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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

FRANCILEIDE DE ARAÚJO DA SILVA


MARCELA CAMILE DA SILVA BARROS
SALÉM BRITO FERREIRA
VITHÓRIA COSTA OLIVEIRA

A INTERAÇÃO DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO


AUTISTA (TEA) NA COMUNIDADE ESCOLAR

MACAPÁ
2022
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

FRANCILEIDE DE ARAÚJO DA SILVA


MARCELA CAMILE DA SILVA BARROS
SALÉM BRITO FERREIRA
VITHÓRIA COSTA OLIVEIRA

A INTERAÇÃO DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO


AUTISTA (TEA) NA COMUNIDADE ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso(TCC)


apresentado à Universidade Paulista –
UNIP, como requisito avaliativo
obrigatório para a obtenção do título de
Pedagogo no Curso Superior de
Licenciatura Plena em Pedagogia.

Orientador: Prof. Natanael Pereira


Isacksson.

MACAPÁ
2022
2

SUMÁRIO

Sumá rio
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................5

2 CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE O AUTISMO.......................................................6

3 ASPECTOS CONCEITUAIS......................................................................................8

.4 BASES TEÓRICAS....................................................................................................9

4.1 A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO


AUTISTA SOBRE O PRISMA DAS PRINCIPAIS TEORIAS DA EDUCAÇÃO.......9

4.2 CONTRIBUIÇÕES DE VIGOTSKI E BAKTHTIN PARA A INCLUSÃO DA


CRIANÇA COM TEA................................................................................................10

4.3 PRATICAS PEDAGOGICAS BASEADAS EM VIGOTSKI E BAKHTIN QUE


AUXILIAM A INSERSÃO DOS ALUNOS COM TEA NA REDE REGULAR DE
ENSINO....................................................................................................................12

5 LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL ESPECIAL...........................................................14

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................17
A INTERAÇÃO DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA(TEA)NA COMUNIDADE
Francileide de Araújo da Silva1
Marcela Camile da Silva Barros2
Salém Brito Ferreira3
Vithória Costa Oliveira4
Natanael Perreira Isacksson5

RESUMO: O trabalho apresenta estudos sobre a interação da criança com (TEA) e


a inserção das relações sociais com Espectro Autista na comunidade escolar .
Este trabalho tem como objetivo abordar as dificuldades enfrentadas pelos alunos
com o transtorno do espectro autista em sua aprendizagem, para a inclusão dos
mesmos no ambiente escolar. Utilizou-se uma pesquisa bibliográfica, artigos
científicos, manuais, revistas e sites especializados com o propósito de relatar uma
realidade, que nos dias atuais, vem se apresentando de forma ativa nos ambientes
escolares. É necessário um suporte pedagógico que subsidie práticas criativas,
expressivas, responsáveis e seguras.
Palavras-chave:escola; aluno; aprendizagem.

ABSTRACT: The work presents studies on the interaction of the child with (ASD)
and the insertion of social relationships of the child with Autistic Spectrum in the
school community. This paper aims to address the difficulties faced by students
with autism spectrum disorder in their learning, for their inclusion in the school
environment. We used a bibliographic research, scientific articles, manuals,
magazines and specialized websites with the purpose of reporting a reality that
nowadays is actively present in school environments. It is necessary a pedagogical
support that subsidizes creative, expressive, responsible and safe practices.
Keywords: school; student; learning.

1
Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Paulista UNIP
2
Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Paulista UNIP
3
Graduando do Curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Paulista UNIP
4
Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Paulista.
5
Orientador do TCC de Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Paulista - UNIP
1 INTRODUÇÃO
A presente abordagem visa uma análise acerca da inserção dos alunos com
transtorno do Espectro Autista (TEA) na comunidade escolar. Ressaltando o papel do
educador, como agente facilitador da aprendizagem adequada a esta realidade, em
virtude do desenvolvimento atípico nas interações sociais e na comunicação que
apresentam os alunos com autismo.
Para isso, a análise tem como objetivo apresentar as dificuldades enfrentadas
pelos alunos com TEA em sua aprendizagem, sendo necessário que o professor
promova o seu desenvolvimento intelectual, cognitivo e social, observando as
especificidades pertinentes ao autismo, permitindo a interação no ambiente escolar de
modo efetivo.
Nesse sentido, é relevante que a escola promova a implementação de práticas
pedagógicas que assistam os alunos com necessidades educacionais especiais.
Sendo necessário possibilitar a interação da criança, buscando o desenvolvimento de
suas habilidades, através de políticas de educação inclusiva, oportunizando um ensino
focado na equidade.
A metodologia utilizada trata-se de pesquisa de cunho bibliográfico,
apresentando a análise teórica de autores como: Lev Semionovitch Vigotsky, Mikhail
Mikhailovich Bakhtin, Jerome Seymour Bruner, Jean William Fritz Piaget, Paulo Reglus
Neves Freire. Bem como, a análise de literatura especializada, tais como: revistas,
teses e artigos dispostos sobre o tema proposto, contribuindo para o embasamento
teórico em questão.
O presente artigo apresenta a seguinte estrutura:
Introdução: discorremos sobre a relevância acerca da inclusão educacional de
crianças com autismo, nossas questões de pesquisa, objetivos e justificativa;
Contexto Histórico: apresentamos o delineamento histórico acerca do TEA;
Bases Conceituais: são descritas as bases conceituais do Transtorno do
Espectro Autista enfatizando as teorias dos autores Vygotsky e Bakhtin;
Bases Teóricas: trata de diferentes teorias de autores como Jerome Seymour
Bruner, Jean William Fritz Piaget, Paulo Reglus Neves Freire.
Aportes Legais: apresentamos a análise da legislação pertinente ao tema
proposto, Declaração Universal do Direitos Humanos (1948), Declaração de
Salamanca (1994), Constituição(1998), LDB 9394 (1996) e Lei Berenice Piana (2012);
Por fim, nas Considerações Finais, expomos a nossa compreensão sobre os
resultados de nosso trabalho.
2 CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE O AUTISMO
2.1 A ORIGEM DO AUTISMO
O termo autismo foi cunhado pelo psiquiatra suíço Eugem Bleuler, no ano
de 1911. Segundo o citado especialista, autismo teria com caracteristica “a fuga da
realidade para o alheamento do mundo cotidiano, para outro mundo, fato que foi
observado em pacientes esqusofrênicos”. (BLEULER, 2005 apud DURVAL, 2011).
Outro importante avanço para o conhecimento do transtorno do espectro
autista ocorreu em 1943, com a publicação da obra intitulada “Distúrbios Autísticos do
Contato Afetivo”, de autoria do psiquatra austríaco Leo Kanner. Este trabalho
cientifico descreveu o comportamento de 11 crianças que apresentavam em comum
“um isolamento excessivo na fase inicial da vida e uma tendência obsessiva pela
manutenção de mesmices” (SOUZA, 2011).
Não olvidando, que foi Kenner que forjou o termo “autismo infantil
precoce”, pois em suas pesquisas observou que, certos sintomas se manifestavam
desde, o que hodiernamente, definimos como primeira infância. Kenner relatou que
esses infantes, tendiam à repetição, sendo hábeis em classificar, enumerar, ordenar,
organizar ou memorizar. (SOUZA, 2011).
No ano subsequente (1944), o pediatra austríaco Johann "Hans" Friedrich Karl
Asperger, que deu nome à Síndrome de Asperger, publicou o trabalho nomeado “Die
Autistichen Psychopathen im Kindersaltern”. Neste Asperger, relatou pacientes com atitudes
semelhantes as observadas por Bleuler, a não ser por uma linguagem superior e função
cognitiva menos comprometida.
As décadas de 1950 e 1960, definiram-se pela diversidade de pesquisas e
confusões sobre o TEA. Em grande parte esse tumulto ocorreu em face das
pesquisas se debruçaram apenas no aspecto social do TEA, desprezando o fator
genético. Neste período Kanner, novamente ficou sobre os holofotes da comunidade
cientifica ao propor o termo “mãe geladeira”. Esse termo, definia que a origem do
autismo, estava em mães emocionalmente distantes de seus filhos. A tese de Kanner
se tornou conhecida fora da academia, através do livro “ A Fortaleza Vazia” do
psicanalista Bruno Bettelheim.
Até o final da década de 70 do século XX, o autismo não era visto como
um transtorno e sim como uma forma de esquizofrenia infantil, e como tal era
classificado como uma espécie de psicose. Sendo que as edições de 1952 e 1968 do
Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais – DSM – publicado pela
Associação Americana de Pisiquiatria, o autismo era um subgrupo da esquzofrenia
infantil. (APA, 1952 e 1968).
Somente em 1979, o britânico Micheal Rutter, alvitrou uma nova definição
para o que então se considerava uma subespécie de psicose, propondo como um
transtorno distinto, indepedente da esquisofrenia. Para Rutter, o TEA, que então era
conhecido somente por autismo, era caracterizado por atrasos e desvios sociais, e
que estes não se originavam somente na deficiência intelectual, problemas na
comunição, que a semelhança dos desvios sociais, não eram exclusivos de uma
escassez intelectual, comportamentos esteoreotipados e maneirismo, certos
pesquisadores porpõem a tríade diagnóstica: comunicação, socialização e
imaginação (WING; GOULD,1979).
Em consequencia dos avanços conquistados por Lorna Winge e outros em
1980, a 3ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-
III), o autismo se converteu no protótipo de um novo grupo de transtornos do
desenvolvimento reunidos sob o título de transtornos globais do desenvolvimento
(APA, 1980).
A psiquatra Lorna Wing, que faleceu aos 85 anos, no ano de 2014,
revolucionaou o estudo do Transtorno do Espectro Autista. Sua pesquisa redefiniu a
forma como o autismo era visto, propiciando uma compreensão holistica do
transtorno autista. Seu trabalho serviu de suporte para oa ambientes de
aprendizagem altamente controlados, que foram utilizados no tratamento do TEA na
década de 1980.
Em 1994, um estudo internacional avaliou novos critérios para o autismo,
analisando mais de 1.000 casos. A síndrome de Asperger foi adicionada ao DSM, expandindo
o escopo do autismo para incluir casos mais leves nos quais os indivíduos tendem a ser mais
funcionais.
Apenas no ano de 2015, ou seja, mais de um século após o TEA ser
primitivamente diagnosticado pela primeira vez, o DSM-5, abrange todas as categorias de
autismo em um único diagnóstico: Transtorno do Espectetro Autista (TEA), sendo que a partir
desse momento a síndrome de Asperger deixa de seer considerada uma condição separada.
3ASPECTOS CONCEITUAIS

Os conceitos construidos pelo psicólogo Lev S. Vigotski (1896- 1934) e pelo


filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin (1895 - 1975), são de extrema importância, para
elaborarmos estratégias eficazes e abrangentes na inclusão de pessoas com
transtorno do espectro autista, um – Vigotski – nos orienta que o processo de
aprendizagem não pode ser divorciado do meio social e cultural de cada ser, já
Bakhntin elabora sólidos alicerces da alteridade no campo da dialógica linguistica,
mostrando que a linguagem, campo tormentoso no que se diz respeito ao que se
inserem no TEA, é instrumento decisivo de apendizagem.

Para Vigotski (2003), as funções psicológicas superiores são de origem


histórico- cultural. Desse modo, compreende que a complexa estrutura humana se
desenvolverá do processo enraizado nas relações entre história individual e social.
Esse pressuposto da teoria nos possibilita pensar as práticas pedagógicas que
contribuem para os processos de aprendizagem e desenvolvimento da criança com
autismo na Educação Infantil.

Foi Vigotski que desenvolveu o conceito de Aprendizegem mediada, que pode


ser descrita como a aquisição de conhecimentos realizada por meio de um elo
intermediário entre o ser humano e o ambiente. Para Vygotsky, há dois tipos de
elementos mediadores: os instrumentos e os signos - representações mentais que
substituem objetos do mundo real. Segundo ele, o desenvolvimento dessas
representações se dá sobretudo pelas interações com o meio, que levam ao
aprendizado

Bakhtin por sua vez, traz caro conceito para trabalharmos com criança
inseridas no espectro autista, que é o da linguagem em um sentido dialógico. Do
ponto de vista de Bakhtin, pode-se entender que a linguagem se dá por meio do
enunciado concreto, que é constituído de duas partes: a parte percebida ou realizada
nas palavras e a parte assumida - o horizonte espacial e de pensamento
compartilhado pelos falantes; sua característica distintiva é que ele cria inúmeras
conexões com o contexto extraverbal da vida
Com suporte nestes estimados teóricos, exporemos que através um olhar
duplice e harmônico (meio histórico-social e na linguagem dialógica), as crianças com
transtorno do espectro autista, podem ser inseridas com êxito no ambiente
educacional, em especial na educação infantil.
.4 BASES TEÓRICAS
4.1 A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA SOBRE O PRISMA DAS PRINCIPAIS TEORIAS DA EDUCAÇÃO

O criador do Behaviorismo Radical, Skinner, sendo um adpeto da modelagem


do comportamento, através do condicionamento operante e na influência do meio-
ambiente. Dentro do Behavorismo Radical, Skinner desenvolveu a Análise do
Comportamento Aplicado (ABA) (em inglês: Applied Behavior Analysis). Para Skinner o
aluno é um ser passivo e receptor de informações, sendo o educador o responsável
por controlar e repasse o conhecimento.
Em que pese, esta visão ultrapassada e que a ABA não ter sido desenvolvida
especificamente para a intervenção no comportamento da pessoa com Transtorno do
Espectro Autista, a professora Maria Marta Costa Hübner menciona que “na área do
Tanstorno Espectro Autista, a ABA é a terapia comportamental que funciona porque é
intensiva, sistemática e ensina habilidades.
Assim sendo, ABA tornou-se a “queridinha” dos especialistas e recebe
destaque considerável pela Organização Mundial de Saúde, Ministério da Saúde do
Brasil e Governo do Estado de São Paulo; não só por isso, mas também por ter sua
eficácia comprovada, diferentemente de outras aplicadas no campo.
Já para Bruner, que relaciona a aprendizagem às situações vividas
anteriormente, trazendo a centralidade no pensamento intuitivo. Assim, na visão de
Bruner o discente é ativamente participante no processo de aprendizagem.
Bruner (1983), defende construção do conhecimento, através de um prisma
sociocognitivista da apropriação da linguagem, defendendo que a interação da
criança com o meio social é fundamental para seu desenvolvimento.
Nesta trilha, Bruner (1997) leciona que apesar de inicialmente a interação da
criança se dar de forma não linguística, as experiências vividas, faz com que a
mesma, lentamente, avalie os significados sociais e se aproprie dos símbolos
linguísticos.
A visão de Bruner contribui para o trabalho com crianças com TEA na medida
que, crianças com transtorno autista tem dificuldade na interação comunicativa e a
pesquisa de Bruner mostra-se essencial por comprovar que a correta interação com
adultos e outros infantes, que pode ser dar de forma lúdica, como brincadeira e jogos
apropiados, faz com que o autista compreenda os fatos e ideias, sendo a única forma,
segundo Bruner, a melhor maneira de repassar conteúdos.
Outra importante teoria para a educação, e em epecial para os educandos com
TEA, foi criada por Piaget, que desenvolveu farto trabalho baseado na evolução
intelectual do estudante, definindo fases para a apropriação dos processos cognitivos.
Para Piaget
(...) os aspectos afetivos, sociais e cognitivos da conduta são, de fato,
indissociáveis: (...) a afetividade constitui a energética das condutas cujas
estruturas correspondem às funções cognitivas e, se a energética não explica
a estruturação nem o inverso, nenhuma das duas poderia funcionar sem a
outra (PIAGET, INHELDER, 1966/2012, p. 103)

A teoria proposta por Piaget, contribui com o debate sobre os alunos com
Transtorno do Espectro Autista, na medida que busca transportar os aspectos do
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social para o campo do ensino-aprendizagem dos
discentes com TEA.
Por fim, não se pode esquecer da pesquisa desenvolvida por Paulo Freire.
Paulo Freire (1996, p.62) destaca que, “o respeito devido à dignidade do educando
não me permite subestimar, pior ainda, zombar do saber que ele traz consigo para a
escola”.
A teoria Freiriana nos lembra que os alunos com TEA, também trazem consigo
vivências, experiências, histórias próprias, que de maneira alguma podem ser
minimizadas ou desprezadas, pelo contrário o educador deve respeitar e utilizar a
“bagagem” trazida pelo educando com Transtorno do Espectro Autista, no intuito de
contruir pontes, visando a aprendizagem interativa.

4.2 CONTRIBUIÇÕES DE VIGOTSKI E BAKTHTIN PARA A INCLUSÃO DA


CRIANÇA COM TEA.
Com base nas pesquisas realizadas é possível depreender que Vigotski rompeu
paradigmas referente à inclusão escolar de pessoas com deficiências. Pois, o Modelo
Social de Deficiência, evidência não mais as limitações, mas sim, nas possibilidades e
superações das crianças com TEA.
Esse novo olhar que a teoria de Vigotski enfatizou, de certa forma se aproxima
da teoria elaborada por Paulo Freire, pois não despreza as potencialidades dos
educandos inseridos no espectro autista.
A teoria histórico-cultural de Vigotski nos permite desvelar as possibilidades de
aprendizagem da criança com diagnóstico de autismo e vê-la como um ser integral,
com suas potencialidades, criança que aprende a relacionar-se com o outro, que
descobre, cria cultura e participa dela. O autor romper com um olhar exclusivamente
biológico, focado na deficiência, na incompletude.
Por outro lado, a teoria histórico-cultural abre possibilidades de aprofundar a
reflexão sobre o papel da linguagem no desenvolvimento infantil. Apoiando-se nas
idéias de Vigotski, Pino (2005, p. 167) afirma que:

O nascimento cultural da criança começa quando as coisas que a rodeiam


(objetos, pessoas e situações) e suas próprias ações naturais começam a
adquirir significação para ela porque primeiro tiveram significação para o
outro [...]. Para tanto, é necessário que a criança vá apropriando-se dos
meios simbólicos que lhe abrem o acesso ao mundo da cultura, que deverá
tornar-se seu mundo próprio.

Pino (2005, p. 152) destaca ainda:

Ora, na medida em que a cultura é um conjunto das obras humanas e o


específico dessas obras é a significação, o desenvolvimento cultural da
criança é o processo pelo qual ela deverá apropriar-se, pouco a pouco, nos
limites de suas possibilidades reais, das significações atribuídas pelos
homens às coisas (mundo, existência e condições de existências humanas).

Vigotski nos faz compreender que o pensamento passa por muitas


transformações até tornar-se fala. A palavra é carregada de sentido, fazendo parte da
dimensão humana. Diante disso, os estudos do autor nos levam a indagar sobre: as
contribuições da teoria histórico-cultural para pensar a inclusão da criança com
autismo na Educação Infantil, sabendo que ela possui pouca ou quase nenhuma
oralidade; e as mediações que podem propiciar o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores dessa criança.
Bakhtin (2003), por sua vez, nos leva à reflexão de que somos constituídos de
forma dialógica, afirmando que, a princípio, assimilamos a palavra do outro, para, em
seguida, essas palavras alheias serem reelaboradas e se transformarem em “minhas
alheias palavras” e, dessa maneira, transformadas em algo singular, que me
caracteriza. De acordo com Bakhtin (2003, p. 13-14).
[...] avaliamos a nós mesmos do ponto de vista dos outros, através do outro
procuramos compreender e levar em conta os momentos transgredientes à
nossa própria consciência; desse modo, levamos em conta o valor da nossa
imagem externa do ponto de vista da possível interpretação que ela venha a
causar no outro [...].

Bakhtin (2004), ao fazer considerações sobre a língua, apresenta a dimensão


dialógica da linguagem, frisando, em seus escritos, que a palavra é carregada de um
sentido ideológico ou vivencial. O autor (2004, p.113) esclarece que “[...] a palavra é
uma espécie de ponte entre mim e os outros. Se ela se apóia sobre mim numa
extremidade, na outra apóia-se sobre o meu interlocutor. A palavra é o território
comum do locutor e do interlocutor”. Desse modo, podemos dizer que a fala, a
enunciação, é de natureza social, determinada pela situação mais imediata ou pelo
meio social mais amplo.
De acordo com Bakhtin (2003, p. 13-14),

[...] tornar-se o outro em relação a si mesmo, olhar a si mesmo com os olhos


do outro; [...] avaliamos a nós mesmos do ponto de vista dos outros, através
do outro procuramos compreender e levar em conta os momentos
transgredientes à nossa própria consciência; desse modo, levamos em conta
o valor da nossa imagem externa do ponto de vista da possível interpretação
que ela venha a causar no outro [...].

Nesse contexto, as obras de Vigotski e Bakhtin nos possibilitam caminhos para


pensar práticas pedagógicas que propiciem o desenvolvimento e a ampliação dos
processos psicológicos superiores da criança com autismo na Educação Infantil, pois
o que se deseja é que a ação educativa seja focada na criança e não no autismo em
si.

4.3 PRATICAS PEDAGOGICAS BASEADAS EM VIGOTSKI E BAKHTIN QUE


AUXILIAM A INSERSÃO DOS ALUNOS COM TEA NA REDE REGULAR DE
ENSINO.

O ambiente escolar deve ser por excelência um espaço propicio ao


desenvolvimento de crianças com TEA, em seus diversos aspectos, tais como,
cognitivo, na linguagem e social. Sendo que praticas pedagogicas alicerçadas em
teorias sólidas são ferramentas essenciais para um eficiente aprendizado do
educando.
A teoria de Vigotski defende que a interação é fundamental para a
aprendizegem, neste sentido o educador no momento de planejar atividades para
crianças com TEA, deve pensar em proporcionar experiências que promovam sua
interação social através do aprendizado cognitivo.
Assim, é importante que o educador, sempre respeitando a situação peculiar da
criança com transtorno do espectro autista, promova atividades que tragam interação
com o demais colegas, indepedentemente de estarem ou não incluidos no espectro
autista.
Para o conceito Vigotskiniano brincadeiras são importantes pois por meio delas
a criança entra no mundo simbólico onde ocorre apresentações mentais e relações
entre linguagem e pensamentos fazendo com que ela se desenvolva a partir do que é
aprendido por meio de interações com o meio cultural no qual está inserido.
Na educação infantil a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento da
criança os jogos lúdicos e também o brincar livre permite que a criança desenvolva a
capacidade de tomar decisões expressar sentimentos conhecer a si ao mundo além de
despertar a criatividade e solucionar problemas
Sem pretender exaurir o tema, lembramos que Vygotsky, alerta que o educador
não pode se esquecer que a comunicação e no caso da pretensão deste trabalho
cientifico, a comunicação através de brincadeiras e jogos, deve leva em conta a cultura
a que a criança, principalmente a autista, está inserida, para uma melhor desenvoltura
do aprendizado.
A dialógica da linguagem de Bakhtin, é outra relevante ferramenta para que o
educador possa elaborar práticas assertivas capazes de inserir crianças com TEA no
espaço escolar. Com fulcro na dialógica da linguagem o professor deve pensar que
toda comunição perpassa por provocações que geram reações-respostas.
Dessa forma, ao elaborar as atividades, o educador necessita pensar
meticulosamente nas provocações criadas, sempre voltadas para um resposta que
desenvolva os educandos com TEA. Assim, a sala de aula constitui espaço privilegiado
para que essa interação ocorra.
Dessa maneira, ao participarem de um evento de interação em sala de aula, professor
e alunos põem em jogo um sistema de regras interacionais que orientam e organizam a forma
de ação de um para com o outro. A esse respeito, afirma Silva:
Professor e alunos, além de possuírem intenções complementares, possuem
igualmente relações de lugares e papéis comp lementares. As intervenções
dos alunos visam a informar ao professor o que sabem, dar continuidade à
interação e man ifestar-se quanto ao que é dito pelo professor. A interação em
sala de aula engloba ações do professor, reações dos alunos a essas ações,
reações do professor às ações dos alunos e reações dos alunos entre si. Esse
é o universo psicossocial da sala de aula. (SILVA, 2002, p. 185).

No epilogo deste tópico, importante mencionar que os referidos pensadores


desenvolveram suas teorias para um ambiente pré-pandemico, sendo necessário que
os atuais facilitadores da educação, adaptem e transformem, não só as teorias e
praticas citadas, mas todo o sistema educacional para a realidade virtual e fisicamente
distanciadora.
Não é simples e nem fácil transpor barreiras seculares, ainda mais para os
educadores de crianças com TEA que possuem especificidades singulares, no
entanto, é possivel e necessário criar praticas que envolvam o ambiente tecnológico
voltado para crianças com transtorno do espectro autista.

5 LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL ESPECIAL

No ano de 1948 era emitida pela ONU a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, importante documento que reconhecia a dignidade intrínseca de todo ser
humano, conforme defendia Immanuel Kant. No entanto, ainda demoraria para a
comunidade internacional dispensar atenção a pessoas com deficiência, em especial
no que tange a educação.
Somente em 1975, a Declaração dos Direitos das Pessoas com Deficiência,
positivou importantes direitos fundamentais, aqueles que possuem algum tipo de
necessidade especial.
No âmbito do Transtorno do Espectro Autista, a principal evolução jurídica
recente, foi a Declaração de Salamanca e Linha de Ação Sobre Necessidades
Educativas Especiais (1994), que surgiu como ampliação e aprofundamento da
Conferência Mundial sobre Educação para Todos (1990).
A Declaração de Salamanca fornece diretrizes básicas para a formulação e
reforma de politicais e sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão
social, é considerada um dos principais documentos mundiais que visa a inclusão
social.
A citada Declaração inova ao colocar a educação especial dentro da
estrutura básica da “educação para todos”, ou seja, refere-se a uma educação
inclusiva, onde todas as crianças possam “aprender juntas, independentemente de
quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter”.
A Legislação pátria não ficou alheia as transformações ocorridas no âmbito
internacional. Nesta trilha, a Constituição Cidadã de 1988 em seu artigo 5° reconhece
expressamente que todo cidadão deve ter igualdade de condições e de direitos, ainda
que possua especificidades que o distingue dos demais (BRASIL,1988).
O artigo 205, corrobora e amplia o artigo 5º, posto que define que a
educação é um direito de todos os cidadãos e uma obrigação que deve ser
assegurada pelo estado e pela família. Importante ressaltar que o mesmo art. 205,
prescreve que o objetivo da educação é trazer o pleno desenvolvimento para a pessoa
e o seu preparo para a fluição de sua cidadania, sem fazer qualquer distinção sobre
suas características físicas, sociais ou mentais.
Não podemos olvidar que o artigo 208, III, de nossa Carta Magna, traz o
dever do Estado em garantir um acolhimento personalizado, no ambiente educacional,
a todas as pessoas com deficiência, senão vejamos:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de:
[...]
III -atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;

No espirito constitucional surgiu a Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (LDB), que traz o direito de uma criança autista frequentar escola regular,
como aponta o capítulo V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), que trata sobre a Educação Especial, a redação diz que ela deve visar a
efetiva integração do estudante à vida em sociedade.
Dentro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e no que
concerne a este trabalho, de fundamental importância citarmos o artigo 58 da lei em
apreço. O mencionado artigo aduz sobre o que é educação especial e que a mesma
deve ser ofertada desde a educação infantil, devendo atender as particularidades
necessárias.
De central importância para este trabalho acadêmico é a Lei Berenice
Piana, como é conhecida popularmente a Lei nº 12.764/2012. Esta institui na esfera
nacional uma Política de proteção dos direitos das Pessoas com Transtorno do
Espectro Autista, o que foi um grande avanço, pois possibilitou àqueles que possuem
TEA fruírem dos mesmos direitos, que já eram assegurados a outros grupos de
deficientes.
Outro ponto a destacar da Lei 12.764/2012 é a preocupação da mesma em
estabelecer estratégias para que os ambientes escolares desenvolvam as necessárias
adaptações curriculares para a plena integração das pessoas que estejam dentro do
espectro autista. Neste sentido é o artigo 2º da norma em comento, que elabora
diretrizes capazes de orientar a prática inclusiva nas escolas.
Tanto a legislação alienígena quanto a nacional refletem a preocupação dos
governos, organismos e principalmente da comunidade educacional em promover a
inclusão das pessoas com deficiência, sendo que os possuidores do TEA estão dentro
desse grupo. Para Schmidt (2016), promover a inclusão significa, sobretudo, uma
mudança de postura e de olhar acerca da deficiência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista do exposto, esta monografia tem como objetivo central a inclusão da


criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a interação com o meio escolar,
como ferramenta essencial e necessária para o desenvolvimento nos primeiros anos
da criança. E evidencia a incumbência do Professor que será o provedor das práticas
educacionais.
Trata-se metodologicamente de uma pesquisa bibliográfica, utilizando como
embasamento teórico os autores: Lev Semionovitch Vigotsky, Mikhail Mikhailovich
Bakhtin, Jerome Seymour Bruner, Jean William Fritz Piaget, Paulo Reglus Neves
Freire. Considerando possível uma prática educacional inclusiva que potencialize o
desenvolvimento social da criança com o TEA.
Através do levantamento documental realizado, verificamos que a inclusão do
aluno com TEA exige uma abordagem multidisciplinar focada em práticas interativas
tanto no âmbito cognitivo, quanto na linguagem. Tanto Vigotsky, quanto Bakhtin trazem
fundamentos essenciais para que o educador compreenda e promova práticas
inclusivas no ambiente educacional.
No ambiente escolar, é necessário haver práticas educacionais voltadas para os
alunos com TEA, tais como: atividades lúdicas, recreativas e o diálogo, elementos
relevantes para o seu desenvolvimento. Resta claro, que quando existe esse
adequado planejamento para as crianças autistas, considerando as peculiaridades do
educando a consequência será positiva. As teorias abordadas, neste artigo, confirmam
esta tese.
A relevância desse artigo se dá, em virtude da necessidade de se discutir
academicamente os desafios que a criança com TEA enfrenta, devido suas condições
neurológicas. O aumento de casos do diagnóstico, revela a urgência do tema e a
busca de uma interação social efetiva e inclusiva para esse aluno. Desse modo,
desejamos que ele possa contribuir de forma significativa para futuras pesquisas,
mostrando possibilidades de garantia de aprendizado, desenvolvimento e socialização.
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