento;
Cancelamento de sinais – Avalia a atenção (atenção visual seletiva e atenção visual
sustentada);
Trilhas – Avalia a atenção visual sustentada, a capacidade de exploração e sequenciação
visuo-espacial (Parte A) e a flexibilidade mental e capacidade para inibir respostas (Parte B).
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3.4. TESTES PROJETIVOS
3.4.1. Bar-Ilan
Instrumento semi-projetivo para o despiste de situações reais e significativas que surgem
no contexto escolar das crianças. Permite verificar a perceção que as crianças têm do seu
lugar:
✓ Na sociedade;
✓ Na escola;
✓ Em casa.
Permite verificar a perceção que fazem dos seus pontos fracos e do seu potencial para
lidar com situações do dia-a-dia. É aplicado a crianças entre os 4 e os 10 anos.
O teste é composto por 9 cartões, 7 dos quais têm critérios específicos para
raparigas/rapazes. Cada cartão representa uma situação na escola ou em casa e são
apresentados pela ordem:
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❑ Cartão 9 – Um grupo de crianças, incluindo uma deficiente, no pátio do recreio.
Revela a perceção da criança sobre as crianças deficientes e até que ponto esta se
identifica com as mesmas.
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Categorias:
• AFLIÇÃO (A)
✓ Cenas que retratam acontecimentos dolorosos ou associados a perigos;
✓ Refletem a aflição desencadeada;
• FANTASIA (F)
✓ Cenas em que a personagem consegue, através do recurso à fantasia, um alívio da
tensão provocada por aspetos críticos do estímulo;
• REALIDADE (R)
✓ Cenas que representam o reconhecimento e a aceitação da realidade ou representam
estratégias de ação que visam a resolução da situação.
Cada cartão foi pensado para ser apresentado como uma situação independente – foi
criada uma 10ª cena para cada um dos cartões, sendo esta apresentada e descrita pelo
técnico no final da história. Esta 10ª cena representa uma resolução factual do episódio
proposto no cartão – pretende garantir que o episódio proposto no cartão tem uma
resolução igual para todas as crianças independentemente da solução final de cada
criança.
Instruções:
Olha, tenho aqui uma história. É uma história de quadradinhos, mas ainda não está acabada
e eu gostava que tu me ajudasses a acabá-la. Vamos ver?
Cartão E (Carnaval): Era uma vez uma menina que estava a ver uma montra de uma loja
de brinquedos. Era Carnaval e ela foi comprar coisas para brincar. Estava a atirar
serpentinas. Agora vais tu continuar a história.
Cena 10: Aqui a menina está a contar à mãe as coisas que lhe aconteceram.
Cartão I (Passeio com a mãe): A menina foi passear com a mãe, distraiu-se a cheirar uma
flor. Ficou perdida. E agora, o que é que vai acontecer?
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Cena 10: Aqui a mãe e a menina já vão as duas juntas.
Cartão II (Doença): A menina estava a dizer à mãe que se sentia mal. A mãe viu que ela
tinha febre e chamou o médico. E depois? Agora continuas tu.
Cena 10: Aqui a menina está a conversar com a mãe.
Cartão III (Passeio à praia): A menina foi passear à praia com os pais. Estava a ver um
grupo de meninos a brincar, todos juntos. Voltou para ao pé dos pais e pôs-se a pensar o
que é que havia de fazer. E depois o que é que ela fez? Agora contas tu.
Cena 10: Já acabou. Aqui já voltaram para casa e estão a jantar.
Cartão IV (Pesadelo): A menina foi-se deitar. Adormeceu muito bem e depois acordou de
repente com um sonho muito mau. Agora continuas tu.
Cena 10: Aqui a menina e os pais estão a tomar o pequeno-almoço.
Cartão V (Dia dos Anos): Era o dia dos anos da menina. Os pais estavam a dar-lhe os
parabéns e os amigos também. Ela tinha um grande bolo de velas. E depois, o que é que
acontece?
Cena 10: Acabou o dia dos anos e a menina vai-se deitar.
Cartão VI (Briga dos Pais): A menina e os pais estavam a comer. O pai e a mãe começaram
a brigar e estavam muito zangados. E agora, como é que continua?
Cena 10: Já passou tudo. Aqui a menina está a brincar.
Cartão VII (Escola): A professora estava no quadro a explicar a lição. Depois fez uma
pergunta e todos os meninos sabiam responder menos esta menina. Agora continuas tu.
Cena 10: Agora já acabou. Aqui a professora está a ensinar a menina.
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Queres contar outra história que aches que poderia ter acontecido a esta menina? Uma
história que tu inventes?
“Era uma vez uma menina que estava a ver uma montra de uma loja de brinquedos. Era
Carnaval e ela foi comprar coisas para brincar. Estava a atirar serpentinas. Agora vais tu
continuar a história com estes cartõezinhos”.
“Estão aqui estes cartõezinhos todos e tu agora vais escolher três para continuares a
história. Fazes a história como tu gostares. Escolhes os três cartõezinhos que quiseres, só
três, e vais colocá-los aqui (indicando o espaço por baixo dos quadrados de banda
desenhada do Cartão grande). Depois contas-me a tua história”.
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Após a escolha das 3 cenas, retiram-se as restantes 6, o psicólogo repete a descrição
do cartão grande e pede à criança que conte a história que acabou de organizar. Quando
esta termina a narrativa, coloca-se a cena 10 a seguir às escolhidas e descreve-se de acordo
com as instruções:
Após aplicação dos 8 cartões, o psicólogo retira o material e apresenta o cartão FIM,
pedindo à criança:
✓ Para dar um nome à personagem;
✓ Para indicar a história que mais gostou e a história que menos gostou, dando
oportunidade para falar livremente sobre a situação;
✓ Propõe à criança que invente uma outra história que tivesse acontecido à
personagem.
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c) Caixa de lápis de cor;
Solicita-se do examinando que faça um Desenho Livre: “tem esta folha em branco e
pode fazer o desenho que quiser, como quiser”. Aguarda-se a conclusão do primeiro
desenho. Quando estiver concluído, o desenho não é retirado da frente do sujeito. O
examinador solicita, então, que conte uma história associada ao desenho: “agora, olhando
o desenho, podes inventar uma história, dizendo o que acontece”. Concluída, no
primeiro desenho, a fase de contar história, passa-se ao Inquérito. Após a conclusão da
história, e ainda com o desenho diante do sujeito, pede-se-lhe o Título da produção.
Análise:
1. Atitude básica:
(a) Em relação a si próprio (Representação de si):
– (itens) identidade pessoal, imagem e consciência corporal, auto-imagem, atitude quanto
ao crescimento, etc;
(b) Em relação ao mundo (Representação do Outro):
– (itens) submissão, domínio, autonomia, necessidade de êxito, insegurança, inibição,
oposição, hostilidade, perfeccionismo, egocentrismo.
Referências para a Descrição Dinâmica: observar:
a) localização de itens prevalentes;
b) intensidade de determinados itens;
c) relação entre itens desta área.
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(e) Relacionamento com figuras fraternas e outras
– (conforme dimensões já referidas).
Descrição Dinâmica:
a) aspetos da área que prevalecem;
b) omissão de dimensões;
c) itens mais frequentes;
d) intensidade dos itens;
e) figuras de identificação sexual;
f) lugar ou posição ocupados e que gostaria de ocupar em relação às figuras significativas;
g) reações diante de frustrações em relação às figuras significativas.
3. Sentimentos expressos:
- (itens) tristeza, alegria, culpa, solidão, abandono, etc.
Descrição Dinâmica:
(a) sentimentos expressos para com o psicólogo;
(b) sentimentos relativos a situações externas;
(c) itens que predominam;
(d) intensidade dos itens.
4. Tendências e desejos:
– (itens) desejo de livrar-se de danos físicos ou psíquicos, de evitar humilhações, de sanar
carência afetiva, etc; necessidades de apoio, proteção, atenção, consideração, poder,
realização, aquisição, construção, hostilidade, sexo, cura, afiliação, etc.
Descrição Dinâmica:
a) caracterização dos objetos sobre os quais existem catexias deste tipo;
b) confrontação dos itens expressos com a realidade;
c) distinção entre privação real e imaginária;
d) relação dos itens com outras áreas (por exemplo entre privação subjetiva e inveja).
5. Impulsos:
(a) Amorosos:
- (itens) reparação, ajuda, gratificação, conservação, etc;
(b) Destrutivos:
- (itens) abandono, morte, aniquilamento, ataque, dano, etc.
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Descrição Dinâmica:
a) aspetos dos impulsos que prevalecem;
b) itens mais frequentes;
c) intensidade dos itens;
d) destino dos itens;
e) direção dos impulsos (auto ou heteroagressivos, auto ou heteroeróticos, etc);
f) formas de lidar com a frustração;
g) integração dos impulsos amorosos e destrutivos.
6. Ansiedades:
(a) Paranóides (ligada à PS: o bebé projeta impulsos agressivos e teme que objeto retalie):
– (itens) medos de castigos, desaprovação, privação, falta de afeto, ser devorado, ser
abandonado;
(b) Depressivas (ligada à PD: o bebé integra o objeto e teme que ele seja destruído,
procurando reparar):
– (itens) medo de ter destruído ou danificado bons objetos, medo de ter danificado o próprio
ego, etc.
Descrição Dinâmica:
a) aspetos da ansiedade que prevalecem;
b) itens mais frequentes;
c) intensidade;
d) objetos a que aparecem associados;
e) estado de evolução para a posição depressiva.
7. Mecanismos de defesa:
– (itens) negação, clivagem, regressão, repressão, racionalização, formação reativa, fixação,
identificação projetiva patológica, etc.
Descrição dinâmica:
a) principais mecanismos utilizados;
b) uso de mecanismos variados e balanceados; uso de poucos ou de praticamente um único
mecanismo;
c) relação com angústias e fantasias inconscientes.
41
8. Sintomas expressos:
– (itens) pensamento obsessivo, hipercinesias, ideias delirantes, tiques, enurese, encoprese,
dificuldades escolares, etc.
Descrição Dinâmica:
a) itens comunicados de modo gráfico ou verbal;
b) itens expressos através do comportamento diante do psicólogo;
c) intensidade;
d) significado dos sintomas.
9.Simbolismos apresentados:
– (itens) símbolos particulares ou universais.
Descrição Dinâmica:
(a) significado dos símbolos;
(b) relação com itens apresentados.
42
b) atitudes diante de recreações e brinquedos.
(d) Amigos, companheiros e ambiente social
– (itens) inibição, insegurança, teimosia, egoísmo, domínio, arrogância, submissão, inveja,
igualdade, superioridade, etc.
Descrição Dinâmica:
a) normas e valores interiorizados;
b) auto e heterovalorização;
c) manifestações afetivas;
d) itens preponderantes;
e) relação com demais áreas.
Vantagens:
• Não é necessário treino especial para aplicar e interpretar;
• Necessita de treino e experiência em técnicas projetivas;
• Rapidez de administração cotação e interpretação.
2 tipos de instrução:
1. Insiste sobre a rapidez: Completar as frases o mais rapidamente possível com a primeira
coisa que se lembrar;
2. Pede-se que complete as frases expressando os seus próprios sentimentos;
• Pode combinar-se os dois tipos de instrução ou insistir mais num dos dois.
43
Tipos de início das frases:
• Referências à 3º pessoa: ele, ela;
• Nomes próprios: Maria, João (tendem a ser associados com pessoas conhecidas);
• Pronome pessoal associado a um verbo (forma mais frequente): “Eu gosto” Eu penso”
Eu desejo”;
• Também se apresentam estímulos neutros sem pronomes;
• O início da frase pode ser muito estruturado: “O mais divertido do Verão passado…”;
• Ou pouco estruturados em frases como “ás vezes …”;
• Os estudos parecem indicar que o emprego da primeira pessoa é o mais eficaz para
a projeção;
• Este método é semelhante ao TAT;
• Fornece dados sobre o conteúdo da personalidade, mais do que sobre a sua
estrutura.
• Dá informação sobre sentimentos, atitudes, reações específicas a pessoas e/ou
situações;
• Método de cotação (Rotter e Willerman) - Agrupamento das respostas em três
categorias:
✓ Conflituais ou patológicas (de 3 a 1);
✓ Respostas positivas ou normais (de 1 a 3);
✓ Respostas neutras (0);
• Ex. de cotação:
“As outras pessoas…..”
C3 (C/pat.) – Riem-se de mim; não são boas;
C2 – Falam demais; Deveriam preocupar-se com as suas coisas, aborrecem-me, irritam-me;
C1 - Também têm os seus problemas;
N (neutras) – São diferentes, São boas e más;
P1 (positivas) – Têm direito às suas opiniões, geralmente são simpáticas comigo;
P2 – São fixes.
44
✓ Sinto-me desconfortável quando…
✓ Muitas vezes eu….
✓ Odeio….
✓ Talvez….
✓ O futuro….
✓ Eu….
✓ Algumas pessoas…
✓ Alguns amigos meus…
✓ Sinto que…
O método das frases a completar dá menos informação que o TAT ou o Rorschach mas
tem grande valor clínico. Adapta-se bem à análise dos conflitos. É importante, numa primeira
abordagem projetiva permitindo estruturar as observações posteriores. Tem valor
diagnóstico.
Indicações:
Investigação de conteúdo e dinâmica de atitudes e sentimentos;
Permite identificar:
✓ Principais áreas de conflito e perturbação;
✓ Inter-relação entre atitudes;
✓ Levantamento de dados sobre aspetos de personalidade (interesses, nível de
atividade, adaptação emocional, expressão de conflitos).
45
QUEM SOU EU? (adolescentes)
Nome:
Idade:
Escola francesa
• Vica Shentoub, R. Debray (a partir dos anos 70);
• Método objetivo de análise do material;
Indicações:
• Investigação aprofundada do funcionamento psicológico;
• Deve ser associado ao Rorschach;
• Debray sugere que se substitua a aplicação do CAT pelo TAT, a partir dos 6 anos,
embora a maior parte dos clínicos não a proponha antes dos 8/9 anos.
46
É constituído por situações relativamente bem determinadas e por algumas paisagens
pouco estruturadas. O sujeito é convidado a contar uma história para cada cartão. São
situações suscetíveis de terem várias interpretações (essencial para haver projeção). Cada
imagem tem um tema com o qual o sujeito se confronta. São imagens que solicitam
facilmente memórias, recordações e fantasias.
Avaliação da personalidade:
✓ Análise da natureza dos vínculos afetivos;
✓ Regulação dos afetos;
✓ Qualidade das relações interpessoais;
✓ Identificação de conflitos;
✓ Mecanismos de defesa.
47
Permite uma abordagem fina dos conflitos e da adaptabilidade relacional e social. Numa
perspetiva dinâmica, interessa analisar a sucessão e grau de eficácia dos mecanismos
utilizados em cada cartão, bem como a oscilação das problemáticas e defesas. Para as
crianças a figuração de adultos nos cartões remete:
✓ para as representações das imagens parentais e do casal fantasmático que eles
formam.
A terminologia psicopatológica adulta não pode ser transposta para a criança, mesmo
quando os diferentes registos de conflitualisação reativados pelos cartões forem os mesmos.
Como teste temático é complementar do Rorschach.
CARTÃO 1
CONTEÚDO MANIFESTO:
Rapaz com a cabeça entre as mãos, a olhar para um violino colocado à sua frente;
CONTEÚDO LATENTE:
✓ A criança face ao objeto do pai;
✓ A criança é confrontada com a imaturidade funcional sugerida pelo material (objeto
adulto), reforçada pela imaturidade real;
✓ Problemática essencial: angústia de castração, reconhecimento da imaturidade atual
e possibilidade de a ultrapassar pelo projeto identificatório.
CARTÃO 2
CONTEÚDO MANIFESTO:
“Cena campestre” com 3 personagens: no primeiro plano uma rapariga que segura livros, no
segundo um homem com um cavalo e uma mulher encostada a uma árvore que pode ser
percebida como estando grávida;
CONTEÚDO LATENTE:
✓ Triangulo edipiano;
✓ O conflito pode também situar-se numa relação dual (rapariga numa situação de
dependência);
✓ Quando a identidade é estável existe diferenciação entre as personagens.
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CARTÃO 3BM
CONTEÚDO MANIFESTO:
Pessoa de sexo e idade indeterminados, caído junto a sofá. No canto esquerdo pequeno
objeto, difícil de identificar, frequentemente visto como pistola;
CONTEÚDO LATENTE:
✓ Estar só, versus culpabilidade;
✓ Perda de objeto; Elaboração da posição depressiva;
✓ Representação narcísica; processos identificatórios;
✓ A elaboração da posição depressiva é possível quando os afetos depressivos são
reconhecidos.
CARTÃO 4
CONTEÚDO MANIFESTO:
Casal em que o homem se afasta. É representada a diferença de sexos mas não de
gerações. Ao alto à esquerda, personagem feminina pouco figurada;
CONTEÚDO LATENTE:
✓ Expressão agressiva ao nível do casal;
✓ Remete para a diferenciação das imagens parentais num contexto conflitual;
✓ Conflito pulsional: agressividade e/ou libido;
✓ A terceira personagem pode acentuar o impacto edipiano.
CARTÃO 5
CONTEÚDO MANIFESTO:
Mulher de meia idade olha para o interior de uma sala. Está representada entre o dentro e o
fora;
CONTEÚDO LATENTE:
✓ Relação com a figura materna;
✓ Reativa diferentes registos conflituais ligados à imagem materna;
✓ A mãe pode ser representada como figura superegóica que surpreende cena
transgressiva;
✓ O cartão reativa a curiosidade sexual, e os fantasmas da cena primitiva.
49
CARTÃO 6BM (destinado aos rapazes)
CONTEÚDO MANIFESTO:
Casal com homem visto de frente, com expressão preocupada e mulher idosa que olha para
fora;
CONTEÚDO LATENTE:
✓ Proximidade filho/mãe;
✓ Remete para a proximidade edipiana mãe/filho num contexto de mal estar;
✓ O interdito edipiano (personagens de costas);
✓ Tema do luto: Possibilidade de perda e morte do pai.
50
✓ Relação mãe/filha num contexto de holding no contexto da interação mãe/filha e/ou
de identificação e rivalidade;
✓ Identificação com papel maternal. Capacidade de representar uma mãe
“suficientemente boa”.
CARTÃO 10
CONTEÚDO MANIFESTO:
Duas figuras de sexo oposto de que se vê o rosto, muito próximas;
CONTEÚDOS LATENTES:
✓ Expressão libidinal ao nível do casal, ou relação libidinal progenitor/filho;
✓ Contém importantes solicitações identitárias;
✓ Elaboração da perda;
✓ Curiosidade sexual.
51
CARTÃO 11
CONTEÚDO MANIFESTO:
Paisagem caótica, com grande contraste claro/escuro. Alguns elementos mais estruturados:
ponte, estrada, dragão/serpente;
CONTEÚDOS LATENTES:
✓ Problemática pré- genital;
✓ Apela para as capacidades de elaboração de solicitações pré-genitais ansiogénicas;
✓ Combate contra a natureza;
✓ Capacidade de elaborar a angústia pré-genital.
CARTÃO 12BG
CONTEÚDO MANIFESTO:
Paisagem com árvores na margem de um rio, com árvore e barco em primeiro plano;
CONTEÚDO LATENTE:
✓ Faz referência às experiências pré-genitais positivas e à capacidade de introduzir uma
dimensão objetal, na ausência da personagem figurada;
✓ Capacidade de diferenciar o mundo interno do externo;
✓ Suporte de relações desconflitualizadas (contexto edipiano);
✓ Fantasmática do abandono e perda.
CARTÃO 13B
CONTEÚDO MANIFESTO:
Rapaz sentado à porta de casa degradada. Contraste entre o exterior luminoso e o interior
escuro;
CONTEÚDOS LATENTES:
✓ Estar só, versus simbolismo materno;
✓ Remete para a elaboração da posição depressiva num contexto de precariedade do
simbolismo materno;
✓ Capacidade de estar só;
✓ Dimensão depressiva e abandónica da relação mãe/criança.
52
CARTÃO 13 MF (a partir dos 14/15 anos)
CONTEÚDO MANIFESTO:
Em primeiro plano um homem de pé, com um braço à frente do rosto e em segundo plano
uma mulher deitada com o peito nu;
CONTEÚDO LATENTE:
✓ Sexualidade genital em contexto libidinal ou agressivo.
CARTÃO 19
CONTEÚDO MANIFESTO:
Paisagem com casa sob a neve ou cena marítima com barco na tempestade;
CONTEÚDO LATENTE:
✓ Fantasmática pré-genital, versus simbolismo materno;
✓ As referências à natureza (mar, neve) remetem para a imago materna;
✓ Problemática pré-genital na evocação de um continente que permite a projeção de
bom e mau objeto;
✓ Capacidade de delimitação entre o dentro e o fora.
53
Metodologia – análise do protocolo
• Verificar procedimentos dominantes – mecanismos de defesa;
• Legibilidade (histórias estruturadas, procedimentos variados, afetos presentes e
ressonância fantasmática);
• Problemáticas;
• Hipóteses de organização psíquica.
Legibilidade e problemáticas
Legibilidade:
• Construção formal do discurso;
• Qualidade e efeitos dos procedimentos do discurso utilizados na construção da
história;
• Estruturação, coerência, clareza;
• Construção do conteúdo e do texto.
54
Tipo 3 (-/+) Registo Limite
• Predomínio de C mas também E;
• Afetos ausentes ou presentes de forma maciça;
• História pouco estruturada;
• Invasão fantasmática.
Problemáticas
Identidade e identificação
• Identidade: A construção da identidade apoia-se numa imagem do corpo
relativamente sólida e na eficácia dos processos de individuação em relação ao outro
e ao meio;
• Identificação: Processo de assimilação de aspeto ou características de outro e se
transforma sobre esse modelo;
• No TAT: Estabilidade da identidade? Personagens diferenciadas? Identificações
claras?;
• Resolução do conflito edipiano (angústia de castração, rivalidade, culpabilidade
edipiana);
• Problemática de uma organização pré-genital (angústia de morte, relação sado-
masoquista, destruição).
• Forma como a problemática se organiza no discurso;
• Conflito dominante;
• Natureza da angústia dominante (castração, perda de objeto, perda do amor do
objeto, de morte, fragmentação, desaparecimento);
• Mecanismos de defesa;
• Relações interpessoais: ausentes, satisfatórias, negativas, tensas;
• Relações com o mesmo sexo, sexo oposto, imagoparentais;
55
• Referências sexuais;
• Estabilidade na identidade – Personagens diferenciadas.
No TAT:
• Movimentos libidinais e agressivos referenciáveis?;
• As representações das relações traduzem ambivalência ou desintricação pulsional?;
Solução
• Adaptada - Conflito resolvido de forma socialmente integrada;
• Compromisso viável - Satisfaz-se a si próprio mas também o outro;
• Solução de fracasso ou autopunitiva – Solução neurótica. Rigidez do super-eu
(renuncia ao desejo);
• Dependente da ajuda exterior – Organizações anaclíticas. Procura de apoio para a
resolução do conflito;
• Retração narcísica - Utiliza o sono ou o sonho ou a fuga solitária;
• Ausência de solução - Conflito em aberto;
• Satisfação direta das pulsões - Resolve as frustrações de forma primária sem
defesa (psicopatia);
• Soluções incoerentes – esquizofrenia;
• Solução distante do problema.
Registo Neurótico
• Há relação com a realidade externa;
• Reconhece os elementos que lhe são propostos;
56
• Há clara diferença entre sujeito e objeto;
• Reconhece os elementos preceptivos e qualifica-os, atribuindo aos personagens
qualidades relacionais;
• Há identificação;
• Respeito pelo conteúdo manifesto e pelo conteúdo latente.
• Coloca os personagens numa cena, os vários personagens desempenham um papel
conflitualisado;
• A conflitualidade pode ser agressiva ou libidinal (as pessoas amam-se, odeiam-se,
etc…);
• Há capacidade de alteridade;
• Pressupõe um nível de aquisição identificatória bastante evoluído.
• Há identificação;
• Pressupõe o poder conter os próprios movimentos conflituais, com passagem de um
ao outro;
• Mesmo que haja um cenário mais intenso, há sempre retorno e não há destruição;
• Respeito pelo conteúdo manifesto e pelo conteúdo latente (as defesas são consoante
o tipo de neurose);
• As qualidades relacionais podem aparecer de uma forma:
❑ mais contida – Registo A (Neurose Obsessiva);
❑ mais lábil e dramática – Registo B (Neurose Histérica).
Registo Psicótico
• Capta a realidade em função da sua própria perceção, da sua própria vivência;
• Uma vez que é uma vivência de fragmentação, a realidade também é vista como
fragmentada;
• A relação com a realidade é alterada: presença de elementos bizarros, estranhos;
• Ataque ao próprio reconhecimento das características dos cartões;
Por ex: ver coisas que não estão lá (falsas perceções ou perceções alucinatórias);
• “Indistinção" entre saber o que encontra na realidade e o que projeta nessa realidade
(caráter caótico).
Defesas fundamentais:
Projeção e recusa da realidade
• Elementos projetivos demasiado intensos com o risco de fragmentação;
57
• A forte participação da projeção, leva a que não haja diferenciação;
• Histórias que revelam a eminência da destruição, por ex: temas de morte;
• Falta de reconhecimento da alteridade;
• Afetos maciços, geralmente com ausência de culpabilidade;
• Perturbações da linguagem, cenários inquietantes, etc…
Registo Limite
• Não há diferenciação clara entre o sujeito e o objeto;
• Esta indiferenciação tem a ver com necessidades de se preservar como sujeito;
• Não há capacidade de reconhecer o outro como algo diferente;
• Há esboço de diferenciação, de individualização, mas muito frágil;
• “Fica entre" a psicose e a neurose;
• O contacto com a realidade, reconhecimento do outro, reconhecimento do próprio,
estão adquiridos mas a nível rudimentar;
• Enquanto na psicose o outro é confundido, na perturbação limite, o outro é afastado,
não é considerado;
• Risco de depressão.
Falha Narcísica
• Tal como o exterior, também o interior é frágil;
• O outro aparece:
✓ como reflexo do mesmo (vertente mais narcísica);
✓ como o outro de que se necessita (vertente depressiva);
• No primeiro o sujeito tenta-se bastar a si mesmo (lógica narcísica);
• No segundo o outro procura um objeto (lógica depressiva).
Lógica Narcísica
• Há um eu e um outro com as qualidades do primeiro (reforço de um com exclusão do
outro);
• Exclusão do conflito;
• Insuficiência de limites;
Lógica Depressiva
• Aparece a falha da representação do sujeito;
• Os objetos aparecem marcados pela idealização ou pela negativa;
58
• A indiferenciação é feita através da grande identificação projetiva.
Interpretação
• Exige conhecimentos sólidos da psicologia dinâmica e experiência clínica;
• É indispensável o conhecimento da história pessoal;
• Deve avaliar-se a consistência dos conteúdos ao longo das histórias;
• Cada dado significativo deve ser integrado no conjunto dinâmico;
• Devem ser avaliadas as distorções, omissões e/ou adições de personagens e/ou
outros elementos.
❑ Temas abordados;
❑ Características e necessidades das personagens (herói);
❑ Resolução das situações/conflitos;
❑ Ambiente externo (relações, pressão);
❑ Relacionamentos específicos: figuras parentais, relações sociais;
❑ Conflitos tal como aparecem nas diferentes pranchas;
❑ Tipo de ansiedade e mecanismos de defesa;
❑ Elaboração dos conflitos.
Descrição:
CARTÃO 1
Representa um pátio de recreio com quatro polos:
a) Um grupo de crianças que joga à bola;
b) Um menino sozinho, próximo do grupo apoiado a uma árvore que vê os outros a jogar;
c) Um grupo de crianças juntas que brincam ou conversam;
d) Um menino sentado sozinho, separado dos grupos e que não os olha.
59
CARTÃO 2
✓ A segunda representa uma sala de aula, em que sobressai a conversa professor-
aluno;
✓ Vê-se um professor diante de um quadro em que estão escritos signos imprecisos;
✓ O professor fala com um dos alunos e percebem-se confusamente outras crianças;
✓ O sexo e idade das personagens é tão indeterminada quanto possível.
CARTÃO 3
✓ Aparece um grupo de crianças sentadas em mesas que podem ser de sala de aula,
atelier ou refeitório;
✓ Procura avaliar a relação de grupo, sem a presença do adulto.
INTERPRETAÇÃO
• Pode limitar-se à procura de sinais patológicos específicos, com finalidade
estritamente diagnóstica;
• Existem listas de sinais que, no entanto, se dirigem principalmente aos protocolos de
adultos;
• A análise qualitativa permite investigar fatores intelectuais, afetivos e de socialização
60
❑ R. Traubenberg
PRANCHA I
CONTEÚDO MANIFESTO:
• Conteúdo mais frequente: animal alado ou em crianças mais pequenas casa com
janelas ou árvore;
• Grande valor projetivo nas crianças.
Conteúdo latente:
• Cartão de entrada em contacto. Situação nova, induzindo a projeção da problemática
principal e modos de defesa;
• Relação pré-genital com a mãe nos seus aspetos positivos e/ou negativos, nas
imagens de segurança ou ameaça.
PRANCHA II
CONTEÚDO MANIFESTO:
• A estrutura bilateral solicita a projeção do modo de relação, pré-edipiano ou edipiano:
animais a lutar ou personagens em relação;
• Apreensão global suscita interpretações arcaicas ( interior do corpo feminino);
• Crianças mais pequenas: Fantasma do nascimento;
• Projeção de imagem pré-genital angustiante (gato enorme);
• Nos rapazes angústia de castração;
• Pulsões agressivas (explosão, luta, competição).
CONTEÚDO LATENTE:
• Apela, pela presença do vermelho aos afetos mais primitivos (pulsões agressivas);
• Apresenta também a imagem do vazio;
• Cartão materno;
• Sexualidade feminina arcaica ou genital;
• Cartão bissexuado, pode desencadear evocações sexuais;
• Problemática da castração;
• Apreendido globalmente pode induzir respostas ligadas com a problemática pré-
genital de nascimento, relação precoce simbiótica ou destrutiva.
61
PRANCHA III
CONTEÚDO MANIFESTO:
• Impõe-se a representação humana como necessidade de representação de si face
ao outro;
• Duas personagens sexuadas ou não, dois animais em relação;
• A polaridade arcaica aparece em interpretações como “rã”, “caranguejo”, “monstro”.
CONTEÚDO LATENTE:
• Representação do casal parental;
• Integração da imagem do casal sem diferenciação sexual;
• Identificação primária, secundária ou genital, a uma personagem humana;
• Representação de si face ao outro;
• Problemática da identificação.
PRANCHA IV
CONTEÚDO MANIFESTO:
• Evoca força, poder, autoridade: Respostas que reenviam para a imagem paterna
(“pessoas, homem, águia”);
• Pode conduzir ao evitamento e fuga para aspetos parcelares como projeção de
impotência ou depressão: “folhas mortas, papel queimado, manta rasgada”.
CONTEÚDO LATENTE:
• Imagem paterna ou superegóica;
• Imagem de poder, força, dominação, autoridade, castradora;
• Castração primária ou secundária, manifestada pela sensibilidade à presença ou
ausência de uma parte de um todo, representando o corpo;
• Papel superegóico paterno ou materno omnipotente.
PRANCHA V
CONTEÚDO MANIFESTO:
• Abordagem das crianças semelhante à dos adultos de forma unitária imediata;
• Faz apelo à projeção da unidade que remete para o sentimento de integridade e para
o conceito de si;
• A ausência de resposta G nas crianças põe em questão o acesso à identidade;
• Muito sensível à expressão de perda ou ausência de integridade corporal.
62
CONTEÚDO LATENTE:
• Cartão de adaptação à realidade;
• Imagem de si, da unidade e integridade do corpo, da sua personalidade;
• Integridade psíquica ou somática.
PRANCHA VI
CONTEÚDO MANIFESTO:
• Poucas referências diretas ao simbolismo sexual viril pelas crianças;
• Conteúdos frequentes: “foguetão, sol, serpente” no D superior ou no eixo mediano
inteiro;
• Gama de possibilidades interpretativas reduzidas para as crianças.
CONTEÚDO LATENTE:
• Sexualidade viril genital (imposição da forma fálica);
• Dinâmica atividade/passividade;
• Castração.
PRANCHA VII
CONTEÚDO MANIFESTO:
• Respostas de associação com a imagem materna a vários níveis;
• Ao nível mais arcaico, sentimento de carência, vazio, insegurança “ animal com
carapaça estragada, pele rasgada, neve”;
• A nível primário: imagem de mãe perigosa. “aranha, pinças de caranguejo”;
• Inversamente exteriorização de afetos positivos: “Boneco de peluche, animais a
brincar num baloiço”;
• Rapazes e raparigas mais velhos: Personagens humanas, em geral femininas;
• Simbolismo sexual simples:”gruta, baía”.
CONTEÚDO LATENTE:
• Imago materna;
• Relação com o sexo feminino e com a imagem materna.
63
PRANCHA VIII
CONTEÚDO MANIFESTO:
• Nas crianças as respostas são estruturadas a partir dos animais (D lateral);
• Cenas limitadas ao reino animal;
• Atribuição de ações ou intenções aos animais (projeção de desejos/pulsões);
• A outro nível, respostas de representação do interior do corpo, por vezes associado
a temas de destruição ou desmembramento (preocupação com a integridade
corporal).
CONTEÚDO LATENTE:
• Reenvia ao mundo exterior social;
• Relação com o outro, socialização;
• Modo de adaptação ao mundo exterior em função da organização interna das
identificações.
PRANCHA IX
CONTEÚDO MANIFESTO:
• Respostas globais associam-se a fenómenos naturais, como expressão pulsional;
• Projeções de nível arcaico (personagens inquietantes ou imagem materna pré-
genital).
CONTEÚDO LATENTE:
• Estar só face ao mundo;
• Simbolismo materno pré-genital;
• Apela à regressão;
• Fantasmas de gravidez ou nascimento;
• Desejo da mãe, versus simbiose ou cena primitiva.
PRANCHA X
CONTEÚDO MANIFESTO:
• A fragmentação do estímulo facilita a interpretação;
• Muitas vezes interpretada pelos adultos como prancha de simbolismo materno;
• As crianças não a interpretam dessa forma;
• A fragmentação e dispersão é securisante para alguns, desencadeando noutros
angústias desmembramento.
64
CONTEÚDO LATENTE:
• Imagem materna arcaica;
• Também problemática objetos parciais/ objeto total, ou fragmentação;
• Meio marinho como símbolo do inconsciente.
❑ S. Bourgés
• O psicograma constitui um suporte objetivo para a interpretação;
• Permite uma abordagem fina da eficácia intelectual;
• Numa perspetiva dinâmica a sucessão das respostas a cada prancha, manifesta:
✓ a diversidade da reatividade emocional;
✓ a força pulsional;
✓ a organização e eficácia dos mecanismos de defesa, em função do conteúdo latente
de cada prancha.
❑ R. Traubenberg
Conteúdos nos protocolos infantis
• As categorias mais frequentes referem-se ao mundo animal;
• Devem anotar-se as escolhas em função dos cartões e das características atribuídas
ao animal pela criança;
• O reino vegetal é também muito utilizado, principalmente a forma “árvore”, associada
ao mundo da natureza;
• O mundo humano aparece em ação ou é agido;
• O mundo dos objetos só aparece a partir dos 7 anos.
Esquema interpretativo
• A interação entre o modo de elaboração e os temas, dá conta da intensidade da
problemática, da força do Ego e das modalidades de resolução dos conflitos.
65
Dois conjuntos de dados analisados
1. Produtividade, variação e ritmo, o manuseamento:
✓ da realidade percetiva (G,D);
✓ o modo de expressão (F,K,C);
✓ os conteúdos prevalentes e a verbalização.
66
O recurso à realidade
• Procedimento adaptativo utilizado por todas as crianças (procura do conhecido,
verbalização descritiva);
• Inicia-se no período de latência (período pré-operatório e operatório);
• Só tem valor como defesa quando bloqueia qualquer outra abordagem;
• Pode corresponder ao recalcamento e conduzir ao isolamento.
As imagens de si e a representação de si
• A criança propõe, através das suas respostas, diferentes imagens de si que dão
conta:
✓ da sua autonomia;
✓ da diferenciação;
✓ da etapa no processo de identificação.
As imagens parentais
• A representação de si e o nível de expressão são função das condições do
desenvolvimento libidinal, do nível de relação de objeto e da maneira como são
vivenciadas as imagens parentais;
• O discurso sobre si mesma, implica sempre uma referência a essas imagens;
• Essas imagens, implicitamente presentes em todo o teste, estão mais presentes nos
cartões I, IV, VI, VII;
• As imagens parentais não podem ser diferenciadas enquanto não há limites entre si
e o mundo.
67
• Na latência surgem protocolos neutros, pouco dinâmicos, cheios de respostas formais
em que o recalcamento e o evitamento das pulsões parecem reforçar a autonomia do
Ego.
Modo de adaptação:
• Modo de resolução de conflitos;
• Modo de integração das necessidades;
• Modo de realização dos recursos.
❑ M. Emília Marques
Noções essenciais
• Relação realidade interna/ realidade externa (o real, a fantasia, o afeto);
• Ligações e transformações (relação de objeto);
• O pulsional e o relacional.
Objetivos:
• Expressão dos conflitos do desenvolvimento;
68
• Problemáticas e expressão defensiva num registo diferencial: neurose, desarmonia
(pré-psicose), psicose.
Defesas
• Projeção (excesso de produção);
• Defesas maníacas (excitação ou recusa do mal e do sofrimento);
• O lugar da realidade externa (recusada ou sobreinvestida).
69
Psicose
• Exuberância da atividade fantasmática ou o desértico e o retraimento;
• Invasão dos processos primários;
• Desligação, angústia arcaica (fragmentação);
• O parcial sem unidade, sem limites;
• O repetitivo, estereotipado;
• A indistinção entre o eu e o outro;
• Confusão e indiferenciação;
• O aberrante ou desvitalizado;
• A destruição e o dano identitário.
70