LIVRO Recursos Humanos em Saúde No Mercosul PDF
LIVRO Recursos Humanos em Saúde No Mercosul PDF
LIVRO Recursos Humanos em Saúde No Mercosul PDF
All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non
Commercial-ShareAlike 3.0 Unported.
Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição -
Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada.
Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons
Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported.
RECURSOS
HUMANOS
EM SAÚDE
NO MERCOSUL
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Presidente
Carlos Médici Morel
EDITORA FIOCRUZ
Coordenador
Paulo Marchiori Buss
C o n s e l h o Editorial
Carlos E. A. Coimbra )r.
Charles Pessanha
Hooman Momen
José da Rocha Carvalheiro
Luiz Fernando Ferreira
Paulo Gadelha
Paulo M. Buss
Sergio Coes de Paula
Zigman Brener
Coordenador Executivo
Francisco Edmilson M. Carneiro
Organização Panamericana de Saúde
Escritório Regional da OMS
Programa Especial de Desenvolvimento de Recursos Humanos
RECURSOS
HUMANOS
EM SAÚDE
NO MERCOSUL
I S B N : 85-85676-19-1
Revisão Técnica:
Célia Regina Pierantoni
Mário Roberto Dal Poz
Paulo Marchiori Buss
Capa:
Ilustração: Jaguar
D e s i g n : Carlos Prósperi
P r o j e t o G r á f i c o : Heloisa Diniz
E d i t o r a ç ã o E l e t r ô n i c a : Marilene Cardoso
R e v i s ã o : Marcionílio Cavalcanti de Paiva
C a t a l o g a ç ã o na F o n t e
C e n t r o d e Informação Científica e Tecnológica
B i b l i o t e c a L i n c o l n d e Freitas Filho
1 4 7 p. t a b .
1 . R e c u r s o s H u m a n o s e m S a ú d e - Brasil. 2. R e c u r s o s H u m a -
nos e m S a ú d e - Paraguai.
3. R e c u r s o s H u m a n o s e m S a ú d e - A r g e n t i n a . 4. R e c u r s o s
H u m a n o s e m Saúde - Uruguai.
I. T í t u l o .
C D D - 2 0 . ed. -331.11913621
1995
EDITORA FIOCRUZ
Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - Manguinhos
2 1 0 4 1 - 2 1 0 - R i o d e J a n e i r o - RJ
T e l . : 5 9 0 - 3 7 8 9 r. 2 0 0 9
Fax.: ( 0 2 1 ) 2 8 0 - 8 1 9 4
AUTORES
• Pedro Brito, C o n s u l t o r d o P r o g r a m a E s p e c i a l d e D e s e n v o l v i m e n t o d e
Recursos H u m a n o s da O P A S , Washington/USA.
• Félix Rigoli, D i r e t o r d o C e n t r o A s s i s t e n c i a l d o S i n d i c a t o d o s M é d i c o s ,
Uruguai.
Anexos 143
ANTECEDENTES
E m 1 9 8 6 , o s p r e s i d e n t e s d o Brasil e d a A r g e n t i n a d e r a m i n í c i o a um
processo d e integração entre a m b o s os países, nos planos político, e c o n ô m i -
c o e s o c i a l . L o g o e m s e g u i d a , o U r u g u a i e , f i n a l m e n t e , o P a r a g u a i , solicita-
ram participação no m e n c i o n a d o processo.
D e s d e e n t ã o foi p e r c o r r i d o u m l o n g o c a m i n h o , q u e s e m d ú v i d a já r e -
sultou e m b e n e f í c i o s c o n c r e t o s p a r a o s p a í s e s - m e m b r o s .
O p r i m e i r o e f e i t o d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o foi a m o d i f i c a ç ã o d a s hi-
póteses de conflitos sub-regionais. A repercussão dessa m u d a n ç a f u n d a m e n -
tal n a s políticas d e d e f e s a p e r m i t i u , p o r e x e m p l o , u m a a s s o c i a ç ã o e s t r a t é g i c a
e n t r e a E M B R A E R ( f á b r i c a brasileira d e a v i õ e s ) e a f á b r i c a militar d e a v i õ e s d a
Argentina. A nova concepção no tratamento dos problemas geopolíticos,
por parte das e m p r e s a s hidroelétricas e m c o m u m , facilitou o a c e s s o a o c r é -
dito i n t e r n a c i o n a l p a r a o p r o s s e g u i m e n t o d o s p r o j e t o s d e Y a c i r e t á A p i p e e
outras grandes obras.
O p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o e c o n ô m i c a n o c a m p o d a indústria a u m e n t o u
s i g n i f i c a t i v a m e n t e o v o l u m e d o i n t e r c â m b i o c o m e r c i a l sub-regional e facili-
tou a implantação d e projetos c o m financiamento privado binacional para a
p r o d u ç ã o d e bens comercializáveis c o m outros países.
Paralelamente, a s o l u ç ã o d o impasse d e fronteiras entre A r g e n t i n a e
C h i l e c o m r e l a ç ã o a o C a n a l d e B e a g l e e o a d v e n t o d a d e m o c r a c i a n e s t e últi¬
m o p a í s - e t a m b é m n o P a r a g u a i - v i a b i l i z a r a m o t r a t a m e n t o sub-regional d e
diversos temas arquivados durante anos.
D o s d i v e r s o s p r o t o c o l o s a s s i n a d o s e n t r e o Brasil e a A r g e n t i n a v i s a n d o
facilitar o i n t e r c â m b i o d e b e n s e s e r v i ç o s , destaca-se o d e n . 1 4 . P o r suas
o
O TRATADO MERCOSUL
E m 2 6 d e m a r ç o d e 1 9 9 1 , n a c i d a d e d e A s s u n ç ã o , capital d a R e p ú b l i c a
d o Paraguai, o s Presidentes d o s quatro países d e r a m u m passo decisivo para
a s s e g u r a r a c o n t i n u i d a d e d e s s e p r o c e s s o , c o m a assinatura d o T R A T A D O P A R A
A CONSTITUIÇÃO DE U M MERCADO COMUM entre os quatro países, deixando
ANÁLISE D O TRATADO
Objetivos
O principal objetivo é a constituição d e u m M E R C A D O C O M U M que de-
Implicações
b) E s t a b e l e c i m e n t o d e u m a tarifa c o m u m n o i n t e r c â m b i o c o m países ou
a g r u p a m e n t o d e países n ã o e n v o l v i d o s e a c o o r d e n a ç ã o d e p o s i ç õ e s e m
foros econômico-comerciais regionais e internacionais.
c) C o o r d e n a ç ã o d e políticas m a c r o e c o n ô m i c a s e setoriais n o s c a m p o s do
c o m é r c i o exterior, d a agricultura, d a indústria, d a p o l í t i c a fiscal, m o n e t á -
ria, c a m b i a l e a l f a n d e g á r i a , d e t r a n s p o r t e s e c o m u n i c a ç õ e s e d e outros
campos a serem decididos.
d) C o o r d e n a ç ã o legislativa p a r a a h o m o g e n e i z a ç ã o d o D i r e i t o , v i s a n d o for-
talecer o processo d e integração.
E m b o r a o texto sofra f o r t e i n f l u ê n c i a d o s a s p e c t o s e c o n ô m i c o s d a i n t e -
g r a ç ã o , e l e c o n t é m i n t e r e s s a n t e s itens d e c a r á t e r p o l í t i c o , tais c o m o a c o o r -
d e n a ç ã o d e p o s i ç õ e s d e países fora d o tratado e outros m e r c a d o s c o m u n i t á -
rios e a c o o r d e n a ç ã o d e políticas m a c r o e c o n ô m i c a s . Isso i m p l i c a n e c e s s a r i a -
m e n t e n o e s t a b e l e c i m e n t o d e n o v o s a c o r d o s d e natureza política, q u e certa-
m e n t e b e n e f i c i a r ã o as p o p u l a ç õ e s d o s p a í s e s signatários d o T r a t a d o .
D o p o n t o d e vista d o s e t o r s a ú d e , a partir d e u m a v i s ã o m o d e r n a e i n -
tegral d o m e s m o , a i n c l u s ã o d o c o n c e i t o serviços e n t r e o s p r o d u t o s d e inter-
c â m b i o e a e l i m i n a ç ã o d a s r e s t r i ç õ e s tarifárias ( c o m a c o n s e q ü e n t e r e a v a l i a -
ç ã o d a s n ã o tarifárias) p r e s s u p õ e m a a b e r t u r a d e u m c a m p o d e a t i v i d a d e d e
p r o p o r ç õ e s interessantes.
O m e s m o o c o r r e n o q u e se refere à c o o r d e n a ç ã o d e políticas setoriais,
por força d o c o n c e i t o abrangente da expressão "e outros c a m p o s a s e r e m
decididos".
3 O Presidente da República Federativa d o Brasil, Itamar Franco, por exemplo, e m seu discur-
so ao Congresso N a c i o n a l , comprometeu-se c o m a continuidade dos trabalhos e, p o u c o s
dias depois d e sua posse, c o m p a r e c e u à reunião d e rotina dos Presidentes d o Tratado M e r ¬
cosul.
F i n a l m e n t e , n o c a m p o d o D i r e i t o , a r e v i s ã o legislativa e a c r i a ç ã o d e
n o v o s foros d e c o o r d e n a ç ã o interparlamentar geram u m ambiente suma-
m e n t e fértil p a r a a c o n t i n u i d a d e d o p r o j e t o D e m o c r a c i a e S a ú d e , q u e fora
4
Fundamentação
A s Etapas
O T r a t a d o p r e v ê d u a s e t a p a s : a p r i m e i r a t r a n s c o r r e e n t r e a assinatura
d o m e s m o e o dia 31 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 4 , e a segunda c o m e ç a e m 1 o
de
janeiro de 1995.
D u r a n t e a primeira etapa, d e n o m i n a d a "etapa d e transição", o a c o r d o
p r e v ê a a d o ç ã o d e u m R e g i m e G e r a l d e O r i g e m q u e e s t a b e l e c e as b a s e s
para o início das a ç õ e s , u m Sistema d e S o l u ç ã o d e Controvérsias e u m c o n -
j u n t o d e C l á u s u l a s d e S a l v a g u a r d a - e s t a s últimas p a r a d a r e s p a ç o a a l g u n s
r e g i m e s a l f a n d e g á r i o s v i g e n t e s e p e r m i t i r o ingresso d o U r u g u a i e d o P a r a -
guai n o Tratado.
A s e g u n d a e t a p a terá início n o p r i m e i r o dia d o a n o d e 1 9 9 5 e será
c a r a c t e r i z a d a p e l a p l e n a v i g ê n c i a d o c o n c e i t o d e livre m e r c a d o e m sua
a c e p ç ã o mais ampla (ver adiante).
Esse c o n j u n t o d e n o r m a s t e m especial valor t é c n i c o por estabelecer o s
p e r c e n t u a i s a n u a i s d o d e c r é s c i m o d e i m p o s t o s q u e será l e v a d o a c a b o p e l o s
p a í s e s - m e m b r o s , definir c o m c l a r e z a o q u e é u m " p r o d u t o n a c i o n a l " , d e t e r m i -
n a r m a i o r p r a z o ( 3 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 5 ) p a r a a i n t e g r a ç ã o definitiva d o
U r u g u a i e d o P a r a g u a i , e s t a b e l e c e r as p o s i ç õ e s d o s registros d e produtos
q u e terão sua p r o t e ç ã o preservada até d e t e r m i n a d o grau etc.
O s Instrumentos
O tratado estabelece:
a) Um P r o g r a m a d e L i b e r a ç ã o C o m e r c i a l q u e c o n s i s t e n a r e d u ç ã o linear,
a u t o m á t i c a e p r o g r e s s i v a d e t o d a s as r e s t r i ç õ e s tarifárias e n ã o tarifárias,
v i s a n d o c h e g a r a o t é r m i n o d a p r i m e i r a e t a p a c o m tarifa z e r o p a r a a totali-
d a d e d o s b e n s , d o s serviços e dos produtos que forem comercializados
entre os países-membros.
c) U m a c o r d o d e tarifa e x t e r n a e m c o m u m .
A Administração
O T r a t a d o institui d o i s g r a n d e s ó r g ã o s p a r a a a d m i n i s t r a ç ã o d o a c o r d o :
a) o C O N S E L H O D O M E R C A D O C O M U M , a o qual c a b e a c o n d u ç ã o política e a
t o m a d a d e d e c i s õ e s p a r a assegurar o c u m p r i m e n t o d o s o b j e t i v o s e p r a -
zos estabelecidos. É integrado pelos Ministros d a E c o n o m i a e das R e l a ç õ -
es Exteriores d o s p a í s e s - m e m b r o s , e reunir-se-á s e m p r e q u e n e c e s s á r i o .
A l é m disso, h á u m a r e u n i ã o a n u a l c o m a p r e s e n ç a d o s S r s . P r e s i d e n t e s
dos respectivos G o v e r n o s .
p e l o s M i n i s t é r i o s d a s R e l a ç õ e s Exteriores. E l e e x e c u t a a s d e c i s õ e s t o m a -
das pelo Conselho, dispõe sobre as normas e medidas para assegurar o
cumprimento d o programa d e liberação comercial, a c o o r d e n a ç ã o d e p o -
líticas m a c r o e c o n ô m i c a s e a n e g o c i a ç ã o d e acordos c o m países não-
m e m b r o s . D e l e d e p e n d e r ã o os subgrupos d e trabalho criados p o r força
d o A n e x o 5 d o tratado.
Esse ó r g ã o é i n t e g r a d o p o r q u a t r o m e m b r o s titulares e q u a t r o s u p l e n t e s
( d e c a d a país), c o m r e p r e s e n t a ç ã o d e : M i n i s t é r i o d a s R e l a ç õ e s Exteriores,
Ministério da E c o n o m i a - o u equivalente - e B a n c o Central. Conta, ainda,
c o m u m a Secretaria Administrativa sediada na cidade d e M o n t e v i d é u , q u e
está f u n c i o n a n d o d e s d e 1 9 9 2 .
O A r t i g o 2 4 , p o r s u a v e z , a n u n c i a a i n t e n ç ã o d e c o n s t i t u i r u m a Comis-
são Parlamentar Conjunta do Mercosul, c o m o o b j e t i v o d e facilitar a i m p l e -
mentação do mesmo.
O Tratado é integrado p o r u m conjunto d e anexos, entre o s quais vale
destacar o n o
5, q u e cria o s s u b g r u p o s d e t r a b a l h o d e n t r o d o â m b i t o d o
G R U P O M E R C A D O C O M U M . S ã o 11 c o m i s s õ e s , q u e t e r ã o a s e u c a r g o a c o o r d e -
n a ç ã o d a s políticas m a c r o e c o n ô m i c a s e setoriais. S ã o e l a s :
Subgrupo 4 P o l í t i c a Fiscal e M o n e t á r i a
Subgrupo 5 Transporte Terrestre
Subgrupo 6 Transporte Marítimo
Subgrupo 7 P o l í t i c a Industrial e T e c n o l ó g i c a
Subgrupo 8 Política Agrícola
Subgrupo 9 Política Energética
S u b g r u p o 10 C o o r d e n a ç ã o d e Políticas M a c r o e c o n ô m i c a s
S u b g r u p o 11 R e l a ç õ e s Trabalhistas
P e l a p r ó p r i a n a t u r e z a d o s a s s u n t o s , o s s u b g r u p o s 3, 5, 7 e 8 t ê m c o m -
p o n e n t e s específicos, q u e exigem a participação técnica d o setor saúde. N o
â m b i t o d o S u b g r u p o 3 já f o r a m i n i c i a d a s as a t i v i d a d e s , c o m a colaboração
da OPAS . 6
O S u b g r u p o 11 t e m p a r t i c u l a r i m p o r t â n c i a n o c a m p o d o s R e c u r s o s H u -
m a n o s . Entre outros temas, ele se o c u p a das relações coletivas e individuais
d e t r a b a l h o , d a livre c i r c u l a ç ã o d e t r a b a l h a d o r e s , d a f o r m a ç ã o p r o f i s s i o n a l ,
d o r e c o n h e c i m e n t o d e h a b i l i t a ç ã o p r o f i s s i o n a l (títulos e d i p l o m a s ) e d e t u d o
q u e for relativo à S e g u r i d a d e Social.
Ali se enfatiza a n e c e s s i d a d e d e r e d i m e n s i o n a r o p e n s a m e n t o e a a ç ã o
n o c a m p o d a s a ú d e , t a n t o e m r a z ã o d a estreita i n t e r d e p e n d ê n c i a e n t r e s a ú -
d e e d e s e n v o l v i m e n t o h u m a n o , c o m o pela contribuição q u e o setor p o d e le-
var a o progresso social d o s p o v o s da região.
O setor s a ú d e p o d e :
a) C o n t r i b u i r na b u s c a d a p a z e na r e d u ç ã o d a v i o l ê n c i a .
d) P r o p i c i a r m a i o r e s níveis d e i g u a l d a d e n a i n s t r u m e n t a l i z a ç ã o d a s e s t r a t é -
gias políticas e e c o n ô m i c a s p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o , l u t a n d o p a r a q u e a
m o d e r n i z a ç ã o d o E s t a d o i m p l i q u e na r e s p o n s a b i l i d a d e d e a s s e g u r a r à p o -
pulação a provisão de serviços d e saúde a d e q u a d o s , e compatibilizar os
processos d e desenvolvimento c o m o necessário respeito a o m e i o a m -
biente.
e) P r o m o v e r , na o p i n i ã o p ú b l i c a e e m t o d o o e s p e c t r o p o l í t i c o , u m a m b i e n -
te f a v o r á v e l a o p r o c e s s o d e t r a n s f o r m a ç ã o d o s i s t e m a d e s e r v i ç o s d e s a ú -
d e , tornando-os m a i s e f i c a z e s e e f i c i e n t e s e c o m m a i o r e s n í v e i s d e i g u a l -
dade.
g) A m p l i a r o e s p e c t r o d e r e l a c i o n a m e n t o s intra e extra-setoriais, s o m a n d o a
v o n t a d e p o l í t i c a e o s r e c u r s o s d o s d i f e r e n t e s p r o t a g o n i s t a s p ú b l i c o s e pri-
v a d o s , e m b u s c a d e m e l h o r e s níveis d e s a ú d e para a p o p u l a ç ã o .
h) C o n t r i b u i r p a r a o f o r t a l e c i m e n t o d a d e m o c r a c i a , e s c l a r e c e n d o o s limites
d o d i r e i t o d o c i d a d ã o e c o n t r i b u i n d o p a r a a satisfação d a s n e c e s s i d a d e
sociais.
Estes e o u t r o s c o n c e i t o s o f e r e c e m u m r e f e r e n c i a l i n d i s p e n s á v e l n a h o r a
d e analisar o s e f e i t o s p o t e n c i a i s d o M E R C O S U L n a s r e l a ç õ e s e n t r e países n o
âmbito d o setor saúde.
I d e n t i f i c a m o s três n í v e i s d e i m p a c t o :
a ) Nível Político
O T r a t a d o M E R C O S U L g e r a u m c o n j u n t o d e c o m p r o m i s s o s e n t r e o s paí-
ses s i g n a t á r i o s q u e d e v e ser a p r o v e i t a d o p a r a c o l o c a r e m v i g ê n c i a a iniciati-
v a s u b - r e g i o n a l , a t é a g o r a d e difícil v i a b i l i z a ç ã o .
8
E m b o r a o s p r i n c i p a i s e n v o l v i d o s p a r e ç a m ser o s M i n i s t é r i o s d a S a ú d e
( p a r t i c u l a r m e n t e e m s e u p a p e l r e g u l a d o r ) , abre-se u m e s p a ç o e x t r a o r d i n á r i o
para a participação da Seguridade Social, das universidades, das sociedades
p r o f i s s i o n a i s , d a s e m p r e s a s p ú b l i c a s e p r i v a d a s d o setor, d o s P a r l a m e n t o s , d a
esfera judicial e das próprias agências d e c o o p e r a ç ã o internacionais que
o p e r a m nos diferentes países.
P e l o grau d e c o m p r o m i s s o político assumido p o r outras áreas (Ministé-
rios d a E c o n o m i a e d a s R e l a ç õ e s Exteriores) n o t e r r e n o c o n c r e t o d a instru-
m e n t a l i z a ç ã o d a s a ç õ e s , abriu-se u m e s p a ç o d e t r a b a l h o n o interior d o s g o -
v e r n o s e m q u e a saúde p o d e - por necessidade técnica - ampliar seu c a m -
p o d e p a r t i c i p a ç ã o d e n t r o d o q u e d e f i n i m o s c o n c e i t u a l m e n t e c o m o "setor" e
suas v i n c u l a ç õ e s c o m o processo d e d e s e n v o l v i m e n t o .
M e s m o tratando-se d e u m a c o r d o e n t r e g o v e r n o s , d e n a t u r e z a e m i n e n -
t e m e n t e p ú b l i c a , e l e e x i g e a s o m a d a s v o n t a d e s n a c i o n a i s p ú b l i c a s e priva-
d a s p a r a s e u f o r t a l e c i m e n t o e sua c o n t i n u i d a d e . A s s i m , abre-se t a m b é m a q u i
u m e s p a ç o para o desenvolvimento d e O N G S d e natureza e c o m p o s i ç ã o va-
riadas, o n d e o s interesses da s o c i e d a d e , a c i m a das circunstâncias d o m o -
m e n t o político, a c o m p a n h e m e fortaleçam o processo d e integração, não
b ) Nível Técnico
c) Nível Econômico
N a d i m e n s ã o setorial, cria-se u m a o p o r t u n i d a d e m a g n í f i c a p a r a d i m e n -
sionar, q u a n t i f i c a r e a v a l i a r q u a l i t a t i v a m e n t e a c o n t r i b u i ç ã o q u e o s e t o r s a ú -
d e p o d e oferecer a o processo d e integração e m termos estritamente e c o n ô -
micos.
A l é m d o s f u n d a m e n t o s é t i c o s d o d i s c u r s o setorial ( e m f u n ç ã o d o v a l o r
d o c a p i t a l h u m a n o ) , s e r á n e c e s s á r i o iniciar r a p i d a m e n t e u m a a v a l i a ç ã o m a i s
ampla da possível contribuição da saúde n o processo d e d e s e n v o l v i m e n t o .
P a r a isso, é i m p r e s c i n d í v e l identificar as a ç õ e s , o s a g e n t e s , o impacto
d o setor n o m e r c a d o d e serviços, a c a p a c i d a d e d e expansão, a g e r a ç ã o d e
e m p r e g o s e outros fatores q u e d i m e n s i o n e m quantitativa e qualitativamente
a oferta d o setor.
Por outro lado, os Ministérios da S a ú d e d e v e r ã o aproveitar a situação
para f o r t a l e c e r as á r e a s d e p a r t i c i p a ç ã o d i r e t a ( o r g a n i z a ç ã o , n o r m a t i z a ç ã o e
c o n t r o l e ) e gerar e s p a ç o s a p r o p r i a d o s p a r a a p a r t i c i p a ç ã o a m p l a d e g r u p o s
d e t r a b a l h o multisetoriais q u e p o s s a m identificar e p r o p o r n o v o s c a m p o s d e
ação dentro d o processo d e integração.
0 PAPEL D A O P A S
O p a p e l d a O P A S n a esfera d e s s e p r o c e s s o p o d e r i a ser c o n c e b i d o em
quatro grandes áreas, s e m prejuízo para a m a n u t e n ç ã o das atividades c o -
m u n s e p e r m a n e n t e s d e c o o p e r a ç ã o q u e são levadas a c a b o c o m os países.
Essas q u a t r o á r e a s s ã o :
P a r a isso, é n e c e s s á r i o :
• Elaborar análises estratégicas e formular propostas d e trabalho c o m base
e m d o c u m e n t o s t é c n i c o s a b r a n g e n d o as d i f e r e n t e s á r e a s d e i n t e r e s s e s e -
torial.
• F o r t a l e c e r o p r o c e s s o d e c o o p e r a ç ã o t é c n i c a e n t r e o s países d a r e g i ã o e
c o m p a í s e s fora d a r e g i ã o - p r i o r i z a n d o , n e s t e ú l t i m o c a s o , as r e l a ç õ e s
c o m países da C o m u n i d a d e E c o n ô m i c a Européia: Portugal, Espanha, Fran-
ç a e Itália.
• P r o m o v e r a c o n s t i t u i ç ã o d e f o r o s d e d i s c u s s ã o r e g i o n a l intersetorial, v i n -
c u l a n d o i n s t i t u i ç õ e s e t é c n i c o s o u e s p e c i a l i s t a s d e d i f e r e n t e s á r e a s d e ati-
v i d a d e , tanto p ú b l i c a s q u a n t o p r i v a d a s .
• G e r a r u m a c o m u n i c a ç ã o técnica p e r m a n e n t e para a difusão d o c o n h e c i -
m e n t o l i g a d o a o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o na á r e a d a s a ú d e .
• A p o i a r a criação e o fortalecimento d e O N G s q u e tenham c o m o objetivo
o d e s e n v o l v i m e n t o e a c o n s o l i d a ç ã o d a iniciativa.
Isto i m p l i c a :
• Identificar d e u m a n o v a a g e n d a d e a ç õ e s c o m u n s n o âmbito d e T C C 1 0
en-
tre os governos signatários d o a c o r d o .
Significa:
• D a r a p o i o técnico, bibliográfico e financeiro aos grupos d e n o r m a t i z a ç ã o
c o m o fator d e m o n s t r a t i v o d a c a p a c i d a d e d o s e t o r p a r a d a r r e s p o s t a s e f e -
tivas às n e c e s s i d a d e s d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o .
• N u m a segunda etapa, observar a necessidade d e apoiar outras instituiçõ-
es p ú b l i c a s o u p r i v a d a s p a r a f o r t a l e c e r a c a p a c i d a d e t é c n i c a d o s e t o r .
V a l e dizer:
• Iniciar u m p r o c e s s o d i f e r e n t e d e c o o p e r a ç ã o , q u e t e r á p o r o b j e t o a c o n s -
t r u ç ã o d e u m a i m a g e m setorial ligada a u m p r o c e s s o d i n â m i c o e d e a l t o
valor político e e c o n ô m i c o , c o m o é o caso d o processo d e integração.
S u a s f o r m a s e s e u s níveis d e d e s e n v o l v i m e n t o s e r ã o a n a l i s a d o s p o r e s -
pecialistas na m a t é r i a , m a s d e s d e já é n e c e s s á r i o a s s e n t a r a s b a s e s p a r a f a v o -
recer esse n o v o processo.
É claro q u e u m a transformação dessa natureza requer u m a revisão d o
p r ó p r i o m e c a n i s m o d a c o o p e r a ç ã o t é c n i c a c o m o país r e c e p t o r e a o m e s m o
t e m p o uma forma diferente d e relacionamento h o r i z o n t a l e n t r e as r e p r e -
sentações da O P A S envolvidas.
N e s s e p o n t o s u r g e m d e i m e d i a t o a l g u n s p r o b l e m a s a analisar, v i n c u l a -
dos diretamente à nossa área d e trabalho.
O primeiro p r o b l e m a d e c o r r e da necessidade de internacionalizar o al-
c a n c e d a a t u a l l e g i s l a ç ã o d e p r o t e ç ã o t r a b a l h i s t a . Isso inclui, n a t u r a l m e n t e ,
12
as f o r ç a s d e p r o t e ç ã o d a s e g u r i d a d e s o c i a l m é d i c a e a n e c e s s i d a d e d e c o m -
patibilizar s e g u r o s e c o n v ê n i o s d e p r e s t a ç ã o d e s e r v i ç o s c o m suas c o n t r a p a r -
tes nacionais.
E m o u t r o n í v e l , a c o n t r a t a ç ã o d e profissionais d e s a ú d e , p a r t i c u l a r m e n -
t e d e e n f e r m a g e m , i n t i m a m e n t e ligada às d i f e r e n ç a s d e " p r e ç o " d a mão-de-
o b r a e m r e l a ç ã o à v a l o r i z a ç ã o relativa d a s m o e d a s n a c i o n a i s , o r i e n t a r á o flu-
xo d e recursos h u m a n o s qualificados e m benefício d e algumas regiões e e m
prejuízo d e outras, requerendo o estabelecimento de reciprocidade de reco-
nhecimento curricular e particularmente d e m e c a n i s m o s d e habilitação e
credenciamento.
Compatibilizar normas d e prestação d e serviços, procedimentos técni-
c o s e , e m a l g u m a s s u p e r e s p e c i a l i d a d e s , r e o r g a n i z a r o " m e r c a d o d e presta-
ç ã o d e s e r v i ç o s " p a r a dar-lhe e f i c i ê n c i a e m t e r m o s d e c u s t o s , será u m a n e -
c e s s i d a d e c r e s c e n t e , p r i n c i p a l m e n t e nas á r e a s d e fronteira e nas n o v a s r e g i õ -
es internacionais d e desenvolvimento e c o n ô m i c o .
A " c o m p r a d e c a p a c i d a d e " e a c o n s t i t u i ç ã o d e r e d e s bi o u m u l t i n a c i o -
nais d e s e r v i ç o s e s t a r ã o ligadas a o s c o m p o n e n t e s d e q u a l i d a d e e c u s t o d a
a t e n ç ã o m é d i c a , p r i n c i p a l m e n t e e m a l g u m a s e s p e c i a l i z a ç õ e s (cirurgias de
alta c o m p l e x i d a d e , plásticas r e s t a u r a d o r a s e t c ) .
P o r outro lado, a necessidade d e f o r m a ç ã o d e recursos h u m a n o s assu-
mirá u m a n o v a d i m e n s ã o , ora expressa e m termos d e m e r c a d o s nos quais al-
g u n s p a í s e s , p e l a q u a l i d a d e d a o f e r t a o u p e l o b a i x o c u s t o relativo, a s s u m i r ã o
o papel d e formadores (Uruguai?) e outros, o de consumidores (Argentina,
Brasil?).
A s n o v a s áreas d e d e s e n v o l v i m e n t o q u e se mostrem mais dinâmicas,
e m t e r m o s d e c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o , a t r a i r ã o m a i s r e c u r s o s assistenciais
d o q u e as regiões mais afastadas d o processo.
M E R C O S U L : UM M E R C A D O C O M U M D E T R A B A L H O
A t u a l m e n t e utiliza-se u m a a c e p ç ã o e x t e n s i v a d o c o n c e i t o , referindo-se
a â m b i t o s físicos, j u r í d i c o s , n o r m a t i v o s o u i n f o r m á t i c o s o n d e é p o s s í v e l c o -
m e r c i a l i z a r d e s d e capitais e p r o d u t o s a t é m a r c a s e direitos d e u t i l i z a ç ã o .
N e s t a a c e p ç ã o , u m m e r c a d o o b e d e c e a u m a série d e f a t o r e s c o n d i c i o -
nantes: os q u e se relacionam c o m a atividade d e produzir ( v o l u m e , tipo,
qualidade, distribuição, p r e ç o , etc) e aqueles q u e caracterizam a d e m a n d a
( n e c e s s i d a d e , c a p a c i d a d e e c o n ô m i c a , leis, i n f o r m a ç ã o e t c ) .
A atividade regulamentadora por parte dos governos e m relação aos di-
ferentes m e r c a d o s t e m especial i m p a c t o n o c o m p o r t a m e n t o d o s agentes.
D e s d e a sua c a p a c i d a d e d e i n t e r v e n ç ã o n o s c u s t o s d e p r o d u ç ã o (atra-
v é s d e i m p o s t o s o u subsídios) a t é o c o n t r o l e d a c i r c u l a ç ã o d e p r o d u t o s , e ,
m a i s d i r e t a m e n t e , a m o d i f i c a ç ã o d o s p r e ç o s relativos d o s m e s m o s ( i m p o s t o
de c o n s u m o ) , o Estado exerce ( o u , pelo m e n o s , p o d e exercer) u m a influên-
cia d e c i s i v a s o b r e o c o m p o r t a m e n t o d o s m e r c a d o s .
Essa a ç ã o d o E s t a d o materializa-se n o c o n t e x t o d e u m q u a d r o j u r í d i c o
e normativo.
Q u a n d o essa a t i v i d a d e é e x e r c i d a dentro dos territórios nacionais, os
p r e c e i t o s b á s i c o s p a r a a c o n s t r u ç ã o d e u m m e r c a d o p o d e m ser r e s u m i d o s
no q u e doutrinariamente é r e c o n h e c i d o c o m o o exercício das c i n c o liberda-
des 1 4
:
• A livre c i r c u l a ç ã o d e m e r c a d o r i a s , c o m a a b o l i ç ã o d e b a r r e i r a s a l f a n d e g á -
rias d e n t r o d o s p a í s e s .
• O livre e s t a b e l e c i m e n t o d a f o r ç a d e p r o d u ç ã o e m q u a l q u e r lugar d o terri-
tório n a c i o n a l .
" A s t e n d ê n c i a s d e m o g r á f i c a s atuais, o p r o g r e s s o c i e n t í f i c o e t e c n o l ó g i -
c o , a c r e s c e n t e luta p o r e s p a ç o s d e c o m p e t i ç ã o n o c o m é r c i o i n t e r n a c i o n a l e
a d i m i n u i ç ã o da importância estratégica da i m p o r t a ç ã o e exportação d e pro-
d u t o s p r i m á r i o s - n a d a disso c o n s t i t u i g r a n d e a m e a ç a às b a s e s e c o n ô m i c a s
d o s países d o futuro M E R C O S U L . P e l o m e n o s , não tanto quanto a deplorável
s i t u a ç ã o d o m e r c a d o d e t r a b a l h o r e g i o n a l , o n d e falta mão-de-obra qualifica-
da e sobram trabalhadores c o m pouca ou nenhuma h a b i l i t a ç ã o " . 1 5
b) A q u a l i d a d e n o sistema universitário.
A l g u n s institutos d e p e s q u i s a d e n t r o d a s u n i v e r s i d a d e s a v a n ç a r a m a i n -
da mais, realizando seminários c o m o o q u e citamos no presente d o c u m e n t o
( u s p / B r a s i l , Instituto d e E s t u d o s A v a n ç a d o s , UNc/Argentina, C e n t r o d e Estu-
d i o s s o b r e D e r e c h o d e la S e g u r i d a d S o c i a l ) .
E n t i d a d e s e m p r e s a r i a i s , p a r t i c u l a r m e n t e n a A r g e n t i n a e n o Brasil, c o n -
t a n d o c o m o a p o i o d o s M i n i s t é r i o s d a E c o n o m i a e d a s R e l a ç õ e s Exteriores,
realizaram e n c o n t r o s e m q u e assuntos referentes à força d e trabalho foram
mencionados paralelamente.
O n d e , p o r é m , a m o b i l i z a ç ã o é s e m dúvida mais intensa é n o c a m p o
d a s o r g a n i z a ç õ e s profissionais ( d e o n t o l ó g i c a s o u g r e m i a i s ) d o s países e n v o l -
vidos.
E m alguns casos, c o m o o d o Sindicato dos M é d i c o s d o Uruguai e o
C o n s e l h o F e d e r a l d e M e d i c i n a d o Brasil, f o r a m p r o m o v i d a s r e u n i õ e s interna-
cionais ( e m M o n t e v i d é u , Uruguai; C ó r d o b a , Argentina; Foz d o Iguaçu, Bra-
sil); e m o u t r o s c a s o s , f o r a m a s s i n a d o s c o n v ê n i o s d e c o o p e r a ç ã o bilateral
para dar início a trabalhos sistemáticos visando a análise d e i n c u m b ê n c i a s , a
f o r m a ç ã o e h a b i l i t a ç ã o d e profissionais ( C o n s e l h o d e M é d i c o s d a P r o v í n c i a
d e C ó r d o b a , A r g e n t i n a , c o m o C o n s e l h o F e d e r a l d e M e d i c i n a d o Brasil). A
julgar p e l o s d a d o s d i s p o n í v e i s , s ã o o s profissionais d a e n g e n h a r i a q u e s e en-
1993.
17 Hoy la Universidad: A n o II n . 20.
o
Outubro-novembro d e 1992. Editora da Universidade
N a c i o n a l d e C ó r d o b a , C ó r d o b a , República Argentina.
c o n t r a m e m etapas mais a v a n ç a d a s d e o r g a n i z a ç ã o d e critérios para a força
d e t r a b a l h o setorial.
A reunião c o n v o c a d a pelo Programa Regional d e D e s e n v o l v i m e n t o dos
Recursos H u m a n o s da O P A S (18 a 20 de n o v e m b r o d e 1992) e m Assunção,
P a r a g u a i , à q u a l já n o s r e f e r i m o s , c o n t r i b u i u p a r a a i d e n t i f i c a ç ã o d e u m c o n -
junto d e áreas d e interesse específico para o d e s e n v o l v i m e n t o d o c o n h e c i -
m e n t o e o i n t e r c â m b i o d e e x p e r i ê n c i a s e n t r e instituições v i n c u l a d a s e s p e c i f i -
c a m e n t e a o setor saúde.
C o m o resultado dessa reunião, a O P A S , através d e suas r e p r e s e n t a ç õ e s ,
r e a l i z o u u m a c o p i l a ç ã o d e i n f o r m a ç õ e s b á s i c a s q u e faz p a r t e d a presente
publicação e q u e cumprirá a importante f u n ç ã o d e permitir a identificação
d o s p r o b l e m a s c o n c r e t o s q u e surgirão a o l o n g o d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o .
O m e n c i o n a d o g r u p o d e t r a b a l h o foi u n â n i m e e m r e c o n h e c e r q u e " o
c a m p o d o s r e c u r s o s h u m a n o s na s a ú d e sofrerá, n e s s e p r o c e s s o , o impacto
c o n j u n t o d a s t r a n s f o r m a ç õ e s surgidas n o d e s e n v o l v i m e n t o dos processos
produtivos, nos serviços d e s a ú d e , n o setor e d u c a t i v o e n o m o v i m e n t o da
f o r ç a d e t r a b a l h o setorial".
N o primeiro caso (desenvolvimento d e processos produtivos), o setor
s a ú d e terá i m p o r t a n t e p a r t i c i p a ç ã o n a e l a b o r a ç ã o d e n o r m a s e p a d r õ e s d e
q u a l i d a d e para o s p r o d u t o s q u e c i r c u l a r ã o l i v r e m e n t e e n t r e o s p a í s e s - m e m -
b r o s , assim c o m o p a r a a q u e l e s q u e r e s u l t e m d e p r o d u ç õ e s i n t e g r a d a s p a r a
outros mercados.
N e s s e n í v e l , a a l i m e n t a ç ã o , a q u í m i c a g e r a l , a q u í m i c a fina e o s i n s u m o s
t e c n o l ó g i c o s para a s a ú d e c o n s t i t u i r ã o as á r e a s m a i s d e s t a c a d a s . N ã o p o d e -
m o s e s q u e c e r q u e , e l i m i n a d a s as r e s t r i ç õ e s d e n a t u r e z a e c o n ô m i c a , as d e n o -
m i n a d a s barreiras n ã o tarifárias a d q u i r e m g r a n d e i m p o r t â n c i a .
E m relação a o segundo aspecto (serviços d e saúde), destacam-se as
q u e s t õ e s i n e r e n t e s a o s p r o c e s s o s assistenciais, as c o b e r t u r a s d e a t e n d i m e n t o
m é d i c o p o r s e g u r a d o r a s p r i v a d a s i n t e r n a c i o n a i s , as c o m p e t ê n c i a d e g r a d u a -
ç ã o e p ó s - g r a d u a ç ã o e o c o m p o r t a m e n t o d e u m m e r c a d o r e g i o n a l e m ter-
mos d e c a p t a ç ã o o u exclusão d e recursos h u m a n o s e seu impacto sobre os
serviços públicos e particulares.
C o m r e l a ç ã o a o t e r c e i r o c o m p o n e n t e ( o sub-setor E d u c a ç ã o ) , será n e -
c e s s á r i o analisar as q u e s t õ e s ligadas a o p r o c e s s o f o r m a t i v o e m s e u s d i f e r e n -
tes a s p e c t o s :
a) Currículo.
b) Q u a l i f i c a ç ã o d o c e n t e .
d) Reconhecimento de diplomas.
C o m o c o n s e q ü ê n c i a d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o , t a m b é m s e r ã o afeta-
d o s o s a s p e c t o s r e l a t i v o s à c a p a c i t a ç ã o d e p ó s - g r a d u a ç ã o , n o q u e s e refere
a:
b) H a b i l i t a ç ã o d e instituições e processos d e c a p a c i t a ç ã o .
c) R e c o n h e c i m e n t o d e especializações - habilitação.
d) Incumbências e
e) Â m b i t o e p r o c e s s o s d e c o n t r o l e d o e x e r c í c i o profissional.
F i n a l m e n t e , será n e c e s s á r i o analisar o i m p a c t o s o b r e o s r e c u r s o s h u m a -
n o s p r o d u z i d o p e l a c r i a ç ã o d e u m mercado de trabalho regionalizado, tanto
e m t e r m o s d e sua m o b i l i z a ç ã o q u a n t o n o s a s p e c t o s i n e r e n t e s à sua utiliza-
ç ã o p o r parte d o s serviços públicos e privados dos diferentes países.
INSTRUMENTOS DA INTEGRAÇÃO
N O C A M P O D O S R E C U R S O S H U M A N O S EM S A Ú D E
O T r a t a d o d e A s s u n ç ã o p r e v ê aspectos instrumentais q u e é c o n v e n i e n -
te analisarmos sob a ótica adotada n o presente d o c u m e n t o d e trabalho.
C o n v é m recordar, d e início, q u e os protocolos d e integração (Anexo
n . 5 d o t r a t a d o ) a d q u i r e m categoria
o
de legislação comum a o s e r e m ratifica-
dos pelos respectivos parlamentos nacionais. Daí a importância dos acordos
entre os governos.
No entanto, no c a m p o dos recursos h u m a n o s existem divergências
profundas c o m r e l a ç ã o à n a t u r e z a j u r í d i c a d a s instituições d o s u b s e t o r e
c o m r e l a ç ã o a o â m b i t o político-jurisdicional o n d e s ã o e x e r c i d o s s e u s direitos
e suas i n c u m b ê n c i a s .
A s s i m , p o r e x e m p l o , as u n i v e r s i d a d e s a r g e n t i n a s g o z a m d e u m n í v e l d e
autonomia e m s u a s d e c i s õ e s a c a d ê m i c a s q u e as t r a n s f o r m a m q u a s e num
foro extraordinário. Será preciso, portanto, prever a necessidade d e acordos
d e instrumentalização d e políticas q u e ajustem os aspectos operacionais (in-
t e r i n s t i t u c i o n a i s ) a o s limites j u r í d i c o s c r i a d o s c o m o c o n s e q ü ê n c i a d o p r o c e s -
so d e integração.
O m e s m o o c o r r e c o m o r e g i m e d e c o n t r o l e d o e x e r c í c i o profissional,
q u e n a r e g i ã o estende-se d e s d e o c a s o d e u m l i m i t a d o e x e r c í c i o estatal d o
c o n t r o l e ( P a r a g u a i ) a t é a d e s c e n t r a l i z a ç ã o p o r p r o v í n c i a s e m e n t i d a d e s autár-
q u i c a s a d m i n i s t r a d a s p e l o s p r ó p r i o s i n t e r e s s a d o s , c o m o é o c a s o d o Brasil e
da Argentina.
N e s s e ú l t i m o país, p o r sua v e z , o f a t o d e as p r o v í n c i a s - o u e s t a d o s -
não delegarem o p o d e r d e P o l í c i a Sanitária cria u m a s i t u a ç ã o particular,
o n d e n ã o existe u m o r g a n i s m o n a c i o n a l c o m c a p a c i d a d e d e agir c o m o r e p -
resentante de cada província o u estado.
Esses tipos d e p r o b l e m a s i n s t r u m e n t a i s g a n h a r ã o u m a v a s t a l e g i s l a ç ã o e
n o r m a t i z a ç ã o , q u e se e x p r e s s a r ã o e m c o n v ê n i o s interinstitucionais d e a l c a n -
c e particular.
N ã o seria d e e s t r a n h a r , p o r t a n t o , o s u r g i m e n t o d e m o v i m e n t o s e t e n -
d ê n c i a s n o interior d o s p a í s e s q u e - c o m o t e n t a t i v a d e p r o t e ç ã o c o r p o r a t i v a
ou, a o contrário, por interesse e m aplicar a o subsetor a lógica d o m e r c a d o -
introduzam n o v o s e l e m e n t o s d e conflito q u e afetem o p r o c e s s o d e integra-
ç ã o q u e se deseja levar a c a b o .
N e s s e s e n t i d o , é i m p o r t a n t e o b s e r v a r as e x p e r i ê n c i a s e m c u r s o , t a n t o
na C o m u n i d a d e E u r o p é i a c o m o n o N A F T A , e p r e v e r a s i n f l u ê n c i a s q u e e s s a s
associações terão no processo M E R C O S U L 1 8
.
O p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o terá c o n s e q ü ê n c i a s t a m b é m n o s a s p e c t o s li-
g a d o s a o p l a n e j a m e n t o setorial. N ã o a p e n a s p o r q u e o s p l a n o s n a c i o n a i s d e
d e s e n v o l v i m e n t o já e s t ã o p r e v e n d o as c o n s e q ü ê n c i a s m a c r o e c o n ô m i c a s d a
criação de um mercado c o m u m 1 9
e m relação ao impacto sobre a mobilida-
d e e o e m p r e g o d a p o p u l a ç ã o e c o n o m i c a m e n t e ativa, m a s p o r q u e c o m e ç a
a desenvolver-se - e m b o r a incipiente - u m m e r c a d o s e c u n d á r i o d e ofertas
educativas para a sub-região . 20
18 Ver O r z a c k , L. The General Systems Directive. Education and the Liberal Professions.
19 Paraguai: Secretaria d e Planejamento, Presidência da N a ç ã o , Plano N a c i o n a l d e D e s e n v o l v i -
mento 92-94.
20 Projeto d e Mestrado na Escola Nacional de S a ú d e da FIOCRUZ, no Brasil, e M e s t r a d o e m A d -
ministração d e Serviços de S a ú d e da Universidade N a c i o n a l de C ó r d o b a , na Argentina.
ção, é preciso d e s e n v o l v e r u m a n o v a c a p a c i d a d e estratégica d e planificação,
q u e terá n e c e s s a r i a m e n t e u m a v i s ã o r e g i o n a l .
R e t i r a r d o E s t a d o s u a f u n ç ã o r e g u l a m e n t a d o r a , p r o d u t o d a s políticas d e
a j u s t e e m e x e c u ç ã o , p o d e significar, n o c a m p o d a s a ú d e , u m a m a n i f e s t a
a c e n t u a ç ã o d a s d e s i g u a l d a d e s e injustiças existentes.
T a m b é m nesse sentido é imperativa a produção d e novos c o n h e c i m e n -
tos, q u e a g o r a t e r ã o u m a d i m e n s ã o m a i s a m p l a d o q u e a d i m e n s ã o histórica.
O a p o i o d o s organismos internacionais a o s projetos cooperativos d e
p e s q u i s a q u e e n v o l v a m a s instituições setoriais d o s d i f e r e n t e s p a í s e s - m e m -
b r o s a p a r e c e n e s s e c o n t e x t o c o m o u m i n v e s t i m e n t o d e alto p o t e n c i a l d e
rentabilidade.
COMO CONCLUSÃO
A o s d o i s a n o s d e s u a v i g ê n c i a , o p r o j e t o M E R C O S U L ingressou n u m a eta-
pa d e múltiplas dificuldades e c r e s c e n t e ceticismo q u a n t o à realização d a s
propostas contidas n o Tratado d e A s s u n ç ã o 2 1
.
A p e s a r disso, o c r o n o g r a m a d e retirada d e i m p o s t o s v e m s e n d o c u m -
p r i d o - 6 8 % a t é a g o r a - e existe u m a c r e s c e n t e d i n â m i c a d e i n t e g r a ç ã o n o
c a m p o d a s e m p r e s a s líderes e m d i f e r e n t e s c a m p o s d a p r o d u ç ã o .
T u d o isso l e v a à c o n c l u s ã o d e q u e , a l é m d a v o c a ç ã o política r e p e t i d a -
m e n t e a l e g a d a p e l o s g o v e r n o s d o s países e n v o l v i d o s , o s a v a n ç o s e r e t r o c e s -
s o s q u e s u r g e m n a e t a p a p r e s e n t e r e p r e s e n t a m as i n f l u ê n c i a s e o s interesses
dos grupos e c o n ô m i c o s comprometidos no processo.
O s investimentos e m curso, as fusões empresariais, a criação d e u m i n -
cipiente m e r c a d o d e capitais e o s efeitos já a l c a n ç a d o s pelo processo d e
d e s t a r i f a ç ã o e m t e r m o s d e i n t e r c â m b i o c o m e r c i a l - t u d o isso d i r e c i o n a o
p r o c e s s o e o m a n t é m distante d a s dificuldades identificadas.
A institucionalização d o processo, c o m a instalação d o G R U P O MERCO-
S U L e m s u a S e c r e t a r i a E x e c u t i v a d e M o n t e v i d é u ( U r u g u a i ) , está p r o d u z i n d o ,
nos diferentes grupos d e trabalho, permanentes acordos (protocolos adicio-
nais) q u e f o r t a l e c e m o p r o c e s s o e c r i a m , d e fato, u m n o v o c o r p o d e legisla-
ç ã o s o b r e o q u a l s e a s s e n t a r á a estrutura j u r í d i c a d o M E R C O S U L A t é a g o r a , d i -
versas r e s o l u ç õ e s ( p r o t o c o l o s adicionais) foram a p r o v a d a s durante as delibe-
rações d o G R U P O M E R C O S U L diretamente vinculadas a o c a m p o da s a ú d e 2 2
.
D a d a a fase d e livre c o m é r c i o q u e a t r a v e s s a m o s , n e n h u m g o v e r n o o u
g r u p o empresarial manifestou interesse pela aplicação ampla d a terceira c o n -
dição d e liberdade q u e caracteriza a construção d e u m m e r c a d o : a criação
d e u m m e r c a d o d e trabalho.
F O R M A Ç Ã O DE PROFISSIONAIS DE S A Ú D E
A b a s e i n s t i t u c i o n a l universitária d e f o r m a ç ã o d e p e s s o a l na sub-região
s e g u e s e n d o p r i n c i p a l m e n t e p ú b l i c a , a p e s a r d o significativo i n c r e m e n t o d o
s e t o r p r i v a d o n o s ú l t i m o s a n o s ( v e r T a b e l a 1), e s p e c i a l m e n t e na A r g e n t i n a e
Brasil e n o q u e s e r e f e r e à M e d i c i n a e E n f e r m a g e m .
É n e c e s s á r i o a p o n t a r q u e as e s c o l a s p r i v a d a s s ã o m e n o r e s e c o m n ú -
m e r o p e q u e n o d e a l u n o s e m r e l a ç ã o às p ú b l i c a s e q u e s e l o c a l i z a m em
á r e a s d e m a i o r d e s e n v o l v i m e n t o s o c i o e c o n ô m i c o , c o m o o s u d e s t e brasileiro
e a área d e B u e n o s Aires, na Argentina.
TABELA 1
I n s t i t u i ç õ e s d e F o r m a ç ã o d e Profissionais d e S a ú d e
Medicina, Odontologia e Enfermagem,
Países d o M e r c o s u l , 1993
Fonte: HRD, S i s t e m a d e I n f o r m a ç ã o e m R e c u r s o s H u m a n o s e m S a ú d e .
A formação de médicos
A f o r m a ç ã o em O d o n t o l o g i a
N a f o r m a ç ã o e m O d o n t o l o g i a o c o r r e m a l g u m a s c o i n c i d ê n c i a s c o m as
d e m a i s c a r r e i r a s , c o m o p o r e x e m p l o o i n c r e m e n t o significativo d o número
d e i n s t i t u i ç õ e s f o r m a d o r a s , q u e n o Brasil a t i n g e h o j e 8 1 E s c o l a s .
Tal expansão d e v e u - s e b a s i c a m e n t e à iniciativa p r i v a d a , responsável
pela abertura d e 33 n o v a s Escolas nos últimos 20 anos. A Argentina continua
com as d e z i n s t i t u i ç õ e s q u e p o s s u í a , d a s q u a i s o i t o s ã o p ú b l i c a s e duas
privadas. O Uruguai conta com uma Escola e o Paraguai com duas
i n s t i t u i ç õ e s , c o m o f e n ô m e n o singular q u e foi a a b e r t u r a d e u m a n o v a E s c o l a
pelo Círculo Paraguaio d e Dentistas (entidade corporativa).
TABELA 2
* Inclui O b s t e t r a s .
F o n t e : HRD, S i s t e m a d e I n f o r m a ç ã o e m R e c u r s o s H u m a n o s e m S a ú d e .
T a l e x p a n s ã o deveu-se b a s i c a m e n t e à iniciativa p r i v a d a , responsável
pela abertura d e 33 n o v a s Escolas nos últimos 2 0 a n o s . A A r g e n t i n a c o n t i n u a
c o m as d e z instituições q u e p o s s u í a , d a s q u a i s o i t o s ã o p ú b l i c a s e d u a s p r i v a -
das. O U r u g u a i c o n t a c o m u m a Escola e o Paraguai c o m duas instituições,
c o m o f e n ô m e n o singular q u e foi a a b e r t u r a d e u m a n o v a E s c o l a p e l o C í r c u -
lo P a r a g u a i o d e D e n t i s t a s ( e n t i d a d e c o r p o r a t i v a ) .
U m a característica c o m u m a o U r u g u a i e Paraguai é a forte e v a s ã o d e
a l u n o s a n t e s d a g r a d u a ç ã o : n o p r i m e i r o , a p e r d a c h e g a a 2/3 d o s m a t r i c u l a -
dos nos quatro anos antes da graduação, e n q u a n t o o Paraguai p e r d e nada
m e n o s q u e 4/5 d o s a l u n o s . O s altos c u s t o s d a f o r m a ç ã o ( s o b r e t u d o n o q u e
se refere a materiais e e q u i p a m e n t o s ) , q u e são d e responsabilidade d o p r ó -
prio estudante, é u m a das e x p l i c a ç õ e s possíveis para a e v a s ã o .
U m p r o b l e m a q u e d e v e r á ser o b j e t o d e c u i d a d o s o e s t u d o e q u e d e r i v a
d o tipo d e prática o d o n t o l ó g i c a é a f o r m a ç ã o d o s n í v e i s auxiliares n a e s t r u t u -
ra o c u p a c i o n a l . H á c l a s s i f i c a ç õ e s d i v e r s a s d e t é c n i c o s e m h i g i e n e d e n t a l , h i -
gienistas d e n t a i s , assistentes d e n t a i s e t c , q u a s e t o d o s f o r m a d o s n o n í v e l s e -
c u n d á r i o , s e m u m a d i f e r e n ç a p r e c i s a e n t r e tais perfis,
A formação em E n f e r m a g e m
A E n f e r m a g e m é u m a c a t e g o r i a profissional crítica n o s q u a t r o p a í s e s d a
sub-região. O c r í t i c o d e tal s i t u a ç ã o s e r e f e r e t a n t o a e l e m e n t o s q u a n t i t a t i v o s
( e m geral u m a s i t u a ç ã o deficitária o u c o m t e n d ê n c i a d e c r e s c e n t e n o q u e s e
refere a disponibilidade d e pessoal), c o m o a e l e m e n t o s qualitativos referidos
à n a t u r e z a s u b o r d i n a d a e d e s v a l o r i z a d a d e sua p r á t i c a , à p r o c u r a d e u m a r e -
definição d e seu objeto d e trabalho o u a deficientes c o n d i ç õ e s d e trabalho,
entre outras características.
Esta c a t e g o r i a profissional é u m a d a s m a i s c o m p l e x a s n a d e f i n i ç ã o d o s
níveis q u e c o n f o r m a m a sua estrutura c o m o o c u p a ç ã o . S e u s componentes
v a r i a m d e u m país p a r a o u t r o , assim c o m o o s c o n t e ú d o s d o s s e u s o b j e t o s d e
t r a b a l h o , q u e v a r i a m i n c l u s i v e n o interior d e u m m e s m o país e e n t r e a s d i v e r -
sas m o d a l i d a d e s d e o r g a n i z a ç ã o d a a t e n ç ã o à s a ú d e . D a m e s m a m a n e i r a , o s
p r o c e s s o s históricos d e p r o f i s s i o n a l i z a ç ã o s ã o d i f e r e n t e s e n t r e o s d i v e r s o s
países, e m a l g u n s d o s q u a i s t e m a l c a n ç a d o u m significativo g r a u d e a u t o n o -
m i a e v a l o r i z a ç ã o s o c i a l , a o p a s s o q u e e m o u t r o s p e r s i s t e m e l e m e n t o s d e se¬
m i p r o f i s s i o n a l i s m o e e s c a s s o status t é c n i c o e r e c o n h e c i m e n t o e c o n ô m i c o e
social.
Este d e s e n v o l v i m e n t o d e s i g u a l s e reflete na f o r m a ç ã o d e enfermeiras
n o s países d a sub-região. O q u a d r o s e g u i n t e d e m o n s t r a a d i v e r s i d a d e d e m o -
d a l i d a d e s e níveis d e f o r m a ç ã o existentes, r e l a c i o n a d o s c o m as f o r m a s d e
práticas existentes.
TABELA 3
A pós-graduação médica
L I C E N C I A M E N T O E C O N T R O L E D O EXERCÍCIO P R O F I S S I O N A L
N o Brasil, as E s c o l a s , s e j a m p ú b l i c a s o u p r i v a d a s , e m i t e m o s d i p l o m a s
q u e d e v e m ser registrados n o s C o n s e l h o s R e g i o n a i s d a r e s p e c t i v a p r o f i s s ã o ,
a u t a r q u i a s p ú b l i c a s r e s p o n s á v e i s p e l o c o n t r o l e é t i c o d o e x e r c í c i o profissio-
nal. N ã o há n e c e s s i d a d e d e r e v a l i d a r o título d u r a n t e t o d a a v i d a p r o f i s s i o n a l .
N o c a s o d a M e d i c i n a e d a O d o n t o l o g i a , as e s p e c i a l i d a d e s d e v e m ser i g u a l -
m e n t e registradas n o s C o n s e l h o s e s ã o o b t i d a s a t r a v é s d a r e a l i z a ç ã o d e resi-
d ê n c i a s o u c u r s o s d e p ó s - g r a d u a ç ã o sensu strictu o u d e outras modalidades.
Em Medicina se r e c o n h e c e agora u m l e q u e d e 54 especialidades e, em
Odontologia, 14.
P a u l a t i n a m e n t e , tende-se a exigir n o s c o n c u r s o s p ú b l i c o s o s registros
d e especialistas pelos C o n s e l h o s , o q u e t e m levado à valorização dos m e c a -
n i s m o s f o r m a i s d e e s p e c i a l i z a ç ã o . O u t r a f o r m a d e o b t e n ç ã o d o registro d e
e s p e c i a l i s t a é a c o m p r o v a ç ã o d o e x e r c í c i o profissional p o r u m t e m p o d e t e r -
m i n a d o , o q u e n ã o p a s s a d e u m m e c a n i s m o m a r g i n a l e m r e l a ç ã o às d e m a i s
modalidades.
N o U r u g u a i , o título o b t i d o n o país o u o título d o exterior r e v a l i d a d o
d e v e ser r e g i s t r a d o e m d i v i s ã o d e c o o r d e n a ç ã o e c o n t r o l e d o M i n i s t é r i o d e
S a ú d e , q u e habilita p a r a o e x e r c í c i o e m t o d o o país. A d i c i o n a l m e n t e , o s p r o -
fissionais q u e d e s e j e m realizar o e x e r c í c i o profissional d e v e m s e registrar n a
C a i x a d e A p o s e n t a d o r i a s e P e n s õ e s d e profissionais universitários.
Existe u m a lei d e e s p e c i a l i d a d e s m é d i c a s q u e regula s e u e x e r c í c i o , r e -
c o n h e c i d a pelas Escolas d e G r a d u a ç ã o , q u e estabelece c o m o obrigatório o
registro c o m o e s p e c i a l i s t a p a r a o e x e r c í c i o legal d e f u n ç õ e s p ú b l i c a s o u pri-
vadas. Desta maneira, o exercício das especialidades é regulamentado e
p o d e ser s a n c i o n a d o d a m e s m a f o r m a q u e o e x e r c í c i o d a M e d i c i n a . A f u n -
ç ã o d o controle ético é exercida pela C o m i s s ã o Honorária d e S a ú d e Pública,
d o Ministério d e S a ú d e , q u e funciona desde 1934.
N o P a r a g u a i existe o D e p a r t a m e n t o d e C o n t r o l e Profissional d o M i n i s -
t é r i o d a S a ú d e , q u e registra e habilita para o e x e r c í c i o profissional, d e s d e
q u e c u m p r i d a s determinadas exigências formais, c o m o a apresentação d o di-
p l o m a e p a g a m e n t o d e taxas. Este D e p a r t a m e n t o c o n t r o l a t a m b é m o s a s p e c -
t o s é t i c o s d a p r á t i c a profissional p e l a a p l i c a ç ã o d o C ó d i g o S a n i t á r i o . P a r a o s
p r o f i s s i o n a i s f o r m a d o s n o exterior s e e x i g e a r e v a l i d a ç ã o d e d i p l o m a pela
Universidade d e Assunção. A s especialidades continuam aguardando a san-
ç ã o d e u m a lei p e l o C o n g r e s s o , a i n d a n ã o a p r o v a d a , q u e e s t a b e l e c e a a s s o -
c i a ç ã o c o m p u l s ó r i a d o s profissionais.
M E R C A D O S DE TRABALHO E EMPREGO
O mercado d e t r a b a l h o médico
C o m o p o d e ser visto n a T a b e l a 2, a d i s p o n i b i l i d a d e d e m é d i c o s o b s e r -
vada através da relação médicos/10.000 hab. é muito diferenciada entre o s
países, o n d e o U r u g u a i ( 3 1 . 0 ) e a A r g e n t i n a ( 2 6 . 0 ) s e e n c o n t r a m e m v a n t a -
g e m a n t e o P a r a g u a i ( 7 . 7 ) , e n q u a n t o o Brasil s e l o c a l i z a e m p o s i ç ã o i n t e r m e -
diária ( 1 3 . 3 ) .
Esta s i t u a ç ã o e x p r e s s a t a m b é m a g r a n d e d i f e r e n ç a e n t r e as f o r m a s d e
organização d o s sistemas d e s a ú d e e a sua cobertura (extensão e e q ü i d a d e ) .
É previsível q u e n o Paraguai subsistam ainda s e m c o b e r t u r a determinadas
p a t o l o g i a s o u a t e n d i m e n t o s d e "alta c o m p l e x i d a d e " .
O p r o c e s s o d e f e m i n i z a ç ã o é s e m e l h a n t e e m t o d o s os países, u m a m é -
dia d e 3 0 % . N o U r u g u a i as m u l h e r e s r e p r e s e n t a m agora 4 0 , 2 % da força d e
trabalho m é d i c o .
Nos quatro países há uma concentração geográfica de profissionais
m é d i c o s nas capitais o u e m áreas d e maior d e s e n v o l v i m e n t o s o c i o e c o n ô m i -
c o (regiões metropolitanas): a Capital Federal e a G r a n d e B u e n o s Aires c o n -
centram 5 4 % dos médicos argentinos; a o m e s m o tempo, M o n t e v i d é u e As-
s u n ç ã o t ê m d e 8 0 a 8 2 % d a t o t a l i d a d e d o s m é d i c o s d e s e u s r e s p e c t i v o s paí-
ses. A região S u d e s t e (estados d e S ã o Paulo, Rio d e Janeiro e M i n a s Gerais)
s ã o r e s p o n s á v e i s p e l a l o c a l i z a ç ã o d e 6 1 % d o s m é d i c o s e , se a n e x a r m o s a r e -
gião Sul, a c o n c e n t r a ç ã o alcança 7 4 % .
E m t o d o s os países o c o r r e u m a tendência a o assalariamento, o n d e se
d e s t a c a m o Brasil ( c o m 6 1 % ) e o U r u g u a i ( c o m 7 4 % ) . A p r á t i c a p r i v a d a n ã o
c h e g a a estar e m v i a s d e d e s a p a r e c i m e n t o , p o r é m p e r d e e s p a ç o n o m e r c a -
d o d e trabalho.
E s t u d o s r e c e n t e s m o s t r a m u m a taxa d e d e s e m p r e g o d e 7 % no Uru-
guai. N a Argentina é d e 9 , 1 % (para a região d e Rosário) n o primeiro a n o e
5 , 2 % no s e g u n d o a n o após a graduação. N o Uruguai, u m estudo recente so-
bre o subemprego d o s m é d i c o s m o s t r o u taxas d e 14 a 2 8 % n a s d i v e r s a s
áreas d o país.
O m u l t i e m p r e g o é u m a t e n d ê n c i a g e r a l , c o m m é d i a s d e 1,8 empregos
p o r m é d i c o p a r a o Brasil e d e 2,6 p a r a o U r u g u a i . Isto reflete u m e s f o r ç o d e
s u p e r a ç ã o d o s b a i x o s salários.
N o B r a s i l , i n f o r m a ç õ e s r e c e n t e s m o s t r a m u m a g r a n d e v a r i a ç ã o d o s ní-
v e i s salariais, q u e s ã o d e 6 0 a 2 0 0 U S D , a p r o x i m a d a m e n t e , n a s S e c r e t a r i a s d e
S a ú d e e s t a d u a i s ( p o u c a s t ê m salários a c i m a d e 2 0 0 U S D ) , e n q u a n t o o s salá-
rios d o I N A M P S / M i n i s t é r i o d e S a ú d e situam-se e n t r e 5 0 0 a 7 5 0 U S D .
H á u m a t e n d ê n c i a a p a r e n t e m e n t e irreversível para a e s p e c i a l i z a ç ã o : o
Brasil t e m 5 7 % d e m é d i c o s e s p e c i a l i s t a s , a A r g e n t i n a 6 9 % e o U r u g u a i 9 0 % .
N o P a r a g u a i a i n d a n ã o existe u m s i s t e m a d e registro d o s e s p e c i a l i s t a s .
O e m p r e g o n o s e t o r p ú b l i c o é m a j o r i t á r i o n o Brasil ( 5 5 % ) e r e p r e s e n t a
1/3 d a s v a g a s d e t r a b a l h o n o U r u g u a i e n o P a r a g u a i .
T e m sido a p o n t a d a a d i v e r s i d a d e e c o m p l e x i d a d e d a e s t r u t u r a d a f o r ç a
d e t r a b a l h o d e E n f e r m a g e m n o s p a í s e s d a sub-região, o q u e s e c o m p l i c a p e l a
existência ( o u n ã o ) d e profissionais d a á r e a d e o b s t e t r í c i a d i f e r e n c i a d o s d o s
d e e n f e r m a g e m e m d e t e r m i n a d o s p e r í o d o s h i s t ó r i c o s . Esta d i v e r s i d a d e q u a l i -
tativa t e m o s e u c o r r e l a t o n a d i s p o n i b i l i d a d e d e s t e p e s s o a l , c o m o p o d e s e r
a p r e c i a d o na T a b e l a 1 .
E m geral, estes d a d o s e x p r e s s a m déficits p a r a o c o n j u n t o d o s p a í s e s ,
g r a v e n o q u e se r e f e r e a o p e s s o a l d e q u a l i f i c a ç ã o s u p e r i o r , o q u e c a r a c t e r i z a
u m a estrutura b á s i c a d e s q u a l i f i c a d a . Esta estrutura reflete a e s c a s s a hierar-
q u i a t é c n i c a e a baixa v a l o r i z a ç ã o s o c i a l q u e r e c e b e a p r o f i s s ã o .
O déficit q u a n t i t a t i v o é p a r t i c u l a r m e n t e p r e o c u p a n t e n o c a s o d a A r g e n -
tina: a i n f o r m a ç ã o c e n s i t á r i a d i s p o n í v e l r e v e l a a d i m i n u i ç ã o d e 4 0 % e p e s q u i -
sas m a i s dirigidas a p o n t a m u m a i m p o r t a n t e i m i g r a ç ã o p a r a o e x t e r i o r d o p e s -
soal m a i s q u a l i f i c a d o .
N a sub-região, c o m o e m t o d a s p a r t e s , a e n f e r m a g e m é u m a p r o f i s s ã o
f e m i n i n a na sua m a i o r i a ( e n t r e 8 3 % d e m u l h e r e s n a A r g e n t i n a e q u a s e 9 5 %
n o Brasil) q u e , c o m o a m a i o r i a d a s c a t e g o r i a s profissionais, t e n d e a s e c o n -
centrar nas grandes cidades.
É u m a p r á t i c a e x c l u s i v a m e n t e d e p e n d e n t e e assalariada, q u e a t u a l m e n -
te t e m níveis d e m u l t i e m p r e g o e s u b e m p r e g o v a r i á v e i s p o r é m significativos e
c o m difíceis c o n d i ç õ e s d e t r a b a l h o n o s q u a t r o p a í s e s .
S e m d ú v i d a , esta c a t e g o r i a profissional m e r e c e u m a a t e n ç ã o e s p e c i a l e
políticas integrais d e d e s e n v o l v i m e n t o quantitativo e qualitativo urgentes,
tanto nos processo d e f o r m a ç ã o c o m o nos serviços e c o n d i ç õ e s d a sua prá-
tica, s e m o q u e o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o p o d e r á a g r a v a r o s d e s e q u i l í b r i o s e
d e f i c i ê n c i a s já existentes.
N o s e s t u d o s r e a l i z a d o s n ã o foi p o s s í v e l verificar a s i t u a ç ã o d a s d e m a i s
profissões d a s a ú d e . É c o n h e c i d o q u e a l g u m a s d e l a s t ê m i m p o r t â n c i a e s p e -
cial e m u m c o n t e x t o d e u m m e r c a d o c o m u m , c o m o é o c a s o d a m e d i c i n a
v e t e r i n á r i a , a n u t r i ç ã o , a f a r m á c i a - b i o q u í m i c a e a e n g e n h a r i a sanitária. E m a l -
g u n s c a s o s , as p r e o c u p a ç õ e s atuais c o m o p r o b l e m a d e a l i m e n t o s e a e p i d e -
mia d o c ó l e r a p õ e m e m e s p e c i a l d e s t a q u e estas p r o f i s s õ e s . P o r isto, seria f o r ¬
t e m e n t e r e c o m e n d á v e l q u e essas e as d e m a i s profissões d e s a ú d e f o s s e m
i g u a l m e n t e e s t u d a d a s p a r a futuras o c a s i õ e s .
REPRESENTAÇÃO CORPORATIVA
INTRODUÇÃO
A tentativa d e s u p e r a r a c r i s e d a d é c a d a d e 8 0 foi b a s e a d a n a a p l i c a -
ç ã o d e s e v e r a s políticas d e ajuste q u e a f e t a r a m as c o n d i ç õ e s d e v i d a d e a m -
plos setores da p o p u l a ç ã o , a u m e n t a n d o ainda mais os níveis d e emprego
p r e c á r i o e d e s e m p r e g o , p r o v o c a n d o u m a q u e d a geral n o nível d e r e n d a e ,
por conseqüência, o crescimento dos índices de p o b r e z a . 2
E m f u n ç ã o disso, é v á l i d o e s p e r a r , a m é d i o p r a z o , m o d i f i c a ç õ e s n a s
c o n d i ç õ e s d e s a ú d e d a p o p u l a ç ã o , q u e p o d e m ser d i m e n s i o n a d a s a partir d a
D e m o d o g e r a l , observa-se o i n c r e m e n t o d o t r a b a l h o a s s a l a r i a d o e u m a
e l e v a d a p r o p o r ç ã o d e e m p r e g o s múltiplos e s u b e m p r e g o s .
E m síntese, pode-se afirmar q u e n ã o existe n o país u m a c o n t e x t u a l i z a -
ç ã o adequada da problemática no c a m p o dos recursos h u m a n o s q u e , levan-
d o e m c o n t a a c o n f l i t i v i d a d e d o setor, possibilite u m a a ç ã o p l a n e j a d a a s e r v i -
ç o d a s n e c e s s i d a d e s s o c i a i s . C o m o c o n s e q ü ê n c i a , o m e r c a d o é a ú n i c a ins-
tância reguladora d o q u e o f e r e c e m determinados atores c o m interesses es-
pecíficos no setor - interesses q u e o b v i a m e n t e n ã o c o i n c i d e m c o m os inte-
resses d o s r e c u r s o s h u m a n o s e m s a ú d e , n e m c o m o s d a p o p u l a ç ã o p o r e l e s
atendida.
A FORÇA DE T R A B A L H O D O SETOR
É p r e c i s o assinalar m a i s u m a v e z q u e n ã o é p o s s í v e l e s t a b e l e c e r com
p r e c i s ã o a d i m e n s ã o real d a f o r ç a d e t r a b a l h o d o s e t o r , seja d e f o r m a g l o b a l ,
seja p a r a c a d a u m a d a s d i f e r e n t e s c a t e g o r i a s profissionais q u e a c o m p õ e m .
C o m o já é s a b i d o , a última i n f o r m a ç ã o o b j e t i v a é d e 1 9 8 0 e c o r r e s p o n -
de ao Censo d e Pessoal e a o Cadastro Nacional de Recursos e Serviços para
a S a ú d e ( C A N A R E S S A ) . A m b o s , p o r m o t i v o s distintos - o C e n s o , p o r q u e o m a -
p e a m e n t o incluiu a p e n a s pessoas q u e trabalhavam e m instituições d e servi-
ç o s , e o C a d a s t r o , p o r q u e registrou p o s t o s d e t r a b a l h o , e n ã o p e s s o a s - n ã o
c o n s t i t u e m u m a b a s e s e g u r a p a r a q u e a partir d e l e s seja c a l c u l a d a a a t u a l d i -
m e n s ã o d o setor.
Por outro lado, n e m o C e n s o Nacional da P o p u l a ç ã o d e 1 9 9 1 , n e m a
Encuesta Permanente de Hogares ( E P H ) q u e o Instituto Nacional de Estadísti-
cas y Censos ( I N D E C ) realiza p o r a m o s t r a g e m n o s c o n g l o m e r a d o s urbanos
mais importantes, c o m periodicidade bianual, p e r m i t e m obter d a d o s referen-
tes a o n ú m e r o d e p e s s o a s p o r c a t e g o r i a t r a b a l h a n d o n o s e t o r .
N a tabela da E P H c o r r e s p o n d e n t e a o m ê s d e o u t u b r o d e 1 9 9 1 , e a p e -
nas p a r a a G r a n d e B u e n o s A i r e s , foi i n t r o d u z i d a u m a n o v a c o d i f i c a ç ã o q u e
permite saber o n ú m e r o d e assalariados e m e s t a b e l e c i m e n t o s d e s a ú d e se-
gundo a hierarquia o c u p a c i o n a l e o t a m a n h o d o estabelecimento.
S e g u n d o o s d a d o s d i s p o n í v e i s n o m o m e n t o , e s o b r e u m a P E A total d e
1 0 m i l h õ e s d e p e s s o a s , foi c a l c u l a d o q u e o s e t o r s a ú d e o c u p a v a c e r c a d e
4 0 0 . 0 0 0 p e s s o a s , isto é , 4 % d o total. D e s s e m o d o , o n ú m e r o d e pessoas
o c u p a d a s n o s e t o r teria e x p e r i m e n t a d o p e q u e n o c r e s c i m e n t o , a o p a s s o q u e
o c o r r e s p o n d e n t e à P E A total teria c r e s c i d o e m 2 0 % .
S e m d ú v i d a , deve-se b u s c a r a e x p l i c a ç ã o p a r a e s s a s i t u a ç ã o n a s m u d a n -
ç a s o c o r r i d a s n o setor s a ú d e , n o q u e diz respeito tanto à configuração d o
sistema d e a t e n ç ã o q u a n t o às modalidades q u e os serviços a s s u m e m em
cada u m dos subsetores. C o m o conseqüência, foram modificados - e m b o r a
seja difícil f a z e r u m a a v a l i a ç ã o - o s p r o c e s s o s d e o r g a n i z a ç ã o e g e s t ã o d e
trabalho, o tipo d e prestação mais freqüente, a ênfase e m determinadas prá-
t i c a s e a s a ç õ e s dirigidas à f o r m a ç ã o , c a p t a ç ã o e u t i l i z a ç ã o d o s r e c u r s o s h u -
manos.
T u d o isso n o c o n t e x t o d e u m significativo a c h a t a m e n t o d o s e t o r p ú b l i -
c o , d e u m a queda generalizada das remunerações e d e uma duradoura ten-
d ê n c i a a dificuldades d e e m p r e g o , q u e d e t e r m i n a m q u e o setor n ã o a p e n a s
d e i x e d e ser u m c a m p o d e t r a b a l h o a t r a e n t e , m a s t a m b é m p a s s e v i r t u a l m e n ¬
TABELA 1
Estimativa da Força d e T r a b a l h o n o S e t o r S a ú d e
por Categoria - Argentina, 1992
D e s s e m o d o , a estrutura o c u p a c i o n a l d o s e t o r c o n t i n u a apresentando
o f o r m a t o d e u m a p i r â m i d e invertida, na q u a l a p a r t i c i p a ç ã o relativa d a s c a -
t e g o r i a s profissionais é m u i t o s u p e r i o r à d a s c a t e g o r i a s t é c n i c a s e a u x i l i a r e s .
Finalmente, n ã o se d i s p õ e d e i n f o r m a ç ã o suficiente para realizar u m a
caracterização c o m p l e t a d a distribuição d a força d e trabalho d o setor p o r
sexo. Conta-se a p e n a s c o m d a d o s parciais, p r o v e n i e n t e s d e alguns e s t u d o s
s o b r e g r u p o s profissionais e s p e c í f i c o s q u e , p o r s e u c a r á t e r , n ã o p e r m i t e m e x -
trair c o n c l u s õ e s v á l i d a s p a r a o c o n j u n t o .
E m linhas gerais, pode-se d e s t a c a r u m a t e n d ê n c i a c r e s c e n t e à f e m i n i z a ¬
ç ã o d a s m a t r í c u l a s universitárias n a s c a r r e i r a s d a s a ú d e , p a r t i c u l a r m e n t e e m
Medicina, Farmácia e Bioquímica, e Odontologia, mantendo-se - o u a c e n ¬
tuando-se - a t r a d i c i o n a l p r e d o m i n â n c i a d e m u l h e r e s e m o u t r a s , c o m o N u t r i ¬
ç ã o , Fonoaudiologia e E n f e r m a g e m . O s dados provenientes dos sucessivos
C e n s o s d e A l u n o s realizados d e s d e 1964 pela Universidade d e B u e n o s Aires
ilustram esta t e n d ê n c i a (Tabela 2).
Médicos
TABELA 2
Faz-se n e c e s s á r i o e x p l i c a r c o m o s e c h e g o u a essa e s t i m a t i v a . S e g u n d o
t a b e l a s i n é d i t a s , o C e n s o N a c i o n a l d e P o p u l a ç ã o d e 1 9 8 0 registrou 5 9 . 7 0 6
7
E m a m b o s o s d o c u m e n t o s , estimou-se o n ú m e r o d e m é d i c o s a partir
d e d a d o s d o C A N A R E S S A , q u e registram 6 9 . 3 8 8 c a r g o s m é d i c o s n o p a í s e m
1980. Levando-se e m conta q u e , s e g u n d o algumas análises b a s e a d a s e m d a -
dos d e r e c e n s e a m e n t o disponíveis, a relação média cargo/pessoa n o setor
a l c a n ç a v a , nessa é p o c a , 1,69, conclui-se q u e o n ú m e r o d e m é d i c o s t o m a d o
c o m o b a s e constituía u m a e s t i m a t i v a e x a g e r a d a .
A c o m p a r a ç ã o p o r s u b s e t o r d o s d a d o s q u e f u n d a m e n t a r a m a m b a s as
e s t i m a t i v a s permite-nos e s t a b e l e c e r q u e já nesta d a t a a taxa d e d u p l a o c u p a -
ç ã o n o setor p ú b l i c o a l c a n ç a v a 1,33, a o p a s s o q u e a taxa c o r r e s p o n d e n t e a o
s e t o r p r i v a d o c h e g a v a a 2,37. Essa d i f e r e n ç a s e d e v e , p o r u m l a d o , à t r a d i c i o -
nal l i m i t a ç ã o e m t e r m o s d e j o r n a d a d e t r a b a l h o e s t a b e l e c i d a p a r a a a d m i n i s -
t r a ç ã o p ú b l i c a , e , p o r o u t r o , à m a i o r v a r i e d a d e d e a l t e r n a t i v a s o f e r e c i d a s pe¬
8 Katz )., M u ñ o z A., Tafani R.: Organización e Comportamiento de los Mercados Prestadores
de Servicios de Salud: Reflexiones sobre el Caso Argentino.
9 Dieguez H., Llach J . (Coord.) e Petrecolla A.: El G a s t o Público Social. V o l . IV: El G a s t o Públi-
c o e m Salud. Instituto Torquato di Telia, B u e n o s Aires, 1990.
10 MSAS, OPAS/OMS, 1985. Argentina: Descripción de su Situación d e Salud.
las d i v e r s a s f o r m a s d e t r a b a l h o a s s a l a r i a d o n o s e t o r p r i v a d o . D e v i d o às c a r a c -
terísticas d a s p e r g u n t a s d o s r e c e n s e a m e n t o s , na c a t e g o r i a " c o n t a p r ó p r i a " i n -
cluíram-se a q u e l e s profissionais q u e s ó t r a b a l h a v a m a s s i m , e q u e n ã o t i n h a m
sido c o m p u t a d o s pelo C A N A R E S S A .
TABELA 3
M é d i c o s D i p l o m a d o s p o r U n i v e r s i d a d e A r g e n t i n a , 1980-1989
TABELA 4
Estimativa d a D i s t r i b u i ç ã o d e M é d i c o s p o r P r o v í n c i a A r g e n t i n a , 1 9 9 1 - 1 9 9 2
Em primeira instância, essa situação responde ao fato de que as
Universidades e m q u e os m é d i c o s se f o r m a m estão localizadas nos grandes
centros urbanos (Buenos Aires, Córdoba, Mendoza, Rosário, La Plata,
T u c u m á n e C o m e n t e s ) q u e , p o r sua v e z , s ã o o s lugares q u e o f e r e c e m as
m a i o r e s p o s s i b i l i d a d e s d e i n s e r ç ã o profissional, c o n c e n t r a n d o a m a i o r p a r t e
d a r e n d a e d o d e s e n v o l v i m e n t o d o s s e r v i ç o s e m suas d i v e r s a s m o d a l i d a d e s
e diferentes níveis d e c o m p l e x i d a d e .
Essa c a r a c t e r í s t i c a facilita a i n c o r p o r a ç ã o a o m e r c a d o d e t r a b a l h o , n ã o
a p e n a s c o m o a u t ô n o m o m a s t a m b é m - principalmente nos últimos anos -
através d e diversas formas d e trabalho assalariado.
C a b e o b s e r v a r q u e , d e v i d o t a m b é m às p a r t i c u l a r i d a d e s d a estrutura d e
s e r v i ç o s , a m a i o r p a r t e d a oferta d e r e s i d ê n c i a s m é d i c a s c o n c e n t r a - s e nos
a g l o m e r a d o s u r b a n o s . Esta p r i m e i r a f o r m a d e i n s e r ç ã o , a o m e s m o tempo
q u e garante u m a r e m u n e r a ç ã o mínima, constitui para o recém-formado u m
m e i o acessível para completar a f o r m a ç ã o d e graduação, e m contato direto
c o m os serviços - na maioria d o s casos, pela primeira v e z .
É s u g e s t i v o q u e o s níveis d e d e s e m p r e g o e n t r e o s m é d i c o s estejam
m u i t o a b a i x o d a q u e l e s d e o u t r a s c a t e g o r i a s profissionais, n ã o s o m e n t e no
setor saúde. Um estudo da população médica da cidade de Rosário
registrou uma grande capacidade do mercado para a incorporação dos
m é d i c o s : d o g r u p o p e s q u i s a d o , a p e n a s 9 , 1 % n ã o tinha t r a b a l h o r e m u n e r a d o
no primeiro ano de formado, reduzindo-se essa proporção a 5,2% no
segundo ano.
As situações de empregos mútiplos e subocupação também são
características d o s tipos d e o c u p a ç ã o dos médicos. A primeira retrata a
n e c e s s i d a d e q u e t ê m o s profissionais d e a u m e n t a r sua r e n d a c o m u m a série
d e e m p r e g o s e m u m o u m a i s s u b s i s t e m a s q u e c o m p õ e m o setor, o u , a i n d a ,
combinando-os c o m alguma forma d e prática a u t ô n o m a .
A condição de subocupação provoca dois tipos de situações: a
p r i m e i r a , e n g l o b a o s profissionais q u e i n v e s t e m na o c u p a ç ã o m e n o s t e m p o
d o q u e estariam dispostos ( s u b o c u p a ç ã o por t e m p o ) ; e a outra, d e d i m e n s ã o
mais complexa, inclui aqueles que desempenham tarefas de menor
qualificação do que aquelas para as quais eles foram capacitados
( s u b o c u p a ç ã o por qualificação).
Em geral, observa-se uma forte tendência à prática especializada,
orientada desde a formação e reforçada pelas condições do mercado,
amparada na crescente introdução de tecnologia e de instrumental
c o m p l e x o , e na c o n s e q ü e n t e reorganização dos serviços.
Não existe informação completa a respeito do exercício das
e s p e c i a l i d a d e s m é d i c a s , já q u e o s m e c a n i s m o s d e h a b i l i t a ç ã o s ã o v á r i o s e
n ã o existe u m registro ú n i c o .
Diversos autores 1 2
concordam q u e o grau d e especialização na
Argentina é bastante elevado, chegando a 50% ou 60% do total de
TABELA 5
Estimativa d o N ú m e r o d e Profissionais M é d i c o s p o r
Especialidade, Argentina 1992
Verifica-se q u e o n ú m e r o total, e m b o r a t e n h a r e g i s t r a d o u m a u m e n t o
de 5 % n o s ú l t i m o s três a n o s , n ã o a c o m p a n h a o c r e s c i m e n t o populacional
no m e s m o período. A categoria c o r r e s p o n d e n t e a o pessoal c o m formação
s u p e r i o r teria s o f r i d o u m a d i m i n u i ç ã o a b s o l u t a e m r a z ã o d a já c i t a d a e m i g r a -
ção.
A s s i m , agrava-se a t r a d i c i o n a l e s c a s s e z d e p e s s o a l d e e n f e r m a g e m e a u -
m e n t a a relação m é d i c o / e n f e r m e i r o e m sentido contrário aos padrões uni-
versalmente aceitos. O país c o n t a r i a c o m 0,20 e n f e r m e i r o s f o r m a d o s p a r a
cada médico, quando o recomendável é 3 enfermeiros por médico. Em
1 9 9 2 , a r e l a ç ã o d e e n f e r m e i r o s p o r 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s d i m i n u i p a r a 5,2.
A p e q u e n a o f e r t a d e p e s s o a l d e e n f e r m a g e m foi c o n f i r m a d a p e l o s d a -
d o s d o C e n s o d e P o p u l a ç ã o d e 1 9 8 0 , q u e registrou 1 1 0 . 4 1 9 enfermeiros
(dos quais 8 3 % e r a m mulheres), a o passo q u e hoje esse n ú m e r o n ã o c h e g a
a 7 0 . 0 0 0 . Esta d i m i n u i ç ã o d e q u a s e 4 0 % afeta a p r e s t a ç ã o d o s s e r v i ç o s .
D e v i d o à d i v i s ã o d o t r a b a l h o d e n t r o d a c a t e g o r i a , a m a i o r i a d a s tarefas
d e e n f e r m a g e m r e c a i s o b r e o p e s s o a l auxiliar e e m p í r i c o ( " a t e n d e n t e s " ) . É
e s t e p e s s o a l , s e m n e n h u m t i p o d e q u a l i f i c a ç ã o a d i c i o n a l para d e s e m p e n h o
n o s e r v i ç o , q u e t e m a s e u c a r g o o a t e n d i m e n t o d i r e t o na m a i o r i a d a s institui-
ções.
U m estudo recente sobre e n f e r m a g e m 1 4
traz a l g u n s d a d o s r e v e l a d o r e s
s o b r e a s d i f i c u l d a d e s d e s u a s c o n d i ç õ e s d e v i d a e d e t r a b a l h o . A l é m d o s as-
p e c t o s a s s i n a l a d o s ( p o u c o p e s s o a l , b a i x o s salários), as a u t o r a s v e r i f i c a r a m
q u e as j o r n a d a s d e t r a b a l h o p r o l o n g a d a s , o s p l a n t õ e s n o t u r n o s e e m dias f e -
r i a d o s , u m a l e g i s l a ç ã o i n a d e q u a d a às atuais c a r a c t e r í s t i c a s d o t r a b a l h o j u n t a -
m e n t e c o m a tensão q u e implica o contato direto c o m a enfermidade e a
morte, m a r c a m a vida d o pessoal d e enfermagem.
Odontologia
TABELA 6
Bioquímicos
Fisioterapeutas
Psicólogos
Assistentes Sociais
O s assistentes sociais c o n s t i t u e m u m a d a s c a t e g o r i a s n ã o t r a d i c i o n a i s
m a i s n u m e r o s a s : d o s q u a s e 1 1 . 0 0 0 profisisonais e m a t i v i d a d e , c e r c a d e 3 0 %
teria i n s e r ç ã o o c u p a c i o n a l n o s e t o r s a ú d e , t r a b a l h a n d o e m hospitais p ú b l i c o s
provinciais e municipais! 1 6 .
Essa i n s e r ç ã o legitima-se n o p r ó p r i o p r o c e s s o d e f o r m a ç ã o , a partir d a
r e c e n t e i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o d o s i s t e m a d e r e s i d ê n c i a s d e três a n o s p a r a o s a s -
sistentes s o c i a i s d e n t r o d o r e g i m e d a carreira hospitalar, c o m equiparação
a o s d e m a i s profissionais d e s a ú d e .
Engenheiros Sanitários
O s e n g e n h e i r o s sanitários r e p r e s e n t a m u m a c a t e g o r i a profissional de
crescente importância, c o m o produto d o reaparecimento d e problemas d e
s a ú d e g e r a d o s p e l a d e t e r i o r a ç ã o d a s c o n d i ç õ e s a m b i e n t a i s e d a infra-estrutu-
ra b á s i c a .
Estima-se q u e c e r c a d e 1.000 profissionais e s t e j a m a t u a n d o n o s e t o r ,
dos quais 4 0 0 estariam f o r m a l m e n t e c a p a c i t a d o s ( P ó s - G r a d u a ç ã o e m E n g e ¬
TABELA 7
Essa estratégia, e n t r e t a n t o , f o r t a l e c e c o n f l i t o s , p o i s v a i c o n t r a a t r a d i c i o -
nal a u t o n o m i a d a s u n i v e r s i d a d e s e as c o l o c a n u m a s i t u a ç ã o d e m a i o r d e p e n -
d ê n c i a e m r e l a ç ã o às c o n t i n g ê n c i a s d e u m m e r c a d o q u e c o t i d i a n a m e n t e r e -
d e f i n e as c a r a c t e r í s t i c a s d a p r á t i c a profissional.
N e s t e c o n t e x t o , p a r e c e n e c e s s á r i o instaurar u m d e b a t e , q u e a i n d a s e -
q u e r s e insinua, a r e s p e i t o d a n e c e s s i d a d e d e r e f o r m u l a r u m m o d e l o d e f o r -
m a ç ã o q u e , p o r suas c a r a c t e r í s t i c a s , n ã o p r e p a r a o f o r m a d o p a r a d e s e n v o l -
v e r u m a p r á t i c a o r i e n t a d a p a r a o a t e n d i m e n t o às n e c e s s i d a d e s d a maioria
dos setores sociais.
A o c o n t r á r i o , o m o d e l o d e p r á t i c a q u e p a r e c e ter s e c o n s o l i d a d o é
aquele q u e , superespecializado n o ritmo da c o m p l e x i d a d e t e c n o l ó g i c a , reali-
za i n t e r v e n ç õ e s d e c u r t o a l c a n c e , às q u a i s s ó t ê m d i r e i t o o s g r u p o s s o c i a i s
d e maiores recursos.
Médicos
N o s ú l t i m o s a n o s realizaram-se a l g u m a s t e n t a t i v a s d e d e s e n v o l v e r m o -
d e l o s d e f o r m a ç ã o nessa p e r s p e c t i v a ; e n t r e elas, m e r e c e d e s t a q u e o m o d e l o
da Universidade d e B u e n o s Aires, q u e desde 1990 encontra dificuldades
18
p a r a colocá-lo e m p r á t i c a .
Por outro lado, a tradição acadêmica, fragmentária, teórica e t e n d e n d o
a u m a e s p e c i a l i z a ç ã o p r e c o c e n a f o r m a ç ã o d o s profissionais g r a d u a d o s n o
c a m p o d a s c i ê n c i a s d a s a ú d e j á constitui u m f a t o h i s t ó r i c o .
Por sua v e z , o d e s e n v o l v i m e n t o tecnológico e as c o n d i ç õ e s d o m e r c a -
d o p r e s s i o n a m , c o m f o r ç a c r e s c e n t e , a s t e n d ê n c i a s à e s p e c i a l i z a ç ã o e à su¬
b e s p e c i a l i z a ç ã o . N o A n e x o II está transcrita u m a l i s t a g e m p a r c i a l d a s e s p e -
c i a l i d a d e s m é d i c a s r e c o n h e c i d a s n o país. S e g u n d o a Dirección de Control
del Ejercicio Profesional y de las Especialidades Médicas, a lista c o m p l e t a , a i n -
d a n ã o c o p i l a d a , teria o d o b r o d o t a m a n h o .
À s deficiências conjunturais observadas na f o r m a ç ã o d e g r a d u a ç ã o j u n -
tam-se a rigidez estrutural q u e c a r a c t e r i z a as instituições a c a d ê m i c a s , i m p e -
dindo-as d e i n c o r p o r a r , c o m a n e c e s s á r i a r a p i d e z , a s m u d a n ç a s t e c n o l ó g i c a s
e o v o l u m e d e informações adicionais indispensáveis a o seu d e s e n v o l v i m e n -
to. E m c o n s e q ü ê n c i a , a f o r m a ç ã o d e p ó s - g r a d u a ç ã o torna-se u m a e t a p a i m -
p r e s c i n d í v e l para c o m p l e t a r a c a p a c i t a ç ã o profissional.
Essa f o r m a ç ã o s e realiza f u n d a m e n t a l m e n t e n o s e t o r p ú b l i c o , a t r a v é s
d e residências médicas e cursos d e especialização, b e m c o m o d o s colegia-
d o s e a s s o c i a ç õ e s profissionais, q u e o r i e n t a m sua o f e r t a s e g u n d o a s c o n d i -
ç õ e s d e prática v i g e n t e s n o m e r c a d o .
D e a c o r d o c o m informações disponíveis da Universidade d e B u e n o s
Aires, e n q u a n t o o n ú m e r o d e formados n o curso d e M e d i c i n a diminuiu d e
2.189 e m 1 9 8 0 p a r a 1.141 e m 1 9 8 9 , o n ú m e r o d e títulos o u t o r g a d o s a m é -
d i c o s e s p e c i a l i s t a s n o m e s m o p e r í o d o p a s s o u d e 3 4 1 p a r a 7 1 2 , o q u e signifi-
ca que, enquanto o número d e médicos formados decresceu e m 4 8 % , o d e
especialistas c r e s c e u 1 0 9 % . E n q u a n t o e m 1 9 8 0 o s títulos d e e s p e c i a l i z a ç ã o
representavam 1 5 % d o s diplomas fornecidos pela Faculdade, e m 1 9 8 9 c o n s -
tituíam 6 2 % d e l e s .
S e s o m a r m o s o s especialistas f o r m a d o s nas universidades a o s q u e o b -
t ê m sua e s p e c i a l i z a ç ã o a t r a v é s d e a l g u m d o s t a n t o s m e c a n i s m o s d i s p o n í v e i s
n o m e r c a d o , p o d e m o s ter u m a idéia d a d i m e n s ã o d o p r o b l e m a d e habilita-
ç ã o e d e garantia d e q u a l i d a d e n o e x e r c í c i o profissional.
Enfermagem
A t u a l m e n t e , e a p e s a r d a e s c a s s e z d e p e s s o a l nessa c a t e g o r i a o u e m
c o n s e q ü ê n c i a d e l a , a f o r m a ç ã o d e e n f e r m e i r o s s e d e s e n v o l v e e m 9 5 institui-
ç õ e s , d a s q u a i s 2 1 s ã o d e n í v e l universitário, 4 5 d e n í v e l s u p e r i o r n ã o u n i v e r -
sitário, s u b o r d i n a d a s a o M i n i s t é r i o d a E d u c a ç ã o e a o M i n i s t é r i o d a S a ú d e , e
18 U m a síntese das principais características dessa proposta foi publicada e m Educación Médi-
ca y Salud, V o l . 26 (3), OPAS/OMS, 1992.
2 9 n a ó r b i t a d o M i n i s t é r i o d a E d u c a ç ã o a t r a v é s d o Servicio Nacional de Ense-
ñanza Privada (SNEP).
T a m b é m n o c a s o d a e n f e r m a g e m pode-se afirmar q u e a f o r m a ç ã o e m
q u a l q u e r d a s i n s t â n c i a s realiza-se a partir d e c u r r í c u l o s d e s i n t e g r a d o s , q u e
e n f o c a m os aspectos curativos da prática e os c o m p o n e n t e s biológicos d o
p r o c e s s o s a ú d e / d o e n ç a , s e m c o n s i d e r a r o s c o n d i c i o n a n t e s s o c i a i s a partir
d o s quais esses processos o c o r r e m .
O c o n t i n g e n t e f o r m a d o e m p r o g r a m a s d e três a c i n c o a n o s i n c o r p o r a -
s e a o m e r c a d o d e trabalho c o m u m a série d e limitações q u e , s o m a d a s à
oferta p r a t i c a m e n t e inexistente d e o p ç õ e s d e f o r m a ç ã o d e especialização
e m c a m p o s e s p e c í f i c o s e a o e s c a s s o r e c o n h e c i m e n t o s o c i a l d e s s e s profissio-
nais, d e t e r m i n a m c o n d i ç õ e s d e v i d a e d e t r a b a l h o p o u c o e s t i m u l a n t e s .
Essa s i t u a ç ã o , à q u a l v e m juntar-se o b a i x o n í v e l d e r e m u n e r a ç ã o , expli-
c a a e s c a s s e z d e e n f e r m e i r o s n o país, t a n t o e m n í v e l d e auxiliares c o m o n o
d e profissionais.
É r e d u z i d o o n ú m e r o anual d e ingressos e d e g r a d u a d o s nas diversas
Escolas, e e m geral é grande o índice d e e v a s ã o escolar; segundos d a d o s d e
u m a p e s q u i s a , para algumas Escolas a evasão anual chegaria a 9 4 % , e a
1 9
m é d i a ficaria e m t o r n o d e 6 0 % .
E s s e f a t o f a z c o m q u e n o total d o país o n ú m e r o d e f o r m a d o s p o r a n o
seja r e d u z i d o . S e g u n d o a Federación Argentina de Enfermería, entre 1990 e
1992 formaram-se 8 0 0 enfermeiros, d o s quais 5 0 % na Capital Federal e na
P r o v í n c i a d e B u e n o s A i r e s , e c e r c a d e 4 . 0 0 0 auxiliares e m t o d o o país.
C a b e assinalar q u e s e g u n d o a lei q u e regula o e x e r c í c i o ( L e i 2 4 . 0 0 4 ) ,
p e r t e n c e à categoria "profissional" toda pessoa q u e , c o m nível secundário,
c o m p l e t e u m a f o r m a ç ã o d e m a i s d e três a n o s d e n í v e l s u p e r i o r . N a c a t e g o r i a
d e auxiliares incluem-se a q u e l e s q u e , t e n d o c o m p l e t a d o seus estudos primá-
rios, r e a l i z e m u m c u r s o d e n o v e m e s e s d e d u r a ç ã o e m e s t a b e l e c i m e n t o s r e -
c o n h e c i d o s oficialmente. Por último, a categoria d o s empíricos (atendentes)
- a mais numerosa no país - compreende as pessoas que, inde-
p e n d e n t e m e n t e d e sua qualificação formal, capacitaram-se através d a e x p e -
riência.
F O R M A Ç Ã O EM S A Ú D E PÚBLICA
P a r a c o m p l e t a r e s t e q u a d r o , é p r e c i s o u m a c o n s i d e r a ç ã o s o b r e a for-
m a ç ã o e m s a ú d e p ú b l i c a , q u e e n f r e n t a h o j e e m dia, e m q u a s e t o d a a A m é r i -
c a L a t i n a , o g r a n d e d e s a f i o d e r e f o r m u l a r s e u s p r o g r a m a s p a r a d a r u m a res-
p o s t a e f i c i e n t e à s n e c e s s i d a d e s reais d a p o p u l a ç ã o , a n t e a v e l o c i d a d e e a
p r o f u n d i d a d e d a s m u d a n ç a s q u e e s t ã o s o f r e n d o as s u a s c o n d i ç õ e s d e s a ú d e .
p a ç ã o d e instituições n ã o - a c a d ê m i c a s , p o i s a p e n a s 3 1 % d o total s ã o a c a d ê -
m i c a s n a á r e a d a s a ú d e e as r e s t a n t e s c o r r e s p o n d e m a i n s t i t u i ç õ e s s i n d i c a i s ,
d e serviço, d e g o v e r n o s provinciais o u nacionais e a instituições a c a d ê m i c a s
fora d o c a m p o d a s s a ú d e .
N a é p o c a d a r e a l i z a ç ã o d a p e s q u i s a , as instituições o b s e r v a d a s o f e r e -
c i a m , e m c o n j u n t o , 76 p r o g r a m a s d e f o r m a ç ã o , d o s q u a i s a p e n a s 5 7 r e a l -
m e n t e se d e s e n v o l v i a m . S e g u n d o a r e g u l a m e n t a ç ã o v i g e n t e n a m a i o r p a r t e
d a s instituições a c a d ê m i c a s , q u a s e m e t a d e c o r r e s p o n d e r i a a c u r s o s d e e s p e -
c i a l i z a ç ã o , isto é , c o m d u r a ç ã o e n t r e 4 0 0 e 6 0 0 h o r a s letivas.
A s u p e r i o r i d a d e d a s instituições n ã o a c a d ê m i c a s destaca-se também
e m r e l a ç ã o a o n ú m e r o d e a l u n o s . D o total d e a l u n o s e g r e s s o s d e s s e s p r o g r a -
m a s e m 1 9 9 0 , 7 2 % v i n h a m d e instituições n ã o a c a d ê m i c a s ; s e g u n d o o s d a -
d o s d i s p o n í v e i s , e m 1 9 9 1 essa p r o p o r ç ã o s e m a n t i n h a e s t á v e l , e a o m e s m o
t e m p o verificava-se u m i n c r e m e n t o n o n ú m e r o d e m a t r í c u l a s e m i n s t i t u i ç õ e s
acadêmicas não pertencentes à área das saúde e e m programas desenvolvi-
d o s p o r instituições p r i v a d a s , e m c o n v ê n i o c o m ó r g ã o s oficiais.
A p e q u e n a i m p o r t â n c i a d a d a à f o r m a ç ã o n e s s e c a m p o fica e v i d e n c i a d a
p e l o p e q u e n o n ú m e r o d e b o l s a s d e e s t u d o , f a t o q u e , tratando-se d e g r a d u a -
d o s , constitui u m a l i m i t a ç ã o à sua p a r t i c i p a ç ã o . O o p o s t o o c o r r e n o s p r o g r a -
mas oferecidos por instituições públicas provinciais, muitos d o s quais possi-
bilitam a c a p a c i t a ç ã o d o s a l u n o s e m s e r v i ç o , m a n t e n d o a r e m u n e r a ç ã o e s t a -
belecida.
Q u a n t o a o q u a d r o d o c e n t e , observa-se q u e é p e q u e n a a p a r t i c i p a ç ã o
d e p r o f e s s o r e s d a s c a t e g o r i a s s u p e r i o r e s : a p e n a s 2 0 % s ã o titulares e assisten-
REGULAMENTAÇÃO E HABILITAÇÃO
O c o r p o n o r m a t i v o q u e regula o e x e r c í c i o d a a t i v i d a d e d o s profissio-
nais d e s a ú d e estrutura-se b a s i c a m e n t e e m t o r n o d a Lei 1 7 . 1 3 2 / 6 7 e d o s d e -
c r e t o s q u e a r e g u l a m e n t a m . S e u A r t i g o 4 3 possibilita a i n c o r p o r a ç ã o d e ativi-
d a d e s d e a p o i o . N e l a s enquadram-se o s p o d ó l o g o s , os técnicos e m histopa¬
tologia e os instrumentadores.
Leis p o s t e r i o r e s r e g u l a m e n t a r a m o e x e r c í c i o profissional d e o u t r a s c a t e -
g o r i a s , c o m o as d o s p s i c ó l o g o s , p r o t é t i c o s d e n t a i s e e n f e r m e i r o s .
R e c e n t e m e n t e importantes modificações foram introduzidas no Artigo
2 1 , q u e r e g u l a m e n t a as e s p e c i a l i d a d e s m é d i c a s , e n o A r t i g o 3 1 , q u e trata d o
exercício das especialidades odontológicas.
A a t i v i d a d e f a r m a c ê u t i c a , n o q u e d i z r e s p e i t o t a n t o à p r á t i c a profissio-
nal q u a n t o à l i c e n ç a d e f a r m á c i a s , é r e g u l a d a s p e l a Lei 1 7 . 5 6 5 e suas e m e n -
das.
As atividades profissionais não mencionadas são regidas pela Lei
17.132/67.
O s d i p l o m a s s ã o e x p e d i d o s p e l a s U n i v e r s i d a d e s , e o registro profissio-
n a l é o u t o r g a d o , n o â m b i t o d a C a p i t a l F e d e r a l , p e l a Dirección Nacional de
Control del Ejercicio Profesional y de las Especialidades Médicas ( T a b e l a 10).
E m a l g u m a s províncias existem colegiados q u e habilitam quase todos os pro-
fissionais. N o r e s t o d o p a í s , o s r e s p o n s á v e i s p e l o registro s ã o ó r g ã o s s u b o r d i -
n a d o s a o Ministério da S a ú d e da jurisdição.
O s c o l e g i a d o s profissionais s ã o o s ó r g ã o s r e s p o n s á v e i s p e l a é t i c a e a
d e o n t o l o g i a d o e x e r c í c i o profissional.
H o j e e m d i a c o m e ç a a definir-se u m a p o l ê m i c a e m t o r n o d e q u a l o u
q u a i s d e v e r i a m ser o s ó r g ã o s r e g u l a d o r e s d a h a b i l i t a ç ã o profissional, m a s
a i n d a n ã o s e p o d e p r e c i s a r s e h a v e r á , a c u r t o p r a z o , m u d a n ç a s na l e g i s l a ç ã o .
O s g r a d u a d o s e m c u r s o s universitários n o e s t r a n g e i r o d e v e m e f e t u a r a
r e v a l i d a ç ã o d e seu diploma para p o d e r e m exercer a profissão; n o c a s o d e
p r o f i s s i o n a i s p r o v e n i e n t e s d e p a í s e s c o m o s q u a i s existe c o n v ê n i o , trata-se
d e u m m e c a n i s m o administrativo d e trâmite a u t o m á t i c o ; e m outros casos, a
revalidação exige e x a m e s d e e q u i v a l ê n c i a o u d e c o m p l e m e n t a ç ã o . Esse as-
p e c t o terá g r a n d e i m p o r t a n c i a n o f u t u r o p r ó x i m o , n o c a m p o d a s p o l í t i c a s d e
integração regional (MERCOSUL).
N o q u e d i z r e s p e i t o a o e x e r c í c i o d a s e s p e c i a l i d a d e s , s ã o três a s p r i n c i -
pais i n s t a n c i a s d e h a b i l i t a ç ã o :
1) as u n i v e r s i d a d e s , a t r a v é s d e c u r s o s d e e s p e c i a l i z a ç ã o ;
2) o s c o l e g i a d o s m é d i c o s e as a s s o c i a ç õ e s p r o f i s s i o n a i s ;
3) o s s e r v i ç o s r e c o n h e c i d o s a partir d e u m p e r í o d o d e c i n c o a n o s de
exercício e m determinada especialidade.
C o m o c o n s e q ü ê n c i a dessa diversidade, os requisitos n ã o s ã o h o m o g ê -
neos. O custo d e muitos deles t a m b é m age c o m o m e c a n i s m o diferenciador,
e m b o r a n e m s e m p r e se p o s s a a s s o c i a r o c u s t o à q u a l i d a d e .
Q u a n t o aos m e c a n i s m o s d e revalidação d e certificados, só existem nor-
mas estabelecidas por alguns colegiados, c o m o o d e C ó r d o b a . N o âmbito
d a C a p i t a l F e d e r a l , e a partir d e 1 f l
. d e m a r ç o d e 1 9 9 3 , foi regulamentado
u m regime d e revalidação d e certificados d e especialistas a c a d a c i n c o a n o s ,
sob a jurisdição da Secretaria d e S a ú d e subordinada a o Ministério da S a ú d e
e A ç ã o S o c i a l . A r e v a l i d a ç ã o será realizada através d e u m a a v a l i a ç ã o d e a n -
t e c e d e n t e s e u m e x a m e e s p e c í f i c o . Esse m e c a n i s m o a i n d a n ã o f o i i m p l e m e n -
t a d o , e, p o r sua e n v e r g a d u r a , p a r a ser c o l o c a d o e m a n d a m e n t o r e q u e r a for-
malização d e convênios c o m os serviços.
TABELA 10
R e g u l a m e n t a ç ã o G e r a l d o Exercício Profissional
Fonte: Estimativa d o autor c o m base e m dados fornecidos pelo Ministério d e Cultura e Educa-
ç ã o e Ministério de S a ú d e e A ç ã o Social da Argentina.
A N E X O II
R E L A Ç Ã O DE ESPECIALIDADES PEDIÁTRICAS
C l í n i c a P e d i á t r i c a , C a r d i o l o g i a Infantil, C i r u r g i a Infantil, N e f r o l o g i a I n f a n -
til, N e u r o l o g i a Infantil, N e o n a t o l o g i a , Psiquiatria Infantil.
RELAÇÃO DE INSTITUIÇÕES E O R G A N I S M O S C O N S U L T A D O S
A s o c i a c i ó n d e Psiquiatras A r g e n t i n o s
C e n t r o d e Estudios e I n v e s t i g a c i ó n e n T r a b a j o S o c i a l
C o n f e d e r a c i ó n M é d i c a d e la R e p ú b l i c a A r g e n t i n a
C o n f e d e r a c i ó n U n i f i c a d a d e B i o q u í m i c o s d e la R e p ú b l i c a A r g e n t i n a
C o n f e d e r a c i ó n d e K i n e s i ó l o g o s y F i s i o t e r a p e u t a s d e la R e p . A r g e n t i n a
D i r e c c i ó n N a c i o n a l d e Estadísticas d e S a l u d - S e c r e t a r í a d e S a l u d -
D i r e c c i ó n N a c i o n a l d e C o n t r o l y R e g u l a c i ó n d e l E j e r c i c i o P r o f e s i o n a l y d e las
Especialidades M é d i c a s - Secretaría d e Salud -
E s c u e l a d e N u t r i c i ó n d e la U n i v e r s i d a d d e B u e n o s A i r e s
F e d e r a c i ó n A r g e n t i n a d e G r a d u a d o s d e la R e p . A r g e n t i n a e n N u t r i c i ó n
F e d e r a c i ó n A r g e n t i n a d e T r a b a j a d o r e s d e la S a n i d a d
F e d e r a c i ó n d e P s i c ó l o g o s d e la R e p ú b l i c a A r g e n t i n a
S o c i e d a d Argentina d e Alergia e Inmunopatología
S o c i e d a d A r g e n t i n a d e C i r u g í a Plástica
S o c i e d a d Argentina de Nefrologia
S o c i e d a d Argentina d e Otorrinolaringología
S o c i e d a d Argentina d e Patología
S o c i e d a d Argentina d e Pediatría
S o c i e d a d Argentina d e Radiología
S o c i e d a d d e M e d i c i n a Veterinaria
ESTUDO DE CONDIÇÕES DE
FORMAÇÃO E EXERCÍCIO
PROFISSIONAL EM SAÚDE NO
BRASIL
Mario Roberto Dal Poz
Tereza Christina Varella
C O N S I D E R A Ç Õ E S INICIAIS
Este d o c u m e n t o , p r e p a r a d o c o m o s u b s í d i o à r e u n i ã o d e M o n t e v i d é u ,
Uruguai, é u m a a b o r d a g e m preliminar das c o n d i ç õ e s d e f o r m a ç ã o e exercí-
c i o profissional e m s a ú d e n o Brasil. A p r e o c u p a ç ã o m a i o r d o t e x t o , a o s o -
bressair d a d o s e séries, é a c a r a c t e r i z a ç ã o d o c o n j u n t o d a p r o b l e m á t i c a , d e
m a n e i r a clara e sintética, p e r m i t i n d o sua c o m p r e e n s ã o e u t i l i z a ç ã o p o r d i -
ferentes interlocutores.
A l g u m a s q u e s t õ e s , c o m o s e v e r á , s ã o c o m u n s às d i f e r e n t e s c a t e g o r i a s
profissionais. D e n t r e essas q u e s t õ e s se e n c o n t r a m o s m e c a n i s m o s d e i n g r e s -
so nas instituições d e e n s i n o s u p e r i o r , q u e p e r m i t e m o a c e s s o a o s e s t u d a n -
tes q u e c o n c l u e m o 2 o
g r a u . A s p r o v a s seletivas s ã o r e a l i z a d a s , a n u a l m e n t e ,
pela a s s o c i a ç ã o e n t r e as d i v e r s a s u n i v e r s i d a d e s o u f a c u l d a d e s i s o l a d a s , p ú b l i -
c a s o u p r i v a d a s . Essas p r o v a s s ã o e l a b o r a d a s c o m b a s e n o c o n t e ú d o d a s dis-
ciplinas e c o n h e c i m e n t o s e x i g i d o s n o 2 a
grau. A m o d a l i d a d e d e p r o v a n ã o é,
o b r i g a t o r i a m e n t e , a m e s m a , p o i s o s critérios p o d e m v a r i a r s e g u n d o o E s t a d o
o u g r u p o d e instituições.
O s e s t u d a n t e s e s t r a n g e i r o s p o d e m inserir-se e m c u r s o s o u programas
d e s e n v o l v i d o s , n o país, a partir d o s m e c a n i s m o s d e c o r r e n t e s d o s acordos
c u l t u r a i s e c i e n t í f i c o s , e m três m o d a l i d a d e s :
1. N o s cursos d e g r a d u a ç ã o , o ingresso i n d e p e n d e d e a p r o v a ç ã o n o p r o c e s -
so seletivo das instituições d e ensino. O s alunos são e n c a m i n h a d o s do
país d e o r i g e m já c o m habilitação para o curso escolhido, p e l o c o n s u l a d o
brasileiro, q u e s e responsabiliza p o r atestar a suficiência n o idioma n a c i o -
nal;
2. N o s p r o g r a m a s d e e s p e c i a l i z a ç ã o similares à R e s i d ê n c i a M é d i c a o p r o c e -
d i m e n t o é o m e s m o d a g r a d u a ç ã o , a p e n a s o p r o c e s s o s e l e t i v o é feito n a s
próprias instituições d e ensino o u serviços c r e d e n c i a d o s , pela análise cur-
ricular d o s c a n d i d a t o s . O s i n t e r e s s a d o s d e v e m c o m p r o v a r c o n d i ç õ e s d e
sustento p r ó p r i o n o p e r í o d o d o curso, pois n ã o existem bolsas para este
tipo d e programa;
3. N a p ó s - g r a d u a ç ã o stricto s e n s u s ã o o f e r e c i d o s c u r s o s d e n í v e l d e M e s t r a -
d o e D o u t o r a d o , avaliados pela Cordenadoria d e A p e r f e i ç o a m e n t o de
Pessoal d e Nível Superior - CAPES - c o m o nível "A" o u " B " e a s e l e ç ã o é
realizada por via d o c u m e n t a l .
N o q u e s e r e f e r e a i n d a à p ó s - g r a d u a ç ã o , foi i n c l u í d o n o final d o d o c u -
m e n t o u m a b r e v e análise d o s programas e cursos d e mestrado e d o u t o r a d o
a g r u p a d o s s o b a d e n o m i n a ç ã o d e "profissões da saúde".
A p e s a r d e a u t o r i z a d o p e l a n o v a C o n s t i t u i ç ã o , a t é h o j e n ã o foi r e g u l a -
m e n t a d o o " s e r v i ç o civil o b r i g a t ó r i o " . A s t e n t a t i v a s d e e n c a m i n h a m e n t o d e s -
ta q u e s t ã o n ã o s e c o n c r e t i z a r a m , e n c o n t r a n d o resistência n o m e i o e s t u d a n -
til. O a s s u n t o t e n d e a ficar e s q u e c i d o , n e s t e m o m e n t o , f a c e à i n e x i s t ê n c i a d e
opinião consensual sobre o problema.
A a n á l i s e d a o f e r t a d e e m p r e g o s p e l a s i n s t i t u i ç õ e s d e s a ú d e , a partir d e
1 9 8 7 , foi p r e j u d i c a d a , e m p a r t e , p e l a e x c l u s ã o d e d a d o s d e r e c u r s o s h u m a -
n o s n o " I n q u é r i t o s o b r e A s s i s t ê n c i a M é d i c o - S a n i t á r i a " , d e s e n v o l v i d o p e l o Ins-
tituto B r a s i l e i r o d e G e o g r a f i a e Estatística. M u i t o s d a d o s f o r a m o b t i d o s c o m
o Sistema d e Informações d e Recursos H u m a n o s , da C o o r d e n a ç ã o Geral d e
D e s e n v o l v i m e n t o d e Recursos H u m a n o s para o SUS, d o Ministério da S a ú d e
e n o s C o n s e l h o s Profissionais.
A l g u m a s t e n d ê n c i a s , n o e n t a n t o , p o d e m ser c l a r a m e n t e o b s e r v a d a s . A 1
p a r t i c i p a ç ã o f e m i n i n a na f o r ç a d e t r a b a l h o e m s a ú d e c o n t i n u a a u m e n t a n d o .
N o p e r í o d o 7 0 / 8 0 , a p a r t i c i p a ç ã o f e m i n i n a c r e s c e u d e 4 0 p a r a 6 0 % d o total
d a FTS. E s s e p r o c e s s o r e p e r c u t e f o r t e m e n t e n o n í v e l d e r e m u n e r a ç ã o dos
profissionais, pois, historicamente, a m ã o d e o b r a feminina t e m sido m e n o s
remunerada relativamente.
MÉDICOS
Formação
Graduação
TABELA 1
Fonte: MEC.
TABELA 2
Distribuição d e Cursos d e M e d i c i n a S e g u n d o a D e p e n d ê n c i a da
Instituição M a n t e n e d o r a , Brasil, 1 9 9 0
Fonte: SIRH/CGDRH-SUS/MS.
GRÁFICO 1
D i p l o m a d o s e m M e d i c i n a , Brasil, 1 9 7 3 / 1 9 8 9
• e s t r u t u r a c u r r i c u l a r inflexível c o m p o u c a s disciplinas o p c i o n a i s ;
• m e t o d o l o g i a d e ensino b a s e a d a na transmissão d o c o n h e c i m e n t o , o n d e é
importante a memorização d a i n f o r m a ç ã o e a v a l i a ç ã o feita a t r a v é s de
exames teóricos;
• e n t r a d a tardia d e e s t u d a n t e s n o s s e r v i ç o s d e s a ú d e , c o m s e p a r a ç ã o clara
entre os ciclos básico e clínico. O ciclo básico c o m duração de aproxima-
d a m e n t e c i n c o semestres é essencialmente teórico e d a d o por professo-
res q u e n ã o t r a b a l h a m n o r m a l m e n t e na c l í n i c a . O c i c l o profissional c o n -
siste d e disciplinas q u e correspondem às e s p e c i a l i d a d e s clínicas e c i -
r ú r g i c a s e a s " c h a m a d a s " á r e a s b á s i c a s ( M e d i c i n a I n t e r n a , P e d i a t r i a , Cirur-
gia e G i n e c o - O b s t e t r í c i a ) . O i n t e r n a t o , p a r t e o b r i g a t ó r i a d o c i c l o profissio-
n a l , p o d e ser f e i t o e m r o d í z i o n a s q u a t r o á r e a s b á s i c a s c i t a d a s ;
• prática intra-hospitalar, onde o ciclo clínico é predominantemente
d e s e n v o l v i d o , c o n t r i b u i n d o assim para u m maior d i r e c i o n a m e n t o à m e d i -
cina individual e curativa, à especialização p r e c o c e d o estudante e favore-
c e n d o ainda os p r o c e d i m e n t o s diagnósticos e terapêuticos sofisticados;
Condições de Ingresso
TABELA 3
Fonte: SIRH/CCDRH-SUS/MS.
• Pós-Graduação
A l é m d a p ó s - g r a d u a ç ã o stricto sensu, c o m o o m e s t r a d o e o d o u t o r a d o ,
a á r e a m é d i c a d e s e n v o l v e u f o r t e m e n t e o s c u r s o s d e e s p e c i a l i z a ç ã o e a resi-
d ê n c i a m é d i c a (lato sensu).
E s p e c i a l i d a d e s Médicas/Residência Médica
Fonte: CNRM.
GRÁFICO 3
E v o l u ç ã o dos Médicos-Residentes Registrados na C N R M ,
por Especialidade, 1981/1992
Fonte: CNRM.
Exercício Profissional
TABELA 4
S a l á r i o Inicial d a C a r r e i r a d e M é d i c o e m A l g u n s Ó r g ã o s P ú b l i c o s , Brasil,
1993
Fonte: FENAM.
A estrutura sindical d o s m é d i c o s é c o n s t i t u í d a p o r 4 5 e n t i d a d e s s i n d i -
cais, a g r u p a d a s n a F e d e r a ç ã o N a c i o n a l d o s M é d i c o s . Esses s i n d i c a t o s c o n -
tam c o m 69.000 associados, representando aproximadamente 3 0 % dos m é -
dicos e m atividade. D e n t r e esses sindicatos 20 r e p r e s e n t a m bases estaduais
e 2 5 , bases municipais.
• Registro de estrangeiros
O s m é d i c o s e s t r a n g e i r o s q u e e s t e j a m n o país p a r a e s t u d o , s o b s u p e r v i -
s ã o e o r i e n t a ç ã o , n ã o e s t ã o o b r i g a d o s a o registro n o s C o n s e l h o s Regionais
d e M e d i c i n a , n ã o estando assim, "autorizado o u habilitado a o exercício regu-
lar d a profissão", n o s t e r m o s d a R e s o l u ç ã o 8 0 6 d e 2 9 . 0 7 . 1 9 7 7 , d o C F M . I d ê n -
tico tratamento é d a d o para os m é d i c o s estrangeiros c o n v i d a d o s para atos
m é d i c o s d e d e m o n s t r a ç ã o d i d á t i c a , p o r u n i v e r s i d a d e s , ó r g ã o s oficiais o u e n -
t i d a d e s científicas.
N o c a s o d o m é d i c o e s t r a n g e i r o a s i l a d o p o l í t i c o o u territorial, admite-se,
c o m b a s e na R e s o l u ç ã o 1.244 d e 8 . 8 . 1 9 7 7 , sua i n s c r i ç ã o n o s C o n s e l h o s R e -
g i o n a i s d e M e d i c i n a e o e x e r c í c i o regular d a p r o f i s s ã o , d e s d e q u e c o m p r o v a ¬
d a a c a p a c i d a d e profissional, p e l o s ó r g ã o s d e e n s i n o , e a c o n d i ç ã o d o asilo,
p e l o Ministério d a Justiça.
O s d i p l o m a s o u c e r t i f i c a d o s e x p e d i d o s p o r e s c o l a m é d i c a n o exterior
necessitam ser revalidados por instituição de ensino credenciada pelo
M i n i s t é r i o d a E d u c a ç ã o . Este p r o c e d i m e n t o s e a p l i c a a o s e s t r a n g e i r o s ou
brasileiros, s e g u n d o R e s o l u ç ã o d o C o n s e l h o Federal d e E d u c a ç ã o .
Oferta/Demanda
O s m é d i c o s e m a t i v i d a d e , e m t o d o o Brasil, s o m a m 2 0 8 . 9 6 6 , c o m u m a
participação feminina de apenas 2 9 % . O Sudeste tem mais da m e t a d e de
t o d o s os m é d i c o s e m atividade ( 6 1 , 5 % ) , a o passo q u e a Região A m a z ô n i c a
e t o d o o N o r t e d o p a í s é e x t r e m a m e n t e c a r e n t e d e profissionais. O N o r t e e
o N o r d e s t e t ê m três v e z e s m e n o s m é d i c o s , p o r 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s , q u e o
Sudeste.
TABELA 5
Fonte: CFM.
O c r e s c i m e n t o d o s e m p r e g o s d o s m é d i c o s , n o p e r í o d o 8 1 / 8 7 , foi d e
3 4 , 3 9 % e m t o d o o país. A m e n o r taxa, 7 , 4 5 % , foi registrada p e l a região
Sudeste.
U m a d a s t e n d ê n c i a s v e r i f i c a d a s n o p e r í o d o 8 1 / 8 7 foi o c r e s c i m e n t o d o
e m p r e g o n o setor público. O n ú m e r o d e postos d e trabalho m é d i c o t e v e u m
c r e s c i m e n t o d e 1 6 , 5 6 % . Essa p a r t i c i p a ç ã o d o s e t o r p ú b l i c o n o m e r c a d o d e
trabalho ainda é na esfera federal, p o r e m c o m progressivo a u m e n t o relativo
dos setores estaduais e municipais .
F o n t e : AMS/IBGE.
GRÁFICO 4
Fonte: AMS/IBGE.
TABELA 7
F o n t e : AMS/IBCE.
GRÁFICO 5
P a r t i c i p a ç ã o P e r c e n t u a l d o s três N í v e i s d o S e t o r P ú b l i c o e m R e l a ç ã o a o T o
tal d e E m p r e g o s d e M é d i c o , Brasil, 1 9 8 1 / 1 9 8 7
Fonte: AMS/IBCE
P E S S O A L DE ENFERMAGEM
Formação
• Graduação
A e n f e r m a g e m m o d e r n a n o Brasil t e v e s e u m o m e n t o inicial c o m a c r i a -
ção, e m 1923, da Escola d e Enfermagem d o D e p a r t a m e n t o N a c i o n a l d e S a ú -
d e Pública (hoje Escola A n a Néri, da UFRJ), c o m recursos da F u n d a ç ã o R o c ¬
kefeller e e n f e r m e i r a s a m e r i c a n a s c o m o f u n d a d o r a s . 1 1
TABELA 8
Fonte SIRH/CGDRH-SUS/MS.
O s m e c a n i s m o s d e i n g r e s s o s ã o o s m e s m o s p a r a t o d o s o s c u r s o s d e ní-
v e l s u p e r i o r , o u seja, p r o v a s s e l e t i v a s p ú b l i c a s , p a r a as q u a i s c o n c o r r e m o s
estudantes concluintes do 2 o
grau.
N o período 87/90 os cursos d e enfermeiro tiveram u m incremento no
n ú m e r o de vagas, associado, no entanto, à pequena, mas constante, redução
na relação entre os candidatos cuja 1 a
o p ç ã o foi esta, e o n ú m e r o d e v a g a s
ofertadas.
TABELA 9
Fonte: SIRH/CCDRH-SUS/MS.
T A B E L A 10
Fonte: SIRH/CGDRH-SUS/MS.
O c o n t e ú d o m í n i m o dos cursos d e e n f e r m a g e m , b e m c o m o sua dura-
ção, estão definidos pelo C o n s e l h o Federal d e E d u c a ç ã o através d o P a r e c e r
1 6 3 / 7 2 e R e s o l u ç ã o 0 4 / 7 2 . C o n s t i t u i n d o - s e d e três p a r t e s - pré-profissional,
t r o n c o profissional e h a b i l i t a ç õ e s , o c u r s o d e e n f e r m a g e m d e v e ter c a r g a h o -
rária m í n i m a d e 2 . 5 0 0 a 3 . 0 0 0 h o r a s , i n t e g r a l i z a d o s n o p e r í o d o d e 4 a 6
a n o s letivos.
A s habilitações possíveis, s e g u n d o o parecer, são a e n f e r m a g e m m é d i ¬
co-cirúrgica, a e n f e r m a g e m o b s t é t r i c a o u o b s t e t r í c i a e a e n f e r m a g e m d e s a ú -
d e pública, a l é m da licenciatura facultativa a p ó s o t é r m i n o d o t r o n c o profis-
sional.
A estrutura c u r r i c u l a r v i g e n t e acha-se s o b s e v e r a crítica d o s ó r g ã o s r e p -
r e s e n t a t i v o s d a e n f e r m a g e m q u e , a t r a v é s d a A s s o c i a ç ã o Brasileira d e E n f e r -
m a g e m , elaboraram nova proposta para o currículo m í n i m o 1 2
.
A m e s m a i n f l u ê n c i a sofrida p e l a e s c o l a m é d i c a r e p e r c u t i u n a f o r m a ç ã o
d o s e n f e r m e i r o s . A s s i m , a ê n f a s e na a t e n ç ã o individual-curativa e a p o u c a uti-
lização da epidemiologia t e m sido a tônica d o s cursos. O u t r o p o n t o a rele-
v a r é a m a s s i v a u t i l i z a ç ã o d e bibliografia d e o r i g e m a m e r i c a n a e a q u a s e a u -
sência d e material nacional.
D a d o s d e 1983 r e v e l a m a existência d e 115 cursos d e T é c n i c o s d e E n -
f e r m a g e m e 1 4 5 d e Auxiliar d e E n f e r m a g e m . G r a n d e p a r t e d e s s e s c u r s o s e s -
t a v a m l o c a l i z a d o s na R e g i ã o S u d e s t e e e r a m d e n a t u r e z a p r i v a d a .
• Pós-Graduação
O n ú m e r o d e c u r s o s d e p ó s - g r a d u a ç ã o stricto sensu voltados especifi-
c a m e n t e p a r a a á r e a d e e n f e r m a g e m , n o país, a i n d a é r e d u z i d o . A t é 1 9 8 9 a
C A P E S tinha c r e d e n c i a d o 11 c u r s o s , s e n d o q u a t r o d e d o u t o r a d o . O u t r o s d e z
cursos (cinco d e d o u t o r a d o ) estão e m avaliação, neste m o m e n t o .
Exercício Profissional
Oferta/Demanda
A d i s t r i b u i ç ã o d o s profissionais d e e n f e r m a g e m n a s d i v e r s a s r e g i õ e s d o
p a í s é b a s t a n t e irregular, c o m g r a n d e c o n c e n t r a ç ã o n o S u d e s t e , q u e a p r e s e n -
ta u m a r e l a ç ã o p o r 1 0 . 0 0 0 0 h a b i t a n t e s três v e z e s s u p e r i o r às R e g i õ e s N o r t e
e Nordeste.
T A B E L A 11
F o n t e : COFEN.
E v o l u ç ã o d o s P o s t o s d e T r a b a l h o d e E n f e r m e i r o s , S e g u n d o as R e g i õ e s ,
Brasil, 1 9 8 1 / 1 9 8 7
Fonte: AMS/IBCE.
GRÁFICO 7
Fonte: AMS/IBCE.
O p e s s o a l d e e n f e r m a g e m , n a s u a g r a n d e m a i o r i a , é e m p r e g a d o e assa-
lariado, s e n d o o c o n t i n g e n t e d e a u t ô n o m o s insignificante.
ODONTÓLOGOS
Formação
• Graduação
C o n s i d e r a d o c o m o nível superior e m 1879, o primeiro curso d e O d o n -
t o l o g i a foi e m e f e t i v a m e n t e r e c o n h e c i d o e m 1 8 8 4 , a n e x o à F a c u l d a d e de
M e d i c i n a d o Rio d e Janeiro. O ritmo e o processo d e criação e instalação d e
n o v o s c u r s o s d e O d o n t o l o g i a n ã o p a r e c e m ter s e a s s o c i a d o a n e n h u m fator
d e m o g r á f i c o o u d e p o l í t i c a e d u c a c i o n a l , m a s a o s fatores d e n a t u r e z a d e polí-
tica l o c a l , o u e c o n ô m i c a .
T A B E L A 12
Fonte: MEC.
O s 8 1 c u r s o s d e O d o n t o l o g i a e m f u n c i o n a m e n t o distribuem-se d e s i -
g u a l m e n t e n o país, c o m m a r c a d a c o n c e n t r a ç ã o n o s e s t a d o s d a r e g i ã o S u d e s -
t e , e s p e c i a l m e n t e p o r p a r t e d a s instituições p r i v a d a s .
T A B E L A 13
Fonte: SIRH/CCDRH-SUS/MS.
Considerando-se q u e , desde 1987, o n ú m e r o d e candidatos a o curso
d e Odontologia t e m se mantido e m torno d e 100.000, a relação candida-
t o / v a g a m e l h o r o u u m p o u c o , p o i s as v a g a s a u m e n t a r a m 1 2 , 5 % n o p e r í o d o .
T A B E L A 14
Fonte: SIRH/CGDRH-SUS/MS.
• Pós-Craduação
O Conselho Federal d e Odontologia, através da Resolução 181 de
0 6 . 0 6 . 1 9 9 2 , d i s c i p l i n o u a e s p e c i a l i z a ç ã o e m O d o n t o l o g i a , a d o t a n d o as d e c i -
sões da I Assembléia Nacional d e Especialidades O d o n t o l ó g i c a s , realizada
e m abril d e 1 9 9 2 .
O s requisitos p a r a o registro e i n s c r i ç ã o , c o m o e s p e c i a l i s t a , d o c i r u r ¬
gião-dentista s ã o , a s s i m , o s s e g u i n t e s :
- título d e livre d o c e n t e , d o u t o r a d o o u m e s t r a d o , na á r e a d a e s p e c i a l i d a d e ;
A s e s p e c i a l i d a d e s a d m i t i d a s , e m n ú m e r o d e 1 4 , s ã o as s e g u i n t e s : cirur-
gia e t r a u m a t o l o g i a buco-maxilo-faciais; d e n t í s t i c a r e s t a u r a d o r a ; e n d o d o n t i a ;
odontologia legal; odontologia e m saúde coletiva; odontopediatria; o r t o d o n -
tia; p a t o l o g i a b u c a l ; p e r i o d o n t i a ; p r ó t e s e buco-maxilo-facial; p r ó t e s e d e n t á r i a ;
radiologia; implantologia; estomatologia.
A t é 1989 a CAPES tinha c r e d e n c i a d o 52 cursos d e mestrado e doutora-
d o . A t u a l m e n t e , outros 33 cursos estão sob avaliação. A imensa maioria dos
cursos se localizam no Estado de S ã o Paulo.
Exercício Profissional
• Registro d e estrangeiros
O s cirurgiões-dentistas e s t r a n g e i r o s p o r t a d o r e s d e "visto t e m p o r á r i o " o u
" r e g i s t r o p r o v i s ó r i o " p o d e r ã o , d u r a n t e s u a e s t a d i a n o Brasil, trabalhar com
inscrição profissional provisória.
N o c a s o d o s e s t r a n g e i r o s d i p l o m a d o s n o Brasil, n o r e g i m e d e c o n v e -
nio-cultural, as n o r m a s s ã o m a i s restritivas ( R e s o l u ç ã o 13 d e 9 . 1 2 . 1 9 6 7 ) .
Oferta/Demanda
N a última d é c a d a , o c r e s c i m e n t o d e i n s c r i ç õ e s d e cirurgiões-dentistas
nos C o n s e l h o s Regionais d e O d o n t o l o g i a a u m e n t o u 5 1 % e m t o d o o país. A
Região N o r d e s t e teve, relativamente, o m e n o r incremento ( 4 4 % ) e, a o lado
d a R e g i ã o N o r t e t e m q u a t r o a c i n c o v e z e s m e n o s profissionais q u e o S u l e o
Sudeste.
T A B E L A 15
D i s t r i b u i ç ã o d o s Cirurgiões-dentistas Inscritos n o s C o n s e l h o s R e g i o n a i s d e
O d o n t o l o g i a , p o r R e g i õ e s , Brasil, 1 9 8 1 / 1 9 9 2
Fonte: CFO.
E v o l u ç ã o d o s P o s t o s d e T r a b a l h o p a r a O d o n t ó l o g o s , p o r R e g i ã o , Brasil,
1981/1987
Fonte: AMS/IBCE.
GRÁFICO 9
8.000 T
Fonte: AMS/IBCE.
O s profissionais d e n í v e l m é d i o registrados n o s C o n s e l h o s R e g i o n a i s d e
O d o n t o l o g i a a l c a n ç a m apenas 1 2 % da força d e trabalho e m Odontologia,
e x p r e s s a n d o g r a n d e debilidade nessa c o m p o s i ç ã o .
T A B E L A 16
Fonte: CFO.
OUTRAS PROFISSÕES
T A B E L A 18
D i s t r i b u i ç ã o d e P r o f i s s i o n a i s d e S a ú d e Inscritos n o s C o n s e l h o s Profissionais,
p o r R e g i õ e s , p o r 1 0 . 0 0 0 H a b i t a n t e s , Brasil, 1 9 9 2
A r e d e p a r t i c u l a r d e e n s i n o mostra-se c o m g r a n d e p r e d o m í n i o n a o f e r t a
d e c u r s o s p a r a a f o r m a ç ã o d e p s i c ó l o g o s , f o n o a u d i ó l o g o s , assistentes s o c i a i s
e fisioterapeutas. O s cursos d e f o r m a ç ã o d e m é d i c o s veterinários t e m u m a
s i t u a ç ã o o p o s t a , c o m 7 1 , 4 % e m instituições p ú b l i c a s d e e n s i n o .
D a m e s m a f o r m a q u e a d i s t r i b u i ç ã o d o s profissionais, a o f e r t a d e c u r -
s o s t a m b é m está c o n c e n t r a d a n a R e g i ã o S u d e s t e .
T A B E L A 19
PÓS-GRADUAÇÃO
D e n t r o d e u m sistema universitário m a r c a d o p o r g r a v e s d e f i c i ê n c i a s , a
p ó s - g r a d u a ç ã o n o Brasil t e m s i d o c o n s i d e r a d a c o m o u m s e t o r b e m - s u c e d i -
do 1 4
, " e m b o r a c o n s t i t u a u m s e t o r restrito e esteja m u i t o d e s i g u a l m e n t e distri-
b u í d a e n t r e as instituições d e e n s i n o superior".
O s d a d o s disponíveis estão agregados sob a área "profissões da s a ú d e "
q u e c o m p r e e n d e : e d u c a ç ã o física, e n f e r m a g e m , f a r m á c i a , fonoaudiologia,
m e d i c i n a ( a d m i n i s t r a ç ã o d a s a ú d e , alergia e i m u n o l o g i a , a n e s t e s i o l o g i a , an¬
giologia, c a r d i o l o g i a , cirurgia m é d i c a , c l i n i c a g e r a l , d e r m a t o l o g i a , d o e n ç a s i n -
f e c c i o s a s e parasitárias, e n d o c r i n o l o g i a , g a s t r o e n t e r o l o g i a , g i n e c o l o g i a e o b s -
tetrícia, h e m a t o l o g i a , m e d i c i n a p r e v e n t i v a e s o c i a l , n e f r o l o g i a , neurologia,
nutrologia, oftalmologia ortopedia e traumatologia, otorrinolaringologia, pa-
tologia, p e d i a t r i a , p n e u m o l o g i a , psiquiatria, r a d i o l o g i a , r e u m a t o l o g i a , u r o l o -
gia), n u t r i ç ã o e o d o n t o l o g i a .
E m s e u c o n j u n t o , o s d a d o s e séries i n d i c a m u m a t e n d ê n c i a a o c r e s c i -
m e n t o . A c o n c e n t r a ç ã o d o s c u r s o s na á r e a p ú b l i c a faz u m c o n t r a p o n t o c o m
a graduação, q u e tem no setor privado parcela importante d e seus cursos. A
Região Sudeste, mais até q u e a graduação o u a residência médica, c o n c e n -
tra a i m e n s a m a i o r i a d o s c u r s o s , t a n t o d e m e s t r a d o c o m o d o u t o r a d o . O nú-
m e r o d e bolsas c o n c e d i d a s a l c a n ç a a p r o x i m a d a m e n t e a m e t a d e d o s a l u n o s
novos.
T A B E L A 20
D i s t r i b u i ç ã o d o s C u r s o s e d o s A l u n o s Inscritos n o s C u r s o
de Pós-graduação, nas P r o f i s s õ e s d a S a ú d e , Brasil, 1 9 8 9
F o n t e : CAPES.
GRAFICO 10
F o n t e : CAPES.
T A B E L A 21
D i s t r i b u i ç ã o P e r c e n t u a l d o s A l u n o s V i n c u l a d o s a o s P r o g r a m a s d e Pós-gra-
d u a ç ã o das Profissões d a S a ú d e , por R e g i ã o e Nível d o C u r s o , Brasil, 1989
G R Á F I C O 11
Fonte: CAPLS.
GRÁFICO 12
Distribuição dos Alunos d e D o u t o r a d o nos Cursos das Profissões da S a ú d e ,
Brasil, 1 9 8 6 / 1 9 9 0
L E G I S L A Ç Ã O S O B R E R E G U L A M E N T A Ç Ã O D O EXERCÍCIO
PROFISSIONAL E CRIAÇÃO D O S CONSELHOS D A S
PROFISSÕES DA SAÚDE
dentistas.
fonoaudiólogo.
INTRODUÇÃO
E m b o r a h e t e r o g ê n e a s e d i s p e r s a s , as i n f o r m a ç õ e s a q u e s e t e m a c e s s o
n o U r u g u a i sobre a disponibilidade, a distribuição e o a p r o v e i t a m e n t o d e re-
c u r s o s h u m a n o s p a r a a s a ú d e r e f l e t e m a e v o l u ç ã o histórica d o m o d e l o de
atenção predominante n u m quadro demográfico, e c o n ô m i c o e político c o m
algumas características próprias e outras c o m u n s a o s países latino-america-
nos.
R e s u m i d a m e n t e , pode-se d i z e r q u e o p a í s a d o t o u u m m o d e l o c o m for-
te i n f l u ê n c i a d a m e d i c a l i z a ç ã o e d a s u p e r e s p e c i a l i z a ç ã o p a r a u m a popula-
ç ã o escassa, e n v e l h e c i d a e c o m m a r c a n t e t e n d ê n c i a a o e m p o b r e c i m e n t o .
A s políticas d e r e c u r s o s h u m a n o s , n o q u e s e r e f e r e m a o t i p o , à q u a l i d a -
d e e à necessidade d e pessoal, n e m sempre são conjuntas e c o m b i n a d a s e n -
tre o s o r g a n i s m o s d i r e t o r e s , e m p r e g a d o r e s e f o r m a d o r e s , e a l g u m a s v e z e s
e n c o n t r a r a m resistências p o r p a r t e d a p o p u l a ç ã o . U m e x e m p l o d i s s o foi a
p r e s s ã o e x e r c i d a p a r a a n u l a r as m e d i d a s d e l i m i t a ç ã o d e v a g a s n a u n i v e r s i d a ¬
d e e o c o n s e q ü e n t e a u m e n t o d o n ú m e r o d e matriculados, apesar d o ampio
r e c o n h e c i m e n t o d e q u e o m e r c a d o d e trabalho era c a d a v e z mais reduzido.
Essa mão-de-obra e m c r e s c i m e n t o inclui u m n ú m e r o m u i t o e l e v a d o d e
profissionais específicos d e s a ú d e , q u e c o n s t i t u e m u m s e g m e n t o importante
d o m e r c a d o d e trabalho.
Existe u m a ú n i c a U n i v e r s i d a d e p ú b l i c a n o U r u g u a i , q u e d a t a d e m e a -
d o s d o século X I X e q u e c o n t a c o m Faculdades e Escolas. A universidade
p a r t i c u l a r foi c r i a d a h á p o u c o t e m p o e t e m e s c a s s a v i n c u l a ç ã o c o m o c a m p o
da saúde.
S e g u n d o d a d o s e x t r a í d o s d a Dirección General de Estadísticas y Censo
( D G E C ) , a v e l o c i d a d e d o c r e s c i m e n t o d a s m a t r í c u l a s universitárias é m u i t o s u -
perior a o c r e s c i m e n t o d a p o p u l a ç ã o d o país: para o p e r í o d o 1976-1984, por
e x e m p l o , c o m u m c r e s c i m e n t o z e r o d a p o p u l a ç ã o , duplicou-se o n ú m e r o d e
matrículas universitárias.
Esse forte c r e s c i m e n t o mostra características diferentes nas F a c u l d a d e s
e n a s E s c o l a s u n i v e r s i t á r i a s : as p r i m e i r a s m o s t r a r a m p e q u e n o a u m e n t o no
número de matriculados, ao passo que n a s últimas o aumento foi bem
m a i o r . M u i t o s f a t o r e s p o d e m ter i n f l u e n c i a d o e s s e f e n ô m e n o - tais c o m o ,
entre outros, a proliferação d e cursos curtos n u m m e r c a d o d e trabalho redu-
z i d o , o s e x a m e s vestibulares nas F a c u l d a d e s o u a limitação d e vagas nos
anos d e 1982 e 1983.
A e v o l u ç ã o histórica m o s t r a q u e a o r i g e m d a m a i o r p a r t e d o s a l u n o s é
u r b a n a , o q u e r e f l e t e a d i n â m i c a m i g r a t ó r i a d a p o p u l a ç ã o d o país.
A maioria dos f o r m a d o s p e r t e n c e a o sexo feminino, especialmente n o
setor s a ú d e , fato r e l a c i o n a d o à u r b a n i z a ç ã o , às m u d a n ç a s das atribuições so-
ciais d o h o m e m e d a mulher e à d e t e r i o r a ç ã o e c o n ô m i c a , q u e obriga a m u -
lher a preparar-se p a r a a t i v i d a d e s profissionais n ã o - d o m é s t i c a s ( T a b e l a 1).
TABELA 1
N ú m e r o d e Egressos da U n i v e r s i d a d e U r u g u a i , 1 9 8 9
Mercado de T r a b a l h o p a r a Profissionais de S a ú d e
O f e n ô m e n o m u n d i a l d e c r e s c i m e n t o d a mão-de-obra e m p r e g a d a no
setor t e r c i á r i o e , d e n t r o d e s t e , m a j o r i t a r i a m e n t e , n o s e t o r s a ú d e , verifica-se
t a m b é m n o U r u g u a i . E m b o r a o a c e s s o às i n f o r m a ç õ e s utilizadas p e l a D C E C
seja restrito, é p o s s í v e l c a l c u l a r a e v o l u ç ã o d o s e t o r a t r a v é s d a s t a b e l a s d o s
C e n s o s E c o n ô m i c o s N a c i o n a i s d e 1978 e 1988, apresentadas na T a b e l a 2.
Tabela 2
N ú m e r o d e Profissionais e m S e r v i ç o s d e A t e n ç ã o M é d i c a *
Uruguai, 1978 e 1988
MÉDICOS
Graduação
A f o r m a ç ã o b á s i c a d e m é d i c o s é feita na F a c u l d a d e d e M e d i c i n a c r i a d a
e m 1 8 7 5 , q u e o u t o r g a o título d e " D o u t o r e m M e d i c i n a " .
U m a v e z f i n a l i z a d o o n í v e l s e c u n d á r i o d a e d u c a ç ã o , o ingresso d o a l u -
n o na F a c u l d a d e é feito p o r m e i o d e i n s c r i ç ã o a n u a l ; n ã o s e c o b r a m a t r í c u l a
e a t u a l m e n t e i n e x i s t e m e x a m e s d e a d m i s s ã o o u limite d e v a g a s . N ã o o b s t a n -
t e , o b s e r v a - s e u m d e c l í n i o natural n o n ú m e r o d e m a t r í c u l a s , e m contraste
c o m o a u m e n t o g l o b a l d o n ú m e r o d e e s t u d a n t e s universitários n o país.
A d u r a ç ã o da graduação é d e oito anos. Para a o b t e n ç ã o da habilitação
exige-se, d e s d e 1 9 9 1 , u m a n o d e i n t e r n a t o , d o s q u a i s u m d o s trimestres é
r e a l i z a d o n o interior d o p a í s .
O s p r o g r a m a s c u r r i c u l a r e s n ã o s ã o e s t á t i c o s , e a t u a l m e n t e tenta-se r e -
verter a t e n d ê n c i a biologicista e hierarquizar a relação médico-paciente, c o m
a i n s e r ç ã o d o e s t u d a n t e na c o m u n i d a d e , d e s e n v o l v e n d o - s e , a o l o n g o d a c a r -
reira, o s a s p e c t o s p s i c o s s o c i a i s e m q u e tal r e l a ç ã o i m p l i c a .
V á r i a s i n s t i t u i ç õ e s p a r t i c i p a m da f o r m a ç ã o p r á t i c a d o s m é d i c o s : a uni-
v e r s i d a d e , o Ministério da S a ú d e Pública e, e m alguns casos, o M u n i c í p i o d e
M o n t e v i d é u . A F a c u l d a d e d e M e d i c i n a é responsável pela c o n c e p ç ã o , elabo-
r a ç ã o e a v a l i a ç ã o d o s c u r s o s , a o p a s s o q u e as d e m a i s instituições a s s e g u r a m
u m local para prática e c o l a b o r a m c o m o ensino f a v o r e c e n d o a f o r m a ç ã o d e
recursos humanos.
Põs-Graduação
A E s c o l a d e P ó s - G r a d u a ç ã o c r i a d a e m 1 9 5 3 é a r e s p o n s á v e l p e l o s cur-
s o s d e e s p e c i a l i z a ç ã o m é d i c a a t r a v é s d a s C á t e d r a s e D e p a r t a m e n t o s d a Fa-
c u l d a d e d e M e d i c i n a , o u t o r g a n d o o título d e "Especialista".
E m 1 9 8 3 , as e s p e c i a l i d a d e s e r a m 4 4 ; a t u a l m e n t e e x i s t e m v á r i a s o u t r a s
e m trâmite d e r e c o n h e c i m e n t o formal. A distribuição d o s m é d i c o s e m ativi-
d a d e por especialidade para os anos d e 1974 e 1992 é apresentada na Ta-
b e l a 3.
TABELA 3
1) C u r s o s e R e s i d ê n c i a s
O a c e s s o a o s c u r s o s s e realiza m e d i a n t e livre i n s c r i ç ã o a n u a l o u b i a -
n u a l , d e p e n d e n d o d a e s p e c i a l i d a d e . A f r e q ü ê n c i a às a u l a s t e ó r i c a s e p r á t i c a s
é diária, e m g e r a l c o m a o b r i g a t o r i e d a d e d e 12 o u 2 4 h o r a s s e m a n a i s . Exis-
t e m t a m b é m r e g i m e s e s p e c i a i s d e f r e q ü ê n c i a p a r a m é d i c o s d o interior d o
país.
A C o m i s s ã o N a c i o n a l d e Residências M é d i c a s , criada p o r Lei N a c i o n a l
em 1 9 8 3 , é e n c a r r e g a d a d e administrar o P r o g r a m a d e Residências. C a d a
a n o , m e d i a n t e c o n c u r s o , ingressam c e m n o v o s residentes e d e z C h e f e s d e
R e s i d ê n c i a . E m a l g u m a s e s p e c i a l i d a d e s , c o m o , p o r e x e m p l o , a cirurgia g e r a l ,
o ingresso é limitado exclusivamente à residência correspondente.
A o b t e n ç ã o d o título d e e s p e c i a l i s t a p e l a v i a d e n o t ó r i a competência
o u a t u a ç ã o d o c u m e n t a d a exige a apresentação d e d o c u m e n t a ç ã o q u e c o m -
p r o v e e s s e f a t o e o p a r e c e r d e c o m i s s õ e s d e assessoria p e r t e n c e n t e s à E s c o -
la d e P ó s - G r a d u a ç ã o .
Participação d e Estrangeiros na F o r m a ç ã o
D e m o g r a f i a Médica
a) N ú m e r o e Distribuição Geográfica
D e s d e fins d o s é c u l o p a s s a d o o U r u g u a i c o n t a c o m u m a alta o f e r t a d e
m é d i c o s , e m c o m p a r a ç ã o c o m o resto d a A m é r i c a Latina. E m 1 8 8 9 e x i s t i a m
7 m é d i c o s p a r a 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s ; v i n t e a n o s d e p o i s , e m 1 9 0 8 , a taxa e l e v a -
ra-se p a r a 8 m é d i c o s p a r a 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s ( R i a l , 1 9 8 3 ; R i g o l i , 1 9 9 1 ) . A
e v o l u ç ã o d o s ú l t i m o s a n o s p o d e ser o b s e r v a d a n a T a b e l a 4 .
TABELA 4
U m a u m e n t o m u i t o significativo n o n ú m e r o d e e g r e s s o s d a Faculdade
d e M e d i c i n a a partir d a d é c a d a d e 7 0 , a d i m i n u i ç ã o d a i m i g r a ç ã o m é d i c a e a
e s t a b i l i d a d e n u m é r i c a d a p o p u l a ç ã o d o país f i z e r a m c o m q u e e m 3 0 a n o s
triplicasse o n ú m e r o d e m é d i c o s p a r a 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s .
Diferentes estimativas técnicas da d o t a ç ã o ideal d e recursos médicos
n e c e s s á r i o s p a r a assistir e f i c a z m e n t e u m a p o p u l a ç ã o v a r i a m e n t r e 8 e 13
m é d i c o s p a r a c a d a 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s ( S c h o n f e l d , O P A S , 1 9 7 3 ) . Existe n o U r u -
guai, por conseguinte, u m a i m p o r t a n t e s u p e r o f e r t a d e m é d i c o s . Esse fato
terá diversas manifestações n o m e r c a d o d e trabalho e repercutirá d e forma
importante no Sistema Nacional d e Saúde.
A a n á l i s e d a d i s p o n i b i l i d a d e d e m é d i c o s p o r r e g i ã o m o s t r a u m a nítida
d i f e r e n ç a d a situação e m M o n t e v i d é u e n o resto d o país (Tabela 4 ) :
A d i f e r e n ç a r e f l e t e a d i s t r i b u i ç ã o d e s i g u a l d e m é d i c o s n o território n a -
cional. E m M o n t e v i d é u , o n d e se localizam 4 5 % da população, residem 8 0 %
d o s m é d i c o s , a o passo q u e n o resto d o país, o n d e h a b i t a m 5 5 % d o s u r u -
guaios, localizam-se a p e n a s 2 0 % d o s m é d i c o s . N o e n t a n t o , u m a política d e
r e l o c a ç ã o d o s m é d i c o s n ã o p a r e c e ser u m a s o l u ç ã o eficaz para o problema
d e superoferta d e m é d i c o s , pois, c o m o se o b s e r v a na T a b e l a 4, t a m b é m n o
interior d o país existe u m a a d e q u a d a oferta d e profissionais.
N o s ú l t i m o s 3 0 a n o s , a p o p u l a ç ã o m é d i c a registrou u m a i m p o r t a n t e fe¬
minização - e m 1962, apenas 1 4 % dos médicos eram mulheres ( S M U , 1973),
a o passo q u e e m 1 9 9 2 as m u l h e r e s já c o n s t i t u e m 4 1 % . A atual c o m p o s i ç ã o
p o r s e x o d a s matrículas universitárias permite p r e v e r q u e essa feminização
da profissão será a c e n t u a d a nos a n o s vindouros.
C o m o resultado d o sistema d e p a p é i s familiares e d o s valores culturais
imperantes, a mulher t e m participação secundária no m e r c a d o d e trabalho,
r e d u z i n d o s u a s taxas d e a t i v i d a d e e e m p r e g o . D e s s a f o r m a , a f e m i n i z a ç ã o d a
oferta d e trabalho m é d i c o contrabalança o efeito da entrada m a c i ç a d e pro-
fissionais j o v e n s n o m e r c a d o d e t r a b a l h o .
A e x p a n s ã o d o n ú m e r o d e matrículas na Faculdade d e M e d i c i n a , com
o c o n s e q ü e n t e a u m e n t o d o n ú m e r o d e f o r m a d o s , m o d i f i c o u a estrutura etá-
ria d o c o r p o m é d i c o , a u m e n t a n d o a i n c i d ê n c i a d o s e s t r a t o s m a i s j o v e n s .
A s d i f i c u l d a d e s d e e m p r e g o s ã o m a i s c r í t i c a s n a faixa etária e n t r e 2 5 e
3 9 a n o s . P o r c o n s e g u i n t e , é n e s s a faixa q u e e x i s t e u m m a i o r e s t í m u l o à s u p e ¬
respecialização e à introdução d e novas tecnologias.
G r a u d e Especialização d o s Médicos
Mercado de Trabalho
C o m o se v e r á a d i a n t e , a n o r m a d e v i n c u l a ç ã o trabalhista m é d i c a no
U r u g u a i é d e m u l t i e m p r e g o . P o r t a n t o , as c o n s i d e r a ç õ e s seguintes referem-se
a postos d e trabalho. E m geral, c a d a m é d i c o t e m vários d o s tipos d e vincula-
ç ã o jurídica aqui descritos.
N o setor público, os m é d i c o s são funcionários assalariados, r e c e b e n d o
u m salário fixo m e n s a l q u e v a r i a s e g u n d o o n í v e l h i e r á r q u i c o d o p r o f i s s i o n a l .
À s instituições d e pré-pagamento ( n o U r u g u a i , c h a m a d a s Instituciones
de Asistencia Médica Colectiva, IAMC), O médico é vinculado por meio de
d o i s m e c a n i s m o s j u r í d i c o s d i s t i n t o s : o c o n t r a t o salarial o u o c o n t r a t o d e p r e s -
tação d e serviços.
N o primeiro c a s o , existe u m a situação d e d e p e n d ê n c i a do médico à
i n s t i t u i ç ã o , e a e l e s e a p l i c a a l e g i s l a ç ã o trabalhista e o s a c o r d o s salariais. E n -
tre seus direitos, c a b e destacar: licenças, gratificação natalina, férias p a g a s ,
indenização por demissão, aposentadoria e o direito a salários-mínimos e
c o n d i ç õ e s d e t r a b a l h o fixadas p e l o s a c o r d o s salariais.
O s e g u n d o g r u p o é integrado p e l o s profissionais q u e a t u a m n a r e f e r ê n -
c i a p o r alta e s p e c i a l i z a ç ã o , m a n t e n d o , p o r isso, a p e n a s v í n c u l o s aleatórios
o u e f ê m e r o s c o m a s IAMCS. E l e s a t e n d e m p a c i e n t e s r e f e r i d o s d e v i d o a g r a u s
d e c o m p l e x i d a d e n ã o c o b e r t o s pela instituição. S e u s h o n o r á r i o s s ã o fixados
pelas s o c i e d a d e s q u e os a g r u p a m ; n ã o lhes é aplicada a legislação trabalhis-
ta, t a m p o u c o o s c o n v ê n i o s salariais. A fixação d a s tarifas é r e a l i z a d a a t r a v é s
d e critérios d i f e r e n t e s e e m o c a s i õ e s distintas d o s a c o r d o s salariais.
O s diversos sistemas d e r e m u n e r a ç ã o d o trabalho m é d i c o p o d e m ser
resumidos da seguinte forma:
1) P a g a m e n t o d e u m a tarifa p o r p a r t e d a s I A M C . Essa é a f o r m a c o m o as
IAMC freqüentemente remuneram os médicos muito especializados o u d e
referência.
2) P a g a m e n t o d e u m salário v a r i á v e l p o r c a d a a t o m é d i c o r e a l i z a d o ; a r e m u -
n e r a ç ã o final d e p e n d e r á d o n ú m e r o d e a t o s e f e t u a d o s .
3) P a g a m e n t o d e u m salário m i s t o , u m a p a r t e fixa e u m a p a r t e v a r i á v e l . C e r -
tas f u n ç õ e s s ã o p a g a s p o r h o r a e o u t r a s p o r a t o m é d i c o . Essa é a f o r m a
e s t a b e l e c i d a p e l o s a c o r d o s salariais e é a m a i s f r e q ü e n t e n a s IAMCS. A s ati-
vidades d e consultório, plantões, atendimento d e urgência e t c , são pagas
p o r hora, e as atividades esporádicas - c o m o , por e x e m p l o , i n t e r v e n ç õ e s
c i r ú r g i c a s , visitas a d o m i c í l i o e t c . - s ã o r e m u n e r a d a s p o r s e r v i ç o p r e s t a d o .
4) P a g a m e n t o d e u m salário fixo s e g u n d o o n ú m e r o m e n s a l d e h o r a s c o n -
tratadas. Esse sistema foi introduzido nos últimos a n o s nas IAMCS de
maior porte. S u a aplicação a c o m p a n h a a criação d e hierarquia médica
por especialidade o u serviço. O custo/hora d e p e n d e r á d o grau e da es-
p e c i a l i d a d e d o m é d i c o , e d o t i p o d e t r a b a l h o p o r e l e r e a l i z a d o . Esse é
t a m b é m o sistema d e p a g a m e n t o d o setor público.
N ú m e r o d e C a r g o s Médicos ( T a b e l a 5 )
N ú m e r o d e C a r g o s por Médico
R e m u n e r a ç ã o por Médico
TABELA 6
D i s t r i b u i ç ã o P e r c e n t u a l d o s M é d i c o s S e g u n d o G r u p o s Salariais
Uruguai, 1980 e 1990
N o M i n i s t é r i o d a S a ú d e P ú b l i c a d o U r u g u a i ( M S P ) existe u m a h i e r a r q u i a
d e c a r g o s d e n o v e g r a u s . O s três graus i n f e r i o r e s c o r r e s p o n d e m a o s c a r g o s
o p e r a c i o n a i s , o s três i n t e r m e d i á r i o s a c h e f i a s d e s e r v i ç o e o s três s u p e r i o r e s
à d i r e ç ã o d e hospitais o u unidades. E m t o d o s os casos cumpre-se u m horário
d e 2 4 h o r a s s e m a n a i s . O s v a l o r e s m é d i o s d a s r e m u n e r a ç õ e s e s t ã o na T a b e l a
7.
TABELA 7
V a l o r M é d i o d o s Salários S e g u n d o os Cargos
Ministério da S a ú d e Pública do Uruguai, 1991
* e m U S $ de junho de 1 9 9 1 .
N o Ministério da S a ú d e Pública uruguaio, 9 7 % dos cargos são o p e r a -
c i o n a i s , o q u e significa q u e a q u a s e t o t a l i d a d e d o s m é d i c o s d a q u e l e ó r g ã o
g a n h a m , e m média, U S $ 169 mensais.
E m outubro d e 1 9 9 1 , o conjunto d o setor privado destinou c e r c a de
U S $ 6,6 m i l h õ e s p a r a r e m u n e r a r o t r a b a l h o m é d i c o . A m é d i a p o r c a r g o foi
de U S $ 505.
D e n t r o d o setor p r i v a d o , o m a i o r e m p r e g a d o r f o r a m as l A M C s , q u e d e s -
t i n a r a m U S $ 6,4 m i l h õ e s p a r a o salário m é d i c o n o m e s m o m ê s , o q u e signifi-
ca uma remuneração média por cargo d e U S $ 515 (SMU-Serra 1992). A re-
muneração médica apresenta grandes variações, segundo a localização do
profissional e a s u a e s p e c i a l i d a d e , c o n f o r m e s e v e r i f i c a n a T a b e l a 8.
TABELA 8
E m U S $ d e 10/91
ODONTÓLOGOS
Formação
A F a c u l d a d e d e O d o n t o l o g i a é a r e s p o n s á v e l p e l a f o r m a ç ã o d e profis-
s i o n a i s e o u t o r g a o título d e " D o u t o r e m O d o n t o l o g i a " .
O curso universitário t e m d u r a ç ã o curricular d e c i n c o anos. O s progra-
m a s atuais priorizam aspectos vinculados à odontologia social nos cursos re-
gulares.
E m 1 9 9 1 , o n ú m e r o d e matriculados c h e g o u a 3.204. O n ú m e r o d e di-
p l o m a d o s mantém-se praticamente estável nos últimos a n o s ( c e r c a d e 130),
c o m franco predomínio feminino.
Aspectos Demográficos e d e M e r c a d o d e T r a b a l h o
TABELA 9
Distribuição Geográfica d e O d o n t ó l o g o s
Uruguai, 1985
ENFERMAGEM
Formação
T A B E L A 10
D i p l o m a d o s e m Escolas Universitárias
Uruguai, 1989
F o r m o u E n f e r m e i r a s U n i v e r s i t á r i a s a t é 1 9 7 4 , a n o e m q u e foi d e t e r m i n a -
d a a s u a f u s ã o f u n c i o n a l c o m a Escuela Dr. Carlos Ne/y, d e p e n d e n t e d o M i -
nistério d a S a ú d e P ú b l i c a , t e n d o r e t o r n a d o à e s f e r a universitária e m 1 9 8 5 .
O U r u g u a i , c o m o a maioria d o s países latino-americanos, possui p e q u e -
n o n ú m e r o d e e n f e r m e i r o s profissionais, p r o b l e m a a g r a v a d o p a r t i c u l a r m e n t e
pela m i g r a ç ã o para países c o m maior d e s e n v o l v i m e n t o econômico-social.
A extensão curricular da Licenciatura e m Enfermagem é d e c i n c o anos,
n ã o existindo subespecializações.
Calcula-se e m 1.700 o n ú m e r o d e e n f e r m e i r a s universitárias g r a d u a d a s
( u m a p a r a c a d a 1.700 h a b i t a n t e s ) , d a s q u a i s s o m e n t e 8 % e s t ã o r a d i c a d a s n o
interior d o p a í s .
b) Escuela d e Sanidad
D e m o g r a f í a e M e r c a d o d e T r a b a l h o ( T a b e l a 11)
T A B E L A 11
M e e r h o f f , R.: I n v e s t i g a c i ó n e n p e r s o n a l d e s a l u d . E g r e s a d o s d e la F a c u l t a d d e
M e d i c i n a d e la U n i v e r s i d a d d e la R e p ú b l i c a , U r u g u a y . Ed. Med. Salud,
vol. 21 no
3,1987.
Rial, J . : Salud Pública y clases subalternas en Montevideo a fines del siglo XIX y
comienzos del XX. C I E S U , D T / 4 3 / 8 3 . U r u g u a y , 1 9 8 3 .
S M U ( S i n d i c a t o M é d i c o d e l U r u g u a y ) : C e n s o M é d i c o N a c i o n a l . Acción Sindi-
cal, n o
93, Nov.-Dic, 1963.
INTRODUÇÃO
MERCADO DE TRABALHO
O n ú m e r o d e profissionais q u e c a d a instituição e m p r e g a t e m r e l a ç ã o
d i r e t a c o m a c o b e r t u r a q u e o f e r e c e . A s s i m , o m a i o r e m p r e g a d o r d e profis-
s i o n a i s d e s a ú d e é o M i n i s t é r i o d e S a ú d e P ú b l i c a e Bem-Estar S o c i a l , q u e
a t e n d e c e r c a d e 6 5 % da p o p u l a ç ã o . E m seguida, e m o r d e m decrescente, e n -
c o n t r a m - s e a P r e v i d ê n c i a S o c i a l , q u e s e e n c a r r e g a d o s a s s a l a r i a d o s d o país,
c o m u m a c o b e r t u r a d e 1 6 % d o t o t a l ; a P r e v i d ê n c i a Militar, q u e assiste a o s
m i l i t a r e s e s u a s famílias e a t u a n a s e m e r g ê n c i a s n a c i o n a i s , o f e r e c e n d o uma
cobertura d e 1 0 % ; o Hospital d e Clínicas, entidade d o c e n t e d e graduação e
pós-graduação da Universidade Nacional d e Assunção, q u e atende a 2 % da
p o p u l a ç ã o , e outras instituições m e n o r e s e as e m p r e s a s particulares d e a t e n -
ç ã o q u e s e e n c a r r e g a m d e 7 % d a c o b e r t u r a total.
F o n t e : OPAS.
N ú m e r o de Cargos Oferecidos pelo
Instituto d e Previdência Social
Fonte: OPAS.
Fonte: OPAS.
Medicina
N o Paraguai, a f o r m a ç ã o d e m é d i c o s está a c a r g o d e d u a s e s c o l a s d e
Medicina: Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nacional d e As-
s u n ç ã o e F a c u l d a d e d e M e d i c i n a d e Villarrica d a U n i v e r s i d a d e C a t ó l i c a N o s -
sa S e n h o r a d e A s s u n ç ã o .
N o período compreendido entre 1980 e 1 9 9 2 , observa-se u m a dimi-
nuição importante d o n ú m e r o d e matriculados n o primeiro a n o (taxa de
c r e s c i m e n t o d e 0 , 0 7 9 e m u m p e r í o d o d e 13 a n o s ) . C o n s e q ü e n t e m e n t e , o
n ú m e r o d e m a t r í c u l a s totais d i m i n u i u ( c o m u m a t e n d ê n c i a e s t á v e l e l e v e -
mente decrescente).
Em 1980 egressaram 110 h o m e n s ( 6 2 % ) e 65 mulheres ( 3 8 % ) , e em
1 9 9 1 titularam-se 6 7 h o m e n s ( 5 8 % ) e 4 9 m u l h e r e s ( 4 2 % ) , o u seja, u m l e v e
a u m e n t o n a p r o p o r ç ã o d e m u l h e r e s ( 4 % ) e m 12 a n o s .
Pós-Graduaçâo
S e g u n d o o s e s t a t u t o s d a F C M , o i n t e r n a t o r o t a t i v o c o r r e s p o n d e a gra-
d u a ç ã o , e m b o r a , na p r á t i c a , t e n h a s e t r a n s f o r m a d o e m p ó s - g r a d u a ç ã o com
as características o p c i o n a i s . O s estudantes q u e d e s e j a m c o n t i n u a r u m a resi-
d ê n c i a dentro da F C M OU continuar a carreira d o c e n t e universitária n o â m b i -
to da m e s m a f a c u l d a d e são o s q u e c u m p r e m o internato rotativo.
A s instituições públicas e privadas e da S e g u r i d a d e S o c i a l realizam u m
trabalho d e c a p a c i t a ç ã o , o f e r e c e n d o residências m é d i c a s nas diferentes es-
p e c i a l i z a ç õ e s ; p o r isso, d i a n t e d a falta d e c o o r d e n a ç ã o das atividades, o
Conselho Nacional d e S a ú d e encarregou seu C o m i t ê d e Recursos H u m a n o s ,
presidido pelo D e c a n o da Faculdade d e Ciências M é d i c a s , da análise e regu-
l a m e n t a ç ã o d o setor. D u r a n t e dois a n o s as instituições f o r m a d o r a s e presta-
d o r a s d e s e r v i ç o s reuniram-se, r e s u l t a n d o daí u m P r o g r a m a N a c i o n a l d e R e s i -
d ê n c i a s M é d i c a s , c o m u m a n t e p r o j e t o d e lei q u e a g u a r d a e n v i o a o Parla-
mento Nacional.
A pós-graduação, e m nível n a c i o n a l , ficou reduzida às residências m é d i -
c a s e à b u s c a d e s e r v i ç o s e s p e c i a l i z a d o s , p o i s i n e x i s t e m e s c o l a s d e pós-gra-
d u a ç ã o e escolas d e graduação q u e emitam certificados d e especialização.
Odontologia
A F a c u l d a d e d e O d o n t o l o g i a d a U N A foi c r i a d a e m 1 9 3 8 . A s c o n d i ç õ e s
d e admissão e o r e g u l a m e n t o interno da f a c u l d a d e são similares a o descrito
n o texto relativo à F a c u l a d a d e d e Ciências M é d i c a s .
O c u r s o t e m a d u r a ç ã o d e c i n c o a n o s , a o t é r m i n o d o s q u a i s emite-se
u m C e r t i f i c a d o d e E s t u d o s q u e p e r m i t e a o a l u n o iniciar o s t r â m i t e s j u n t o à
R e i t o r i a d a U N A , q u e o habilita a o e x e r c í c i o p r o f i s s i o n a l m e d i a n t e o D i p l o m a
de Doutor e m Odontologia.
A F a c u l d a d e f o r m a profissionais n ã o - e s p e c i a l i z a d o s , c o m c o n d i ç õ e s d e
d e s e m p e n h a r a d e q u a d a m e n t e a p r á t i c a c o t i d i a n a . Trata-se d e u m a f a c u l d a d e
e m i n e n t e m e n t e manual - o trabalho é aprendido através da prática c o n t í n u a
e supervisionada. É importante destacar q u e o n ú m e r o c a d a v e z maior de
pacientes, assim c o m o o instrumental escasso e ultrapassado, c r i a m a reali-
d a d e q u e enfrentam tanto os estudantes q u a n t o os profissionais d o c e n t e s ;
a p e s a r disso, o s profissionais d i p l o m a d o s c o n t a m c o m b o a i n s e r ç ã o n o m e r -
c a d o d e trabalho nacional.
H á u m d e b a t e corrente sobre a inclusão d e mais u m a n o n o currículo,
p o r h a v e r e x c e s s o d e h o r a s d e t r a b a l h o e m a l g u n s a n o s . Essa i n c l u s ã o p o s s i -
bilitaria a e x i s t ê n c i a d e u m i n t e r n a t o r o t a t i v o , c o m p a s s a g e m p e l o interior d o
país.
A Faculdade d e O d o n t o l o g i a da U N A era a única formadora d e o d o n t ó -
l o g o s a t é o a n o d e 1 9 9 2 , q u a n d o foi c r i a d a u m a f a c u l d a d e particular, n o â m -
b i t o d o C í r c u l o P a r a g u a i o d e O d o n t ó l o g o s (gremial-científico).
E m referência a o n ú m e r o d e matrículas n o primeiro a n o , observa-se
u m a t e n d ê n c i a e s t á v e l e l e v e m e n t e c r e s c e n t e d e s d e 1 9 8 3 . A taxa d e c r e s c i -
m e n t o e n t r e 1 9 8 0 e 1 9 9 2 foi d e 6 % . A taxa d e c r e s c i m e n t o d e f o r m a d o s é
d e 0 , 0 2 6 . E s t u d o r e a l i z a d o r e c e n t e m e n t e m o s t r a q u e o s m a t r i c u l a d o s n o pri-
m e i r o a n o p r o v ê m d a c l a s s e m é d i a , s ã o c o m e r c i a n t e s e t c , e m geral d e á r e a s
u r b a n o - m e t r o p o l i t a n a s . A f e m i n i z a ç ã o é o u t r o t r a ç o d o m i n a n t e n e s t a profis-
são.
Pós-Graduação
A f o r m a ç ã o d e p ó s - g r a d u a ç ã o e m O d o n t o l o g i a é r e a l i z a d a a partir d e
prática, e m cursos particulares d e atualização o u cursos d e especialização
n o exterior.
F a r m á c i a e Bioquímica
A F a c u l d a d e d e B i o q u í m i c a d a U N A foi f u n d a d a e m 1 9 4 9 . A s c o n d i ç õ e s
d e a d m i s s ã o e o r e g u l a m e n t o i n t e r n o d a F a c u l d a d e s ã o similares a o s d e s c r i -
tos n o texto c o r r e s p o n d e n t e à F C M .
O c u r s o t e m a d u r a ç ã o d e seis a n o s , a o t é r m i n o d o s q u a i s emite-se u m
C e r t i f i c a d o d e E s t u d o s q u e p e r m i t e a o a l u n o iniciar o s t r â m i t e s j u n t o à R e i t o -
ria d a U N A , q u e o habilita a o e x e r c í c i o profissional m e d i a n t e o D i p l o m a d e
D o u t o r e m B i o q u í m i c a . Essa F a c u l d a d e f o r m a profissionais p r á t i c o s , c o m b o a
i n s e r ç ã o n o m e r c a d o profissional.
A s F a c u l d a d e s d e Q u í m i c a e F a r m á c i a d a U C A e n c o n t r a m - s e n o interior
d o país - u m a e m Villarrica, a 2 0 0 k m d a Capital, e a outra, na C i u d a d del
E s t e , a 3 2 8 k m d a C a p i t a l . E m a m b a s , o c u r s o t e m a d u r a ç ã o total d e c i n c o
anos, findos os quais a U C A e x p e d e o D i p l o m a d e Q u í m i c o Farmacêutico.
Pôs-Graduação
A f o r m a ç ã o d e p ó s - g r a d u a ç ã o e m B i o q u í m i c a s e realiza a partir d a p r á -
tica, e m cursos particulares d e atualização o u cursos d e e s p e c i a l i z a ç ã o no
exterior.
Licenciatura em E n f e r m a g e m
A E s c o l a foi c r i a d a e m 1 9 3 9 p e l o M i n i s t é r i o d e S a ú d e P ú b l i c a e B e m - E s ¬
tar S o c i a l s o b o n o m e d e E s c o l a d e V i s i t a d o r e s d e H i g i e n e . N o a n o d e 1 9 4 1 ,
r e c e b e u o n o m e d e Escola Polivalente d e Visitadores d e H i g i e n e , f o r m a n d o
e n f e r m e i r o s h o s p i t a l a r e s , o b s t e t r a s rurais e n u t r i c i o n i s t a s . E m 1 9 5 2 e s t a b e l e -
ceu-se a L i c e n c i a t u r a e m E n f e r m a g e m , O b s t e t r í c i a e S e r v i ç o S o c i a l , e em
1 9 6 4 a E s c o l a foi i n c o r p o r a d a à U n i v e r s i d a d e N a c i o n a l d e A s s u n ç ã o . E n t r e
1984 e 1 9 9 1 , a E n f e r m a g e m desvinculou-se da Obstetrícia, c o m a c o n s e -
q ü e n t e diversificação d o s currículos; atualmente ela é s u b o r d i n a d a à Facul-
dade de Ciências Médicas da UNA.
O p r o c e d i m e n t o d e a d m i s s ã o é similar a o d e o u t r a s i n s t i t u i ç õ e s d a U n i -
versidade N a c i o n a l d e Assunção. O s cursos d e Enfermagem e Obstetrícia
t ê m d u r a ç ã o d e c i n c o anos. A análise d e seu processo histórico permite-nos
observar que o número de diplomados e m Enfermagem decresce entre
1980 e 1 9 8 5 , e m parte por causa d a divisão das carreiras, m a s s o b r e t u d o
porque a Obstetrícia goza d e melhor inserção n o m e r c a d o d e trabalho, as-
sim c o m o d e m a i o r a u t o n o m i a p r o f i s s i o n a l . D e 1 9 8 6 a 1 9 9 2 , e s s a t e n d ê n c i a
mostra-se e s t á v e l , e m b o r a e r r á t i c a .
Pós-Graduação
A Universidade Católica possui a Escola d e Pós-Graduação e m Enfer-
m a g e m . A capacitação e m serviços é o m e c a n i s m o habitual d e formação,
salvo nos casos d e alunos q u e b u s c a r a m especializações formais n o estran-
geiro.
Pessoal Auxiliar
A f o r m a ç ã o d e auxiliares c o m p e t e a o M i n i s t é r i o d e S a ú d e P ú b l i c a e
B e m Estar S o c i a l , a t r a v é s d o C e n t r o d e F o r m a ç ã o d e A u x i l i a r e s d e E n f e r m a -
g e m e d e Auxiliares e m Obstetrícia Rural.
S o m a m - s e a esta f o r m a ç ã o instituições d e serviços, c o m o o Hospital d e
C l í n i c a s e a s S e c ç õ e s C o l o r a d a s ( p o l í t i c a s ) . Estas últimas e s t ã o s e n d o r e g u l a -
m e n t a d a s p e l o M i n i s t é r i o d a S a ú d e , exigindo-se o c u m p r i m e n t o d e requisitos
b á s i c o s p a r a a f o r m a ç ã o . A t e n d ê n c i a d o s auxiliares d e e n f e r m a g e m f o r m a -
dos é levemente decrescente desde 1980.
Planejamento Educacional
Regulamentações
A r e d e u n i v e r s i t á r i a é a q u e p e r m i t e , e m n í v e l n a c i o n a l , a o u t o r g a d e tí-
t u l o s p r o f i s s i o n a i s . A m b a s as u n i v e r s i d a d e s ( N a c i o n a l e C a t ó l i c a ) possuem
estatutos e r e g u l a m e n t o s para sua o r g a n i z a ç ã o e f u n c i o n a m e n t o .
Existe u m a t e n d ê n c i a à a b e r t u r a d e n o v a s e s c o l a s d e f o r m a ç ã o e m s a ú -
d e . H á d e z a n o s foi c r i a d a n o interior d o país, v i s a n d o a d e s c e n t r a l i z a ç ã o , a
F a c u l d a d e d e C i ê n c i a s M é d i c a s d e Villarrica, d a U n i v e r s i d a d e C a t ó l i c a . M a i s
r e c e n t e m e n t e , f o r a m criadas u m a F a c u l d a d e d e O d o n t o l o g i a e, para outras
p r o f i s s õ e s , c o m o E n f e r m a g e m , a b r e m - s e i n s t i t u i ç õ e s d e f o r m a ç ã o t é c n i c a ter-
ciária. O pessoal t é c n i c o é f o r m a d o b a s i c a m e n t e p e l o MSPBS.
N ã o existem, n a c i o n a l m e n t e , n e m e s p a ç o s n e m m e c a n i s m o s d e avalia-
ç ã o integral o u c o n t r o l e social d a e d u c a ç ã o e m s a ú d e .
Serviço S o c i a l
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
C O N T R O L E D O EXERCÍCIO P R O F I S S I O N A L E D A S
ESPECIALIDADES
A R e p ú b l i c a A r g e n t i n a , a R e p ú b l i c a F e d e r a t i v a d o Brasil, a R e p ú b l i c a d o
P a r a g u a i e a R e p ú b l i c a O r i e n t a l d o U r u g u a i , d o r a v a n t e d e n o m i n a d o s "Esta-
dos Partes";
C o n s i d e r a n d o q u e a a m p l i a ç ã o d a s atuais d i m e n s õ e s d e s e u s m e r c a d o s
nacionais, através d a integração, constitui c o n d i ç ã o f u n d a m e n t a l para a c e l e -
rar s e u s p r o c e s s o s d e d e s e n v o l v i m e n t o e c o n ô m i c o c o m j u s t i ç a s o c i a l ;
E n t e n d e n d o q u e e s s e o b j e t i v o d e v e ser a l c a n ç a d o m e d i a n t e o a p r o v e i -
t a m e n t o mais eficaz d o s recursos disponíveis, a p r e s e r v a ç ã o d o m e i o a m -
b i e n t e , o m e l h o r a m e n t o d a s i n t e r c o n e x õ e s físicas, a c o o r d e n a ç ã o d e políti-
cas m a c r o e c o n ô m i c a s da c o m p l e m e n t a ç ã o dos diferentes setores da e c o n o -
mia, c o m base nos princípios d e gradualidade, flexibilidade e equilíbrio;
T e n d o e m conta a evolução dos acontecimentos internacionais, e m es-
pecial a consolidação d e grandes espaços e c o n ô m i c o s , e a importância de
lograr u m a a d e q u a d a i n s e r ç ã o i n t e r n a c i o n a l p a r a s e u s p a í s e s ;
Expressando q u e este processo d e integração constitui u m a resposta
a d e q u a d a a tais a c o n t e c i m e n t o s ;
C o n s c i e n t e s d e q u e o p r e s e n t e T r a t a d o d e v e ser c o n s i d e r a d o c o m o u m
n o v o a v a n ç o n o esforço tendente a o d e s e n v o l v i m e n t o progressivo d a inte-
g r a ç ã o d a A m é r i c a Latina, c o n f o r m e o o b j e t i v o d o T r a t a d o d e Montevidéu
d e 1980;
C o n v e n c i d o s d a n e c e s s i d a d e d e p r o m o v e r o d e s e n v o l v i m e n t o científi-
c o e t e c n o l ó g i c o d o s E s t a d o s P a r t e s e d e m o d e r n i z a r suas e c o n o m i a s para
a m p l i a r a oferta e a q u a l i d a d e d o s b e n s d e serviços disponíveis, a fim d e m e -
lhorar as c o n d i ç õ e s d e vida d e seus habitantes;
R e a f i r m a n d o sua v o n t a d e política d e deixar estabelecidas as bases para
u m a u n i ã o c a d a v e z m a i s estreita e n t r e s e u s p o v o s , c o m a f i n a l i d a d e d e a l -
cançar os objetivos supramencionados;
Acordam:
Capítulo I
Propósito, Princípios e Instrumentos
Artigo I o
- O s E s t a d o s P a r t e s d e c i d e m constituir u m M e r c a d o C o m u m , q u e
d e v e r á estar e s t a b e l e c i d o a 31 d e d e z e m b r o d e 1994, e q u e se d e n o m i n a r á
" M e r c a d o C o m u m d o Sul" (MERCOSUL).
Este M e r c a d o C o m u m implica:
A livre c i r c u l a ç ã o d e b e n s , s e r v i ç o s e f a t o r e s p r o d u t i v o s e n t r e o s p a í s e s ,
através, e n t r e outros, da e l i m i n a ç ã o d o s direitos alfandegários e restrições
não-tarifárias à c i r c u l a ç ã o d e m e r c a d o d e q u a l q u e r o u t r a m e d i d a d e e f e i t o
equivalente;
O e s t a b e l e c i m e n t o d e u m a tarifa e x t e r n a c o m u m e a a d o ç ã o d e uma
política c o m e r c i a l c o m u m e m relação a terceiros Estados o u agrupamentos
d e Estados e a c o o r d e n a ç ã o d e posições e m foros econômico-comerciais re-
gionais e internacionais;
A c o o r d e n a ç ã o d e p o l í t i c a s m a c r o e c o n ô m i c a s e setoriais e n t r e o s Esta-
d o s P a r t e s - d e c o m é r c i o exterior, a g r í c o l a , industrial, fiscal, m o n e t á r i a , c a m -
bial e d e capitais, d e serviços, alfandegária, d e transportes e c o m u n i c a ç õ e s e
outras q u e se a c o r d e m - , a fim d e assegurar c o n d i ç õ e s a d e q u a d a s d e c o n -
corrência entre os Estados Partes; e
O c o m p r o m i s s o d o s Estados Partes d e h a r m o n i z a r suas legislações, nas
á r e a s p e r t i n e n t e s , p a r a lograr o f o r t a l e c i m e n t o d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o .
Artigo 2 o
- O M e r c a d o C o m u m e s t a r á f u n d a d o na r e c i p r o c i d a d e d e direitos
e o b r i g a ç õ e s entre os Estados Partes.
Artigo 3 o
- D u r a n t e o p e r í o d o d e t r a n s i ç ã o , q u e se e s t e n d e r á d e s d e a e n t r a -
d a e m v i g o r d o p r e s e n t e T r a t a d o a t é 3 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 4 , e a fim d e fa-
cilitar a c o n s t i t u i ç ã o d o M e r c a d o C o m u m , o s E s t a d o s P a r t e s a d o t a m u m R e -
g i m e G e r a l d e O r i g e m , u m Sistema d e S o l u ç ã o d e Controvérsias e Cláusulas
d e S a l v a g u a r d a , q u e c o n s t a m c o m o A n e x o s II, III e I V a o p r e s e n t e T r a t a d o .
Artigo 4 o
- N a s relações c o m terceiros países, os Estados Partes assegurarão
c o n d i ç õ e s e q u i t a t i v a s d e c o m é r c i o . P a r a tal f i m , a p l i c a r ã o suas legislações
n a c i o n a i s , p a r a inibir i m p o r t a ç õ e s c u j o s p r e ç o s e s t e j a m i n f l u e n c i a d o s por
s u b s í d i o s , dumping o u q u a l q u e r o u t r a p r á t i c a d e s l e a l . P a r a l e l a m e n t e , o s Esta-
d o s P a r t e s c o o r d e n a r ã o suas r e s p e c t i v a s p o l í t i c a s n a c i o n a i s c o m o o b j e t i v o
d e elaborar normas c o m u n s sobre concorrência comercial.
Artigo 5 o
- D u r a n t e o p e r í o d o d e transição, os principais instrumentos para a
constituição do M e r c a d o C o m u m são:
a) u m P r o g r a m a d e L i b e r a ç ã o C o m e r c i a l , q u e consistirá e m r e d u ç õ e s tarifá-
rias p r o g r e s s i v a s , l i n e a r e s e a u t o m á t i c a s , a c o m p a n h a d a s d a e l i m i n a ç ã o d e
r e s t r i ç õ e s não-tarifárias o u m e d i d a s d e e f e i t o e q u i v a l e n t e , a s s i m c o m o d e
outras restrições a o c o m é r c i o entre os Estados Partes, para c h e g a r a 31
d e d e z e m b r o d e 1 9 9 4 c o m tarifa z e r o , s e m b a r r e i r a s não-tarifárias s o b r e
a t o t a l i d a d e d o u n i v e r s o tarifário ( A n e x o I ) ;
b ) a c o o r d e n a ç ã o d e políticas m a c r o e c o n ô m i c a s , q u e s e realizará g r a d u a l -
m e n t e e d e f o r m a c o n v e r g e n t e c o m o s p r o g r a m a s d e d e s g r a v a ç ã o tarifá-
ria e e l i m i n a ç ã o d e r e s t r i ç õ e s não-tarifárias, i n d i c a d o s n a letra a n t e r i o r ;
c) u m a tarifa e x t e r n a c o m u m , q u e i n c e n t i v e a c o m p e t i t i v i d a d e e x t e r n a d o s
Estados Partes; e
d ) a a d o ç ã o d e a c o r d o s setoriais, c o m o fim d e o t i m i z a r a u t i l i z a ç ã o e m o b i -
lidade dos fatores d e p r o d u ç ã o e alcançar escalas operativas eficientes.
Artigo 6 o
- O s Estados Partes r e c o n h e c e m diferenças pontuais d e ritmo para
a República d o Paraguai e para a República Oriental d o U r u g u a i , q u e c o n s -
t a m n o P r o g r a m a d e L i b e r a ç ã o C o m e r c i a l ( A n e x o I).
Artigo 7 o
- E m matéria de impostos, taxas e o u t r o s g r a v a m e s internos, os
p r o d u t o s originários d o território d e u m E s t a d o P a r t e g o z a r ã o , n o s o u t r o s E s -
tados Partes, d o m e s m o tratamento q u e se aplique a o p r o d u t o n a c i o n a l .
Artigo 8 o
- O Estados Partes se c o m p r o m e t e m a preservar o s c o m p r o m i s s o s
assumidos até a data d e celebração d o presente Tratado, inclusive os A c o r -
dos firmados no âmbito da Associação Latino-Americana d e Integração, e a
c o o r d e n a r suas posições nas n e g o c i a ç õ e s comerciais externas q u e e m p r e e n -
d a m durante o período d e transição. Para tanto:
a) e v i t a r ã o afetar o s i n t e r e s s e s d o s E s t a d o s P a r t e s n a s n e g o c i a ç õ e s comer-
ciais q u e r e a l i z e m e n t r e si a t é 3 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 4 ;
b) e v i t a r ã o afetar o s i n t e r e s s e s d o s d e m a i s E s t a d o s P a r t e s o u o s o b j e t i v o s d o
M e r c a d o C o m u m nos A c o r d o s q u e celebrarem c o m outros países m e m -
bros da A s s o c i a ç ã o Latino-Americana d e Integração durante o período
d e transição;
c) r e a l i z a r ã o c o n s u l t a s e n t r e si s e m p r e q u e n e g o c i e m e s q u e m a s a m p l o s d e
d e s g r a v a ç ã o tarifária, t e n d e n t e s à f o r m a ç ã o d e z o n a s d e livre c o m é r c i o
c o m o s d e m a i s países m e m b r o s d a A s s o c i a ç ã o Latino-Americana d e Inte-
gração; e
C a p í t u l o II
Estrutura O r g â n i c a
Artigo 9 o
- A administração e e x e c u ç ã o d o presente Tratado e dos A c o r d o s
e s p e c í f i c o s e d e c i s õ e s q u e s e a d o t e m n o q u a d r o j u r í d i c o q u e o m e s m o esta-
b e l e c e durante o p e r í o d o d e transição estarão a cargo dos seguintes órgãos:
a) Conselho do Mercado C o m u m ; e
b) Grupo do Mercado C o m u m .
Artigo 10 o
- O C o n s e l h o é o ó r g ã o s u p e r i o r d o M e r c a d o C o m u m , corres-
pondendo-lhe a c o n d u ç ã o política d o m e s m o e a t o m a d a d e d e c i s õ e s para
assegurar o c u m p r i m e n t o dos objetivos e prazos estabelecidos para a consti-
tuição definitiva d o M e r c a d o C o m u m .
A r t i g o 11 o
- O C o n s e l h o estará integrado pelos Ministros d e Relações Exte-
riores e o s M i n i s t r o s d e E c o n o m i a d o s E s t a d o s P a r t e s .
Reunir-se-á q u a n t a s v e z e s e s t i m e o p o r t u n o , e , p e l o m e n o s u m a v e z a o
a n o , o fará c o m a p a r t i c i p a ç ã o d o s P r e s i d e n t e s d o s E s t a d o s P a r t e s .
A r t i g o 12 o
- A Presidência d o C o n s e l h o se exercerá por rotação dos Estados
P a r t e s e e m o r d e m a l f a b é t i c a , p o r p e r í o d o d e seis m e s e s .
A s reuniões d o C o n s e l h o serão coordenadas pelos Ministérios d e Rela-
ç õ e s E x t e r i o r e s e p o d e r ã o ser c o n v i d a d o s a d e l a s participar o u t r o s ministros
o u a u t o r i d a d e s d e n í v e l ministerial.
Artigo 13 o
- O G r u p o M e r c a d o C o m u m é o órgão executivo do Mercado
C o m u m e s e r á c o o r d e n a d o p e l o s M i n i s t é r i o s d a s R e l a ç õ e s Exteriores.
O G r u p o M e r c a d o C o m u m t e r á f a c u l d a d e d e iniciativa. S u a s f u n ç õ e s
s e r ã o as s e g u i n t e s :
- fixar p r o g r a m a s d e t r a b a l h o q u e a s s e g u r e m a v a n ç o s p a r a o e s t a b e l e c i -
mento do Mercado C o m u m .
O G r u p o M e r c a d o C o m u m p o d e r á constituir o s S u b g r u p o s d e T r a b a -
lho q u e f o r e m necessários para o c u m p r i m e n t o d e seus objetivos. C o n t a r á
inicialmente c o m os Subgrupos m e n c i o n a d o s no A n e x o V.
O G r u p o M e r c a d o C o m u m estabelecerá seu regime interno no prazo
d e s e s s e n t a ( 6 0 ) dias d e sua i n s t a l a ç ã o .
Artigo 14 o
-O G r u p o M e r c a d o C o m u m estará i n t e g r a d o p o r q u a t r o mem-
b r o s titulares e q u a t r o m e m b r o s a l t e r n o s p o r p a í s , q u e r e p r e s e n t e m o s s e -
guintes órgãos públicos:
M i n i s t é r i o d a E c o n o m i a o u s e u s e q u i v a l e n t e s ( á r e a s d e indústria, c o m é r -
c i o exterior e / o u c o o r d e n a ç ã o e c o n ô m i c a ) ; e
- B a n c o Central.
A r t i g o 15 o
- O G r u p o M e r c a d o C o m u m contará c o m u m a Secretaria A d m i -
nistrativa c u j a s p r i n c i p a i s f u n ç õ e s c o n s i s t i r ã o n a g u a r d a d e d o c u m e n t o s e c o -
m u n i c a ç õ e s d e atividade d o m e s m o . Terá sua s e d e na c i d a d e d e M o n t e v i -
déu.
Artigo 16 o
- D u r a n t e o p e r í o d o d e t r a n s i ç ã o , as d e c i s õ e s d o C o n s e l h o do
M e r c a d o C o m u m e do G r u p o M e r c a d o C o m u m serão tomadas por consen-
so e c o m a presença d e todos os Estados Partes.
A r t i g o 17 o
- O s i d i o m a s oficiais d o M e r c a d o C o m u m s e r ã o o p o r t u g u ê s e o
e s p a n h o l e a v e r s ã o oficial d o s d o c u m e n t o s d e t r a b a l h o s e r á a d o i d i o m a d o
país s e d e d e c a d a r e u n i ã o .
Artigo 18 o
- Antes do estabelecimento do M e r c a d o C o m u m , a 31 d e de-
z e m b r o d e 1994, os Estados Partes c o n v o c a r ã o u m a reunião extraordinária
c o m o o b j e t i v o d e d e t e r m i n a r a estrutura i n s t i t u c i o n a l d e f i n i t i v a d o s ó r g ã o s
d e a d m i n i s t r a ç ã o d o M e r c a d o C o m u m , a s s i m c o m o as a t r i b u i ç õ e s e s p e c í f i -
c a s d e c a d a u m deles e seu sistema d e t o m a d a d e d e c i s õ e s .
Capítulo III
Vigência
Artigo 19 o
-O p r e s e n t e T r a t a d o terá d u r a ç ã o i n d e f i n i d a e e n t r a r á e m v i g o r
trinta ( 3 0 ) d i a s a p ó s a d a t a d o d e p ó s i t o d o t e r c e i r o i n s t r u m e n t o d e ratifica-
ç ã o . O s instrumentos d e ratificação serão depositados ante o G o v e r n o s dos
demais Estados Partes. O G o v e r n o d a R e p ú b l i c a d o P a r a g u a i notificará a o
G o v e r n o d e cada u m dos demais Estados Partes a data d e entrada e m vigor
d o presente Tratado.
Capítulo IV
Adesão
Artigo 20 o
-O presente T r a t a d o estará aberto à a d e s ã o , m e d i a n t e n e g o c i a -
ç ã o , d o s d e m a i s países m e m b r o s da A s s o c i a ç ã o Latino-Americana d e Inte-
g r a ç ã o , c u j a s s o l i c i t a ç õ e s p o d e r ã o ser e x a m i n a d a s p e l o s E s t a d o s P a r t e s d e -
pois d e c i n c o (5) anos d e vigência deste Tratado.
N ã o o b s t a n t e , p o d e r ã o ser c o n s i d e r a d a s a n t e s d o r e f e r i d o p r a z o a s soli-
c i t a ç õ e s apresentadas por países m e m b r o s da A s s o c i a ç ã o Latino-Americana
d e I n t e g r a ç ã o q u e n ã o f a ç a m p a r t e d e e s q u e m a s d e i n t e g r a ç ã o sub-regional
o u d e u m a a s s o c i a ç ã o extra-regional.
A a p r o v a ç ã o d a s s o l i c i t a ç õ e s s e r á o b j e t o d e d e c i s ã o u n â n i m e d o s Esta-
dos Partes.
Capítulo V
Denúncia
Artigo 21 o
-O E s t a d o P a r t e q u e d e s e j a r desvincular-se d o p r e s e n t e T r a t a d o
d e v e r á c o m u n i c a r essa i n t e n ç ã o a o s d e m a i s Estados Partes d e maneira ex-
p r e s s a e f o r m a l , e f e t u a n d o n o p r a z o d e s e s s e n t a ( 6 0 ) dias a e n t r e g a d o d o c u -
m e n t o d e d e n ú n c i a a o Ministério das R e l a ç õ e s Exteriores da R e p ú b l i c a d o
P a r a g u a i , q u e o distribuirá a o s d e m a i s E s t a d o s P a r t e s .
A r t i g o 22 o
- Formalizada a denúncia, cessarão para o Estado denunciante os
d i r e i t o s e o b r i g a ç õ e s q u e c o r r e s p o n d a m à sua c o n d i ç ã o d e E s t a d o P a r t e ,
mantendo-se os referentes a o programa d e liberação d o presente Tratado e
outros aspectos q u e os Estados Partes, juntos c o m o Estado denunciante,
a c o r d e m n o p r a z o d e sessenta (60) dias a p ó s a f o r m a l i z a ç ã o d a d e n ú n c i a .
Esses d i r e i t o s e o b r i g a ç õ e s d o E s t a d o d e n u n c i a n t e c o n t i n u a r ã o e m v i g o r p o r
u m p e r í o d o d e d o i s ( 2 ) a n o s a partir d a d a t a d a m e n c i o n a d a f o r m a l i z a ç ã o .
Capítulo VI
Disposições Gerais
A r t i g o 23 o
- O presente Tratado se c h a m a r á "Tratado d e Assunção".
Artigo 24 o
- C o m o o b j e t i v o d e facilitar a i m p l e m e n t a ç ã o d o M e r c a d o Co-
m u m , estabelecer-se - á C o m i s s ã o P a r l a m e n t a r C o n j u n t a d o M E R C O S U L . O S
P o d e r e s Executivos d o s Estados Partes m a n t e r ã o seus respectivos Poderes
Legislativos i n f o r m a d o s s o b r e a e v o l u ç ã o d o M e r c a d o C o m u m , o b j e t o do
presente Tratado.
F e i t o n a c i d a d e d e A s s u n ç ã o , a o s 2 6 dias d o m ê s d e m a r ç o d e mil n o -
v e c e n t o s e n o v e n t a e u m , e m u m original, nos idiomas português e espa-
n h o l , s e n d o a m b o s o s textos i g u a l m e n t e a u t ê n t i c o s . O G o v e r n o d a R e p ú b l i -
c a d o Paraguai será o depositário d o presente Tratado e enviará c ó p i a d e v i -
d a m e n t e autenticada d o m e s m o aos G o v e r n o s dos demais Estados Partes
signatários e a d e r e n t e s .
E m M o n t e v i d é u , capital da R e p ú b l i c a O r i e n t a l d o U r u g u a i , n o dia 6 d e
d e z e m b r o d e 1 9 9 1 , na Sala das S e s s õ e s d a A s s e m b l é i a G e r a l , as d e l e g a ç õ e s
d e p a r l a m e n t a r e s da R e p ú b l i c a Argentina, d a R e p ú b l i c a Federativa d o Brasil,
da República d o Paraguai e da República Oriental d o Uruguai, integrantes
dos Estados Partes signatários d o Tratado d e A s s u n ç ã o , d e c l a r a m f o r m a l m e n -
te a p r o v a d o o R e g u l a m e n t o d a C o m i s s ã o Parlamentar C o n j u n t a d o M E R C O -
SUL e p r o c l a m a m a sua v o n t a d e i n e q u í v o c a d e dar a o p r o c e s s o d e integra-
ção, iniciado por seus respectivos países, o apoio que surge da repre-
sentação e m a n a d a da soberania popular.
O s representantes dos P a r l a m e n t o s d o s Estados signatários d o T r a t a d o
d e A s s u n ç ã o q u e cria o M e r c a d o C o m u m d o Sul, c o m o propósito d e :
- e s t a b e l e c e r a u n i ã o c a d a v e z m a i s estreita e n t r e o s p o v o s d o sul d a A m é -
r i c a , a partir d a n o s s a r e g i ã o ;
- f a v o r e c e r as c o n d i ç õ e s d e v i d a e e m p r e g o , c r i a n d o c o n d i ç õ e s para um
d e s e n v o l v i m e n t o auto-sustentável q u e preserve nosso e n t o r n o e q u e se
construa e m harmonia c o m a natureza;
- f o r t a l e c e r o e s p a ç o p a r l a m e n t a r n o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o , c o m vistas à
futura instalação d o P a r l a m e n t o d o M E R C O S U L ; e
Artigo 1 o
- Fica estabelecida a C o m i s s ã o Parlamentar Conjunta d o MERCO-
S U L , c o n f o r m e d e t e r m i n a o A r t i g o 24 o
d o Tratado d e Assunção, assinado e m
26 d e m a r ç o d e 1 9 9 1 , entre os G o v e r n o s da República Argentina, República
F e d e r a t i v a d o Brasil, R e p ú b l i c a d o Paraguai e R e p ú b l i c a O r i e n t a l d o U r u g u a i ,
q u e se regerá por este Regulamento.
D o s M e m b r o s e sua C o m p o s i ç ã o
Artigo 2 o
- A C o m i s s ã o s e r á i n t e g r a d a p o r a t é s e s s e n t a e q u a t r o ( 6 4 ) parla-
m e n t a r e s d e a m b a s as C â m a r a s ; até dezesseis (16) d e c a d a Estado Parte, e
igual n ú m e r o d e suplentes, q u e serão d e s i g n a d o s pelos respectivos Parla-
m e n t o s nacionais, d e a c o r d o c o m seus p r o c e d i m e n t o s internos.
A d u r a ç ã o d o m a n d a t o d e s e u s i n t e g r a n t e s s e r á d e t e r m i n a d a p e l o s res-
p e c t i v o s P a r l a m e n t o s , d e s d e q u e e s t e n ã o seja inferior a d o i s a n o s , c o m o i n -
tuito d e f a v o r e c e r a necessária c o n t i n u i d a d e .
A C o m i s s ã o só p o d e r á ser integrada p o r parlamentares n o exercício d o
seu mandato.
Funções e Atribuições
Artigo 3 o
- A C o m i s s ã o terá caráter consultivo, deliberativo e d e f o r m u l a ç ã o
d e propostas.
Suas atribuições serão:
c) solicitar a o s ó r g ã o s i n s t i t u c i o n a i s d o M E R C O S U L , i n f o r m a ç õ e s a r e s p e i t o d a
e v o l u ç ã o d o processo d e integração, especialmente no q u e se refere aos
p l a n o s e p r o g r a m a s d e o r d e m política, e c o n ô m i c a , s o c i a l e c u l t u r a l ;
e) emitir r e c o m e n d a ç õ e s s o b r e a c o n d u ç ã o d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o e d a
f o r m a ç ã o d o M e r c a d o C o m u m , as q u a i s p o d e r ã o ser e n c a m i n h a d a s aos
ó r g ã o s institucionais d o M E R C O S U L ;
f) realizar o s e s t u d o s n e c e s s á r i o s à h a r m o n i z a ç ã o d a s l e g i s l a ç õ e s d o s Esta-
d o s Partes, p r o p o r n o r m a s d e direito c o m u n i t á r i o referentes a o processo
d e i n t e g r a ç ã o e l e v a r as c o n c l u s õ e s a o s P a r l a m e n t o s n a c i o n a i s ;
h) e s t a b e l e c e r r e l a ç õ e s d e c o o p e r a ç ã o c o m o s P a r l a m e n t o s d e t e r c e i r o s paí-
ses e c o m o u t r a s e n t i d a d e s c o n s t i t u í d a s n o â m b i t o d o s d e m a i s e s q u e m a s
d e integração regional;
k) s e m p r e j u í z o d o s itens a n t e r i o r e s , a C o m i s s ã o p o d e r á e s t a b e l e c e r o u t r a s
atribuições dentro d o m a r c o d o Trabalho d e Assunção.
Das Subcomissões
Artigo 4 o
- Criam-se a s s e g u i n t e s S u b c o m i s s õ e s :
1. d e Assuntos Comerciais;
2. d e A s s u n t o s A d u a n e i r o s e N o r m a s T é c n i c a s ;
3. d e P o l í t i c a s Fiscais e M o n e t á r i a s ;
4. d e T r a n s p o r t e ;
5. d e P o l í t i c a Industrial e T e c n o l ó g i c a ;
6. d e P o l í t i c a A g r í c o l a ;
7. d e P o l í t i c a E n e r g é t i c a ;
8. d e C o o r d e n a ç ã o d e P o l í t i c a s M a c r o e c o n ô m i c a s ;
9. d e P o l í t i c a s T r a b a l h i s t a s ;
10. d o M e i o A m b i e n t e ;
1 1 . d e R e l a ç õ e s Institucionais e Direito d a I n t e g r a ç ã o ; e
12. d e Assuntos Culturais.
O u t r a s S u b c o m i s s õ e s p o d e r ã o ser c r i a d a s , a s s i m c o m o s u p r i m i d a s a l g u -
m a s existentes.
A M e s a D i r e t o r a fixará as c o m p e t ê n c i a s d a s S u b c o m i s s õ e s , m e d i a n t e
propostas das mesmas.
A s S u b c o m i s s õ e s se reunirão s e m p r e q u e necessário para a preparação
d o s trabalhos. A participação dos parlamentares d e c a d a Estado Parte nas
S u b c o m i s s õ e s terá o m e s m o c a r á t e r oficial q u e a d e s e m p e n h a d a n a C o m i s -
são Parlamentar.
Artigo 5 o
- C a d a S u b c o m i s s ã o será i n t e g r a d a p o r d o i s ( 2 ) p a r l a m e n t a r e s d e
c a d a E s t a d o P a r t e e s e u s s u p l e n t e s . A s S u b c o m i s s õ e s e l e g e r ã o suas p r ó p r i a s
a u t o r i d a d e s , s e g u i n d o o s critérios e s t a b e l e c i d o s n o A r t i g o 1 6 . o
Das Reuniões
Artigo 6 o
- A s r e u n i õ e s d a C o m i s s ã o s e r ã o r e a l i z a d a s , e m c a d a u m d o s Esta-
d o s Partes, d e forma sucessiva e alternada.
A o Estado Parte o n d e se realize c a d a sessão o u reunião c o r r e s p o n d e r á
a Presidência.
Artigo 7 o
- A C o m i s s ã o se reunirá:
A s c o n v o c a ç õ e s i n d i c a r ã o dia, m ê s , h o r a e l o c a l p a r a a r e a l i z a ç ã o d a s
r e u n i õ e s , a s s i m c o m o a p a u t a a ser d i s c u t i d a , d e v e n d o a c i t a ç ã o ser n o m i n a l ,
e n v i a d a c o m a n t e c e d ê n c i a m í n i m a d e trinta ( 3 0 ) dias, m e d i a n t e c o r r e s p o n -
d ê n c i a c o m registro p o s t a l , o u o u t r o m e i o s e g u r o .
E m c a s o d e f o r ç a m a i o r , se u m a r e u n i ã o p r o g r a m a d a n ã o p u d e r ser r e a -
lizada n o país previsto, a M e s a Diretora da C o m i s s ã o estabelecerá a s e d e al-
ternativa.
Artigo 8 o
- T e r ã o v a l i d a d e as s e s s õ e s d a C o m i s s ã o c o m a p r e s e n ç a d a s d e l e -
g a ç õ e s parlamentares d e todos os Estados Partes.
C o n v o c a d a u m a sessão, se u m d o s Estados Partes n ã o puder c o m p a r e -
c e r p o r r a z õ e s d e f o r ç a m a i o r , o s r e s t a n t e s p o d e r ã o reunir-se, d e s d e que
p a r a d e l i b e r a r e d e c i d i r seja o b e d e c i d o o d i s p o s t o n o A r t i g o 1 3 . o
Artigo 9 o
- A s sessões da C o m i s s ã o serão públicas, e x c e t o q u a n d o expressa-
m e n t e s e d e c i d a p e l a sua r e a l i z a ç ã o e m f o r m a r e s e r v a d a .
A r t i g o 10 o
- A s s e s s õ e s s e r ã o a b e r t a s p e l o P r e s i d e n t e d a C o m i s s ã o e o Se¬
c r e t á r i o - G e r a l o u q u e m o substitua, c o n f o r m e e s t e r e g u l a m e n t o .
A r t i g o 11 o
- A s sessões da C o m i s s ã o serão iniciadas, salvo d e c i s ã o e m c o n -
trário, c o m a leitura e d i s c u s s ã o d a ata d a r e u n i ã o a n t e r i o r q u e , u m a vez
a p r o v a d a , será a s s i n a d a p e l o P r e s i d e n t e e p e l o S e c r e t á r i o - G e r a l .
A r t i g o 12 o
- N a s atas d a s s e s s õ e s d e v e m c o n s t a r as r e c o m e n d a ç õ e s a p r o v a -
das pela C o m i s s ã o .
A r t i g o 13 o
- As decisões da Comissão serão tomadas por c o n s e n s o das dele-
g a ç õ e s d e todos os Estados Partes, expressas pelo v o t o da maioria d e seus
integrantes acreditados pelos respectivos P a r l a m e n t o s .
A r t i g o 14 o
- O s t e m a s s u b m e t i d o s à c o n s i d e r a ç ã o d a C o m i s s ã o s e r ã o distri-
buídos s i m u l t a n e a m e n t e a quatro relatores, u m por c a d a Estado Parte, o s
q u a i s o s e s t u d a r ã o a fim d e e m i t i r o p i n i ã o a r e s p e i t o . O s r e l a t o r e s d i s p o r ã o
d e u m p r a z o c o m u m d e trinta ( 3 0 ) dias p a r a e m i t i r s e u s r e l a t ó r i o s p o r e s c r i -
to, q u e s e r ã o distribuídos às d e m a i s d e l e g a ç õ e s d a C o m i s s ã o p e l o menos
q u i n z e ( 1 5 ) dias a n t e s d a d a t a d e r e a l i z a ç ã o d a s e s s ã o .
A r t i g o 15 o
- S o b r e a matéria apreciada, a C o m i s s ã o p o d e r á emitir r e c o m e n -
d a ç õ e s , c u j a f o r m a final s e r á o b j e t o d e d e l i b e r a ç ã o d e s e u s m e m b r o s .
D a Mesa Diretora
A r t i g o 16 o
- A M e s a D i r e t o r a será c o m p o s t a d e q u a t r o ( 4 ) P r e s i d e n t e s , p e r -
t e n c e n t e s u m a c a d a E s t a d o P a r t e , q u e s e a l t e r n a r ã o a c a d a seis ( 6 ) m e s e s ,
assim c o m o d e u m (1) S e c r e t á r i o - G e r a l e três ( 3 ) S e c r e t á r i o s a l t e r n o s , t a m -
b é m pertencentes u m a c a d a Estado Parte q u e se alternarão d a m e s m a for-
m a . A M e s a D i r e t o r a será eleita e m s e s s ã o o r d i n á r i a p a r a m a n d a t o d e d o i s
(2) a n o s .
A o P r e s i d e n t e e a c a d a u m d o s três ( 3 ) P r e s i d e n t e s a l t e r n o s c o r r e s p o n -
d e u m (1) V i c e - P r e s i d e n t e , q u e p e r t e n c e r á a o m e s m o E s t a d o P a r t e .
O Presidente e o Secretário-Geral d e v e m pertencer a o m e s m o Parla-
mento nacional.
A P r e s i d ê n c i a d a C o m i s s ã o p o d e r á instituir u m G r u p o d e A p o i o T é c n i -
co, c o m o órgão consultivo especial.
A s a u t o r i d a d e s s e r ã o eleitas p e l o s r e s p e c t i v o s P a r l a m e n t o s .
A r t i g o 17 o
- N o c a s o d e v a c â n c i a definitiva e m q u a l q u e r d a s listas d o s c a r -
gos da M e s a Diretora, a o c u p a ç ã o destes se efetuará por e l e i ç ã o na sessão
seguinte àquela e m q u e se d e u vaga, salvo se faltarem m e n o s d e sessenta
( 6 0 ) dias p a r a o t é r m i n o d o s r e s p e c t i v o s m a n d a t o s .
A r t i g o 18 o
- E m c a s o d e v a c â n c i a definitiva d e u m m e m b r o d a C o m i s s ã o , o
g r u p o n a c i o n a l t o m a r á as d e v i d a s p r o v i d ê n c i a s p a r a a s u a s u b s t i t u i ç ã o p o r
o u t r o p a r l a m e n t a r , o q u a l c u m p r i r á o m a n d a t o p e l o p e r í o d o q u e restar.
A r t i g o 19 o
- A o Presidente da Comissão c o m p e t e :
a) dirigir e o r d e n a r o s t r a b a l h o s d a C o m i s s ã o ;
b) representar a Comissão;
e) instituir g r u p o s d e e s t u d o p a r a o e x a m e d e t e m a s a p o n t a d o s p e l a C o m i s -
são;
f) r e s o l v e r as q u e s t õ e s d e o r d e m ;
g) c o n v o c a r as r e u n i õ e s d a M e s a D i r e t o r a e d a C o m i s s ã o e presidi-las;
h) assinar a s a t a s , r e c o m e n d a ç õ e s e d e m a i s d o c u m e n t o s d a C o m i s s ã o ;
i) g e s t i o n a r d o a ç õ e s , c o n t r a t o s d e assistência t é c n i c a e o u t r o s sistemas d e
c o o p e r a ç ã o , gratuitamente, ante organismos públicos o u privados, nacio-
nais e internacionais; e
j) praticar t o d o s os atos necessários a o b o m d e s e m p e n h o das atividades da
Comissão.
A r t i g o 20 o
- N o s c a s o s d e a u s ê n c i a o u i m p e d i m e n t o , o P r e s i d e n t e será s u b s -
tituído p e l o respectivo Vice-Presidente.
A r t i g o 21 o
- A o Secretário-Geral da Comissão c o m p e t e :
a) assistir a P r e s i d ê n c i a n a c o n d u ç ã o d o s t r a b a l h o s d a C o m i s s ã o ;
b ) a t u a r c o m o s e c r e t á r i o n a s r e u n i õ e s d a C o m i s s ã o e e l a b o r a r as r e s p e c t i -
vas atas;
e) c o o r d e n a r o f u n c i o n a m e n t o d o s g r u p o s d e e s t u d o instituídos.
A r t i g o 22 o
- O s S e c r e t á r i o s - A d j u n t o s assistirão o S e c r e t á r i o - G e r a l o u A l t e r n o s
q u a n d o estes o solicitarem e o s substituírem, assim c o m o , nos casos d e a u -
sência, i m p e d i m e n t o o u vacância.
A C o m i s s ã o p o d e r á criar u m a S e c r e t a r i a P e r m a n e n t e .
Artigo 2 3 f l
- A M e s a Diretora terá p o d e r executivo para instrumentar o estu-
d o das políticas deliberadas pela C o m i s s ã o . Terá ainda, a seu c a r g o , o rela-
c i o n a m e n t o direto c o m o s ó r g ã o s institucionais d o M E R C O S U L e transmitirá
a o plenário da Comissão toda informação q u e receba destes.
Artigo 2 4 c
- S ã o i d i o m a s oficiais d a C o m i s s ã o o e s p a n h o l e o p o r t u g u ê s .
Artigo 2 5 f i
- Este r e g u l a m e n t o e n t r a r á e m v i g o r a partir d a d a t a d e s u a a p r o -
v a ç ã o , ad referendum da ratificação dos Parlamentos dos Estados Partes c u -
jas n o r m a s constitucionais assim o exijam.
Anexo V
Subgrupos de Trabalho do G r u p o M e r c a d o Comum
O G r u p o M e r c a d o C o m u m , p a r a fins d e c o o r d e n a ç ã o d a s p o l í t i c a s m a -
c r o e c o n ô m i c a s e setoriais, c o n s t i t u i r á , n o p r a z o d e trinta ( 3 0 ) d i a s a p ó s s u a
instalação, os seguintes S u b g r u p o s d e Trabalho:
Subgrupo 1: Assuntos Comerciais
Nota:
- Resolução MERCOSUL/CMC/RES. no
1 1 / 1 9 9 1(1), c r i o u o S u b g r u p o d e T r a -
balho n o
11 - A s s u n t o s T r a b a l h i s t a s .
- Resolução MERCOSUL/CMC/RES. n o
11/199 2, m o d i f i c o u o n o m e d o S u b -
grupo de Trabalho n o
11 p a r a R e l a ç õ e s T r a b a l h i s t a s , E m p r e g o e S e g u r i d a -
de Social.