Adriano Marçal PDF
Adriano Marçal PDF
Adriano Marçal PDF
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
BELÉM
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
BELÉM
2015
ii
ADRIANO DE FIGUEIREDO MARÇAL
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________
Profa. Dra. Nadia Cristina Fernandes Corrêa
(PPGCTA/ITEC/UFPA – Orientadora)
_______________________________
Prof. Dr. Jesus Nazareno Silva de Souza
(PPGCTA/ITEC/UFPA – Membro)
_______________________________
Prof. Dr. Luiz Ferreira de França
(PPEQ/ITEC/UFPA – Membro Externo)
_______________________________
Profa. Dra. Alessandra Santos Lopes
(PPGCTA/ITEC/UFPA – Membro Suplente)
iii
Dedico este trabalho ao Senhor Deus e à
minha querida Família: Mãe, Pai, Cyntia,
Herculano e Ray.
iv
AGRADECIMENTOS
Inicialmente quero agradecer a Deus pelo dom da vida, por ter me permitido
seguir mais essa caminhada com muita Saúde e Fé. Tens minha vida, Senhor!
Agradeço também a Deus por ter me dado a Família que eu tenho. Agradeço
aos meus pais Maria Vilma e Francisco Herculano pelo amor e dedicação que me
deram ao longo de todos os anos, agradeço pela Educação que me foi proporcionado
e pelos valores que me foram passados, tenho certeza que sem o apoio incondicional
de vocês eu não teria, sequer, dado o primeiro passo dessa caminhada. Muito
obrigado, amo vocês!
Quero agradecer aos meus queridos irmãos Cyntia Marçal e Herculano Marçal
por serem meus maiores exemplos. Saibam que tenho muito orgulho de vocês dois,
meus heróis. Amo vocês! Também agradeço a minha Tia Ray pelo carinho e
paciência dedicados a mim. Muito obrigado e também te amo.
Agradeço aos meus queridos Orientadores Nadia Corrêa e Luiz de França por
sempre terem acreditado em mim ao longo desses quase 7 anos de orientação. Muito
obrigado e saibam que vocês são um grande exemplo para mim.
Agradeço à CAPES pela bolsa de estudos concedida a mim e à BIOPALMA
pelo suporte financeiro.
Quero agradecer a TODA GALERA GDL (Galera do LAOS) pelo apoio e
suporte, infalível, no desenvolvimento do meu trabalho, em especial agradeço a
minha querida Amiga Jaqueline Cabral por todos esses quase 7 anos de parceria,
amizade e aprendizado.
Quero agradecer à minha querida Família e aos Amigos por terem feito, e
continuarem fazendo, meus dias mais felizes. Agradeço em especial à: Carol Piani
(minha Best), Flávia Pires (pega crl), Mayara Martins (Xexé), Fernanda Wariss (e suas
mãozinhas), Orquídea Vasconcelos (e seus sapatos), César Mesquita (Codó), Murilo
Souza (Mico), Thiago Oliveira (psicólogo particular), Rodrigo Figueiredo (Arroz e
Trigo) e a todos aqueles que torcem por mim, direta ou indiretamente, meu MUITO
OBRIGADO!!!
v
vi
RESUMO
O dendê (Elaeis guineensis) vem recebendo grande destaque internacional por ser
uma excelente fonte de óleo vegetal, o qual pode-se direcionar o uso desse produto
tanto para a indústria alimentícia quanto para a indústria energética. Dessa forma, a
geração de resíduos, oriundo dessa cadeia produtiva, vem aumentando cada vez
mais e, contrariamente, as alternativas tecnológicas para o destino racional dos
mesmos não vem acompanhando tal crescimento, permitindo, assim, um gradativo
avanço no impacto ambiental ocasionado por esta cadeia produtiva. Neste contexto,
a presente dissertação tem como intuito a utilização dos cachos de frutos vazio (EFB
– Empty Fruit Bunches), resíduos oriundos da indústria do dendê, para a produção de
açúcares redutores, por meio de hidrotermólise em altas pressões e temperaturas.
Foi feita a secagem e a cominuição do EFB para a obtenção de três tipos diferente
de granulometrias: fina (>60mesh), média (28-60mesh) e grossa (<28 mesh).
Posteriormente foram feitas análises físico-químicas das mesmas, onde verificou-se
que as amostras média e grossa são semelhantes e a fina diferente de ambas. Para
o tratamento hidrotérmico seguiu-se um planejamento fatorial completo 25, em
triplicata, onde as variáveis eram: granulometria (fração fina e média), razão
sólido/líquido (1/13,33 e 1/20), temperatura (130 e 170°C), pressão do CO2 (150 e
200bar) e tempo (10 e 20 minutos). Para ambas amostras as condições de ensaio
que forneceram maior rendimento, de açúcares redutores, foram razão 1/20, 170°C,
200bar e 20 minutos. Os rendimentos foram de 17,48% e 57,89% para a amostra fina
e média, respectivamente. Avaliou-se o teor de fibra das amostras antes e após o
tratamento hidrotérmico e verificou-se que a fração mais consumida, em ambas
amostras, foi a celulose. Verificou-se também a influência do pré-tratamento em
autoclave para o rendimento do melhor ensaio da amostra média, obteve-se um
percentual de rendimento de 60,83%, o qual é estatisticamente igual ao rendimento
sem pré-tratamento. Realizou-se análise estatística dos ensaios e observou-se que
os principais fatores para tratamento hidrotérmico são o tempo e a temperatura, sendo
estes diretamente proporcionais ao rendimento do processo, nas condições
estudadas.
vii
ABSTRACT
Palm oil (Elaeis guineensis) has received much international attention for being an
excellent source of vegetable oil, which can be directly used by the food and energy
industries. Thereby, the generation of waste, arising from this production chain, is
increasing and, conversely, the technological alternatives for rational destination
thereof not keeping up with this growth, thus allowing a gradual advance in
environmental impact caused by this production chain. In this context, the present
work has the intention to use the empty fruit bunches, residues originating from palm
oil industry, for production of reducing sugars by hydrothermal treatments at high
pressures and high temperatures. The EFB was dried and milled in order to obtain
three different types of grain sizes: fine (> 60 mesh), medium (28-60 mesh) and thick
(<28 mesh). It was then made a physicochemical analysis from the material that was
obtained and the results shown that medium and thick samples are similar and the
fine sample is different from both. The hydrolysis followed a full factorial design 2 5,
made in triplicate, where the variables were: particle size (thick and medium samples),
solid/liquid proportion (1/13,33 and 1/20), temperature (130 and 170 °C), CO2
pressure (150 and 200 bar) and time (10 and 20 minutes). For both samples the test
conditions which provide higher yields of reducing sugars were 1/20 proportion, 170 °
C, 200 bar and 20 minutes. Yields were 17.48% and 57.89% for thick and medium
sample, respectively. Was evaluated the fiber consumption of the samples before and
after hydrolysis and it was found that the most consumed fraction, in both samples, is
cellulose. Was assessed the influence of the autoclave treatment for the best medium
sample hydrolysis test and as result was obtained 60.83% yield which is statistically
equal to the without pre-treatment result. The statistical analysis of the tests was
performed and observed that major effects on the hydrolysis process are the time and
temperature, which are directly proportional to the yield of the process, under the
studied conditions.
viii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
2 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 5
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 5
3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 6
3.1 O DENDÊ (Elaeis guineensis Sp.) ..................................................................... 6
3.2 BIOMASSA ........................................................................................................ 8
3.2.1 Celulose .......................................................................................................... 10
3.2.2 Hemicelulose .................................................................................................. 11
3.2.3 Lignina ............................................................................................................ 12
3.3 PRÉ-TRATAMENTO da matéria-prima............................................................ 14
3.4 Tratamento hidrotérmico (HIDROTERMÓLISE) .............................................. 15
3.4.1 Água ................................................................................................................ 15
3.4.2 Dióxido de carbono (CO2) ............................................................................. 17
3.5 AÇÚCARES REDUTORES ............................................................................. 18
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 20
4.1 MATERIAIS ..................................................................................................... 20
4.1.1 Matéria-prima ................................................................................................. 20
4.1.2 Dióxido de carbono (CO2) ............................................................................. 20
4.1.3 Equipamentos ................................................................................................ 21
4.2 MÉTODOS....................................................................................................... 22
4.2.1 Etapas para o procedimento experimental.................................................. 22
4.2.2 Características físicas e químicas ............................................................... 24
4.2.3 Planejamento do processo hidrotérmico .................................................... 25
4.2.4 Cálculo do rendimento do tratamento hidrotérmico .................................. 27
4.2.5 Tratamento estatístico................................................................................... 27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 28
5.1 AVALIAÇÃO DA SECAGEM E COMINUIÇÃO DOS CACHOS VAZIOS DE
FRUTOS (efb) .......................................................................................................... 28
5.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DAS FRAÇÕES
GRANULOMÉTRICAS DO CACHO ......................................................................... 30
5.3 AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DO TRATAMENTO HIDROTÉRMICO ..... 32
5.3.1 Efeitos estatísticos dos parâmetros do tratamento hidrotérmico da fração
fina ......................................................................................................................... 36
5.3.2 Efeitos estatísticos dos parâmetros do tratamento hidrotérmico da fração
média ....................................................................................................................... 39
ix
5.4 AVALIAÇÃO DO MATERIAL LIGNOCELULÓSICO ........................................ 42
6 CONCLUSÃO .................................................................................................. 47
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 48
x
ÍNDICE DE FIGURAS
xi
ÍNDICE DE TABELAS
xii
1 INTRODUÇÃO
4
2 OBJETIVO GERAL
5
3 REVISÃO DE LITERATURA
6
O dendezeiro possui grande importância econômica mundial devido ao óleo
extraído de seu fruto. Dois tipos de óleos podem ser extraídos, o óleo de palma
extraído industrialmente do mesocarpo do fruto e o óleo de palmiste extraído da
amêndoa (BOARI, 2008; KONAN et al., 2005). Comercialmente, estes dois tipos de
óleos, são utilizados em várias áreas da indústria. O óleo de palma possui ampla
utilização na alimentação humana, na fabricação de margarinas, panificação, biscoito,
massas, tortas entre outros. Já o óleo de palmiste é valorizado nas indústrias
farmacêutica, cosmética e de perfumaria (BOARI, 2008; FURLAN JÚNIOR et al.,
2003; KONAN et al., 2005).
Atualmente o óleo de dendê vem sendo foco econômico para fonte de energia
renovável (URQUIAGA et al. 2005) como o biocombustível. Isso ocorreu graças ao
declínio das reservas naturais de petróleo e gás natural além de fatores relacionados
ao aquecimento global que abriram novas perspectivas para o óleo de palma
(ANUÁRIO, 2008). O dendê é considerado uma das oleaginosas mais produtivas
entre as culturas comerciais, pois rende em média, 4 mil kg de óleo por hectare
(SUFRAMA, 2003).
Na Amazônia pode ser encontrado o dendê nativo da espécie Elaeis oleifera,
chamado de caiaué. A espécie amazônica é menos produtiva em óleo, mas,
apresenta este produto com melhor qualidade, além de possuir menor taxa de
crescimento em altura – o que facilita a colheita e amplia o ciclo produtivo – e
resistência a algumas pragas e doenças que ocorrem na espécie africana (MÜLLER
et al., 2006).
A planta produz seus frutos em cachos, que variam em peso de 10-40 kg, os
frutos individuais variando de 6 a 20 g, que são constituídos (Figura 2) por uma pele
exterior (exocarpo), polpa (mesocarpo) que é uma matriz fibrosa; um anel central
constituído de uma casca (endocarpo), e a amêndoa, endosperma (POKU, 2002).
O crescimento acelerado e expressivo do cultivo dessa palmácea gerará um
bom número de subprodutos orgânicos e resíduos, tanto no campo quanto na usina.
O processamento dos frutos do dendezeiro fornece, em média, os seguintes produtos
e subprodutos: óleo de palma bruto, 20%; óleo de palmiste, 1,5%; torta de palmiste,
3,5%; cachos vazios sem frutos, 22%; fibras, 12%; cascas, 5%; e efluentes líquidos,
50%. Esses materiais podem ser reciclados nas plantações como fontes de
nutrientes, como fontes de energia em processos da usina ou para a manufatura de
uma série de produtos para a agricultura ou outras indústrias. Daí a importância a ser
7
dada para a solução de problemas que certamente advirão. Essa solução deverá ser
encarada sob os aspectos sanitário, ambiental, econômico e social (FURLAN
JÚNIOR, 2006).
Segundo Singh et al. (1989), Annual. (1998), Furlan Júnior et al. (2000),
Ferreira et al. (1998) existe uma enorme variação no conteúdo de nutrientes nos
cachos vazios. O Pará é o maior produtor de óleo de palma no Brasil. O Estado tem
uma área plantada que chega a 140 mil hectares e já é responsável por 90% da
produção de dendê no Brasil. O Estado produz, por ano, 770 mil toneladas de óleo
de palma, que é extraído do fruto do dendê. A maior parte da produção é usada nas
indústrias de alimentos e cosméticos e biodiesel (AGENCIAPARÁ, 2014). Cada
tonelada de óleo produzida corresponde a, aproximadamente, uma tonelada de
cachos vazios sem frutos.
3.2 BIOMASSA
8
biomassa, e muito mais de agora em diante, em virtude do programa de agroenergia,
destaca-se na Amazônia, o dendezeiro. Essa palmeira possui uma capacidade
tremenda de imobilizar o carbono atmosférico, que permanecerá, por
aproximadamente 25 anos, grande parte dessa imobilização, podendo reflorestar
áreas alteradas, ser cultivada em solos ácidos e pobres, restaurar o balanço hídrico
e liberar oxigênio (FURLAN JÚNIOR; MÜLLER, 2003).
O termo biomassa descreve os materiais naturais que podem ser utilizados
como combustíveis, incluindo assim toda matéria orgânica existente num
determinado momento na terra como: madeira, resíduos florestais, agrícolas e
industriais, resíduos humanos ou animais (MESA, 2004; BRIDGWATER et al., 2002),
podendo ser utilizada para gerar calor, eletricidade ou combustíveis líquidos
economicamente viáveis (MARTINI, 2009).
A utilização de biomassa como matéria-prima de conversão depende de seus
constituintes químicos e de suas propriedades físicas. A biomassa vegetal varia
principalmente quanto ao seu teor de celulose, hemicelulose e lignina (MARTINI,
2009). Tais frações, juntas, perfazem mais de 90% da massa seca total (HARMSEN
et al., 2010).
Na Figura 3 encontra-se um esquema geral da composição dos componentes
lignocelulósicos em biomassas.
9
sendo esta, basicamente, um esqueleto que é circundado pela hemicelulose e pela
lignina que dá certa rigidez, estando todos intimamente associadas entre si, conforme
indicado na Figura 4. A participação desses constituintes na biomassa varia muito de
uma espécie vegetal para outra, ou até mesmo, dentro da mesma espécie. Este fato
é observado quando são analisadas partes diferentes do vegetal (MILEO, 2011).
3.2.1 Celulose
10
fração (RIBEIRO, 2004). Farinas (2011) reportou que há diferentes graus de
ordenação que ocorrem desde regiões cristalinas altamente ordenadas até regiões
menos ordenadas ou amorfas. Mencionou ainda, que as regiões de elevada
cristalinidade são pouco acessíveis por solventes e reagentes e que em contrapartida,
as regiões relativamente mais desordenadas (amorfas) são mais acessíveis e mais
susceptíveis a reagentes químicos.
3.2.2 Hemicelulose
11
fonte e do método de extração. O tipo mais comum de polímeros que pertence à
família da hemicelulose é a xilana, sua molécula possui estrutura linear constituída de
D-xilopiranose unidas por ligações β (1-4) com ramificações arabinosil e/ou acetil,
dependo da espécie vegetal em que se encontra (BRUICE, 2006).
3.2.3 Lignina
12
fibras celulósicas (MOHAN et al., 2006). Formado por monômeros de
fenilpropanóides denominadas C6C3, ou simplesmente C9, repetidas de forma
irregular, que tem sua origem na polimerização desidrogenativa do álcool coniferílico
(SALIBA et al., 2001). A Figura 7 representa a estrutura de uma lignina.
13
3.3 PRÉ-TRATAMENTO DA MATÉRIA-PRIMA
14
3.4 TRATAMENTO HIDROTÉRMICO (HIDROTERMÓLISE)
3.4.1 Água
15
distribuição do produto, um alto nível de seletividade pode ser conseguido apenas
através do ajuste de temperatura e pressão do processo (MORESCHI et al., 2004).
O uso de água sub e supercrítica vêm ganhando cada vez mais atenção como
solvente ambientalmente amigável e um meio de reação atraente para uma variedade
de aplicações. É barato, não-tóxico, não-inflamável, não explosivo e oferece
vantagens essenciais em relação a outras substâncias, particularmente no campo da
"química verde " (ROGALINSKI et al., 2008).
A Tabela 1 lista algumas propriedades da água sub e supercrítica (TOOR et
al., 2011).
Água, próximo do seu ponto crítico (374° C e 221 bar), tem propriedades tais
como densidade e constantes dielétricas que sejam semelhantes aos de solventes
orgânicos não polares (à temperatura ambiente). Isto faz com que seja um solvente
viável nas reações, com a vantagem adicional de dispensar as etapas de
neutralização e de recuperação de solvente. O aumento da temperatura provoca um
aumento da constante de dissociação, tornando a água um ácido forte ou uma base
forte. Em tais reações químicas, a água desempenha papéis de catalisador, reagente
e de solvente (MORESCHI et al., 2004).
Neste processo a água quente permanece em contato com a biomassa em
temperaturas de 200-230 ºC. Entre 40% e 60% do total da biomassa é dissolvido no
processo, com 4-22% de celulose, 35-60% de lignina e de toda a hemicelulose pode
ser removida. Mais de 90% da hemicelulose é recuperado na forma de açúcares
monoméricos. A variabilidade nos resultados está relacionada com o tipo de biomassa
16
utilizada e com a alta solubilização da lignina, que impede a recuperação de açúcares
da hemicelulose (MOSIER et al., 2005).
O valor de pH diminui em 3 unidades, proporcionando muito mais íons hidrônio
para catálises em reações ácidas. Logo abaixo da temperatura crítica, o produto
iônico muda enormemente, tornando a água da região crítica e supercrítica um
composto muito menos polar do que a água ambiente. A reatividade de água aumenta
perto da região do ponto crítico, agindo como um catalisador (BRUNNER, 2009).
Dentre outros motivos que induzem a escolha da água subcrítica ao invés
supercrítica é que a hidrólise da celulose em água supercrítica pode produzir um
elevado rendimento de oligossacarídeos, mas ao mesmo tempo um elevado
rendimento de produtos de fragmentação de glicose, que são inibidores de
fermentação. Isto pode ser atribuído ao facto de que a glucose produzida a partir de
celulose decompõe-se rapidamente, sendo convertido em eritrose, furfural e outros
produtos não fermentáveis. Neste sentido, a tecnologia de conversão de lignocelulose
supercrítico não pode resultar num rendimento satisfatório de açúcares fermentáveis
(YAN ZHAO et al., 2009).
17
Logo, a temperatura e a pressão necessitam ser trabalhadas em conjunto para
que o gás tenha a menor pressão parcial e temperatura possíveis sem que seja
liquefeito (retorne a fase líquida) (SEITZ, et al. 1999).
19
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 MATERIAIS
4.1.1 Matéria-prima
20
4.1.3 Equipamentos
21
O sistema foi construído utilizando válvulas de retenção, que permitem o fluxo
em apenas um único sentido, dessa forma conseguiu-se maior estabilidade das
variáveis do sistema. Uma válvula de alívio de pressão foi acoplada na parte superior
do reator permitindo, assim, o controle da pressão no interior do mesmo sem que,
para isso, perca-se a amostra do sistema, bem como o experimento, haja visto que a
outra válvula de saída existente encontra-se na parte inferior do aparato. A
pressurização do CO2 no sistema foi feita utilizando um compressor de membrana da
marca Hofer Mülheim (Modelo MKZ 120-40).
Uma autoclave sem industrial (TECVET, modelo PHOENIX), com capacidade
de 30 L, foi utilizada para promover o pré-tratamento da matéria-prima do melhor
ensaio. Um moinho de facas Tipo Willye da marca TECNAL, modelo TE-650, foi
utilizado para fragmentar o cacho vazio, permitindo, assim, a padronização
granulométrica das amostras a partir de um Agitador Eletromagnético da marca Bertel
(BERTEL Indústria Metalúrgica Ltda. - Caieiras/SP).
4.2 MÉTODOS
Recepção dos Cachos de Frutos Vazios (EFB): Foram recebidos como descrito
no item 3.1.1;
Secagem, Cominuição e separação granulométrica: Realizou-se a secagem do
material para prevenir a degradação da matéria-prima por conta de ação de
microrganismos, principalmente a ação de fungos. Realizou-se a cominuição para
obter as diferentes frações granulométricas dos cachos de frutos vazios de dendê.
Essa separação foi feita com intuito de verificar o efeito do tamanho da partícula
no rendimento do produto final a partir do tratamento hidrotérmico;
Análises físico-químicas: foram realizadas como descritas no tópico 4.2.2;
Pré-tratamento em autoclave: Estudos mostram que uma etapa de aquecimento
à vapor, a pressões moderadas, no material que será hidrolisado, favorece que as
22
matrizes lignocelulósicas sejam expostas, desse modo, permitindo que os agentes
hidrolíticos tenham maior acessibilidade aos componentes internos da matéria-
prima, haja visto que uma das maiores dificuldades para o tratamento hidrotérmico
é interação física entre a lignina, celulose e hemicelulose. Portanto, essa etapa foi
realizada somente no ensaio que obteve maior rendimento de produto. As
condições utilizadas no pré-tratamento foram de 124 °C e 1,3 bar, durante 40
minutos;
23
Material tratado em autoclave: Com o intuito de avaliar a quantidade de açúcares
redutores inicial, após o pré-tratamento, realizou-se previamente a análise de
DNS;
Material após o tratamento hidrotérmico: Verificou-se a quantidade de açúcares
produzidos após tratamento hidrotérmico por meio do método DNS, comparou-se
o resultado obtido com os valores da análise realizada anterior a esta etapa;
Material não hidrolisado: Foi feita a análise de fibras para avaliar o percentual de
fibras que não foram hidrolisadas;
Microscopia ótica: Verificou-se, por microscopia ótica, como a estrutura
lignocelulósica comportou-se ante e após o tratamento hidrotérmico, justificando
o resultado obtido por DNS com a imagem da matéria-prima (se a estrutura sofreu
deformação).
24
4.2.3 Planejamento do processo hidrotérmico
25
pressurização do sistema, de acordo com o planejamento, utilizando o CO2. Após
esta etapa ocorrerá o aquecimento do sistema até a temperatura desejada. Devido
ao aquecimento o sistema sofrerá uma nova elevação de pressão, portanto deverá
ser realizado um controle mais rigoroso da pressão para que o sistema fique estável,
não permitindo significativas variações. Alcançado a temperatura pré-definida
ocorrerá a contagem do tempo do experimento
26
Ao final do processo, a coleta da fração líquida convertida era feita em tubos
de ensaios estéreis para posterior quantificação dos açúcares redutores produzidos
pelo processo.
A metodologia proposta por Miller (1956) utiliza como reagente o ácido 3,5-
dinitro salicílico (DNS) para a quantificação dos açúcares redutores e os valores
obtidos são expressos em grama de açúcar dissolvidos em 1 litro de solução (g/L),
haja visto que a metodologia requer que a amostra esteja solúvel em água, por conta
da análise ser espectrofotométrica.
Como foi mostrado no planejamento os experimentos apresentam variações
quanto ao volume de água utilizado em cada ensaio, sendo que utilizou-se 3g de
amostra em todos os ensaios, assim, possivelmente, os resultados seriam sub ou
superestimados, por conta da alteração do volume de água.
Logo, o rendimento (R%) do processo hidrotérmico será expresso em massa
de açúcar convertido por massa de amostra inicial de material lignocelulósico.
27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 12. EFB classificado como fração fina (prato de fundo, >60 mesh)
28
A Figura 13 mostra a fração do EFB com granulometria de 28 mesh. Observa-
se que a coloração dessa amostra apresenta um amarelo característico de fibra
lignocelulósica. Verifica-se que as fibras possuem um comprimento médio menores
que 1 cm, porém bem maiores do que as fibras presentes na amostra fina.
Figura 13. EFB classificado como fração média (>28 e ≤60 mesh)
29
5.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DAS FRAÇÕES
GRANULOMÉTRICAS DO CACHO
Tabela 3. Características químicas das frações fina, média e grossa dos cachos de
frutos vazios de dendê
Amostra Fina Amostra Média Amostra Grossa
Análises
± DP ± DP ± DP
Teor de Água (%) 6,3667 b ±0,1026 5,2330 a ±0,0404 5,3167 a ±0,0208
Teor de Lipídios
0,5233 b ±0,0503 0,9833 a ±0,0411 0,9967 a ±0,0416
(%)
Teor de Cinzas (%) 8,3462 b ±0,0447 3,8172 a ±0,0016 3,8148 a ±0,0127
Poder Calorífico
4162,3a ±0,5 4613,9 b ±0,4 4623,1 c ±0,4
(kcal/kg)
Celulose (%) 18,3700 b ±0,0452 42,3967 a ±0,0972 41,7467 a ±0,0255
Hemicelulose (%) 13,2800 b ±0,0551 18,2633 a ±0,0013 17,7767 a ±0,0945
Lignina (%) 38,1867 b ±0,0572 13,7033 a ±0,0893 13,4167 a ±0,0704
Açúcar (g/L) 0,0167 b ±0,0015 0,0122 a ±0,0005 0,0113 a ±0,0005
As análises acima estão expressas em base seca, com exceção da análise de teor de água; Todas as
análises foram realizadas em triplicata; as médias das amostras acompanhadas pela mesma letra, na
mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância.
30
Não foi encontrado na literatura valores referentes à análise de lipídios para o
cacho de dendê. No entanto, os baixos valores encontrados condizem com a natureza
do material.
Os valores para cinzas foram similares para as frações média e grossa,
contudo a amostra fina apresentou valor duas vezes maior que as outras amostras.
Não foi encontrado na literatura estudos informando valores de cinzas para EFB
quanto a sua granulometria. Mohammed et al. (2012), Ma e Yusof (2005) e Abdullah
et al. (2011) obtiveram valores de 3,45, 3,02, 3,1%, respectivamente, ou seja, foram
valores similares aos das amostras média e grossa.
Ma e Yusof (2005) obtiveram o valor de 4528,52kcal/kg para a análise de poder
calorífico, valor próximo ao encontrado para as frações média e grossa. Não foi
encontrado na literatura estudos que quantificaram o poder calorífico quanto a
granulometria. A fração fina apresentou o valor de 4162,34kcal/kg, resultado similar
ao encontrado por Yang et al. (2004) e Mohammed (2012), que foram de 4065,15 e
4079,48kcal/kg, porém não informaram em qual fração de EFB foi realizada a análise.
Para a celulose obteve-se os valores de 18,38, 43,23 e 41,73% para as
amostras fina, média e grossa, respectivamente. Nos estudos de Mohammed (2012),
Law et al. (2007) e Kelly-Yong (2007) et al. apresentaram os valores de 22,24, 38,1 e
63%, respectivamente, evidenciando que as amostras podem variar bastante devido
as palmeiras de dendê serem de localidades diferentes.
Quanto a hemicelulose os resultados obtidos foram de 13,53, 18,11 e17,47%,
valores próximos aos encontrados por Mohammed (2012) e Law et al (2007), que
foram de 20,58 e 20,1%, mas o estudo de Kelly-Yong (2007) et al. obteve 35,3%.
O teor de lignina da fração fina foi de 38,28%, valor similar ao encontrado por
Mohammed (2012) e Abdulah e Gerhauser (2008), que foram de 30,25 e 36,6%,
respectivamente.
De modo geral os resultados obtidos a partir da análise de fibras ficaram dentro
das faixas encontradas na literatura, apesar de não ter sido encontrado valores de
referência quanto a faixas granulométricas do EFB, ou seja, possivelmente, o material
era apenas fragmentado e analisado, excluindo-se a etapa de separação
granulometria.
Com o intuito de avaliar o teor de açúcares redutores na matéria-prima inicial,
antes do tratamento hidrotérmico, realizou-se a quantificação de açúcares redutores
pelo método DNS. A caracterização da amostra basicamente foi feita a partir de um
31
extrato aquoso obtido da seguinte forma: adicionou-se 40ml de água em 3,0023g
±0,0012 de amostra (razão sólido/líquido igual a 1/13,33) durante 20 minutos sob
agitação, em seguida efetuou-se uma centrifugação a fim de separar a fração sólida
da liquida, por fim realizou-se o método DNS na fração líquida obtida. O valor obtido
foi de 0,0167g/L, 0,0122g/L e 0,0113g/L de açúcares para as amostras fina, média e
grossa, respectivamente. O percentual de açúcar foi considerado baixo, mas
esperado haja visto que é um material não convertido e rico em fibras, por esse motivo
os artigos não informam valores sobre a quantidade inicial de açúcares redutores nas
frações de EFB.
Através do teste de Tukey mostrou que a fração grossa apresentou a mesma
constituição química da fração média (apresentam a mesma letra ‘a’ nos índices dos
resultados das análises química), pois apenas foram diferentes entre si na análise de
poder calorífico, sendo que essa pequena diferença apresentada pode ter sido
influenciada pela granulometria e o modo como a combustão ocorreu.
A amostra fina foi estatisticamente diferente, em todas as análises realizadas,
das frações média e grossa. Dessa forma é possível inferir que a granulometria
obtida, a partir da cominuição do cacho de dendê, proporcionou forte influência para
a diferenciação da fração fina em comparação as frações média e grossa, pois cada
constituinte físico presente no EFB apresenta diferentes resistências à força de corte
aplicada durante a cominuição. Como foi mostrado na Figura 12 a coloração da fração
fina diferencia-se das outras amostras, pois a coloração mais escura é característica
da parte mais interna do EFB e que, segundo as análises, é constituída, em sua
maioria, por lignina além de apresentar níveis de cinzas e minerais maior que as
outras amostras, ou seja, a parte mais interna do cacho está mais susceptível a
quebra por força mecânica.
32
Os resultados do tratamento hidrotérmico para as frações fina e média
encontram-se na Tabela 4 e 5, respectivamente, sendo os valores de rendimento
expressos em percentual.
33
codificações AB, porem os ensaios realizados nessas mesmas condições, mas com
razão 1/13,33, foram estatisticamente diferentes entre si, como é possível verificar
pelas letras A e B, ou seja, infere-se que, em razões 1/13,33, maiores pressões
promovem maiores rendimento para a amostra fina à 130°C.
Outro comportamento que merece destaque é quanto a interação da
temperatura com ao tempo de reação, verifica-se que as reações com temperaturas
de 170°C e 10 minutos são estatisticamente semelhantes aos experimentos ocorridos
à 130°C durante 20 minutos, ou seja, acontece uma compensação da intensidade dos
efeitos sobre o rendimento do experimento, independentemente do volume de água
utilizado, é possível verificar esse comportamento através das codificações DE.
Para os experimentos ocorridos com duração de 20 minutos e temperatura de
170°C nota-se que a pressão não exerce efeito significativo já que, apesar de ter
ocorrido a variação de pressão de 150 para 200bar, os resultados mostraram-se
estatisticamente semelhantes, representados pela letra G.
De modo geral é possível afirmar que para experimentos ocorridos no tempo
de 10 minutos obtém-se maiores rendimentos quando realizados em temperaturas
mais elevadas, tais ensaios afetados pela pressão do sistema, pois os rendimentos
obtidos à 150bar foram estatisticamente diferentes dos rendimentos obtidos nos
ensaios ocorridos à 200bar, sendo estes representados pelas letras DE e F,
respectivamente, e para experimentos ocorridos em 20 minutos a temperatura é o
fator de maior influência, sendo os experimentos estatisticamente iguais mesmo
alterando a quantidade de água e a pressão do sistema.
Para o tratamento hidrotérmico da fração média obteve-se resultados de
rendimento bastante diferentes, em comparação com a amostra fina, porém os
ensaios que apresentaram maior rendimento ocorreram nas mesmas condições,
como mostrado na Tabela 5. O experimento com maior rendimento foi o de número
8, obtendo 40,48%, e o 16, obtendo 57,89%, ambos os resultados nas condições mais
intensas do tratamento hidrotérmico. Novamente verifica-se que existe a possibilidade
do processo reacional ainda ocorrer em intervalos de tempo superiores a 20 minutos,
mas em uma intensidade regressiva, pois ao passo que foi dobrado o tempo de
reação a produção de açúcar não sofreu duplicação, mas apresentou um significativo
aumento.
Relacionando os experimentos 8 e 16, da amostra média, obteve-se um
aumento produtivo menor, se comparado com a amostra fina, sendo de 43%
34
(passando de 40,48% para 57,89%). Contudo se a referência comparativa for a
quantidade bruta de rendimento de açúcar, a partir do cacho de dendê, pode-se
afirmar que a amostra média foi 228,84% mais eficiente, em produzir açúcares, do
que a amostra fina, já que nos melhores ensaios (experimento 16 de ambas amostras)
o percentual de rendimento foi de 17,48%, da amostra fina, contra 57,89%, da
amostra média.
35
utilizado para o tratamento hidrotérmico, os quais são mostrados na tabela pela letra
C, bem como os experimentos realizados à 170°C e 200bar, no mesmo tempo, não
são afetados pelo volume de água, representados pela letra D.
Quando as reações ocorrem no tempo de 20 minutos, 170°C e 150bar nota-se
que o volume de água não influencia no rendimento do experimento, bem como não
influencia em ensaio ocorridos à 170°C e 200 bar, durante 20 minutos. Esse
comportamento é evidenciado pela existência das letras E e F na tabela, ou seja, a
influência da pressão gera efeitos diferentes, mas o volume de água utilizado não
fornece efeito quando a temperatura é 170°C durante 20 minutos.
Comparativamente, observa-se que a diferença de resultados, entre as duas
granulometrias, relaciona-se mais com a composição química das mesmas do que a
granulometria em si, pois, como mostrado no item 5.2, as amostras apresentam
evidentes diferenças químicas, apesar de serem oriundas da mesma matéria-prima.
Os experimento realizados à 130°C, e que utilizaram a fração fina, foram os
que apresentaram maior rendimento, possivelmente pelo fato da lignina (a qual está
em maior quantidade nessa amostra) estar mais o ligada, de maneira uniforme, a
celulose e a hemicelulose presente na amostra, desse modo os agente hidrolítico
possuem acesso mais fácil para promover, mais rapidamente, a reação inicial na
amostra fina, contudo a mesma não apresenta grandes quantidades de material a ser
hidrolisado, por isso apresentando baixo rendimento mesmo em condições mais
intensas de hidrolise.
36
Tabela 6. Análise de variância dos ensaios do tratamento hidrotérmico referente a
fração fina
37
ambos, mostrando que, basicamente, essas duas variáveis são responsáveis pelas
reações do experimento. A pressão mostrou-se significante quando avaliada sem
interações, muito provavelmente devido ao fato da pressão ser um precursor do ácido
carbônico, ou seja, a quantidade de CO2 presente na pressão de 150 bar foi suficiente
para a formação de um meio ácido suficiente para favorecer a conversão da matéria-
prima em açúcar redutor. Desse modo, a pressão em si não possui relação direta com
o tratamento hidrotérmico, apesar dela, indiretamente, permitir que a água atinja
elevadas temperaturas.
A formação desse sistema pressurizado permite que a água mantenha-se em
estado líquido, com isso a mesma entra em contato de forma homogênea com o
material, permitindo, assim, transmissão de calor de forma mais efetiva. Ratifica-se a
baixa influência da água, quando interagindo com as variáveis tempo e temperatura,
para a alteração do rendimento do tratamento hidrotérmico.
A partir do gráfico de Pareto observou-se que as variáveis com mais efeito
foram tempo e temperatura, desse modo gerou-se uma superfície de resposta
levando em consideração tais variáveis, a qual é mostrada na Figura 16.
38
O gráfico ratifica os resultados anteriores, mostrando que as condições mais
intensas do experimento fornecem maior rendimento de açúcar redutor ao passar do
tempo com o aumento de temperatura.
39
um volume suficiente para promover a conversão do material, por isso, baseando no
planejamento utilizando, o aumento de sua quantidade não oferece mudança
significativa para a produção de açúcares redutores.
O tempo mostrou-se bastante significativo na interação tempo x temperatura,
pois o aumento do período a qual a matéria-prima fica exposta à temperatura do
sistema favorece a reação e, consequentemente, maior rendimento de açúcar
redutor, haja visto que a temperatura é a variável de maior importância do
experimento.
Realizou-se também o Gráfico de Pareto para mostrar qual a variável mais
significativa ao nível de 95% de confiança, o resultado encontra-se na Figura 17.
2by4 20,01547
2by3 8,325521
1by2 2,305274
3by4 -2,18872
1by4 1,357381
1by3 -,753855
p=,05
Standardized Effect Estimate (Absolute Value)
40
ambas, assim como ocorreu para a amostra fina, porém, diferentemente como o
ocorrido na amostra fina, a variável pressão mostrou-se com uma importância menor.
Utilizando as variáveis mais importantes gerou-se uma superfície de resposta
para a conversão da fração média. O gráfico encontra-se na Figura 18.
41
em analises já discutidas anteriormente, verificou-se que esta etapa não produz
açúcares redutores.
Tabela 8. Teores de celulose, hemicelulose e lignina das frações fina e média antes
e após o tratamento hidrotérmico
Fração fina Fração fina Fração média Fração média
Fibra (%)
ATH DTH ATH DTH
Celulose 18,38 14,28 43,23 14,72
Hemicelulose 13,53 12,01 18,11 5,92
Lignina 38,28 36,92 13,92 9,79
Todas as análises foram realizadas em triplicata; As médias das amostras acompanhadas pela mesma
letra, na mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância; ATH
– Antes do Tratamento Hidrotérmico; DTH – Depois do Tratamento Hidrotérmico.
42
fibra ou se o rendimento do tratamento está diretamente ligado somente a
granulometria das amostras.
As Figuras 19 e 20 mostram imagens das fibras aumentadas 600 vezes via
microscópio ótico. Utilizou-se a técnica fotográfica “Focus Stacking” para a obtenção
da imagem, a qual consiste da captura de várias imagens, com diferentes
profundidades de focos, para a posterior junção das mesmas utilizando um editor de
imagens avançado.
Figura 19. Cacho de fruto vazio de dendê da fração média aumentada 600 vezes
Figura 20. Cacho de fruto vazio de dendê da fração fina aumentada 600 vezes
43
A amostra fina apresenta, em sua grande maioria, estruturas diferentes de
feixes de fibras, evidenciando que grande parte de sua composição não é constituídas
de estruturas ricas em celulose e hemicelulose, por isso apresentando baixo
rendimento de material hidrolisado, haja visto que celulose e hemicelulose são os
principais precursores para a produção de açúcares redutores.
Não foi possível avaliar, através do microscópio ótico, o estado físico da
amostra fina após o tratamento hidrotérmico, pois grande parte do material se perdia
no momento da coleta da amostra líquida, pois a solubilidade da mesma é muito
superior ao da amostra média, principalmente após a reação. Contudo, foi possível
avaliar o estado da fração média após o tratamento hidrotérmico, como mostra a
Figuras 21.
Figura 21. Cacho de fruto vazio de dendê da fração média, após o tratamento
hidrotérmico, aumentada 600 vezes
44
Por meio dos resultados é possível avaliar que amostras muito fragmentadas
não influenciam diretamente o rendimento do processo, pois as condições extremas
do experimento são suficientes para fragmentar as amostras e aumentar a superfície
de contato das mesmas.
Para avaliar se a exposição prévia da matriz lignocelulósica favorece o
rendimento do experimento realizou-se um aquecimento em autoclave, nas amostras,
antes do tratamento hidrotérmico. Em seguida, efetuou-se a quantificação dos
açúcares redutores após o aquecimento em autoclave e após o tratamento
hidrotérmico. Utilizou-se as condições do experimento 16 e a fração média. Os
resultados encontram-se na Tabela 9.
45
rendimento, como pode-se observar que os ensaio com e sem tratamento foram
iguais, representados pela codificação B.
Segundo Furlan Júnior (2006) um cacho fresco de dendê apresenta, em média,
25% de seu peso bruto em fibras, portando, de forma análoga, pode-se afirmar que
uma produção de 1 toneladas de cachos de dendê gerará cachos de frutos vazios na
escala de 250kg, desse modo, utilizando o planejamento hidrolítico proposto, poderá
ser possível a produção de até 150kg de açúcares redutores.
46
6 CONCLUSÃO
47
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