PERONI Carolina 2018
PERONI Carolina 2018
PERONI Carolina 2018
SÃO CARLOS
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA
SÃO CARLOS
2018
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DEDICATÓRIA
The quest for the mitigation of the impacts of urbanization on stormwater runoff and
infiltration gave rise, in the 1970s, to the compensatory techniques on urban drainage. These
techniques, which were widespread in North America and Europe, were strengthened in the
1990s, with emphasis on detention basins, which are unique for the control of peak flows with
Great return times. In the past decade, this trend has intensified in medium-sized cities, such
as the municipality of Araraquara, São Paulo, which requires the construction of these basins
for new subdivisions. In this context, the present research has the objective of evaluating 3
Detention Basin Systems (DBS) and 20 Detention Basins (DB) constructed in the urban
environment of the Municipality of Araraquara, SP, regarding urban insertion, maintenance
and integration of these units with their environments. In order to reach this goal, the DBS
and DB inserted in the municipality were identified, characterized and mapped using satellite
images, on-site visits and the QGIS software version 2.14.13-Essen, respectively. Variables
were defined for the evaluation of the units that include aspects of direct observation of the
units with and without the precipitation event; aspects of design, construction and operation of
the units; and aspects of population perception regarding units. It is necessary to use
questionnaires to obtain data, particulary those referring to engineering projects and
maintenance practices, as well as the perception of the population neighboring the units. This
methodology is expected to identify similarities and discrepancies of insertion and the
maintenance of the studied units. In a preliminary way, SBD and SB were found to be located
in the Ribeirão das Cruzes sub-basin and distributed upstream of the Cruzes Dam (surface
catchment point), even though this is a region susceptible to erosive processes and
geotechnical risk. It was also observed a tendency to implant these units isolated from their
surroundings, without their integration with urban space, and exclusively focused on the
hydrological function. In terms of maintenance, the basins prove to be inadequate, largely due
to the excess vegetation, as well as the presence of sediments inside them. The depredation of
insulation structures (fence and gate) as well as the inadequate disposal of solid waste,
especially those from demolition and civil construction, were other aspects commonly
identified in the basins, which indicated absence or low frequency of maintenance practices. It
was also verified the filling of more than half of the units and its emptying in less than 24
hours, not being observed or reported overflow of the units. Regarding the dimensioning, it
was observed the adoption of two methodologies to calculate the volume of detention and the
discrepancy between these values. The estimated costs of implementation varied from
R$32.16/m² to R$75.13/m² and from R$21.4/m³ to R$25.8/m³. The maintenance cost was
R$333.00 per practice. The surrounding population was in favor of the units, as long as they
have frequent maintenance and multifunctionality of these spaces, public policies are
necessary to encourage its integration with their surroundings, favoring its appropriation by
their community.
1.2. Objetivos
O objetivo geral da presente pesquisa foi avaliar as Bacias de Detenção (BD) como
unidades integrantes da gestão de águas pluviais no município de Araraquara, SP.
A fim de alcançar tal proposta foram definidos os seguintes objetivos específicos:
Avaliar as condições de implantação e inserção das BD no meio urbano;
Avaliar aspectos de projeto, de construção, de operação e de manutenção das BD;
Avaliar os custos de implantação, operação e manutenção das BD;
Avaliar o conhecimento, aceitação, percepção e sensibilidade da população quanto às
BD.
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2. ASPECTOS CONCEITUAIS
2.1. Impactos Hidrológicos da Urbanização
O processo de urbanização no Brasil, e nos demais países da América Latina, foi
intenso, em especial, na segunda metade do século XX. A população urbana brasileira em
1940 era de 18,8 milhões de habitantes (26,3%) e, em 2000, ela passou para aproximadamente
138 milhões de habitantes (81,2%). Isso demonstra que, em 60 anos, os assentamentos
urbanos foram ampliados para abrigar mais de 125 milhões de pessoas (MARICATO, 2000).
Segundo Christofidis (2010), junto com o processo de urbanização acelerado, ocorreu
uma crescente população urbana sem acesso a infraestruturas de saneamento, transportes,
educação e saúde; as quais, em muitos casos, se sobrecarregaram com a alta demanda atrelada
a ausência de investimentos e instrumentos legais proporcionais ao crescimento populacional.
Para Tucci (2005), os principais problemas relacionados com a urbanização e a
infraestrutura nos países em desenvolvimento, em especial da América Latina, são a grande
concentração populacional em pequena área, o aumento da periferia das cidades e a existência
da segregação do meio urbano em cidade formal e informal, no âmbito da gestão urbana. O
autor ressalva que a regulamentação do uso e ocupação do solo consegue controlar apenas a
cidade formal, onde estão estabelecidas áreas de médio e alto valor econômico. Já para cidade
informal, composta pela população de baixo poder aquisitivo, a urbanização é espontânea e o
planejamento urbano caracterizado pela análise de tendências desta ocupação.
Maricato (2008) ressalva ainda que, o crescimento urbano brasileiro está
acompanhado de muitos aspectos negativos, como a ocupação de áreas ambientalmente
frágeis, “como beira de rios, de córregos, de lagoas, mangues, reservatórios de água potável,
dunas, áreas de matas e florestas, encostas instáveis, várzeas etc”. E Porto et al (2015),
acrescenta ainda outras características, como altos índices de impermeabilização do solo,
desmatamento e desenvolvimento indisciplinado.
Segundo Tucci (2005) a impermeabilização do solo e supressão da vegetação são
fatores relevantes para a alteração do ciclo hidrológico e intensificação da ocorrência de
inundações em área urbana. A água que antes infiltrava passa a escoar por galerias,
aumentando o escoamento superficial de seis a sete vezes. Já o volume que escoava
lentamente pela superfície do solo natural e ficava retido pela vegetação, após a urbanização,
passa a escoar nos canais, que requerem maior capacidade de escoamento.
Na Figura 1 é apresentada a contraposição entre uma área pré-urbanização (a) e uma
área urbanização (b), em termos de balanço hídrico. Dentre as variáveis do ciclo hidrológico
20
afetadas pela urbanização, em específico pelo aumento de áreas impermeáveis, destacam-se a
infiltração e o escoamento superficial direto.
Figura 1 – Balanço Hídrico no Cenário Sem Urbanização (a) e Cenário Urbanizado (b)
Segundo Tucci (2015), o escoamento superficial em excesso pode produzir dois tipos
de enchentes que podem ocorrer de forma isolada ou integrada, a saber:
21
Enchentes de áreas ribeirinhas: processo natural dos cursos d’água de ocuparem seu
leito maior por causa da variabilidade espacial e temporal da precipitação e do
escoamento na bacia hidrográfica. Normalmente, ocorrem em bacias grandes,
superiores a 1000 km². A população é atingida por esse tipo de enchente,
principalmente, por causa da ocupação inadequada do solo urbano. Essas condições de
ocupação decorrem da ausência de restrição ao loteamento de áreas de risco no Plano
Diretor Urbano; invasão de áreas ribeirinhas por população de baixa renda; e ocupação
de áreas com risco médio de enchentes, devido a menor frequência de ocorrência.
Enchentes em razão da urbanização: processo ocasionado pela urbanização, tendo
sua frequência e magnitude elevados devido a impermeabilização do solo e
implantação de galerias pluviais. Além disso, o desenvolvimento urbano pode
ocasionar a obstrução do escoamento por meio de aterros, travessias, pontes e sistemas
de drenagem inadequados, bem como obstruções nas tubulações e pontos de
assoreamento. Estas enchentes ocorrem em bacias de pequeno porte, inferiores a
10km².
De acordo com Righetto (2009), inicialmente, as áreas mais afetadas por enchentes se
localizam próximas dos cursos d’água. Com a expansão indisciplina do solo urbano, os
problemas se intensificaram e as enchentes se distribuíram ao longo das linhas do percurso
natural do escoamento superficial, em função do relevo do terreno e do grau de
impermeabilização da área de drenagem.
Pompêo (2000) enfatiza os diversos fatores que interferem na ocorrência de enchentes
provocadas pela urbanização: “excessivo parcelamento do solo e consequente
impermeabilização das grandes superfícies, a ocupação de áreas ribeirinhas tais como
várzeas, áreas de inundação frequente e zonas alagadiças, a obstrução de canalizações por
detritos e sedimentos e também as obras de drenagem inadequada”. Além de tratar sobre a
necessidade do planejamento urbano na orientação da expansão urbana, considerando a
relevância das questões sociais tanto na expansão urbana quanto na efetividade dos fatores
acima citados.
Outro ponto destacado por Baptista, Nascimento e Barraud (2015), refere-se aos
custos com implantação e ampliação da drenagem urbana, cada vez mais significativos. Os
danos mundiais relativos às inundações foram os mais significativos e de maior risco
ambiental, no período de 1988-1997, quando os custos foram da ordem de 250 bilhões de
22
dólares. No Brasil, de acordo com os referidos autores, estima-se que os gastos com obras e
danos relativos a inundações seja um valor anual médio superior a 2 bilhões de dólares.
Além dos impactos diretamente relacionados às variáveis do ciclo hidrológico, a
urbanização acarreta também problemas referentes à geração de resíduos sólidos e esgoto, ao
carreamento de sólidos e a poluição, conforme Figura 3, fatores que podem comprometer a
quantidade e qualidade da água.
23
Milograna (2001) apresenta outros efeitos da urbanização, conforme o Quadro 1, de
acordo com as causas decorrentes do processo de ocupação e o crescimento populacional.
Quadro 1 – Causas e efeitos da urbanização
Causas Efeitos
Impermeabilização Maiores picos de vazões.
Revestimentos das redes de drenagem Maiores picos a jusante
Entupimentos das galerias e degradação da
Geração de resíduos sólidos urbanos
qualidade da água.
Implantação de redes de esgoto sanitário Degradação da qualidade da água e moléstias
deficientes de veiculação hídrica nas inundações.
Desmatamentos e desenvolvimento Maiores picos e volumes; maior erosão;
indisciplinado assoreamento em galerias e canais.
Maiores picos das vazões; maiores prejuízos;
Ocupação das várzeas e fundos de vale moléstias de veiculação hídrica; maiores
custos de utilidades públicas.
Fonte: MILOGRANA, 2001
24
2.2. Sistemas Clássicos de Drenagem Urbana
O sistema clássico de drenagem urbana é a solução tradicionalmente adotada pela
grande maioria das cidades brasileiras para drenar as águas pluviais da área urbanizada.
Basicamente, esse sistema consiste na remoção rápida das águas pluviais em excesso no meio
urbano, evitando a ocorrência de inundações urbanas, acúmulo de água e o escoamento
excessivo em termos de volume e velocidade.
São Paulo (2012) ressalva que os programas de drenagem urbana, dentro do contexto
de desenvolvimento global de uma região, devem ser orientados pelos seguintes objetivos:
Redução da exposição das pessoas e equipamentos urbanos ao risco de inundação;
Redução sistemática do nível de danos provocados pelas inundações;
Preservação das várzeas não urbanizadas, de maneira a minimizar as interferências
com a sua capacidade de armazenamento, com o escoamento das vazões de cheias,
com os ecossistemas aquáticos e terrestres e com a interface entre as águas superficiais
e subterrâneas;
Proteção da qualidade ambiental e o bem-estar social;
Minimização dos processos de erosão e sedimentação;
Incentivo da utilização das várzeas para atividades de lazer e contemplação.
O Sistema Clássico de Drenagem Urbana é dividido em dois sistemas: Microdrenagem
e a Macrodrenagem, os quais devem ser planejados e projetados sob critérios diferenciados.
A microdrenagem urbana é praticamente definida pelo sistema de condutos de águas
pluviais em nível de loteamento. De acordo com Bidone e Tucci (2015) os principais termos
utilizados para o dimensionamento da microdrenagem são os seguintes:
Galerias: canalizações públicas cuja função é conduzir as águas pluviais originárias
das bocas-de-lobo e de ligações particulares;
Poço de Visita: dispositivo localizado em pontos convenientes das galerias, para
permitir a mudança de direção, de declividade e diâmetro, assim como a inspeção e
limpeza das canalizações;
Trecho: parte da galeria situada entre dois poços de visita;
Bocas-de-lobo: dispositivos responsáveis pela captação das águas pluviais,
localizados em pontos convenientes das sarjetas;
Tubos de ligações: canalizações que conduzem as águas pluviais captadas pelas
bocas-de-lobo para as galerias ou os poço de visita;
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Meios-Fios: elementos de concreto ou pedra, implantados entre o passeio e a via
pública, em paralelo com o eixo da rua e com sua face superior no mesmo nível do
passeio;
Sarjetas: faixas da via pública, localizadas em paralelo e ao lado do meio-fio, cuja
função é receptar as águas pluviais das ruas;
Sarjetões: calhas inseridas nos cruzamentos de vias públicas, destinadas a orientar o
fluxo de águas que escoam pelas sarjetas;
Condutos Forçados: canalizações destinadas à condução das águas pluviais
coletadas, sem que a seção transversal dos condutos esteja completamente preenchida;
Estações de bombeamento: estrutura utilizada quando não há condições de
escoamento por gravidade. É responsável pelo transporte de água de um canal de
drenagem para outro em nível elevado.
A macrodrenagem na área urbana se caracteriza pela rede de drenagem natural pré-
existente. É composta pelos cursos d’água naturais ou artificiais, presentes em vales e
talvegues. Suas estruturas são responsáveis pela condução final das águas pluviais da
microdrenagem (MARTINS, 2015).
Segundo Martins (2015), a demanda das interferências na macrodrenagem surgem a
medida que as obras de microdrenagem vão sendo realizadas, acabando por aumentar as
vazões afluentes aos receptores originais. Além disso, a implantação ou ampliação das vias de
macrodrenagem podem decorrer da ocupação dos leitos secundários dos cursos d’água;
aumento da taxa de aporte de sedimentos, devido ao desmatamento e manejo inadequado dos
terrenos; saneamento em áreas alagadiças e ampliação da malha viária em vales ocupados.
Ainda de acordo com o mesmo autor, as obras de macrodrenagem se constituem na
retificação e ampliação das seções de canais naturais, construção de canais artificiais ou
galerias de grandes dimensões, bem como estruturas de controle, dissipadores de energia,
proteção contra erosão e assoreamento, amortecimento de pico, travessias e estação de
bombeamento.
Importante destacar que é necessária uma compreensão mais integrada da área urbana
e das relações entre os sistemas que a compõe, com a atuação intensa do poder público para
envolver aspectos institucionais, legais, tecnológicos e sociológicos (PORTO et al, 2015) para
a concepção e implantação dos sistemas de drenagem urbana.
26
2.3. Sistemas Alternativos de Drenagem Urbana
Desde os anos 1970, vem sendo desenvolvidas Técnicas Compensatórias de drenagem
– em diferentes concepções quanto ao porte e localização das estruturas –, sobretudo na
Europa e na América do Norte, com o objetivo de compensar ou minimizar os impactos da
urbanização sobre o ciclo hidrológico urbano, agregando benefícios à qualidade de vida da
população e a preservação do meio ambiente (BAPTISTA, NASCIMENTO E BARRAUD,
2015).
Para CHAMPS (2009), citado por CHRISTOFIDIS (2010), desde 1980, significativas
mudanças estão sendo realizadas na engenharia de drenagem, incorporando grande avanço
nos procedimentos de planejamento e gestão das águas pluviais:
27
Quadro 2 – Comparação entre Drenagem Urbana Tradicional e Soluções Alternativas
28
Figura 4 – Esquema dos Diferentes Tipos de Técnicas Compensatórias
Legislação
Técnicas Racionalização do uso do solo urbano
compensatórias Educação ambiental
não-estruturais Tratamento de fundo de vale
Sistema de alerta anti-enchentes
Bacias de detenção/retenção
Bacias de infiltração
Centralizadas
Bacias de detenção/retenção e
infiltração
Trincheiras
Técnicas Valas e valetas
compensatórias Lineares
estruturais Revestimentos permeáveis
Pavimentos permeáveis
Pavimentos reservatório
Poços de infiltração
Pontuais Telhados verdes
Técnicas associadas à parcela
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Bacia de detenção são estruturas que permitem por curto período o armazenamento
de água de escoamento pluvial. A redução de poluentes nesta estrutura é
complementar. Nestas bacias também há descarga de fundo, porém permanece aberta.
30
Figura 6 – Bacia de detenção seca e multiuso, em Porto Alegre/RS
31
Figura 8 – Trincheira ao longo do
Figura 7 – Trincheira de infiltração
sistema viário
32
e/ou inconvenientes quanto à necessidade de manutenção periódica, restrições de implantação
em áreas com acentuada declividade e risco de poluição do lençol freático, para as trincheiras
de infiltração (BAPTISTA, NASCIMENTO E BARRAUD, 2015).
33
Figura 9 – Sistema Filtro–Vala–Trincheira de infiltração construído no campus
da Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR
34
Figura 10 – Pavimentos permeáveis Figura 11 – Pavimentos porosos
35
telhados armazenadores ou telhados verdes e os reservatórios individuais, e que além do
controle da produção de escoamento, possibilitam a utilização das águas pluviais
(BAPTISTA, NASCIMENTO E BARRAUD, 2015).
Poços de infiltração
Os poços de infiltração são dispositivos pontuais com áreas superficiais pequenas que
tem como objetivo encaminhar as águas pluviais diretamente ao subsolo. Escavados na forma
cilíndrica ou retangular, com superfícies drenantes de pedras que variam bastante de acordo
com seu porte e condições de infiltração do local.
A entrada de águas nos poços ocorre diretamente pelo escoamento superficial ou por
meio de uma rede de drenagem. Geralmente, sua capacidade de armazenamento é pequena,
justificando sua utilização com unidade complementar com outras obras de armazenamento
(bacias), servindo como exutório, muitas vezes (BAPTISTA, NASCIMENTO E BARRAUD,
2015).
A evacuação das águas, por sua vez, pode ocorrer de duas formas: infiltração no solo
ou injeção no lençol subterrâneo, sendo esta última desaconselhada, pelos riscos de
contaminação.
Os poços de infiltração, assim como as demais técnicas de infiltração, permitem a
redução de vazões de pico e volumes de água para o sistema convencional de drenagem.
Além disso, a discrição desta técnica, bem como necessidade de pequena área de ocupação,
favorece a boa integração desta técnica com o meio urbano e aceitação da população (Figuras
12 e 13).
Figura 12 – Poço de infiltração Figura 13 – Perspectiva de um Plano de
construído no campus da UFSCar Infiltração no campus da UFSCar
36
Telhados armazenadores ou Telhados verdes
Segundo Baptista, Nascimento e Barraud (2015), a implantação de edificações é um
fator relevante na impermeabilização do solo urbano, portanto, uma alternativa para a redução
do escoamento superficial é o armazenamento provisório de águas pluviais nos telhados.
Técnica que além dos benefícios hidrológicos, favorece na proteção térmica e isolamento da
edificação. Entretanto sua execução deve ser criteriosa, a fim de garantir que a estrutura
suporte as cargas previstas, bem como sua estanqueidade.
Assim como outras técnicas Figura 14 – Telhado verde em Portland
compensatórias (pavimentos permeáveis
e reservatórios individuais), os telhados
armazenadores ou telhados verdes
requerem associação de outras técnicas
para que seja alcançada a eficiência
esperada da minimização dos impactos
da urbanização nos processos
Fonte: CITY OF PORTLAND, 2014
hidrológicos urbanos (Figura 14).
Reservatórios individuais
Os reservatórios individuais são estruturas interessantes pela possibilidade de
utilização das águas pluviais para usos domésticos, como irrigação, instalações sanitárias,
entre outros, não sendo recomendada sua destinação ao consumo humano por questões
sanitárias e de saúde pública (BAPTISTA, NASCIMENTO E BARRAUD, 2015).
Estes reservatórios são estruturas que podem ser pré-fabricadas ou em alvenaria;
concreto; a céu aberto ou enterrados; estarem localizadas dentro ou fora das edificações; e
ainda conectadas ou não ao sistema de drenagem convencional.
Segundo os autores, o abastecimento destas estruturas pode ser realizado pela coleta
de águas dos telhados. Enquanto que a evacuação das águas pode ocorrer por meio da
infiltração ou descarga na rede pluvial. Sua manutenção consiste em sua evacuação completa
e limpeza regular, pelo menos uma vez ao ano.
37
2.4. Legislação Relacionada à Gestão das Águas Pluviais
De acordo com Tucci (2005), as legislações envolvidas com as águas urbanas estão
relacionadas com o uso do solo, recursos hídricos e licenciamento ambiental, nos níveis
Federal, Estadual e Municipal, conforme Figura 15.
38
incentivem a utilização de técnicas compensatórias em drenagem urbana ou propostas de
desenvolvimento de baixo impacto, bem como assuntos correlatos a essa temática.
39
IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a
edificação;
V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição
impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção.”
Dos requisitos urbanísticos para loteamentos, a lei descreve no inciso III de seu art. 4º
que os loteamentos devem reservar uma faixa non aedificandi de 15 metros de cada lado ao
longo das águas correntes. Esse trecho demonstra a preocupação em prevenir as ocupações
inadequadas de áreas passíveis da ocorrência de inundações, bem como os danos à população
resultante destes eventos.
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Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, em articulação com o órgão central do
Sistema Nacional de Defesa Civil, em apoio aos Estados e Municípios.
41
Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico
A Lei Federal nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, estabelece diretrizes para o
saneamento básico (BRASIL, 2007) e para a política federal de saneamento básico (art. 1º).
Entre os princípios fundamentais destacam-se:
– a universalização do acesso aos serviços públicos de saneamento (inciso I);
– abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos
realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente (inciso
III);
– a disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e manejo das
águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes, adequados à
saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado (inciso IV) e
– a utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos
usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas (inciso VIII).
Em seu art. 3º, define a drenagem e manejo das águas pluviais como “conjunto de
atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais,
de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e
disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;”. Incluindo mecanismos de
detenção das cheias por meio de da detenção ou retenção das águas pluviais.
Ressalva-se no inciso IV do art. 3º, a definição estabelecida para controle social:
“conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade informações,
representações técnicas e participações nos processos de formulação de políticas, de
planejamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de saneamento básico;”.
Percebe-se que o controle social é precário, independente das esferas administrativas, no
tocante à integração do poder público com a comunidade para planejar e avaliar os serviços
públicos de saneamento público.
Segundo Almeida (2014), os capítulos IV e VI, que tratam Do Planejamento e Dos
Aspectos Econômicos e Sociais, respectivamente, destacam-se como avanços de caráter
técnico, econômico e social.
Por fim, é previsto no art. 29º a cobrança pela prestação do serviço público de manejo
das águas pluviais urbanas, devendo levar em consideração os percentuais de área
impermeabilizada e a existência de estruturas de amortecimento ou de retenção da água
pluvial, nos lotes urbanos, assim como o nível de renda da população atendida e as
características dos lotes urbanos.
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Código Florestal
A Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa e, portanto, institui o Novo Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 2012). No inciso II
de seu art. 3º define Área de Proteção Permanente – APP como “área protegida, coberta ou
não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;”.
Em seu art. 4º considera-se APP:
“I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e
intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito
regular, em largura mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez)
metros de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10
(dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50
(cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham
largura superior a 600 (seiscentos) metros;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com
largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água
com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de
50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais,
decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água
naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento;
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,
qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50
(cinquenta) metros;”.
43
2.4.2. Legislação Estadual
São objeto de análise as seguintes legislações do Estado de São Paulo: Constituição
Estadual do Estado de São Paulo, Política Estadual de Recursos Hídricos e a Lei de
Contenção de Enchentes e Destinação de Águas Pluviais.
44
implantação da política nacional de recursos hídricos e redefiniu a prioridades de uso da água
por meio da cobrança de custos ambientais e sociais dos beneficiários desse recurso.
Dentre os princípios estabelecidos na Política Estadual, em seu art. 3º, destacam-se: o
gerenciamento descentralizado, participativo e integrado (incido I); a adoção da bacia
hidrográfica como unidade de gerenciamento (inciso II); reconhecimento do recurso hídrico
como um bem público de valor econômico (III); rateio de custos das obras de aproveitamento
múltiplo entre os beneficiários (inciso IV); combate e prevenção das causas e efeitos adversos
da poluição, das inundações, das estiagens, da erosão do solo e assoreamento dos cursos
d’água (inciso V).
Em seu art. 8º, o Estado deve articular com a União, outros Estados vizinhos e
municípios, sobre o aproveitamento e controle dos recursos hídricos em seu território,
considerando, principalmente, o controle de cheias, a prevenção de inundações, a drenagem e
a correta utilização das várzeas (inciso II).
São instituídos como instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos a outorga
de direitos de uso, as infrações e penalidades, a cobrança pelo uso dos recursos, o rateio de
custos das obras e o plano estadual de recursos hídricos.
45
A capacidade do reservatório prevista para esse sistema é calculado conforme
estabelecido no Art. 2º da referida lei:
“I – reservatório de acumulação com capacidade calculada com base
na seguinte equação:
a) V = 0,15 * Ai * IP * t
b) V = volume do reservatório em metros cúbicos;
c) Ai = área impermeabilizada em metros quadrados;
d) IP = índice pluviométrico igual a 0,06 m/h;
e) t = tempo de duração da chuva igual a 1 (uma) hora.”
46
No município de Curitiba, PR, foi promulgada a Lei nº 10.785/2003 que institui sobre
o Programa de Conservação e Uso Racional de Água nas Edificações (PURAE). Este
programa tem como objetivo incentivar a educação ambiental e o uso racional da água a partir
da utilização de fontes alternativas. No art. 7º dessa lei fica estabelecido a captação de água da
chuva em cisternas, para usos não potáveis, como por exemplo, rega de jardins e lavagem de
pisos e veículos (CURITIBA, 2003).
O município de São Carlos, SP, possui a Lei nº 13.246, de 27 de novembro de 2003,
que dispõe sobre a construção de reservatório de detenção ou retenção de águas em conjuntos
habitacionais, áreas comerciais e industriais, loteamentos ou parcelamentos em áreas urbanas,
com área superior a um hectare. A aprovação destes empreendimentos está condicionada a
apresentação do estudo de viabilidade técnica e financeira para a construção dos reservatórios
de detenção ou retenção de águas pluviais, para prevenir a ocorrência de inundações (SÃO
CARLOS, 2003).
Essa legislação determina ainda que, para reservatórios cobertos, a cobertura destas
estruturas pode ser utilizada para jardins, campos de esporte entre outros. Enquanto que para
os reservatórios elevados ou abertos, poderão ser previstos formas arquitetônicas para integrar
essa unidade com seu entorno, bem como o reuso desta água para fins não-potáveis. Além
disso, trata sobre a manutenção dos vertedouros, o dimensionamento dos reservatórios e a
implantação da unidade de detenção no lote, com volume fixado em função da área do
empreendimento.
No município do Rio de Janeiro, a partir do Decreto nº 23.940/2004, tornou-se
obrigatório, nos empreendimentos com área impermeabilizada superior a 500 m² ou
residenciais multifamiliares com mais de 50 apartamentos, a implantação de reservatórios que
retardem o escoamento das águas pluviais para a rede de drenagem urbana. Além de ser
previsto o percentual de 30% de permeabilidade das áreas destinadas aos estacionamentos, a
partir da utilização de piso drenante ou naturalmente permeável (RIO DE JANEIRO, 2004).
Por fim, o Decreto nº 18.611/2014, regulamenta o controle da drenagem urbana no
município de Porto Alegre. Em seu art. 1º estabelece que toda nova ocupação urbana deverá
considerar a aplicação do conceito de desenvolvimento urbano de baixo impacto, por meio da
implantação de técnicas que privilegiem a infiltração e a reservação das águas pluviais.
Institui ainda 20,8 L/(s.ha) como a vazão máxima específica de saída de superfícies
impermeáveis para a rede pública. São previstos ainda a aplicação de pavimentos permeáveis
e trincheiras de infiltração (PORTO ALEGRE, 2014).
47
3. BACIAS DE DETENÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS
3.1. Definição e Utilização
Segundo Baptista, Nascimento e Barraud (2015), as bacias de detenção são estruturas
de armazenamento temporário e/ou de infiltração das águas pluviais, que possuem três
principais funções relacionadas, de forma direta, com a drenagem das águas pluviais:
Controlar as inundações pelo amortecimento de cheias em meio urbano;
Reduzir o volume de escoamento superficial pelo armazenamento e infiltração
das águas pluviais;
Reduzir a poluição difusa no meio urbano.
De maneira geral, estas estruturas minimizam os impactos da urbanização sobre os
processos hidrológicos em áreas urbanas, através de um volume de espera (armazenamento
e/ou infiltração), uma estrutura hidráulica de controle de saída e um vertedor de emergência
(BAPTISTA, NASCIMENTO E BARRAUD, 2015). Para Gribbin (2014), a liberação lenta da
água é realizada por uma estrutura de saída que dispõe de um orifício ou vertedor, ou a
combinação destes, para a regulação da vazão de saída.
A composição estrutural básica das bacias de detenção, segundo Nakazone (2005),
consiste em estruturas de armazenamento, de entrada e de descarga, além de dispositivos de
extravasão. A área destinada ao armazenamento da água pode ser constituída pelo próprio
solo ou revestida dos mais variados materiais, com o aproveitamento ou a criação de
depressões. Já as estruturas de entrada e de descarga ou saída podem ser por gravidade ou por
bombeamento, sendo que este último acarreta custos com energia e práticas especiais para
operação e manutenção. Por fim, os dispositivos de extravasão garantem a segurança do
sistema no caso da ocorrência de eventos de precipitação de grandes magnitudes; e podem ou
não estar acopladas às estruturas de descarga.
Nakazone (2005) ressalva cuidados especiais com o aporte de resíduos sólidos para o
interior das bacias de detenção, indicando, como prática desejada e corriqueira, a implantação
de gradeamento ou similares. O autor trata ainda sobre o entupimento das estruturas de saída,
devido seus diâmetros pequenos; lembrando que estas estruturas são primordiais para o
sistema, uma vez que controlam a vazão de saída, o volume detido e o nível d’água na bacia.
Baptista, Nascimento e Barraud (2015) esclarecem ainda sobre a localização das
bacias de detenção: em série ou em paralelo ao sistema de drenagem. Nas bacias em série, o
armazenamento é realizado pela construção de barramentos no talvegue do sistema de
drenagem. Já as bacias em paralelo são escavadas lateralmente ao sistema de drenagem.
48
Quanto à escala espacial para inserção destas bacias, pode-se resultar em um número
grande de pequenas bacias distribuídas pela área urbanizada, ou um número menor de bacias,
porém com maior capacidade de armazenamento. Essa escolha dependerá da eficiência no
controle de inundações e da poluição pluvial, com as características do local.
Para Tucci e Genz (2015), a bacia de detenção tem como vantagem a redução de
custos, em comparação com grande quantidade de controles distribuídos, e quanto à operação
e manutenção das unidades, bem como a facilidade de gerenciar sua construção. Para os
mesmos autores as desvantagens estão na dificuldade de definir uma área adequada, o custo
de aquisição da área e a oposição da população para reservatórios de grande dimensão.
De acordo com Righetto (2009), as bacias de detenção não são recomendadas para
áreas de drenagem menores que 5 ha (hectares), além de requerem manutenção contínua
devido a provável obstrução da estrutura de saída da unidade por matéria sólida. O autor
ressalva ainda a redução do processo erosivo com a detenção do escoamento, como também a
prevenção de impactos no corpo receptor, em especial sobre a vida aquática.
Por fim, Baptista, Nascimento e Barraud, 2015 ressalva sobre a importância da
incorporação da poluição de origem pluvial nas fases de concepção, projeto e operação das
bacias de detenção, uma vez que:
A qualidade das águas dos corpos receptores poderá não ser assegurada apenas com
infraestrutura de coleta e tratamento de esgotos domésticos, já que a contribuição da
poluição difusa de origem pluvial é significativa;
As condições de funcionamento das bacias de detenção podem ser comprometidas pela
poluição difusa pluvial, uma vez que esta pode acarretar na deposição de poluentes e
resíduos sólidos, reduzindo a capacidade de amortecimento de cheias e podendo trazer
riscos à saúde;
Reduzir a poluição difusa pluvial em projeto e implantação das bacias de detenção
resulta no controle de poluição nos corpos receptores e em facilidade de operação e
manutenção destas estruturas;
Não considerar os aspectos de controle de poluição e proteção dos corpos d’água para
as bacias de detenção, é subutilizar o espaço urbano, não otimizando os recursos
naturais envolvidos (água e solo) e os investimentos.
49
3.2. Tipos de Bacias de Detenção
Segundo Baptista, Nascimento e Barraud (2015), a bacia de detenção é toda estrutura
de acumulação temporária e/ou de infiltração de águas de escoamento pluvial, e sua eventual
infiltração, inseridas no meio urbano, e que tenha capacidade superior as demais técnicas
compensatórias que, também, desempenham a função de armazenamento, bem como se
caracterize como reservatórios ou barragens cuja função seja o amortecimento de cheias,
estando localizados fora do limite urbano.
As tipologias de bacias de detenção são estabelecidas de acordo com sua forma, uso e
localização das unidades em relação ao sistema de drenagem. Quanto à forma, o referido
autor, as bacias de detenção são divididas em bacias a céu aberto e bacias subterrâneas ou
cobertas. A primeira possui subdivisões demonstradas na Figura 16. Enquanto que as bacias
subterrâneas ou underground reservoirs/bassins enterrés são estruturas típicas de regiões
densamente ocupadas que não possuem espaço para a implantação de estruturas a céu aberto.
Bacias secas com fundo impermeabilizado Bacias de infiltração: armazenam e infiltram águas
ou não, mas que impossibilita a infiltração. pluviais, sem dispositivo de controle de saída.
50
sanitário e pluvial para o armazenamento temporário de parte ou todo escoamento durante o
evento de precipitação. O volume que esta unidade armazena é conduzido, posteriormente,
para a estação de tratamento de esgotos, impedindo a poluição dos cursos d’água. Por essa
razão, essa bacia é, também, chamada de bacia de retenção, na qual o a água é retida por
longo tempo.
As bacias de decantação e bacias de detenção são utilizadas em sistemas separadores
de drenagem urbana. Enquanto a primeira tem a função de decantar sedimentos provenientes
da água pluvial, a segunda amortece as cheias e controla a poluição difusa (BAPTISTA,
NASCIMENTO E BARRAUD, 2015).
Para o presente trabalho a tipologia utilizada é bacia a céu aberto, do tipo seca e,
quanto à função hidrológica, definida como bacia de detenção.
51
E por fim, faz-se necessária a coleta de dados para construção de cenários e modelagem do
sistema em análise.
Os produtos desta etapa são: escopo detalhado dos estudos de diagnóstico e de
concepção a ser desenvolvida, uma definição preliminar dos objetivos potenciais a serem
alcançados com a implantação de uma bacia de detenção e o elenco de dados e informações a
serem disponibilizados para permitir a realização dos estudos de diagnóstico. Este diagnóstico
é composto por características físicas da bacia hidrográfica, uso do solo atual e futuro e o
cadastro do sistema de drenagem pluvial (BAPTISTA, NASCIMENTO E BARRAUD, 2015).
Outra etapa de relevância indicada pelos citados autores é a análise dos locais
potenciais para implantação e escolha do tipo de bacias de detenção. Essa análise é realizada
segundo critérios físicos, urbanísticos, econômicos e ambientais, que conduzem a escolha do
tipo de bacia de detenção e dos usos complementares a implantar junto ás bacias, se
conveniente.
Righetto (2009) destaca ainda o tempo de funcionamento da unidade, parâmetro de
concepção, que corresponde ao tempo de enchimento e o tempo de descarga ou tempo gasto
para o esvaziamento da estrutura. Esse parâmetro pode ser utilizado de duas formas: variável
de volume e variável de concepção. A primeira consiste na imposição de uma vazão de saída
para calcular o volume de armazenamento; enquanto que a segunda consiste na utilização do
tempo de descarga para fixar a vazão de saída. Segundo o mesmo autor e Baptista,
Nascimento e Barraud (2015), o tempo de descarga, de maneira geral, deve ser inferior a 24
horas.
O projeto completo de uma bacia de detenção envolve projetos estruturais, estudos
geotécnicos, hidrológicos e hidráulicos. Inclusive estes últimos visam determinar o volume
útil de armazenamento, a vazão de saída para fins de controle de cheias e a vazão de projeto
do vertedor, como elemento de emergência (BAPTISTA, NASCIMENTO E BARRAUD,
2015).
Projetos de bacia em áreas não urbanizadas há uma certa liberdade quanto à definição
do volume útil e vazão de saída devido a disponibilidade de área. Já em áreas urbanizadas as
restrições são maiores e acarreta na adoção de tempos de retorno inferiores aos recomendados
na literatura.
O volume útil e vazão de saída são determinados para eventos de tempos de retorno de
10 e 20 anos para bacias com área de algumas dezenas de hectares; para bacias maiores
devem adotar tempos de retorno entre 50 e 100 anos. Além disso, outra recomendação
52
importante é que para o caso de barragens em terra com altura inferior de 30 m e situadas a
montante de áreas urbanas, o vertedor de emergência deve ser dimensionado para tempo de
retorno igual a 1000 anos (BAPTISTA, NASCIMENTO E BARRAUD, 2015).
Nascimento, Baptista e von Sperling (1999) aponta critérios a serem considerados no
projeto de uma bacia de detenção urbana (Quadro 3) e ressalva que alguns pontos são de
difícil equacionamento devido “a inexistência de estudos sistemáticos, a ‘posteriori’, das
experiências sobre o uso desta técnica.”
Quadro 3 – Critérios para projeto de bacias de detenção
Critério Elementos de análise
Vazão de pico, forma do hidrograma, características
Primária
de reservação e descarga.
Funcional
Área e perímetro do reservatório, controle do
Secundária
assoreamento, acessos.
Qualidade da água, ecologia aquática, controle de
Proteção
insetos.
Ambiental Inserção paisagística, equipamentos de lazer,
Urbanismo convivência, acesso de veículos e pedestres,
estacionamento.
Construtivo Praça de trabalho, acessos, disponibilidade de materiais e mão de obra.
Inspeção e manutenção do reservatório e das estruturas hidráulicas,
Operacional
remoção de sedimentos e lixo, manutenção dos equipamentos urbanos
Regulamentação de uso como equipamento urbano, regulamentação
Legal
quantitativa e qualitativa das águas afluentes.
Fonte: Nascimento, Baptista e von Sperling, 1999
54
pessoas; à estética ou paisagismo; à inclusão de patamares para multiuso da área, à remoção
de sedimentos; e rampas de acesso para a limpeza mecanizada.
3.5. Custos
Segundo Baptista, Nascimento e Barraud (2015), as bacias de detenção podem
apresentar custos expressivos, a depender da área de drenagem que controlam. Desta forma,
tantos os custos com implantação, manutenção e operação são dinâmicos, variando de acordo
com o porte da obra e tipo da bacia.
Moura (2004) apresentou os custos de implantação, manutenção e operação, e a vida
útil do sistema de drenagem urbana tradicional e de técnicas compensatórias em drenagem
urbana, incluindo as bacias de detenção. Ressalva-se que os custos são apresentados em Reais
e baseados no Índice Nacional de Custos na Construção, calculado pela Fundação Getúlio
Vargas, com data base em janeiro de 2000.
No Quadro 5, Baptista, Nascimento e Barraud (2015) adapta os custos elaborados por
Moura (2004), e os apresentados de forma resumida, o que facilita a análise dos custos para as
tipologias de bacias de detenção abordadas no estudo citado.
55
Para as demais bacias as práticas de manutenção consistem na retirada de resíduos
sólidos e reconstituição do revestimento da bacia. De maneira geral, o custo com a retirada de
sólidos foi semelhante a bacia de detenção gramada. A variação de custo foi observada na
reconstituição do revestimento, sendo de R$ 12,09/ano por metro cúbico de bacia aberta em
concreto, de R$ 22,17 por metro cúbico de bacia enterrada em concreto e de R$ 2,67/ano por
metro cúbico de bacia de infiltração.
56
demonstram a inviabilidade técnica e operacional das bacias de detenção, implantadas
apenas com a finalidade hidrológica;
Maior demanda pela melhoria da qualidade ambiental, no tocante aos corpos d’água,
em meio urbano.
Segundo Nakazone (2005), a tendência de implantação de bacia de detenção no Brasil
se caracteriza como unifuncional, ou seja, previsto apenas o amortecimento das cheias.
Entretanto, por anseios da população este cenário esta se modificando, caminhando para os
usos multifuncionais das bacias, de maneira a valorizar o espaço e a população no entorno.
Na Figura 18 é apresentada a evolução dos usos multifuncionais para as bacias de
detenção apresentada por McCuen, Walesh e Rawls (1983) e adaptado por Nakazone (2005).
Para Fonseca (2006), a integração urbana das bacias de detenção podem criar inúmeras
opções de lazer, como áreas para a prática de esportes e para contemplação. Para as bacias de
detenção seca, é comum a sobreposição espacial de funções, incorporando a função de
amortecimento de cheias, durante o evento de precipitação, com áreas de prática de esportes,
praças públicas, parques poliesportivos entre outros.
Mota (s.d.) apresentou um desenho esquemático de um reservatório de detenção aberto
(Figura 18) que, embora seja apenas uma referência projetual, exemplifica a proposição do
multiuso destas unidades, com a implantação da quadra poliesportiva. Além de representar as
57
várias possibilidades de criação de espaços de lazer, sobrepostos a função hidrológica das
bacias de detenção.
Figura 18 – Desenho esquemático de um reservatório de detenção aberto
Para Cruz et al (2001), o grande desafio da gestão das águas pluviais em meio urbano
é solucionar os problemas de inundações urbanas, em conjunto com a criação de espaços
integrados e bem adaptados que melhorem também a qualidade de vida população
Desta forma, percebe-se a complexidade da das bacias de detenção, em termos de
concepção, dimensionamento e gestão, demonstrando a real necessidade de equipes
multidisciplinares que, com uma visão holística, incorporem aspectos hidrológicos,
ambientais e urbanísticos nos projetos destas unidades, de maneira a permitir a adequada
inserção ambiental das bacias de detenção (NASCIMENTO, BAPTISTA E VON
SPERLING, 1999).
58
Almeida (2014) avaliou, por meio da ótica dos usuários envolvidos com o espaço, a
aplicação de técnicas compensatórias em drenagem urbana em duas áreas distintas: Área de
Estudo I – campus UFSCar (filtro-vala-trincheira, poço de infiltração, bacia de retenção,
plano de retenção e canal em grama) e Área de Estudo II – Condomínio Residencial Montreal
(poço de infiltração). A avaliação foi realizada por meio de questionários que abordaram
aspectos legais; aspectos ambientais e urbanísticos; aspectos quanto ao projeto; aspectos
relativos à construção, manutenção e operação das técnicas.
O estudo concluiu que em ambas as áreas de estudo a aceitação da legislação e das
técnicas, superaram as expectativas. A ausência de conhecimento e informação dos
entrevistados sobre a práticas das técnicas compensatórias reforçaram a necessidade por
investimentos em estudos, pesquisas e divulgação pelo poder público e privado. Vale
ressalvar que na área I, os entrevistados sugeriram a identificação das técnicas existentes, com
informações de denominação técnica da estrutura, seus benefícios e a qual edifício esta
vinculada.
Outro estudo interessante refere-se a pesquisa socioambiental intitulada de
“Revitalização da bacia de detenção do Vilarinho”, realizada junto a comunidade residente n
no entorno da bacia, que abrange os bairros Lagoinha, Maria Helena, Piratininga, Leticia,
Leblon e Mantiqueira, região Venda Nova, em Belo Horizonte (SEIDI et al, 2007).
Para esse local estava prevista a implantação de zona úmida artificial (wetland), como
dispositivo de descontaminação, e a inclusão da população ribeirinha. Segundo Seidi et al
(2007), a percepção socioambiental dos moradores é um fator importante para as intervenções
sociais e técnicas coerentes com os anseios dos moradores, buscando que os mesmos se
apropriem do espaço e preserve a unidade.
De acordo com esse estudo, que se utilizou de questionário para a coleta de dados, a
percepção da evolução do meio ambiente na bacia de detenção foi classificada como positiva
para 48% dos entrevistados, embora a presença de resíduos sólidos e odores desagradáveis
permaneçam. Já quanto à saúde, cerca de 53% consideraram risco de contrair doença na área
inundável da bacia. Quanto ao parâmetro de recuperação da bacia para uso dos moradores,
89% dos entrevistados acreditaram nessa melhoria, o que reflete em um anseio da população
por ações positivas que alterem a área.
Dentre os equipamentos solicitados pela população, em sua maioria, foram praça e
pista de caminhada, sendo citado, também, campo de futebol e parques. Quanto às prioridades
pós-obras, a segurança e a manutenção foram os aspectos mais relevantes para a população.
59
4. MÉTODOS
Os métodos realizados para a presente pesquisa consistem em 6 (seis) fases, os quais
estão sintetizados no Quadro 6. Em seguida cada fase é descrita em detalhes. Vale destacar
que, a partir desse ponto, o termo Bacia de Detenção será abreviado com a sigla BD.
61
Planejamento e Urbanização Recentes: foi realizada uma breve descrição histórica
do processo de implantação do plano diretor e do processo mais recente de
urbanização do município, relacionando-o com as premissas estabelecidas no Plano
Diretor de Araraquara.
4.3. 3ª Fase – Definição das Variáveis para Avaliação das Bacias de Detenção
A terceira fase da presente pesquisa foi composta pela definição de variáveis que
possibilitassem a avaliação das BD. Tal definição foi feita com base em informações da
bibliografia consultada, considerando os principais aspectos que permitiram avaliar as
unidades em estudo, em cenários distintos de funcionamento e sob diferentes visões.
62
Água e Esgoto (DAAE), ambos no município de Araraquara. Na PM, especificamente,
na Secretaria de Desenvolvimento Urbano, foi obtida a relação de loteamentos
aprovados na cidade e quais implantaram as BD; permitindo quantificar as unidades
construídas ou em fase de implantação. Já no DAAE, no setor de engenharia, foram
disponibilizados os anexos do Plano Municipal de Saneamento (PMSB) de
Araraquara, que incluem documentos referentes as diretrizes para o dimensionamento
e implantação dos projetos de drenagem urbana convencional e das bacias de
detenção. Assim, como foram disponibilizados os projetos de engenharia das bacias de
detenção, utilizadas para a provação destas unidades pelo referido setor. Ainda no
DAAE, no setor de Meio Ambiente (extinta Secretaria de Meio Ambiente), foram
disponibilizados arquivos, no formato shape, dos cursos d’água do município e suas
sub-bacias de contribuição, bem como as Áreas de Preservação Permanente (APP) e
os maciços de vegetação.
Etapa 3 – Mapeamento das BD: consistiu na elaboração do Mapa de Distribuição
Espacial das BD, por meio da utilização do software livre QGIS versão 2.14.13-Essen
e dados disponibilizados pelo Departamento de Meio Ambiente, em formato shape,
obtidos na Etapa 2.
63
unidades, aprovação do projeto, fiscalização da obra), bem como do pós-implantação (venda
dos lotes e manutenção das BD).
Diante o exposto, os agentes envolvidos nas fases de implantação e pós-implantação
das BD foram agrupados em 5 (cinco) públicos alvos, como descrito a seguir:
Público Alvo 1 – Síndicos dos Condomínios: definidos devido ao conhecimento que
estes agentes possuem quanto às práticas de manutenção das BD e o respectivo custo
desta atividade, bem como demais ocorrências sobre operação ou percepção dos
condôminos sobre as unidades. Foram convidados a participar da entrevista, os
síndicos de todos os condomínios;
Público Alvo 2 – Técnico de Construtora: escolhido a partir da necessidade de se
obter dados sobre custos e peculiaridades enfrentadas no canteiro de obras para a
implantação das unidades de detenção. Foram convidados à participar da entrevista as
construtoras que estavam em fase de implantação das BD;
Público Alvo 3 – Empreendedor: definido para se conhecer se há uma abordagem
específica com interessados em adquirir lotes no empreendimento, sobre as BD. E
também obter dados sobre custos e práticas de manutenção durante a fase de
comercialização de lotes. Para isso foram convidados a participar da entrevista,
empreendedores que estivessem em fase de comercialização de lotes e as unidades de
detenção já em operação;
Público Alvo 4 – Técnico da PM de Araraquara: escolhido para obter dados sobre a
organização e estrutura quanto à aprovação de loteamentos, responsabilidades sobre a
drenagem urbana e as BD. Para isso foram definidos 1 (um) técnico da Secretaria do
Desenvolvimento Urbano e 1 (um) técnico do Setor de Obras Viárias e Drenagem
Urbana; e
Público Alvo 5 – Técnico do DAAE: escolhido para obter dados sobre a aprovação
dos projetos das BD e a fiscalização das obras de implantação das mesmas. Para isso
foi definido 1 (um) técnico do setor de engenharia para tratar sobre a aprovação e
fiscalização de projetos.
As entrevistas foram compostas por um roteiro com perguntas principais, que podiam
ser complementadas de acordo com as circunstâncias do momento da entrevista. Este
instrumento foi aplicado aos cinco públicos alvos, sendo prevista a utilização de gravador de
áudio para registro das informações realizadas durante a entrevista, sem que haja
64
disponibilização deste material. O roteiro de entrevista abordou aspectos relativos ao projeto,
à construção, à integração e à manutenção das BD, bem como dos custos envolvidos.
Ressalva-se que este instrumento foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética.
A aplicação da entrevista foi precedida de uma clara e breve apresentação sobre a
finalidade da entrevista, a qual instituição a pesquisadora está vinculada, o caráter sigiloso dos
resultados e a importância dos dados para a comunidade (MANZINI, 1990/1991). Além disso,
os entrevistados (públicos alvo) foram comunicados sobre os possíveis riscos dessa
abordagem, assim como do seu poder de escolha para participação ou não da pesquisa.
A comunicação com os públicos alvo foi realizada previamente, com o agendamento
de uma data e horário para a aplicação deste instrumento nas dependências de seu ambiente de
trabalho, sendo privado ou público. A análise dos dados coletados por meio das entrevistas foi
realizada de maneira qualitativa, buscando manter o sigilo quanto ao entrevistado e quanto ao
empreendimento, porém destacando as práticas e abordagens relatadas sobre as fases de
implantação e pós-implantação das BD.
65
Figura 19 – Delimitação da área de aplicação do questionário (Continua)
Sistema de Bacia de Detenção Sistema de Bacia de Detenção
Laura Molina 1 Laura Molina 2
66
Figura 19 – Delimitação da área de aplicação do questionário (Fim)
Bacia de Detenção Santa Luzia Bacia de Detenção Maria Luiza
67
pesquisadora, a instituição de ensino, o sigilo das informações e do entrevistado, entre outros.
O modelo deste termo pode ser analisado no Apêndice III.
68
5. MUNICÍPIO DE ARARAQUARA/SP
5.1. Breve Histórico
No século XVIII, em uma viagem de exploração pelo rio Tietê, um astrônomo
português, avistou uma região, até então ocupada somente pelos índios guaianá, chamada por
estes de Aracoara (de ará, dia, e coara, toca ou morada). Foi então sob o nome de Campos de
Aracoara ou Sertão de Aracoara, que entrou para a história a área compreendida entre a
margem direita do rio Piracicaba até os confins do norte e oeste do Estado de São Paulo,
incluindo os municípios de Araraquara, São Carlos e região (IBGE, 2017 e ARARAQUARA,
2017).
A região se tornou rota estratégica, por dois momentos, embora estivesse distante dos
centros urbanos da época. O primeiro momento foi no início do século XVIII com a
descoberta de ouro em Mato Grosso. E o segundo foi no século XIX, por ocasião da Guerra
do Paraguai (1864-1870), a região era um dos caminhos para as tropas brasileiras irem até o
Mato Grosso e, de lá, para as frentes de luta no Paraguai (IBGE, 2017).
Embora estes dois momentos da história tenham favorecido o processo de ocupação da
região, o mesmo foi efetivo a partir da tomada de posse das terras pelos brancos, entre eles
Pedro José Neto que parece ter sido o primeiro a se estabelecer na região, em 1970, de acordo
com os registros. Destaca-se que essa ocupação ocorria em paralelo ao sistema de distribuição
legal de terras, as sesmarias, que se iniciou em 1811 (IBGE, 2017).
Em 1812, Pedro José Neto ergueu uma capela na sesmaria do Ouro, em louvor a São
Bento, e ao seu redor iniciou o povoado do Município de Araraquara, anteriormente
denominado como bairro de São Bento d’ Araraquara. Em 1817, esse bairro conquistou o
status de freguesia, tendo como base de sua economia a pecuária e culturas de subsistência. Já
em 1832 foi elevado à condição de vila e instituiu a primeira legislatura da Câmara
Municipal. O primeiro café na região foi plantado nesta época, por José Joaquim Sampaio,
que plantou também a primeira forragem (capim gordura roxo) e as primeiras laranjeiras (lisas
e tangerinas), vindas de Minas Gerais (ARARAQUARA, 2012).
A primeira metade do século XIX foi caracterizada pela plantação de cana-de-açúcar,
milho, fumo e algodão, e por rebanho constituído, em sua maioria, de suínos e bovinos. A
plantação do café substituiu a de cana-de-açúcar e cereais, por volta de 1850.
A chegada da ferrovia e dos imigrantes, entre eles italianos, portugueses, japoneses e
espanhóis, que substituíram o trabalho escravo, ocorreu em 1884-1885. A participação da
região no complexo do café acelerou seu desenvolvimento econômico e social. Por sua vez, a
69
vinda dos imigrantes alterou a vida sociocultural de Araraquara, permanecendo até a
atualidade.
Araraquara foi elevada à categoria de cidade em 6 de fevereiro de 1889, pela Lei
Provincial de nº. 7. Atualmente, o município é formado pelos distritos de Araraquara e Bueno
de Andrada e conhecido por sua arborização urbana, ruas limpas, inúmeras praças e alto nível
de qualidade de vida.
70
Segundo São Paulo (2017), o município de Araraquara possui uma densidade
demográfica de 220,40 habitantes/km², valor superior a densidade média da RGA, que é de
82,46 habitantes/km², e a do Estado igual a 174,68 habitantes/km². Na Figura 21 é possível
observar a densidade demográfica do município, em comparação com o Estado e RGA, no
período de 1980 a 2016.
Figura 21 – Densidade Demográfica do Estado de São Paulo, Região de Governo
de Araraquara e Município de Araraquara – 1980-2016
71
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Araraquara foi de 0,815
para o ano de 2010, valor considerado alto, superior ao índice estadual que é de 0,783,
colocando o município em 14ª posição em nível nacional (ATLAS BRASIL, 2013). Além
disso, o município está enquadrado no Grupo I – Municípios com nível elevado de riqueza e
bons níveis nos indicadores sociais, segundo o Índice Paulista de Responsabilidade Social
(IPRS) de 2012 (SEADE, 2017).
Araraquara ocupa a 11ª posição em nível nacional e 9ª posição em nível estadual no
ranking do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). No ano de 2013, esse índice
era de 0,884, representando alto desenvolvimento nos critérios de educação e saúde, e
desenvolvimento moderado no critério de emprego e renda (FIRJAN, 2013).
72
Araraquara possui 148 sub-bacias hidrográficas, divididas em dois principais cursos
d’água: Ribeirão das Cruzes e Ribeirão do Ouro (ARARAQUARA, 2014a); os quais se
estendem, praticamente, por toda malha urbana do município, no sentido nordeste para
sudeste. Segundo Menzori e Falcoski (2017), a rede hídrica urbana de Araraquara é extensa e
diversificada, tendo “uma configuração essencialmente incólume ao processo de
urbanização”, no que diz respeito à preservação das Áreas de Preservação Permanente (APP).
A sub-bacia hidrográfica do Ribeirão do Ouro, na área urbana, tem como afluentes os
Córregos do Pinheirinho, Vieira, Água Branca, Servidão e Paiva. Araraquara se formou ao
redor de seus afluentes, localizados na região central, cujas várzeas foram, ao longo do tempo,
totalmente ocupada e urbanizada. O Córrego do Pinheirinho ou Caixa d’Água, até o ano de
1940, foi o manancial superficial do município, abrigando a primeira estação de tratamento de
água. Sua desativação foi em decorrência do crescimento da cidade e da demanda pelo
consumo de água potável (OLIVEIRA, 2017).
Por sua vez, a sub-bacia hidrográfica do Ribeirão das Cruzes, no perímetro urbano,
tem como afluentes os Córregos do Tanquinho, Serralhal, Marivan, Águas do Paiol, Cupim,
Martins e Lageado. Em 1945, na seção inicial desta sub-bacia, foi construído um barramento
para o abastecimento público, a Represa das Cruzes, responsável por 33% da demanda de
água da cidade. Após alguns anos, em 1980, na seção média dessa sub-bacia foi implantado
outro barramento para abastecimento público de água, porém no córrego Águas do Paiol, o
qual contribui em 8% da demanda de água do município (OLIVEIRA, 2017).
Na Figura 24 são indicadas as duas sub-bacias hidrográfica da área urbana do
município de Araraquara.
Vale destacar ainda que, mais de 66% da demanda de água de Araraquara é
proveniente do Aquífero Guarani. Em toda cidade, desde 2016, havia 24 poços profundos em
operação e um desativado. Ressalva-se a vulnerabilidade desta região quanto a aspectos de
contaminação e excesso de captação das águas subterrâneas, requerendo sua inserção em
programas de planejamento e gestão ambiental (OLIVEIRA, 2017).
Segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura –
CEPAGRI (2018), toda parte central do Estado de São Paulo, região onde está localizada
Araraquara, possui o clima do tipo Cwa, conforme classificação climática de Koppen. Esse
clima é caracterizado pelo clima tropical de altitude, com chuvas no verão e seca no inverno,
com temperatura média do mês mais quente superior a 22 ºC.
73
Figura 24 – Sub-bacias Hidrográficas na Área Urbana de Araraquara/SP
Legenda: Sub-bacias hidrográficas urbanas Córrego Águas dos Paióis Córrego da Água Branca
Ribeirão das Cruzes Córrego dos Martins Córrego da Servidão
Córrego do Tanquinho Córrego do Lageado Córrego do Paiva
Córrego do Serralhal Ribeirão do Ouro Rodovia Washington Luiz
Córrego do Marivan Córrego da Caixa d’Água
Córrego do Cupim Córrego do Vieira
Segundo Araraquara (2014a), o município possui chuvas médias anuais de 1.300 mm.
O período chuvoso ocorre de outubro a março, sendo de dezembro a fevereiro o intervalo
mais chuvoso, enquanto que o período de estiagem está compreendido de abril a setembro.
Além disso, as temperaturas médias anuais oscilam de 21 ºC a 23 ºC, sendo que em janeiro
ficam compreendidas entre 29 ºC e 32 ºC, enquanto que em julho variam de 11 ºC a 13 ºC.
Geologicamente, o município se encontra em uma área compreendida pelo planalto
ocidental, planalto arenítico-basáltico, formado pelo derrame de lavas, processadas durante o
triássico ou hurássico, com a intercalação de camadas de arenito do mesozoico. Desta forma,
as formações geológicas existentes na região são: Formação Serra Geral (basalto toleíticos) e
Formação Botucatu (arenito fino e médio), além da predominância de sedimentos da
Formação Adamantina, sedimentos associados aos fundos de vales e de sedimentos arenosos
inconsolidados (coberturas recentes) (ARARAQUARA, 2014a).
Ainda de acordo com Araraquara (2012), a área urbana do município está localizada
em região, predominantemente, de latossolos vermelhos e latossolos vermelhos amarelos.
74
Estes solos possuem elevada permeabilidade interna e baixa capacidade adsortiva, sendo
classificados como pouco filtrantes.
Araraquara possui dois biomas predominantes em sua área: o bioma Mata Atlântica,
representado pelas Florestas Estacionais Semideciduais, e o bioma Savana, representado pelo
Cerrados. As florestas são compostas por vegetação condicionada a estacionalidade climática
e pela queda das folhas durante o período seco. Por sua vez, o cerrado inclui fitofisionomias
variáveis desde campo limpo, avançando para campo sujo. Na região de Araraquara esse
último bioma foi permanecia preservado até por volta de 1960-70 quando houve sua
substituição pela cultura da cana-de-açúcar (ARARAQUARA, 2012).
75
civis de recuperação dos elementos de canalização construída bem
com o desassoreamento das lagoas de contenção existente;
VI - promover campanhas públicas educativas para o uso,
manutenção e limpeza do sistema de drenagem, curso d'água, canais
e galerias, bem como a preservação das faixas sanitárias, várzeas e
fundos de vale;”
Das ações estratégicas para o Sistema Municipal de Drenagem Urbana, no art. 78
estabelece-se a realização de projetos e obras de lagoas de contenção (inciso I), assim como a
implantação e regularização de sistemas de retenção de água pluvial e de programas de reuso
da água para determinadas atividades, reduzindo a sobrecarga temporária do sistema público
de drenagem urbana.
Da Estrutura Urbana, Modelo Espacial e Uso do Solo (Título III), a referida lei
estabelece, em art.111, os objetivos das redes hídricas e corredores de integração ecológica –
CIECO, sendo um deles a “ampliação de áreas verdes permeáveis ao longo dos fundos de
vale, com dispositivos de retenção controlada das águas pluviais e controle de enchentes”.
Em seu art. 123º define o Zoneamento Urbano constituído por duas categorias de uso
do solo: ZAMB – Zonas Ambientais e ZEUS – Zonas de Estruturação Urbana Sustentável. E
no primeiro parágrafo institui que o zoneamento urbano está definido no Mapa 13 – Mapa
Estratégico do Modelo Espacial e Zoneamento Urbano (Redação dada pela Lei Municipal nº
858/2014).
De acordo com a nova redação dada pela Lei º 858/2014, o zoneamento urbano de
Araraquara, definido no Mapa 13 – Mapa Estratégico do Modelo Espacial e Zoneamento
Urbano é constituído pelas seguintes categorias de uso e ocupação solo:
ZAMB – Zonas Ambientais
ZOPA – Zonas de Proteção Ambiental;
ZAUS – Zonas Ambientais de Uso Sustentável e
ZORA – Zonas de Conservação e Recuperação Ambiental.
ZEUS – Zonas de Estruturação Urbana Sustentável
ZOPRE – Zona Predominantemente Residencial: subdivida em ZOPRE AEIU –
Áreas de Especial Interesse Urbanístico; ZOPRE AEIS – Áreas de Especial Interesse
Social; e ZOPRE APRM – Áreas de Proteção de Mananciais.
ZOEMI – Zonas Especiais Mistas: subdividida em ZOEMI AEIU ACOP – Área da
Cidade Compacta de Ocupação Prioritária; ZOEMI AEIU ACITE – Área da Cidade
76
de Transição e Expansão Urbana; e ZOEMI AEIS AEIRA – Áreas Especiais de
Interesse Ambiental de Recarga; e
ZEPP – Zonas Especiais de Estruturação Predominantemente Produtivas:
subdividida em ZOPI – Zona de Produção Industrial; ZEPIS – Zona Especial de
Produção Industrial Sustentável; e ZOPAG – Zona de Produção Agrícola.
Cada categoria listada possui uma descrição detalhada sobre seus usos e tipos de
ocupação do solo. Porém, com o intuito de destacar pontos pertinentes à presente pesquisa, a
seguir são descritas as características de algumas zonas em que os loteamentos e as unidades
de detenção estudadas estão compreendidos:
ZAMB – ZORA: caracterizada por áreas territoriais com características de uso e
ocupação definidas por áreas de risco geotécnico, áreas de vegetação permanente e
APRM – Áreas de Proteção e Recuperação de Mananciais. Dentre os usos admitidos,
destacam-se os que promovam atividades de recreação e lazer, parques urbanos,
vivenciais, ecológicos, bem como sistemas de áreas verdes e espaços públicos
municipais.
ZOPRE – AEIU: as ZOPRE são áreas e fragmentos urbanos destinados ao uso
residencial com predominância de habitações unifamiliares e multifamiliares, om
densidades construtivas e populacionais variáveis, diversificação tipológica e
classificação viária local. As Áreas de Especial Interesse Urbanístico são de uso
predominante residencial.
ZOEMI – AEIU – ACOP: representa a maior subdivisão territorial do zoneamento e
modelo espacial previsto pelo PDDPA. É uma das zonas prioritárias e estratégicas de
indução e consolidação do processo de urbanização, estimulando a edificabilidade do
solo urbano, por meio de instrumentos do Estatuto da Cidade, previstos em Lei, e a
ocupação de imóveis ociosos, não utilizados ou subutilizados, seguindo o conceito de
cidade sustentável.
77
paisagísticos; projetos cicloviários – PROCICLOS; parques vivenciais e equipamentos de
lazer e recreação.
No tocante dos parâmetros urbanísticos de uso e ocupação do solo (art. 128), a adoção
de medidas mitigadoras para retenção, infiltração ou aproveitamento de água pluvial
possibilita que o Índice de Ocupação – IO possa atingir seu valor máximo de 70%, com
exceção das zonas ZAMB – ZOPA (Zonas Ambientais – Zona de Proteção Ambiental),
ZAUS (Zonas Ambientais de Uso Sustentável) E ZORA (Zonas de Conservação e
Recuperação Ambiental). Além disso, o Índice de Permeabilidade – IP, definido em 30%, em
ZOPRE AEIS (Áreas Especiais de Interesse Social), em ZOPRE APRM (Área de Proteção e
Recuperação de Mananciais) e, em ZOEMI AEIS-AEIRA (Área Especial de Interesse
Ambiental de Recarga do Aquífero) pode chegar até 20% (Redação dada pela Lei Municipal
nº 858, de 2014).
78
regulamentada por legislação específica e considerar o percentual de impermeabilização e a
existência de dispositivos de retenção ou detenção de águas pluviais, em cada lote urbano.
Dentre os objetivos dessa política, vale destacar a disponibilização de serviços
públicos de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do
patrimônio público e privado. Assim como da minimização dos impactos ambientais
decorrentes da implantação e desenvolvimento de ações, obras e serviços públicos de
saneamento básico, em especial aos recursos hídricos.
Por fim, o Plano Municipal de Saneamento Básico e os planos setoriais de cada
elemento do saneamento ambiental, são instrumentos da presente lei (art. 15º) e essenciais
para sua eficiente implementação.
79
lançamentos em poucos pontos; execução de dissipadores de energia nos lançamentos
das águas pluviais.
Com relação ao combate à erosão do curso d’água: recuperação da mata ciliar com
a delimitação das áreas de APP dos talvegues perenes e intermitentes; tratamento das
áreas em que os taludes estejam instáveis ou que houve rebaixamento da calha abaixo
do nível pré-existente; execução de escadas dissipadoras de energia ao longo do
talvegue; execução de reservatórios “in line” ao longo do talvegue, secos ou com
espelho d’água de maneira a amortecer os picos de vazões.
Como medidas compensatórias para essa sub-bacia foi proposto a execução de bacias
de detenção in line ou out-line, buscando neutralizar os incrementos dos picos de vaões com
relação à situação pré-urbanização. Já para o córrego do Marivan não foram propostas
nenhum tipo de medida, devido à ausência de estudos nesta área.
No Anexo C do PMSB de Araraquara está contido o manual de drenagem e manejo
das águas pluviais de Araraquara, o qual contempla estudos hidrológicos para a determinação
da vazão de projeto, estudos hidráulicos para o dimensionamento e metodologias de cálculos
para os elementos da microdrenagem. Além disso, possui um capítulo único para as medidas
mitigatórias, no qual estão inclusas medidas não estruturais, técnicas compensatórias
(trincheiras de infiltração, planos de infiltração, bacias de percolação e pavimentos
permeáveis) e medidas convencionais – estruturais, como “Detenção in situ”, Bacias de
Detenção, obras de retenção e “polders”.
O manual define ainda procedimentos para o cálculo de dispositivos de detenção das
águas pluviais, propostos pela Gerência de Projetos e Planejamento Estratégico do DAAE de
Araraquara. Não há impedimentos para a adoção de outra metodologia de cálculo, desde que
seja justificada e esteja em conformidade com as normas vigentes.
A seguir é apresentada a metodologia de cálculo sugerida pelo DAAE:
1º) Equação de chuva intensa de Araraquara
80
2º) Vazão gerada pelo empreendimento
Onde: C = coeficiente de escoamento superficial;
I = intensidade pluviométrica (mm/h)
A = área de contribuição (m²)
3º) Vazão da área pré-urbanizada
Onde:
C = 0,20 para campo, pasto etc
7º) Vazão do vertedor/extravasor deverá ser maior ou igual a vazão gerada pela área
pós-urbanizada
81
O armazenamento e uso das águas pluviais são previstos para fins não potáveis no
empreendimento, desde que o sistema disponha de uma câmara distinta da detenção. Assim
como, a existência de dissipadores de energia nas tubulações de entrada e de saída (após a
caixa vertedora) do reservatório de detenção.
82
Outro aspecto do PDPUA, destacado pelo mesmo autor, é a tentativa de integração
entre planos, projetos e ações, com a participação popular, bem como a exigência de
procedimentos operacionais entre gestão territorial ambiental e urbana, adotando como
unidade territorial de planejamento as bacias hidrográficas. Além disso, introduz a gestão
consorciada, privilegia as gestões participativas de planejamento e orçamento, e reconhece a
relevância de formar e capacitar o quadro de profissionais.
O PDPUA de 2005, embora reconhecido com um plano inovador e um dos 12
melhores planos no cenário estadual, não recebeu o tratamento esperado pelas administrações
posteriores, de 2005 a 2014. E ao longo de nove anos de vigência, sofreu 13 alterações, das
quais nove foram especificamente no Mapa 13, que se refere ao zoneamento urbano. Estas
alterações ocorreram em sessões da Câmara, aprovadas em primeira votação e sem registro de
audiências públicas (BALESTRINI, 2016).
O autor trata ainda que estas mudanças foram realizadas para permitir o aumento dos
índices de construção nos lotes, facilitar a implantação de indústrias e mudanças no
zoneamento. Exemplifica ao tratar sobre a redução da área de proteção sobre o Aquífero
Guarani em 6,7 km² (Lei Complementar 496/2008), bem como o avanço do zoneamento
industrial em áreas de recuperação ambiental (Lei Complementar nº 830/2011), sem haver
justificativas sobre tal mudança.
De acordo com Oliveira (2017), no período de 2006 a 2016, foram aprovados 34
empreendimentos pelo Grupo de Análises e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado
de São Paulo – GRAPROHAB, totalizando 14.878 lotes urbanos. Grande parte das
solicitações de aprovação se caracterizou por condomínios de alto padrão e habitações de
interesse social, localizados no sentido do eixo norte do município.
Na Figura 25, Oliveira (2017) ilustra a distribuição dos empreendimentos imobiliários
no entorno da área urbana, porém com predominância no quadrante norte do município.
A zona norte do município, caracterizada pela expansão urbana dos últimos anos, foi
classificada no PDPUA de 2005 como uma região susceptível a processos erosivos e de risco
geotécnico, onde o percentual de impermeabilidade não deveria ultrapassar os 50% e as
atividades deveriam ser controladas. Nesta zona há a Área de Recuperação e Proteção
Ambiental – APRM, que deveria ter uma ocupação restrita a fim de proteger os mananciais
superficiais; recuperar, conservar e proteger as matas ciliares; permitir o desenvolvimento de
atividades de agroecologia com assentamentos sustentáveis (OLIVEIRA, 2017).
83
No PD de 2014, foram alterados os índices de ocupação e de permeabilidade desta
zona, sendo desprezadas suas características físicas de susceptibilidade a processos erosivos,
mesmo estando visível o processo de assoreamento da Represa das Cruzes (OLIVEIRA,
2017).
Figura 25 – Distribuição de empreendimentos imobiliários em
Araraquara/SP no período de 2006 a 2016
85
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente pesquisa consistiu na avaliação de 24 unidades de detenção de águas
pluviais implantadas na área urbana do Município de Araraquara, sendo destas 4 Sistemas de
Bacias de Detenção (SBD) e 20 Bacias de Detenção (BD).
A utilização das siglas SBD e BD foi definida para abreviar a nomenclatura das
unidades estudadas e, assim facilitar a identificação das mesmas e teve, também, o intuito de
diferenciar a composição das unidades. Assim, a sigla SBD indica a existência de bacias de
detenção operando em série, portanto, sendo um sistema composto por mais de uma bacia,
enquanto que a sigla BD representa uma única bacia.
Desta forma, para a avaliação dos SBD e das BD, foi essencial a junção de resultados
obtidos a partir da aplicação das variáveis de avaliação definidas, das entrevistas e dos
questionários, assim como dos registros fotográficos e da análise dos projetos de engenharia
de cada unidade estudada. Esse conjunto de dados e análises possibilitou a elaboração do
presente capítulo, com a apresentação dos resultados e discussões a cerca da pesquisa.
Portanto, os resultados apresentados neste capítulo consistem na descrição das
variáveis de avaliação definidas para caracterizar os SBD e as BD e na contextualização e
caracterização das unidades estudadas, a partir de seus registros fotográficos. Além disso, a
aplicação das variáveis em cada uma das BD possibilitou a discussão sobre cada unidade,
demonstrando aspectos relevantes e comuns nas fases de construção, implantação e pós-
implantação das BD.
86
Sistema convencional de drenagem pluvial: compreende redes de galerias pluviais,
sarjeta, bocas-de-lobo, dissipadores de energia, canais etc. A análise e aprovação de
projetos, fiscalização da implantação da obra e manutenção são de responsabilidades
da Secretaria de Obras e Serviços Públicos.
Na Figura 26 é ilustrado um esquema da organização vigente da gestão das águas
pluviais no município de Araraquara.
Loteamentos Condomínios
Loteamentos Condomínios fechados
abertos
abertos fechados
Condomínios
DAAE Condomínios fechados
fechados
A SER
DEFINIDO Secretaria de Obras e
O Serviços Públicos
87
Segundo o entrevistado da SOSP, antes de 1997 o município não possuía uma lei que
obrigava o empreendedor a implantar a infraestrutura urbana no loteamento, como sistemas de
abastecimento de água, de coleta e afastamento de esgotos, drenagem urbana, iluminação
pública, pavimentação, entre outros, antes de iniciar sua comercialização.
Após a promulgação da Lei nº 16/1997, que dispõe sobre o parcelamento do solo
urbano – loteamentos e desmembramentos no Município de Araraquara tornou-se obrigatória
a elaboração e apresentação dos projetos de engenharia da infraestrutura urbana do
empreendimento a ser aprovado. Assim como, da interligação dos mesmos com o sistema
público existente, sem ocasionar ônus ao poder público municipal e garantindo a
disponibilidade de tais serviços à futura população do loteamento.
Ainda de acordo com o entrevistado da SOSP, foi nesse contexto, que as discussões
sobre a implantação de estruturas de detenção de águas pluviais se iniciou entre os técnicos e
gestores municipais. E, por volta do ano 2007, foi definido que toda drenagem convencional
deveria estar interligada a uma estrutura de detenção das águas pluviais, antes de seu
lançamento no curso d’água ou no sistema público de drenagem urbana existente. Essa
obrigatoriedade foi solicitada aos novos loteamentos. Com isso, ficou a cargo da PMA a
análise e aprovação de projetos, fiscalização das obras de implantação e manutenção do
sistema convencional de drenagem urbana. Enquanto que o sistema de manejo sustentável se
tornou atribuição do DAAE.
O entrevistado forneceu uma cópia do Ofício nº 366/GE (Anexo III), enviado pela
Gerência de Engenharia do DAAE à Secretaria de Obras e Serviços Públicos, na data de 08 de
novembro de 2007. Neste ofício foi especificado que o DAAE se responsabilizaria pelos
processos de viabilidade técnica e aprovação de projetos dos sistemas de manejo sustentável
das águas pluviais em empreendimentos no município de Araraquara. Enquanto que o sistema
convencional de drenagem pluvial ficaria a cargo da PMA. Ressalvando que um não isentaria
a realização do outro, informação a ser destacada para o loteador.
Embora não haja nenhuma especificação sobre a manutenção do sistema de manejo
sustentável das águas pluviais neste ofício, para o entrevistado o DAAE, tendo parte das
atribuições destinadas a esse sistema, deveria incorporar a fase de manutenção das unidades
pós-implantação, como ocorre com o sistema tradicional de drenagem pluvial sob a
responsabilidade da PMA.
O entrevistado relatou ainda que, embora não haja manutenção do sistema de manejo
sustentável das águas pluviais por parte da Prefeitura nem do DAAE, essa questão vem sendo
88
discutida pelos técnicos e gestores da PMA, buscando uma alternativa adequada, a ser
apresentada posteriormente ao DAAE, para sua inserção na lei orçamentária municipal.
O técnico da SDU, por sua vez, relatou informações semelhantes às apresentadas. E
explicou que há um regimento interno elaborado pelos empreendedores e avaliado pelo
DAAE, que discrimina os bens públicos a serem entregues para o departamento após a
entrega do empreendimento imobiliário. Dentre estes bens públicos, estão as bacias de
detenção de águas pluviais, indicando segundo o entrevistado, que a responsabilidade por
estas é do DAAE.
Vale destacar que todos os empreendimentos imobiliários elaboram esse regimento
interno, porém no caso de condomínios fechados, há um acordo definindo que práticas de
manutenção das unidades de detenção fiquem a cargo do condomínio. A discussão, portanto,
segue quanto às bacias de detenção de águas pluviais implantadas em loteamentos abertos.
O técnico entrevistado do DAAE, por sua vez, responsável pela análise e aprovação
dos projetos do sistema de manejo sustentável das águas pluviais, confirmou que o DAAE não
realiza manutenção das unidades de detenção implantadas, por não ser sua responsabilidade
essa atividade. Ressalvou que é atribuição da autarquia a aprovação de projetos e fiscalização
da obra de implantação desse sistema. Durante a entrevista, explicou sobre o processo de
análise dos projetos das bacias de detenção, o qual é apresentado no item 6.5.
Outro ponto relatado foi a fase de vistoria técnica da infraestrutura sanitária
implantada pelo DAAE, após a conclusão da obra e no momento de entrega do
empreendimento imobiliário para a autarquia. Diferentemente dos sistemas de água e esgoto,
a vistoria da drenagem urbana depende da ocorrência de precipitação, portanto não há
garantia que a mesma ocorra.
Importante destacar que toda infraestrutura implantada, tanto em loteamentos abertos
como em condomínios fechados, mesmo após a sua finalização, ficam por volta de cinco anos
sob a responsabilidade da construtora que a executou, ou seja, do responsável técnico pela
obra. Assim, dentro desse prazo, qualquer ocorrência de falha de projeto ou de execução da
obra, o responsável técnico será acionado e ficará a cargo dele o reparo.
89
6.2. Variáveis de Avaliação das Bacias de Detenção
As variáveis de avaliação definidas para caracterizar os SBD e as BD foram
sistematizadas em quatro grupos distintos, conforme será apresentado a seguir:
Visibilidade: indica se as bacias podem ser visualizadas a partir do nível do solo por
pessoas presentes no seu entorno, sendo essa visibilidade classificada em “alta”,
“média” e “baixa”.
90
Conservação: trata sobre o estado de conservação das bacias de detenção e de seus
dispositivos de entrada e saída d’água, com vista a analisar a presença de resíduos
sólidos, lâmina d’água, presença de animais e vetores e vegetação alta; aspectos que
indicam a ausência ou não de manutenção. Nesse critério as bacias são classificadas
em “adequada” (não foram observados a presença de nenhum dos aspectos citados),
“parcialmente adequada” (observados até dois aspectos) ou “inadequada” (observados
mais de 2 aspectos).
91
c) Grupo 3 – Aspectos de Projeto, Construção e Operação das Bacias de Detenção
As variáveis deste grupo contemplaram aspectos relacionados ao projeto e à
construção das BD, buscando analisar a metodologia de cálculo, recomendações sobre a
operação e manutenção das referidas unidades, bem como os custos envolvidos com a
implantação e manutenção das mesmas.
As variáveis definidas para esse grupo são:
Dimensionamento: indica qual a metodologia de cálculo adotada para o
dimensionamento das BD, bem como os critérios de projeto utilizados, a partir da
análise dos projetos de engenharia das referidas unidades.
92
Integração Urbana: essa variável retrata, em nível de projeto de engenharia, se
houveram iniciativas para favorecer a integração dos SBD das BD com seu entorno,
assim como proposições de usos múltiplos para as mesmas. Estes dados foram obtidos
a partir da análise dos projetos e aplicação de questionários com o poder público
municipal e com técnicos de construtoras que estivessem implantando as referidas
unidades no período de realização da presente pesquisa.
93
Sub-bacia do Ribeirão das Cruzes:
– Ribeirão das Cruzes (curso d’água principal): 2 SBD e 7 BD;
– Córrego do Tanquinho (afluente): 1 SBD e 4 BD;
– Córrego do Serralhal (afluente): 1 BD;
– Córrego do Cupim (afluente): 4 BD;
– Córrego Águas dos Paióis (afluente): 3 BD.
A Figura 27 ilustra a distribuição espacial dos SBD e das BD com relação à rede
hídrica urbana de Araraquara. Observa-se que a maioria destas unidades localiza-se à
montante da Represa das Cruzes, próxima as nascentes do Ribeirão das Cruzes e de alguns de
seus afluentes; assim como está inserida em Área de Proteção de Mananciais – APM.
Figura 27 – Distribuição Espacial dos SBD e das BD em Araraquara/SP
1
1
2
2
3
11
8
9
13 10
3
14
4 5
15 6 12
16
17
18
4
19
20
Legenda:
Sistema Bacias de Detenção (SBD) Córrego do Tanquinho Ribeirão do Ouro
Bacias de Detenção (BD) Córrego do Serralhal Córrego da Caixa d’Água
APM Córrego do Marivan Córrego do Vieira
Represa das Cruzes Córrego do Cupim Córrego da Água Branca
Rodovia Washington Luiz Córrego Águas dos Paióis Córrego da Servidão
Ribeirão das Cruzes Córrego dos Martins Córrego do Paiva
94
Ressalva-se que para observar as unidades de detenção, foram realizadas visitas in
loco em três momentos distintos, a saber: sem a ocorrência, após (de 12hs até 24hs) e durante
o evento de precipitação. As visitas associadas à ocorrência de eventos de precipitação
ocorreram em março de 2017 e janeiro de 2018 (após a precipitação); e maio de 2017 e
janeiro de 2018 (durante a precipitação).
Para informar os índices pluviométricos das visitas associadas aos eventos de
precipitação, os hietogramas são apresentados nas Figuras 28 a 31.
95
Figura 29 – Hietograma durante o evento de precipitação – Janeiro/2018
96
Figura 31 – Hidrograma após o evento de precipitação – Janeiro/2018
97
Quadro 7 – Dados Gerais dos Sistemas de Bacias de Detenção (SBD) e das Bacias de Detenção (BD)
Continua...
98
Quadro 7 – Dados Gerais dos Sistemas de Bacias de Detenção (SBD) e das Bacias de Detenção (BD)
Fim.
99
6.3.1. Sistema de Bacia de Detenção Laura Molina 1
O Sistema de Bacia de Detenção (SBD) Laura Molina 1 é composto por duas bacias
de detenção (BD) de águas pluviais em série, interligadas entre si, ou seja, uma bacia abastece
a outra havendo apenas uma estrutura de saída. Esse conjunto de bacias, denominado na
presente pesquisa como SBD, está inserido na sub-bacia do Ribeirão das Cruzes, à margem
esquerda do referido ribeirão, nas proximidades de uma de suas nascentes, e à montante da
Represa das Cruzes.
O acesso a este SBD é realizado pela Rua Carlos Augusto Donato, entre as Avenidas
Olímpio Bolzan e José Satkauskas, no Parque Residencial Laura Molina (Figura 32).
100
Figura 33 – Área do Parque Residencial Laura Molina com a indicação do SBD
Jardim do
Valle
Laura Molina
Jardim Roberto
Selmi Dei
Valle Verde
101
Esse mesmo fator impossibilitou, também, a visualização da presença de lâmina
d’água, não associada ao evento de precipitação; e do nível d’água no interior do SBD,
durante e após o evento de precipitação. Tampouco foi possível avaliar o enchimento e
esvaziamento da unidade. Contudo, em ambas as visitas, associadas à precipitação, foi
possível escutar o escoamento da água.
Quanto aos elementos de isolamento e proteção, observou-se que cada bacia deste
SBD possui, individualmente, alambrados no seu contorno e portões, que se mantiveram
trancados, inibindo o acesso às unidades. Porém o entorno das mesmas se caracterizou pela
deposição inadequada de resíduos sólidos diversos, predominando os resíduos de construção
civil, de poda de árvores e eletrônicos.
102
A descrição do loteamento Parque Residencial Laura Molina foi realizada no item
6.2.1. Na Figura 35 é apresentada uma delimitação aproximada da área do bairro Laura
Molina com a indicação do SBD Laura Molina 2.
Jardim do
Valle Jardim Roberto
Laura Molina Selmi Dei
Valle Verde
103
devido ao grande desnível do terreno, onde as demais bacias foram implantadas, dificultando
sua observação. O excesso de vegetação, também, comprometeu essa visualização, uma vez
que o mesmo impediu a aproximação às demais unidades.
Esse dois fatores, desnível do solo e grande quantidade de vegetação, impossibilitaram
o registro das estruturas de entrada e de saída deste SBD, assim como da presença de lâmina
d’água, sem a ocorrência de precipitação, e de resíduos sólidos no interior da unidade. Além
disso, durante as visitas associadas ao evento de precipitação, não puderam ser observados os
níveis d’água dentro da bacia, tampouco avaliados o enchimento e esvaziamento da unidade.
Mesmo que distante observou-se ainda que todas as bacias possuíam estruturas de
isolamento independentes. A unidade mais analisada apresentava apenas as colunas para a
fixação dos alambrados e portões, não havendo, portanto, inibição do acesso a esta unidade.
Em parte do entorno deste SBD foram observados plantios de árvores e a deposição
excessiva e inadequada de resíduos sólidos de construção civil e volumosos.
104
O Residencial Jardim Boa Vista II está localizado no norte do município, ao lado do
bairro Jardim Roberto Selmi Dei e do loteamento em implantação, Jardim Boa Vista III.
Possui 353 lotes residenciais e comerciais. Na Figura 37 é apresentada uma delimitação
aproximada da área do loteamento, com a indicação do SBD.
Jardim Boa
Vista III
Jardim Boa
Vista II
Jardim
Roberto Selmi
Dei
105
lâmina d’água. Além disso, nas visitas associadas ao evento de precipitação, não foi possível
avaliar o nível d’água, nem o enchimento e esvaziamento desta unidade.
O entorno deste SBD caracterizou-se, também, por áreas de plantio de mudas, as
quais, na proximidade com o portão de acesso da unidade, estavam com suas raízes expostas,
provavelmente, devido ao carreamento do solo. Não foram observados resíduos sólidos.
O Parque Alamedas está localizado ao lado do bairro Alto Pinheiros. Possui 800 lotes
com usos residenciais e comerciais. Na Figura 39 é apresentada uma delimitação aproximada
da área do loteamento e do SBD.
106
Figura 39 – Área do Residencial Alamedas com a indicação do SBD
Residencial
Alamedas
Altos de Pinheiros
107
Ressalva-se que o dispositivo de interligação consistia em uma tubulação de fundo
acoplada a um vertedor triangular, provavelmente, para impedir que, em eventos intensos de
precipitação, a água ultrapasse os taludes que separam cada unidade.
Outro ponto relevante observado é quanto aos dissipadores de energia das estruturas
de entrada d’água. A primeira tubulação de entrada d’água no SBD estava direcionada para
uma parede de concreto e, como continuação do muro de ala, havia um enrocamento de
pedras, porém, visualmente, de pequena área se comparada com o diâmetro da tubulação de
chegada. As demais tubulações de entradas se caracterizavam por um muro de ala, com um ou
dois degraus e o enrocamento de pedras no fundo da bacia.
Observou-se, também, que todas as bacias possuíam rampas de acesso para a entrada
de máquinas. E que proteção do solo, com o plantio de grama, estava sendo realizado apenas
no talude, ficando ausentes o fundo das bacias e as rampas de acesso. Ainda quanto ao
revestimento, vale informar que em muitos pontos as placas de grama estavam cedendo,
ocasionando a exposição do solo dos taludes.
Como esse SBD estava em operação, simultaneamente, à execução das obras do
loteamento, observou-se grande quantidade de sedimentos no interior das bacias. Porém, não
foram visualizados resíduos sólidos nem lâmina d’água permanente. Ressalva-se que no
entorno deste SBD estavam implantadas as colunas de concreto para futura fixação do
alambrado e portão.
A tubulação de lançamento no Ribeirão do Ouro, durante a primeira visita, estava em
fase de obras. Contudo, foi possível observação que a mesma não dispunha de estrutura de
proteção do solo nem de dissipadores na saída da mesma para evitar processos erosivos nas
margens do curso d’água, assim como o seu assoreamento, consequência do carreamento de
sedimentos.
Já na segunda visita in loco, observou-se a grande quantidade de sedimentos no
interior das bacias, destruição dos vertedouros dos dispositivos de interligação, vegetação alta
próxima às estruturas e vários pontos de erosão nos taludes das bacias, em especial, próximos
a rampa de acesso e a estrutura de entrada. Além disso, ainda não havia sido implantados
alambrado e portão para inibir o acesso a este SBD.
108
6.3.5. Bacia de Detenção Jardim do Valle
A Bacia de Detenção (BD) Jardim do Valle está inserida na sub-bacia do Ribeirão das
Cruzes, na margem esquerda desse curso d’água e a montante da Represa das Cruzes, ponto
de captação de água superficial. Essa BD está implantada na Rua Carlos Augusto Donato,
entre as Avenidas Paulo Mussi e Santiago Maia, no bairro Jardim do Valle (Figura 40).
Jardim do
Valle Laura Molina
Valle Verde
109
Segundo o Mapa 13 – Mapa Estratégico do Modelo Espacial e Zoneamento Urbano /
Anexo I da Lei Complementar Proposta do PDDPA, o loteamento está inserido na ZOPRE –
APRM, enquanto que a BD localiza-se na ZAMB – ZORA. As características desta zona
foram apresentadas no item 5.4.
A BD Jardim do Valle foi construída, devido à implantação do referido loteamento,
para minimizar os impactos do acréscimo dessa urbanização, em especial, no Ribeirão das
Cruzes e na Represa das Cruzes, responsável por parte do abastecimento de água superficial
do município.
Para o reconhecimento e caracterização desta BD e de seu entorno foram realizados
três registros fotográficos (Apêndice IV, Folha 5): primeiro (abril/2017), sem a ocorrência do
evento de precipitação; segundo (janeiro/2018), após o evento de precipitação (de 12hs a 24hs
após o evento); e o terceiro (janeiro/2018), durante o evento de precipitação. Os eventos de
precipitação estão associados aos hietogramas apresentados nas Figuras 29 e 31.
No primeiro dia de visita in loco, o objetivo principal foi confirmar a localização da
unidade e, assim, identificar suas estruturas de entrada e de saída d’água e elementos de
isolamento e proteção das unidades, bem como analisar as características de seu entorno.
Embora o excesso de vegetação no interior e entorno do sistema, foi possível visualizar
algumas destas estruturas, permitindo a caracterização dessa unidade.
A única estrutura de entrada d’água da BD Jardim do Valle era constituída em
concreto, com muro de ala e um degrau para dissipar a energia da água. Devido à presença de
lâmina d’água nesta estrutura, não foi possível visualizar se havia outro tipo de dissipador de
energia, como por exemplo, enrocamento de pedras no fundo da bacia. Enquanto que a
estrutura de saída desta BD, não pode ser visualizada, devido à vegetação em excesso no
interior.
Durante as visitas associadas ao evento de precipitação, não foi observado o
enchimento desta BD nem marcas de indicação nas estruturas. Inclusive a própria estrutura de
saída não foi visualizada devido ao excesso de vegetação no interior da BD.
Em todas as visitas, verificou-se a depredação de grande parte do alambrado e a
ausência de portão, para inibir o acesso a BD. Estes fatores são essenciais para a proteção da
população e da unidade. Outra questão observada foram pontos de queimada da vegetação no
entorno da BD e ausência de resíduos sólidos no interior e no entorno.
110
6.3.6. Bacia de Detenção Valle Verde
A Bacia de Detenção (BD) Valle Verde está inserida na sub-bacia do Ribeirão das
Cruzes, na margem esquerda desse curso d’água e a montante da Represa das Cruzes, ponto
de captação de água superficial. Está implantada na Rua Profª. Fanny Adele Marracini Muniz,
entre as Avenidas Santiago Maia e Doracy Fernandes Luiz, no bairro Valle Verde (Figura 42).
Jardim Roberto
Selmi Dei
Valle Verde
111
Segundo o Mapa 13 – Mapa Estratégico do Modelo Espacial e Zoneamento Urbano /
Anexo I da Lei Complementar Proposta do PDDPA, o referido loteamento e sua BD estão
inseridos na ZOPRE – APRM. As características desta zona foram apresentadas no item 5.4.
A BD Valle Verde foi implantada para minimizar os impactos da urbanização,
decorrente da inserção do referido loteamento, em especial, ao longo do Ribeirão das Cruzes e
na Represa das Cruzes, responsável por parte do abastecimento de água superficial do
município.
Para o reconhecimento e caracterização desta BD e de seu entorno foram realizados
três registros fotográficos (Apêndice IV, Folha 6): primeiro (abril/2017), sem a ocorrência do
evento de precipitação; segundo (janeiro/2018), após o evento de precipitação (de 12hs a 24hs
após o evento); e o terceiro (janeiro/2018), durante o evento de precipitação. Os eventos de
precipitação estão associados aos hietogramas apresentados nas Figuras 29 e 31.
No primeiro dia de visita in loco, o objetivo principal foi confirmar a localização da
unidade e, assim, identificar suas estruturas de entrada e de saída d’água, seus respectivos
dissipadores de energia e elementos de isolamento e proteção das unidades, bem como
analisar as características de seu entorno. Porém neste dia não foi possível acessar a unidade e
visualizar suas referidas estruturas, devido a grande quantidade de vegetação no interior e
entorno da bacia.
Observou-se também a deposição inadequada de resíduos sólidos no entorno da BD
Valle Verde, além da existência de alambrado, em todo perímetro da unidade, e do portão,
elementos que inibem o acesso a BD. No interior da bacia não foram observados resíduos
sólidos.
Contudo durante as demais visitas, verificou-se que a vegetação estava em menor
quantidade no entorno, o que permitiu se aproximar da BD e de visualizar, parcialmente, suas
três estruturas de entrada d’água e sua estrutura de saída, todas constituídas em concreto.
Ressalva-se que estas estruturas não foram bem visualizadas por causa da vegetação excessiva
que ainda permanecia no interior da unidade.
As estruturas de entrada eram compostas por muro de ala e o único tipo de dissipador
de energia observado foi do tipo blocos de impacto, presente na estrutura com menor
quantidade de vegetação e, portanto, melhor visualizada. Enquanto que a estrutura de saída
era acoplada ao extravasor e possuía duas tubulações de fundo. Vale destacar que próximo a
essa saída, observou-se a deposição de sedimentos, o que pode impedir o escoamento
adequado da água até a tubulação de saída.
112
Outro ponto relevante foi que, em ambos os registros associados ao evento de
precipitação, observou-se a presença de lâmina d’água em pontos distantes da estrutura de
saída. Isso pode indicar irregularidades no nível de fundo da bacia, decorrentes da deposição
de sedimentos, como citado anteriormente.
Quanto ao entorno da BD, observou-se, em todas as visitas, o plantio de culturas, em
pequena área, e estacionamento de vários carros no lado da unidade adjacente à rua. Inclusive
no lado oposto, mais distante das residências, foi verificada a maior concentração de resíduos
sólidos desta unidade. Por fim, foram identificados pontos isolados e pequenos de queimada.
113
Figura 45 – Área da gleba do Condomínio Buona Vita com a indicação da BD
Jardim dos
Flamboyants
Portal das
Jardim Tipuanas
Botânico
Buona
Vitá
Jardim
Quinta das
Acácias
Tipuanas
114
verificou-se alambrado em todo o perímetro da BD, assim como o portão que permaneceu
trancado em todas as visitas.
Nas demais visitas realizadas, a vegetação excessiva impediu a aproximação da
mesma. Desta forma, não foram observados os níveis d’água durante e após o evento de
precipitação, assim como as demais estruturas relevantes para caracterização dessa unidade.
Quanto à deposição de resíduos sólidos no interior e no entorno da BD, não foram
observados pontos concentrados ou isolados em nenhuma das visitas. A presença de
sedimentos e lâmina d’água no interior dessa unidade foram outros aspectos impossibilitados
de análise devido ao excesso de vegetação, assim como a verificação da rampa de acesso.
115
Figura 47 – Área da gleba do Condomínio Buona Vita com a indicação da BD
Jardim dos
Flamboyan
ts
Portal das
Tipuanas
Buona
Vitá
Jardim
Botânico
116
mesmo em períodos de estiagem. Além disso, observou-se o excesso de vegetação no entorno
da unidade e a presença de espécies arbóreas de maior porte ao redor e no interior da BD. Em
nenhuma visita foram identificados resíduos sólidos no entorno ou interior dessa bacia.
Na BD Buona Vita 2 foram visualizadas duas estruturas de entrada (Estrutura I e
Estrutura II) ao todo, constituídas em concreto. Na Estrutura I foi verificada a presença de
dissipador de energia do tipo bloco de impacto e escada hidráulica. Enquanto que na Estrutura
II não foi possível verificar se havia algum dispositivo para dissipar a energia da água, devido
a ausência de acesso a mesma. Ressalva-se que não foi identificada nem visualizada a
estrutura de saída desta BD.
Durante a segunda visita, logo após o evento de precipitação, foram registrados os
níveis que a água alcançou na Estrutura I. Por sua vez, durante a precipitação, foi registrado
ainda na referida estrutura parte da mesma submersa, demonstrando que o enchimento desta
unidade. Importante destacar que ambos os registros foram essenciais para verificar o
esvaziamento e enchimento, respectivamente, dessa unidade, mesmo ela tendo lâmina d’água
permanente.
Quanto as estruturas de isolamento e proteção, a BD Buona Vita 2 estava cercada em
todo seu perímetro por alambrado. Já o portão de acesso foi visto somente durante a primeira
visita e totalmente aberto. Nas demais visitas, no lugar do portão havia uma barreira com solo
e uma vala, provavelmente, para inibir o acesso de veículos no interior da unidade.
Uma particularidade dessa BD foi registrada durante a segunda visita, quando foram
observadas pessoas pescando no interior da unidade. Segundo elas, essa prática é comum
entre outros membros da família que constataram a existência de peixes na água que
permanece na bacia.
117
Figura 48 – Localização da BD Portal das Tipuanas
Buona
Vitá
Portal das
Tipuanas
118
abastecimento de água superficial do município e muito próxima a esse empreendimento.
Essa urbanização foi decorrente da implantação do Condomínio Portal das Tipuanas.
Para o reconhecimento desta BD e de seu entorno foram realizados três registros
fotográficos (Apêndice IV, Folha 9): primeiro (julho/2016), sem a ocorrência do evento de
precipitação; segundo (março/2017), após o evento de precipitação (de 12hs a 24hs após o
evento); e o terceiro (maio/2017), durante o evento de precipitação. Os eventos de
precipitação estão associados aos hietogramas apresentados nas Figuras 28 e 30.
Desde a primeira visita realizada, foi possível se aproximar e visualizar todas as
estruturas dessa unidade. No interior da unidade, observou-se que a proteção do solo, com o
plantio de grama, se estendia pelos taludes, fundo da bacia e rampa de acesso. Outro ponto a
destacar foi à ausência de resíduos sólidos no interior e entorno da BD, bem como a
inexistência de lâmina d’água permanente dentro da unidade.
A BD Portal das Tipuanas possuía uma estrutura de entrada e uma estrutura de saída
da água, ambas em concreto. O dispositivo de entrada era composto por muro de ala, escada
hidráulica e blocos de impacto em concreto. A estrutura de saída, por sua vez, possui uma
tubulação de fundo acoplada com o extravasor.
Quanto aos elementos de isolamento e proteção, foi observada a existência de
alambrado. em todo o perímetro da BD, e do portão, o qual se manteve trancado em todas as
visitas, inibindo acesso de pessoas não autorizadas no interior da unidade.
Foi possível caminhar no entorno da bacia e observar as práticas de reflorestamento,
bem como foi a tubulação de saída da bacia e o canal que direciona a água até o Ribeirão das
Cruzes. Este canal possuía, antes do lançamento no ribeirão, blocos de impacto em concreto
para dissipar a energia da água, minimizando os riscos de erosão no ponto de deságue.
Durante as visitas associadas ao evento de precipitação, foi observado o enchimento e
esvaziamento desta unidade, com saída da água pela tubulação de fundo, não sendo registrado
o extravasamento nem transbordamento da água.
119
Figura 50 – Localização da BD Quinta das Tipuanas
Buona
Vitá
Jardim
Acácias
Quinta das
Tipuanas
Represa das
Cruzes
120
Assim, a existência dessa BD visa minimizar os impactos da urbanização, ocasionada pela
implantação dos referidos condomínios, sobre o Ribeirão das Cruzes e, em especial, sobre a
Represa das Cruzes, responsável por parte do abastecimento de água superficial do município
e muito próxima a esse empreendimento.
Para o reconhecimento desta BD e de seu entorno foram realizados três registros
fotográficos (Apêndice IV, Folha 10): primeiro (julho/2016), sem a ocorrência do evento de
precipitação; segundo (março/2017), após o evento de precipitação (de 12hs a 24hs após o
evento); e o terceiro (maio/2017), durante o evento de precipitação. Os eventos de
precipitação estão associados aos hietogramas apresentados nas Figuras 28 e 30.
Na BD Quinta das Tipuanas, desde a primeira visita, foi possível se aproximar e
visualizar as estruturas dessa unidade. De início, observou-se em seu interior, a presença de
grama nos taludes, fundo da bacia e rampa de acesso. Além da ausência de resíduos sólidos
no interior e entorno da BD, e de sedimentos e de lâmina d’água permanente dentro da BD.
A BD Quinta das Tipuanas possuía três estruturas de entrada e uma estrutura de saída
da água, todas em concreto. Cada estrutura de entrada possuía muro de ala com os seguintes
dissipadores de energia: degraus em concreto, enrocamento de pedras e blocos de impacto em
concreto. A estrutura de saída, por sua vez, possuía duas tubulações de saída de fundo,
posicionadas em lados distintos da estrutura de concreto, acopladas com o extravasor.
Ao caminhar pelo entorno da BD, observou-se o alambrado em todo perímetro da
unidade e a presença de protão que se manteve trancado em todas as visitas. Outro ponto
observado foram as práticas de reflorestamento no entorno e o ponto de desague na margem
esquerda do Ribeirão das Cruzes. Este consistia em um canal em concreto, com degraus e
enrocamento de pedras para minimizar a ocorrência de erosão.
Durante as visitas associadas ao evento de precipitação, foi observado o enchimento e
esvaziamento desta unidade, com saída da água pela tubulação de fundo, não sendo registrado
o extravasamento nem transbordamento da água.
121
6.3.11. Bacia de Detenção Ravena
A Bacia de Detenção (BD) Ravena está inserida na sub-bacia do Ribeirão das Cruzes,
na margem direita do Ribeirão das Cruzes e à jusante da Represa Cruzes. O acesso a essa
unidade é realizado pela Rua José Maria Paixão, no Residencial Ravena (Figura 52).
Ravena
Jardim
Morumbi
Jardim Universal
122
Segundo o Mapa 13 – Mapa Estratégico do Modelo Espacial e Zoneamento Urbano /
Anexo I da Lei Complementar Proposta do PDDPA, o loteamento e a BD estão inseridos na
ZOEMI-AEIU-ACOP. As características destas zonas foram apresentadas no item 5.4.
A BD Ravena foi construída devido à implantação do loteamento Ravena e do
loteamento Tivoli, a ser implantado, futuramente, entre o Jardim Universal e o Ravena. Com
o intuito de minimizar os impactos dessa urbanização sobre o Ribeirão das Cruzes.
Para o reconhecimento desta BD e de seu entorno foram realizados três registros
fotográficos (Apêndice IV, Folha 11): primeiro (janeiro/2017), sem a ocorrência do evento de
precipitação; segundo (março/2017), após o evento de precipitação (de 12hs a 24hs após o
evento); e o terceiro (maio/2017), durante o evento de precipitação. Os eventos de
precipitação estão associados aos hietogramas apresentados nas Figuras 28 e 30.
Desde a primeira visita, foi possível se aproximar da BD Ravena e visualizar seu
interior e entorno, uma vez que não havia excesso de vegetação. Observou-se no interior da
unidade, a proteção dos taludes e do fundo da BD com o plantio de grama. A rampa de
acesso, por sua vez, era revestida por pedra britada. Além disso, não foram observados
resíduos sólidos nesta unidade, nem a presença de sedimentos e lâmina d’água permanente.
A BD Ravena possuía uma estrutura de entrada e uma estrutura de saída d’água,
ambas em concreto. A estrutura de entrada consistia em duas tubulações de chegada,
conectadas no mesmo muro de ala, com degraus e blocos de impacto de concreto. A estrutura
de saída, por sua vez, possuía duas tubulações de fundo acopladas ao extravasor, que era
coberto por uma tela, em formato piramidal, provavelmente para inibir a entrada de resíduos
sólidos, bem como seu acúmulo na superfície da tela, e o acesso acidental nesta unidade.
Ao percorrer no entorno da BD foi observada a existência de alambrado e de portão, o
qual se manteve trancado em todas as visitas realizadas, assim como as práticas de
reflorestamento. Além disso, observou-se o ponto de desague na margem direita do Ribeirão
das Cruzes, o qual consistia em uma tubulação conectada ao muro de ala, com um único bloco
de impacto, em concreto. Ressalva-se a grande quantidade de sedimentos presentes nesta
tubulação e no Ribeirão das Cruzes, onde poucos metros a jusante havia pontos de
assoreamento.
Durante as visitas associadas ao evento de precipitação, não foram registrados o
enchimento e esvaziamento do nível d’água (N.A.) no interior da BD Ravena. Porém foi
possível registrar a marca do N.A. na estrutura de saída.
123
6.3.12. Bacia de Detenção Jardim Boa Vista
A Bacia de Detenção (BD) Jardim Boa Vista está inserida na sub-bacia do Córrego do
Tanquinho, na margem esquerda desse curso d’água e a montante da Represa das Cruzes,
ponto de captação de água superficial. O acesso a essa unidade é realizado pela Rua C com a
Rua Maurício Galli, no bairro Jardim Boa Vista (Figura 54).
Jardim São
Rafael II
124
Segundo o Mapa 13 – Mapa Estratégico do Modelo Espacial e Zoneamento Urbano /
Anexo I da Lei Complementar Proposta do PDDPA, o loteamento e a BD estão inseridos na
ZOPRE – AEIS. As características destas zonas foram apresentadas no item 5.4.
A BD Jardim Boa Vista foi construída em decorrência da implantação do referido
loteamento, com o intuito de minimizar os impactos dessa urbanização sobre o Córrego do
Tanquinho, Ribeirão das Cruzes e, em especial, sobre a Represa das Cruzes, responsável por
parte do abastecimento de água superficial do município, a jusante desse empreendimento.
Para o reconhecimento desta BD e de seu entorno foram realizados três registros
fotográficos (Apêndice IV, Folha 12): primeiro (janeiro/2018), sem a ocorrência do evento de
precipitação; segundo (março/2017), após o evento de precipitação (de 12hs a 24hs após o
evento); e o terceiro (janeiro/2018), durante o evento de precipitação. Os eventos de
precipitação estão associados aos hietogramas apresentados nas Figuras 29 e 30.
Desde a primeira visita, houve dificuldades para se aproximar da BD Jardim Boa Vista
e visualizar suas estruturas internas, devido a grande quantidade de vegetação, resíduos de
podas e árvores de grande porte no interior e entorno dessa unidade. Porém, foi possível
visualizar as estruturas de entrada e de saída, ambas em concreto, sendo que na primeira
registraram-se resíduos sólidos, carreados pelo escoamento da água, e excesso de sedimentos
e de vegetação.
A estrutura de entrada d’água da BD possuía muro de ala com dissipadores de energia
do tipo degraus e blocos de impacto em concreto. Enquanto que a estrutura de saída,
visualizada a distância, estava parcialmente encoberta pela vegetação, sendo possível observar
apenas o extravasor da mesma.
A BD não possui alambrado em seu contorno nem portão para inibir o acesso à
unidade, apenas as colunas para fixação dos referidos elementos. Outro ponto relevante foi a
impossibilidade de analisar seu entorno e observar seu desague no Córrego do Tanquinho,
devido ao excesso de vegetação. Porém foi observado pontos de erosão, com início próximo à
rua e sentido para a bacia, bem como restos mortais de animais de pequeno porte.
Durante as visitas associadas ao evento de precipitação, foi observado o enchimento
desta unidade nas proximidades da estrutura de saída. O esvaziamento por sua vez não pode
ser observado devido ao excesso de vegetação, porém como não foi observada permanência
de lâmina d’água, durante a visita sem a ocorrência de precipitação, pode-se supor o
funcionamento da estrutura de saída das águas pluviais.
125
6.3.13. Bacia de Detenção Jardim São Rafael II
A Bacia de Detenção (BD) Jardim São Rafael II está inserida na sub-bacia do Córrego
do Tanquinho, na margem esquerda desse curso d’água e a montante da Represa das Cruzes,
ponto de captação de água superficial. O acesso a essa unidade pode ser realizado pelo
cruzamento da Rua Valquir Ascenção Ramos Barbieri com a continuação da Rua Maurício
Galli, no bairro Jardim São Rafael II (Figura 56).
Jardim Boa
Vista
Jd Roberto
Selmi Dei Jardim São
Jardim dos Rafael II
Oitis
126
Segundo o Mapa 13 – Mapa Estratégico do Modelo Espacial e Zoneamento Urbano /
Anexo I da Lei Complementar Proposta do PDDPA, o loteamento e a BD estão inseridos na
ZOPRE – AEIS. As características destas zonas foram apresentadas no item 5.4.
A BD Jardim São Rafael II foi construído devido a implantação do loteamento São
Rafael II, com o intuito de minimizar os impactos dessa urbanização sobre o Córrego do
Tanquinho, Ribeirão das Cruzes e, em especial, sobre a Represa das Cruzes, responsável por
parte do abastecimento de água superficial do município, a jusante desse empreendimento.
Para o reconhecimento desta BD e de seu entorno foram realizados três registros
fotográficos (Apêndice IV, Folha 13): primeiro (julho/2016), sem a ocorrência do evento de
precipitação; segundo (março/2017), após o evento de precipitação (de 12hs a 24hs após o
evento); e o terceiro (janeiro/2018), durante o evento de precipitação. Os eventos de
precipitação estão associados aos hietogramas apresentados nas Figuras 29 e 30.
Em todas as visitas foi possível se aproximar da BD São Rafael II e visualizar seu
interior e seu entorno. Assim, observou-se a presença de vegetação alta em alguns pontos
dentro da unidade, bem como de árvores e arbustos próximos às estruturas de entrada e de
saída d’água da BD. Além disso, foi observada grande quantidade de resíduos sólidos no
interior e no entorno da unidade, e a presença de animais domésticos dentro da BD, como
cavalos e cães.
A BD São Rafael II possuía uma estrutura de entrada e uma estrutura de saída d’água,
ambas em concreto. A estrutura de entrada continha a tubulação conectada ao muro de ala
com dissipadores de energia do tipo degraus e blocos de impactos, todos em concreto.
Enquanto que na estrutura de saída, observou-se apenas o extravasor, que provavelmente
devia estar acoplado à tubulação de fundo, encoberta pela vegetação durante as visitas.
Importante destacar a existência de erosão dentro da BD São Rafael II, próximo à
estrutura de entrada d’água. Parte do talude desmoronou e o solo estava sendo carreado para o
interior da bacia. A partir disso foi possível perceber, também, que por onde a água caminha
até a estrutura de saída, havia marcas de erosão no fundo da bacia, no percurso de escoamento
de água.
Quanto aos elementos de isolamento e proteção, observou-se a ausência de alambrado
em quase todo seu entorno e de portão para inibir o acesso à unidade, havendo apenas as
colunas para fixação dos referidos elementos. Outro ponto a destacar é a existência de rampa
de acesso.
127
Como a BD São Rafael II está implantada em um lote urbano, distante do ponto de
lançamento no Córrego do Tanquinho, não foi possível registrar o local de desague dessa
unidade. Provavelmente, as águas pluviais são encaminhadas por meio de tubulação
subterrânea até o referido curso d’água.
Observou-se que as calçadas ao redor da unidade não estavam concretadas e possuíam
grande quantidade de solo exposto e de vegetação. Outro ponto a destacar é que as calçadas
são locais frequentes para a deposição de resíduos sólidos e materiais de construção, como
pedra britada e areia. Situação que impossibilita o uso destas calçadas pela população.
Durante o terceiro registro, observou-se o corte da vegetação no interior da BD São
Rafael II, porém sem a retirada destes resíduos. Isso impediu a observação da tubulação de
saída no fundo da bacia, bem como avaliar se ocorria o enchimento e esvaziamento, durante a
ocorrência do evento de precipitação. Embora fosse possível escutar o escoamento d’água na
estrutura de saída.
Jardim Boa
Vista
Jd Roberto
Selmi Dei
129
espécie ela foi mantida. Isso justifica a equidade do nível da base da árvore com o cume dos
taludes da BD.
Durante o primeiro registro observou-se que a vegetação no interior da bacia estava
escassa e seca. Nos demais registros essa característica se modificou, e o excesso de
vegetação se tornou um ponto desfavorável para a observação desta unidade e de suas
estruturas, em especial, durante as visitas associadas ao evento de precipitação.
Outros pontos relevantes observados foram a existência de rampa de acesso, a
deposição inadequada de resíduos sólidos de construção civil, com maior frequência, no
entorno da unidade. E a grande quantidade de sedimentos dentro da unidade e depositados nas
estruturas de entrada d’água da BD.
A BD Jardim dos Oitis possuía duas estruturas de entrada d’água e uma estrutura de
saída d’água, todas em concreto. As estruturas de entrada, denominadas de estrutura de
entrada I e estrutura de entrada II, possuíam a tubulação acoplada ao muro de ala com
dissipadores de energia do tipo degraus e blocos de impacto, em concreto.
A estrutura de saída, por sua vez, possuía uma tubulação de fundo conectada ao
extravasor, o qual continha escada hidráulica para dissipar a energia da água, no caso de sua
utilização ser necessária. Ressalva-se que durante as visitas, observou-se que o escoamento de
água pela tubulação de saída exercia grande impacto na parede defronte ao escoamento,
danificando a estrutura. Além disso, a proximidade dessa estrutura com a rua e a ausência de
isolamento e proteção da mesma, foram fatores preocupantes que deveriam ser evitados em
uma área urbanizada, predominantemente residencial.
Quanto aos elementos de isolamento e proteção no entorno da BD Jardim dos Oitis,
observou-se a ausência de alambrado em quase todo seu entorno. Não foi observada, também,
a existência de portão para inibir o acesso à unidade.
Como a BD Jardim dos Oitis estava inserida no meio do bairro, seu lançamento não
foi registrado, o qual provavelmente realiza-se no sistema público de drenagem urbana. Seu
local de implantação favoreceu a análise de seu entorno, onde se observou a ausência de
calçadas pavimentadas, fator que dificulta a mobilidade da população nesta área.
Durante as visitas, associadas ao evento de precipitação, não foi possível avaliar o
enchimento e esvaziamento da BD Jardim dos Oitis. Porém, foi possível verificar o
escoamento intenso da água, proveniente da estrutura de entrada até a tubulação de saída.
Além disso, durante estes registros, observou-se a vazão de água constante na tubulação de
saída.
130
Uma particularidade da BD Jardim dos Oitis foi a utilização de parte de seu interior,
mais próximo das estruturas de entrada, para a plantação de árvores frutíferas e hortaliças, por
um morador do bairro. Essa mesma pessoa realiza a manutenção parcial da BD e busca inibir
a depredação do alambrado restante e da deposição inadequada de resíduos no interior e
entorno da BD, realizada por outros moradores.
131
Figura 61 – Área do Residencial Vista do Horto com a indicação da BD
Jardim Adalberto
Roxo Ii
Jardim Adalberto
Roxo
Vista do
Horto
Jardim Veneza
133
Figura 62 – Localização da BD Santa Luzia
O Jardim Santa Luzia está localizado a norte do município, entre os bairros Jardim
Indaiá e Serra Azul. Possui 461 lotes residenciais e comerciais, e está em fase de vendas de
lotes. Na Figura 63 é apresentada uma delimitação aproximada da área do loteamento e da
BD.
Figura 63 – Área do Jardim Santa Luzia com a indicação da BD
Jardim indaiá
Santa Luzia
Jardim Serra
Azul
O Jardim Maria Luiza IV está localizado a norte do município, ao lado o bairro Cidade
Jardim. Possui mais e 830 lotes residenciais e comerciais. Na Figura 65 é apresentada uma
delimitação aproximada da área do loteamento e da BD.
Segundo o Mapa 13 – Mapa Estratégico do Modelo Espacial e Zoneamento Urbano /
Anexo I da Lei Complementar Proposta do PDDPA, o loteamento e a BD estão inseridos na
ZOEMI-AEIU-ACOP. As características destas zonas foram apresentadas no item 5.4.
A BD Maria Luiz IV foi construída em decorrência da implantação do loteamento
Maria Luiza IV. Seu objetivo é minimizar os impactos dessa urbanização sobre o Córrego do
Cupim, afluente do Ribeirão das Cruzes.
136
Figura 65 – Área do Jardim Maria Luiza IV com a indicação da BD
Maria Luiza IV
Cidade
Jardim
138
Figura 67 – Área dos Condomínios Damha I / Village Damha III-IV e da BD
Village
Damha III
140
A descrição do Residencial Village Damha III foi realizada no item 6.3.18. Na Figura
69 é apresentada uma delimitação aproximada da gleba onde foi implantado o Condomínio
Village Damha III, assim como a indicação da BD.
Village
Damha III
Damha I
141
no interior e entorno da bacia. E da presença de lâmina d’água próximas às estruturas de
entrada e de grande quantidade de sedimento dentro da unidade.
A BD Village Damha III 2 possuía duas estruturas de entrada e uma estrutura de saída
da água, todas em concreto. Cada estrutura de entrada consistia em uma tubulação acoplada
ao muro de ala, com dissipadores de energia do tipo degraus, em concreto. A estrutura de
saída d’água, por sua vez, continha uma tubulação de fundo conectada a estrutura do
extravasor, também em concreto. Ressalvam-se ainda medidas de contenção nos taludes da
estrutura de saída d’água desta BD.
Quanto aos elementos de isolamento e proteção, observou-se a existência de
alambrado, em todo o perímetro da BD, e do portão, o qual se manteve trancado em todas as
visitas, inibindo acesso de pessoas não autorizadas no interior da unidade.
O entorno da BD Village Damha III 2 foi caracterizado por áreas de plantio de mudas
e resíduos de construção civil, como pedras e partes de tubulação de concreto. Não foi
possível visualizar o ponto de lançamento da água no córrego do Cupim, devido a
dificuldades de acessar a margem desse curso d’água.
Durante as visitas associadas aos eventos de precipitação, foi observado o enchimento
desta BD e a saída pela tubulação de fundo. Não foram registrados, durante estas visitas, a
saída d’água pelo extravasor nem o transbordamento da unidade. Vale ressalvar o acúmulo de
água no interior da BD, próximo à estrutura de entrada da unidade.
142
Figura 70 – Localização da BD Damha II
Village Damha
I e II
143
A BD Village Damha II foi construída devido a implantação dos condomínios Village
Damha I e II, com o intuito de minimizar os impactos da urbanização sobre o Córrego do
Cupim, provocada pela implantação deste condomínio.
Para o reconhecimento desta BD e de seu entorno foram realizados três registros
fotográficos (Apêndice IV, Folha 20): primeiro (julho/2017), sem a ocorrência do evento de
precipitação; segundo (janeiro/2018), após o evento de precipitação (de 12hs a 24hs após o
evento); e o terceiro (janeiro/2018), durante o evento de precipitação. Os eventos de
precipitação estão associados aos hietogramas apresentados nas Figuras 28 e 30.
Na BD Village Damha II, desde a primeira visita, houve problemas para se aproximar
e visualizar as estruturas dessa unidade, devido ao excesso de vegetação no interior e entorno
da unidade. Porém as estruturas de entrada d’água puderam ser registradas por causa de uma
abertura no alambrado, próxima as mesmas. Enquanto que a estrutura de saída não foi
visualizada.
A BD Village Damha II possuía duas estruturas de entrada e uma estrutura de saída da
água, todas em concreto. As estruturas de entrada foram denominadas de Estrutura de entrada
1, maior diâmetro, e Estrutura de entrada 2, menor diâmetro, ambas possuem dissipadores de
energia do tipo degraus em concreto, com o acréscimo de blocos de impacto para a estrutura 1
e da deposição de pedras para a estrutura 2. Ressalva-se ainda que foi registrada a deposição
de sedimentos e presença de lâmina d’água na estrutura 1, enquanto que na outra entrada
dessa BD, observou-se o excesso de vegetação e presença de lâmina d’água, também.
Quanto aos elementos de isolamento e proteção, observou-se que essa BD estava
cercada parcialmente por alambrado. Havia no alambrado uma placa de identificação com os
dizeres: “PROPRIEDADE PARTICULAR. PROIBIDO A ENTRADA E PROIBIDO
NADAR”. Não foi identificado o portão de acesso à unidade.
Durante as visitas associadas aos eventos de precipitação, não foi possível observar o
enchimento e esvaziamento desta unidade, apenas a presença de lâmina d’água em uma das
estruturas de entrada da unidade, durante a visita realizada após o evento de precipitação.
144
6.3.21. Bacia de Detenção São Bento 1
A Bacia de Detenção (BD) São Bento 1 está inserida na Sub-bacia do Córrego Água
dos Paióis, na margem direita desse curso d’água e a jusante do ponto de captação realizado
no Córrego Água dos Paióis. Esta unidade está implantada nas margens da Rua Roque
Piedade de Oliveira, no Jardim São Bento, ainda em obras. O acesso a esse loteamento aberto
é realizado pela Avenida Augusto Bernardi, no bairro Jardim Águas do Paiol (Figura 72).
O Jardim São Bento, localizado próximo do bairro Águas do Paiol, está em fase de
vendas de lotes. Na Figura 73 é apresentada uma delimitação aproximada da área do
loteamento e da BD.
Águas do
Paiol
São Bento
Vale do Sol
145
Segundo o Mapa 13 – Mapa Estratégico do Modelo Espacial e Zoneamento Urbano /
Anexo I da Lei Complementar Proposta do PDDPA, o loteamento está compreendido na
ZOEMI-AEIU-ACOP, enquanto que a BD está inserida no CIECO – Corredor de Integração
Ecológica. As características destas zonas foram apresentadas no item 5.4.
A BD São Bento é responsável pela detenção das águas pluviais provenientes da área
de contribuição do referido loteamento. Dessa maneira, essa detenção tem como intuito
minimizar os impactos da urbanização sobre o Córrego Águas do Paiol, provocada pela
implantação deste loteamento.
Para unidades de detenção em fase de implantação, como é o caso da presente BD, não
houve registros associados a eventos de precipitação, uma vez que as análises poderiam não
representar a realidade desta unidade após a finalização das obras do loteamento. Contudo,
para essa BD foram realizados dois registros fotográficos (Apêndice IV, Folha 21): em
janeiro/2017 e junho/2017, ambos não associados a evento de precipitação.
Em ambas as visitas, não houve dificuldades para acessar a BD São Bento 1 e
visualizar suas estruturas, implantadas até aquele momento. Durante a primeira visita
observou-se que grande parte dos taludes e do fundo da BD não estavam protegidos com
cobertura vegetal; havia solo exposto em áreas a montante da BD, decorrentes da
movimentação de terra das obras do loteamento, e ausência de alambrados e portão. Essa
unidade continha rampa de acesso, estruturas de entrada d’água e estrutura de saída d’água,
sendo que estas estavam em fase de implantação. Além do ponto de lançamento na margem
do Córrego Águas dos Paióis, já implantado nesse momento.
Na segunda visita, por sua vez, as estruturas de entrada e de saída estavam implantadas
e em operação, e havia cobertura vegetal nos taludes da BD São Bento 1, estando ausentes os
elementos de isolamento e proteção. Observou-se também o excesso de sedimentos presentes
no interior da BD e nas estruturas de entrada e saída d’água, assim como no ponto de
lançamento.
A BD São Bento possuía duas estruturas de entrada d’água e uma estrutura de saída
d’água, todas em concreto. Destaca-se que havia uma estrutura de entrada (entrada 1)
localizada mais próxima do ponto de saída da bacia, enquanto que a outra estrutura (entrada
2) estava posicionada mais ao meio da unidade. As estruturas de entrada eram constituídas por
tubulações acopladas a muros de alas com dissipador de energia do tipo degraus, em concreto.
A estrutura de saída d’água, por sua vez, era composta por uma tubulação de fundo,
conectado a um muro de ala, em concreto.
146
O ponto de lançamento d’água no Córrego Água dos Paióis se caracterizava pelo
desague das águas na margem do referido curso d’água, estando distante do seu leito. Essa
estrutura constituía-se de uma tubulação conectada ao muro de ala com degrau em concreto.
Outros tipos de dissipadores de energia não foram observados. Ressalva-se que nessa
estrutura havia solo exposto e empilhado nas laterais da tubulação, presença de sedimentos e
ponto de afloramento do lençol freático na lateral esquerda da estrutura.
Segundo informações do corpo técnico da construtora responsável pela implantação da
BD e do loteamento São Bento, durante a execução da unidade, ocorreu em seu interior, o
afloramento do lençol freático que cessou sem a necessidade de intervenção com medidas de
engenharia. Contudo, durante a segunda visita, estava em elaboração um estudo para avaliar a
necessidade de implantar drenos no fundo da bacia.
Quanto aos resíduos sólidos, os mesmos não foram observados no interior nem no
entorno da BD, em ambas as visitas. Situação esperada, uma vez que as residências estavam
em fase de obras, não havendo moradores no local, com exceção do canteiro de obras.
A previsão de entrega do loteamento Jardim São Bento estava prevista para fevereiro
de 2018, porém o prazo foi adiado devido à ocorrência de precipitações. Ressalva-se que para
a entrega final do loteamento, será realizada a retirada dos sedimentos presentes nas estruturas
e no interior da BD, assim como demais ações de limpeza geral da estrutura e a instalação do
alambrado e portão.
147
Figura 74 – Localização da BD São Bento 2
Águas do
Paiol
São Bento
Vale do Sol
148
minimizar os impactos da urbanização sobre o Córrego Águas do Paiol, provocada pela
implantação deste loteamento.
Para unidades de detenção em fase de implantação, como é o caso da presente BD, não
houve registros associados a eventos de precipitação, uma vez que as análises poderiam não
representar a realidade desta unidade após a finalização das obras do loteamento. Contudo,
para essa BD foram realizados dois registros fotográficos (Apêndice IV, Folha 22): em
janeiro/2017 e junho/2017, ambos não associados a evento de precipitação.
Em ambas as visitas, não houve dificuldades para acessar a BD São Bento 2 e
visualizar suas estruturas, implantadas até aquele momento. Durante a primeira visita
observou-se que grande parte dos taludes e do fundo da BD não estavam protegidos com
cobertura vegetal; havia solo exposto em áreas a montante da BD, decorrentes da
movimentação de terra das obras do loteamento, e ausência de alambrados e portão. Essa
unidade continha rampa de acesso e suas estruturas de entrada e de saída d’água estavam em
fase de implantação.
Na segunda visita, por sua vez, as estruturas de entrada e de saída estavam implantadas
e em operação, e havia cobertura vegetal, em grande parte dos taludes da BD São Bento 2,
estando ausentes os elementos de isolamento e proteção. Observou-se também o excesso de
sedimentos presentes no interior da BD e o ponto de lançamento d’água no Córrego Águas
dos Paióis.
A BD São Bento possuía uma estrutura de entrada d’água e uma estrutura de saída
d’água, todas em concreto. Estas estruturas estavam implantadas uma de frente a outra. A
estrutura de entrada consistia em uma tubulação acoplada ao muro de ala com dissipador de
energia, em concreto, do tipo degraus e colchão com a deposição de vários corpos de prova
para concreto. A estrutura de saída d’água, por sua vez, era composta por uma tubulação de
fundo, conectado a um muro de ala, em concreto. Importante destacar que essa estrutura
estava acima do nível de fundo da bacia, impossibilitando o escoamento da água. Embora não
se saiba o motivo dessa diferença de cota, o mais provável é que foi uma medida adotada para
evitar o entupimento da saída, levando em conta a deposição de sedimentos no fundo da
unidade.
O ponto de lançamento d’água no Córrego Água dos Paióis se caracterizava pelo
desague das águas na margem do referido curso d’água, estando distante do seu leito. Essa
estrutura constituía-se de uma tubulação conectada ao muro de ala com a disposição de corpos
de prova para dissipar a energia d’água. Observou-se ainda que esta estrutura estava abaixo do
149
nível do terreno, não sendo possível o escoamento d’água para o curso d’água e favorecendo a
permanência de lâmina d’água na estrutura e ao seu redor.
Quanto aos resíduos sólidos, os mesmos não foram observados no interior nem no
entorno da BD, em ambas as visitas. Situação esperada, uma vez que as residências estavam
em fase de obras, não havendo moradores no local, com exceção do canteiro de obras.
Como já descrito no 6.2.21, na entrega final do loteamento Jardim São Bento será
realizada a retirada dos sedimentos presentes nas estruturas e no interior da BD, assim como
demais ações de limpeza geral da estrutura e a instalação do alambrado e portão.
150
Figura 77 – Área dos empreendimentos Atlanta com a indicação da BD
Lupo I
Atlanta Lupo II
152
6.3.24. Bacia de Detenção Bella Vittá
A Bacia de Detenção (BD) Bella Vittá, está inserida na Sub-bacia do Ribeirão do
Ouro, na margem esquerda do curso d’água e a jusante do SBD Alamedas, anteriormente
apresentado. O acesso a essa unidade é realizado pela Rodovia Comandante João Ribeiro de
Barros – SP-255, km 84 (Figura 78).
Bella Vittá
Jardim Maria
Luiza II
153
Segundo o Mapa 13 – Mapa Estratégico do Modelo Espacial e Zoneamento Urbano /
Anexo I da Lei Complementar Proposta do PDDPA, o condomínio e a BD estão inseridos na
ZOEMI – AEIU. As características desta zona foram apresentadas no item 5.4.
A BD Bella Vittá é responsável pela detenção das águas pluviais provenientes da área
de contribuição do referido condomínio. Dessa forma, essa detenção tem como intuito
minimizar os impactos da urbanização sobre o Ribeirão do Ouro, provocada pela implantação
deste loteamento.
Para o reconhecimento desta BD e de seu entorno foram realizados três registros
fotográficos (Apêndice IV, Folha 24): primeiro, sem a ocorrência do evento de precipitação;
segundo, após o evento de precipitação (de 12hs a 24hs após o evento); e o terceiro, durante o
evento de precipitação. Todos realizados em janeiro de 2018. Os eventos de precipitação estão
associados aos hietogramas apresentados nas Figuras 29 e 31.
Desde a primeira visita, houve dificuldade em visualizar as estruturas internas da BD
Bella Vittá, devido a presença de árvores de médio e grande porte no interior e próxima as
estruturas. Importante ressalvar que parte do entorno dessa bacia foi caracterizado por
calçadas não pavimentadas e com presença de vegetação alta e arbustos.
Ressalva-se que, de maneira parcial, foi possível observar uma estrutura de entrada
d’água da BD Bella Vittá, a partir de uma imagem aérea dessa unidade realizada por drone.
Assim como, foi identificada a presença de sedimentos e de lâmina d’água no interior da
bacia. Quanto aos elementos de isolamento e proteção, observou-se que a BD Bella Vittá
estava totalmente cercada por alambrado e possuía portão, inibindo o acesso fácil à unidade.
Durante as visitas associadas ao evento de precipitação, não foram registrados o
enchimento e esvaziamento desta unidade, nem identificados marcas que indicassem o nível
que a água alcançou. Não foi registrado, também, o transbordamento da unidade.
Destaca-se que, dentre as bacias pertencentes aos condomínios fechados, a BD Bella
Vittá foi a única unidade de detenção localizada ao lado do condomínio e próxima da entrada
do empreendimento. Portanto, de fácil visualização aos futuros moradores.
Durante as visitas foi possível notar ainda que, parte do prédio destinado à sede social,
fitness e salão de jogos, tinha uma de suas faces direcionadas para a BD. Além disso, nesse
trecho a delimitação do condomínio se fazia com o próprio alambrado da BD Bella Vittá,
permitindo sua visualização, mesmo que parcialmente, dentro do condomínio.
Essa localização da unidade, em relação ao condomínio, pode favorecer a frequência e
regularidade das práticas de manutenção desta área, devido a solicitações dos condôminos,
154
assim como promover o incentivo à implantação de usos múltiplos para o aproveitamento
desse espaço.
155
Quadro 8 – Avaliação dos SBD e das BD com base nas Variáveis do Grupo 1
Posição Relativa
Unidade Área Área Visibilidade Isolamento Conservação Uso Observado Concentração
Condomínio Loteamento
Verde Institucional
Totalmente Somente
SBD 1 – Fora Dentro – Alta Inadequada Concentrada
fechada hidrológica
Parcialmente Somente
SBD 2 – Fora Dentro – Média Inadequada Concentrada
aberta hidrológica
Parcialmente Parcialmente Somente
SBD 3 – Fora Dentro – Baixa Concentrada
aberta adequada hidrológica
Somente
SBD 4 – Fora Dentro – Alta Unidade em implantação Concentrada
hidrológica
Parcialmente Parcialmente Somente
BD 1 – Fora Dentro – Alta Concentrada
aberta adequada hidrológica
Totalmente Somente
BD 2 – Fora Dentro – Alta Inadequada Concentrada
fechada hidrológica
Totalmente Parcialmente Somente
BD 3 Fora – Dentro – Média Distribuída
fechada adequada hidrológica
Parcialmente
BD 4 Fora – Dentro – Média Inadequada Outro uso (Pesca) Distribuída
aberta
Totalmente Somente
BD 5 Fora – Dentro – Alta Adequada Concentrada
fechada hidrológica
Totalmente Somente
BD 6 Fora – Dentro – Alta Adequada Concentrada
fechada hidrológica
Totalmente Somente
BD 7 – Fora Dentro – Alta Adequada Concentrada
fechada hidrológica
Totalmente Somente
BD 8 – Fora Dentro – Alta Inadequada Concentrada
aberta hidrológica
Legenda: ( – ): Não se aplica
Continua...
156
Quadro 8: Avaliação dos SBD e das BD com base nas Variáveis do Grupo 1
Posição Relativa
Unidade Área Área Visibilidade Isolamento Conservação Uso Observado Concentração
Condomínio Loteamento
Verde Institucional
Parcialmente Outro uso
BD 9 – Dentro – Dentro Alta Inadequada Concentrada
aberta (animais)
Parcialmente Outro uso
BD 10 – Dentro – Dentro Alta Inadequada Concentrada
aberta (plantação)
Dentro Somente
BD 11 – Fora – Alta Unidade em implantação Concentrada
hidrológica
Dentro Totalmente Somente
BD 12 – Fora – Alta Inadequada Concentrada
fechada hidrológica
– Totalmente Parcialmente Outro uso
BD 13 – Fora Dentro Média Concentrada
fechada adequada (animais)
Dentro Totalmente Parcialmente Somente
BD 14 Fora – – Alta Distribuída
fechada adequada hidrológica
Dentro Totalmente Somente
BD 15 Fora – – Alta Inadequada Distribuída
fechada hidrológica
Dentro Parcialmente Somente
BD 16 Fora – – Baixa Inadequada Concentrada
aberta hidrológica
Dentro Somente
BD 17 – Fora – Alta Distribuída
hidrológica
Unidades em implantação
Dentro Somente
BD 18 – Fora – Alta Distribuída
hidrológica
Dentro Totalmente Parcialmente Somente
BD 19 Fora – – Média Concentrada
fechada adequada hidrológica
– Totalmente Parcialmente Somente
BD 20 Fora – Dentro Alta Concentrada
fechada adequada hidrológica
Legenda: ( – ): Não se aplica
Fim.
157
Assim, com base nas observações realizadas e das variáveis apresentadas no Quadro 8,
apresenta-se a seguir comentários sobre as unidades avaliadas:
SBD 1: o estado de conservação, com vegetação crescida e resíduos no interior da
unidade, poderia prejudicar sua função hidrológica, com redução do volume útil e
obstruções nas estruturas de saída da água. O excesso de vegetação e de resíduos
sólidos no entorno indicaram ausência ou demora de práticas de manutenção e uma
apropriação inadequada destes espaços por parte dos moradores. Apenas as estruturas
de isolamento estavam em condições adequadas de uso. Ressalva-se que o aspecto de
abandono desta área é um fator que dificulta sua integração com a área urbana e a
aceitação por parte da população.
159
BD 7: esta unidade demonstrou adequado estado de conservação quanto à vegetação,
aos elementos de isolamento e proteção, e a ausência de resíduos sólidos. Isso indica
práticas de manutenção frequentes nesta unidade. Por outro lado, a quantidade de
sedimentos no interior e no ponto de lançamento no Ribeirão das Cruzes, e a
observação de pontos de assoreamento neste curso d’água, indicaram pontos negativos
desta unidade, que necessitam de atenção. Assim como da permanência de lâmina
d’água, provavelmente decorrente de pontos de deposição de sedimentos no interior da
BD.
BD 13: ao longo das visitas realizadas foi observada a realização da manutenção desta
BD13 quanto ao corte da vegetação no interior e entorno, assim como retirada do
excesso de resíduos sólidos e adequado estado de conservação dos elementos de
isolamento e proteção. O mesmo não foi observado para os sedimentos dentro da
unidade e para a lâmina d’água que permaneceu após o evento de precipitação. Além
disso, mesmo havendo portão para inibir o acesso fácil a unidade, a presença frequente
de animais, dentro da BD, indica a utilização desta área por algum morador do bairro.
BD 14: esta unidade apresentou boas condições de conservação quanto aos elementos
de isolamento e proteção e a ausência de resíduos sólidos no interior e entorno da
bacia. Porém, o excesso de vegetação, a presença de lâmina d’água permanente e
pontos de solo exposto nos taludes, são pontos relevantes que podem comprometer o
funcionamento hidrológico dessa estrutura.
BD 20: esta unidade apresentou excesso de vegetação em seu interior, bem como
presença de sedimentos e lâmina d’água no fundo da bacia. Embora estes aspectos
indiquem um inadequado estado de conservação desta unidade, a mesma possuía, em
boas condições, os elementos de isolamento e proteção, não havendo registro de
presença de resíduos sólidos.
162
6.5. Avaliação das unidades associada a evento de precipitação
A observação direta dos SBD e das BD, associada a evento de precipitação, foi
realizada a partir de visitas in loco nas unidades implantadas e em fase de implantação, tendo
como resultado o registro fotográfico de cada bacia. Para essa fase da pesquisa, portanto,
foram aplicadas as Variáveis de Avaliação do Grupo 2 – Aspectos de Observação Direta das
BD e SBD, associados a evento de precipitação, conforme observado no Quadro 9.
Quadro 9 – Avaliação dos SBD e das BD com base nas Variáveis do Grupo 2
Nível d’água de enchimento Esvaziamento Lâmina
Unidade Saída pelo Transbordamento Até 24 Após 24 d’água
Enchimento permanente
Extravasor no entorno horas horas
SBD 1 * * * * *
SBD 2 * * * * *
SBD 3 * * * * *
SBD 4 Em implantação
BD 1 * * * *
BD 2
BD 3 * * * * *
BD 4 *
BD 5
BD 6
BD 7
BD 8
BD 9
BD 10
BD 11 Em implantação
BD 12
BD 13
BD 14
BD 15
BD 16 * * * *
BD 17
Em implantação
BD 18
BD 19
BD 20 * * * *
Diante da aplicação destas variáveis, observou-se que mais da metade das unidades de
detenção foi registrado seu enchimento durante os eventos de precipitação, tendo seu
esvaziamento ocorrido até as 24hs. A única exceção foi a BD 4, que possuía lâmina d’água
permanente, devido à deposição de sedimentos provenientes do desassoreamento da Represa
das Cruzes, como descrito anteriormente.
163
Não se observou o transbordamento de nenhuma das unidades avaliadas. Inclusive
essa questão foi abordada no questionário aplicado à população, confirmando a não
ocorrência desse fato nas unidades implantadas em loteamentos abertos.
Vale destacar que as unidades de detenção cujas variáveis não puderam ser definidas
possuem aspectos semelhantes quanto ao seu estado de conservação. Todas estas possuem
excesso de vegetação no interior ou no entorno, fator que impossibilitou a análise do nível que
água alcançou durante os eventos de precipitação, assim como do esvaziamento das unidades.
Observou-se que, de modo geral e no período estudado, as unidades vêm
desempenhando sua função de deter as águas pluviais por um determinado tempo, garantindo
sua função hidrológica, embora não tenha sido objeto deste trabalho realizar uma análise
quantitativa mais detalhada de tal funcionamento.
6.6.1. Dimensionamento
Durante a entrevista com o técnico do DAAE, responsável pela análise e aprovação
dos projetos destas unidades, foi relatado que, para loteamentos horizontais, era indicada a
determinação do volume de detenção pela equação de chuvas apresentada no item 5.4,
recomendada no manual de drenagem urbana presente no Plano de Drenagem Urbana de
Araraquara. Porém, afirmou que não havia a proibição de utilizar outros métodos de cálculo,
desde que houvesse justificativa para isso.
Com a análise dos projetos de engenharia da maioria das unidades de detenção
estudadas, observou-se que o método de cálculo do volume de detenção mais utilizado é o
previsto na Lei Estadual nº 12.526/2007, descrita no item 2.4.2. Entretanto, nos projetos
disponibilizados, não foram observadas justificativas pelo fato do método de cálculo
escolhido ter sido diferente do proposto pelo manual disponibilizado pelo DAAE.
O entrevistado relatou ainda que os volumes de detenção calculados a partir da Lei
Estadual resultavam em volumes inferiores aos obtidos com a equação de chuvas de
Araraquara.
Para verificar essa informação, foram feitas comparações, a partir dos memoriais de
cálculo disponíveis, calculando-se os volumes pelos dois métodos (Lei Estadual e planilha
Excel disponibilizada pelo DAAE). Essa comparação foi realizada apenas para os projetos
que utilizaram a Lei Estadual. Os resultados são mostrados na Tabela 1.
165
Tabela 1 – Volumes de detenção calculados pela Lei Estadual e pela planilha do DAAE,
com indicação dos valores adotados nos projetos
Volume de Detenção (m³)
Unidades de
Planilha do DAAE Lei Estadual Diferença (%)
Detenção
(item 5.4) (item 2.4.2)
SBD 4 5.418 2.256 41,66
BD 1 6.798 2.490 36,63
BD 2 5.685 2.490 43,80
BD 3 5.536,26 – –
BD 4 7.486,02 – –
BD 5 * 1.500,00
BD 6 * 4.680,00
BD 7 6.250 – –
BD 11 * 1.400
BD 16 9.200,00 – –
BD 19 * 1.450,00
BD 20 4.771,00 – –
Com base nos dados apresentados, verifica-se que dentre os 12 memorias de cálculo
apresentados das unidades de detenção, 7 utilizaram o método de cálculo da Lei Estadual para
determinar o volume de detenção. Além disso, nos casos onde foi possível determinar os
volumes por meio dos dois métodos (SBD4, BD1 e BD2), observou-se diferenças
significativas entre eles. Nestes casos, a fórmula da Lei Estadual resultou em um volume de
detenção de 36% a 43% inferior à metodologia do DAAE.
Deve-se observar que o método de cálculo previsto pela Lei Estadual considera um
índice pluviométrico de 60 mm/h e 1h de precipitação; enquanto que pelo método de cálculo
proposto pelo DAAE, esse índice é de 96,2 mm/h e 30 min de precipitação.
Entretanto, estes valores, por si só, não justificam as diferenças observadas, uma vez
que os critérios considerados nos dois métodos de cálculo são distintos. O cálculo do volume
preconizado pela Lei Estadual não visa garantir que as condições de pré e pós ocupação sejam
semelhantes, mas foram propostas para que uma certa quantidade de água pluvial de um
evento sejam retidas e preferencialmente infiltradas (seus objetos explícitos são coberturas,
telhados e pátios impermeabilizados). Assim, aplicar tal método ao cálculo das bacias de
empreendimentos horizontais pode resultar em distorções. Como a aplicação destes métodos
166
em Araraquara não está prevista em uma norma legal, não fica claro o método a ser
empregado (mesmo que o DAAE recomende uma planilha).
Outra questão observada foi que, embora os volumes de detenção daquelas três
unidades tenham sido determinados pela fórmula da Lei Estadual, os orifícios de fundo e os
extravasores destas unidades foram calculados pela metodologia do DAAE, demonstrando
uma inconsistência quanto ao dimensionamento destes elementos, projetados para um volume
distinto daquele correspondente ao método empregado.
Após essa verificação da metodologia de cálculo, foi possível compreender a
degradação do estado de conservação do SBD 4, observado durante a 2ª visita. Nesse sistema,
a passagem entre a primeira e a segunda bacia havia sido quebrada (Figura 80), indicando seu
provável subdimensionamento. Esta constatação pode ser reforçada pela erosão surgida no
talude interno da quarta bacia (Figura 81), indicando que em um determinado evento de
precipitação, a água ultrapassou a divisão entre as bacias que compõem esse sistema.
167
Quadro 10 – Dados dos projetos de engenharia dos SBD e das BD
Estrutura de
Estrutura de entrada Estrutura de saída de fundo -
saída -
Unidades de (mm) orifício
Área (m²) Volume (m³) H (m) ¹ extravasor
detenção
Ø do Tubo de chegada Tipo circular (Ø Tipo Ø tubulação
(mm) mm) quadrado (m) (mm) ²
SBD 1 * * * 1500 * * 1500
SBD 2 * * * 1500 * * 1500
SBD 3 1.080,00 1.620,00 1,45 1200 250 * 800
SBD 4 1.504,00 2.256,00 2,00 1500 400 – 800
BD 1 1.778,54 2.490,00 1,25 600; 600 e 1000 300 – 1200
BD 2 1.778,54 2.490,00 1,00 1000; 1000 e 1000 300 ou 450 – 1200
BD 3 4.247,89 5.536,26 1,00 1000 – 0,34x0,30 1000
BD 4 3.743,01 7.486,02 1,90 1000 e 1200 – 0,39x0,20 1,5x1,5m
BD 5 * 1.500,00 * 1200 300 – 1200
BD 6 * 4.680,00 * 600; 600 e 1200 300 – 1200
BD 7 * 6.250,00 2,85 1500 e 800 300 – 1500
BD 8 1.656,00 2.650,00 1,10 800 200 – 800
¹ Diferença entre as cotas do extravasor e do eixo do orifício de saída * Informação ausente no projeto
Legenda: Continua...
² Tubulação do extravasor para o lançamento final – Não se aplica
168
Quadro 10 – Dados dos projetos de engenharia dos SBD e das BD
Estrutura de
Estrutura de entrada Estrutura de saída de fundo -
saída -
Unidades de (mm) orifício
Área (m²) Volume (m³) H (m) ¹ extravasor
detenção
Ø do Tubo de chegada Tipo circular (Ø Tipo Ø tubulação
(mm) mm) quadrado (m) (mm) ²
BD 9 * * * * * * *
BD 10 * 4.700,00 1,40 600 e 800 200 – 1000
BD 11 2.389,93 1.400,00 1,15 800 e 1000 300 – 1200
BD 12 * 2.000,00 0,80 600 e 1200 400 – 800
BD 13 * * * * * * *
BD 14 * 2.500,00 * 1000 * * *
BD 15 * 3.335,00 * 1000 e 1200 * * 2000
BD 16 * 9.200,00 * 800, 800 e 1500 400 – 1200
BD 17 3.596,56 10.803,45 * 1000 e 1200 450 –
BD 18 396,56 790,65 * 600 150 –
BD 19 * 1.450,00 0,80 1500 300 ou 400 – 1500
BD 20 * 4.771,00 * 1000 e 1200 800 ou 1000 – 1500
¹ Diferença entre as cotas do extravasor e do eixo do orifício de saída * Informação ausente no projeto
Legenda: Fim
² Tubulação do extravasor para o lançamento final – Não se aplica
169
Durante o trabalho de elaboração do Quadro 10, foi possível observar a ausência de
detalhamento dos projetos e da metodologia de cálculo realizada para a determinação do
volume de detenção e das dimensões das tubulações de fundo e do extravasor. Em muitos
projetos houve a divergência entre os diâmetros apresentados no cálculo e no desenho das
unidades de detenção, gerando dúvida em alguns casos (BD 2, BD 19 e BD 20).
Além do mais, vários memoriais de cálculo e descritivo possuíam o conteúdo idêntico
a outros, não havendo nem a alteração do nome do empreendimento imobiliário utilizado
como modelo para o atual.
Quanto à análise dos projetos, o técnico entrevistado relatou que é observada a
metodologia de cálculo utilizada e as estruturas apresentadas nos desenhos das unidades de
detenção. Explicou ainda que, dificilmente, os projetos atendem as recomendações em uma
primeira análise. Na maioria dos casos são realizadas até cinco revisões do projeto. Os
problemas mais comuns citados referem-se à forma de apresentação, com desenhos
graficamente inadequados, falta de detalhamento do projeto executivo e de indicação das
cotas topográficas dos elementos constituintes. Quanto ao conteúdo propriamente dito,
destacou a ausência de proposição dos dissipadores de energia nos projetos.
Esse técnico explicou ainda que após a aprovação dos projetos de engenharia das
unidades de detenção, fica a cargo do DAAE a fiscalização da execução da obra, sendo sua
responsabilidade verificar a compatibilização do projeto com a implantação.
6.6.2. Construção
A partir das entrevistas aplicadas às construtoras observou-se que o início da obra de
implantação do empreendimento imobiliário ocorre com a locação e escavação da unidade de
detenção, sendo precedidas apenas pela retirada da camada vegetal.
Segundo relatado por técnicos destas construtoras, estas unidades são executadas no
início da implantação do loteamento, devido ao seu papel no recebimento das águas pluviais e
dos sedimentos provenientes da execução do empreendimento como um todo, minimizando
impactos no curso d’água, em especial, quanto ao assoreamento do mesmo. Entretanto,
observou-se, em alguns casos, a presença de solo exposto no entorno das unidades em
implantação, o que contraria a preocupação descrita nos relatos.
Os principais cuidados mencionados durante e após a implantação das unidades foram
a sua conformidade com o projeto aprovado pelo órgão responsável, além de testes de
compactação nas camadas de solo e a proteção dos taludes com grama.
170
Desde o início das obras, o empreendimento é fiscalizado pelo órgão público
municipal, o qual verifica a execução das unidades implantadas, bem como após o término da
obra, vistoria o local para receber formalmente as infraestruturas construídas no loteamento,
inclusive as unidades de detenção. A formalidade dessa entrega é constituída pelo
Recebimento Definitivo de Obras, um documento dirigido ao DAAE, com as especificações
das infraestruturas implantadas e entregues ao poder público municipal.
Outro entrevistado relatou a necessidade de executar a obra da drenagem urbana no
período de estiagem e, também, seguir corretamente os projetos estrutural e executivo, bem
como garantir a adequada extravasão da água, buscando evitar a ocorrência de assoreamentos
e demais prejuízos nos cursos d’água e nos bairros do entorno.
Vale destacar que antes da entrega final do empreendimento, as construtoras são
responsáveis pela manutenção das unidades de detenção, a fim de que estas sejam entregues
em adequada condições de uso. Essa manutenção, geralmente, consiste na retirada de
sedimentos do interior da unidade, desobstrução das tubulações de saída (fundo e extravasor)
e corte de vegetação, se necessário.
171
unidades de detenção projetadas para receber contribuições de loteamentos futuros, alguns
projetos indicavam duas estruturas de entrada, enquanto que havia apenas uma implantada.
Isso pode indicar falta de atualização do projeto final ou problemas na execução do projeto.
Outro ponto a destacar foi a frequente observação de pontos de erosão nos taludes
próximos as estruturas de entrada e de saída e do acúmulo d’água e deposição de sedimentos,
em especial nas entradas, que, em muitas unidades, impediam o escoamento da água até a
tubulação de saída.
Os projetos recomendavam a proteção do solo dos taludes com o plantio de grama e a
presença de dissipadores de energias nestas estruturas. Porém, ao analisar os memoriais
descritivos, a ausência de recomendações sobre manutenção e conservação destas estruturas
durante e pós-obra foi um ponto de que se destacou.
Nas Figuras 82 a 85 são apresentados os tipos de estrutura de entrada observados
durante as visitas e na análise dos projetos. Na Figura 83 é possível analisar a deposição de
sedimentos e acúmulo de água.
Acúmulo d’água
Deposição de
sedimentos
172
Figura 84 – Estrutura de entrada – Tipo C Figura 85 – Estrutura de entrada – Tipo D
Solo exposto
Gradeamento no
tubo de saída
173
Figura 88 – Estrutura de saída – Tipo C Figura 89 – Estrutura de saída – Tipo D
Tela no
extravasor
Acúmulo d’água
e de sedimentos
174
Figura 90 – Dispositivo de lançamento na Figura 91 – Dispositivo de lançamento no
margem – Tipo A leito – Tipo B
Curso d’água com pontos
de assoreamento
Dissipadores
de energia
175
mesmas, em especial, quanto à observação de realização e de frequência de práticas de
conservação das referidas unidades, em empreendimentos abertos.
Dentre os oito condomínios contemplados nesta pesquisa, sete concordaram em
participar da entrevista, sendo representados por síndicos ou associação de moradores.
Enquanto que para as quatro construtoras, três concordaram em participar. Já para os órgãos
públicos municipais, foram entrevistados um técnico responsável pela referida secretaria da
Prefeitura Municipal e um técnico do DAAE.
Embora o número de entrevistados tenha sido positivo, apenas um destes detalhou as
práticas de operação e manutenção que efetivamente são realizadas na BD, bem como
permitiu o acompanhamento de uma equipe de manutenção, conforme é descrito a seguir.
O referido entrevistado representa uma Associação de Moradores de um condomínio
fechado, responsável por duas BD, cuja criação foi realizada em 2015, juntamente com a
entrega do condomínio. Desde a fase de impantação do empreendimento, a construtora
responsável tinha conhecimento sobre a responsabilidade e obrigatoriedade de manutenção
das BD, por parte do condomínio.
Atualmente, esta associação de moradores possui uma equipe de 8 funcionários, os
quais são responsáveis pela manutenação do interior e exterior de ambos os condomínios
(áreas gramadas das fachadas das residências e de espaços de convivência; calçadas internas e
externas; podas em geral, coleta dos resíduos sólidos, entre outros). Assim como, do interior e
entorno das BD; além das áreas verdes e das Áreas de Proteção Permanente (APP), das
margens do Ribeirão das Cruzes.
Vale destacar que, a associação possui equipamentos e maquinários próprios para as
referidas atividades, como por exemplo, roçadeiras costais, sopradores, trator multifuncional,
e trituradores para madeiras. E que o planejamento das atividades é previamente definido,
contemplando, para cada dia da semana, as práticas de manutenação a serem desempenhadas
e a respectiva quantidade de funcionários.
Desta forma, a manutenção destas BD consiste basicamente na roçada do fundo,
taludes e crista das bacias. Até o presente momento, não foi necessária a retirada de
sedimentos e nem de resíduos sólidos, já que este último é pouco frequente, devido à limpeza
e coleta regular de resíduos sólidos dentro dos condomínios.
Normalmente, a equipe designada para a manutenção destas bacias é formada por 4
(quatro) funcionários, metade para cada unidade, representando um tempo médio para
execução igual a 2 (dois) dias para cada bacia de detenção. Outro ponto a destacar é a
176
frequência desta prática, por volta de 2 (duas) vezes por mês no período chuvoso, e 1 (uma)
vez por mês na estiagem.
Cada funcionário é munido de uma roçadeira costal e equipamentos de segurança
individual (EPI), como protetores solar e auricular, óculos, luva, chapéu, caneleira e sapato e
vestimentas adequadas. Bem como de materiais de apoio e reposição, como carriola, garrafas
térmica para água, gasolina e fio de nylon para as roçadeiras.
Após o término da roçada, toda vegetação é recolhida e acondicionada em bags
brancos, sendo posteriormente encaminhados para a disposição adequada a custo do
condomínio.
Em janeiro de 2018, foi registrada a realização de práticas de manutenção em uma das
BD, com uma frente de trabalho composta por 4 funcionários e tempo estimado de finalização
de 1 (um) dia, conforme pode ser observado nas Figuras 94 a 99.
177
Figura 96 – Funcionário roçando a crista da Figura 97 – Funcionário munido da
BD roçadeira e EPI’s
178
Um terceiro entrevistado responsável por outro condomínio fechado relatou não ter
conhecimentos sobre os custos e as práticas relativas com a manutenção de suas unidades de
detenção, uma vez que estas foram doadas para a municipalidade, em específico para o
DAAE, após o término das obras de implantação do empreendimento imobiliário.
Para os técnicos dos órgãos públicos, as práticas de manutenção e conservação das
unidades de detenção no caso de condomínios fechados deveriam ser realizadas pelo próprio
empreendimento. Enquanto que para loteamentos abertos, essa responsabilidade recai sobre o
poder público municipal. Contudo, os entrevistados confirmaram a ausência de manutenção
destes espaços por parte da PMA e do DAAE.
O entrevistado da Secretaria de Obras e Serviços Públicos explicou ainda que a equipe
de manutenção existente no município contava com 12 funcionários para atender toda a
cidade, quanto à manutenção dos dispositivos de drenagem urbana, como bocas-de-lobo,
poços-de-visita, cursos d’água, entre outros.
Por fim, as construtoras que participaram da entrevista relataram que as práticas de
manutenção se resumiam na retirada de vegetação e sedimentos do fundo das BD, quando
necessário, não indicando a periodicidade desse serviço, nem a quantidade de funcionários
designados para essa função. Todos comentaram sobre a limpeza final da obra, onde previa a
limpeza da BD, a fim de entregar o empreendimento e a unidade de detenção em condições
plenas de operação.
179
Tabela 2 – Custo de Implantação das Unidades de Detenção em relação ao valor
do Sistema Tradicional de Drenagem e do Empreendimento
Relação do custo da BD
Valores de implantação (R$)
com:
Caso Ano base Drenagem
Bacia de Valor total do Sistema de Valor total
Tradicional e
Detenção empreendimento Drenagem da obra
Sustentável
1 2016 48.364,37 789.292,88 9.010.104,38 6,13% 0,64%
2 2016 123.210,49 1.276.215,44 8.069.397,51 9,65% 1,53%
3 2012 300.000,00 2.300.000,00 44.000.000,00 13,04% 0,68%
4 – 189.095,01 – 7.389.307,20 – 2,55%
Volume de detenção
2.256,00 4.990,00 11.594,10 8.207,00
(m³)
Custo de
21,44 24,69 25,88 23,04
Implantação/m³ (R$)
180
o volume de detenção variaram de R$ 21,44/m³ a R$ 25,88/m³. Estes valores resultaram
inferiores ao apresentado por Moura (2004), que obteve valor de R$ 28,91/m³ para custo de
implantação de bacias abertas e gramadas, principalmente considerando a atualização
monetária do mesmo.
Por sua vez, o custo envolvido com a manutenção das unidades de detenção pós-
implantação foi obtido a partir das entrevistas, em especial com sídincos. O único caso que
realtou em detalhes os valores de mão-de-obra e equipamentos envolvidos com a manutenção,
considera em seus valores 2 funcionários, trabalhando 2 dias para concluir a manutenção de 1
bacia, 1 vez por mês. Para isso, têm os seguintes valores apresentados na Tabela 4.
181
A fim de obter um valor global de manutenção das unidades de detenção, considerou-
se que os custos apresentados na Tabela 3 referem-se a uma limpeza por mês, com quatro
funcionários trabalhando um dia para finalizar a manutenção destas áreas. Assim, o valor da
limpeza/mês ficou em torno de R$ 333,00. Ressalva-se que esta manutenção não considera os
custos envolvidos com a retirada de resíduos sólidos, cujo custo apontado por Moura (2004)
foi de R$ 190/ano por hectare de área drenada.
182
6.7. Percepção da População
A percepção da população residente defronte e nas proximidades das unidades de
detenção foi avaliada a partir da aplicação do questionário (Apêndice II), como descrito
anteriormente, o qual possibilitou avaliar o conhecimento, a aceitação e a sensibilidade destes
moradores quanto aos SBD e às BD. Vale recordar que a área de aplicação do questionário foi
realizada nos bairros Laura Molina, Jardim Boa Vista, Jardim Boa Vista II, Verde Valle,
Valle Verde, São Rafael, Jardim dos Oitis, Santa Luzia e Maria Luiza IV, em sua maioria
compostos por ocupação de interesse social.
Ao todo 50 moradores, residentes e distribuídos nos referidos bairros, foram
convidados a participar do questionário, embora a quantidade de residências visitadas tenha
sido superior. Essa diferença ocorreu por dois fatores principais: a ausência de moradores no
domicílio, no momento da abordagem, ou de morador maior de idade que pudesse responder
as questões.
Não houve recusa de participação por parte dos entrevistados, tampouco a interrupção
durante o questionário. Pelo contrário, foi característico o interesse dos moradores, relatando
suas experiências, reclamações e sugestões sobre os SBD e as BD, assim como de saberem da
existência de estudos sobre estas unidades e seu entorno.
Os moradores, quase que em sua totalidade, relataram saber da existência dos SBD e
das BD próximos à sua residência, porém mais da metade considerou que desconhece a
função da unidade. Àqueles que informaram saber da função, uma pequena parcela soube
explicar com clareza a funcionalidade da bacia, sendo em alguns casos relatadas as funções de
recebimento de água de chuva, mas também de esgotos.
Quanto à utilização dos SBD e das BD com outra finalidade, além da função
hidrológica, a grande maioria dos moradores se demonstrou favorável à coexistência de outra
estrutura junto à bacia. Relataram que dessa forma, haveria um melhor aproveitamento do
espaço para atividades e serviços mais úteis à população. Muitas sugestões foram indicadas
pelos participantes, como por exemplo, reaproveitamento da água, hortas comunitárias, praças
com equipamentos para ginástica, lagoa recreativa, quadras de esportes, campos de futebol,
parques para caminhada e plantação de árvores frutíferas.
Além disso, muitos moradores sugeriram a implantação de calçadas concretadas no
entorno de alguns SBD e de algumas BD, visando à prática de caminhadas e corridas. Isso,
juntamente, com as demais sugestões citadas, demonstra a necessidade dos moradores por
espaços de convivência e lazer em seus bairros, destacando que o multiuso, em muitos casos,
183
pode ser integrado à função hidrológica das unidades de detenção implantadas, desde que
planejado e incentivado.
Essa percepção da população quanto à ausência de áreas de convivência foi a última
pergunta realizada no questionário e teve como resultado a confirmação de que a grande
maioria dos moradores sente falta da existência de praças, parques e áreas verdes no bairro.
Essa questão confirmou a tendência descrita anteriormente sobre a necessidade da população
por espaços de recreação e lazer, sendo estes sugeridos pelos participantes como uma boa
alternativa de implantação nos SBD e nas BD.
Vale destacar que uma pequena parcela dos moradores favoráveis ao multiuso sugeriu
a construção de casas, creche e posto de saúde, na área onde estão implantadas os SBD e as
BD. Estas respostas, embora minoria diante das demais sugestões, podem indicar imprecisão
ou ausência de clareza na elaboração da pergunta (Questão 3: “Você acha que essa área, além
de deter a água da chuva, poderia ser utilizada para outra finalidade?”) ou de falta de
entendimento da questão por parte do participante, uma vez que tais sugestões não seriam
compatíveis com a função hidrológica.
Um pouco mais da metade dos moradores consideram que a existência dos SBD e das
BD é positiva para o bairro, porém foram quase unânimes quanto à necessidade de
manutenção frequente destas áreas. Interessante notar que os participantes que consideraram
estas unidades negativas explicaram que isso se deve, principalmente, pelo precário estado de
conservação e pelas condições de abandono das mesmas. O que demonstra a ineficiência ou
ausência de manutenção nos SBD e nas BD pertencentes ao poder público municipal.
Em relação à percepção dos moradores quanto aos problemas associados aos SBD e às
BD, os entrevistados relataram os seguintes elementos, cuja ordem foi definida pela
frequência com que foram citadas:
1. Insetos: a presença de insetos nas residências foi relatada por 41 dos 50 moradores
entrevistados. A predominância foi para incidência de pernilongos. Muitos moradores
explicaram que a quantidade destes insetos é intensa a partir das 18hs00, sendo
impossível permanecer na frente das residências e/ou na rua.
2. Vegetação alta: esse problema foi relatado pela maioria dos moradores (38
moradores) e, também, registrado pelas visitas in loco dos SBD e das BD. Esse
aspecto foi citado muitas vezes, como uma possível causa, associada à presença de
água, para a grande quantidade de pernilongos.
184
3. Resíduos Sólidos: assim como a vegetação, esse item foi citado pela maioria dos
moradores (38 participantes) e, também, pôde ser identificado nos registros
fotográficos dos SBD e das BD. Segundo os entrevistados, os resíduos de construção
civil são os mais frequentes, mas há também resíduos volumosos, recicláveis e
domésticos. Os próprios moradores relataram que é comum essa deposição inadequada
no interior e, em especial, no entorno dos SBD e das BD. Alguns moradores
explicaram que a retirada destes resíduos, pela Prefeitura de Araraquara, é frequente
nas áreas adjacentes aos SBD e às BD, porém isso não se mantém nem por um dia. Em
alguns bairros, os entrevistados relataram a vigilância deles e de outros moradores
para inibir essa prática.
4. Insegurança: o presente aspecto foi citado pela maioria dos moradores (35 pessoas) e
está associado com ausência de iluminação adequada e de alambrados e portões.
Vários relatos indicaram que a supressão dos alambrados e portões dos SBD e das BD
é realizada pelos próprios moradores do bairro, que os utilizam para cercar suas
residências ou outros imóveis não residenciais. Os entrevistados explicaram ainda que
não há represálias por outros moradores, porque muitos consideram a proteção do
imóvel mais útil do que a delimitação de uma área “abandonada” (no caso os SBD e as
BD).
7. Água parada por muito tempo: menos da metade dos moradores citaram esse
problema (21 entrevistados). Num dos bairros, os entrevistados relataram que a água
fica parada por vários dias, sendo juntamente com a vegetação, um local propício para
a proliferação de pernilongos.
185
O único problema que não foi relatado por nenhum morador foi a ocorrência de
transbordamentos dos SBD e das BD. Inclusive, na maioria dos entrevistados não foi relatado
nem o enchimento total da unidade, com exceção de dois bairros, onde as bacias enchem e
esvaziam rapidamente durante o evento de precipitação, de acordo com os entrevistados.
Os moradores foram questionados ainda sobre a permanência da água dentro dos SBD
e das BD, em tempo superior às 24hs recomendadas. Do total de entrevistados, 24 moradores
confirmaram que fica água parada no interior das unidades, resultado coerente com o
observado no item anterior de “água parada por muito tempo”. Contudo, 15 moradores, uma
quantidade expressiva, relatou não observar esse fator, não sabendo informar se água fica
mais de um dia estagnada.
Mais da metade dos moradores relataram ausência de mau cheiro proveniente dos
SBD e das BD (28 entrevistados). Porém, para os 21 moradores que indicaram sentir odor
desagradável destas unidades, muitos justificaram essa ocorrência pela presença comum de
animais em decomposição e de esgoto, sendo este último ocasionado por frequentes rupturas
de tubulações de esgotos, nas proximidades, ocasionando o escoamento desse efluente para o
interior das bacias.
Ressalva-se o relato de um morador sobre a relação entre a incidência de odor
desagradável da bacia com a ocorrência de limpeza de residências. Segundo o entrevistado, os
dias mais perceptíveis dessa relação são as sextas-feiras e aos sábados. A água proveniente da
limpeza das casas e quintais carreia diversos compostos, inclusive matéria-orgânica de origem
animal, como excrementos de animais domésticos, os quais são encaminhados para o interior
das bacias. Além disso, há permanência de água parada próxima às estruturas de entrada
d’água na unidade, dois fatores que juntos favorecem a mudança de cor da água e ocorrência
de maus odores, após alguns dias, em decorrência da decomposição do material orgânico.
Outro fator importante abordado no questionário foi sobre a percepção da população
quanto à valorização do bairro devido a presença dos SBD e das BD. A maior parte dos
moradores (31 pessoas) discordou, em especial devido ao precário estado de conservação
destas unidades, fator que, segundo eles, provoca a desvalorização do bairro, uma vez que
ninguém quer residir próximo às áreas com excesso de vegetação e de resíduos sólidos.
Quanto às práticas de manutenção, menos da metade dos moradores relataram ter
presenciado algum tipo de manutenção nas áreas dos SBD e das BD. A prática mais citada
entre os entrevistados foi a retirada de resíduos sólidos, seguida pelo corte de vegetação e
plantio de árvores. Contudo, estas atividades eram mais frequentes no entorno das unidades
186
do que em seu interior. Muitos moradores explicaram ainda que observaram algum tipo de
manutenção na fase de implantação do loteamento e, que após isso, a manutenção ocorre de
maneira irregular e demorada, ficando estas áreas abandonadas. Outras práticas de
manutenção, como concerto e pintura de cercas e portões, assim como o controle de erosão,
não foram observados pelos moradores entrevistados.
Vale destacar que um morador entrevistado afirmou que, por conta própria, realiza a
capina e a plantação de árvores frutíferas e outras culturas no interior e no entorno de parte de
uma BD. Os moradores residentes nas proximidades o auxiliam com recursos financeiros e
outros, como inseticidas e mudas, buscando manter a área limpa. Pode-se observar que a parte
cuidada apresenta melhores condições que o restante da unidade.
Segundo este mesmo morador, durante os eventos de precipitação, as águas pluviais
costumam adentrar a BD por suas bordas, ocasionando a erosão das margens e taludes dessa
unidade. Geralmente, isso está associado ao entupimento das bocas-de-lobo no entorno da
BD. Esses sedimentos vindos dos processos erosivos, juntos com os provenientes das várias
construções a montante, vêm ocasionando a formação de caminhos preferenciais para a água
no interior da bacia, bem como o assoreamento da estrutura de saída d’água. O entrevistado
relatou ainda que, por muitas vezes, retirou grande quantidade de sedimentos do fundo da
bacia, para favorecer o caminhamento da água até o ponto de saída.
Como relatado anteriormente, esse morador cultiva plantações diversas dentro da BD,
como por exemplo, banana, batata, goiaba, abobora e outros. Ele relata ainda que após o
desenvolvimento destas e outras culturas, surgiram animais antes não visto na região: seriema,
periquito e tucano. E isso vem favorecendo a adesão de outros moradores, a auxiliá-lo na
manutenção deste espaço.
Por fim, todos os moradores, de todos os bairros citados anteriormente, foram
questionados sobre a necessidade de conscientização da população sobre os SBD e as BD. E
isso demonstrou que praticamente todos os entrevistados consideram relevante o processo de
informação dos moradores sobre estas unidades. Relataram ainda que isso pode auxiliar na
redução de deposição inadequada de resíduos sólidos e, também, da depredação destas
estruturas, tornando estes espaços mais limpos e em adequado estado de conservação.
O questionário previu um espaço para que os moradores sugerissem algo a mais sobre
os SBD e as BD. Muitas vezes, os moradores fugiam do objetivo central do questionário e
relatavam outros problemas referentes ao bairro, como ausência de creche, posto de saúde,
linhas de ônibus próximas, coleta seletiva, iluminação inadequada e outros. Contudo, as
187
sugestões pertinentes à pesquisa foram muito semelhantes às realizadas quanto a
multifuncionalidades dos SBD e das BD, reforçando que a proposição do multiuso pode
favorecer a manutenção e conservação destas áreas. Isso, a partir da apropriação destes
espaços por parte da população, auxiliando o poder público na resolução de problemas
relacionados com a ausência de equipamentos urbanos de recreação, assim como do
envolvimento dos moradores para manter em adequado estado de conservação estes locais.
Importante destacar que, durante a realização das entrevistas com síndicos e
empreendedoras, foi possível obter alguns dados sobre a percepção dos moradores de
condomínios e, também, de potenciais compradores de um imóvel. No primeiro caso, foi
relatado que muitos moradores perguntam a finalidade dessa unidade e, nos casos onde havia
manutenção frequentes, elogiavam pelas condições agradáveis do entorno, geralmente
compostas por áreas verdes. Estes moradores tem o hábito de passear e caminhar por estas
áreas.
No das empreendedoras, observou-se que as maquetes do empreendimento, com a
distribuição dos lotes e toda infraestrutura, não indicava a implantação das unidades de
detenção, demonstrando apenas uma área verde. Desta forma, os futuros moradores, ou seja,
aqueles que estavam interessados na compra de um imóvel, questionavam sobre as unidades
apenas quando iam caminhar pelo empreendimento. E as perguntas, de uma forma geral,
consistiam na importância e o motivo de haver aquela estrutura, e se não havia perigo quanto
à proliferação de pernilongos. Alguns moradores, ainda, questionavam se estas unidades
seriam lagos para recreação e pesca, o que os incentivaria a comprar lotes mais próximos das
mesmas.
188
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A avaliação das 20 bacias (BD) e quatro sistemas de bacias de detenção (SBD) no
município de Araraquara permitiu retratar como a implantação destas vem se intensificando,
mesmo sem haver uma análise de sua funcionalidade e eficiência hidrológica, bem como da
sua aceitação por parte da população do entorno.
A partir das observações diretas e da aplicação das variáveis de avaliação, observou-se
que somente duas das unidades estudadas não estavam localizadas às margens dos cursos
d’água urbanos. Foi predominante a inserção das unidades na sub-bacia do Ribeirão das
Cruzes e a montante da Represa das Cruzes, local de captação superficial do sistema de
abastecimento público, demonstrando a intensa expansão urbana numa área de proteção de
mananciais e suceptível a processos erosivos.
Quanto à localização das unidades, observou-se uma tendência de implantá-las fora
dos limites do condomínio e distante das residências. As exceções foram em loteamentos
abertos, onde quatro unidades estavam inseridas em área densamente urbanizada e defronte de
residências. Mesmos com distancionamento em relação às residências, as unidades
apresentam, de maneira geral, alta visibilidade no nível do solo.
Quanto ao isolamento, metade das unidades demonstrou estar totalmente fechada, com
alambrado e portão de acesso. As restantes encontravam-se parcialmente ou totalmente
abertas, indicando o possível o acesso e o uso impróprio desse espaço.
Com relação ao estado de conservação, a maioria das unidades demonstrou ausência
ou ineficência de manutenção, com crescimento excessivo de vegetação e deposição de
resíduos sólidos tanto em seu entorno quanto em seu interior, onde também obsersou-se
depósitos de sedimentos. Dentre as 24 unidades observadas, apenas três apresentaram estado
de conservação adequado, ou seja, mantinham a conservação da vegetação gramínea nos
taludes e fundo das unidades, não sendo observada a presença de resíduos sólidos e
sedimentos, além da conservação do alambrado e portão.
Durante as visistas in loco, observou-se que grande parte das bacias possuíam
dissipadores de energia nas estruturas de entrada d’água, sendo frequente o registro de
deposição de sedimentos e o acúmulo de água nestas estruturas. Para algumas unidades não
foi possível realizar esta análise devido ao excesso de vegetação no interior e entorno da
unidade, impedindo o acesso. Já para as estruturas de saída, foram observados orifícios de
fundo (a maioria circulares), com predominância do extravasor retangular do tipo tulipa
associado aos mesmos.
189
Dentre as estruturas de lançamento final registradas, observou-se que as mesmas eram
constituídas por muros de ala com dissipadores de energia, em sua maioria, do tipo blocos de
impacto. Os lançamentos ocorriam diretamente nas margens dos cursos d’água ou em seu
leito. Em ambos os casos foram observados problemas relevantes como o carreamento do solo
da margem para o curso d’água, e a presença de sedimentos na estrutura de lançamento e
pontos de assoreamento no curso dágua.
Uma característica predominante nas unidades avaliadas foi sua função exclusiva de
amortecimento de cheias, não havendo a proposição de outros usos, embora em quatro casos
tenham sido observados usos adotados pela população, como a prática de pesca, presença de
animais e o plantio de culturas.
Por meio de observação direta associada a evento de precipitação, foi possível
constatar o enchimento de mais da metade das unidades, bem como seu esvaziamento em
menos de 24 hs. Nas demais, as condições de acesso e falta de manutenção não permitiram
uma comprovação direta. Uma única unidade apresentava lâmina d’água permanente, em
função de sedimentos depositados em seu interior. Não foi observado ou relatado o
transbordamento externo de nenhuma das unidades, embora em um dos SBD (ainda em
implantação) haja indícios da passagem de água de uma bacia a outra por cima da berma.
Com relação aos projetos de engenharia, alguns deles demonstraram ausência de
detalhamento gráfico e de memorial dos cálculos de dimensionamento do volume de
detenção, diâmetro do orifício de fundo e extravasor. Foram também observadas divergências
entre informações apresentadas nos memoriais de cálculo e os indicados na parte gráfica.
Quanto ao dimensionamento das unidades de detenção, observou-se a adoção de mais
de uma metodologia de cálculo, embora o DAAE disponibilize uma planilha para tanto.
Muitos projetos utilizaram a fórmula estabelecida pela Lei Estadual nº 12.526/2007 para a
determinação do volume de detenção, embora esta seja destinada à retenção de águas
provenientes de superficies como coberturas e pátios impermeabilizados e não considere as
vazões de pré e pós ocupação. Fazendo-se uma comparação entre os valores calculados pelas
duas metodologias (nos casos em que havia dados disponíveis), foram obtidos volumes bem
diferentes (30 a 40%).
Na fase de implantação dos empreendimentos imobiliários, a construção das unidades
de detenção foi relatada como a primeira etapa do cronograma, devido à sua importância para
o recebimento das águas pluviais e de sedimentos provenientes do canteiro de obras. Os
principais cuidados relatados durante a construção referiam-se à conformidade com os
190
projetos, à execução no período de estiagem, a compactação do solo adequada e proteção dos
taludes e fundo com grama.
Na pós-implantação, as unidades implantadas pelos condomínios têm sua manutenção
atribuída aos mesmos, equanto que as localizadas em loteamentos abertos têm o poder público
como responsável. Nesse segundo ponto, há uma divergência entre a PMA e o DAAE sobre
essa responsabilidade, que não está claramente definida. Não havendo um consenso, muitas
destas áreas ficam, literalmente, abandonadas, colocando em risco a segurança e a saúde da
população.
Mesmo nos condomínios, nem sempre ocorrem práticas de manutenção. As que foram
constatadas consistiam apenas na roçada do fundo, dos taludes e das cristas das unidades.
Observou-se a atuação de equipe composta por até quatro funcionários que executam em um
dia a manutenção, numa frequência de duas vezes por mês no período chuvoso e uma vez por
mês no período de estiagem.
Com base nos orçamentos disponibilizados pelas construtoras, foi possível calcular
custos de implantação das unidades de detenção com base em suas áreas e seus volumes de
detenção para quatro casos. Tendo como base as áreas, três valores variaram de R$ 32,16/m² a
R$ 46,08/m², havendo um valor discrepante de R$ 75,13/m². Considerando os volumes como
base, os quatro casos apresentaram uma convergência de custos, variando de R$ 21,44/m³ a
R$ 25,88/m³, valor inferior ao obtido por Moura (2004).
Com relação aos custos de manutenção, foram obtidos apenas para duas unidades,
operadas pelo mesmo responsável, tendo sido obtido o valor de R$ 333,00 por prática de
manutenção.
A partir da aplicação do questionário com 50 moradores do entorno das unidades
(residentes defronte ou muito próximos), foi possível avaliar qualitativamente aspectos de
percepação, conhecimento, sensibilidade e aceitação destes com relação às mesmas. A
maioria dos entrevistados tinha conhecimento sobre a existência destas unidades, embora
menos da metade soubesse sua função. Houve algumas poucas manifestações contrárias à
função hidrológica e, por outro lado, a grande maioria se mostrou favorável a um possível
aproveitamento destes espaços para outros usos, com sugestões de reaproveitamento d’água,
implantação de hortas comunitárias, implantação de praças com equipamentos para ginástica,
quadras de esportes, parques para caminhada, entre outros.
Quase metade dos moradores considerou a existência destas unidades positiva para o
bairro, porém foram unânimes quanto à necessidade de manutenção destas áreas. O precário
191
estado de conservação destas unidades foi o motivo pelo qual moradores consideraram a
implantação destas unidades negativas, bem como um fator que desvaloriza o bairro (21
moradores).
Os moradores relataram os seguintes problemas associados às unidades: presença de
insetos (41/50 moradores); vegetação alta (38/50); resíduos sólidos (38/50); insegurança
(35/50); presença de animais nocivos (34/50); presença de animais domésticos (29/50) e água
parada por muito tempo (21/50). Os moradores foram unâmine quanto a necessidade de
conscientização da população sobre a importãncia e relevância destes espaços, para minimizar
o seu uso inadequado.
Conclui-se, portanto, que dentro do contexto urbano abordado, a prática de implantar
bacias de detenção se caracteriza como um avanço na gestão das águas pluviais; embora tenha
sido observada a precariedade na manutenção das áreas estudadas, bem como a ausência de
integração urbana das mesmas. Desta maneira é primordial que na fase de planejamento e
projeto destas bacias, esforços sejam feitos para integrar estas unidades com seu entorno,
aproveitando estes espaços para suprir demandas de áreas de lazer, parques lineares, entre
outros, nos períodos de estiagem, onde esta bacia não estará desempenhando sua função
hidrológica.
Com base nas conclusões apresentadas, recomenda-se para futuros trabalhos a
delimitação da área de estudo a fim de aprofundar a avaliação hidrológica das unidades de
detenção, incluindo sua modelagem, fundamental para o conhecimento do desempenho destas
estruturas. Além de estudos mais detalhados sobre a metodologia de cálculo para a
determinação do volume de detenção mais adequado.
Como se trata de unidades cujo emprego é relativamente recente, é recomendado que
os técnicos, tanto do poder público quanto dos empreendimentos, tenham oportunidade de
capacitação para uma melhor utilização das BD, em termos de concepção, dimensionamento,
aprovação, operação e manutenção.
Quanto à multifuncionalidade das unidades, ressalva-se que a tendência de inserção
destas unidades em áreas verdes poderia favorecer a implantação de um espaço agradável à
população e à área urbana, desde que houvesse a preocupação em nível de projeto de tornar
estes espaços mais atrativos à comunidade, a partir da multifuncionalidades destas áreas e de
seus entornos.
A implantação de estruturas e equipamentos no entorno destas unidades, como pistas
de caminhada e corrida, ciclovias, ou mesmos locais de contemplação, são ações positivas que
192
atraem o uso destes espaços pela população que, uma vez, apropriada destas áreas podem
auxiliar na manutenção e conservação das mesmas. Além disso, outra potencialidade destas
unidades seria a formação de corredores ecológicos ao longo dos cursos d’água, com a
sobreposição espacial de funções recreativas, de preservação e do controle do amortecimento.
Para tanto, seria desejável a implementação de políticas públicas e de gestão
participativa, a fim de preconizar a multifuncionalidade das unidades de detenção desde a fase
de projeto, de maneira a favorecer sua integração urbana e sua aceitação e apropriação por
parte da população.
Diante do exposto, ressalva-se a necessidade de intercâmbio de conhecimentos acerca
de novas práticas quanto à implantação das bacias de detenção de maneira integrada ao seu
entorno. Em muitos casos, essa nova concepção está mais atrelada à ausência de capacitação
dos profissionais relacionados, bem como a conscientização da importância de uma equipe
multidisciplinar, condições que iriam contribuir significativamente para a melhoria dos
projetos urbanísticos em especial para a implantação das bacias de detenção.
193
8. REFERÊNCIAS
194
BELO HORIZONTE. Lei nº 7.166, de 27 de agosto de 1996. Estabelece normas e condições
para parcelamento, ocupação e uso do solo urbano no município. Disponível em:<
https://leismunicipais.com.br/a/mg/b/belo-horizonte/lei-ordinaria/1996/716/7166/lei-ordinaria
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urbano-no-municipio>. Acesso em: 15 abr. 2016.
BRASIL. Lei nº. 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispões sobre o parcelamento do solo
urbano e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
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BRASIL. Lei n°. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei
nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 jan. 1997. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm>. Acesso em: 25 jan. 2018.
BRASIL. Lei nº. 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência Nacional
de Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18
jul. 2000. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9984.htm>. Acesso
em: 25 jan. 2018.
BRASIL. Lei nº. 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da
Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 jan. 1997. Disponível
em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm>. Acesso em 25 jan.
2018.
BRASIL. Lei nº. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de
maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei
no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 jan. 2007 e retificado em 11 jan. 2007. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em 25
jan. 2018.
195
BRASIL. Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e
11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e
7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e
dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28
mai. 2012. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012
/lei/l12651.htm>. Acesso em 25 jan. 2018.
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FONSECA, P. L. da; NASCIMENTO, E. A. do; LONGO, O. C. Gestão ambiental de bacias
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MARTINS, J. R. Obras de Macrodrenagem. In: TUCCI, C. E. M.; PORTO, R. la L. e
BARROS, T. de Barros. Drenagem Urbana. 4 ed. – Porto Alegre: Editora da
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PORTO, Rubem; ZAHED FILHO, Kamel; TUCCI, Carlos; BIDONE, Francisco. Drenagem
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RIO DE JANEIRO. Decreto nº. 23.940, de 30 de janeiro de 2004. Torna obrigatória, nos
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Estadual do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Diário
Oficial [do] Estado de São Paulo, São Paulo, SP, 21 mar. 1997. Disponível em:<
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1997/lei-9509-20.03.1997.html>. Acesso
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contenção de enchentes e destinação de águas pluviais. Diário Oficial [do] Estado de São
Paulo, São Paulo, SP, 3 jan. 2007. Disponível em:< https://www.al.sp.gov.br/repositorio
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população mundial cada vez mais urbanizada, mais de metade vive em zonas
urbanizadas ao que se podem juntar 2,5 mil milhões em 2050. Nova York, 10 jul. 2014.
Disponível em: <http://www.unric.org/pt/actualidade/31537-relatorio-da-onu-mostra-
populacao-mundial-cada-vez-mais-urbanizada-mais-de-metade-vive-em-zonas-urbanizadas-
ao-que-se-podem-juntar-25-mil-milhoes-em-2050>. Acesso em: 26 mai. 2016.
200
VICENTE, T. Z. Análise de uso, apropriação e integração urbana das técnicas
compensatórias em drenagem urbana na cidade de Ribeirão Preto-SP. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Urbana) – Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, 2015.
201
APÊNDICES
202
APÊNDICE I – Roteiro de Entrevistas
Roteiro de Entrevista
Síndicos
1. Especificar o condomínio: ______________________________________
2. A quanto tempo esta nesta função?
3. A manutenção da bacia de detenção é de responsabilidade do condomínio?
4. Quais as práticas de manutenção e operação realizadas na bacia de detenção?
5. Qual a periodicidade (frequência) da manutenção nos períodos secos e nos períodos
chuvosos?
6. O condomínio possui equipamentos próprios para a realização desta manutenção?
7. Qual o custo desta manutenção para o condomínio?
8. É realizada a comunicação com os condôminos sobre estes espaços e os custos para a
manutenção?
203
Funcionário da Construtora
9. Especificar o empreendimento: ______________________________________________
10. Como a construtora foi informada sobre a obrigatoriedade de implantação das bacias de
detenção?
11. No projeto destas unidades são recomendadas responsabilidades e práticas para a
manutenção das mesmas?
12. Quanto à construção das bacias de detenção, em que fase da implantação do loteamento
estas unidades têm seu início?
13. Quais os cuidados durante e após a execução da obra de implantação das bacias para
preservar as estruturas?
14. Quanto a implantação dessa unidade incrementou no custo total do loteamento? E os
custos com a manutenção?
Funcionário da Empreendedora
15. Especificar o loteamento: ______________________________________________
16. Durante a venda de lotes, as bacias de detenção são apresentadas para os interessados? Se
sim, ir para as questões 21 e 22?
17. Como estas unidades são apresentadas (importância e função)?
18. Qual a reação das pessoas sobre estas unidades?
Funcionário da Prefeitura
19. Desde quando se tornou obrigatória a implantação de bacias de detenção nos loteamentos
novos a serem implantados no município de Araraquara?
20. A responsabilidade pela implantação das bacias de detenção é do empreendedor?
21. Qual o custo da unidade com relação ao custo total do empreendimento?
22. E após o término da obra, de quem é a responsabilidade pela manutenção destas
unidades? (Se for a Prefeitura responder 23 a 25. Caso contrário, responder a questão 26).
23. Se a manutenção for realizada pela Prefeitura, qual o setor responsável?
24. Quais as práticas de manutenção realizadas para as bacias de detenção? Existe uma
periodicidade? Qual?
25. Qual o custo médio para a realização da manutenção? E quantas pessoas são designadas
para essa atividade?
26. Se não, responsabilidade da Prefeitura, de quem é a responsabilidade pela manutenção
destas áreas?
204
Funcionário do DAAE
27. Qual o procedimento para avaliação e aprovação dos projetos das bacias de detenção?
(quais são os critérios observados).
28. Os projetos atendem as recomendações, em uma primeira análise? Qual a qualidade dos
projetos das bacias de detenção de um modo geral? (o que define um projeto de qualidade).
29. Após a aprovação das bacias de detenção, quais outras atribuições do DAAE quanto às
bacias? (fiscalização da obra etc).
30. E após a conclusão das obras, o DAAE continua acompanhando as bacias de detenção?
Se sim, até que momento?
31. O DAAE se responsabiliza pela manutenção das bacias de detenção como faz para a
infraestrutura de abastecimento público e esgotamento sanitário?
205
APÊNDICE II – Questionário aplicado à população
Questionário
3. Você acha que essa área, além de deter a água de chuva, poderia ser utilizada para outra
finalidade?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4. Você considera que esta bacia de detenção é positiva para o seu bairro?
a) Sim b) Não sei c) Não
6. Após a ocorrência de chuva, fica água parada por mais de um dia na bacia de detenção?
a) Sim b) Não sei c) Não
206
7. Essa área gera mau cheiro?
10. É necessária maior conscientização dos moradores sobre esta bacia de detenção?
a) Sim b) Não sei c) Não
11. Você sente falta de espaços de convivência no seu bairro, como praças, parques, áreas
verdes?
a) Sim b) Não sei c) Não
207
APÊNDICE III – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Entrevista e
Questionário)
208
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana
Você está sendo convidado para participar da pesquisa "Avaliação do desempenho e da inserção
urbana de bacias de detenção de águas pluviais implantadas em Araraquara, SP”. Esta pesquisa tem por
objetivo avaliar o desempenho e a inserção urbana das bacias de detenção de águas pluviais implantadas
no meio urbana do município de Araraquara, SP.
1. Você foi selecionado para ser um participante voluntário e sua participação não é obrigatória.
2. A qualquer momento você pode tirar dúvidas, desistir de participar e retirar seu consentimento.
3. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição de ensino
ou com o local do seu emprego.
4. Sua participação nesta pesquisa consistirá em participar de uma entrevista cujas questões referem-se ao
dimensionamento, manutenção e custos envolvidos com a implantação das bacias de detenção.
5. Em relação ao conteúdo do roteiro da entrevista, ele foi elaborado buscando clareza e objetividade das
questões, de modo a evitar possíveis constrangimentos ou desconfortos aos participantes, como estresse,
irritação, incômodo pessoal, entre outros. Caso algum desconforto ocorra, você pode solicitar auxílio ao
pesquisador, e pode se recusar a responder ou mesmo interromper a sua participação a qualquer
momento, sem qualquer prejuízo à sua relação com a instituição de ensino ou com o pesquisador ou seu
ambiente de trabalho (Prefeitura, DAAE, Condomínios etc).
6. A realização da entrevista será realizada pelo pesquisador de modo a minimizar possíveis riscos ao
participante (exemplos: dano físico, material, psicológico, etc.), buscando fazer a abordagem em local
visível e seguro, de maneira objetiva, com autorização e agendamento prévios. Não há obrigatoriedade em
responder caso a situação seja expositiva e gere lembranças negativas, dentre outras medidas.
7. Em caso de eventuais despesas tidas pelos participantes em decorrência da pesquisa, haverá o direito ao
ressarcimento. Bem como, haverá garantia de indenização diante de eventuais danos causados ao
participante, decorrentes da pesquisa.
9. Você poderá ter acesso aos resultados da pesquisa por meio dos artigos científicos publicados em
congressos e/ou solicitá-los através do contato com o pesquisador pelo e-mail
carolina.peroni@yahoo.com.br.
10. As informações sobre sua identificação obtidas por esta pesquisa são confidenciais e está assegurado o
sigilo sobre sua participação.
11. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador principal,
podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação agora ou a qualquer momento posterior.
209
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana
O presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido cumpre as exigências contidas no item IV.3 da Resolução CNS
Nº 466 de 12 de dezembro de 2012.
___________________________________________________
Eng. Ambiental Carolina Sulzbach Lima Peroni – pesquisadora
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana – PPGEU
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Comissão de Ética em Pesquisa – CEP - UFSCar
Contato – Instituição: Rodovia Washington Luiz, km 235A.
Caixa Postal 676 13565-905. São Carlos-SP. Tel.: 16-33518626 / 8028
Declaro que entendi as informações aqui expostas sobre minha participação na pesquisa, e
concordo em participar.
Araraquara, 20/01/2018.
__________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa ou do seu Responsável
210
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana
Você está sendo convidado para participar da pesquisa "Avaliação do desempenho e da inserção
urbana de bacias de detenção de águas pluviais implantadas em Araraquara, SP”. Esta pesquisa tem por
objetivo avaliar o desempenho e a inserção urbana das bacias de detenção de águas pluviais implantadas
no meio urbano do município de Araraquara, SP.
1. Você foi selecionado para ser um participante voluntário e sua participação não é obrigatória.
2. A qualquer momento você pode tirar dúvidas, desistir de participar e retirar seu consentimento.
3. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição.
4. Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder a um questionário com 11 (onze) questões
pertinentes à bacia de detenção implantada.
5. Em relação ao conteúdo do questionário a ser preenchido, ele foi elaborado buscando clareza e
objetividade das questões, de modo a evitar possíveis constrangimentos ou desconfortos aos participantes,
como estresse, irritação, incômodo pessoal, entre outros. Caso algum desconforto ocorra, você pode
solicitar auxílio ao pesquisador, e pode se recusar a responder ou mesmo interromper a sua participação a
qualquer momento, sem qualquer prejuízo à sua relação com a instituição ou com o pesquisador.
6. A aplicação do questionário será realizada pelo pesquisador de modo a minimizar possíveis riscos ao
participante (exemplos: dano físico, material, psicológico, etc.), buscando fazer a abordagem em local
visível e seguro, de maneira objetiva, sem longa permanência no local durante o preenchimento do
formulário, sem obrigatoriedade em responder caso a situação seja expositiva e gere lembranças negativas,
dentre outras medidas.
7. Em caso de eventuais despesas tidas pelos participantes em decorrência da pesquisa, haverá o direito ao
ressarcimento. Bem como, haverá garantia de indenização diante de eventuais danos causados ao
participante, decorrentes da pesquisa.
9. Você poderá ter acesso aos resultados da pesquisa por meio dos artigos científicos publicados em
congressos e/ou solicitá-los através do contato com o pesquisador pelo email
carolina.peroni@yahoo.com.br.
10. As informações sobre sua identificação obtidas por esta pesquisa são confidenciais e está assegurado o
sigilo sobre sua participação.
11. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador principal,
podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação agora ou a qualquer momento posterior.
211
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana
O presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido cumpre as exigências contidas no item IV.3 da Resolução CNS
Nº 466 de 12 de dezembro de 2012.
__________________________________________________
Eng. Ambiental Carolina Sulzbach Lima Peroni – pesquisadora
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana – PPGEU
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Comissão de Ética em Pesquisa – CEP - UFSCar
Contato – Instituição: Rodovia Washington Luiz, km 235A.
Caixa Postal 676 13565-905. São Carlos-SP. Tel.: 16-33518626 / 8028
Declaro que entendi as informações aqui expostas sobre minha participação na pesquisa, e
concordo em participar.
Araraquara, 28/12/2017.
__________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa ou do seu Responsável
212
APÊNDICE IV – Registros Fotográficos das Unidades de Detenção
Unidades Folha
Sistema de Bacias de Detenção Laura Molina A 01
Sistema de Bacias de Detenção Laura Molina B 02
Sistema de Bacias de Detenção Jardim Boa Vista II 03
Sistema de Bacias de Detenção Alamedas 04
Bacia de Detenção Jardim do Valle 05
Bacia de Detenção Valle Verde 06
Bacia de Detenção Buona Vita A 07
Bacia de Detenção Buona Vita B 08
Bacia de Detenção Portal das Tipuanas 09
Bacia de Detenção Quinta das Tipuanas 10
Bacia de Detenção Ravena 11
Bacia de Detenção Jardim Boa Vista I 12
Bacia de Detenção São Rafael 13
Bacia de Detenção Jardim dos Oitis 14
Bacia de Detenção Vista do Horto 15
Bacia de Detenção Santa Luzia 16
Bacia de Detenção Maria Luiza IV 17
Bacia de Detenção Village Damha A 18
Bacia de Detenção Village Damha B 19
Bacia de Detenção Village Damha C 20
Bacia de Detenção São Bento A 21
Bacia de Detenção São Bento B 22
Bacia de Detenção Atlanta 23
Bacia de Detenção Bella Vittá 24
213
Bacia II (jusante) Bacia I (montante)
Bacia IV
Sedimentos
Marca do N.A. B
B A
Dissipadores
Cerca da Bacia
Dissipadores
N.A.
PVs
Sedimentos
Sedimentos
Sedimentos
Estrutura Estrutura
Sedimento
Dissipadores
Estrutura
238
ANEXO I – Lei Estadual nº 12.526/2007
239
LEI Nº 12.526, DE 02 DE JANEIRO DE 2007
(Projeto de lei nº 464, de 2005 do Deputado Adriano Diogo - PT)
Estabelece normas para a contenção de enchentes e destinação de águas pluviais
O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo, nos termos do artigo 28,
§ 8º, da Constituição do Estado, a seguinte lei:
Artigo 1º - É obrigatória a implantação de sistema para a captação e retenção de águas
pluviais, coletadas por telhados, coberturas, terraços e pavimentos descobertos, em lotes,
edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500m2 (quinhentos
metros quadrados), com os seguintes objetivos:
I - reduzir a velocidade de escoamento de águas pluviais para as bacias hidrográficas em
áreas urbanas com alto coeficiente de impermeabilização do solo e dificuldade de
drenagem;
II - controlar a ocorrência de inundações, amortecer e minimizar os problemas das vazões
de cheias e, conseqüentemente, a extensão dos prejuízos;
III - contribuir para a redução do consumo e o uso adequado da água potável tratada.
Parágrafo único - O disposto no “caput” é condição para a obtenção das aprovações e
licenças, de competência do Estado e das Regiões Metropolitanas, para os
parcelamentos e desmembramentos do solo urbano, os projetos de habitação, as
instalações e outros empreendimentos.
Artigo 2º - O sistema de que trata esta lei será composto de:
I - reservatório de acumulação com capacidade calculada com base na seguinte equação:
a) V = 0,15 x Aix IP x t;
b) V = volume do reservatório em metros cúbicos;
c) Ai = área impermeabilizada em metros quadrados;
d) IP = índice pluviométrico igual a 0,06 m/h;
e) t = tempo de duração da chuva igual a 1 (uma) hora.
II - condutores de toda a água captada por telhados, coberturas, terraços e pavimentos
descobertos ao reservatório mencionado no inciso I;
III - condutores de liberação da água acumulada no reservatório para os usos
mencionados no artigo 3º desta lei.
Parágrafo único - No caso de estacionamentos e similares, 30% (trinta por cento) da
área total ocupada deve ser revestida com piso drenante ou reservado como área
naturalmente permeável.
Artigo 3º - A água contida no reservatório, de que trata o inciso I do artigo 2º, deverá:
I - infiltrar-se no solo, preferencialmente;
II - ser despejada na rede pública de drenagem, após uma hora de chuva;
III - ser utilizada em finalidades não potáveis, caso as edificações tenham reservatório
específico para essa finalidade.
Artigo 4º - O disposto nesta lei será implementado no âmbito dos seguintes sistemas de
atuação e articulação de ações dos poderes públicos:
I - Política Estadual de Recursos Hídricos e Sistema de Gerenciamento de Recursos
Hídricos - SIGRH, instituídos pela Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991;
II - Política Estadual de Saneamento e Sistema Estadual de Saneamento - SESAN,
instituídos pela Lei nº 7.750, de 31 de março de 1992;
III - Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e
Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais - SEAQUA,
instituído pela Lei nº 9.509, de 20 de março de 1997.
Artigo 5º - As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta das dotações
orçamentárias próprias.
Artigo 6º - O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 60 (sessenta) dias, a
contar da sua publicação.
Artigo 7º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
DISPOSIÇÃO TRANSITÓRIA
Artigo único - A adequação dos estacionamentos e similares ao disposto no parágrafo
único do artigo 2º desta lei deverá ser feita em até 90 (noventa) dias, a contar da data da
publicação desta lei.
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de janeiro de 2007.
a) RODRIGO GARCIA - Presidente
Publicada na Secretaria da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de
janeiro de 2007.
a) Marco Antonio Hatem Beneton - Secretário Geral Parlamentar
ANEXO II – Procedimentos para informações a viabilidades técnicas e aprovação de
projetos de manejo sustentável e drenagem urbana (PMA e DAAE)
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