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Doenças Raras Ebook Mendelics PDF

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dralvaro
Direitos autorais
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Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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PREFÁCIO

Este e-book conta com tópicos importantes sobre


doenças raras para dois públicos: público especia- PÚBLICO ESPECIALISTA
lista (profissionais da saúde) e população em geral
(incluindo pacientes e familiares). Para o público especialista, este e-book oferece
informações atualizadas sobre as bases genéticas e
Para facilitar a leitura, há dois blocos neste e-book, tratamentos de doenças raras, bem como os avan-
que estão diferenciados por cor: ços dos exames de triagem e diagnóstico genético.

POPULAÇÃO EM GERAL

Para a população geral, este e-book oferece expli-


cações acessíveis sobre doenças raras, incluindo
orientações sobre o aconselhamento genético e
exemplos de histórias inspiradoras.
Fevereiro é o mês das Doenças Raras: o dia 29, o Para reforçar o nosso comprometimento com
mais raro do calendário, foi o escolhido para cons- esta causa, que está intrinsecamente ligada ao
cientizar a população sobre o tema em todas as DNA da Mendelics, criamos este E-Book como
suas nuances. um guia sobre doenças raras, diagnóstico gené-
tico e orientações.
Assim, a Mendelics deseja apoiar os mais de 13
milhões de brasileiros portadores de alguma
doença rara e todos que acompanham e se dedi-
cam na trajetória do diagnóstico, cuidado e trata-
mento. É imperativo que existam informações de OS RAROS SÃO MUITOS
confiança e exames com credibilidade disponíveis
e acessíveis. Faça parte deste movimento de conscientização
sobre Doenças Raras.
A Mendelics nasceu com a missão de tornar o
diagnóstico genético rápido, preciso e acessível
para todos que precisam. Nossa trajetória é indis- Boa leitura!
sociável do progresso em doenças raras dos últi-
mos 10 anos.

Criamos uma rede robusta que liga médicos,


pacientes e parceiros a tecnologias e painéis
especializados para garantir que as pessoas com
doenças raras tenham as melhores ferramen-
tas disponíveis para diagnóstico. Com o Teste da
Bochechinha, nós expandimos esses cuidados e
revolucionamos a triagem neonatal identificando David Schlesinger
mais de 340 doenças com tratamentos disponíveis. CEO da Mendelics
Guia sobre
doenças raras:
Diagnóstico genético e orientações

PÚBLICO ESPECIALISTA
ÍNDICE
01 DOENÇAS
RARAS 6
06 ACONSELHAMENTO
GENÉTICO 37
O que são doenças raras 7
O que causa as doenças raras 7 O que é o aconselhamento genético? 38
Para quem é indicado? 39

02 DOENÇAS CONGÊNITAS,
GENÉTICAS E HEREDITÁRIAS 8
07 COMO IDENTIFICAR
AS DOENÇAS RARAS 40
Doenças congênitas 9
Doenças genéticas 10 Triagem x Diagnóstico 41
Doenças hereditárias 10 Sequenciamento de Nova Geração (NGS) 42
SNP-Array (Hibridização Genômica em Microarray) 43

03
MLPA (Multiplex Ligation-dependent Probe Amplification) 43
PADRÃO DE HERANÇA
Diferença entre o SNP-Array e o MLPA 44
DAS DOENÇAS HEREDITÁRIAS 11
Sequenciamento Sanger 44
Padrão de herança autossômica recessiva 12

08
Padrão de herança autossômica dominante 13
Padrão de herança ligada ao cromossomo X 14 CLASSIFICAÇÃO
Padrão de herança dominante ligada ao cromossomo X 14 DAS VARIANTES 45
Padrão de herança recessiva ligada ao cromossomo X 15 Como saber se uma alteração genética é patogênica? 46
Padrão de herança ligada ao cromossomo Y 16

04 PRINCIPAIS
DOENÇAS RARAS 17
09 COLETA DE SANGUE E SWAB BUCAL
PARA OS TESTES GENÉTICOS 48
Como funciona: swab bucal e coleta de sangue 49
Distrofia muscular de Duchenne 18 Diferenças entre o swab bucal e a coleta de sangue 51
Retinoblastoma 20

10
Fibrose cística 21 TRATAMENTO
Atrofia muscular espinhal 23 DE DOENÇAS RARAS 52
Anemia falciforme 26
Talassemia 28 Medicamentos órfãos 54
Fenilcetonúria 30 Medicamentos e terapias gênicas para doenças raras 55
Galactosemia 32 Quadro resumo com terapias gênicas e medicamentos
Quadro resumo das doenças raras 34 para doenças raras 56

05 PROGRAMAS DE
APOIO AO DIAGNÓSTICO 35 11 DEPOIMENTOS
DE MÉDICOS 58

Conheça alguns Programas de Apoio ao Diagnóstico 36


CONTATO 63
01
DOENÇAS
Raras
7 DOENÇAS RARAS

O QUE SÃO O QUE CAUSA AS


doenças raras? doenças raras?
No Brasil, são consideradas doenças raras aquelas que afetam Existem diferentes causas para as doenças raras.
até 65 a cada 100.000 pessoas. Estima-se que aproximadamente
13 milhões de pessoas tenham alguma doença rara no país. Aproximadamente 80% das doenças raras são genéticas, causa-
das por alterações em genes ou cromossomos, enquanto o restan-
te pode ter origem infecciosa, autoimune, ambiental ou ter a causa
ainda desconhecida.

6 MIL
MAIS DE

DOENÇAS
RARAS 80%
têm causa
genética

50-75% 3-10 anos


iniciam-se na infância para o diagnóstico correto

Existem mais de 6.000 diferentes tipos de doenças raras, sen-


do todas graves, frequentemente crônicas e progressivas. Embo-
ra cada doença rara possua características bem específicas, há
20%
têm causa infecciosa,
grande variabilidade de sinais e sintomas, tanto entre as doenças, autoimune, ambiental
quanto entre pacientes de uma mesma doença. ou desconhecida

Além disso, muitos sintomas são semelhantes a doenças comuns


tornando o diagnóstico correto um desafio para a comunidade mé-
dica, podendo levar de 3 a 10 anos. Enquanto o tempo passa, os
sintomas podem se agravar e levam a consequências graves para
Referências:
o paciente raro. Lee CE et al. Rare Genetic Diseases: Nature’s Experiments on Human Development. iScience. 2020.
Doenças raras. Ministério da Saúde. Acessado em: 17/01/2023.
Especialmente quando a doença se desenvolve na infância, se não
Leitura recomendada:
houver um tratamento precoce, podem haver consequências gra- Doenças Raras – entenda quais são e a importância do diagnóstico. Blog Sequenciando Ideias -
ves para o desenvolvimento da criança. Mendelics.
02
DOENÇAS
Congênitas,
genéticas e
hereditárias
9 DOENÇAS CONGÊNITAS, GENÉTICAS E HEREDITÁRIAS

Apesar de, muitas vezes, serem consideradas


como sinônimos, doenças congênitas, genéticas
e hereditárias são conceitos diferentes.

DOENÇA
congênita
Manifesta-se já no nascimento
ou durante a gestação.

DOENÇA
genética
Causada por alterações
(mutações) no DNA.
DOENÇAS
DOENÇA congênitas
hereditária
Causada por mutações passadas
de geração em geração. São aquelas que, independentemente da causa, estão presentes
desde o nascimento, podendo afetar a saúde da criança a partir
do primeiro dia de vida. As doenças congênitas também podem se
manifestar ainda na fase intrauterina ou podem apresentar sinto-
mas depois de algum tempo.

Algumas doenças congênitas podem ser genéticas, enquanto que


outras podem ser causadas por infecções (como rubéola e sífilis)
ou por uma dieta desbalanceada da mãe durante a gestação, que
leva à falta de algum nutriente, por exemplo.
10 DOENÇAS CONGÊNITAS, GENÉTICAS E HEREDITÁRIAS

DOENÇAS
genéticas
São aquelas causadas por uma ou mais alterações permanentes no
DNA chamadas de mutações. As mutações podem comprometer
um gene e, por consequência, uma proteína, levando a problemas
no funcionamento do organismo.

As mutações podem ser:

Hereditárias ou germinativas: quando estavam presentes no


óvulo da mãe ou no espermatozóide do pai e são passadas de
geração em geração.

↪ Quando uma mutação surge pela primeira vez em um


membro da família, não estando presente nos seus progeni-
tores, ela é chamada de mutação de novo (mutação nova).
DOENÇAS
Somáticas ou adquiridas: quando surgem em algum momen-
hereditárias
to ao longo da vida decorrentes de hábitos, estilo de vida ou
outros fatores ambientais.
São causadas por alterações no DNA que são transmitidas de
geração em geração, herdadas de pelo menos um dos pais. Assim,
toda doença hereditária é uma doença genética, mas nem toda
doença genética é hereditária.

As doenças genéticas hereditárias apresentam diferentes padrões de


herança. Padrão de herança diz respeito à forma como as alterações
genéticas precisam ser herdadas para uma doença se manifestar.

Leitura recomendada:
Alterações genéticas: glossário de genética III. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
03
Doenças genéticas hereditárias podem ser causadas
por alterações em um ou mais genes, sendo chamadas

PADRÃO
de monogênicas e não-monogênicas (poligênicas),
respectivamente.

de herança
Padrão de herança diz respeito à forma como
as alterações genéticas precisam ser herdadas
para uma doença se manifestar.

das doenças Com relação às doenças genéticas monogênicas, o padrão


de herança depende da localização do gene envolvido

hereditárias
(se nos cromossomos sexuais, nos autossomos ou no DNA
mitocondrial) e se uma ou duas cópias do gene alterado
causam a doença.
12 PADRÃO DE HERANÇA DAS DOENÇAS HEREDITÁRIAS

PADRÃO DE HERANÇA
autossômica recessiva gene normal gene alterado

Indivíduos com duas alterações genéticas hereditárias no mesmo Os indivíduos com uma única cópia alterada são chamados portado-
par de autossomos são afetados pela doença. Esse padrão de res e geralmente não desenvolvem os sintomas, mas podem passar
herança é o mais comum entre as doenças genéticas raras, compre- a mutação para os filhos, mantendo o risco da doença na família.
endendo cerca de 45% delas.

Este casal tem 50% de chances de ter um filho portador da alteração Este casal tem 25% de chances de ter um filho com a doença.
genética e 50% de chances de ter um filho não afetado pela doença.
13 PADRÃO DE HERANÇA DAS DOENÇAS HEREDITÁRIAS

PADRÃO DE HERANÇA
autossômica dominante
Nesse padrão de herança, uma única cópia do gene alterada, loca-
lizada nos cromossomos autossomos, é suficiente para a manifes-
tação dos sintomas. Esse padrão de herança abrange cerca de 32%
das doenças genéticas raras.

Em alguns casos, mesmo herdando uma cópia do gene alterado,


alguns indivíduos não manifestam os sintomas da doença. Quan-
do isso acontece, dizemos que a alteração que causa a doença tem
penetrância incompleta.

gene normal gene alterado


14 PADRÃO DE HERANÇA DAS DOENÇAS HEREDITÁRIAS

PADRÃO DE HERANÇA Nesse padrão de herança, uma cópia alterada no cromossomo X


pode ser suficiente para afetar tanto homens quanto mulheres. É
ligada ao cromossomo X importante lembrar que esse padrão de herança também pode ter
penetrância incompleta, principalmente em mulheres.

As chances de ter filhos afetados pela doença variam dependendo


Ocorre nas doenças causadas por alterações genéticas no cromos- de quem possui a mutação, o pai ou a mãe.
somo X e podem ter efeitos diferentes em indivíduos do sexo
masculino e do sexo feminino. Doenças ligadas aos cromossomos
sexuais (X e Y) são menos comuns e compreendem somente cerca
de 10% das doenças genéticas raras.
gene normal gene alterado
PADRÃO DE HERANÇA DOMINANTE
LIGADA AO CROMOSSOMO X
15 PADRÃO DE HERANÇA DAS DOENÇAS HEREDITÁRIAS

PADRÃO DE HERANÇA
ligada ao cromossomo X gene normal gene alterado

PADRÃO DE HERANÇA RECESSIVA Já no caso das mulheres, que possuem dois cromossomos X, é
LIGADA AO CROMOSSOMO X necessário herdar a alteração genética de ambos os pais para
desenvolver a doença.
Nesse tipo de herança, uma cópia do gene alterada é suficien-
te para causar a doença em indivíduos do sexo masculino, que Se a mulher tiver apenas uma cópia do cromossomo X alterada pela
possuem apenas um cromossomo X. mutação, ela é portadora.
16 PADRÃO DE HERANÇA DAS DOENÇAS HEREDITÁRIAS

PADRÃO DE HERANÇA
ligada ao cromossomo Y Penetrância

As doenças desse grupo são causadas por alterações genéticas Penetrância é a proporção de indivíduos que têm
no cromossomo Y e, portanto, só podem ser transmitidas de pai uma alteração genética patogênica e que mani-
para filho. festam o fenótipo esperado.

Em alguns casos, mesmo herdando a alteração


patogênica, alguns indivíduos não manifestam
os sintomas de uma doença. Isso pode acontecer
por diversos motivos, como efeitos ambientais
relacionados ao estilo de vida ou mecanismos
biológicos que compensam ou anulam o efeito
da mutação no organismo. Quando isso ocorre,
dizemos que a alteração que causa a doença tem
penetrância incompleta.

Referências:
Lee C E, et al. Rare Genetic Diseases: Nature’s Experiments on Human Development. iScience. 2020.
What are the different ways a genetic condition can be inherited? MedlinePlus. Acessado em:
16/01/2023.
District of Columbia Department of Health - Genetic Alliance. Appendix B - Classic Mendelian
Genetics (Patterns of Inheritance). Understanding Genetics: A District of Columbia Guide for
Patients and Health Professionals. Washington (DC), MD. Genetic Alliance: 2010.

gene normal gene alterado Leituras recomendadas:


Genótipo e fenótipo: o que são e qual a relação? Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Toda doença genética é herdada? Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
04
PRINCIPAIS
Doenças Raras
18 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

1
a cada
3.500 nascimentos do
sexo masculino

DISTROFIA MUSCULAR CAUSA GENÉTICA


de Duchenne A distrofia muscular de Duchenne é causada por mutações no gene
DMD, que codifica a proteína citoesquelética distrofina, respon-
sável por estabilizar o sarcolema (membrana da célula muscular).
Quando essa proteína está ausente ou alterada, o sarcolema torna-
O QUE É A DOENÇA se mais frágil e rompe-se mais facilmente.
As distrofias musculares progressivas (DMP) são um grupo de
doenças genéticas hereditárias caracterizadas pela degeneração
progressiva e irreversível da musculatura esquelética.
PADRÃO DE HERANÇA
A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é a forma mais comum
e mais grave de DMP, afetando 1 a cada 3500 nascimentos do A DMD tem padrão de herança recessiva ligada ao X e afeta prin-
sexo masculino. cipalmente meninos.
19 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

SINAIS E SINTOMAS PROGRAMA DNAmplo


As musculaturas proximais (aquelas que são próximas ao tron- Para dar apoio ao diagnóstico da DMD e de outras doenças neuro-
co) são as mais afetadas na DMD e ainda no início da infância musculares, a Mendelics junto à PTC Therapeutics desenvolveu o
surgem os primeiros sinais clínicos da doença associados à fraque- Programa DNAmplo, um programa de suporte ao diagnóstico que
za muscular, como dificuldades para correr e posteriormente para oferece de forma gratuita um exame de painel de Sequenciamento
subir escadas, e a hipertrofia da panturrilha. de Nova Geração (NGS) que inclui 222 genes relacionados a doenças
neuromusculares com início na primeira infância, incluindo a DMD.

Os sinais e sintomas
da DMD podem incluir:

Locomoção prejudicada

Lordose lombar e escoliose

Contraturas em algumas articulações

Cardiomiopatia

Alterações histopatológicas do músculo


esquelético

Aumento nos níveis séricos da enzima Referências:


creatino-quinase (CK) Koenig M et al. Complete cloning of the Duchenne muscular dystrophy (DMD) cDNA and pre-
liminary genomic organization of the DMD gene in normal and affected individuals. Cell. 1987.
Emery AE. The muscular dystrophies. Lancet. 2002.
Wicklund MP. The muscular dystrophies [published correction appears in Continuum (Minneap
Minn). 2014.
Venugopal V, Pavlakis S. Duchenne Muscular Dystrophy. [Updated 2022 Jul 11]. In: StatPearls
[Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022.
Mulheres portadoras (heterozigotas que possuem uma cópia altera-
Leituras recomendadas:
da do gene DMD) em geral não apresentam sintomas da doença, mas Distrofia muscular de Duchenne. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
entre 2,5% a 20% delas podem apresentar algum sinal ou sintoma. Filme Fundamentals of caring e a distrofia muscular de Duchenne. Blog Sequenciando Ideias -
Mendelics.
20 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

PADRÃO DE HERANÇA
Cerca de 60% dos casos são esporádicos e ocorrem devido a uma
mutação somática no gene RB1 em uma célula da retina. As formas
esporádicas (também chamadas de não-hereditárias) de retino-
blastoma geralmente acometem crianças com mais de 1 ano, e
estão mais associadas a tumores unilaterais.

Os outros 40% dos casos de retinoblastoma são hereditários, ou


seja, a mutação é herdada de um dos pais com padrão de heran-
ça autossômica dominante. O retinoblastoma hereditário é visto
mais comumente em crianças menores de 1 ano, geralmente é
bilateral e há também maior risco de desenvolver outros tipos de
tumores não-oculares.

SINAIS E SINTOMAS
O sinal mais comum do retinoblastoma é um reflexo branco visível
na pupila chamado “reflexo do olho de gato” (leucocoria), que é
Retinoblastoma retina mais perceptível em fotografias tiradas com flash.

Além disso, os olhos podem estar desalinhados de forma que pare-


çam cruzados (estrabismo), e algumas crianças afetadas podem
O QUE É A DOENÇA ter vermelhidão ou dor nos olhos, cegueira ou visão deficiente no
olho afetado.
O retinoblastoma é o câncer ocular mais comum da infância,
atingindo 1 a cada 15 mil crianças, e pode afetar apenas um ou os
dois olhos.

O tumor se desenvolve na retina, um tecido fino localizado na parte


de trás do olho que capta a luz e envia a mensagem para o cérebro, Referências:
que interpreta a imagem e nos faz enxergar. Lohmann DR, Gallie BL. Retinoblastoma. 2000 Jul 18 [Updated 2018 Nov 21]. GeneReviews®
[Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2020.
Retinoblastoma. NORD (National Organization for Rare Disorders). Acessado em 16/02/2023.
Teste Do Olhinho e o retinoblastoma. Departamento Científico De Oncohematologia. Acessado
CAUSA GENÉTICA em 16/02/2023.

Leitura recomendada:
O retinoblastoma ocorre por mutações no gene RB1. Retinoblastoma. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
21 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

70.000 pessoas no mundo

5.000
brasileiros

CAUSA GENÉTICA
A FC é causada por mutações no gene CFTR. Esse gene fornece
as instruções para produzir uma proteína localizada na membra-
na das células que atua como um canal que controla a entrada e
a saída de cloreto e água nas células do pulmão, pâncreas e de
outros tecidos do organismo.

Em pessoas com FC, o gene produz uma proteína CFTR que não
é capaz de exercer a sua função corretamente. O resultado é um
desequilíbrio de sal e fluidos dentro e fora das células, originan-
FIBROSE do um muco espesso e pegajoso que causa os sintomas da doença.

cística
PADRÃO DE HERANÇA
O QUE É A DOENÇA A fibrose cística é uma doença genética com padrão de herança
autossômica recessiva.
A fibrose cística (FC) ou mucoviscidose é uma doença genética
que afeta múltiplos órgãos, principalmente pulmões e pâncreas. É Quando a pessoa possui apenas uma cópia do gene alterado
crônica e progressiva, com uma grave redução da expectativa de (herdada do pai ou da mãe), considera-se que ela seja “portadora”
vida das pessoas acometidas. Mais de 70.000 pessoas no mundo (do inglês, carrier). Portadores não têm sintomas da doença, porém
tem FC, incluindo mais de 5 mil brasileiros. podem transmitir a cópia alterada para seus filhos.
22 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

SINAIS E SINTOMAS

Nos pulmões, o aumento na


viscosidade e muco bloqueiam
as vias aéreas causando tosse A quantidade anormal de sal nas
persistente, infecções pulmo- secreções corporais, especialmen-
nares recorrentes (pneumonia e te no pulmão e no pâncreas, leva
bronquite), chiados no peito ou à perda de sal pelo suor, sinto-
falta de fôlego, lesões pulmona- ma característico da doença, que
res e insuficiência respiratória. também é conhecida como

“doença do
beijo salgado”.

No pâncreas, o muco pode


atrapalhar a liberação de enzi-
mas essenciais para a digestão,
causando diarreia, dificuldade de
ganhar peso e baixa estatura.
Referências:
About Cystic Fibrosis. Cystic Fibrosis Foundation. Acessado em 17/01/2023.
Cystic Fibrosis. GARD (Genetic and Rare Diseases Information Center). Acessado em
17/01/2023.
Savant A, et al. Cystic Fibrosis. 2001 Mar 26 [Updated 2022 Nov 10]. In: Adam MP, Everman
DB, Mirzaa GM, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington,
Seattle; 1993-2023.

Leitura recomendada:
Fibrose Cística. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
23 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

MEDULA ESPINHAL MÚSCULO

CAUSA GENÉTICA
O gene SMN1 está localizado no braço longo (q) do cromossomo 5,
ATROFIA por isso a doença é chamada também de AME 5q. A maioria dos indi-

muscular espinhal
víduos com AME (95-98%) possuem a deleção do éxon 7 nas duas
cópias do gene SMN1, embora outros tipos de alterações também
estejam relacionadas à doença.

O QUE É A DOENÇA
PADRÃO DE HERANÇA
A atrofia muscular espinhal (AME) é uma doença neuromuscular, de
origem genética, que afeta os neurônios motores da medula espi- A AME 5q tem padrão de herança autossômica recessiva, ou seja,
nhal e do tronco cerebral. A morte dos neurônios motores provoca para desenvolver a doença é necessário ter as duas cópias do gene
fraqueza e atrofia muscular e pode comprometer a respiração, loco- SMN1 alteradas. Os portadores não possuem sintomas da doença,
moção e a alimentação, entre outras funções básicas do organismo. mas podem passar a alteração genética para os filhos.
24 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

Forma mais frequente (60% dos casos)


e a segunda mais grave;

Início dos sintomas do nascimento


até os seis meses de vida;

Tipo 1
Sem tratamento, expectativa de vida
até os 2 anos;

Dificuldade de realizar funções básicas


SINAIS E SINTOMAS como respirar, engolir e alimentar-se;

A AME 5q é subdividida nos tipos 0, 1, 2, 3 e 4 que se Movimentação muito limitada (bebês


diferenciam pela gravidade dos sintomas e a idade em podem não atingir a habilidade de sentar);
que se iniciam.
Progressão rápida.

Início dos sintomas entre seis e 18 meses


de idade;

Expectativa de vida varia do início da infância

Tipo 2
Forma mais grave e rara da doença; até a idade adulta;
Tipo 0

Início dos sintomas no período pré-natal; A criança não anda de forma independente,
mas consegue se sentar com auxílio, embora
Expectativa de vida até os seis meses de vida; essa capacidade possa ser perdida ao longo
da vida;
Grave insuficiência respiratória, dificuldades
de se movimentar e de alimentação devido Dificuldade de respirar, principalmente
à incapacidade de sucção. durante a noite.
25 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

Início dos sintomas após os 18 meses;


Tipo 3

Expectativa de vida próxima do normal;

A criança consegue andar e ficar em pé,


porém em algum momento da vida pode
precisar do uso de cadeiras de rodas;

Casos mais graves podem ter dificuldade


de se alimentar e de respirar.

Forma mais branda da doença e uma das


mais raras (<5% dos casos);
Tipo 4

Expectativa de vida normal;

Fraqueza muscular a partir da segunda


ou terceira década de vida;
Referências:
Prior TW, et al. Spinal Muscular Atrophy. 2000 Feb 24 [Updated 2019 Nov 14]. In: Adam MP,
Não apresenta dificuldades respiratórias Ardinger HH, Pagon RA, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Wa-
ou de alimentação. shington, Seattle; 1993-2020.
Talbot K, Tizzano EF. The clinical landscape for SMA in a new therapeutic era. Gene Ther. 2017.
Spinal muscular atrophy. GARD (Genetic and Rare Diseases Information Center). Acessado em
17/01/2023.

Leituras recomendadas:
Atrofia Muscular Espinhal. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Atrofia Muscular Espinhal: o impacto da genômica em 130 anos de pesquisas. Blog Sequencian-
do Ideias - Mendelics.
26 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

CAUSA GENÉTICA
A anemia falciforme é uma doença genética causada por uma
mutação na sequência do gene HBB, responsável por codificar a
subunidade beta-globina da hemoglobina. Quando mutado, o gene
HBB leva à formação da hemoglobina anormal, chamada de HbS,
sendo S da palavra em inglês sickle, que significa foice.

INDIVÍDUO INDIVÍDUO COM


SAUDÁVEL ANEMIA FALCIFORME

Hemácia normal Hemácia em forma de foice

ANEMIA
falciforme
Outras mutações pontuais no gene HBB estão
O QUE É A DOENÇA presentes nas demais doenças falciformes:

A anemia falciforme é uma doença genética em que as moléculas


de hemoglobina se aglomeram e formam bastões rígidos. Por isso, Hemoglobinopatia SC
a hemácia se torna menos flexível, mais suscetível a rompimentos
na membrana e passa a apresentar a forma de uma foice, podendo Hemoglobinopatia SD
causar obstruções e diminuição ou interrupção do fluxo sanguí-
neo para algumas partes do corpo. As hemácias alteradas também Hemoglobinopatia SE
duram menos tempo no sangue, causando um quadro de anemia.
Hemoglobinopatia SO

Talassemia.
27 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

PADRÃO DE HERANÇA
A anemia falciforme tem padrão de herança autossômica recessiva.
Se um indivíduo herda apenas uma cópia alterada (genótipo HbAS),
ele apresenta traço falciforme, e em geral não desenvolve sintomas.

SINAIS E SINTOMAS
Anemia;

Fadiga;

Pele e olhos amarelados;

Inchaços nos pés e mãos;

Episódios repentinos, de duração variada, de dores intensas;

Infecções mais severas, principalmente em crianças;

Em casos mais graves podem ocorrer derrames;


Referências:
What is Sickle Cell Disease? Centers for Disease Control and Prevention. Acessado em 17/01/2023.
Gestantes podem desenvolver complicações na gravidez.
Sickle Cell Disease. Medline plus. Acessado em 17/01/2023.
Sickle Cell Disease – Causes and Risk Factors. NHLBI, NIH. Acessado em 17/01/2023.
HBB hemoglobin subunit beta [Homo sapiens (human)] – Gene. NCBI. Acessado em 17/01/2023.
Arduini GA, et al. Mortality by sickle cell disease in Brazil. Rev Bras Hematol Hemoter. 2017.

Leituras recomendadas:
Anemia falciforme. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Mendelics indica: House e o traço falciforme. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
28 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

PADRÃO DE HERANÇA

A talassemia tem padrão de herança autossômica recessiva. Se


um indivíduo herda apenas uma cópia alterada, ele apresenta
traço talassêmico, e não desenvolve a doença.

SINAIS E SINTOMAS

Normalmente, os adultos têm um par de globinas alfa e um par de


globinas beta compondo a hemoglobina. As talassemias são clas-
sificadas de acordo com a globina afetada:

↪ alfa-talassemia ou beta-talassemia.

Cada tipo pode se manifestar nas seguintes formas:

Talassemia
TALASSEMIA MAIOR:

O QUE É A DOENÇA Forma grave da doença com sintomas mais


importantes e que precisam de tratamento.
A talassemia é uma hemoglobinopatia, caracterizada pela
diminuição da produção de hemoglobina.
TALASSEMIA INTERMEDIÁRIA:
Sintomas variáveis, moderados a graves.
CAUSA GENÉTICA
TALASSEMIA MENOR:
A doença é causada por mutações no gene HBB.
Sintomas leves ou nenhum sintoma.
29 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

Principais sinais
e sintomas:

Anemia e seus sintomas relacionados


(cansaço intenso, fraqueza, falta de ar,
entre outros);

Excesso de ferro e seus sintomas


relacionados (problemas cardíacos,
cirrose hepática, puberdade atrasada,
baixos níveis de hormônios sexuais,
entre outros);

Atraso no crescimento durante


a infância;

Cálculos biliares;

Crescimento ósseo incomum;

Ossos fracos e frágeis (osteoporose); Referências:


Thalassaemia. Thalassaemia International Federation. Acessado em 17/01/2023.

Fertilidade reduzida. Thalassaemia. National Health Service (NHS - UK). Acessado em 17/01/2023.
Orientações para diagnóstico e tratamento das Talassemias Beta / Ministério da Saúde, Secre-
taria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – 1. ed., atual.
– Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
Origa R. Beta-Thalassemia. 2000 Sep 28 [Updated 2021 Feb 4]. In: Adam MP, Everman DB, Mir-
zaa GM, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle;
1993-2023.

Leitura recomendada:
Beta-talassemia. ​​Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
30 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

CAUSA GENÉTICA

A fenilcetonúria é causada por alterações no gene PAH, que codifi-


ca a enzima fenilalanina hidroxilase (PAH).

↪ Esta enzima converte fenilalanina em outro aminoácido, a tirosi-


na, que é usada para produzir melanina. Com a falta ou deficiência
da enzima PAH, a fenilalanina se acumula no organismo.

Fenilcetonúria PADRÃO DE HERANÇA

Padrão de herança autossômica recessiva.

O QUE É A DOENÇA

A fenilcetonúria faz parte de um grupo de doenças genéticas chama-


do de Erros Inatos do Metabolismo. Essas condições são causadas SINAIS E SINTOMAS
por alterações genéticas que fazem com que uma ou mais enzimas
não funcionem corretamente no organismo, resultando geralmente Os sintomas variam de acordo com a forma da doença e podem
no acúmulo ou na falta de alguma substância no corpo. No caso da incluir, em sua forma mais grave, atraso de desenvolvimento
fenilcetonúria, ocorre um aumento nos níveis do aminoácido feni- neuropsicomotor, deficiência intelectual permanente, pele, olhos
lalanina no sangue, cérebro e outras partes do corpo. e cabelos muito claros e eczema.
31 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

Fenilcetonúria clássica:
É a forma mais grave da doença e ocorre quando a atividade da
enzima é quase nula (inferior a 1%).

Se não tratada, pode causar atraso de desenvolvimento do siste-


ma nervoso e motor, deficiência intelectual permanente, pele,
olhos e cabelos muito claros, coceira, inchaço, bolhas e verme-
lhidão na pele, convulsões, distúrbios psiquiátricos, entre outros.

Fenilcetonúria leve:
Ocorre quando a atividade da enzima fenilalanina hidroxilase é
de 1 a 3%.

Esses casos possuem menor risco de desenvolver problemas neuro-


lógicos permanentes, mas ainda apresentam sintomas como ansie-
dade, irritabilidade, falta de concentração, entre outros quadros
mais leves de sintomas clássicos.

Fenilcetonúria variante:
Referências:
Ocorre quando a atividade enzimática é superior a 3%. Triagem neonatal biológica: manual técnico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saú-
de, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

É considerada uma condição benigna que não necessita de tratamento. Phenylketonuria. Medline Plus. Acessado em 17/01/2023.
Phenylketonuria. National Organization for Rare Disorders (NORD). Acessado em 17/01/2023.
A Fenil. Safe Brasil. Acessado em 17/01/2023.

Leitura recomendada:
Fenilcetonúria. Blog Teste da Bochechinha.
32 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

CAUSA GENÉTICA

A doença pode ser causada por mutações em 4 genes diferentes,


todos responsáveis por codificar enzimas que processam a galactose
em algum momento durante a sua metabolização.

Galactosemia clássica (tipo 1):

Causada por mutações no gene GALT, sendo caracterizada pela


deficiência completa da enzima galactose-1-fosfato uridil-transfe-
rase (GALT).
↪ Em casos raros de galactosemia clássica, causados por algumas
variantes específicas no gene GALT, comumente chamada de galac-
tosemia Duarte, o paciente produz uma enzima GALT com ativida-
de reduzida (cerca de 25-50% de atividade), resultando em uma
forma mais branda da doença.

Deficiência de galactoquinase (tipo 2):


Galactosemia Causada por mutações no gene GALK, que codifica a enzima
galactoquinase 1.

1
O QUE É A DOENÇA
Deficiência de galactose epimerase (tipo 3):
A galactosemia é uma doença
genética rara caracterizada pela Causada pela deficiência da enzima UDP-galactose-4 epimerase,
incapacidade de metabolizar que é codificada pelo gene GALE.
galactose (açúcar que compõe
a lactose, encontrada em laticí-
a cada
nios, algumas frutas e legumes e
fórmulas lácteas infantis). Esti-
ma-se que essa doença afeta 1
60.000 Deficiência de galactose mutarotase (tipo 4):

Causada pela deficiência da enzima galactose mutarotase, é resul-


a cada 60.000 brasileiros. brasileiros tado de mutações no gene GALM.
33 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

PADRÃO DE HERANÇA
Deficiência de galactose epimerase (tipo 3):
Todas as formas de galactosemia apresentam padrão de herança
autossômica recessiva. Sintomas semelhantes aos da forma clássica;

Gravidade variável entre os pacientes;


SINAIS E SINTOMAS
Sintomas dependem do tecido em que a doença
Os sintomas começam a aparecer nos primeiros dias de vida e variam se manifesta (em alguns pacientes ela se concentra
conforme o tipo de galactosemia e com a gravidade da doença. somente nas células sanguíneas).

Sinais comuns podem incluir vômito e falta de apetite, amarela-


mento da pele e olhos (icterícia), suscetibilidade a infecções, falên-
cia dos rins e fígado, pressão e inchaço (edema) cerebral. Deficiência de galactoquinase (tipo 2) e
Deficiência de galactose mutarotase (tipo 4):

Muito raras;
Galactosemia clássica (tipo 1):
Catarata;
Forma mais comum e severa de galactosemia.
Podem desenvolver outros sintomas.
Sintomas iniciais:

Falência hepática e renal;

Icterícia;

Atraso no desenvolvimento; Referências:


Galactosemia. NORD (National Organization for Rare Disorders). Acessado em 17/01/2023.
KEGG PATHWAY: Galactose metabolism. Reference pathway. Acessado em 17/01/2023.
Suscetibilidade a infecções;
GALACTOSE MUTAROTASE; GALM. Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM). Acessado em
17/01/2023.
Catarata. GALACTOSEMIA III; GALAC3. Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM). Acessado em
17/01/2023.
Em casos sem tratamento, a galactosemia também pode GALACTOSEMIA II; GALAC2. Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM). Acessado em
causar deficiência intelectual, transtornos de movimento 17/01/2023.

e menopausa precoce em pessoas do sexo feminino. Leitura recomendada:


Galactosemia. Blog Teste da Bochechinha.
34 PRINCIPAIS DOENÇAS RARAS

QUADRO RESUMO DAS


doenças raras
DOENÇA GRUPO CARACTERÍSTICA GENE ASSOCIADO PADRÃO DE HERENÇA

Distrofia Muscular Degeneração progressiva


Neuromuscular DMD Recessiva ligada ao X
de Duchenne da musculatura esquelética

Câncer ocular que se


Retinoblastoma Neoplasia RB1 Autossômica dominante
desenvolve na retina

Desequilíbrio de fluidos dentro


Fibrose Cística Doença pulmonar e fora das células, formação CFTR Autossômica recessiva
de um muco espesso

Morte dos neurônios


Atrofia Muscular
Neuromuscular motores da medula espinhal SMN1 Autossômica recessiva
Espinhal
e do tronco cerebral

Alteração no formato
Anemia Falciforme Hemoglobinopatia HBB Autossômica recessiva
das hemácias

Alteração na produção
Beta-Talassemia Hemoglobinopatia HBB Autossômica recessiva
da hemoglobina

Acúmulo de
Fenilcetonúria Erro Inato do Metabolismo PAH Autossômica recessiva
fenilalanina

Deficiência no
Galactosemia Erro Inato do Metabolismo GALT, GALK, GALE e GALM Autossômica recessiva
processamento da galactose
05
PROGRAMAS
de apoio ao Através de programas de apoio ao diagnóstico, a Mendelics

diagnóstico
desenvolve parcerias com indústrias farmacêuticas para
acelerar o diagnóstico e o desenvolvimento de terapias
para doenças genéticas.
36 PROGRAMAS DE APOIO AO DIAGNÓSTICO

Movimente:
Para pacientes com Distúrbios do Neuro-
desenvolvimento e Transtorno do Movi-
mento com início na primeira infância.

DNAmplo:
Para pacientes com diversas doenças
CONHEÇA ALGUNS neuromusculares, incluindo a Distrofia
Muscular de Duchenne (DMD).

Programas de Apoio
ao Diagnóstico
Painel de Displasias
Esqueléticas:
Para pacientes com displasias esqueléti-
cas, incluindo a Mucopolissacaridose Tipo
IV A e o Tipo VI.

Painel de Epilepsias
e Ataxias:
Entre em contato e conheça os outros programas disponíveis
para a sua especialidade, são mais de 20 programas ativos Para pacientes com Epilepsias e Ataxias,
por toda a América Latina. incluindo a Lipofuscinose Ceróide (CLN2).
06
ACONSELHAMENTO
genético
38 ACONSELHAMENTO GENÉTICO

Considerando que cerca de


80% das doenças raras
são de origem genética,
o aconselhamento genético é
fundamental na atenção às famílias
e pessoas com essas doenças.

O QUE É O O profissional irá encaminhar, se necessário, o paciente


para realizar um exame genético ou esclarecer as dúvidas
aconselhamento em relação ao resultado de um exame genético já feito.

genético? A consulta envolve anamnese do paciente, exame físico,


análise de resultados de exames já realizados e o levanta-
mento do histórico familiar.

O aconselhamento genético é uma consulta com um profissional


geneticista que tem como objetivo entender se a pessoa possui
uma doença genética ou histórico familiar de uma doença gené-
tica e definir, caso exista, qual é o risco da doença ocorrer nova-
mente na família.
39 ACONSELHAMENTO GENÉTICO

PARA QUEM É
indicado?
Qualquer pessoa pode passar por um serviço de aconselha-
mento genético. Porém, essa consulta é mais indicada para os
seguintes casos:

Casais com dificuldades de engravidar;

Casais consanguíneos que querem ter filhos;

Casais que já possuem um filho com uma doença


genética e querem saber os riscos de terem outro filho
com a mesma doença;
Também é papel do aconselhador
Pessoas com histórico de uma doença genética sendo
transmitida na família; genético informar ao paciente:

Paciente com suspeita de câncer hereditário;


Como a sua condição é herdada;
Crianças que nasceram com múltiplas malformações,
deficiência intelectual, atraso de desenvolvimento Quais as chances de outro familiar também
psicomotor sem causa conhecida; ser afetado pela mesma doença;

Pessoas com uma doença genética; Quais as chances de passar a mutação


para seus filhos.
Pessoas que realizaram um exame genético
e querem entender o resultado. ↪ Por isso, o aconselhamento é importante
também para a família do paciente.
07
COMO O diagnóstico precoce é fundamental para estabelecer

identificar as
o tratamento adequado o quanto antes, proporcionando
mais qualidade de vida ao paciente.

doenças raras
Veja a seguir a diferença entre os exames de triagem
e diagnóstico e conheça as técnicas utilizadas nos
exames genéticos.
41 COMO IDENTIFICAR AS DOENÇAS RARAS

DIFERENÇA ENTRE EXAMES

Triagem Diagnóstico
A triagem é feita de forma preventiva, antes dos Já exames de diagnóstico têm como objeti-
sintomas aparecerem. Seu objetivo é identificar vo confirmar uma suspeita médica de alguma
doenças que podem se desenvolver nos próxi- doença que já apresenta sintomas.
mos meses ou anos e, por isso, recomenda-se
que seja feita o mais cedo possível. A Mendelics possui um amplo portfólio de
exames de diagnóstico de doenças genéticas
Os exames de triagem neonatal, feitos em bebês raras, através de diferentes tipos de análise
para detectar precocemente doenças da primei- genética.
ra infância, são exemplos desse tipo de teste,
como o Teste do Pezinho, Teste SCID e AGAMA,
Teste do olhinho, Teste do coraçãozinho e o
Teste da Bochechinha.

O Teste da Bochechinha é uma triagem neona-


tal genética que identifica mais de 340 doen-
ças genéticas raras, graves e silenciosas que já
possuem tratamento disponível.
42 COMO IDENTIFICAR AS DOENÇAS RARAS

O NGS é versátil, sendo utilizado em exames como:

Sequenciamento Completo do Exoma, em que


todos os mais de 20.000 genes do nosso genoma
são sequenciados;

Painéis multigênicos, que analisam conjuntos


específicos de genes relacionados a algum tipo
de doença;

Exames customizados de uma região específica


do genoma.

O Exoma é um exame bastante completo, indicado inclusive para


casos de paciente com sinais e sintomas de origem desconhecida.
Já os painéis funcionam muito bem quando existe uma suspeita
médica de algum tipo de doença específica.

SEQUENCIAMENTO DE
Nova Geração (NGS)
Sequenciamento de DNA
Essa tecnologia permite analisar bilhões de regiões do DNA simul-
taneamente. Os equipamentos de NGS aumentaram em milhões
de vezes a capacidade de análise do genoma humano e reduziram O sequenciamento do DNA identifica a ordem
o custo e tempo de sequenciamento. das bases nitrogenadas no DNA. Essa sequência
é importante nos genes, por exemplo, por ditar
Alterações genéticas identificadas por NGS: quais os aminoácidos que formam as proteínas
codificadas por eles. Alterações na sequência do
SNPs (single-nucleotide polymorphism); gene podem resultar em alterações na produção
e/ou na atividade da proteína, acarretando no
Inserções e deleções de poucas bases até grandes desenvolvimento de doenças.
trechos, como CNVs (copy number variations);

Análise de DNA mitocondrial.


43 COMO IDENTIFICAR AS DOENÇAS RARAS

SNP-Array MLPA
(HIBRIDIZAÇÃO GENÔMICA (MULTIPLEX LIGATION-DEPENDENT
EM MICROARRAY) PROBE AMPLIFICATION)

Essa tecnologia permite analisar até milhões de variantes gené- O MLPA pode ser utilizado para identificar CNVs em um único gene,
ticas específicas. em uma região associada a uma síndrome conhecida e até detectar
ganhos e perdas de cromossomos inteiros.
Alterações genéticas identificadas por SNP-Array:

Inserções e deleções, como CNVs; Análises por MLPA: Exames de MLPA podem ser
indicados para diagnóstico
Aneuploidias (perdas e ganhos envolvendo Inserções e deleções, de diversas condições, como:
cromossomos inteiros). como CNVs;
Síndrome do X-Frágil;
Aneuploidias (perdas
O SNP-Array pode ser indicado para o diagnóstico de condi- e ganhos envolvendo Cânceres hereditários;
ções, como: cromossomos inteiros);
Síndromes de Angelman
Malformações congênitas; Metilação em regiões e Prader-Willi.
específicas do genoma.
Deficiência intelectual;

Atraso de desenvolvimento neuropsicomotor;

Transtorno do espectro autista;


O que é metilação?
Dificuldades de aprendizado e restrição de crescimento;

Suspeita de aneuploidias. A metilação é uma alteração química que ocorre


nas bases que compõem o DNA.

O exame também é recomendado para a investigação de quadros Os padrões de metilação são muito importantes
clínicos de causa desconhecida. para a expressão gênica e o funcionamento do nos-
so organismo, pois eles determinam quais genes
devem ser expressos e quais devem ser silenciados.
44 COMO IDENTIFICAR AS DOENÇAS RARAS

DIFERENÇA ENTRE O SEQUENCIAMENTO


SNP-Array e o MLPA Sanger
O sequenciamento Sanger é uma das tecnologias mais antigas de
O SNP-Array e o MLPA são técnicas que identificam CNVs, porém sequenciamento e tem uma grande relevância até hoje. Essa tec-
há importantes diferenças entre elas. nologia é capaz de sequenciar fragmentos maiores, permitindo a
análise de regiões complexas.
O SNP-Array rastreia o genoma pacientes com suspeita clíni-
humano para detectar CNVs ca de doença já conhecida e O sequenciamento Sanger pode ser indicado para:
em milhares de genes. Assim, com kit de MLPA disponível.
este exame pode ser solicita- Doenças causadas por mutações em genes complexos,
do para paciente com quadro O MLPA também não identi- como a Hiperplasia Adrenal Congênita, causada por
clínico de causa desconheci- fica alterações em mosaico. alterações no gene CYP21A2;
da, pois não há necessidade de Mesmo com essas importan-
suspeita a priori de alteração tes restrições, o MLPA apre- Confirmação de diagnóstico, em que somente uma
em um determinado gene(s). senta maior sensibilidade que região do genoma precisa ser avaliada.
o SNP-Array para detecção de
Por outro lado, a análise do CNVs, principalmente as que
MLPA está restrita a regiões abrangem poucos éxons.
específicas: éxons de um único
gene ou éxons de alguns genes O SNP-Array e o MLPA não
associados a uma síndrome. identificam rearranjos equili-
Por isso, exames de MLPA só brados (Exemplo: transloca-
podem ser solicitados para ções e inversões).

Referências: Leituras recomendadas:


Matthijs G, et al. Guidelines for diagnostic next-generation sequencing. Eur J Hum Genet. 2016. Triagem genética x Diagnóstico genético. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Samorodnitsky E, et al. Evaluation of Hybridization Capture Versus Amplicon-Based Methods for Sequenciamento de Nova Geração (NGS). Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Whole-Exome Sequencing. Hum Mutat. 2015.
Diagnóstico genético por CGH-Array e SNP-Array. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Miller DT, et al. Consensus statement: chromosomal microarray is a first-tier clinical diagnostic test
Diagnóstico genético por MLPA. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
for individuals with developmental disabilities or congenital anomalies. Am J Hum Genet. 2010.
Sequenciamento Sanger: vantagens para a medicina contemporânea. Blog Sequenciando Ideias
MLPA technique. MRC Holland. Acessado em 17/01/2023.
- Mendelics.
Pignatelli D, et al. The Complexities in Genotyping of Congenital Adrenal Hyperplasia: 21-Hydro-
xylase Deficiency [published correction appears in Front Endocrinol (Lausanne). 2020.
08
CLASSIFICAÇÃO
das variantes
46 CLASSIFICAÇÃO DAS VARIANTES

CATEGORIAS DE CLASSIFICAÇÃO
DE VARIANTES DO ACMG

BENIGNA
Definitivamente não causa doenças.

>90%

COMO SABER SE UMA PROVAVELMENTE BENIGNA

alteração genética
Pelo menos 90% de probabilidade
de não causar doenças.

é patogênica?
VARIANTE DE SIGNIFICADO
INCERTO (VUS)
As variantes genéticas encontradas na amostra de um pacien- O efeito no organismo ainda é
te devem ser classificadas em uma de cinco categorias deter- desconhecido.
minadas pelo Colégio Americano de Genética Médica (ACMG):

PROVAVELMENTE PATOGÊNICA
Pelo menos 90% de probabilidade
>90%
de causar doenças.

PATOGÊNICA
Definitivamente causa doenças.
47 CLASSIFICAÇÃO DAS VARIANTES

A AVALIAÇÃO DA ACMG INCLUI:

Aspectos Aspectos
GENÉTICOS FISIOLÓGICOS Classificação
Mecanismos das mutações Função do gene; de variantes na Mendelics:
genéticas;
Consequência da mutação
Conservação filogenética na produção de aminoácidos; A Mendelics possui um software de inteligên-
do local da variante; cia artificial, o Abracadabra®, que interpreta os
Tolerância biológica sobre dados gerados pelo NGS, analisa as variantes
Recorrência da mutação a perda da função proteica. genéticas encontradas nas amostras e as classi-
no mesmo códon. fica de acordo com a relevância clínica.

Todas as variantes que são consideradas patogêni-


Aspectos Aspectos cas ou provavelmente patogênicas passam por uma
análise adicional feita por uma equipe de médicos
POPULACIONAIS FAMILIARES e aconselhadores genéticos especializados.

Frequência da variante Histórico clínico do paciente


entre população afetada e familiares;
e controle;
Ocorrência de variante
Frequência da variante herdada na família
em bancos de dados ou de novo;
genéticos como GnomAD,
TOPMed, Clinvar, USCS e Segregação da variante
outros, incluindo o banco de dos pais.
Referência:
dados próprio da Mendelics; Richards S, et al. Standards and guidelines for the interpretation of sequence variants: a joint
consensus recommendation of the American College of Medical Genetics and Genomics and the
Association for Molecular Pathology. Genet Med. 2015.
Ocorrência de variantes
na literatura. Leituras recomendadas:
Como funciona a classificação de variantes genéticas? Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Abracadabra – inteligência artificial nas análises genéticas. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
09
COLETA DE
sangue e swab Os testes genéticos utilizam principalmente amostras

bucal para os
de sangue e swab bucal para obter o DNA de um indivíduo.

Todas as células possuem a mesma informação genética.

testes genéticos
Assim, independentemente de como a amostra foi coletada,
seja por swab bucal ou sangue, o resultado do exame genético
deve ser o mesmo.
49 COLETA DE SANGUE E SWAB BUCAL PARA OS TESTES GENÉTICOS

COMO FUNCIONA: COMO FUNCIONA:


Swab bucal Coleta de sangue
Cotonete estéril para coletar células da mucosa Punção venosa realizada por profissional treina-
bucal (parte interna da bochecha). Após a coleta, o do, geralmente em ambiente ambulatorial. Utiliza
swab é colocado em um tubo contendo uma solução materiais como agulha, tubo do tipo EDTA, algodão e
conservante e pode ser armazenado em temperatura curativo. Amostra é sensível e deve ser armazenada
ambiente por até 30 dias. adequadamente.
50 COLETA DE SANGUE E SWAB BUCAL PARA OS TESTES GENÉTICOS

O DNA obtido por esses dois tipos de coleta


é de excelente qualidade e pode ser utiliza-
do para vários objetivos, como em SNP-Array,
MLPA, Sequenciamento Sanger e Sequencia-
mento de Nova Geração.

Extração de DNA:

Na Mendelics, o processo de
extração de DNA das células é
automatizado. Reagentes quí-
micos quebram as membra-
nas das células e isolam o DNA,
que é capturado por beads mag-
néticas - pequenas esferas que
se ligam ao DNA e depois são
atraídas por um imã. Assim,
é possível capturar apenas o
DNA e descartar o resto dos
componentes da solução.
51 COLETA DE SANGUE E SWAB BUCAL PARA OS TESTES GENÉTICOS

DIFERENÇAS ENTRE O DESCONFORTO

swab bucal e a Swab bucal: nenhum

coleta de sangue Sangue: leve a moderado

VIABILIDADE DA AMOSTRA EM TEMPERATURA AMBIENTE


MATERIAL UTILIZADO PARA COLETA
Swab bucal: até 1 mês
Swab bucal: swab bucal e tubo coletor
Sangue: até 4 dias
Sangue: tubo de EDTA e outros materiais, como agulha,
algodão, curativo
TRANSPORTE DA AMOSTRA

TIPO DE CÉLULA COLETADA Swab bucal: temperatura ambiente

Swab bucal: células da mucosa bucal Sangue: temperatura ambiente ou refrigerada

Sangue: leucócitos
CONTRAINDICAÇÃO

PROCEDIMENTO DE COLETA Swab bucal: pessoas que realizaram transplante


de medula óssea
Swab bucal: realizado pelo paciente, pelos pais/
responsáveis ou por profissional treinado Sangue: pessoas que realizaram transplante de medula
óssea e pacientes em tratamento quimioterápico
Sangue: realizado por profissional treinado

RECOMENDAÇÕES ANTES DA COLETA


Leituras recomendadas:
Swab bucal: higiene bucal seguida de jejum Sequenciamento Sanger: vantagens para a medicina contemporânea. Blog Sequenciando
de 30 minutos Ideias - Mendelics.
Entenda o Sequenciamento de Nova Geração (NGS). Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Sangue: nenhuma Evolução das tecnologias de sequenciamento molecular. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
10
TRATAMENTO
de doenças
raras
53 TRATAMENTO DE DOENÇAS RARAS

Para a maioria das doenças raras ainda não exis- Algumas doenças raras requerem o envolvimen-
te cura, mas centenas delas já têm tratamento to de equipes multidisciplinares ou de trata-
disponível para evitar ou retardar a progressão mentos médicos mais específicos e sofisticados
da doença. como o uso de medicamentos órfãos.

95%
Medicamentos paliativos
e terapias de reabilitação

3%
Cirurgias e/ou
medicamentos regulares

Tratamentos para
DOENÇAS RARAS
2%
MEDICAMENTOS
ÓRFÃOS
54 TRATAMENTO DE DOENÇAS RARAS

MEDICAMENTOS O desenvolvimento de tratamentos para doenças raras enfrenta


órfãos grandes desafios:

Grande espectro de sinais e sintomas


de uma enfermidade rara;
Medicamentos órfãos são aqueles indicados para pacientes com
doenças raras e que, como são utilizados por um pequeno núme- Obstáculos regulatórios;
ro de pessoas, sua produção não é considerada lucrativa e, por
isso, são caros e escassos. Investimentos elevados.

Embora sejam de difícil acesso, são cruciais para esses pacien- Muitos países criaram leis relativas a medicamentos órfãos para
tes, pois têm a função de tratar, atuar na prevenção de sintomas proporcionar incentivos para que as companhias farmacêuticas
incapacitantes, atrasar a progressão da doença ou possibilitar desenvolvam e comercializem medicamentos para o tratamento
sua remissão. das doenças raras.

No Brasil, o Ministério da Saúde instituiu em 2014 a Política Nacio-


nal de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras e apro-
vou as Diretrizes para Atenção Integral às Pessoas com Doenças
Raras no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), além de instituir
Estima-se que apenas 2% de todas as doen- incentivos financeiros de custeio.
ças raras tenham pelo menos um tratamento
órfão aprovado. Até 2019, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
aprovou mais de 70 medicamentos para tratamento de doenças
raras no Brasil.
55 TRATAMENTO DE DOENÇAS RARAS

MEDICAMENTOS E TERAPIAS GÊNICAS Com o conhecimento sobre a causa genética de algumas doenças,
também passaram a ser desenvolvidas as terapias gênicas, que
para doenças raras utilizam técnicas de edição genética e celular, como o CRISPR, por
exemplo, para corrigir erros no DNA que causam a doença, elimi-
nando o trecho mutado ou substituindo por um trecho funcional.
Espera-se que com essas terapias o paciente deixe de apresentar
O conhecimento sobre as causas genéticas foi fundamental para a os sintomas e tenha uma vida saudável.
definição de tratamentos mais efetivos para as doenças raras. Os
erros inatos do metabolismo são bons exemplos de como o conhe- A maioria das terapias gênicas existentes hoje ainda estão em fase
cimento sobre as causas genéticas foi essencial para a definição de experimental, mas apresentam resultados promissores e novas
tratamentos mais efetivos. terapias continuam sendo pesquisadas.
56 TRATAMENTO DE DOENÇAS RARAS

QUADRO RESUMO COM ALGUMAS


terapias gênicas
e medicamentos
DOENÇA CATEGORIA NOME DO TRATAMENTO AÇÃO/EFEITO

Distrofia Muscular Retarda a evolução da doença


Medicamento Atalureno
de Duchenne em até 2 anos.

Regula o funcionamento da proteína


CFTR, minimizando os sintomas
Fibrose Cística Medicamento Ivacaftor
e aumentando a sobrevida dos
pacientes elegíveis.

Retardam os sintomas da doença


Atrofia Muscular Onasemnogene abeparvovec
Terapia gênica e melhoram o estado geral do
Espinhal e Nusinersena
paciente.

Reduz a frequência de crises


Doença Falciforme Medicamento Crizanlizumabe vaso-oclusivas ou crises de dor em
pacientes com a condição.

Redução dos níveis elevados de


Homocistinúria Medicamento Betaína anidra homocisteína e diminuição dos
sintomas da doença.
57 TRATAMENTO DE DOENÇAS RARAS

Doenças Hepáticas
e Gastrointestinais

Intolerância à Frutose

TRATAMENTO NUTRICIONAL
NÃO É RARO
Erros Inatos do Metabolismo

Fenilcetonúria

Muitas outras doenças raras podem ser prevenidas


com medidas mais simples, como seguir um tratamen-
to nutricional (restrições na dieta ou suplementação). Deficiências do Metabolismo
de Vitaminas e Minerais
Este tipo de tratamento é uma abordagem frequente,
seja empregado de forma exclusiva ou em combina- Epilepsia Responsiva à Piridoxina
ção com outros procedimentos.

Doenças Endócrinas

Raquitismo hipocalcêmico
dependente de vitamina D

Referências: Leituras recomendadas:


Doenças Raras: A urgência do acesso à saúde. Interfarma. Acessado em 17/01/2023. Doenças Raras: o que são medicamentos órfãos? Blog Teste da Bochechinha.
PORTARIA Nº 199, DE 30 DE JANEIRO DE 2014. Ministério da Saúde Gabinete do Ministro. Políticas públicas para doenças raras: o que são e como funcionam? Blog Sequenciando Ideias -
Mendelics.
Dia Mundial das Doenças Raras: Recorde de medicamentos aprovados para doenças raras.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Genética no tratamento de doenças raras. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Você sabe o que são erros inatos do metabolismo? Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Doenças Raras: tratamento Nutricional. Blog Teste da Bochechinha.
11
O papel dos profissionais médicos que se dedicam
e acompanham a jornada dos pacientes com doenças
raras é de extrema importância.

Desde a busca pelo diagnóstico, passando pela realização


de exames, até o acompanhamento pós diagnóstico,

DEPOIMENTOS
o trabalho dos times médicos é um dos grandes pilares
para o desenvolvimento de novos tratamentos para
as pessoas raras.

de médicos Por isso, convidamos alguns desses profissionais


para compartilharem um pouco de suas experiências.
59 DEPOIMENTOS DE MÉDICOS

Dr. Joshua Bicalho


Médico Geneticista
CRM-RO 4800

POR QUE É IMPORTANTE


TRABALHAR COM DOENÇAS RARAS?
COMO É O DIA A DIA DE
TRABALHO COM PACIENTES RAROS? O trabalho com doenças raras é importante, pois
os pacientes raros demandam um intenso cuidado,
O dia a dia de trabalho com pacientes raros é bastante tanto multidisciplinar quanto multiprofissional. Além
diverso e interessante, mas também muito desafiador. disso, a identificação precoce de uma doença rara
pode modificar a qualidade de vida e o prognóstico
Por se tratar de pacientes com doenças raras, cada dos pacientes.
caso que você avalia pode ser único, o que deman-
da uma grande quantidade de revisão e estudo, para E, apesar de serem raras quando pensadas
tentar, se possível, fechar o diagnóstico do paciente e individualmente, em conjunto elas repre-
prestar aconselhamento genético. sentam centenas de doenças.
60 DEPOIMENTOS DE MÉDICOS

Dra. Luciana Bispo


Médica Geneticista
POR QUE É IMPORTANTE
TRABALHAR COM DOENÇAS RARAS?

CRM-SE 4824 Embora individualmente infrequente, o número


absoluto de pessoas afetadas por doenças raras
é bastante significativo. Em um estudo recente,
foi estimado que entre 3,5 e 5,9% da população
mundial têm alguma doença rara, o que correspon-
de entre 263 a 446 milhões de pessoas em todo o
COMO É O DIA A DIA DE mundo. Aproximadamente, 80% dessas condições
TRABALHO COM PACIENTES RAROS? têm uma base genética definida.

O trabalho envolve investigar, avaliar e acompanhar Como a natureza dessas condições é bastante hetero-
indivíduos com suspeita ou diagnóstico de condições gênea, complexa e individualmente rara, elas são difí-
com base genética, tais como anomalias congêni- ceis de serem diagnosticadas. Além disso, os sintomas
tas múltiplas, deficiência intelectual, baixa estatura, podem se assemelhar aos de condições mais comuns,
síndromes de predisposição hereditária ao câncer, o que muitas vezes leva a um atraso significativo na
entre outras. Para isso, tentamos integrar a clínica obtenção de um diagnóstico correto. Ao trabalhar
com a genética molecular na tentativa de estabelecer com doenças raras, é possível auxiliar na redução do
o correto diagnóstico e oferecer o melhor acompa- tempo até o diagnóstico, no manejo adequado e na
nhamento e aconselhamento genético aos pacientes disseminação de conhecimento para o público geral,
e seus familiares. profissionais de saúde, pacientes e familiares.

Nossos pacientes são incrivelmente interessantes, Desta forma, melhora-se a qualidade de


complexos e quase sempre requerem uma aborda- vida, e reduzem-se erros diagnósticos e
gem de equipe multidisciplinar. sentimentos de isolamento ou discriminação.
61 DEPOIMENTOS DE MÉDICOS

Dra. Melissa Machado


Médica Geneticista
CRM-MG 38257

COMO É O DIA A DIA DE


TRABALHO COM PACIENTES RAROS?
POR QUE É IMPORTANTE
Trabalhar com pacientes raros é um processo de TRABALHAR COM DOENÇAS RARAS?
aprendizagem constante, tanto como profissional
como do ponto de vista pessoal. Pelo lado profissional, Trabalhar com doenças raras é importante
somos diariamente relembrados que os pacientes porque “a união faz a força”!
são únicos e, mesmo aqueles que têm uma síndro-
me conhecida, têm suas características particulares Podemos, com nosso conhecimento de doenças
dentro da doença. Pessoalmente, aprendemos que pouco vivenciadas pela maioria dos médicos, reforçar
resiliência e persistência são características louváveis a luta dos pacientes por informação, acesso a tera-
e que devemos cultivá-las. pias e melhor qualidade de vida.
62 DEPOIMENTOS DE MÉDICOS

Dra. Bibiana Oliveira


Médica Geneticista
CRM-RS 40141

POR QUE É IMPORTANTE


COMO É O DIA A DIA DE TRABALHAR COM DOENÇAS RARAS?
TRABALHO COM PACIENTES RAROS?
É fundamental termos profissionais com o olhar
Trabalhar com doenças raras é um aprendizado cons- voltado para as doenças raras.
tante. Posso dizer que é bastante desafiador!
Apesar de ainda termos uma formação em
Muitas vezes desempenhamos um trabalho investiga- saúde que prioriza as patologias mais
tivo, convivemos com doenças novas – algumas vezes frequentes, em conjunto, as doenças ra-
nunca descritas – o que traz necessidade de muito ras não são tão raras assim.
estudo e atualização contínua. Convivemos também
com a diversidade, que permite aprender sempre e Precisamos incentivar diariamente os estudantes da
conhecer pessoas e famílias que nos ensinam muito. área da saúde, estagiários, e profissionais recém-
formados a buscarem saber mais sobre este grande
O dia a dia é muito dinâmico e variado, atuo no atendi- grupo de doenças, pois só quem reconhece os sinais
mento a pacientes, em pesquisa clínica de novos trata- de alerta, vai suspeitar e por fim vai diagnosticar uma
mentos e no diagnóstico laboratorial de doenças raras. doença rara.
12
CONTATO
Para saber mais sobre nossos exames, acesse
nossos sites, blogs ou entre em contato com a
nossa equipe pelo e-mail ou telefone.
Juntas, as doenças raras
são muitas e representam
mendelics.com.br
uma parte importante das
doenças genéticas.
testedabochechinha.com.br

Quanto mais cedo o diagnóstico das doenças blog.mendelics.com.br


raras for feito, menores as chances de conse-
quências graves e melhor a qualidade de vida
do paciente e da família. testedabochechinha.com.br/blog

A Mendelics tem a missão de levar a análise genô-


mica ao alcance de todos que precisam e ofere- (11) 5096-6001
ce testes de diagnóstico e de triagem neonatal
genética (Teste da Bochechinha) com análises
rápidas e precisas para detectar doenças raras. contato@mendelics.com.br
Guia sobre
doenças raras:
Diagnóstico genético e orientações

POPULAÇÃO EM GERAL E PACIENTES


ÍNDICE

01 DOENÇAS
RARAS 67 04 MENDELICS
INDICA 79
O que são doenças raras 68
O que causa as doenças raras 69

05 ORIENTAÇÕES AOS
PACIENTES E FAMILIARES 84

02 DESAFIOS DE PACIENTES
COM DOENÇAS RARAS 70
Por que é importante estar em contato
com grupos de pessoas com doenças raras? 85
Como identificar as doenças raras 71 Quem seguir nas redes sociais 88
Triagem x Diagnóstico 71
Tratamento 72
Medicamentos órfãos 72
Acompanhamento 75

06 OS RAROS SÃO MUITOS:


HISTÓRIAS RARAS 89

03 ACONSELHAMENTO
GENÉTICO 76
CONTATO 97
O que é o aconselhamento genético? 77
Para quem é indicado? 78
01
DOENÇAS
Raras
68 DOENÇAS RARAS

O QUE SÃO
doenças raras?
Doenças raras são aquelas que, individualmente, afetam um núme-
ro pequeno e específico de pessoas. No Brasil, são consideradas

6 MIL
MAIS DE Existem mais de 6.000 dife-
doenças raras aquelas que afetam até 65 a cada 100.000 pessoas.
rentes tipos de doenças raras
Estima-se que aproximadamente 13 milhões de pessoas tenham e cada uma delas possui sinais
alguma doença rara no país, isso é mais que a população da cidade e sintomas bem específicos,
de São Paulo. podendo se manifestar desde
DOENÇAS RARAS o nascimento (ou mesmo antes
de nascer) até na vida adulta.

13 milhões Além disso, muitos sintomas


são semelhantes a doenças
brasileiros com uma comuns tornando o diagnósti-
doença rara 80% co correto um desafio para os
têm causa genética médicos, podendo levar de 3
a 10 anos. Enquanto o tempo
passa, os sintomas podem se
agravar e levam a consequên-
cias graves para o paciente raro.
50-75%
iniciam-se na infância
Especialmente quando a doen-
ça se desenvolve na infância,
se não houver um tratamento
precoce, podem haver conse-

3-10 anos quências graves para o desen-


volvimento da criança.
para o diagnóstico correto

Cidade de
São Paulo
~12 milhões de habitantes
69 DOENÇAS RARAS

80%
têm causa
genética

O QUE CAUSA AS
doenças raras?
Existem diferentes causas para as doenças raras.
20%
têm causa infecciosa,
autoimune, ambiental
Aproximadamente 80% das doenças raras ou desconhecida
são genéticas, ou seja, ocorrem por alterações
em genes ou cromossomos. O restante podem
ser originadas de infecções, doenças autoimu-
nes, fatores ambientais ou ter a causa ainda
desconhecida. alterações em genes
ou cromossomos

Referência:
Doenças raras. Ministério da Saúde.

Leitura recomendada:
Doenças Raras. Blog Teste da Bochechinha.
02
DESAFIOS
de pacientes
com doenças raras
71 DESAFIOS DE PACIENTES COM DOENÇAS RARAS

COMO IDENTIFICAR AS
doenças raras?
Em muitos casos os pacientes não possuem um
diagnóstico ou demoram até conseguir o diagnós- As doenças raras podem ser identificadas por exames de triagem
tico correto: a variabilidade de sintomas entre os ou de diagnóstico. Entenda a diferença entre eles a seguir.
pacientes, a semelhança de alguns sintomas com
doenças comuns, ou até mesmo a falta de acesso ao
acompanhamento médico especializado são alguns TRIAGEM x DIAGNÓSTICO
dos motivos.
A triagem é feita de forma Já exames de diagnóstico
Crianças com doenças raras e suas famílias geral- preventiva, antes dos sinto- têm como objetivo confirmar
mente precisam consultar diversas especialidades mas aparecerem. uma suspeita médica de algu-
médicas, e podem levar de 3 a 10 anos para serem ma doença que já apresenta
corretamente diagnosticadas. Seu objetivo é identificar doen- sintomas.
ças que podem se desenvolver
A dificuldade em obter o diagnóstico atrasa o início nos próximos meses ou anos A Mendelics possui um amplo
de possíveis tratamentos, levando à progressão e ao e, por isso, recomenda-se que portfólio de exames de diagnós-
agravamento da doença, que em alguns casos pode seja feita o mais cedo possível. tico de doenças genéticas raras.
levar ao óbito precoce.

Assim, o diagnóstico precoce é funda- Os exames de triagem neonatal, feitos em bebês para
mental para estabelecer o tratamento detectar precocemente doenças da primeira infân-
adequado o quanto antes, proporcio- cia, são exemplos desse tipo de teste, como o Teste
nando mais qualidade de vida ao do Pezinho, Teste SCID e AGAMA, Teste do olhinho,
paciente. Teste do coraçãozinho e o Teste da Bochechinha.

O Teste da Bochechinha é uma triagem neonatal


genética que identifica mais de 340 doenças gené-
ticas raras, graves e silenciosas que já possuem
tratamento disponível.
72 DESAFIOS DE PACIENTES COM DOENÇAS RARAS

Tratamento
MEDICAMENTOS ÓRFÃOS Embora sejam de difícil acesso, são cruciais para pacientes raros,
pois têm a função de prevenir e tratar a doença, evitando a progres-
Medicamentos órfãos são aqueles destinados para pacientes com são dos sintomas ou mesmo possibilitando o controle da doença.
doenças raras e sua produção não é considerada lucrativa pela
indústria farmacêutica, por isso, são caros e escassos. Estima-se que apenas 2% de todas doenças raras tenham pelo
menos um tratamento órfão aprovado.

95%
Medicamentos paliativos
e terapias de reabilitação

3%
Cirurgias e/ou
medicamentos regulares

Tratamentos para
DOENÇAS RARAS
2%
MEDICAMENTOS
ÓRFÃOS
73 DESAFIOS DE PACIENTES COM DOENÇAS RARAS

O desenvolvimento de tratamentos para doenças raras enfrenta O desinteresse das indústrias farmacêuticas se deve ao custo de
grandes desafios: desenvolvimento de um medicamento, que é muito alto.

Grande espectro de sinais e sintomas Existem leis relativas a medicamentos órfãos que têm o objetivo de
de uma enfermidade rara; incentivar as empresas farmacêuticas a desenvolverem e comercia-
lizarem medicamentos para o tratamento das doenças raras.
Obstáculos regulatórios;
No Brasil, o Ministério da Saúde instituiu em 2014 a Política Nacio-
Investimentos elevados. nal de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras e apro-
vou as Diretrizes para Atenção Integral às Pessoas com Doenças
Raras no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), além de instituir
incentivos financeiros de custeio.

Até 2019, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)


aprovou mais de 70 medicamentos para tratamento de doenças
raras no Brasil.

O conhecimento sobre as causas genéticas foi fundamental para


a definição de tratamentos mais efetivos para as doenças raras.
Assim, para algumas doenças raras passaram a ser desenvolvidos
medicamentos específicos e terapias gênicas para tratar a doença.

Terapia gênica é um procedimento em que são feitas modi-


ficações genéticas em células para corrigir erros no DNA que
causam uma doença.
74 DESAFIOS DE PACIENTES COM DOENÇAS RARAS

Espera-se que com essas terapias o paciente deixe


de apresentar os sintomas e tenha uma vida saudável. Doenças Hepáticas
e Gastrointestinais
A maioria das terapias gênicas existentes hoje ainda Intolerância à Frutose
estão em fase experimental, mas apresentam resul-
tados promissores e novas terapias continuam
sendo pesquisadas.

Erros Inatos do Metabolismo

TRATAMENTO NUTRICIONAL Fenilcetonúria

NÃO É RARO
Deficiências do Metabolismo
de Vitaminas e Minerais
Muitas outras doenças raras podem ser prevenidas
com medidas mais simples, como seguir um tratamen- Epilepsia Responsiva à Piridoxina
to nutricional (restrições na dieta ou suplementação).

Este tipo de tratamento é uma abordagem frequente,


seja empregado de forma exclusiva ou em combina- Doenças Endócrinas
ção com outros procedimentos.
Raquitismo hipocalcêmico
dependente de vitamina D
Qualquer tratamento deve ser recomendado e acom-
panhado por um médico.

Referências: Leituras recomendadas:


Doenças Raras: A urgência do acesso à saúde. Interfarma. Acessado em 17/01/2023. Doenças Raras: o que são medicamentos órfãos? Blog Teste da Bochechinha.
PORTARIA Nº 199, DE 30 DE JANEIRO DE 2014. Ministério da Saúde Gabinete do Ministro. Políticas públicas para doenças raras: o que são e como funcionam? Blog Sequenciando Ideias
- Mendelics.
Dia Mundial das Doenças Raras: Recorde de medicamentos aprovados para doenças raras.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Genética no tratamento de doenças raras. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas - PCDT. Ministério da Saúde. Acessado em Você sabe o que são erros inatos do metabolismo? Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
19/01/2023.
Doenças Raras: tratamento Nutricional. Blog Teste da Bochechinha.
75 DESAFIOS DE PACIENTES COM DOENÇAS RARAS

Entre as ações públicas, o Ministério da Saúde instituiu a Políti-


ca Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras,
que tem, entre os seus objetivos:

Ampliar o acesso universal e regulado das pessoas


com doenças raras na Rede Assistencial de Saúde;

Garantir às pessoas com doenças raras acesso


aos meios diagnósticos e terapêuticos disponíveis,
conforme a necessidade.

O Ministério da Saúde também criou a Caderneta do Raro, um


documento para orientar pessoas com doenças raras e seus fami-
liares e para registrar informações sobre os atendimentos nos
ACOMPANHAMENTO serviços de saúde, de educação e de assistência social do paciente.

Depois do diagnóstico, muitas vezes o paciente com doenças raras O paciente pode buscar orientações sobre acompanhamento,
precisará de um acompanhamento multidisciplinar. tratamento e informações sobre a doença com os profissionais de
saúde e pode buscar apoio em associações, ONGs e outras pesso-
↪ Ou seja, de um time de profissionais da saúde de diferen- as ou famílias que possuem a mesma doença rara.
tes especialidades, que dura a vida toda, requer tempo e pode
demandar recursos financeiros do paciente e de sua família.

Referências: Leituras recomendadas:


Caderneta do Raro / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Doenças raras: quais são e como tratá-las? Blog Teste da Bochechinha.
Saúde, Departamento de Gestão da Educação na Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
O que é triagem neonatal e qual a sua importância? Blog Teste da Bochechinha.
Caderneta do Raro. Ministério da Saúde. Acessado em 19/01/2023.
Triagem genética X diagnóstico genético: qual a diferença? Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
03
ACONSELHAMENTO
genético
77 ACONSELHAMENTO GENÉTICO

Considerando que cerca de


80% das doenças raras
são de origem genética,
o aconselhamento genético é
fundamental na atenção às famílias
e pessoas com essas doenças.

O QUE É O O profissional irá encaminhar, se necessário, o paciente


para realizar um exame genético ou esclarecer as dúvidas
aconselhamento em relação ao resultado de um exame genético já feito.

genético? A consulta envolve anamnese do paciente, exame físico,


análise de resultados de exames já realizados e o levanta-
mento do histórico familiar.

O aconselhamento genético é uma consulta com um profissional


geneticista que tem como objetivo entender se a pessoa possui
uma doença genética ou histórico familiar de uma doença gené-
tica e definir, caso exista, qual é o risco da doença ocorrer nova-
mente na família.
78 ACONSELHAMENTO GENÉTICO

PARA QUEM É
indicado?
Qualquer pessoa pode passar por um serviço de aconselha-
mento genético. Porém, essa consulta é mais indicada para os
seguintes casos:

Casais com dificuldades de engravidar;

Casais consanguíneos que querem ter filhos;

Casais que já possuem um filho com uma doença


genética e querem saber os riscos de terem outro filho
com a mesma doença;
Também é papel do aconselhador
Pessoas com histórico de uma doença genética sendo
transmitida na família; genético informar ao paciente:

Paciente com suspeita de câncer hereditário;


Como a sua condição é herdada;
Crianças que nasceram com múltiplas malformações,
deficiência intelectual, atraso de desenvolvimento Quais as chances de outro familiar também
psicomotor sem causa conhecida; ser afetado pela mesma doença;

Pessoas com uma doença genética; Quais as chances de passar a mutação para
seus filhos.
Pessoas que realizaram um exame genético e querem
entender o resultado. ↪ Por isso, o aconselhamento é importante
também para a família do paciente.
04
MENDELICS
Indica
80 MENDELICS INDICA

Os filmes, séries e documentários podem ter um papel que vai


muito além de entreter. Para pacientes com doenças raras, eles
podem ser também uma forma de representatividade e de enten-
der sobre sua condição.

Confira algumas obras que retratam personagens ou contam a


história real de pessoas com doenças raras.

ACIDÚRIA
GLUTÁRICA TIPO 1 ADRENOLEUCODISTROFIA

Uma gota de esperança Óleo de Lorenzo


Lorenzo’s oil

Nesse documentário, a jorna- Neste drama, conhecemos a


lista Larissa Carvalho conta a jornada de um pai e uma mãe
jornada até o diagnóstico de (interpretados por Nick Nolte
seu filho Théo, que começou e Susan Sarandon) na busca
quando ela notou que ele não por um tratamento eficaz para
se desenvolvia como outras a doença do seu filho Lorenzo:
crianças da mesma idade. a adrenoleucodistrofia.

Larissa conta seus desafios O filme, que é baseado em


para cuidar de uma criança uma história real, retrata
com doença rara e fala sobre toda a dor e angústia desses
a importância da identifica- pais, que decidem lutar para
ção precoce de doenças como 2021 encontrar uma cura para a 1992
a que seu filho tem, a acidúria Disponível na Globoplay doença, mesmo diante de Disponível na Netflix
glutárica tipo 1. Classificação indicativa: livre inúmeros desafios. Classificação indicativa: livre
81 MENDELICS INDICA

DEFICIÊNCIA DE DISTROFIA
CARNITINA-PALMITOIL TRANSFERASE 2 (CPT II) MUSCULAR DE DUCHENNE

Diagnóstico • Episódio 1 Amizades Improváveis


(Diagnosis) (The Fundamentals of Caring)

Filme de comédia dramáti-


Retrata a jornada diagnós- ca, conta a história do escritor
tica de Angel Parker, uma recém-divorciado Ben (Paul
estudante de 23 anos e que Rudd) que começa a cuidar
nos últimos 10 anos sofre de do adolescente Trevor (Craig
fortes dores musculares de Roberts), que tem distrofia
causa desconhecida. muscular de Duchenne.

Baseado nos seus sintomas, Juntos, eles embarcam em


médicos geneticistas suge- uma viagem de carro pelas
riram que ela pudesse ter estradas dos EUA, realizan-
uma doença metabólica, que do as vontades de Trevor e
depois se confirma como conhecendo pessoas novas.
sendo deficiência de carnitina- Ao longo da viagem os dois
palmitoil transferase 2 (CPT 2019 amigos experimentam novos 2016
II), uma doença rara causada Disponível na Netflix gostos, sensações e emoções Disponível na Netflix
por mutações no gene CPT2. Classificação indicativa: 16 anos e mudam o curso de suas vidas Classificação indicativa: 12 anos
para sempre.
82 MENDELICS INDICA

ESCLEROSE SÍNDROME DE
LATERAL AMIOTRÓFICA TREACHER COLLINS

A teoria de tudo Extraordinário


The theory of everything Wonder

Filme de drama e comédia,


baseado em um livro, que
O filme dramático conta a conta a história de Auggie
emocionante e inspirado- Pullman (Jacob Tremblay), um
ra história do grande cientis- garoto de 10 anos que nasceu
ta Stephen Hawking (Eddie com uma síndrome chamada
Redmayne), que descobre ter Treacher Collins, que ocasio-
esclerose lateral amiotrófica na uma série de dismorfismos
com cerca de 20 anos. craniofaciais.

No filme também é retrata- A história retrata suas dificul-


da sua convivência com Jane dades de socialização e as
Wilde (Felicity Jones), que primeiras amizades na esco-
conheceu na universidade e 2014 la, já que Auggie foi educado 2017
mais tarde se tornou sua espo- Disponível na Netflix em casa pela sua mãe, Isabel Disponível na Netflix
sa e mãe de seus filhos. Classificação indicativa: 10 anos (Julia Roberts). Classificação indicativa: 10 anos
83 MENDELICS INDICA

As doenças raras são complexas e é importante


ressaltar que os sintomas, gravidade e tratamento
podem variar amplamente entre as pessoas.

FIBROSE CÍSTICA Apesar disso, os filmes e demais obras são uma boa
forma de conscientizar a população geral sobre as
doenças raras.

A cinco passos de você


Five feet apart

A obra mostra o romance


entre dois adolescentes, Stella
(interpretada por Haley Lu
Richardson) e Will (interpreta-
do por Cole Sprouse), que têm
fibrose cística. Por causa das Referências:
características e dos perigos Mendelics Indica: The Fundamentals of Caring. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics. Acessa-
do em: 19/01/2023.
relacionados à doença, eles
Mendelics Indica: Uma Gota de Esperança. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics. Acessado
não podem se tocar ou ficar em: 19/01/2023.
muito próximos um do outro. Entenda a doença adrenoleucodistrofia do filme Óleo de Lorenzo. Blog Sequenciando Ideias -
Mendelics. Acessado em: 19/01/2023.
Da sua maneira, o filme apre- CPT II - Doença Rara na série Diagnóstico (Netflix). Blog Sequenciando Ideias - Mendelics.
senta o que é a fibrose císti- Acessado em: 19/01/2023.
ca, alguns dos seus sintomas e Mendelics Indica: A Teoria de Tudo. Blog Sequenciando Ideias - Mendelics. Acessado em:
19/01/2023.
as dificuldades que as pesso- 2019
as com essa doença precisam Filme Extraordinário - Conscientização sobre a Síndrome de Treacher Collins. Blog Sequencian-
Disponível na Globoplay do Ideias - Mendelics. Acessado em: 19/01/2023.
enfrentar. Classificação indicativa: 12 anos
Filme A Cinco Passos de Você - Conscientização sobre fibrose cística. Blog Sequenciando Ideias
- Mendelics. Acessado em: 19/01/2023.
05
ORIENTAÇÕES
aos pacientes
e familiares
85 ORIENTAÇÕES AOS PACIENTES E FAMILIARES

POR QUE É IMPORTANTE


estar em contato
com grupos de pessoas
com doenças raras?
Você ou algum familiar foi
diagnosticado com doença rara? Nos grupos e associações, a pessoa diagnosticada com doença
rara vai ter contato com experiências de vida de outros pacientes
Você não está sozinho. que passam pela mesma situação e, assim, se sentir mais incluída
em uma comunidade.

No Brasil, estima-se que mais de 13 milhões Além disso, tanto o paciente quanto seus familiares podem receber
de pessoas têm uma doença rara e você pode apoio para conhecer mais a respeito da doença, sobre centros de
encontrar informações, suporte, apoio jurídi- referência de tratamento especializado, bem como participar de
co e acolhimento em diversas associações e eventos relacionados a doenças raras e ter contato com profissionais
grupos de pacientes, familiares e profissio- multidisciplinares que podem ajudar os pacientes.
nais de saúde.
Com as informações certas e relevantes e compartilhando experi-
ências, o paciente se torna mais seguro a respeito de sua doença e
de seu diagnóstico e tratamento.

Confira algumas organizações e grupos que podem ajudar nessa


jornada. Nos sites você também pode encontrar materiais de apoio
e o contato de outros grupos estaduais e municipais que podem
estar próximos a você.
86 ORIENTAÇÕES AOS PACIENTES E FAMILIARES

DOENÇA ASSOCIAÇÃO

ANEMIA
AAFESP (Associação de Anemia Falciforme do Estado de São Paulo)
FALCIFORME

ATROFIA MUSCULAR
INAME (Instituto Nacional da Atrofia Muscular Espinhal)
ESPINHAL (AME)

Movimento Duchenne
DISTROFIA MUSCULAR
ABDIM (Associação Brasileira de Distrofia Muscular)
DE DUCHENNE
Aliança Distrofia Brasil

DOENÇA DE
ABPDG (Associação Brasileira dos Portadores da Doença de Gaucher)
GAUCHER

EPIDERMÓLISE
DEBRA (Associação Nacional de Epidermólise Bolhosa)
BOLHOSA

ESCLEROSE
ABET (Associação Brasileira de Esclerose Tuberosa)
TUBEROSA

FENILCETONÚRIA SAFE Brasil (Associação Amiga dos Fenilcetonúricos do Brasil)


87 ORIENTAÇÕES AOS PACIENTES E FAMILIARES

DOENÇA ASSOCIAÇÃO

Unidos Pela Vida - Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística


FIBROSE CÍSTICA Fibrocis - Sociedade de Assistência à Fibrose Cística
APAM (Associação Paulista de Assistência à Mucoviscidose)

MUCOPOLISSACARIDOSE Rede MPS - Brasil

PORFIRIA ABRAPO (Associação Brasileira de Porfiria)

RETINOBLASTOMA TUCCA (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer)

TALASSEMIA ABRASTA (Associação Brasileira de Talassemia)

Casa Hunter
DOENÇAS RARAS
FEPE (Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional)
EM GERAL
Instituto Vidas Raras

Referência: Leitura recomendada:


Rare disease resources. Wonderbaby ORG. Acessado em: 19/01/2023. Locais de tratamento das doenças raras. Ministério da Saúde. Acessado em: 19/01/2023.
88 ORIENTAÇÕES AOS PACIENTES E FAMILIARES

OS RAROS SÃO MUITOS:


Quem seguir
nas redes sociais
Instituto Vidas Raras
Jade Monte-Mór @vidasraras
O perfil do Instituto Vidas Raras visa acolher as pessoas portado-
@respira_jade ras de doenças raras e também conscientizar o público em geral
A Jade conta nas redes sociais a sua rotina com a Fibrose Císti- sobre essas condições de forma educativa e sem preconceitos.
ca, doença genética rara que afeta principalmente os pulmões, o

Meninas de Fibra
sistema respiratório e o digestivo.

Munique Wolf @meninasdefibra


Idealizado por Ana Mazziero, o perfil traz depoimentos e infor-
@ladyfabryedoencasraras mações de meninas e mulheres portadoras de Fibrose Císti-
Em seu perfil, a Munique fala sobre o dia a dia dela convivendo ca - doença que afeta principalmente os pulmões, pâncreas e o
com a Doença de Fabry - condição rara caracterizada pelo acúmu- sistema digestivo.
lo de um tipo de gordura no organismo (chamada glicoesfingolipí-

Mendelics
dio), com sintomas no coração, sistema nervoso e rins.

Karina Rodini @mendelics


A Mendelics é pioneira em análise genômica na América Latina,
@superandoaneurofibromatose com painéis completos para doenças raras em seu escopo. Nas
A vida da Karina com neurofibromatose é documentada em seu redes sociais, o laboratório compartilha conteúdos educativos
perfil para ajudar na conscientização da doença, que afeta o sobre diversas doenças e condições genéticas, além de contar
padrão de formação e crescimento dos neurônios. com orientações para médicos.

Maria Karina Teste da Bochechinha


@mariadeantonia @testedabochechinha
A jornalista Maria Karina dedica seu perfil à conscientização da O perfil do Teste da Bochechinha, exame de triagem neonatal
Síndrome de Langer-Giedion, que afeta principalmente a estrutura criado pela Mendelics, traz informações importantes sobre as
óssea e também causa dificuldades de aprendizado, desde que mais de 340 doenças genéticas analisadas pelo teste e também
sua filha, Antonia, nasceu com a síndrome. conteúdos especiais para médicos.
06
OS RAROS
São Muitos:
Histórias Raras
90 OS RAROS SÃO MUITOS: HISTÓRIAS RARAS

“Meus filhos nasceram


perfeitos e sem sinais
de algo grave.”
– Eliane, mãe do Moisés e do Felipe

HISTÓRIAS

RARAS
Conversando com outra pediatra fomos aconselhados a
fazer o Teste da Bochechinha nos meninos. Com o resultado
Moisés nasceu depois de uma gravidez normal e sem inter- em mãos, descobrimos que Moisés tinha a mesma doença
corrências. Seu desenvolvimento ocorria tranquilamen- do irmão.
te. Um ano e três meses depois, engravidei do Felipe, uma
gestação também com tudo dentro do esperado. Hoje, meus meninos estão bem. Felipe foi o mais afetado
com essa doença, mas hoje ele pula, corre, come pela boca
Porém, por volta dos seis meses, percebi um leve atraso e já está soltando algumas palavrinhas. Moisés tem uma vida
motor no Felipe. normal, já toma a medicação, cortamos a proteína e segue
em plena saúde, claro, com os devidos cuidados.
Por indicação da pediatra, realizamos uma tomografia e para
nossa surpresa, apareceu uma lesão cerebral indicando uma Se eu soubesse do Teste da Bochechinha, certamente já
doença rara metabólica chamada Acidúria Glutárica tipo 1. teria feito logo após o nascimento.

– Eliane, mãe do Moisés e do Felipe


91 OS RAROS SÃO MUITOS: HISTÓRIAS RARAS

HISTÓRIAS

RARAS
Sempre fui uma criança muito doente, e isso me machuca A essa altura eu já havia desenvolvido depressão e ansie-
lembrar. Enquanto as outras crianças brincavam e corriam, dade, tanto por conta dos sintomas frequentes, quanto por
eu sentia dor e cansava fácil. Aliás, eu me sentia cansada conta de não encontrar a causa para tanto martírio.
o tempo todo. Era chamada de preguiçosa com frequência,
pois nunca queria fazer nada. Mesmo pequena, eu só queria Devido a buscas incansáveis e respostas vagas, questioná-
ficar quieta, parada no meu canto. Era a dita fadiga que a veis ou mesmo inconclusivas, ouvi, inclusive, que não tinha
doença de Fabry causa, mas naquela época nem eu e nem nada de errado comigo. Ouvi que eu estava inventando sinto-
ninguém ao meu redor – sequer médicos - sabíamos disso. mas para chamar a atenção.

Além do mais, eu tinha


muitos problemas com
alimentação. Tudo me
machucava, ao ponto em
que eu simplesmente não
queria mais comer. Cada
refeição era um martírio.
Os sintomas gastrointesti- “Falar da doença de Fabry na
nais eram muito fortes, e
mesmo com tratamentos minha vida nem sempre é fácil,
não melhoraram. visto o quanto ela sempre me
Minha adolescência me afetou, mas ao mesmo tempo
trouxe as crises de dor é um alívio, levando em
intensa que chegavam a
durar dias. Eu chorava, e consideração os anos em que
minha mãe chorava junto. vivi sem um diagnóstico.”
Lembro-me de querer fugir
do meu próprio corpo. – Munique Slungo, @ladyfabryedoencarara
92 OS RAROS SÃO MUITOS: HISTÓRIAS RARAS

Aos 15 anos de idade, final- Hoje, apesar de eu ainda ser


mente, depois do falecimento bastante sintomática, levo a
de um querido tio, devido à vida com muito mais leveza
doença de Fabry, esta doença e com mais aceitação. Ainda
foi descoberta na minha famí- choro, ainda me revolto, mas
lia, e eu pude ter o meu diag- não em todos os momentos.
nóstico. Foi um misto de pesar, Entendo melhor que preciso
por saber que é incurável e fazer o que posso para me
progressiva, mas também um manter bem, e isso também
alívio, por ter um nome para significa cuidar da minha
todas as minhas angústias, e saúde mental e aceitar todas
uma gota de esperança ao des- as minhas emoções e limita-
cobrir que existe tratamento. ções, goste eu ou não.

Entretanto, das pessoas que Nem sempre é fácil, porém o


foram diagnosticadas junto importante é que não é impos-
comigo em 2005, apenas 4 sível, e eu me sinto satisfeita
delas permanecem vivas. A de estar fazendo sempre o
maneira que a doença de meu melhor, mesmo que o
Fabry trata as pessoas é cruel, meu melhor não seja fazer “O importante é que não é
e a maneira que ela as leva é tudo o que eu tenho vontade.
ainda mais. São memórias que impossível, e eu me sinto
não se apagam. – Munique Slungo satisfeita de estar fazendo
sempre o meu melhor, mesmo
que o meu melhor não seja
fazer tudo o que eu tenho
vontade.”
– Munique Slungo, @ladyfabryedoencarara
93 OS RAROS SÃO MUITOS: HISTÓRIAS RARAS

“Matheus e Felipe
são muito amados
por todos e são
muito felizes.”
– Erika, mãe do Matheus e Felipe

HISTÓRIAS

RARAS Após um primeiro diagnóstico equivocado, passamos


em consulta com o Dr. Fernando Kok (Diretor Médico da
Mendelics) e através de um Exoma descobrimos que os
Passei a gravidez dos gêmeos Matheus e Felipe sem nenhu- meninos possuíam a Síndrome de Allan Herndon Dudley.
ma intercorrência, porém, os meninos nasceram prematu-
ros. Uma das principais dificuldades era com a alimentação, O diagnóstico nos chocou por ser uma síndrome rara e ter
porém achávamos que era pela prematuridade, visto que o poucos casos no Brasil. Atualmente os meninos fazem as tera-
Teste do Pezinho estava normal. pias para ajudar na mobilidade, mas dependem 100% de nós.

Eles foram crescendo e vimos que eram crianças diferentes Sem o apoio da nossa família, não sei como iríamos fazer.
das outras, não conseguiam segurar o pescoço direito, os Não sabemos mensurar o amor que temos por eles, mesmo
braços e pernas eram mais rígidos, não ficavam de bruços, depois de um dia cansativo, só o sorriso deles faz desman-
não rolavam. Fomos aconselhados a ir em um neurologista. char qualquer situação ruim.

– Erika, mãe do Matheus e Felipe


94 OS RAROS SÃO MUITOS: HISTÓRIAS RARAS

HISTÓRIAS

RARAS
A cada retirada que fazia, o tumor voltava maior. E conforme
Nasci com Neurofibromatose do tipo 1, e fui diagnosticada os tumores estavam crescendo, as complicações aumenta-
com um ano de idade devido a muitas manchas “café com vam: escoliose, dores, cansaço, muita indisposição.
leite” espalhadas pelo corpo.
Eu já estava cansada de seguir aquela rotina, até que resol-
Desde a descoberta desse diagnóstico comecei a frequentar vi colocar minha história nas redes sociais. Eu nunca tinha
médicos para o acompanhamento da doença com consultas falado sobre a Neurofibromatose com ninguém. Tinha medo
e exames. Passaram-se os anos e as manchas começaram a da reação das pessoas, já era difícil quando tinha que sair
aumentar e evoluir para tumores, mas não havia muito o que nas ruas e enfrentar os olhares, comentários e outras situa-
se fazer naquela época, por ser uma doença desconhecida. ções constrangedoras.

Os anos passavam e os tu-


mores da Neurofibromato-
se aumentavam ainda mais,
até que fomos a um cirur-
gião plástico e ele fez minha
primeira cirurgia removen-
do um pequeno pedaço
desse tumor. Muitos médi-
cos não queriam me operar
por ser uma cirurgia de “Fiz exames genéticos e
risco, mesmo assim não logo em seguida o tratamento
desistimos e minha mãe
sempre me levava a outros com quimioterapia oral.
profissionais. Foi aí que tudo começou
a se encaminhar.”
– Karina Rodini, @superandoaneurofibromatose
95 OS RAROS SÃO MUITOS: HISTÓRIAS RARAS

Contei minha história e recebi Entramos em contato com ele


muitas mensagens, indicações, e ele topou fazer a cirurgia aqui
e apoio. Fiz campanhas on-line, no Brasil. Foram feitas rifas e
tudo para conseguir seguir com arrecadações para trazer ele
o tratamento. Cheguei a viajar e sua esposa (que é enfermei-
para alguns lugares que indica- ra). A cirurgia foi realizada em
ram, mas sem sucesso. novembro de 2021, e foram
removidos 30 kg de tumores. A
Fiz exames genéticos e logo recuperação demorou um ano.
em seguida o tratamento
com quimioterapia oral. Foi Assim que me recuperei já
aí que tudo começou a se estava pronta para a cirurgia de
encaminhar. dezembro de 2022. Agora sigo
me recuperando com todos os
Depois que iniciei a quimio, cuidados, e já quero programar
os tumores começaram a a próxima cirurgia para retirar o
despencar, e eu precisava de restante dos tumores.
uma cirurgia. Em outubro de
2019 conheci o Dr. Alfredo, o Assim vou seguindo até ficar
médico que removeu 5 kg de livre deles.
tumor. Nunca havia retirado
um tumor desse tamanho.
“Contei minha história
Meu caso ganhou repercus- – Karina Rodini
são nas mídias e me foi indica-
e recebi muitas mensagens,
do um médico de Chicago, nos indicações, e apoio.”
Estados Unidos.
– Karina Rodini, @superandoaneurofibromatose
96 OS RAROS SÃO MUITOS: HISTÓRIAS RARAS

“Pedro é um
guerreiro vencedor.”
– Milena, mãe do Pedro Enrique

HISTÓRIAS

RARAS Porém, Pedro teve outra crise e tivemos que correr direto
para a UTI. As crises não paravam.

Ele fez o exame que mudou a vida de todos: o EXOMA. E,


Em uma madrugada achei estranho o Pedro não ter acor- antes da confirmação do diagnóstico, o neurologista resol-
dado para mamar, ele estava molinho e febril. Levei ele ao veu começar uma dieta cetogênica para tratar as crises.
Pronto Socorro e lá ele foi direto para emergência, totalmen-
te letárgico. O resultado do exame diagnosticou Deficiência de GLUT1.

O Teste do Pezinho Ampliado do Pedro veio normal e fize- A importância desse diagnóstico tão precoce é gigante,
ram todos os exames de protocolo e constataram um quadro porque não existe cura para a doença, mas existe o trata-
viral. A alta veio depois de 10 dias e tudo corria bem. mento para que ele não tenha mais crises!

– Milena, mãe do Pedro Enrique


07
CONTATO
Para saber mais sobre nossos exames, acesse
nossos sites, blogs ou entre em contato com a
nossa equipe pelo e-mail ou telefone.
Juntas, as doenças raras
são muitas e representam
mendelics.com.br
uma parte importante das
doenças genéticas.
testedabochechinha.com.br

Quanto mais cedo o diagnóstico das doenças blog.mendelics.com.br


raras for feito, menores as chances de conse-
quências graves e melhor a qualidade de vida
do paciente e da família. testedabochechinha.com.br/blog

A Mendelics tem a missão de levar a análise genô-


mica ao alcance de todos que precisam e ofere- (11) 5096-6001
ce testes de diagnóstico e de triagem neonatal
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rápidas e precisas para detectar doenças raras. contato@mendelics.com.br
Fonte
IBM Plex Sans
IBM Plex Mono
IBM Plex Serif

Texto
Ágatha Faria
Cleandra Gregório
Iuri Ventura
Juliana Gomes
Letícia Marcorin
Nathália Taniguti
Rafaella Peçanha
Ricardo Aguiar
Sabrina Trizote
Tarla Prado

Diagramação
Mariana Frizze

Ilustrações
Caio Araujo
Luana Motta
Luccas Emanuel
Mariana Frizze
Paloma Mayo

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