Hídrico, Bacia - 2015 - Balanço Hídrico em Bacia Urbana PDF

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA


CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

BALANÇO HÍDRICO EM BACIA URBANA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Ariéli Corrêa Dalla Corte

Santa Maria, RS, Brasil


2015
1

BALANÇO HÍDRICO EM BACIA URBANA

Ariéli Corrêa Dalla Corte

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Civil, Área de Concentração em
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, da Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obtenção do
grau de Mestre em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. João Batista Dias de Paiva


Co-Orientadora: Profª Drª. Eloiza Maria Cauduro Dias de Paiva

Santa Maria, RS, Brasil


2015
2

Universidade Federal de Santa Maria


Centro de Tecnologia
Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,


aprova a Dissertação de Mestrado

BALANÇO HÍDRICO EM BACIA URBANA

Elaborada por
Ariéli Corrêa Dalla Corte

Como requisito parcial para a obtenção do grau de


Mestre em Engenharia Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

João Batista Dias de Paiva, Dr.


(Presidente/Orientador)

Débora Missio Bayer, Drª. (UFSM)

Adilson Pinheiro, Dr (FURB)

Santa Maria, 30 de janeiro de 2015.


3

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia


Civil pela oportunidade a mim concedida.
À professora Eloiza Maria Cauduro Dias de Paiva, pela acolhida e orientações
dadas ao início dessa pesquisa e ao professor João Batista Dias de Paiva, pelo
auxílio no prosseguimento das atividades até o fim desse trabalho, pela boa
disposição em me auxiliar em minhas dificuldades.
Aos professores do Programa, que a partir dos desafios propostos e vencidos,
contribuíram com meu acréscimo de conhecimento, por embasamentos que de uma
forma ou outra contribuíram ao desenvolvimento dessa dissertação. Ao
companheirismo e empatia dos então colegas no momento de realização de
trabalhos.
Às entidades que autorizaram a instalação dos equipamentos e nosso trânsito
para medição, manutenção desses.
Ao Professor Dr. Rafael Feltrin pelas orientações nas diversas etapas.
Ao funcionário Alcides Sartori e José Astério Rosa do Carmo pelo auxílio a
campo. E ao Astério, também colega no curso de mestrado, pela disposição em
auxiliar e pelo companheirismo.
Aos vários que contribuíram a instalação dos equipamentos, como o mestre
Fábio Alex Beling e o bolsista Lucas Klein da Costa para a estação meteorológica e
ao também bolsista Henrique Fracari Fonseca, que junto a mim instalou os tubos de
acesso nos dois últimos pontos e também me acompanhou no início das coletas.
Incluo aqui meu agradecimento ao auxílio dos muitos que dedicaram ao
menos um turno nas coletas ou manutenção de equipamentos, como o colega Luiz
Fernando Schallenberger e o bolsista Matheus Viegas, que me auxiliou nos últimos
dias.
Ao Sistema Irriga-UFSM, pela disponibilidade na realização das análises
físico-químicas dos solos dos três pontos.
À minha tia e professora de português Elisolete Corrêa Kopstein, pela revisão
de meus textos. Ao amigo Otávio Francisco Gomes Dias pelas valiosas dicas para a
elaboração dessa dissertação.
4

Ao colega Douglas Senger de Brito, pela confecção dos tão importantes


mapas constantes nessa dissertação e à colega Mariele Medeiros, que os
confeccionou em época anterior, para meu projeto.
Aos órgãos CAPES, CNPq, FINEP e CTHidro pelo apoio ao projeto MAPLU 2-
(Manejo de Águas Pluviais em Meios Urbanos) e bolsas concedidas.
À minha família, a todos aqueles que, de uma forma ou outra, contribuíram
para que esse trabalho fosse iniciado, desenvolvido, melhorado ou ainda, que eu
fosse, de uma forma ou outra, apta a seguí-lo.

Agradeço!!!
5

RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria

BALANÇO HÍDRICO EM BACIA URBANA


AUTOR: ARIÉLI CORRÊA DALLA CORTE
ORIENTADOR: JOÃO BATISTA DIAS DE PAIVA
Data e local da defesa: Santa Maria, 30 de janeiro de 2015.

Este trabalho tem por objetivo o estudo do comportamento das variáveis


precipitação, evapotranspiração, escoamento fluvial e armazenamento de água no
solo, envolvidas no balanço hídrico da bacia do arroio Cancela, em Santa Maria, RS.
O monitoramento foi realizado no período de 02 de maio a 07 de novembro de
2014. A medição do conteúdo volumétrico de água no solo para o balanço hídrico
foi feita prioritariamente a cada 7 dias, com sonda TDR, nas profundidades médias
de 20, 40, 60 e 80 cm, instalando-se tubos de acesso de 1,0 m profundidade nos
pontos CACISM (53°48’1,41‖ W e 29º 42’ 5,5‖S), Cerrito (53º47’21,9‖ W e 29º42’7,2‖
S) e DAER (53º48’9,4‖W e 29º41’38,5‖ S). No período de 12 a 26 de junho mediu-se
o conteúdo de umidade do solo diariamente, para se observar o comportamento
dessa variável entre dois eventos de chuva. A precipitação foi monitorada a partir de
pluviômetros instalados nos pontos Cerrito e DAER. O escoamento fluvial foi obtido
com dados de linígrafo instalado no ponto CACISM a partir de curva-chave e a
evapotranspiração foi calculada pelo método Penman-Monteith-FAO através de
dados medidos em estação meteorológica instalada nesse ponto e outros adquiridos
da rede do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) de estações meteorológicas
instaladas no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A
precipitação mensal foi maior para o mês de junho e menor para o mês de agosto. A
evapotranspiração foi crescente entre os meses de junho a outubro e seu
comportamento ao longo do período foi justificado pela variação dos fatores
climáticos. A variação do escoamento acompanhou a variação da precipitação com
correlação de 0,9519 entre as variáveis . A influência da precipitação na umidade
volumétrica foi confirmada nas medições diárias na quinzena. As variações texturais
características aos tipos de solo dos pontos são o fator que melhor justifica o
comportamento da umidade do solo nos perfis. O balanço hídrico da bacia para o
período estudado apresenta maiores variações (excesso hídrico) próximo ao início
do inverno, no período entre 19 de junho a 03 de julho e próximo ao início da
primavera, entre 29 de agosto a 16 de setembro. No mês de agosto ocorreu a maior
deficiência hídrica.

Palavras-chave: Disponibilidade hídrica. Armazenamento de água no solo. Bacia


urbana. Arroio Cancela.
6

ABSTRACT
M.Sc. Dissertation
Post-Graduation Program in Civil Engineering
Universidade Federal de Santa Maria

WATER BUDGET OF URBAN BASIN


AUTHOR: ARIÉLI CORRÊA DALLA CORTE
ADVISOR: JOÃO BATISTA DIAS DE PAIVA
Place and date of defense: Santa Maria, Jan 30º, 2015.

This work aims to study the behavior of the variables precipitation,


evapotranspiration, runoff and water storage in the soil, involved in water balance of
the arroio Cancela basin, in Santa Maria, RS. The monitoring was conducted from 02
May to 07 november of 2014. The measurement of volumetric water content in the
soil to the water balance was made priority every 7 days, with TDR probe at
average depths of 20, 40, 60 and 80 cm, in access tubes installed until 1,0 m of
depth in three sites on the basin: CACISM (53°48’1,41‖ W e 29º42’5,5‖S), Cerrito
(53º47’21,9‖ W e 29º42’7,2‖ S) e DAER (53º48’9,4‖W e 29º41’38,5‖ S). In the period
from 12 to 26 june was measured soil moisture content daily to observe the behavior
of this variable between two rain events. Rainfall was monitored from rain gauges
installed in points Cerrito and DAER. The runoff was obtained with level recorder
installed at river section of CACISM site using a existing rating curve and
evapotranspiration was calculated by Penman-Monteith-FAO method using data
colected through data measured in meteorological station installed at this point and
others purchased from the National Institute of Meteorology network (INMET), from
weather stations installed on the campus of the Federal University of Santa Maria
(UFSM). The monthly precipitation was higher for the month of June and lowest for
the month of August. Evapotranspiration was growing between the months from june
to october and its behavior over the period was justified by the change in climatic
factors. The variation of the run off accompanied with the variation of rainfall 0.9519
correlation between variables. The influence of precipitation on the water content was
confirmed in the daily measurements in the fortnight. Variations of textural
characteristics to the soil types of the sites are the factor that best explains the soil
moisture behavior in profiles. The textural variations are the factor that better
explains the soil moisture behavior in profiles. The water balance of the basin for the
period studied shows greater variations (excess of water) near the beginning of
winter, in the period between 19 june to 03 july and near the beginning of spring,
between 29 august and 16 september. In august had the highest water deficit.

Keywords: Water availability. Water storage in the soil. Urban watershed. Arroio
Cancela.
7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Ciclo Hidrológico (TUCCI, MENDES, 2006 adaptado de IGBP,1993).......15


Figura 2– Localização da bacia em estudo e os pontos de monitoramento..............30
Figura 3–Mapa de solos da bacia do arroio Cancela até a sessão de monitoramento
de vazões, com os pontos CACISM, Cerrito e DAER...............................31
Figura 4–Rede de drenagem do arroio Cancela até a sessão de monitoramento de
vazões.......................................................................................................33
Figura 5–Modelo Numérico do terreno da Bacia do arroio Cancela..........................34
Figura 6– Uso e ocupação do solo na bacia com imagens do Google Earth Pro de
abril de 2014..............................................................................................34
Figuras 7 e 8 – Estação Meteorológica, em fase de pré-instalação, em sua
composição completa e em funcionamento..............................................35
Figura 9– Esquema do perfil do solo em medição e envio dos dados para Palm PC
(a) e display do aparelho com variáveis em medição (FONTE: Imko,
2012).........................................................................................................36
Figura 10– Panorâmica do local de instalação do tubo de acesso da sonda e
pluviômetro nos três pontos monitorados (a) Cerrito (b) DAER e (c)
CACISM.....................................................................................................37
Figura 11 – Vista geral da seção de medição de vazão............................................37
Figura 12: Curvas de retenção da umidade do solo nos pontos CACISM (a), Cerrito
(b) e DAER (c) nas profundidades de 20,40,60 e 80 cm..........................48
Figura 13– Precipitação mensal para os pontos Cerrito e DAER para o período de
maio a novembro de 2014 e as normais climatológicas observadas entre
1961 e 1990 para o município de Santa Maria, RS (CPTEC/INPE).........49
Figura 14-Precipitação diária nos pontos, observada no período de 15 dias de
monitoramento contínuo da umidade do solo, de 12 a 26 de junho de
2014...........................................................................................................50
Figura 15 – Precipitação nos pontos Cerrito e DAER e Evapotranspiração entre as
coletas semanais, entre 02/05/2014 e 07/11/2014...................................52
Figura 16–Evapotranspiração diária calculada para os 15 dias de monitoramento
após chuva e a precipitação nos pontos Cerrito e DAER entre 12 e
26/06/2014.................................................................................................52
Figura 17- Precipitação nos pontos Cerrito e DAER e escoamento fluvial para o
ponto CACISM , entre as coletas semanais, entre 02/05/2014 e
07/11/2014.................................................................................................54
Figura 18- Análise de regressão entre a Precipitação e o Escoamento Fluvial entre
coletas.......................................................................................................55
Figura 19- Umidade volumétrica do solo nos pontos CACISM (a), Cerrito (b) e DAER
(c) para as coletas semanais.....................................................................58
Figura 20- Umidade volumétrica do solo para o ponto CACISM para as medições de
15 dias consecutivos.................................................................................61
Figura 21- Umidade volumétrica do solo para o ponto Cerrito para as medições de
15 dias consecutivos.................................................................................61
Figura 22- Umidade volumétrica do solo para o ponto DAER para as medições de 15
dias consecutivos......................................................................................62
Figura 23- Balanço hídrico semanal para a bacia do arroio Cancela, para o período
de 02/05/2014 a 07/11/2014, considerando Evapotranspiração de
referência...................................................................................................67
8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1–Tipos de solo de acordo presentes nos pontos monitorados de com


classificação proposta por Pedron et al, (2008): ...................................... 31
Tabela 2- Uso do solo na bacia do Arroio Cancela, obtido com imagens do software
Google Earth Pro de abril de 2014: .......................................................... 35
Tabela 3– Granulometria (%) e classe textural do solo nos pontos CACISM, Cerrito e
DAER ....................................................................................................... 44
Tabela 4– Densidade do solo e da partícula (g/cm3), Macroporosidade,
microporosidade e porosidade (%) para os pontos CACISM, Cerrito e
DAER nas profundidades de 20,40, 60 e 80 cm: ..................................... 45
Tabela 5– Capacidade de Campo, Ponto de Murcha Permanente e Água disponível
(%) para os pontos CACISM, Cerrito e DAER nas profundidades 20, 40,60
e 80 cm:.................................................................................................... 46
Tabela 6- Evapotranspiração de referência mensal calculada pelo método Penman-
Monteith-FAO (1998) para a bacia do arroio Cancela, de maio a outubro
de 2014. ................................................................................................... 53
Tabela 7- Precipitação medida nos pontos Cerrito e DAER, entre as datas de coletas
e a precipitação média para a bacia, em mm, entre 02/05/2014 e
07/11/2014. .............................................................................................. 63
Tabela 8- Área, em Km2, de cada solo da bacia, tipos de solo de acordo com
classificação proposta por Pedron, et al. (2008) e o agrupamento em
subáreas para a ponderação dos armazenamentos de água do solo
medidos nos pontos CACISM, Cerrito e DAER: ....................................... 64
Tabela 9- Armazenamento de água no solo nos três pontos, seu valor médio para
bacia e a variação entre períodos, em mm. ............................................. 65
Tabela 10-Variáveis mensuradas e Balanço hídrico semanal para a bacia do arroio
Cancela de 02/05/2014 a 07/11/2014* ..................................................... 66
Tabela 11- Totais de precipitação (P), Escoamento Fluvial (ESC) e variação de
armazenamento de água no solo (ΔΑ) usados no balanço hídrico e
estimativa da evapotranspiração real: .................................................... ..69
9

LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A: Umidades volumétricas medidas no ponto CACISM e horário


das medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, entre 02/05/2014 e
07/11/2014 ................................................................................................................ 83
APÊNDICE B:Umidades volumétricas medidas no ponto Cerrito e horário das
medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, entre 02/05/2014 e
07/11/2014 ................................................................................................................ 84
APÊNDICE C: Umidades volumétricas medidas no ponto DAER e horário das
medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, entre 02/05/2014 e
07/11/2014 ................................................................................................................ 85
APÊNDICE D: Umidades volumétricas medidas no ponto CACISM e horário
das medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, para as medições diárias
entre 12/06/2014 e 26/06/2014 ................................................................................. 86
APÊNDICE E: Umidades volumétricas medidas no ponto Cerrito e horário das
medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, para as medições diárias
entre 12/06/2014 e 26/06/2014 ................................................................................. 87
APÊNDICE F: Umidades volumétricas medidas no ponto DAER e horário das
medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, para as medições diárias
entre 12/06/2014 e 26/06/2014 ................................................................................. 88
10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................11
1 OBJETIVOS .......................................................................................13
1.1 Objetivo geral .....................................................................................13
1.2 Objetivos específicos ..........................................................................13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..............................................................14
2.1 Balanço hídrico ..................................................................................14
2.2 Componentes do balanço hídrico .........................................................18
2.2.1 Precipitação ......................................................................................18
2.2.2 Evapotranspiração .............................................................................19
2.2.3 Infiltração e Armazenamento de água no solo .........................................21
2.2.3.1 A técnica TDR (Reflectometria do Domínio do Tempo) ...........................24
2.2.4 Escoamento superficial ......................................................................26
3 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................29
3.1 Área de estudo ...................................................................................29
3.2 Caracterização físico-hídrica da bacia ...................................................31
3.3 Caracterização física e uso do solo na bacia .........................................33
3.4 Disposição dos equipamentos nos pontos monitorados .........................35
3.5 Monitoramento das variáveis hidrológicas envolvidas no estudo ............38
3.5.1 Armazenamento de água no solo, precipitação e escoamento fluvial ...........38
3.5.2 Evapotranspiração .............................................................................39
3.5.2.1 Roteiro de cálculo da evapotranspiração de referência por Penman-Monteith-
FAO (1998): ............................................................................................ 40
3.5.2.1.1 Balanço de radiação ......................................................................41
3.5.3 Cálculo do Balanço Hídrico ..................................................................43
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................44
4.1 Caracterização físico-hídrica dos solos da bacia ....................................44
4.2 Análise das variáveis envolvidas no balanço hídrico ..............................49
4.2.1 Precipitação ......................................................................................49
4.2.2 Evapotranspiração .............................................................................51
4.2.3 Escoamento Fluvial ............................................................................53
4.2.4 Armazenamento de água no solo ..........................................................56
4.3 Balanço hídrico semanal da bacia ........................................................63
5 CONCLUSÕES ..................................................................................71
6 RECOMENDAÇÕES ..........................................................................72
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................73
APÊNDICES .........................................................................................82
11

INTRODUÇÃO

O comportamento dos processos hidrológicos em uma bacia hidrográfica é


influenciado por características climáticas, morfológicas e hidrográficas, que
condicionam a sua disponibilidade hídrica. A presença de água em um local é bem
importante na manutenção da vida como um todo e atrativo à sua ocupação. A partir
daí forma-se, um novo componente do sistema: o biológico, o qual necessita da
disponibilidade hídrica para seu desenvolvimento e ao mesmo tempo a influencia.
O processo de urbanização interfere em elementos de seu ciclo hidrológico,
modificando o ambiente com o desmatamento, a degradação das áreas naturais e
ainda trazendo outros elementos, como a poluição e o tratamento e distribuição do
esgoto- relacionados ao aumento demográfico. Os impactos dessas ações sobre os
recursos hídricos tem sido alvo de pesquisas com fins diferenciados, analisando as
variações climáticas ou mesmo a disponibilidade hídrica.
Uma bacia hidrográfica é um sistema físico naturalmente complexo, em geral
com diferentes propriedades físicas e variáveis no tempo (SANTOS et al, 2001). O
conhecimento dos processos hidrológicos em uma bacia hidrográfica é essencial
para direcionar ações relacionadas ao uso da água e o balanço hídrico é ferramenta
para planejamento, simulando os processos envolvidos no ciclo hidrológico. O
balanço hídrico é obtido a partir do monitoramento de uma série de variáveis,
necessárias ao conhecimento das características hidrológicas, na busca da
representação do comportamento do sistema. (D’ ANGIOLELLA, et al, 2003;
COELHO, 2006; FACCO, 2004).
O balanço hídrico é realizado de diversas formas, de acordo com os
equipamentos ou dados disponíveis e é, na parte das vezes, efetuado para estimar a
evapotranspiração potencial e real. O balanço hídrico climático, método proposto por
Thornthwaite e Mather (1955), é um dos mais conhecidos e bastante utilizado. O
método possibilita a contabilidade das entradas e saídas em presença de vegetação,
fornecendo a quantidade de água disponível às plantas, em dado momento, mas
traz simplificações quanto ao com o armazenamento de água no solo, valor que é
fixado no cálculo com base na textura. Essa tendência à estimativa de variáveis é
reflexo da dificuldade, também, do monitoramento de algumas.
12

Em ambientes diferentes, prevalece a precipitação como variável acessível,


assim como o conteúdo de água no solo, embora não tão habitualmente medida; por
outro lado, variáveis como evapotranspiração real e o escoamento superficial são
habitualmente obtidos através de estimativa. O monitoramento de mais variáveis
possibilita uma melhor estimativa das demais e ainda, traz maior confiabilidade para
a determinação das fases de estresse e excesso hídrico, em período desejado. O
balanço hídrico, como ferramenta para previsão da disponibilidade hídrica, é, uma
ferramenta de estimativa do sistema e, aproximação de um sistema complexo,
tendo-se uma melhor aproximação desse com uma descrição mais detalhada dos
processos que o compõe.
O banco de informações disponível através desse monitoramento possibilita,
com auxílio do balanço hídrico, subsídios para um melhor planejamento do uso do
solo e podem auxiliar numa questão bastante delicada em espaços urbanos: a
ocupação. Há a possibilidade, também, a análise da influência antrópica no meio
com a estimativa da evapotranspiração real.
O arroio Cancela, cuja bacia hidrográfica é objeto desse estudo, é localizado
na cidade de Santa Maria, RS, apresenta problemas relacionados à urbanização, ao
mau uso e ocupação do solo, observados também em outros cursos d’água do
município. O conhecimento do comportamento dos recursos hídricos nessa bacia é
importante para o planejamento do uso do solo e, sabendo-se a urbanização como
processo dinâmico, também é importante para auxiliar na difícil equalização das
questões ambientais e sociais.
O presente trabalho faz um estudo do balanço hídrico da bacia do arroio
Cancela, no município de Santa Maria, RS, através do monitoramento de chuva,
clima, vazão e o armazenamento de água no solo em três pontos.
13

1.OBJETIVOS

1.1 Objetivo geral

Estudar o comportamento das variáveis hidrológicas envolvidas no balanço


hídrico de uma pequena bacia urbana, através de monitoramento de chuva, vazão,
clima e umidade do solo com vistas a obter informações que sirvam de subsídios a
um planejamento sustentável na bacia.

1.2 Objetivos específicos

Atividades necessárias para alcance do objetivo geral:


 Obter informações do clima, em ponto representativo, com uso de estação
meteorológica automática instalada na bacia e de estação climatológica do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), operada na Universidade
federal de Santa Maria (UFSM), para o cálculo da evapotranspiração de
referência pelo método de Penman-Monteith.
 Monitorar o conteúdo de água do solo com uso de sonda que utiliza a
técnica da Reflectometria de Retorno do Tempo (TDR).
 Empregar informações de variações do nível do arroio, registradas pelo
linígrafo, para obtenção da vazão por meio da curva-chave já existente.
 Elaborar o balanço hídrico da bacia, a partir de dados obtidos em estação
meteorológica, pluviômetros, linígrafo e técnica TDR, por meio da aplicação
da equação de continuidade de massa.
14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Balanço hídrico

A água está presente em todos os ambientes terrestres e sua quantidade é


praticamente invariável há centenas de milhões de anos. O que varia no globo é sua
distribuição e o estado físico em que se apresenta. Essa variação é causada pelo
―ciclo das águas‖ que é acionado pela energia solar, a gravidade e a rotação
terrestre. A radiação solar, o tipo e a cobertura vegetal e os elementos e fatores
climáticos, tais como temperatura e umidade relativa do ar, ventos e insolação são
os responsáveis pelos processos de circulação da água dos oceanos para a
atmosfera. (BRITO 2007; HORIKOSHI, 2007; TUCCI e MENDES, 2006).
O ciclo hidrológico utiliza-se da dinâmica da atmosfera e de grandes
reservatórios de água, percorrendo caminhos a partir dos quais circula por todo
sistema global através de vários processos (TUCCI e MENDES, 2006; WARD e
STANLEY, 2004).
A água precipitada advém da sua evaporação de rios, lagos e oceanos, do
solo e transpirada pelas plantas mediante processo de equilíbrio da temperatura
corporal (evapotranspiração) ou da evaporação, após sua retenção nas copas das
árvores, nos eventos de chuva (interceptação vegetal). Ao atingir o solo, essa água
pode escoar pelas superfícies, o chamado escoamento superficial, por meio do qual
a água pode retornar aos reservatórios (recarga subterrânea) ou se infiltrar no solo,
no momento em que penetra em seus poros, em movimento descendente. A água
infiltrada pode percolar, ou seja, escoar no solo, alcançando o aqüífero, ou escoar
de forma subsuperficial no solo, por meio de canais internos, até a superfície, ou um
curso d’água, abastecendo rios temporários e intermitentes (ARCOVA, et al., 2003;
HORIKOSHI, 2007; SANTOS, 2010).
Na figura 1 é apresentado o ciclo hidrológico com os diversos processos que
o compõem:
15

Figura 1– Ciclo Hidrológico (TUCCI, MENDES, 2006 adaptado de IGBP,1993)

A bacia hidrográfica é o elemento fundamental de análise do ciclo hidrológico,


onde a entrada de água é o volume de água precipitado e a saída é o volume de
água escoado pelo exutório, sendo perdas intermediárias os volumes evaporados e
transpirados e também os infiltrados profundamente. Dentro de uma bacia o volume
de entrada concentrado no tempo (precipitação) é transformado em uma saída
(escoamento) mais distribuída no tempo. A bacia hidrográfica é útil para o estudo da
captação e distribuição da água em uma região, podendo ser determinada como ―a
parte terrestre do ciclo hidrológico‖ e é considerada a unidade espacial da hidrologia.
(da SILVA, 2007; RIGHETTO, 1998; SILVEIRA, 1993).
O balanço hídrico é um sistema contábil de monitoramento de água do solo
obtido a partir aplicação do princípio de conservação de massa para a água. A
variação do armazenamento de água no solo, em um intervalo de tempo, é tida
pelas entradas e saídas de água em um volume controle (PEREIRA, et al, 1997).
O guia metodológico para análise do balanço hídrico da América do Sul,
elaborado pela UNESCO em 1982, traz as técnicas para avaliar o balanço hídrico
como um dos meios para resolver problemas práticos e teóricos em relação a água,
possibilitando uma avaliação quantitativa espacial e temporal dos recursos hídricos,
que determina a sua variabilidade espaço temporal. Em uma bacia hidrográfica, o
balanço hídrico envolve a quantificação dos dados do sistema visando o melhor
16

entendimento do sistema, bem como a utilização racional desses recursos (TUCCI e


BELTRAME, 1993).
Rossatto (2002), relata o desenvolvimento dos modelos para a obtenção do
balanço hídrico, citando Hartmann (1994), que define o modelo dito por modelo de
balde (―bucket model‖) como o mais simples, que se baseia no princípio do solo
possuir uma capacidade fixa para armazenar água, a qual está disponível para a
evapotranspiração.
Rossatto (2002) afirma que o modelo ―bucket‖’ só era hábil para determinar a
evapotranspiração em camada espessa a evaporar e não para predizer o ciclo
diurno do processo. Um modelo simples teria sido criado por Kondo et al. (1990)
incluindo novos parâmetros para a umidade do solo dos primeiros centímetros do
perfil, determinando uma expressão geral de umidade disponível à superfície. Por
fim o autor conclui, citando Hartmann (1994), que define que vários outros modelos
hidrológicos complexos foram desenvolvidos depois do ―bucket‖, descrevendo as
interações entre a atmosfera com a vegetação e o solo.
O mesmo autor conclui que, contudo, embora exista uma grande variedade
de modelos disponíveis para a determinação do balanço hídrico, o modelo mais
utilizado para fins agroclimáticos é o desenvolvido por Thornthwaite e Mather (1955),
que consiste no cotejo entre a precipitação pluvial e a evapotranspiração,
considerando-se uma determinada capacidade de armazenamento de água no solo.
O balanço hídrico climatológico, normalmente utilizado para um período
anual, também foi descrito por Thornthwaite e Mather (1955) como balanço hídrico
diário seqüencial. Em termos práticos, a escala diária é a menos viável, contudo
permite acompanhar o armazenamento de água no momento de sua ocorrência,
possibilitando o uso da escala de tempo com o adotado monitoramento e compatível
a da tomada de decisões (PEREIRA, et al, 1997).
Ometto (1981) relata que a principal função do balanço hídrico é servir de
base para a classificação climática. Pereira et al., (1997) destaca como mais
importantes aplicações do balanço hídrico climatológico a disponibilidade hídrica
regional, a caracterização de secas, o zoneamento agroclimático e a determinação
das melhores épocas de semeadura.
Segundo Righetto, (1998), a equação geral do balanço hídrico pode ser
fundamentada por:
17

– S, (1)
em que Ve é vazão de entrada, Vs a vazão de saída e ∆S a variação de
armazenamento de água do sistema.
Coutinho (2008) apresenta o modelo de balanço hídrico de Thornthwaite e
Mather (1955), com as seguintes evoluções:
 Considera apenas o fluxo vertical de água;
 Variável de entrada no sistema como precipitação (P);
 Variável de saída considerada como a evapotranspiração (ETP);
 Volumes de escoamento de entrada e saída como ESCon e ESCoff.
 O excesso de água infiltrado no extrato do solo, que percola abaixo do
sistema radicular da planta como elemento que contribui para a recarga do
aquífero ( R).
Com isso tem-se a equação:

( ) . (2)

O balanço hídrico em bacias hidrográficas é obtido de diversas formas, para


atender a diferentes objetivos.
Galvíncio et al, (2006) efetuou o balanço hídrico na bacia hidrográfica do
açude Epitáfio Pessoa, no estado da Paraíba, para analisar as variações
antropogênicas no escoamento superficial , através de um modelo desenvolvido
baseado na identificação e quantificação dos principais processos hidrológicos.
Moraes (2007) monitorou vazão e precipitação na bacia hidrográfica de São
José do Ubá, no estado do Rio de Janeiro, em três pontos, no período entre abril de
2005 e agosto de 2006, a fim de estudar a disponibilidade hídrica e recuperação da
degradação ambiental.
Da Silva e Ferreira (2011) efetuaram balanço hídrico pelo método de
Thornthwaite na bacia do rio Jequitinhonha, usando dados de precipitação e
evapotranspiração potencial da rede de estações meteorológicas do INMET e
adotando o valor de 100 mm para a capacidade de armazenamento do solo (CAD)
a fim de comparar o clima entre três cidades da região.
D´Angiolella e Vasconcellos (2003), elaboraram planilhas do Excel para
estimativa da evapotranspiração potencial utilizando a metodologia proposta por
18

Thornthwaite e Mather (1955) através de informações meteorológicas como


temperatura média, umidade relativa, velocidade e direção do vento, precipitação e
insolação, além de estimar parâmetros como a radiação solar no topo da atmosfera
(Ra), radiação de ondas curtas (Rns) e de ondas longas (Rb) e radiação líquida
(Rn).
Dentro de um balanço hídrico, a incerteza de sua estimativa está ligada a
incertezas na medição de seus parâmetros. Essas incertezas são atenuadas ou
compensadas por calibração do modelo e prejudicam a confiabilidade dos resultados
do modelo, em escala de bacia hidrográfica (SPANK, et al, 2013).

2.2 Componentes do balanço hídrico

2.2.1 Precipitação

O termo precipitação é usado na hidrologia para designar todas as formas de


água depositadas sobre a superfície terrestre derivadas do vapor atmosférico e é
elemento climático essencial no estudo do regime hidrológico de uma região.
Ocorre, em uma dada área, primordialmente em decorrência da umidade do ar
(vapor d’água), variando também com fatores atmosféricos que interfiram na
quantidade de vapor d’água como a intensidade de radiação solar, cobertura vegetal
e umidade do solo (FACCO, 2008; TUCCI, 1993).
A variação espacial das chuvas é grande, sendo influenciada principalmente
pela latitude, pela continentalidade, pela altitude, pela distância de fontes de
umidade, pela temperatura, pela direção e intensidade dos ventos e pela cobertura
do solo. (Dos SANTOS et al., 2011; VILELLA, 1975).
Thornthwaite et al, (1998) ressalta haver naturalmente variação da
precipitação de um lugar a outro na terra, ao longo do ano e de um ano para outro.
Essa variação das chuvas, no estado do Rio Grande do Sul, adquire, em alguns
anos, um comportamento diferente, influenciado por fenômenos El Niño e La niña,
que modificam a temperatura das águas e a pressão atmosférica e geram
precipitações acima ou abaixo da média climatológica (BERLATO et al, 2005;
GLANTZ, 2001; PHILANDER, 1990).
19

2.2.2 Evapotranspiração

A evapotranspiração envolve os dois processos combinados responsáveis por


abastecer a atmosfera de água: a evaporação e a transpiração. Os dois processos
são simultâneos e não há uma maneira fácil de distingui-los. Em uma bacia
hidrográfica, na maioria das vezes, a evapotranspiração é o maior consumidor de
água e a sua variação influencia a disponibilidade de água e afeta o armazenamento
em um sistema hidrológico e o fluxo em um curso d’água. (ALLEN et al, 1998; LI e
ZHANG, 2011; RIGHETTO, 1998).
A evaporação ocorre quando há a conversão da água a vapor d’água, sendo
definida como a taxa de transformação da água para vapor em reservatórios e solos
com e sem cobertura vegetal (SHUTTLEWORTH, 1993).
O processo de evaporação ocorre tanto em uma massa contínua (mar, lago,
rio, poça) quanto numa superfície úmida (solo, planta). Nas plantas, o fenômeno da
evaporação da água utilizada nos processos metabólicos envolvidos no seu
crescimento e desenvolvimento recebe o nome de transpiração. No vegetal, o
processo ocorre nos estômatos, estruturas microscópicas presentes nas folhas, que
controlam o equilíbrio osmótico da planta com o ambiente, fechando durante a noite
e em situações de estresse hídrico (PEREIRA et al.,1997).
A evaporação de um solo cultivado é influenciada pela disponibilidade de
água no solo e principalmente pela fração da radiação solar que atinge a superfície
do solo, além da própria cultura, com relação a seu do período de crescimento e sua
capacidade de cobrir o solo. Os fatores que afetam a evapotranspiração são os
parâmetros do clima, as características do cultivo, de manejo ou ambientais. (ALLEN
et al., 1998). Medeiros (2002) traz como principais fatores climáticos: radiação solar,
temperatura e umidade relativa do ar, velocidade do vento, chuva e pressão de
vapor. Os principais fatores culturais do processo seriam a área foliar, o estádio de
desenvolvimento, arquitetura foliar, a resistência do dossel.
O termo evapotranspiração potencial (ETp) foi introduzido por Thornthwaite,
em 1944, e aperfeiçoado em seguida. A chuva passa a ser o elemento metrológico
padrão, sendo observada a água utilizada em uma superfície gramada, padrão, sem
restrição hídrica, para atender às necessidades da evaporação do solo e da
transpiração. Penmann, em 1948, acrescenta ao conceito a exigência de que a
vegetação deveria ser rasteira e com altura uniforme (MEDEIROS, 2002).
20

Segundo Pereira et al., (1997) o conceito de evapotranspiração de referência


(ETo) foi introduzido por Jensen, 1970, sendo definido como o limite superior ou a
evapotranspiração máxima ocorrente numa cultura de alfafa (Medicago sativa L.),
com altura de 0,3 a 0,5 m, em alto crescimento,em determinada condição climática e
com aproximadamente 100 m de área tampão. O conceito dado pouco mais tarde
por Doorenbos e Pruitt, em 1977, difere por utilizar a taxa evapotranspiração de
referência em uma extensa superfície de 8 a 15 cm de altura, coberta com gramado
verde em crescimento uniforme, densa e bem suprida de água (PEREIRA et al.,
2014).
A evapotranspiração real demonstra a real quantidade de água em uma
superfície vegetada, sem restrição de área, porte e umidade de solo, em quaisquer
condições reais de terreno (PEREIRA et al., 1997). Para Ometto (1981) a
evapotranspiração real ou atual é a perda de água que a planta está sofrendo
naquele instante, independente de estádio vegetativo e das condições do ambiente,
expressando realmente o débito de água que tenha ocorrido.
Os métodos para estimativa da evapotranspiração de referência podem ser
empíricos, desenvolvidos especificamente para uma região climática, podendo não
funcionar bem para regiões distintas daquela para a qual foi desenvolvido. Os
métodos com embasamento físico trazem por vantagem representar bem o processo
da evapotranspiração em qualquer região e condições climáticas (de SOUZA, 2011).
A evapotranspiração pode ser então determinada de forma direta ou indireta.
Dentre os métodos diretos destacam-se os lisímetros e do balanço hídrico no solo.
No caso dos métodos indiretos, destaca-se o modelo de Penman-Monteith,
recomendado pela FAO (Food and Agriculture Organization) no boletim de Irrigação
e Drenagem nº 56 (FAO-56), como padrão para determinação da evapotranspiração
de referência (ALLEN et al., 1998).
O uso de dados climáticos de domínio público foi testado por Cai et al, (2007)
podendo apresentar acurácia suficiente para estimar os parâmetros metrológicos
requeridos para a equação de Penman-Monteith-FAO usando modelos de simulação
do balanço hídrico. Os autores verificaram que as estimativas podem ser utilizadas
para áreas próximas, cujas previsões não estejam disponíveis, com certa cautela,
não recomendando a utilização de extrapolações propostas por Allen, (1998) para
regiões com comportamento climático diferente.
21

2.2.3 Infiltração e Armazenamento de água no solo

A umidade do solo desempenha importante papel nos processos hidrológicos


devido à sua relevante participação na separação da precipitação em infiltração e
escoamento superficial. Exerce, também, influência na interação solo-atmosfera,
especialmente na evapotranspiração e na interferência dos processos vinculados à
erosão hídrica e tem grande utilidade para extensa faixa de aplicações de
conservação do solo e da água (ÁVILA et al, 2011).
A umidade do solo influencia também a sua resistência a compactação, sendo
de grande importância para estudos de movimento da água, bem como para adoção
de determinadas práticas de manejo culturais e irrigação (BERNARDO, 2006;
ROSSATO, 2001).
O conteúdo de água no solo é resultado de um número de processos hídricos
complexos no solo, que interagem mutuamente. Com esse conteúdo varia também a
condutividade da água ou ar no solo, influenciando na solução do solo, que
transporta os nutrientes importantes para o crescimento das plantas. Na
variabilidade do conteúdo de água no solo influem vários fatores: topografia,
propriedades do solo, tipo e densidade da vegetação, conteúdo de água médio,
profundidade do lençol freático, precipitação, radiação solar e outros fatores
meteorológicos (MEDEIROS e CLARKE, 2007; PASTUSZKA, 2014; SHAO et al,
2011).
A infiltração é o processo em que a água penetra o solo através da superfície,
movimentando-se de cima para baixo, molhando as camadas mais profundas, em
direção ao lençol freático e perdura enquanto houver disponibilidade de água na
superfície. A taxa infiltrada não afeta somente a quantidade de água que será
utilizada pela comunidade de plantas, mas também a quantidade de água que
escoará pela superfície do solo e que será descarregada nos cursos de água
(HILLEL, 1998; REICHARDT, 1990; REICHARDT e TIMM, 2004; VILLELA, 1975).
O termo capacidade de infiltração é definido como a taxa máxima de água
que um solo é capaz de absorver. Os vários fatores influentes na infiltração incluem
a cobertura do solo, a presença de vegetação e propriedades do solo como
porosidade e condutividade hidráulica, além do conteúdo atual de umidade no solo.
A capacidade real de infiltração do escoamento subsuperficial em bacias
hidrográficas não é dada pela capacidade de absorção de água, mas pela
22

capacidade da cobertura de absorver água e fluir de forma descendente no perfil,


em função da sua permeabilidade (CHOW et al, 1988; WISLER, 1959).
O estado hídrico do solo inicialmente foi expresso pela quantidade de
umidade, mais tarde, houve a necessidade de expressar a umidade em termos de
energia, passando-se a utilizar o conceito de tensão ou sucção de água no solo. O
termo utilizado atualmente é o de potencial de água no solo, que tem um significado
físico mais consistente e que está relacionado ao estado energético da água na
planta e na atmosfera. O potencial de água no solo está relacionado à quantidade de
água contida nos macro e microporos do solo, sendo composto principalmente pelo
potencial matricial, resultante da adsorção e da capilaridade na matriz do solo, e o
potencial gravitacional, resultante da ação do campo gravitacional da Terra
(GONÇALVES, 1994; RIGHETTO, 1998; ROSSATO, 2002).
O estado de energia da água é a característica mais importante no solo
depois de sua umidade. Quanto menor a sua energia, maior a sua estabilidade,
atendendo a lei geral de os corpos ocuparem um estado mínimo de energia,
havendo uma busca espontânea por estados mais estáveis. A água obedece a essa
tendência universal e move-se no sentido de menor energia. A tendência de seu
movimento pode ser determinada através da diferença entre eles (REICHARDT,
1990).
Durante o processo de infiltração, à medida que a água infiltra pela superfície
formam-se zonas no perfil de um solo, as camadas superiores do solo vão se
saturando de cima para baixo, alterando gradativamente o perfil de umidade. A
superfície é então a primeira zona a se saturar, o que ocorre, após, com todo o perfil
do solo. A camada superficial, denominada zona saturada, seguida de uma camada
de transferência de fluxo insaturado e com teor de umidade bastante uniforme e que
a profundidades maiores, alcança o lençol freático (CHOW et al, 1988; TUCCI,
1993).
Com o término da precipitação e o suprimento de água na superfície do solo,
cessa-se a infiltração. No interior do solo o movimento da água persiste e na
camada superior do solo, parte da água é transferida para a atmosfera por
evapotranspiração e outra parte é redistribuída, surgindo um movimento
descendente em resposta aos gradientes gravitacional e de pressão, que é
denominado drenagem ou redistribuição interna. A capacidade de armazenamento
de água no solo é determinada pela intensidade e duração dessa redistribuição,
23

sendo um fenômeno temporário ditado pela dinâmica da água no solo (TUCCI,


1993).
A disponibilidade de água às plantas, por sua vez, é regulada por fenômenos
de adsorção e capilaridade, entre eventos de precipitação, observando-se o
aumento da retenção de água à medida que o solo seca e dificultando sua extração
pelos vegetais (ROSSATO, 2002).
O processo de dessaturação do solo só será significativo quando a pressão
do ar e da água for suficiente para retirar a água dos poros maiores, mostrando,
inicialmente, a influência da textura do solo no processo. Em pressões maiores de
sucção, há também influência da adsorção das partículas e, portanto, da estrutura
do solo (HILLEL, 1998; TUCCI, 1993).
Os conceitos de capacidade de campo (CC) e do ponto de murcha
permanente (PMP) foram inicialmente introduzidos por Veihmeyer e Hendrikson
(1927), a partir de pesquisas realizadas no período de 1950-1980, em que
objetivavam correlacionar a distribuição do tamanho de partículas, a densidade do
solo e o teor de matéria orgânica com o conteúdo de água na CC (sucção de 33
kPa), PMP (sucção de 1500 kPa) e conteúdo de água disponível (AD) (da COSTA,
2012).
Para Reichardt (1990) a redistribuição da água no solo cessa do ponto de
vista prático, no ponto denominado capacidade de campo (CC). Ottoni, 2005, relata
que entre os primeiros conceitos para a CC o principal foi o de Veihmeyer e
Hendrickson (1931, 1949):

Quantidade de água retida pelo solo depois que o excesso tenha drenado e
a taxa de movimento descendente tenha decrescido acentuadamente, o que
geralmente ocorre dois a três dias após de uma chuva ou irrigação em solos
permeáveis de textura e estrutura uniforme.

O processo de perda de água pelo solo, por sua vez, ocorre através de um
processo contínuo de absorção de água pelas raízes das plantas e evaporação
direta. Com a continuidade do processo, o solo tende a umidades muito baixas,
exigindo sucções altas e reduzindo o fluxo de água para as raízes. Para as plantas,
como a disponibilidade de água é inferior a necessária a demanda evaporativa plena
ou potencial, a planta murcha. A umidade do solo no qual a planta não reestabelece
a turgidez, mesmo quando colocada em atmosfera saturada por 12h é dita ponto de
24

murcha permanente (PMP), sendo comumente correspondida a um potencial de -15


atm (BERNARDO, 1995; VEIHMEYER e HENDRICKSON, 1948).
No solo a ação das forças de retenção da solução no solo é descrita pelo
potencial mátrico associando-as com as interfaces líquido-ar e sólido-líquido. A
relação entre a magnitude de sucção ao longo de uma camada de solo e sua
umidade volumétrica é dada pela curva de retenção de água no solo. Essa curva é
característica de solos não saturados e sua forma depende de características do
solo como a composição mineralógica, a distribuição granulométrica, a textura, a
estrutura e o índice de vazios. (DIAS, 2012; GUIZELINI, 2011; LIBARDI, 1995;
TUCCI, 1993).
A curva de retenção de umidade do solo constitui-se, também, de um método
de determinação indireta da umidade do solo. A medição da umidade em um solo
pode ser feita através de métodos diretos ou indiretos. O método gravimétrico é
considerado padrão para calibração e consiste na determinação do peso de água
perdido pelo solo depois de sua secagem a 105ºC. Nos métodos indiretos, a
umidade do solo é obtida através da medição de outra propriedade influenciada ou
relacionada a uma função ao conteúdo de água no solo. (McGARRY, 2006;
WALKER et al, 2004; WISLER, 1959). Para Hillel, 1998, os métodos mais usuais
são: blocos de resistência elétrica e as sondas de nêutrons, as que utilizam o
princípio da absorção de raios gama e as que usam a técnica da reflectometria de
retorno do tempo (TDR).
Considerando os métodos indiretos de medição, o ideal seria o que utilizasse
uma propriedade física do solo ou uma característica altamente correlacionada ao
seu teor de água. A técnica de reflectometria de retorno do tempo nesse traz a
possibilidade de medição dessa propriedade de forma confiável e direta no campo
(da SILVA e GERVÁSIO, 1999). Por apresentar as vantagens citadas e em razão
de sua disponibilidade, utilizou-se essa técnica, nesse trabalho.

2.2.3.1 A técnica TDR (Reflectometria do Domínio do Tempo)

As primeiras pesquisas usando o método no Brasil foram de Herrman Junior


(1993) e o de Tommaselli & Bacchi (1995). A determinação da umidade em tempo
real por esta técnica é não destrutiva, permitindo a continuidade e automação na
coleta dos dados. Há também a facilidade de se poder levantar e armazenar os
25

dados de umidade do solo em diferentes profundidades e intervalos de tempo. A


técnica traz por desvantagens a dependência dos atributos físicos e químicos do
solo, a calibração trabalhosa e o elevado custo do equipamento. (COELHO et al,
2005; dos SANTOS, 2012; TOMMASELLI e BACCHI, 2001).
Hillel (1998) define o método como relativamente novo e baseado nos
habituais valores altos apresentados pela constante dielétrica da água. Uma
substância dielétrica em geral não conduz eletricidade, mas quando colocada entre
duas substâncias carregadas (os capacitores), permite-se o seu deslocamento. A
velocidade de propagação deste pulso no meio é função da constante dielétrica. No
solo, a constante dielétrica da água é muito superior a de outros constituintes, como
ar e partículas minerais e sua velocidade de deslocamento é controlada pelo
conteúdo de água no solo, permitindo o seu cálculo. (de LACERDA, et al, 2005;
HILLEL, 1998; MEDEIROS et al, 2007; TOMMASELLI e BACCHI, 2001).
A relação entre a umidade volumétrica e a constante dielétrica da água foi,
primeiramente determinada por Topp et al., (1980):

, (3)

em que: é a umidade volumétrica do solo ( ) e Ka é a constante


dielétrica aparente (adimensional) em meio poroso.
O modelo proposto por Topp et al, (1980) baseia-se apenas na hipótese de
que o conteúdo de água no solo dependa apenas de sua constante dielétrica,
tratando-se, portanto, de um modelo empírico (TOMMASELLI e BACCHI, 2001). Or
e Wraith (1997) afirmam que os baixos valores da constante dielétrica do ar e da
matriz sólida, tornam o método pouco sensível à textura e estrutura do solo. Topp et
al, (1980) foram de encontro a isso, embora tenham encontrado limites em que a
constante dielétrica aparente do solo não foi fortemente sensível para algumas
propriedades do solo.
Segundo Cichotta (2004) a calibração tem se mostrado como ponto crítico no
uso do TDR, pois as proposições são várias e nenhuma é passível de uso sem uma
verificação específica para cada solo ou situação de uso. Interferem na variabilidade
desde variações do tipo de solo como densidade, granulometria e mineralogia, como
26

a variação das hastes e do modo como são instaladas, entre outros fatores ou,
ainda, de sua combinação.
Ponivski et al, (1999) relataram que a equação se ajustou bem para alguns
solos e em outros trabalhos com solos orgânicos e de textura fina a relação entre a
constante dielétrica e o conteúdo volumétrico de água diferiram do dado pela
equação universal de Topp et al., (1980). Os autores justificaram essa diferença pelo
aumento de uma película de água no entorno das partículas desses solos com
constante dielétrica diferente da água livre. Para os autores Milani, et al, (1998) o
modelo polinomial cúbico foi mais eficiente para latossolo e para Tommaselli e
Bacchi, (1997) para Areia Quartzoza, Latossolo Vermelho-Amarelo, Latossolo
Vermelho-Escuro, Podzólico Vermelho-Amarelo, Terra Roxa Estruturada.
Em contrapartida, a calibração denominada universal e proposta por Topp et
al., (1980) tem sido confirmada por vários autores. Todorodoff e Langellier, (1998)
afirmam, após a análise da eficiência de sua calibração, que a equação universal é
útil para análise rápida da maioria dos solos, havendo, para os solos estudados,
apenas uma ligeira perda de precisão em relação a modelos de calibração
experimentais. Ponizovky et et al., (1999) analisaram a calibração de solos de
diferentes texturas, a partir de modelos publicados e concluíram que os mesmos não
possuem parâmetros suficientes de ajuste para algumas das texturas estudadas,
embora tenham sido eficientes para outras. Patterson e Smith, (1981) obtiveram a
mesma conclusão, em solos siltosos e argilosos, em presença constante de neve.
Isto vem de encontro ao trabalho de Topp et al.,(1980) que afirmam que
características do solo como textura, densidade, estrutura, teor de sais e
temperatura, não interferem na medição do conteúdo de água com o TDR,
sugerindo ser desnecessária a calibração em diferentes tipos de solos.

2.2.4 Escoamento superficial

O escoamento superficial inicia quando a taxa precipitada excede a


capacidade de infiltração, percorrendo as depressões do terreno e suprindo as
demandas iniciais de armazenamento superficial dessa no solo. Em fase seguinte,
há a formação de canais subterrâneos, por onde a água percorre, estabilizando-se
no seu encontro com cursos d’água (WISLER, 1959). O escoamento pode ser divido
em superficial, que representa o fluxo sobre a superfície do solo e pelos seus
27

múltiplos canais; subsuperficial, que é definido por alguns autores como o fluxo que
se dá junto às raízes dos vegetais, nas camadas superficiais do terreno e;
subterrâneo, que é o fluxo devido à contribuição ao aquífero (TUCCI, 1993).
O fluxo superficial da água é influenciado por dois conjuntos inteiramente
diferentes de fatores, dependentes do clima e da fisiografia da bacia. Os fatores
climáticos incluem a intensidade e duração da chuva. Quanto mais intenso o evento
de chuva, mais rápido o solo atingirá a sua capacidade de infiltração e quanto mais
tempo persistir, mais oportunidade haverá para o escoamento. Outro ponto a ser
destacado é a ocorrência de precipitação antecedente, o que favorece o
escoamento. Os fatores relacionados à fisiografia da bacia mais importantes são a
área, a forma, a permeabilidade, a capacidade de infiltração e a topografia da bacia.
A área relacionada à quantidade de água captada, enquanto a permeabilidade do
solo limita o escoamento, pois quanto mais água for absorvida, um menor volume
será escoado. (VILLELA, 1977; WISLER, 1959).
As condições de superfície do solo, constituição geológica e interferência
humana são também fatores de influência sobre o escoamento na bacia. Nas bacias
rurais a infiltração do solo é influenciada pela presença da vegetação, já nas bacias
urbanas a impermeabilização do terreno e a presença de esgotos pluviais são
elementos modificadores do escoamento superficial (MANTOVANI et al., 2013;
TUCCI, 1993).
A análise da chuva e escoamento superficial é realizada primeiramente para
determinar o formato da curva de capacidade de infiltração e a relação entre o
armazenamento superficial e a taxa de escoamento. As informações obtidas a partir
dessa análise podem ser usadas para sintetizar o hidrograma, um gráfico que
representa as flutuações do fluxo de um curso d’água em determinado tempo. Essa
representação é o resultado do processo de runoff, que inclui, além do escoamento
superficial: a água precipitada na bacia que compõe o curso d’água e a advinda de
seus tributários, do fluxo subterrâneo e a infiltrada que percorreu ou percorrerá
caminhos até chegar nesse (TUCCI, 1993; WISLER, 1959).
O monitoramento deste fluxo, ou seja, a medição da vazão, normalmente
envolve um registro contínuo do nível da água ou a sua variação acima de um nível.
A partir desses registros é estabelecida uma relação entre nível da água e a vazão
(curva-chave) e, por último, a transformação desse registro de nível em vazão
(MOSLEY e MCKERCHAR, 1993).
28

O linígrafo registra os dados de nível automaticamente, gravando ao longo do


tempo as suas variações permitindo registrar eventos significativos de curta duração
que ocorrem especialmente em bacias de pequenas áreas (TUCCI, 1993).
Nesse trabalho, o termo utilizado para a vazão será escoamento fluvial,
comportando as contribuições de outros escoamentos, além do superficial.
29

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

Este estudo foi desenvolvido na bacia do Arroio Cancela, afluente do arroio


Cadena, localizada entre as coordenadas ―53º47’1,71‖ e 53º48’32,44‖ de longitude
oeste e 29º41’20,41‖ e 29º42’16,41‖ de latitude sul, perfazendo uma área de 2,7 km2,
em região urbana de Santa Maria, RS.
O município de Santa Maria, RS, possuía 260.031 habitantes em 2010,
segundo o Censo Demográfico do IBGE. O clima é classificado por Köppen como
Cfa, subtropical úmido com verões quentes e sem estação seca definida, a
temperatura média anual é de 19,2°C, os ventos predominantes são dos quadrantes
E (Leste) e de ESSE (Leste-Sudeste). A precipitação média anual é de 17124 mm
(HELDWEIN, et al., 2009). A vegetação é composta, basicamente por campos
limpos e a floresta estacional decidual que cobre as escarpas da Serra Geral e
vários morros situados na Depressão Central (LONGHI et al, 2000).
A bacia do Arroio Cancela foi monitorada em 3 estações, descritas a seguir,
com suas coordenadas geográficas de longitude e latitude, respectivamente:

 CACISM : 53°48’1,41‖ W e 29º42’5,5‖S;


 CERRITO: 53º42’7,2‖ W e 29º47’21,9‖S;
 DAER: 53º48’ 9,4‖ W e 29º41’38,5‖ S;

A altitude dos pontos é de 96 m no ponto CACISM, 166 m no ponto Cerrito e


145 m no ponto DAER. A figura 2 traz a localização da bacia do Cancela com os
pontos de monitoramento e equipamentos utilizados:
30

Figura 2– Localização da bacia em estudo e os pontos de monitoramento

Os pontos CACISM, Cerrito e DAER, são representativos dos tipos de solo


predominantes da bacia e escolhidos de acordo com o mapa de solos da bacia
(figura 3). O mapa foi confeccionado a partir da compilação da classificação dos
solos de Levantamento de solos do município realizado por PEDRON et al, (2008)
usando o Sistema Brasileiro de Classificação de solos proposto pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) em 2006. A figura 3 detalha os
solos presentes na bacia e destaca os tipos de solos presentes nos pontos
monitorados.
31

Figura 3–Mapa de solos da bacia do arroio Cancela até a sessão de monitoramento


de vazões, com os pontos CACISM, Cerrito e DAER.

A tabela 1 discrimina os solos presentes nos três pontos monitorados de


acordo com a classificação proposta pela Embrapa, em 2006:

Tabela 1–Tipos de solo de acordo presentes nos pontos monitorados de com


classificação proposta por Pedron et al, (2008):

Símbolo Classe de solo


CACISM SXd 1 Planossolo Háplico Distrófico gleissólico
Cerrito PBA Cal 2 Argissolo Bruno-Acinzentado Alítico abrúptico
DAER PAal 4 Argissolo Amarelo Alítico típico

3.2 Caracterização físico-hídrica da bacia

Para a caracterização físico-hídrica dos solos, foram coletadas amostras não


deformadas nas proximidades dos pontos de medição de umidade de solo, nas
profundidades de 20, 40, 60 e 80 cm e as amostras enviadas ao Sistema Irriga,
32

vinculado a Universidade Federal de Santa Maria, para realização de análises de


densidade do solo, densidade de partículas, porosidade do solo e dados para a
obtenção das curvas de retenção de umidade do solo. Para a coleta foram
utilizados anéis com dimensões médias de 5 e 3 cm de diâmetro e altura,
respectivamente. As determinações analíticas foram realizadas seguindo
recomendações da EMBRAPA, 1997. A análise granulométrica foi feita para as
mesmas profundidades, no Laboratório de Física do solo, também vinculado a
instituição de ensino, utilizando a metodologia contida no boletim nº 7 do Ministério
da Agricultura (VETTORI, 1969). A classe textural foi determinada seguindo a
metodologia proposta pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo.
As curvas de retenção de umidade do solo, para as mesmas profundidades,
em cada um dos pontos, foram determinadas pela técnica da mesa de tensão, sobre
a qual, foram primeiramente saturadas e, ajustando-se colunas de água de 10 e 60
cm abaixo da mesa, obtendo-se as tensões de 1 e 6 KPa se provocou a drenagem
da água retida nos poros do solo, através de sucção provocada pelo vácuo formado
(EMBRAPA, 1997).
A seguir as amostras foram submetidas à técnica da panela de pressão de
Richards, sistema constituído de panela de pressão, placa cerâmica porosa e
equipamentos de produção e controle de pressão, dentro das quais se utilizou as
tensões de 10, 33 e 100 KPa. (RICHARDS, 1965).
Para a determinação da curva de retenção de umidade do solo na faixa de
500 a 1500 KPa foi utilizado o psicrômetro de termopar, denominado WP4 (dewpoint
potentiometer da Decagon). O sistema é composto por uma gaveta que conduz uma
amostra de solo úmido para dentro de uma câmara dentro da qual a umidade se
equilibra com o potencial da água no solo e é medida através de sensores de
temperatura do tipo termopar (COLLARES, et al, 2002).
Para a obtenção do peso as amostras foram secas em estufa a 105ºC por 24
horas (EMBRAPA, 1997).
Após a obtenção das curvas foram ajustadas usando a equação a seguir,
proposta por van Genuchten,(1980):

⌊ ( | |) ⌋
, (4)
33

Em que é o conteúdo volumétrico de água (cm3/cm3); s é o conteúdo de


água no ponto de saturação do solo (cm3/cm3); r o conteúdo de água residual
(cm3/cm3); é o potencial matricial (kPa);  n e m são os parâmetros empíricos da
equação.
A água disponível no solo foi obtida através da equação 5 :

( ) ( ) , (5)

Em que: AD é água disponível (%); a umidade na capacidade de campo


(CC) a uma tensão de 10 Kpa e o valor da umidade no ponto de murcha
permanente (PMP) medido a tensão de 1500 Kpa, ambos em %.

3.3 Caracterização física e uso do solo na bacia

Os mapas de rede de drenagem, de relevo e de uso do solo na bacia foram


feitos utilizando-se imagens do software Google Earth Pro de abril de 2014,
processadas com o software ArcGis 10.1. As figuras 4,5 e 6 trazem os mapas da
rede de drenagem, do modelo numérico do terreno e do uso e ocupação da terra na
bacia.

Figura 4 – Rede de drenagem do arroio Cancela até a sessão de monitoramento de


vazões
34

Figura 5–Modelo Numérico do terreno da Bacia do arroio Cancela

Figura 6– Uso e ocupação do solo na bacia com imagens do Google Earth Pro de
abril de 2014.
35

A tabela a seguir discrimina as áreas e a percentagem de cada tipologia de


uso do solo para a bacia do Arroio Cancela.

Tabela 2- Uso do solo na bacia do Arroio Cancela, obtido com imagens do software
Google Earth Pro de abril de 2014:
Classes de uso do solo Área (ha) Percentual (%)
Edificações e ruas 136,092 51,028
Solo exposto 0,068 0,025
Água 2,725 1,022
Floresta 113,824 42,679
Campos e gramados 13,99 5,246

3.4 Disposição dos equipamentos nos pontos monitorados

Para a aquisição de dados climáticos referentes à evapotranspiração instalou-


se, no ponto CACISM uma estação meteorológica que realiza a medição de direção
e velocidade do vento, temperatura e umidade relativa do ar a cada 10 minutos.
As figuras 7 e 8 mostram a estação meteorológica em fase anterior a
instalação e em funcionamento, respectivamente.

Figuras 7 e 8 – Estação Meteorológica, em fase de pré-instalação, em sua


composição completa e em funcionamento
36

Para a obtenção dos dados de conteúdo volumétrico de água no solo foram


instalados tubos de acesso de 1,0 m de profundidade. A sonda TDR disponibilizava
a umidade volumétrica utilizando a equação universal de Topp et all (1980).
A sonda TDR utilizada, da marca Imko, modelo PICO-IPH-T3 está ilustrada na
figura 9 que traz um esquema da simulação da medição dos dados e seu envio via
Bluetooth para um computador de mão Palm PC e o display do aparelho com as
variáveis em medição:

Figura 9– Esquema do perfil do solo em medição e envio dos dados para Palm PC
(a) e display do aparelho com variáveis em medição (FONTE: Imko, 2012)

Nas adjacências do tubo de acesso foram instalados pluviômetros. No ponto


de monitoramento Cerrito foi instalado um pluviômetro de peso, nos pontos CACISM
e DAER foram instalados pluviômetros de báscula. No ponto CACISM o pluviômetro
compunha o conjunto da estação meteorológica. A figura 10 mostra a panorâmica
dos pontos Cerrito e DAER e o local de instalação do tubo de acesso em CACISM.
37

Figura 10– Panorâmica do local de instalação do tubo de acesso da sonda e


pluviômetro nos três pontos monitorados (a) Cerrito (b) DAER e (c) CACISM

No ponto CACISM já havia instalado um linígrafo eletrônico, de bóia, com


data-logger, programado para registro de nível a cada minuto, sempre que o nível de
água sofrer variação de 5 mm. A figura 11 mostra a seção do arroio em que o
linígrafo estava instalado:

Figura 11 – Vista geral da seção de medição de vazão


38

3.5 Monitoramento das variáveis hidrológicas envolvidas no estudo

3.5.1 Armazenamento de água no solo, precipitação e escoamento fluvial

O monitoramento das variáveis para o balanço hídrico foi realizado no período


de 02 de maio a 07 de novembro de 2014.
A umidade do solo, obtida a partir da equação universal de Topp et al, 1980,
foi medida nas profundidades de 20, 40, 60 e 80 cm, prioritariamente a cada 7 dias.
Outros intervalos entre as coletas foram determinados pela ocorrência de chuvas ou
outros impedimentos.
No período de 12 a 26 de junho de 2014 foram realizadas coletas diárias da
umidade do solo a fim de monitorar a variável entre dois eventos de chuva.
O armazenamento de água no solo foi obtido pelas médias entre a
profundidade seguinte e a anterior, dentro do perfil. A variação do armazenamento
de água no solo (ΔΑ) foi obtida a partir da equação 6, proposta por Libardi (2000):

( ) , (6)

Em que L representa a camada de solo ou intervalo de profundidade entre as


médias, o conteúdo de água no solo à base de volume médio no instante final
(m-3.m-3) e o conteúdo de água no solo à base de volume médio no instante inicial
(m-3.m-3).
A precipitação foi obtida a partir dos pluviômetros instalados nos pontos
Cerrito e DAER. A série medida no ponto CACISM não foi utilizada por não
apresentar consistência em relação à série ―Planalto‖, monitorada pelo grupo de
pesquisa também na bacia do arroio Cancela e a série do INMET, localizada no
município de Santa Maria, RS, para o período.
O ponto DAER apresentou falha na série entre 15/05/2014 e 23/07/2014, que
foi preenchida através do uso de equação de regressão obtida entre o restante da
série e a do ponto Cerrito. O período total preenchido estendeu-se para 02/05/2014
a 05/08/2014, por se observar que os períodos anterior e posterior a ausência de
dados não representavam a precipitação no ponto. A equação 7 traz a equação
utilizada, que apresentou 94,78% de coeficiente de determinação ( ):
39

(7).

O escoamento superficial e subterrâneo foi obtido, para cada período, através


da média dos dados obtidos com o linígrafo eletrônico, aliadas as curvas-chave. A
curva-chave utilizada foi proposta por dos SANTOS (2014) para cotas entre 0,10 e
1,5 m:

( ) (8)

Em que H representa o nível medido, em m e Q a vazão, m3/s, posteriormente


convertida para mm para o balanço hídrico.

3.5.2 Evapotranspiração

A evapotranspiração de referência foi calculada pelo método de Penman-


Monteith-FAO, publicada no Boletim 56 (1998), que requer dados climáticos diários.
As variáveis umidade relativa, temperatura e pressão atmosférica do ar
usadas foram medidas na estação meteorológica do ponto CACISM. A radiação
solar incidente para todo período e dados de velocidade do vento a partir de
setembro foram adquiridos, com precisão horária, da estação meteorológica
automática A803, pertencente à rede do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET),
localizada no campus da Universidade Federal de Santa Maria.
Os dados de velocidade do vento e insolação foram obtidos da Estação
Climatológica Principal de Santa Maria (estação convencional), também do INMET.
Os dados de velocidade do vento para todo período e de insolação entre 23/09/2014
e 16/10/2014 (falha na série de dados da estação automática) foram medidos nos
horários das 00 h, 12 h e 18 h de Greenwich (Universal Time Coordinated – UTC).
Para a obtenção da radiação solar incidente a partir da insolação usou-se as
equações a seguir, propostas por Buriol et al, (2012) para setembro e outubro,
respectivamente:

( ), (9)

( ), (10)
40

Em que Rs é a radiação solar incidente (MJm-2dia-1), Ra é a radiação solar no


topo da atmosfera (MJm-2dia-1) e N é o comprimento do dia, em horas. A equação a
seguir, proposta por Ometto (1981) foi usada para a obtenção do comprimento do
dia (N):

( ) . (11)

Sendo a latitude do local e a declinação solar.


Os cálculos pertinentes à declinação solar e à radiação solar no topo da
atmosfera serão discriminados a seguir, pois compõe as etapas necessárias para a
obtenção da evapotranspiração (saldo de radiação diário).

3.5.2.1 Roteiro de cálculo da evapotranspiração de referência por Penman-Monteith-


FAO (1998):

A circular técnica nº 65, 2006, da Embrapa Uva e Vinho, traz o roteiro de


cálculo discriminado a seguir.
A estimativa da evapotranspiração de referência (ET o) foi feita através da
equação 12, descrita por Allen et al, (1998) :

( ) ( )
( )
, (12)
( )

Em que:
 ―ETo‖ é a Evapotranspiração de referência (mm/dia);
 ―Δ” é a declividade da curva de pressão de vapor em relação à temperatura
(kPaºC-1),
 ―Rn” é a radiação líquida a superfície do solo (MJm-2dia-1);
 ―G‖ é o fluxo total diário de calor no solo (MJm-2dia-1);
 " "é o coeficiente psicrométrico (kPaºC-1);
 ―Tmed‖ é a temperatura média do ar (ºC);
 ―es‖ é a pressão de saturação de vapor (KPa);
41

 ―ea‖ é a pressão atual de vapor (KPa);


 ―U2‖ é a velocidade do vento a 2m da superfície (m.s-2).

O termo ――Δ” foi obtido pela equação a seguir:


0 . /1
. (13)
( )

O termo ―G‖, o fluxo total diário de calor no solo (MJ.m-2dia-1) não foi utilizado,
o que é justificável para Allen et al, (1998) já que habitualmente encontram-se
baixos valores em escala diária.
O coeficiente psicrométrico " " foi obtido pela equação 14 utilizando-se da
pressão atmosférica local (KPa), medida na estação meteorológica da CACISM:

= 0,665 x10-3 Patm . ( 14 )

A expressão ―es-ea‖ é denominada défict de saturação e seus valores foram


obtidos pelas equações:

es=0,6108 exp 0 1, (15)

ea= , (16)

Em que UR é a umidade relativa do ar (%).

3.5.2.1.1 Balanço de radiação

Balanço de radiação de ondas curtas

O termo ―Rn”, radiação líquida a superfície do solo (MJm-2dia-1), é a diferença


entre radiação solar global de e a radiação solar global ondas curtas (Rns) e de
ondas longas (Rnl) (equação 17):

Rn=Rns –Rnl . (17)


42

O valor de Rns foi obtido com a equação:

Rns= (1-α) Rs , (18)

em que α é o albedo, para o qual se adotou o valor de 0,23 (com a grama


para cultura de referência) e Rs é a radiação solar incidente (MJm-2dia-1).

Balanço de radiação de ondas longas

A equação a seguir foi usada para a obtenção do saldo de radiação de ondas


longas (Rnl ):

( ) ( )
0 1( √ )( ) , (19)

em que:
 O termo ―σ‖ refere-se a constante de Stefan-Boltzmann, com o valor de
4,903 x 10 MJm-2dia-1;
-9

 ―Tmáx‖ e ―Tmín‖ referem-se as temperaturas máxima e mínima do dia,


respectivamente, em ºC;
 ―Rso‖é radiação solar incidente na ausência de nuvens (MJm-2dia-1).

A radiação solar incidente foi estimada pela equação:

( ) . (20)

Com z referente à altitude de 103 m (estação automática) e à radiação


-2 -1
solar no topo da atmosfera (MJm dia ) que foi estimada a partir da equação 21:

, ( ) ( ) ( ) ( ) ( )- , (21)
43

O item ―φ‖ representa a latitude em radianos,‖ ‖ a declinação solar , ―ωs‖ o


ângulo horário ao nascer do sol e dr a distância inversa relativa entre a terra e o sol,
em radianos.

. / , (22)

Em que ―J‖ é o dia Juliano.


A equação 23 foi usada para cálculo da declinação solar:

. / . (23)

O ângulo horário ao nascer do sol foi calculado pela equação 24:

, ( )- , ( )-
2 3 . (24)

O termo X0,5 foi calculado pela equação:

*, ( )- , ( )- + . (25)

3.5.3 Cálculo do Balanço Hídrico

O balanço hídrico foi realizado em escala semanal para a bacia hidrográfica.


A precipitação média na bacia foi calculada pela média entre as medidas nos pontos
Cerrito e DAER e o armazenamento médio foi obtido pela ponderação dos valores
obtidos nos três pontos pela área representada por esses na bacia. O escoamento
fluvial e a evapotranspiração foram obtidos através de parâmetros mensurados no
ponto CACISM e tidos como representativos à área total.
A equação utilizada para o balanço hídrico foi a Eq. 26, apresentada seguir:
P - ETP-ESC = ΔA, (26)

Em que P é a precipitação, ETP a evapotranspiração de referência, ESC o


escoamento fluvial e ΔA a variação de armazenamento de água no solo.
44

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização físico-hídrica dos solos da bacia

A tabela 3 apresenta a granulometria e classe textural, enquanto que a tabela


4, a densidade do solo e da partícula, a macro, micro e porosidade total dos solos
presentes nos pontos CACISM, Cerrito e DAER.

Tabela 3– Granulometria (%) e classe textural do solo nos pontos CACISM, Cerrito e
DAER.
CACISM
Granulometria (%) Classe Textural
Areia Grossa Areia Fina Silte Argila
Profundidades (2-0,2mm) (0,2-0,05mm) (0,05-0,002 mm) (<0,002mm)
20 cm 2,84 37,07 46,03 14,06 Franco
40 cm 1,4 38,77 48,75 11,08 Franco
60 cm 0,41 52,66 38,35 8,58 Franco Arenoso
80 cm 4,06 43,24 41,78 10,92 Franco
Cerrito
Granulometria (%) Classe Textural
Areia Grossa Areia Fina Silte Argila
Profundidades (2-0,2mm) (0,2-0,05mm) (0,05-0,002 mm) (<0,002mm)
20 cm 12,45 61,71 14,93 10,90 Franco Arenoso
40 cm 7,91 70,11 13,87 8,11 Franco Arenoso
60 cm 10,31 51,88 19,37 18,44 Franco Arenoso
80 cm 12,31 49,56 15,55 22,58 Franco Argilo Arenoso
DAER
Granulometria (%) Classe Textural
Areia Grossa Areia Fina Silte Argila
Profundidades (2-0,2mm) (0,2-0,05mm) (0,05-0,002 mm) (<0,002mm)
20 cm 11,88 20,34 52,51 15,27 Franco siltoso
40 cm 2,06 6,23 79,72 12,00 Franco siltoso
60 cm 2,37 10,15 76,57 10,92 Franco siltoso
80 cm 1,81 9,60 79,30 9,29 Franco siltoso
45

Tabela 4– Densidade do solo e da partícula (g/cm3), Macroporosidade,


microporosidade e porosidade (%) para os pontos CACISM, Cerrito e DAER nas
profundidades de 20,40, 60 e 80 cm:
CACISM
Profundidades Densidade (g/cm3) Porosidade (%)
Solo Partícula Macro Micro Total
20 cm 1,17 1,81 12,66 42,02 54,68
40 cm 1,46 2,13 10,88 35,33 46,20
60 cm 1,36 2,01 12,27 35,17 47,44
80 cm 1,44 2,04 9,23 32,55 41,78
Cerrito
Profundidades Densidade (g/cm3) Porosidade (%)
Solo Partícula Macro Micro Total
20 cm 1,46 2,18 16,34 32,28 48,62
40 cm 1,61 2,21 9,98 27,47 37,45
60 cm 1,53 2,24 11,76 34,97 46,73
80 cm 1,56 2,20 13,13 28,32 41,45
DAER
Profundidades Densidade (g/cm3) Porosidade (%)
Solo Partícula Macro Micro Total
20 cm 1,35 2,02 15,92 33,70 49,63
40 cm 1,34 2,02 18,23 32,75 50,98
60 cm 1,32 1,95 17,28 30,81 48,09
80 cm 1,43 2,14 10,53 38,83 49,36

Para os três pontos amostrados, em ambientes diferenciados, com ou sem


presença de antropização (modificação das condições iniciais do tipo de solo), foram
observadas diferentes classes texturais, predominando solo franco para a CACISM,
Franco Arenoso para o ponto Cerrito e Franco siltoso para o ponto DAER. As
variações da granulometria no perfil (tabela 3) serão analisadas e discutidas no item
4.2.4 para as medições de umidade do solo prioritariamente semanais.
A densidade do solo e da partícula observada no perfil, no ponto CACISM,
são inferiores nas profundidades de 20 e 60 cm e maiores nas de 40 e 80 cm,
comportamento apresentado também para a porosidade. No ponto Cerrito, a
densidade do solo foi menor a 20 cm, seguida de 60, 80 e 40 cm; os valores de
macroporosidade foram maiores a 20 cm e crescentes entre as profundidades de 40
e 80 cm; a microporosidade apresentou valores percentuais menores para 40 e 80
cm e maiores para 20 e 60 cm. No ponto DAER a densidade do solo foi maior a 80
cm e variou pouco para as outras profundidades; a macroporosidade apresenta
46

valores menores a 80 e 20 cm, respectivamente, e crescentes entre 60 e 40 cm; a


microporosidade foi menor a 60 cm, seguida por 40, 20 e 80 cm.
A tabela 5 apresenta a umidade volumétrica para a capacidade de campo
(CC), ponto de murcha permanente (PMP) e água disponível para as profundidades
especificadas:

Tabela 5– Capacidade de Campo, Ponto de Murcha Permanente e Água disponível


(%) para os pontos CACISM, Cerrito e DAER nas profundidades 20, 40,60 e 80 cm:
CACISM

Profundidades CC (%) PMP (%) AD (%)

20 cm 39,64 13,57 26,07

40 cm 33,39 16,93 16,47

60 cm 33,09 12,66 20,43

80 cm 30,79 13,12 17,68

Cerrito

Profundidades CC (%) PMP (%) AD (%)

20 cm 21,19 7,03 14,16

40 cm 21,78 5,47 16,31

60 cm 30,16 13,46 16,70

80 cm 22,91 7,47 15,44

DAER

Profundidades CC (%) PMP (%) AD (%)

20 cm 29,82 7,03 22,79

40 cm 29,19 5,47 23,71

60 cm 26,83 13,46 13,38

80 cm 37,31 7,47 29,84


47

A umidade volumétrica na capacidade de campo no ponto CACISM é maior


na profundidade de 20 cm (39,64%), decrescendo gradativamente até 80 cm no
perfil; para o ponto Cerrito foi maior na profundidade de 60 cm (30,16%), sendo
seguida de 80, 40 e 20 cm; no ponto DAER apresentou valores semelhantes entre
20 e 60 cm e maiores a 80 cm (37,31%). Os valores de ponto de murcha
permanente foram maiores nas profundidades de 40 cm para o ponto CACISM
(16,93%) e 60 cm, apresentando, nesses pontos, o valor de 13,46%. Os maiores
valores de água disponível foram observados a 20 cm no ponto CACISM (23,07 %),
60 cm no ponto Cerrito (16,70 %) e 80 cm no ponto DAER (29,84%).
A evolução da umidade volumétrica no processo de dessaturação do solo nos
pontos, nas profundidades especificadas, é melhor observada nas curvas de
retenção de umidade do solo, apresentadas a seguir, na figura 12.
Analisando as curvas de retenção de umidade do solo nos três pontos,
verifica-se que para o ponto CACISM, a evolução do processo de dessaturação foi
mais uniforme no perfil, distinguindo-se no perfil na profundidade de 20 cm, com
maior macroporosidade, de 12,66 %, o que favorece a infiltração de água no solo,
havendo mais água disponível no solo e, assim, mais facilmente extraída a tensões
menores. Nos pontos Cerrito e DAER a maior percentagem encontrada para a
microporosidade justificou o comportamento diferenciado das profundidades de 60 e
80 cm, respectivamente, (34,97 e 38,83 %) dificultando a perda de água a tensões
maiores.
48

(a)
20 cm 40 cm 60 cm 80 cm
Umidade Volumétrica (%)
60
50
40
30
20
10
0
1 6 10 33 100
Potencial Matricial (KPa)

(b)
20 cm 40 cm 60 cm 80 cm
Umidade Volumétrica (%)

50
40
30
20
10
0
1 6 10 33 100
Potencial Matricial (kPa)

(c)
20 40 60 80
Umidade Volumétrica (%)

50
40
30
20
10
0
1 6 10 33 100
Potencial Matricial (KPa)

Figura 12: Curvas de retenção da umidade do solo nos pontos CACISM (a),
Cerrito (b) e DAER (c) nas profundidades de 20, 40, 60 e 80 cm.
49

4.2 Análise das variáveis envolvidas no balanço hídrico

4.2.1 Precipitação

A figura 13 apresenta as precipitações mensais observadas nos pontos


Cerrito e DAER para o período de maio a novembro de 2014 relacionadas às
normais climatológicas para o período de 1961-1990 para o município de Santa
Maria, RS (CPTEC/INPE).

Cerrito DAER Normais Santa Maria-RS

350

300

250
Precipitação (mm)

200

150

100

50

0
MAI JUN JUL AGO SET OUT
Tempo (mês)

Figura 13– Precipitação mensal para os pontos Cerrito e DAER para o período de
maio a novembro de 2014 e as normais climatológicas observadas entre 1961 e
1990 para o município de Santa Maria, RS (CPTEC/INPE).

O valor máximo mensal de precipitação foi observado no ponto Cerrito, no


mês de junho, com 304,4 mm, que apresentou também maior volume de
precipitação para os meses monitorados, com 1373,9 mm.
A precipitação medida foi maior que as normais climatológicas observadas
pelo INPE nos dois pontos para todo o período, com exceção do mês de agosto,
com 99,8 mm para o ponto Cerrito e 63,2 mm para o ponto DAER.
50

O padrão mostrado na precipitação mensal na bacia do arroio Cancela é,


segundo Buriol, et al (2009), típico da região do estado na qual está localizada, a
depressão central. Os autores observaram diferença entre as médias dos totais
anuais de precipitação pluviométrica de estações da bacia do Vacacaí (dentro da
qual a bacia estudada está inserida), com valores menores que as ocorrentes em
estações localizadas próximas ao Rebordo do Planalto e no Planalto, justificando-a
aos movimentos convectivos do ar condicionados pelo relevo do local.
A figura 14 apresenta a precipitação para os pontos Cerrito e DAER, para o
período de 15 dias em que se monitorou a umidade do solo após um evento de
chuva, durante os dias de 12 a 26 de junho de 2014.

Cerrito DAER

25

20
Precipitação (mm)

15

10

0
22/jun
12/jun

13/jun

14/jun

15/jun

16/jun

17/jun

18/jun

19/jun

20/jun

21/jun

23/jun

24/jun

25/jun

26/jun

Datas

Figura 14-Precipitação diária nos pontos, observada no período de 15 dias de


monitoramento contínuo da umidade do solo, de 12 a 26 de junho de 2014.

O evento de chuva monitorado, em 13 de junho, apresentou a altura


pluviométrica de 23,3 para o ponto Cerrito. Em razão da existência de falha na
estação pluviométrica, a precipitação do ponto DAER foi estimada a partir do ponto
Cerrito, para o período de 15 dias. Com tal estimativa encontrou-se o valor
precipitado de 22,6 mm para o ponto DAER.
A precipitação para o dia 24 de junho para o ponto Cerrito e DAER foi de 6,8
e 6,4 mm. Nos dias 15 e 25 de junho as precipitações nos pontos DAER e Cerrito
foram de 23,3 e 22,6 mm e 21 e 20,3 mm, respectivamente.
51

A quinzena monitorada apresentou padrões diários de precipitação


semelhantes às relatadas por da Silva et al, (2007) para cidade de Santa Maria para
o inverno, com eventos mais frequentes e em menor quantidade, para os meses de
junho, julho e agosto mais que 50% das chuvas ocorridas têm altura menor que 5
mm.

4.2.2 Evapotranspiração

A evapotranspiração diária foi calculada através do método Penman-Monteith-


FAO (1998) através de dados de estações meteorológicas presentes na CACISM e
no Campus da UFSM (INMET). Os valores diários obtidos entre coletas para os três
pontos estão dispostos na figura 15, sendo relacionadas à precipitação nos pontos.
Os maiores valores de precipitação ocorreram entre 26/06/2014 e 03/07/2014
com 200,7 mm e 194,3 mm para os pontos Cerrito e DAER, respectivamente. Entre
16/09/2014 e 22/09/2014, foi registrado valor mínimo de chuva entre coletas para o
ponto Cerrito, com 0,4 mmm e entre 06/06/2014 e 12/06/2014 0,3 mm, para o ponto
DAER.
Para o período de 26/06/2014 a 03/07/2014 observou-se o menor valor
acumulado de evapotranspiração entre datas de coletas de umidade volumétrica do
solo, com 5,2 mm e o maior valor acumulado para evapotranspiração foi encontrado
no período de 23/10/2014 a 07/11/2014 (59,2 mm) (figura 15). Considerando os
valores mensais de evapotranspiração de referência, constantes na tabela 6 a
seguir, o menor valor encontrado, de 31,5 mm, para o mês de junho, está de acordo
com os menores valores encontrados, segundo da Mota (1966), para algumas
regiões do planalto e a depressão central do Rio Grande do Sul, que superam os 20
mm no mês de junho.
O valor de 108,5 mm encontrado para o mês de outubro, é bastante alto e
superior aos 74 mm estimados para evapotranspiração de referência por Buriol et al,
(2014) a partir de imagens SRTM e equações de regressão para a bacia do
Vacacaí, mas semelhantes aos medidos em estação convencional da INMET na
cidade de Santa Maria (96,4 mm). Para esse período, ainda primavera no hemisfério
sul, os valores da irradiância solar no topo da atmosfera já são mais altos, o que faz
com que uma porção da atmosfera receba mais energia por área e tempo
(SYPERREK, 2006).
52

Cerrito DAER Evapotranspiração

Evapotranspiração de referência (mm)


Precipitação entre coletas (mm)
250 0
10
200
20
150 30

100 40
50
50
60
0 70
02/05/2014
09/05/2014
20/05/2014
06/06/2014
12/06/2014
19/06/2014
26/06/2014
03/07/2014
10/07/2014
28/07/2014
05/08/2014
13/08/2014
23/08/2014
29/08/2014
05/09/2014
16/09/2014
22/09/2014
29/09/2014
09/10/2014
15/10/2014
23/10/2014
07/11/2014
Datas das coletas

Figura 15 – Precipitação nos pontos Cerrito e DAER e Evapotranspiração entre as


coletas semanais, entre 02/05/2014 e 07/11/2014

A evapotranspiração diária para o período de 15 dias de monitoramento da


umidade do solo após chuva está comparada a precipitação nos dois pontos para o
período, na figura 16:

Cerrito DAER Evapotranspiração Evapotranspiração de referência

40,0 4
Precipitação (mm)

30,0 3
(mm)

20,0 2

10,0 1

0,0 0
12/06/2014
13/06/2014
14/06/2014
15/06/2014
16/06/2014
17/06/2014
18/06/2014
19/06/2014
20/06/2014
21/06/2014
22/06/2014
23/06/2014
24/06/2014
25/06/2014
26/06/2014

Datas

Figura 16–Evapotranspiração diária calculada para os 15 dias de monitoramento


após chuva e a precipitação nos pontos Cerrito e DAER entre 12 e 26/06/2014. ET0
53

A taxa de evapotranspiração de referência diminuiu após a primeira chuva, de


em 13/06/2014, aumentando de 0,2 a 1,4 mm do dia 14/06/2014 até o dia
17/06/2014, dia posterior a uma chuva de baixa intensidade, de 3,5 mm, nos dois
pontos. Os valores tornam a decrescer até o dia 21/06/2014, com 0,5 mm,
aumentando para 1,3 mm até 23/06/2014, com a ocorrência de chuvas de baixa
intensidade, de 5,9 e 8,5 mm para o ponto Cerrito e 5,6 e 8,1 mm para o ponto
DAER para 22 e 23/06/2014, respectivamente. Entre 24 e 26/06/2014 a
evapotranspiração é menor, havendo também, aumento do volume precipitado em
relação ao período anterior.
A tabela 6 traz a evapotranspiração de referência mensal do período, entre os
meses de maio e outubro:

Tabela 6- Evapotranspiração de referência mensal calculada pelo método Penman-


Monteith-FAO (1998) para a bacia do arroio Cancela, de maio a outubro de 2014.
ETP referência (mm)
Maio 41,1
Junho 31,5
Julho 50,7
Agosto 73,4
Setembro 76,7
Outubro 108,5

Lemos Filho (2007) observou que, para o estado de Minas Gerais, os valores
mensais da evapotranspiração de referência foram decrescentes entre os meses de
janeiro a junho e crescentes de junho a dezembro, o que está de acordo com a
evapotranspiração de referência calculada para a bacia estudada (tabela 6). Os
autores Buriol et al, (2014) justificaram essa evolução ser consequência da variação
da temperatura, do comprimento do dia, da inclinação dos raios solares e da
demanda hídrica da atmosférica durante os meses do ano.

4.2.3 Escoamento Fluvial

A figura 17 relaciona a precipitação entre coletas para os pontos Cerrito e


DAER e o escoamento fluvial para o ponto CACISM, entre 02/05/2014 e 07/11/2014.
54

Cerrito DAER ESC

250,0

Escoamento Fluvial
Precipitação (mm)
200,0

(mm)
150,0

100,0

50,0

0,0
02/05/2014
09/05/2014
20/05/2014
06/06/2014
12/06/2014
19/06/2014
26/06/2014
03/07/2014
10/07/2014
28/07/2014
05/08/2014
13/08/2014
23/08/2014
29/08/2014
05/09/2014
16/09/2014
22/09/2014
29/09/2014
09/10/2014
15/10/2014
23/10/2014
07/11/2014
Datas das coletas

Figura 17- Precipitação nos pontos Cerrito e DAER e escoamento fluvial para o
ponto CACISM , entre as coletas semanais, entre 02/05/2014 e 07/11/2014.

O valor mínimo de escoamento no ponto CACISM foi encontrado para o


período de 06 a 12/06/2014, coincidindo com precipitação de 1,1 e 0,3 mm nos
pontos Cerrito e DAER, respectivamente.
Os maiores valores de escoamento foram registrados entre 26/06/2014 e
03/07/2014 e entre 10/07/2014 e 28/07/2014, apresentando 133,9 e 119,8 mm. O
primeiro período, com valor máximo de escoamento, ocorreu também os maiores
alturas de precipitação acumulada, com 200,7 e 194,3 mm para os pontos Cerrito e
DAER. Nesse período ocorre a mínima taxa de evapotranspiração de referência
acumulada, com 5,2 mm. No segundo período, as precipitações acumuladas foram
semelhantes, com 145,7 e 154,8 mm nos pontos Cerrito e DAER, respectivamente.
A variação do escoamento acompanhou a variação na precipitação e no mês de
agosto, os menores valores de precipitação acompanharam os menores valores de
escoamento para o período.
Para os meses de setembro e outubro as taxas de escoamento foram
menores que para o mês de julho, o maior valor foi encontrado para o início do mês,
entre 05/09/2014 e 16/09/2014, de 93,8 mm, acompanhando a variação da
precipitação acumulada de 141 e 143 mm nos pontos Cerrito e DAER. Em setembro,
55

período de menor escoamento ocorreu entre 16/09/2014 e 22/09/2014, com 19,8


mm, acompanhando uma precipitação pequena nos pontos, de 0,4 e 3,4 mm. Em
outubro entre 09/10/2014 e 15/10/2014, também houve uma queda no escoamento,
variando de 68,7 mm (período anterior) para 20,1 mm; variação também ocorrida na
precipitação, que variou, respectivamente, nos pontos Cerrito e DAER, de 87,9 e 94
mm, em período anterior a 09/10 para 16,8 e 21,8 mm, respectivamente nos
mesmos pontos, dessa data até 15/10/2014.
Conforme traz a figura 18, a relação entre o escoamento fluvial e a
precipitação entre períodos foi confirmada observando-se um coeficiente de
determinação de 90,51% e coeficiente de correlação de 0, 9514, em análise de
regressão. Utilizando mesma análise, Vestena e Lange Filho (2008) observaram
coeficiente de determinação de 54,59% e correlação de 0,76, com correlação
considerada satisfatória, em sua pesquisa sobre o balanço hídrico no rio Ernesto,
pertencente à sub-bacia do rio Ivaí. Os autores concluíram que o escoamento total
anual seguia de perto a tendência da precipitação, comprovando a pequena
capacidade regularizadora da bacia, justificando o comportamento pela ausência de
grandes lagos, áreas alagadiças e/ou aquíferos.

Relação entre o escoamento fluvial e a


Precipitação entre períodos
160
Escoamento Fluvial (mm)

140 y = 0,6873x + 13,024


120 R² = 0,9051

100
80
60
40
20
0
0,00 50,00 100,00 150,00 200,00
Precipitação (mm)

Figura 18- Análise de regressão entre a Precipitação e o Escoamento Fluvial entre


coletas
56

Evidenciando a relação do escoamento a outras variáveis hidrológicas e à


características geomorfológicas e sua cobertura vegetal, Bateira et al, (2007)
estudando 62 episódios de precipitação na bacia hidrográfica da Carriça, norte de
Portugal, verificou que sempre que houve precipitação se desenvolveu escoamento
superficial e ainda que nos episódios de curtas duração e intensidade muito fraca a
intensidade do escoamento também é muito fraca, enquanto que episódios de
precipitação de curta duração e intensidade muito baixa desenvolveram situações de
intensidade igualmente muito baixa. Os autores também relacionam o escoamento
com a capacidade de infiltração dos solos na bacia, observando que à medida que
aumentava a capacidade de infiltração de água no solo, as intensidades do
escoamento diminuíam.

4.2.4 Armazenamento de água no solo

A variação espacial dos solos na bacia do arroio Cancela confirma tendência


semelhante à descrita por Streck et al, (2008), que utiliza a classificação proposta
pela Embrapa, em 2006, em que os Argissolos Vermelhos Distróficos ocupam, na
depressão central, as cotas mais altas, os Argissolos Bruno-Acinzentados as áreas
de coxilhas e cotas intermediárias e os Planossolos Háplicos nas áreas planas de
várzeas.
Conforme pode ser observado na figura 5, que mostrou o Modelo Numérico
do Terreno, os pontos Cerrito e DAER, situam-se em cotas maiores que o ponto
CACISM, mas não se encontram sob a mesma topossequência no terreno.
Conforme já descrito em item anterior, a altitude desses pontos, determinada com
uso de GPS, foi de 96 m para o ponto CACISM, 160 m para o ponto Cerrito e 145m
para o ponto DAER.
O princípio proposto por Grayson et al, (1997) de que em bacias nas quais a
precipitação excede continuamente a evapotranspiração de referência, o teor de
umidade do solo seria controlado, geralmente, pela captação de água da bacia, não
se aplica bem à bacia estudada, já que as médias de umidade do solo encontradas
para o ponto DAER foram maiores que para o ponto CACISM e tornam-se mais
evidentes na camada mais superficial do perfil. Para Hérbrard, et al (2006) essa
variação demonstra que a resposta hidrológica da umidade do solo na bacia em
estudo não é diretamente condicionada à topografia, valorizando outros
57

componentes que interferem no fluxo de água no solo: evapotranspiração, infiltração


e escoamento fluvial.
O ponto DAER apresenta os maiores valores de umidade volumétrica para a
profundidade de 20 cm, seguido em parte pelo ponto CACISM. Para o ponto Cerrito
maiores valores de umidade são encontrados para a profundidade de 80 cm.
Os solos das classes Argissolo (Cerrito e DAER) variam de bem a
imperfeitamente drenados, enquanto que os Planossolos (CACISM) são
imperfeitamente a mal drenados (STRECK, et al, 2008).
O solo do ponto CACISM, classificado como Planossolo Háplico Distrófico
gleissólico, possui, assim como observado por Ferreira (2011) uma camada com
acúmulo de argila, o horizonte Bt, típico desse tipo de solo, e que dificulta a
drenagem do solo, o que pode justificar o comportamento diferenciado da drenagem
da água nas profundidades 40 e 60 cm do perfil. O comportamento observado entre
a camada mais superficial e mais profunda pode ser dado pela formação de um
horizonte E com características semelhantes ao A (maior teor de areia).
Observando a tabela 3, para as profundidades de 20 e 40 cm, a fração
granulométrica com maior participação foi a silte, com 46,03 e 48,75%,
respectivamente; para 60 cm, ocorre variação textural e o solo apresenta 52,66% de
areia fina, finalmente, a 80 cm, a textura é franca e não há fração granulométrica
predominante. Com relação à argila, a camada 20 cm possui o maior valor, com
14,06 %, havendo diminuição até a camada de 60 cm e um aumento em 80 cm,
apresentando o valor de 10,92%. Com relação à fração areia grossa, os maiores
valores são observados para 20 e 80 cm, com 2,84 e 4,06%, respectivamente.
A figura 19, apresentada a seguir, mostra a variação da umidade volumétrica
do solo, entre maio e novembro de 2014, obtidos com medições prioritariamente
semanais, para os três pontos monitorados. Diferenças entre as datas de medições
entre os três pontos são justificadas por problemas de umidade na base do perfil no
ponto CACISM ou outros inconvenientes.
Umidade Volumétrica (%) Umidade Volumétrica (%) Umidade Volumétrica (%)

25
30
35
40
45
50
55
25
30
35
40
45

25
30
35
40
45
02/05/2014 02/05/2014 02/05/2014
09/05/2014 09/05/2014 09/05/2014
20/05/2014 20/05/2014 20/05/2014
06/06/2014 06/06/2014 06/06/2014
12/06/2014 12/06/2014 12/06/2014
19/06/2014 19/06/2014 19/06/2014
20 cm

(c) para as coletas semanais.


26/06/2014 26/06/2014 26/06/2014

20 cm
20 cm
03/07/2014 03/07/2014 03/07/2014
10/07/2014 10/07/2014 10/07/2014
28/07/2014 28/07/2014 28/07/2014
40 cm

40 cm
05/08/2014 05/08/2014 40 cm 05/08/2014
11/08/2014 11/08/2014 11/08/2014
13/08/2014 13/08/2014 13/08/2014
23/08/2014 23/08/2014 23/08/2014

60 cm
Datas das coletas

Datas das coletas


Datas das coletas
60 cm

60 cm

29/08/2014 29/08/2014 29/08/2014


30/08/2014 30/08/2014 05/09/2014
05/09/2014 05/09/2014 16/09/2014

80 cm
16/09/2014 16/09/2014 22/09/2014
80 cm
80 cm

22/09/2014 22/09/2014 29/09/2014


29/09/2014 29/09/2014 09/10/2014
09/10/2014 09/10/2014 15/10/2014
15/10/2014 15/10/2014 23/10/2014
23/10/2014 23/10/2014 07/11/2014
(a)

(b)

07/11/2014 07/11/2014
(c)

Figura 19- Umidade volumétrica do solo nos pontos CACISM (a), Cerrito (b) e DAER
58
59

Em geral, no ponto CACISM, as camadas que apresentam maior umidade


volumétrica são as de 20 e 80 cm, com exceção dos períodos entre 12/06 e
26/06/2014, em que se observa maior umidade para 80 e 60 cm, respectivamente. O
comportamento diferenciado no período anterior a 12/06/2014 (entre 20/05 e
06/06/2014) pode ser justificado por um acumulado de chuva de 122,4 mm na bacia,
não observado no segundo período. O aumento do conteúdo de argila pode haver
dificuldade da drenagem da água, acumulando-a também na camada anterior.
O solo do ponto Cerrito, classificado como Argissolo Bruno-Acinzentado
Alítico abrúptico, e conforme caracterização dada por Cardoso (2005) comum à
áreas de paisagem nativa, com raízes abundantes no horizonte ―A‖, em
profundidade de até 40 cm, o que foi confirmado na ocasião da coleta físico-química
na área. O solo, que se encontra em posição mais alta do relevo, apresenta
drenagem diferenciada e os valores da umidade volumétrica em geral, aumentam
com o aumento da profundidade do perfil. O valor do coeficiente de variação (CV) foi
menor com relação ao ponto DAER (de 11,69% para 13,90%).
O solo do ponto Cerrito é classificado como Franco Arenoso, com exceção da
camada 80 cm, denominada Franco Argilo Arenosa com relação à sua textura. A
análise textural mostrou que o maior valor no perfil para a areia fina foi a 40 cm e
para a argila os maiores são observados nas profundidades de 60 e 80 cm, com
18,44 e 22,58%, camadas que apresentaram maior umidade.
No ponto DAER, classificado como Argissolo Amarelo Alítico típico, a variação
encontrada entre as profundidades mais superficiais (20 e 40 cm) e as inferiores
pode ser explicada por uma mudança textural abrupta no perfil, variando de arenosa
a argilosa. O conteúdo de argila decresce no perfil, variando de 15,27% a 20 cm e a
9,29%, o valor de silte é menor a 20 cm, camada que apresenta proporcionalmente
mais areia fina, com 11,88 %. As profundidades 20 e 40 cm apresentaram maior
umidade volumétrica e maior de argila. O comportamento se deve à uma
desorganização da sequência natural do perfil, em decorrência da modificação
antrópica do terreno.
As evoluções temporais da umidade volumétrica foram diferentes para os três
pontos monitorados.
A umidade do solo no ponto do CACISM apresentou aumento entre
20/05/2014 e 06/06/2014 e queda entre 06/06/2014 e 19/06/2014, não
acompanhado da profundidade de 20 cm. No mês de agosto observam-se valores
60

menores para a variável. Entre 29/08/2014 e 16/09/2014, ocorre novo aumento e a


partir dessa data a profundidade de 80 cm apresenta comportamento diferenciado
das demais. Entre 22/09/2014 e 29/09/2014, observa-se novo aumento para as
profundidades de 20, 40 e 60 cm. A variação observada entre 15/10/2014 e
23/10/2014 foi maior na profundidade de 80 cm, acompanhando o escoamento
fluvial, até a data final, 07/11/2014.
Para o ponto Cerrito, entre 20/05/2014 e 06/06/2014, observa-se aumento da
umidade volumétrica do solo na profundidade de 20 cm. Entre 19/06/2014 e
26/06/2014, ocorre novo aumento, em todas profundidades, com queda até
10/07/2014. Em relação a todo perfil, observa-se aumento entre 05/09/2014 e
16/09/2014, com pequenas flutuações até o fim do período de coletas (07/11/2014).
No ponto DAER, entre 06/06/2014 e 12/06/2014 observa-se aumento da
umidade do solo, com queda a 19/06/2014, sendo mais pronunciado a 20 cm. Entre
19/06/2014 e 26/06/2014 o aumento foi maior nas profundidades de 20 e 40 cm,
com declínio até 10/07/2014. Ocorre aumento entre 28/07/2014 e 11/08/2014, com
declínio até 30/08/2014. Nos períodos entre 05/09/2014 a 16/09/2014; 22/09/2014 a
29/09/2014 e 09/10/2014 a 15/10/2014 observam-se aumentos bem pronunciados
na profundidade de 20 cm.
O evento monitorado foi o de 13/06/2014, apresentando, 23,31 mm para o
ponto Cerrito e 22,6 mm para o ponto DAER. As coletas iniciaram-se no dia
12/06/2014 (dia anterior a chuva) e prosseguiram até o dia 26/06/2014; as falhas se
deram nos dias em que inconvenientes impediram as medições. Conforme padrão
ao inverno no estado, durante o decorrer das coletas, ocorreram outros eventos
pluviométricos, de diferentes intensidades, as umidades volumétricas diárias para a
quinzena, estão ilustradas nas figuras 20, 21 e 22.
61

20 cm 40 cm 60 cm 80 cm

50

Umidade Volumétrica (%)


45

40

35

30

25
12/jun

13/jun

14/jun

15/jun

16/jun

17/jun

18/jun

19/jun

20/jun

21/jun

22/jun

23/jun

24/jun

25/jun

26/jun
Datas das coletas

Figura 20- Umidade volumétrica do solo para o ponto CACISM para as medições de
15 dias consecutivos

No ponto CACISM observa-se um aumento da umidade do solo após as


chuvas de maior e menor intensidade iniciais dos dias 15 a 18/06/2014, ocorrendo
pequenas flutuações até 21/06/2014, a partir do qual se observa um aumento
gradativo até 24/06/2014, com precipitação de 12,7 e 12,2 mm nos pontos Cerrito e
DAER, para a data anterior. Observa-se, após, uma diminuição até a nova
precipitação, em 25/06/2014, variação não observada na profundidade de 60 cm, em
que a umidade segue aumentando entre 23 e 26/06/2014. A profundidade de 80 cm
apresenta maiores valores de umidade volumétrica, em relação às demais, seguida
das de 60, 40 e 20 cm.

20 cm 40 cm 60 cm 80 cm

45
Umidade Volumétrica (%)

40

35

30

25
12/jun

13/jun

14/jun

15/jun

16/jun

17/jun

18/jun

19/jun

20/jun

21/jun

22/jun

23/jun

24/jun

25/jun

26/jun

Datas das coletas

Figura 21- Umidade volumétrica do solo para o ponto Cerrito para as medições de
15 dias consecutivos
62

Conforme apresentado na figura 21, para o ponto Cerrito, entre 12 e


14/06/2014 ocorreu uma diminuição da umidade do solo, após a chuva que se
propôs monitorar, com 23,3 mm. No dia seguinte, a precipitação de 3,82 mm
acarretou um aumento da umidade do solo, para os dias 15 e 16/06/2014 os
volumes precipitados foram os mesmos e a umidade do solo comportou-se da
mesma forma. O incremento no armazenamento de água no solo continuou até
19/06/2014, data em que, mesmo sem chuva, observou-se ligeiro aumento da
umidade nesse solo. A partir desse dia, com nova incidência de precipitações de
baixa intensidade, ocorre outro incremento na umidade do solo, interrompido pela
chuva de 21 mm, em 25/06/2014. As alterações na umidade foram progressivas
com o aumento da profundidade do perfil.

20 cm 40 cm 60 cm 80 cm

55
Umidade Volumétrica (%)

50

45

40

35

30

25
12/jun

13/jun

14/jun

15/jun

16/jun

17/jun

18/jun

19/jun

20/jun

21/jun

22/jun

23/jun

24/jun

25/jun

26/jun

Datas das coletas

Figura 22- Umidade volumétrica do solo para o ponto DAER para as medições de 15
dias consecutivos

Para o ponto DAER, considerando a repetição de eventos chuva com maior e


menor intensidade dos dias 13 e 14/06/2014 nos dias 15 e 16/06/2014 e da ausência
de medições da umidade após a primeira sequência, se analisará a evolução do
armazenamento da água no solo a partir da repetição dos eventos. A umidade do
solo foi menor após a chuva de maior intensidade e sofreu um aumento no dia
seguinte, observando-se um aumento progressivo até a chuva de maior intensidade,
ocorrida em 25/06/2014, decrescendo novamente após essa data. As profundidades
63

20 e 40 cm observam-se os maiores valores para umidade, seguidas de 60 e 80 cm,


com valores menores e mais próximos entre si.

4.3 Balanço hídrico semanal da bacia

A precipitação média para o balanço hídrico da bacia foi obtido pela média
das precipitações entre coletas dos pontos Cerrito e DAER e os valores estão
discriminados na tabela 7.

Tabela 7- Precipitação medida nos pontos Cerrito e DAER, entre as datas de coletas
e a precipitação média para a bacia, em mm, entre 02/05/2014 e 07/11/2014.
Data Cerrito DAER Bacia
02/05/2014
09/05/2014 70,67 68,24 69,5
20/05/2014 41,68 40,39 41,0
06/06/2014 124,56 120,23 122,4
12/06/2014 1,13 0,33 0,7
19/06/2014 54,26 52,27 53,3
26/06/2014 43,08 41,65 42,4
03/07/2014 200,73 194,32 197,5
10/07/2014 68,34 66,23 67,3
28/07/2014 145,67 154,78 150,2
05/08/2014 38,05 36,32 37,2
13/08/2014 22,85 23,4 23,1
23/08/2014 0,98 1,0 1,0
29/08/2014 5,55 5,6 5,6
05/09/2014 55,8 56,4 56,1
16/09/2014 141 143 142,0
22/09/2014 0,42 3,4 1,9
29/09/2014 71,1 74 72,6
09/10/2014 87,93 94 91,0
15/10/2014 16,84 21,8 19,3
23/10/2014 112 108 110,0
07/11/2014 91,05 74,4 82,7
64

Os três tipos de solo presentes nos pontos monitorados ocupam 91,56% da


área total da bacia, para a estimativa da área de cada um desses, agrupou-se os
8,44% dos solos restantes por tipo ou proximidade dos pontos. A disposição dos
diferentes tipos de solos na bacia pode ser vista no mapa de solos, constante na
figura 3, em seção anterior desse texto. A tabela 8 traz a área, em km2, ocupada em
cada um dos solos e o agrupamento dos mesmos em subáreas, para a obtenção do
armazenamento médio da bacia para cada medição. A tabela 9 mostra os
armazenamentos de água no solo para cada ponto.
As umidades volumétricas medidas em cada profundidade, em cada coleta
semanal, constam nos apêndices A, B e C.

Tabela 8- Área, em Km2, de cada solo da bacia, tipos de solo de acordo com
classificação proposta por Pedron, et al. (2008) e o agrupamento em subáreas para
a ponderação dos armazenamentos de água do solo medidos nos pontos CACISM,
Cerrito e DAER:
2
Subárea 1- CACISM 0,306 Km
2
SXd1 Planossolo Háplico Distrófico gleissólico 0,306 Km
2
Subárea 2- Cerrito 1,791 Km
2
PBA Cal 2 Argissolo Bruno-Acinzentado Alítico abrúptico 1,605 Km
2
Pval 2 Argissolo Vermelho Alítico típico 0,049 Km
2
RRe1 Neossolo Regolítico Eutrófico léptico 0,137 Km
2
Subárea 3-DAER 0,570 Km
2
PAal 4 Argissolo Amarelo Alítico típico 0,531 Km
2
PVvd Argissolo Vermelho Ta Distrófico abrúptico 0,039 Km
65

Tabela 9- Armazenamento de água no solo nos três pontos, seu valor médio para
bacia e a variação entre períodos, em mm.
Armazenamento água no solo (mm)
Data CACISM Cerrito DAER Bacia ΔΑ
02/05/2014 257,48 213,51 253,71 249,90
09/05/2014 255,13 230,29 271,12 263,01 13,11
20/05/2014 259,61 239,07 280,93 271,56 8,55
06/06/2014 276,58 258,31 297,02 288,20 16,64
12/06/2014 249,36 249,36 315,50 293,76 5,56
19/06/2014 239,26 239,26 289,80 273,19 -20,57
26/06/2014 278,81 278,81 324,13 309,23 36,04
03/07/2014 312,69 279,82 323,07 315,88 6,65
10/07/2014 297,38 246,79 301,26 294,17 -21,71
28/07/2015 286,65 262,97 302,80 294,77 0,60
05/08/2015 288,11 243,78 301,25 291,83 -2,94
13/08/2014 245,14 248,23 302,88 284,26 -7,58
23/08/2014 241,09 225,95 260,62 252,46 -31,79
29/08/2014 226,13 221,06 241,43 235,82 -16,65
05/09/2014 242,59 243,32 288,76 273,67 37,85
16/09/2014 280,27 264,80 307,71 296,92 23,25
22/09/2014 239,58 226,98 282,70 267,08 -29,84
29/09/2014 268,05 249,65 306,88 292,00 24,92
09/10/2014 256,21 233,95 284,64 272,74 -19,27
15/10/2014 255,72 237,90 301,51 284,41 11,68
23/10/2014 263,84 228,25 290,21 277,45 -6,96
07/11/2014 265,85 253,92 278,12 272,71 -4,74

A tabela 10, por fim, expressa os valores das variáveis climáticas da bacia
hidrográfica, em mm, utilizados para o balanço hídrico, no período de 02/05/2014 a
07/11/2014.
66

Tabela 10-Variáveis mensuradas e Balanço hídrico semanal para a bacia do arroio


Cancela de 02/05/2014 a 07/11/2014*
P bacia ESC
Data (mm) (mm) ETP ARM Bacia ΔΑ bacia P-ETP-ESC
02/05/2014 249,9
09/05/2014 69,5 45,5 11,1 263,0 13,1 12,8
20/05/2014 41,0 49,2 18,2 271,6 8,6 -26,3
06/06/2014 122,4 78,1 18,4 288,2 16,6 25,9
12/06/2014 0,7 14,6 9,4 293,8 5,6 -23,2
19/06/2014 53,3 24,3 7,0 273,2 -20,6 21,9
26/06/2014 42,4 31,1 6,7 309,2 36,0 4,6
03/07/2014 197,5 133,9 5,2 315,9 6,6 58,4
10/07/2014 67,3 66,7 13,8 294,2 -21,7 -13,2
28/07/2014 150,2 119,8 29,4 294,8 0,6 1,0
05/08/2014 37,2 34,6 17,5 291,8 -2,9 -14,9
13/08/2014 23,1 28,5 11,8 284,3 -7,6 -17,1
23/08/2014 1,0 29,1 22,0 252,5 -31,8 -50,2
29/08/2014 5,6 16,2 20,5 235,8 -16,6 -31,1
05/09/2014 56,1 35,1 18,7 273,7 37,8 2,3
16/09/2014 142,0 93,8 29,6 296,9 23,2 18,5
22/09/2014 1,9 19,8 15,6 267,1 -29,8 -33,5
29/09/2014 72,6 40,9 17,8 292,0 24,9 13,9
09/10/2014 91,0 68,7 30,2 272,7 -19,3 -7,9
15/10/2014 19,3 20,1 14,6 284,4 11,7 -15,4
23/10/2014 110,0 88,0 27,4 277,5 -7,0 -5,4
07/11/2014 82,7 83,7 59,2 272,7 -4,7 -60,1
*P bacia: Precipitação média das medidas nos pontos Cerrito e DAER, ETP: Evapotranspiração,
ESC: Escoamento fluvial, ARM BACIA: Umidade volumétrica ponderada das medidas nos três
pontos, ΔΑ variação do armazenamento de água no solo

A figura 23 traz o balanço hídrico da bacia do arroio Cancela para o período


de monitoramento prioritariamente semanal, entre 02/05/2014 e 07/11/2014.
A variação encontrada para as variáveis: precipitação, evapotranspiração,
escoamento fluvial, bem como a variação do conteúdo de armazenamento de água
no perfil, encontram-se em apêndice.
67

P-ETP-ESC ΔΑ bacia

80,00
60,00
40,00
20,00
BH (mm)

0,00
02/05/2014
09/05/2014
20/05/2014
06/06/2014
12/06/2014
19/06/2014
26/06/2014
03/07/2014
10/07/2014
28/07/2014
05/08/2014
13/08/2014
23/08/2014
29/08/2014
05/09/2014
16/09/2014
22/09/2014
29/09/2014
09/10/2014
15/10/2014
23/10/2014
07/11/2014
-20,00
-40,00
-60,00
-80,00
-100,00
Datas das coletas

Figura 23- Balanço hídrico semanal para a bacia do arroio Cancela, para o período
de 02/05/2014 a 07/11/2014, considerando Evapotranspiração de referência.

O maior valor para a variação de armazenamento de água no solo na bacia


foi observado para o período de 29/08/2014 a 05/09/2014, com 37,8 mm, sendo
acompanhado por um aumento da precipitação e do escoamento fluvial de 5,6 para
56,1 e 16,2 para 35,1 mm, respectivamente. O menor valor foi observado entre 13-
23/08/2014 com perda de 31,8 mm, acompanhado de uma variação na precipitação
de 23,1 para 1,0 mm e na evapotranspiração de 11,8 para 22 mm com relação a
data da coleta anterior.
O período entre 02/05/2014 e 12/06/2014 é marcado por ganhos no
armazenamento de água no solo, seguidos de perdas até 19/06/2014, com uma
variação no escoamento de 14,6 para 24,3 mm. Entre 26/06/2014 e 03/07/2014
observa-se aumento e posterior queda, sendo concomitante com o aumento da
precipitação de 42,4 para 197,5 mm e de 31,1 para 133,9 mm para o escoamento.
Os períodos entre os meses de julho e agosto pontuam perdas hídricas no solo.
Após as perdas no armazenamento do período entre 03/07/2014 e 10/07/2014
observa-se uma elevação na precipitação de 67,3 a 150,2 mm para o período
seguinte. Uma diminuição na precipitação, escoamento fluvial e evapotranspiração
(os dois últimos até 13/08/2014) pontuam as perdas hídricas no solo de 28/07/2014
a 23/08/2014. Até 05/09/2014 ocorre diminuição das perdas até novamente haver
aumento da umidade no perfil, diminuindo com o aumento da precipitação de 56
68

para 142 mm para o período seguinte (de 05 a 16/09/2014) que acompanha


aumentos na evapotranspiração e escoamento fluvial. Nos períodos de 16 a
22/09/2014 e de 22 a 29/09/2014 ocorrem perdas e ganhos hídricos,
respectivamente, acompanhando diminuições e aumentos das outras três variáveis
monitoradas. Entre 29/09/2014 e 09/10/2014 as perdas hídricas pontuam aumentos
no escoamento e evapotranspiração. O aumento dessa variável pontua as perdas no
armazenamento observadas no período final (23/10/2014 a 07/11/2014).
Para a diferença entre precipitação e as variáveis escoamento e
evapotranspiração, o maior valor foi de 58,4 mm para o período de 26/06/2014 a
03/07/2014, acompanhando as variações de 42,4 a 197,5 mm para precipitação e
31,1 a 133,9 mm para o escoamento fluvial em relação ao período anterior. O menor
para a mesma diferença foi obtida para o período de 23/10/2014 e 07/11/2014, com -
60,1 mm, observando-se uma variação da evapotranspiração de 27,4 a 59,2 mm em
relação ao período anterior.
No período de 02/05/2014 a 12/06/2014 a diferença entre precipitação e as
variáveis escoamento e evapotranspiração apresentou perdas não observadas para
o armazenamento de água no solo, assim como entre os períodos de 09 a
20/05/2014 e entre 06 e 12/06/2014. Comportamento diferenciado também foi
observado entre 12 e 19/06/2014, com aumento do escoamento fluvial e diminuição
da evapotranspiração; entre 26/06/2014 e 10/07/2014 as demais variáveis se
equilibram em relação ao armazenamento de água no solo, que apresenta ganhos.
Entre 10/07/2014 e 09/10/2014 o comportamento do armazenamento de água no
solo acompanha as variações entre a precipitação entre variáveis de entrada e saída
medidas, embora se observe diferença entre as duas. Para o último período
(23/10/2014 a 07/11/2014) com aumento na evapotranspiração ocorrem menores
perdas no solo em relação à diferença entre variáveis mencionada.
Da Mota, 1970, traça um comportamento do balanço hídrico com relação à
região da bacia, a depressão central do Rio Grande do Sul, relatando,
primeiramente, a existência de uma estação em que as chuvas não atendem às
necessidades de água que são supridas pela água acumulada no solo proveniente
de chuvas da estação anterior. Essa estação estaria entre o fim da primavera e o
início do verão. Outra estação inicia com um período breve de reposição da água do
solo até se completar capacidade de campo, fato que ocorre, habitualmente, no fim
do verão e sucedendo um excesso que vai até a primavera. Ocorre não só na região
69

central, mas em todo estado, dois máximos durante a estação úmida: em maio-junho
e outro agosto-setembro.
A partir dos totais das variáveis envolvidas no balanço hídrico precipitação,
escoamento fluvial e armazenamento de água no solo calculou-se a
evapotranspiração real. Os totais obtidos para as variáveis a partir do monitoramento
da bacia e a estimativa da evapotranspiração real, constam na tabela 11:

Tabela 11- Totais de precipitação (P), Escoamento Fluvial (ESC) e variação de


armazenamento de água no solo (ΔΑ) usados no balanço hídrico e estimativa da
evapotranspiração real:
Variáveis do Balanço Hídrico da bacia Totais (mm)
Precipitação 1386,7
Escoamento Fluvial 1121,7
Variação Armazenamento do solo (ΔΑ) 22,8

Evapotranspiração real estimada (P-ESC-ΔΑ)


242,2

A evapotranspiração total de referência para o período de 189 dias


monitoramento foi de 403,9 mm, enquanto a evapotranspiração real, constante na
tabela 10, foi de 242,2 mm.
A bacia do arroio Cancela é considerada uma bacia urbana, possuindo
52,075% de áreas impermeabilizadas, com solo exposto e água e apresenta-se
47,925% coberta por floresta, campos e gramados.
A variação observada entre a evapotranspiração de referência, calculada a
partir de parâmetros climáticos em sua maior parte medidos no ponto CACISM e a
real obtida pela diferença entre a precipitação e as demais variáveis (escoamento
fluvial e variação de armazenamento de água no solo, em cada ponto) parece ser
justificada pela urbanização das áreas da bacia. A variação foi observada por
Silveira (2000), a partir de monitoramento da bacia urbana do arroio Dilúvio, em
Porto Alegre, RS, Silveira (2000) com dados de 1978 a 1982, observou haver uma
alteração significativa do balanço hídrico nas bacias urbanizadas e que à medida
que a urbanização avança ocorre diminuição na evapotranspiração e aumento no
escoamento (parcela que passa a circular na rede pluvial e nos arroios), com
70

diminuição da recarga dos aquíferos e do escoamento de base. Com evolução de 10


para 60% coeficiente de escoamento global médio com a urbanização, as perdas
(basicamente por evapotranspiração) reduzem-se em cerca de 55 %.
71

5 CONCLUSÕES

A precipitação medida na bacia tem valores próximos para os pontos Cerrito e


DAER, o mês mais chuvoso foi junho, com 304,4 mm no ponto Cerrito e o mais seco
foi o de agosto, com 63,2 mm para o ponto DAER.
A Evapotranspiração de referência variou durante o período, entre 31,54 mm
em junho e 108,41 mm em outubro, demonstrando a importância de fatores como a
temperatura, o comprimento do dia, a inclinação dos raios solares e a demanda
hídrica da atmosférica durante os meses do ano.
As variações da umidade do solo entre pontos e dentro do perfil são melhor
justificadas pelo tipo de solo e pela variação textural do que pela sua posição no
relevo da bacia.
O escoamento fluvial varia fortemente com a precipitação, apresentando
excesso hídrico entre o fim de junho e começo de agosto, com início do inverno. O
balanço hídrico da bacia, acompanha os mesmo períodos, com maior deficiência no
mês de agosto.
As variáveis que compõe o ciclo hidrológico, aliadas a fatores do clima e
geomorfologia atuam conjuntamente nos processos hidrológicos em uma bacia
hidrográfica, não sendo simples a delimitação da sua participação num balanço
hídrico.
72

6 RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se cuidado especial, quando da instalação dos tubos de acesso


para a sonda TDR, de forma a assegurar a sua perfeita vedação e proteção para
evitar a entrada e o acúmulo de água em seu interior, impossibilitando a
amostragem sob essas condições.
Realização do balanço hídrico da bacia estudada em maior período de tempo.
73

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEN, R. G.; PEREIRA, L.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration:


guidelines for computing crop water requirements. Rome: FAO, 1998. (FAO.
Irrigation and Drainage Paper, 56).

ARCOVA, F. C. S.; de CICCO, V.; ROCHA, P. A. B. Precipitação efetiva e


interceptação das chuvas por floresta de Mata Atlântica em uma Microbacia
experimental em Cunha, Revista Árvore, São Paulo, v. 27, n.2, p. 257-262. 2003.

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82

APÊNDICES
83

APÊNDICE A: Umidades volumétricas medidas no ponto CACISM e horário das


medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, entre 02/05/2014 e
07/11/2014

Data Horário Umidade Volumétrica (%)


20cm 40cm 60cm 80cm
02/05/2014 09:15 25,09 25,20 28,26 31,32
09/05/2014 14:34 28,34 27,24 29,44 31,91
20/05/2014 09:24 26,40 30,09 33,15 33,38
06/06/2014 09:04 34,03 28,77 31,75 35,17
12/06/2014 14:04 29,18 29,85 33,45 35,22
19/06/2014 09:34 27,38 29,00 32,01 35,12
26/06/2014 09:04 31,81 33,20 37,24 42,50
03/07/2014 14:44 33,53 32,76 37,05 39,58
10/07/2014 10:24 28,36 30,00 31,90 37,91
28/07/2014 09:44 28,27 31,76 37,11 40,43
05/08/2014 09:04 30,05 28,69 31,43 33,39
11/08/2014 09:14 31,19 29,56 32,25 35,48
23/08/2014 10:34 26,40 27,15 30,14 32,18
29/08/2014 10:04 21,84 27,08 31,00 33,82
05/09/2014 09:34 27,71 30,99 32,26 33,68
16/09/2014 09:14 31,42 32,58 33,86 37,67
22/09/2014 15:34 26,79 26,90 30,24 32,32
29/09/2014 14:24 31,65 29,36 31,74 32,50
09/10/2014 09:44 27,60 27,42 31,45 33,40
15/10/2014 09:44 28,09 28,43 31,53 33,73
23/10/2014 14:24 25,89 28,64 30,56 32,17
07/11/2014 09:04 27,77 30,90 35,41 37,99
84

APÊNDICE B:Umidades volumétricas medidas no ponto Cerrito e horário das


medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, entre 02/05/2014 e
07/11/2014

Data Horário Umidade Volumétrica (%)


20cm 40cm 60cm 80cm
02/05/2014 09:15 25,09 25,20 28,26 31,32
09/05/2014 14:34 28,34 27,24 29,44 31,91
20/05/2014 09:24 26,40 30,09 33,15 33,38
06/06/2014 09:04 34,03 28,77 31,75 35,17
12/06/2014 14:04 29,18 29,85 33,45 35,22
19/06/2014 09:34 27,38 29,00 32,01 35,12
26/06/2014 09:04 31,81 33,20 37,24 42,50
03/07/2014 14:44 33,53 32,76 37,05 39,58
10/07/2014 10:24 28,36 30,00 31,90 37,91
28/07/2014 09:44 28,27 31,76 37,11 40,43
05/08/2014 09:04 30,05 28,69 31,43 33,39
11/08/2014 09:14 31,19 29,56 32,25 35,48
23/08/2014 10:34 26,40 27,15 30,14 32,18
29/08/2014 10:04 21,84 27,08 31,00 33,82
05/09/2014 09:34 27,71 30,99 32,26 33,68
16/09/2014 09:14 31,42 32,58 33,86 37,67
22/09/2014 15:34 26,79 26,90 30,24 32,32
29/09/2014 14:24 31,65 29,36 31,74 32,50
09/10/2014 09:44 27,60 27,42 31,45 33,40
15/10/2014 09:44 28,09 28,43 31,53 33,73
23/10/2014 14:24 25,89 28,64 30,56 32,17
07/11/2014 09:04 27,77 30,90 35,41 37,99
85

APÊNDICE C: Umidades volumétricas medidas no ponto DAER e horário das


medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, entre 02/05/2014 e
07/11/2014

Data Horário Umidade Volumétrica (%)


20 cm 40cm 60 cm 80 cm
02/05/2014 10:04 31,14 31,13 30,54 30,10
09/05/2014 15:04 35,56 35,24 31,05 31,85
20/05/2014 10:04 38,44 35,38 31,80 31,25
06/06/2014 10:04 41,04 37,66 32,82 32,94
12/06/2014 16:04 48,81 36,23 32,45 31,72
19/06/2014 10:24 42,98 34,68 30,42 30,65
26/06/2014 11:04 46,67 40,67 33,88 35,01
03/07/2014 14:04 49,55 38,82 31,80 33,17
10/07/2014 09:54 46,71 35,56 30,06 29,89
28/07/2014 10:54 41,78 38,55 33,82 32,74
05/08/2014 10:34 42,88 37,67 32,60 32,06
11/08/2014 10:04 47,41 37,02 31,77 31,52
23/08/2014 09:04 33,24 34,32 30,63 31,00
30/08/2014 10:24 29,48 32,68 29,63 30,76
05/09/2014 10:34 40,49 35,54 32,01 32,18
16/09/2014 10:04 45,64 37,75 32,10 31,10
22/09/2014 14:04 38,00 36,57 31,71 32,13
29/09/2014 16:04 43,55 38,24 33,42 32,90
09/10/2014 16:04 37,89 37,41 32,13 31,89
15/10/2014 10:54 45,61 35,13 31,14 32,14
23/10/2014 15:34 40,42 36,09 32,34 32,08
07/11/2014 11:04 36,84 35,47 32,54 31,56
86

APÊNDICE D: Umidades volumétricas medidas no ponto CACISM e horário das


medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, para as medições diárias
entre 12/06/2014 e 26/06/2014

Data Horário de medição Umidade Volumétrica (%)


20 cm 40 cm 60 cm 80 cm
12/06/2014 15:24 35,55 36,52 36,74 46,32
13/06/2014 Evento de chuva
14/06/2014 18:14 43,18 34,08 34,03 42,54
15/06/2014 10:54 40,27 32,33 30,07 36,67
16/06/2014 15:24 38,29 31,38 31,38 38,48
17/06/2014 10:34 38,33 30,51 30,49 35,30
18/06/2014 14:14 38,48 30,28 30,00 36,96
19/06/2014 10:04 38,09 29,37 30,34 37,63
20/06/2014 09:34 38,26 30,64 28,86 37,06
21/06/2014 09:34 38 30,61 29,46 35,51
22/06/2014 10:34 41,44 32,62 32,04 38,79
23/06/2014 10:34 43,61 34,1 30,69 38,05
24/06/2014 10:24 47,44 35,08 32,36 39,89
25/06/2014 14:24 39,79 32,90 34,80 38,18
26/06/2014 16:04 40,41 32,47 31,94 38,26
87

APÊNDICE E: Umidades volumétricas medidas no ponto Cerrito e horário das


medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, para as medições diárias
entre 12/06/2014 e 26/06/2014

Data Horário de medição Umidade Volumétrica (%)


20 cm 40 cm 60 cm 80 cm
12/06/2014 15:04 29,18 29,85 33,45 35,22
13/06/2014 Evento de chuva
14/06/2014 19:18 29,17 29,01 32,78 36,82
15/06/2014 09:34 28,92 30,25 32,97 35,61
16/06/2014 16:25 27,12 29,13 33,06 35,78
17/06/2014 09:40 27,97 28,57 31,58 35,05
18/06/2014 13:38 28,09 30,36 31,88 35,43
19/06/2014 09:04 27,38 29,00 32,01 35,12
20/06/2014 09:30 27,78 29,07 31,11 35,12
21/06/2014 09:58 26,13 30,86 33,23 38,92
22/06/2014 11:00 27,7 31,44 37,11 41,23
23/06/2014 sem coletas
24/06/2014 09:34 29,72 30,51 32,96 36,28
25/06/2014 13:54 32,61 33,37 35,17 40,56
26/06/2014 15:34 31,81 33,2 37,24 42,50
88

APÊNDICE F: Umidades volumétricas medidas no ponto DAER e horário das


medições para as profundidades de 20,40,60 e 80 cm, para as medições diárias
entre 12/06/2014 e 26/06/2014

Data Horário de medição Umidade Volumétrica (%)


20 cm 40 cm 60 cm 80 cm
12/06/2014 13:44 48,81 36,29 32,45 31,72
13/06/2014 Evento de chuva
14/06/2014 sem coletas
15/06/2014 10:24 44,46 36,24 29,17 29,33
16/06/2014 16:04 42,67 36,25 31,43 30,46
17/06/2014 10:04 43,6 35,22 29,76 29,94
18/06/2014 14:44 42,37 33,61 30 30,30
19/06/2014 09:34 42,98 34,68 30,42 30,65
20/06/2014 10:04 38,26 30,64 28,86 37,06
21/06/2014 10:04 43,63 34,29 31,26 30,14
22/06/2014 10:04 44,42 35,06 31,13 31,02
23/06/2014 sem coletas
24/06/2014 10:04 47,44 35,08 32,36 39,89
25/06/2014 14:04 45,26 42,28 33,69 33,45
26/06/2014 16:34 46,67 40,67 33,88 35,01

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