Conjectura Jacobiana
Conjectura Jacobiana
Conjectura Jacobiana
Outubro de 2018
INTRODUÇÃO
Referências Bibliográficas 24
1
Capítulo 1. Aplicações polinomiais e Conjectura Jacobiana
Ofereceremos neste capítulo o conceito de aplicações polinomiais e apresentaremos com
detalhes o entendimento do enunciado da Conjectura Jacobiana. Providenciaremos também as
informações do estado atual da Conjectura Jacobiana hoje em dia.
an xn ` an´1 xn´1 ` ¨ ¨ ¨ ` a1 x1 ` a0 ,
ou seja,
n
ÿ
f“ ai x i ,
i“0
cn z n ` cn´1 z n´1 ` ¨ ¨ ¨ ` c1 z1 ` c0 ,
ou seja,
n
ÿ
f“ ci z i ,
i“0
2
Definição 1.1.6. Seja f : K2 Ñ K uma aplicação, onde K “ R ou K “ C, e
K2 “ tpx, yq | x, y P Ku.
Dizemos que f é uma função polinomial de duas variáveis, ou um polinômio de duas variáveis,
se f é da forma ÿ
f px, yq “ aij xi y j ,
i“1,...,m
j“1,...,k
3
1.2 Matriz Jacobiana
Definição 1.2.1 (Derivadas Parciais). Seja f : K2 Ñ K, f “ f px, yq, uma função polinomial,
onde K “ R ou K “ C. A derivada parcial em relação à x no ponto px0 , y0 q da função f px, yq
é o limite
f px0 ` h, y0 q ´ f px0 , y0 q
lim
hÑ0 h
desde que o limite exista.
Bf d f px0 , y0 ` hq ´ f px0 , y0 q
px0 , y0 q “ fy px0 , y0 q :“ f px0 , yq|y“y0 “ lim .
By dy hÑ0 h
Se a função f px, yq tiver derivadas parciais em todos pontos no seu domínio, as derivadas
parciais se tornarem de novo funções de duas variáveis x e y, que denotadas por fx e fy , ou Bf
Bx
e Bf
By
, respectivamente.
fx “ 2x ` 2y, fy “ 2x.
Exemplo 1.2.4. Calculemos a matriz Jacobiana das aplicações polinomiais no exemplo 1.1.11.
4
1. Com a aplicação polinomial real F “ px2 ` 2xy, ´y ` 5xy 2 q, temos
ˆ ˙
2x ` 2y 2x
.
5y 2 ´1 ` 10xy
5
1.3.1 Enunciado
A Conjectura Jacobiana, que foi enunciada pelo matemático alemão Otto Henrich Keller [8], é
reconhecida, hoje em dia, como o seguinte:
Seja F : Kn Ñ Kn , onde K “ R ou K “ C, uma aplicação polinomial. Se o determinante
da matriz Jacobiana de F é não-nulo em todo X P Kn , isto é, se
Teorma 1.3.1 ([3, 9, 16, 19]). Seja F : Kn Ñ Kn uma aplicação polinomial, onde K “ R ou
K “ C. Se
detpJF pXqq ‰ 0, @X P Kn ,
então as seguintes afirmações são equivalentes:
1. F é injetora.
2. F é sobrejetora.
3. F é bijetora.
4. F é isomorfismo.
6
da Álgebra. Logo, a condição Jacobiana (J) para o caso complexo torna-se: o determinante
Jacobiano é um poliômio constante, isto é
Para distinguir a Conjectura Jacobiana para o caso complexo e o caso real, voltamos a
enunciar a Conjectura Jacobiana para cada caso:
detpJF pxqq ” 1.
F ´1 “ px ´ hpyq, yq.
7
Se a Condição Jacobiana satisfizer, isto é, se F 1 pxq ‰ 0 para todo x P R, teremos dois
casos: F 1 pxq ą 0, para todo x P R, ou F 1 pxq ă 0, para todo x P R. De fato, se for o contrário,
isto é, se existirem a P R e b P R tais que F 1 paq ă 0 e F 1 pbq ą 0, então pelo Teorema do
Valor Intermediário, existirá c P pa, bq tal que F 1 pcq “ 0, uma vez que F 1 pxq é contínua, o que
contradiz à Condição Jacobiana. Então:
1.4.2 Caso F : C Ñ C
Antes de falarmos sobre este caso, relembramos o Teorema Fundamental da Álgebra: Seja F pzq
um polinômio complexo não-constante, isto é,
Exemplo 1.4.1. Seja F pxq “ x2 ` 1. Se considerarmos F como um polinômio real, F não terá
soluções. Mas se consideramos F como um polinômio complexo, F terá duas soluções x “ i e
x “ ´i.
F 1 pzq ‰ 0, @z P C
nos diz que a equação F 1 pzq “ 0 não tem soluções. Logo, F 1 pzq é um polinômio constante
não-nulo, ou seja, existe α P Czt0u tal que F 1 pzq “ α. Neste caso, F pzq “ αz ` β, onde β P C,
então F é um polinômio inversível.
Portanto, a Conjectura Jacobiana é verdadeira para os polinômios complexos F : C Ñ C.
8
Dado px, yq P R2 , denotamos
t “ xy ´ 1, h “ tpxt ` 1q, f “ pxt ` 1q2 pt2 ` yq, P “ f ` h.
Escolhamos Q sob a forma
Q “ ´t2 ´ 6thph ` 1q ´ upf, hq,
onde u é um polinômio de variáveis f e h escolhidas tais que
JpP, Qq “ t2 ` pt ` pf p13 ` 15hqq2 ` f 2 .
1
Tem-se JpP, Qqpx, yq ą 0, para todo px, yq P R2 , pois se t “ 0, então f “ y “ x
‰ 0. Podemos
verificar que pP, Qq não é injetora.
A original aplicação do Pinchuk é definida por escolher
75 4
Q “ ´t2 ´ 6thph ` 1q ´ 170f h ´ 91h2 ´ 195f h2 ´ 69h3 ´ 75f h3 ´ 4
h
(veja [17]). Esta aplicação tem grau 25, uma vez que grauphq “ 5 e graupf q “ 10. Esta aplicação
também é uma aplicação do tipo de Pinchuk que tem o menor grau.
9
1.8 Conjectura Jacobiana Complexa Plana F “ pf, gq :
C2 Ñ C2 em relação a grau: Verdadeira quando um
polinômio coordenado (f ou g) é linear ou o grau da
aplicação F é inferior a 102
Seja F “ pf, gq : C2 Ñ C2 uma aplicação polinomial. A Conjectura Jacobiana Complexa de
dimensão dois é verdadeira quando f é linear ou g é linear ou graupF q é inferior a 102. Note
que o grau de F é o maior grau dos polinômios f e g.
Demonstração. Sem perda de generalidade, podemos supor que graupf q “ 1. Então, f tem
a forma f px, yq “ ax ` by ` c, onde a, b P C e a ‰ 0 ou b ‰ 0. Fazendo a seguinte mudança de
variáveis
u “ ax ` by, v “ y. (1.8.2)
Suponhamos que ϕpu, vq e ψpu, vq sejam funções novas de f e g, respectivamente, em relação
às novas variáveis u e v. Tem-se f px, yq “ ϕpu, vq “ u ` c. Pela Regra da Cadeia, segue-se
Como Jpf, gq é um polinômio constante não nulo, a deve ser não nulo e, além disso, existe
k P Czt0u tal que Jpϕ, ψqpu, vq “ k. Agora, note que
Jpϕ, ψqpu, vq “ ϕu ψv ´ ϕv ψu “ ψv .
Observação 1.8.3. A demonstração do Teorema 1.8.1 vale também para o caso real.
10
A demonstração deste Teorema foi feita por um método computacional.
Este Teorema nos diz que, para estudar a Conjectura Jacobian Complexa Plana, precisamos
de estudar aplicações polinomiais de grau superior a 101. Isto significa que, para tratar a
Conjectura Jacobiana deste caso, precisamos de certos métodos especiais. Um destes métodos
é o método do Polígono de Newton que apresentaremos no próximo capítulo. Mas antes isto,
gostaríamos de discutir um pouco sobre a Conjectura Jacobiana no caso de dimensão qualquer.
Teorma 1.9.1 ([2, 23, 5]). A Conjectura Jacobiana Complexa Plana é verdadeira se é verda-
deira para a classe de aplicações polinomiais da forma F pXq “ X ` H3 pXq, onde H3 pXq é uma
aplicação polinomial homogênea de grau 3.
Teorma 1.9.2 (Wang [19], 1980). Toda aplicação polinomial Keller de grau 2 é inversível.
11
Demonstração. Seja F : Kn Ñ Kn uma aplicação Keller, onde K “ R ou K “ C e n ě 2.
Então detpJF pXqq ‰ 0, para todo X P K2 . Suponhamos que F não seja injetiva. Então existem
a, b P Kn tal que a ‰ b e F paq “ F pbq. Considere
GpXq “ F pX ` aq ´ F paq.
onde Gi são aplicações polinomiais cujos polinômios coordenados são homogêneos de grau i,
para i “ 1, 2. Isto é, para cada paramêtro t P C, temos
Segue-se
JGpuqptq “ G1 pcq ` 2tG2 pcq. (1.9.3)
Por outro lado, pela Regra da Cadeia, temos
du
JGpuqptq “ JGpuq “ cJGpuq.
dt
Note que significamos JGpuqptq a matriz Jacobiana de G em relação à variável t e JGpuq a
matriz Jacobiana de G em relação à variável u. Pela definição de G, temos JF puq “ JGpuq.
Pela hipótese da Condição Jacobiana de F , tem-se JGpuq ‰ 0, para todo u “ ct, com t P C.
Além disso, como a ‰ b e c “ b ´ a, então c ‰ 0. Portanto, JGpuqptq ‰ 0, para todo t P C.
De (1.9.3), implica-se G1 pcq ` 2tG2 pcq ‰ 0, para todo t P C. Escolhendo t “ 1{2, temos que
G1 pcq ` G2 pcq “ 0. Porém,
12
Capítulo 2. Aproximação de polígono de Newton
Neste capítulo, apresentaremos o conceito de polígono de Newton de um polinômio com-
plexo de duas variáveis e as primeiras etapas do Método de Polígono de Newton no estudo da
Conjectura Jacobiana Complexa de dimensão dois.
A partir de agora, no caso em que não tenha confusão, dizer um polinômio significará dizer um
polinômio complexo de duas variáveis.
Definição 2.1.1. O suporte do polinômio f é o conjunto
Supppf q “ tpi, jq : aij ‰ 0u.
O polígono de Newton de f , denotado por N pf q, é a envoltória convexa do conjunto
Supppfq Y tp0, 0qu,
isto é,
N pf q :“ ConvpSupppf q Y tp0, 0quq.
Exemplo 2.1.2. 1. f px, yq “ 1 ` x ` x2 .
N pf q
‚ ‚ ‚ x
0
2. f px, yq “ x ` x2 ` xy ` y ` y 2 .
y
‚
N pf q
‚ ‚
‚ ‚ ‚ x
0
13
3. f px, yq “ x ` x2 y ` xy ` xy 2 ` y.
‚ N pf q
‚ ‚ ‚
‚ ‚ x
0
4. f px, yq “ x2 ` x3 ` x4 ` y 4 ` x3 y ` x4 y ` xy 2 ` x2 y 2 ` x4 y 2 ` xy 3 ` x2 y 3 ` x2 y 4 .
‚ ‚
‚ ‚ N pf q
‚ ‚ ‚
‚ ‚
‚ ‚ ‚ ‚ x
0
14
2.2 Graduação de um polinômio f : C2 Ñ C segundo uma
direção
Definição 2.2.1. Um vetor w “ pu, vq, onde u, v P Z, é chamado de direção se u ą 0 ou v ą 0
e mdcpu, vq “ 1. A direção w “ pu, vq é chamada direção positiva (respectivamente, negativa)
se uv ą 0 (respectivamente, uv ă 0).
Observação 2.2.2. Se w “ pu, vq for uma direção, u ou v poderá ser 0, mais u e v não poderão
ser 0 simultaneamente.
f “ x3 ` x2 y 2 ` x2 y ` xy 4 ` xy 3 ` xy 2 ` xy ` x ` y 3 ` y 2 ` y ` 2.
p3, 0q, p2, 2q, p2, 1q, p1, 4q, p1, 3q, p1, 2q, p1, 1q, p1, 0q, p0, 3q, p0, 2q, p0, 1q, p0, 0q.
Agora, vamos “graduar” f em polinômios fi tais que para cada i, Supppfi q contém vetores cujo
produto escalar de cada vetor deste conjunto com o vetor direção w “ p2, 1q é uma mesma
constante. Logo, temos
f “ f6 ` f5 ` f4 ` f3 ` f2 ` f1 ` f0 ,
onde
f6 “ x3 ` x2 y 2 ` xy 4 , pois p3, 0q.p2, 1q “ p2, 2q.p2, 1q “ p1, 4q.p2, 1q “ 6;
f5 “ x2 y ` xy 3 , pois p2, 1q.p2, 1q “ p1, 3q.p2, 1q “ 5;
f4 “ xy 2 , pois p1, 2q.p2, 1q “ 4;
f3 “ y 3 ` xy, pois p0, 3q.p2, 1q “ p1, 1q.p2, 1q “ 3;
f2 “ x ` y 2 , pois p1, 0q.p2, 1q “ p0, 2q.p2, 1q “ 2;
f1 “ y, pois p0, 1q.p2, 1q “ 1;
f0 “ 2, pois p0, 0q.p2, 1q “ 0.
Note que os pontos do suporte de cada fi estão na mesma reta que passa por estes pontos
e é ortogonal ao vetor direção w “ pu, vq. Portanto, estas retas são paralelas.
15
y
‚ ‚
‚ ‚ w
~
f6
‚ f3‚f4 f5‚
‚f1 f2‚ ‚
f0
‚ ‚ ‚ x
0 N pf q
16
3. O grau de um polinômio homogêneo segundo uma direção pode ser 0 ou negativo.
3. Temos ÿ
fdi “ aλµ xλ y µ .
λu`µv“di
Isso significa que fdi é a soma de monômios (de f ) cujo exponente está na reta
αu ` βv “ di .
Agora, vemos que todo lado do polígono de Newton de um polinômio tem uma direção
correspondente w “ pu, vq tal que w é ortogonal a esse lado. Se w for positiva (resp., negativa),
isto é, uv ą 0, (resp., uv ă 0), este lado será chamado de lado positivo (resp., lado negativo).
Seja w “ pu, vq uma direção. Denotamos
|w| “ u ` v.
onde ÿ
Js pf, gq “ Jpfi , gj q.
i`j“s`|w|
17
2. Se pf, gq for um par Jacobiano, isto é, Jpf, gq “ c P Czt0u, teremos
ř
(a) J0 pf, gq “ i`j“|w| Jpfi , gj q “ c,
(b) Js pf, gq “ 0, para todo s ‰ 0.
Teorma 2.3.1. Sejam pf, gq um par Jacobiano, onde graupf q ą 1 e graupgq ą 1 e w uma
direção. Então, existe um polinômio w-homogêneo h tal que
f ` “ c1 hn1 , g ` “ c2 hn2
Teorma 2.3.2. Seja pf, gq um par Jacobiano, onde graupf q ą 1 e graupgq ą 1. Então os polí-
gonos de Newton N pf q e N pgq de f e g, respectivamente, são semelhantes. Mais precisamente,
existe um polígono convexo W tal que
onde
graupf q graupgq
d“ , e“ .
mdcpgraupf q, graupgqq mdcpgraupf q, graupgqq
Note que mdcpgraupf q, graupgqq significa o menor divisor comum de graupf q e graupgq. O
polígono W é chamado polígono de base do par Jacobiano pf, gq.
O Teorema 2.3.2 nos diz que se graupf q ą 1 e graupgq ą 1, então os dois polígonos de
Newton de f e g são semelhantes. Ou seja, o Teorema garante que não precisamos estudar os
polígonos de Newton dos polinômios f e g do par Jacobiano pf, gq, apenas estudar um dos
polígonos, devido à semelhança.
O Teorema 2.3.1 nos conta que temos uma relação especial entre os polinômios homogêneos
de maior w-grau pf ` q e g ` segundo uma direção fixada. Note que quando fixarmos um lado
de um polígono de Newton de f , poderemos sempre escolher uma direção w tal que este lado
contém o suporte do polinômio de maior w-grau pf ` q. Portanto, em vez de estudar todos os
lados do polígono N pf q, podemos estudar somente o lado de maior w-grau.
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Estes teoremas nos ajudam estudar a fronteira do polígono de Newton de f (ou g). Porém,
para entender o polinômio f , precisamos entender também o que acontece no interior do seu
polígono de Newton. Uma sequência importante dos Teoremas da Semelhança é a seguinte:
Por volta do ano 1977, o matemático Abhyankar [1] inventou um processo conhecido como
Eliminação de Abhyankar. Este processo serve para “eliminar” o lado de maior w-grau para
“entrar” no interior do polígono de Newton N pf q (ou N pgq). Continuando com este processo,
podemos entender inteiramente o polígono de Newton. O processo de Abhyankar completa o
método chamado Método do Polígono Newton para estudar a Conjectura Jacobiana Complexa
Plana. Este método havia sido estudado por muitos matemáticos, por exemplo, Nagata [11],
Nowicki [13], Oka [14, 15], etc.
O Método do Polígono de Newton nos providência os resultados importantes no estudo da
Conjectura Jacobiana Complexa Plana.
O objetivo desta seção é demontrar os Teoremas da Semelhança. Para isso, precisamos de
alguns lemas.
2.3.1 Lemas
Lema 2.3.3. Sejam f e g dois polinômios w-homogêneos tais que Jpf, gq “ 0. Então:
f “ c1 hn1 , g “ c2 hn2 ,
2. h não tem a forma chs0 , onde c P Czt0u, h0 P Crx, ys e s é um número inteiro tal que
s ą 1.
Antes de provar este Lema, vamos nos permitir aceitar um resultado das derivadas sobre
Crx, ys que podemos verificar em [6]: Uma C-derivada sobre Crx, ys é a aplicação D : Crx, ys Ñ
Crx, ys satisfazendo a condição de Leibniz, isto é:
Se D for uma C-derivada não nula sobre Crx, ys, existirá um polinômio h P Crx, ys tal que
KerD “ Crhs.
Demonstramos agora o Lema 2.3.3.
Demonstração. [Lema 2.3.3]
1. Seja
D :“ fy Bx ´ fx By .
Então, D é uma derivada sobre Crx, ys. Além disso, temos
Dpgq “ fy gx ´ fx gy , Dpf q “ fy fx ´ fx fy .
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É claro que Dpf q “ 0. Pela hipótese Jpf, gq “ 0, temos Dpgq “ 0 também. Isso significa
que f e g pertencem a KerD. Como D é uma C-derivada sobre Crx, ys, existe um polinômio
ř ř
h P Crx, ys tal que KerD “ Crhs. Logo, f “ ai hi e g “ bj hj , com ai , bj P C. Por
outro lado, como f e g são polinômios homogêneos, então h também é um polinômio
homogêneo. Portanto, existem n1 , n2 P N e c1 , c2 P Czt0u tais que f “ c1 hn1 e g “ c2 hn2 .
2. Suponhamos que existam c P Czt0u e um número inteiro s ą 1 tais que h “ chs0 . Como
h P KerD, então h0 P KerD também. Logo, h0 “ c1 ht , onde t ě 1 e c1 P Czt0u. Portanto,
h “ cpc1 ht qs , isso significa que s “ t “ 1, o que contradiz o fato de s ą 1.
l
Seja w uma direção. O par de polinômios pf, gq será chamado de w-relativo se existirem
um polinômio w-homogêneo h, dois números naturais n1 , n2 P N e dois números complexos não
nulos c1 , c2 tais que
f ` “ c1 hn1 , g ` “ c2 hn2 .
f ` “ c1 hn1 , g ` “ c2 hn2 ,
Lema 2.3.5. Se pf, gq for um par Jacobiano com graupf q ą 1 e graupgq ą 1, então os números
tx pf q, tx pgq, ty pf q e ty pgq são positivos.
20
estão na região ux ` vy ą 0. Por outro lado, como tx pf q “ 0, tem-se p1, 0q R Supppf q. Portanto,
pela Observação 2.2.3, temos p1, 0q P Supppgq. Isso significa que
wgraupg ` q ě u ą u ` v “ |w|
(note que v ă 0). Além disso, com a direção w escolhida, temos wgraupf ` q “ 0, segue-se
f ` “ c1 hn1 , g ` “ c2 hn2
Lema 2.3.6. Se pf, gq for um par Jacobiano com graupf q ą 1 e graupgq ą 1, teremos
21
Demonstração do Teorema 2.3.1
Demonstração. [Teorema 2.3.1] Como pf, gq é um par Jacobiano com graupf q ą 1 e
graupgq ą 1, então, pelo Lema 2.3.6, temos wgraupf q ` wgraupgq ´ |w| ą 0. Note que
f ` “ c1 hn1 , g ` “ c2 hn2
1. Se pf, gq for um par Jacobiano, então pf, gq será invertível (Conjectura Jacobiana).
2. Se pf, gq for um par Jacobiano, então o polígono de Newton de f será o triângulo com os
vértices p0, 0q, pl, 0q, p0, mq, com l, m P N.
22
3. Se pf, gq for um par Jacobiano, então graupf q dividirá graupgq ou graupgq dividirá graupf q.
onde d, e ą 1 e mdcpd, eq “ 1.
Este teorema profundo de Nagata nos diz que para estudar a existância dos contra-exemplos
da Conjectura Complexa de dimensão dois, podemos estudar somente os polinômios cujos
polígonos de Newton são contidos na caixa
tpi, jq P Z2 : 0 ď i ď md; 0 ď j ď ndu
como mostra a seguinte figura:
y y
b‚ ‚ pa, bq b‚ ‚ ‚ pa, bq
‚ ‚ ‚ ‚ ‚ ‚ ‚
‚ ‚ ‚ N pf q ‚ ‚ ‚ ‚ N pf q
‚ ‚ ‚ x ‚ ‚ ‚ ‚ x
0 a´b a 0 a´b a1 a
Além dos dois teoremas importantes acima, obtivemos também os seguintes resultados par-
ticulares da Conjectura Jacobiana Complexa Plana obtidos a partir do Método do Polígono de
Newton:
Teorma 2.4.3 (Veja [11]). Seja pf, gq um par Jacobiano, temos que
1. Se mdcpgraupf q, graupgqq for um número primo, então pf, gq será invertível.
2. Se graupf q ou graupgq for o produto de dois números primos, então pf, gq será invertível.
Teorma 2.4.4 (Veja [11]). Seja pf, gq um par Jacobiano. Se mdcpgraupf q, graupgqq ď 8, então
pf, gq é invertível.
23
Referências Bibliográficas
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24
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[14] M. Oka, On the boundary obstructions to the Jacobian conjecture of two variables,
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[22] N.T.B. Thuy, Conjectura Jacobiana - Uma Conjectura Aberta, A Hora da Ma-
temática, Departamento de Matemática, IBILCE, UNESP, 2018, disponível em
https://www.youtube.com/watch ?v=kHIjWHFr628&feature=youtu.be
25