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CARTILHA

DE COMPOSTAGEM
DOMÉSTICA

Aprenda a compostar resíduos alimentares


domésticos produzindo adubo e biofertilizante.
CARTILHA DE
COMPOSTAGEM
DOMÉSTICA
1a edição

Organização:
Marcos Aurélio Borchardt

Texto:
Samira Alvim de Siqueira

IFRO
Porto Velho, 2021.

NAS
NÚCLEO DE AÇÃO SUSTENTÁVEL
I F R O - P O RTO V E L H O ZO N A N O RT E

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IFRO - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, Cooperativas beneficiadas:
CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA CATANORTE - Cooperativa Rondoniense de
PORTO VELHO - RONDÔNIA - BRASIL Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis de
Porto Velho
CAMPUS PORTO VELHO ZONA NORTE COOPERMUP - Cooperativa de Nova Mutum
Direção Geral: Ariadne Joseane Felix Quintela Paraná
Direcão de Ensino: Valdeson Amaro Lima RECICOOP - Cooperativa dos Catadores de mate-
riais recicláveis de Rolim de Moura
Esta Cartilha é resultado do PROJETO RECICLAMEDICE - Associação dos Catadores de
INTEGRADO DE ENSINO, PESQUISA Materiais Recicláveis
E EXTENSÃO: MANUAL DE FABRICAÇÃO DE COOCAMARJI - Cooperativa dos Catadores de
COMPOSTEIRAS E CARTILHA DE COMPOSTA- Materiais Recicláveis de Ji-Paraná
GEM DOMÉSTICA, financiado pelo IFRO Porto
Velho Zona Norte através do Edital 05/2021. Parceria:
PADAWAN AMBIENTAL
Chefe do Departamento de Extensão: CATANORTE
Cleonete Martins de Aguiar
Parceiros amigos da compostagem:
Coordenador do ProJeto: Professora Me. Adriana Luna
Marcos Aurélio Borchardt Professor Me. Álvaro Amaral
Professor Dr. Germano Güttler - UDESC - SC
Professores Colaboradores do Projeto:
Adriana Zanki Cordenonsi Texto:
Geraldo Castro Cotinguiba Samira Alvim de Siqueira (PADAWAN Ambiental)

Alunos colaboradores do Projeto: Revisão:


Maria Geralda Santana Andrade Rodrigues Andreia dos Santos Oliveira (IFRO)
Erenita Peres Do Nascimento
Lury Leitão Bernardino Projeto Gráfico:
D’agila Maria Simões Alexandre Adriana Zanki Cordenonsi (IFRO)
Diêgo Alexandre Duarte
Lívia Andrade Rodrigues Imagens:
Mariana Lis Alencar Brandão br.freepik.com
pixabay.com
FICHA CATALOGRÁFICA
IFRO - CAMPUS PORTO VELHO ZONA NORTE

C327
Cartilha de compostagem doméstica / organização de Marcos Aurélio
Borchardt. -- Porto Velho, Rondônia, 2021.

15 p.: il.

1. Compostagem. 2. Composteira doméstica. 3. Vantagens de


compostar. I. InstitutoFederal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Rondônia. II. Título.

CDD: 631.86

Bibliotecária Responsável: Marlene Fouz da Silva CRB11/946

Esta é uma publicação com distribuição gratuita para as cooperativas, com tiragem de 1200
exemplares, impressa em dezembro de 2021. A versão eletrônica encontra-se no site do IFRO:
https://portal.ifro.edu.br/zona-norte/documentos
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APRESENTACÃO

No Brasil são descartadas 37 milhões de toneladas de “lixo orgâni-


co” por ano, apenas 1% do que é descartado é aproveitado. Quando não
tratado, o resíduo orgânico vai parar nos aterros sanitários ou lixões e a
sua decomposição, junto com outros materiais, polui o solo, o lençol fre-
ático e ainda gera gás metano, que é nocivo para a atmosfera (ABRELPE,
2019).
Além de Políticas Públicas que viabilizem o uso mais ordenado dos
resíduos orgânicos, as atitudes conscientes dos cidadãos podem fazer
uma grande diferença para o planeta. A compostagem além de agregar
nutrientes ao solo para produção de alimentos e diversidades de espécies
vegetais, pode também gerar renda para as famílias e diminuir os impactos
causados pelo lixo administrado desordenamente.

Mas o que é compostagem?


A compostagem é um conjunto de técnicas que acelera o processo de
decomposição das sobras orgânicas que, com uma ação combinada de
organismos e microorganismos, são transformadas em composto orgâni-
co. Esse produto resultante, também conhecido como adubo, é rico em
nutrientes e pode ser utilizado em jardins, hortas e agricultura trazendo
maior riqueza ao solo. Afinal, nem só de água vivem as plantas, não é
mesmo? É preciso fornecer alimentos para elas, então é aí que entram os
produtos da compostagem: o adubo natural ou composto orgânico e o
biofertilizante.
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Vamos começar!
Vamos primeiro aprender a separar todos os resíduos em sua casa ou trabalho, em quatro
tipos básicos: RECICLÁVEIS, NÃO RECICLÁVEIS, ORGÂNICOS e PERIGOSOS.

RECICLÁVEIS
Os recicláveis são aqueles materiais secos
inorgânicos que podem ser enviados a uma
cooperativa de catadores de materiais reci-
cláveis: plásticos em geral, latas de alumí-
nio, vidros, papel, papelão, embalagens de
papel, sucatas metálicas, isopor,etc.
Informe-se na sua cidade onde pode ser
descartado este material para ser reciclado.

NÃO RECICLÁVEIS
Não recicláveis são aqueles materiais os quais não se en-
controu nenhuma alternativa para aproveitamento, não são
reciclados, reutilizados e nem compostados: chiclé, papel
higiênico, absorventes, fraldas, embalagem de marmitex suja,
fita adesiva, grampos, clipes, papel carbono, etc. Estes devem
ser descartados para a coleta de lixo comum da sua cidade.

ORGÂNICOS
São restos de alimentos e outros materiais que degradam
rapidamente na natureza: cascas de frutas, restos de
verduras, restos de comida, resto de podas, grama cor-
tada, filtro de café com borra, cascas de ovo, saquinhos
de chá. Estes podem ser usados na compostagem, de
acordo com a indicação que veremos adiante.

PERIGOSOS/ESPECIAIS
Lâmpadas, pilhas, baterias, eletroeletrônicos,
equipamentos de informática, resíduos da saúde, resíduos
da construção civil. Informe-se sobre postos de coleta
destes resíduos na sua cidade.

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Quais as vantagens de compostar?
• Reduz o volume de lixo gerado; • Diminui a contaminação do solo e len-
• Contribui com o aumento da vida útil çol freático;
dos aterros sanitários; • Produz adubo e biofertilizante natural e
• Reduz a emissão de poluentes, já que gratuito;
uma boa parte do seu lixo vai para com- • Pode ser um exemplo de sustentabili-
posteira e não para o caminhão de coleta; dade, multiplicando a ideia para amigos,
vizinhos e escolas.

Vamos falar aqui sobre o método de compos-


tagem a seco (compostagem sem minhocas),
a compostagem realizada em baldes – com a
sua composteira doméstica.

Atenção!
se você ainda não possui uma composteira
doméstica, siga as orientações do Manual de
Fabricacão de Composteiras Domésticas para montar
a sua e iniciar seu processo de compostagem.
Você pode acessar o Manual no site do IFRO:
https://portal.ifro.edu.br/zona-norte/documentos

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Tipos de compostagem
Existem diversos tipos de compostagem, vamos citar alguns: compostagem em
leiras, compostagem em baldes ou caixas, compostagem com minhocas (vermicompos-
tagem), método Lages de compostagem; vaso compostor lixo zero, entre outros tipos.
E ainda a compostagem pode ser definida quanto sua dimensão, como: compostagem
doméstica, empresarial, institucional e comunitária. Nesta Cartilha iremos falar sobre a
compostagem doméstica em composteira feita com baldes reutilizáveis.


Compostagem em baldes

Método Lages

Cada tipo de compostagem possui uma orientação específica sobre os tipos de


resíduos a serem utilizados, sobre o ambiente ideal, se é necessário ou não um ambiente
ventilado. Mas o verdadeiro segredo para quem vai iniciar um processo de compostagem
é o aprendizado pela observação. Verificar os procedimentos desde a separação dos
materiais orgânicos até o armazenamento destes na composteira doméstica. Compostar
é imitar os processos da natureza. Quando trazemos para os nosso lares essa ideia de
compostar, precisamos em um microambiente buscar copiar o que já acontece na natu-
reza.
Você já ouviu aquela frase “o feito é melhor que perfeito!”? Quer dizer que
precisamos começar, iniciar a nossa compostagem e que será um processo de melhoria
contínua, pois vamos aprender cada vez mais, cada composto orgânico prontinho para
colocar nos vasinhos de plantas será melhor que o anterior.

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1 Material necessário para iniciar
sua compostagem:
01 composteira
doméstica feita com
baldes reutilizáveis

Sobras orgânicas
(restos de frutas,
verduras, restos de
comida, cascas de ovos)

Matéria seca
(folhas secas,
serragem, grama
seca, palha)

2 Algumas dicas de preparo da


composteira antes de utilizá-la:
Se for montar sua composteira doméstica em cima de alguma mesa ou estrutu-
ra, leve em consideração que, após cheia de matéria orgânica, sua composteira terá um
certo peso e que essa estrutura deve comportar este peso. Ela deve ser montada em
local arejado e protegido do sol e da chuva. A composteira não pode tomar chuva, pois
isso aumentará muito a umidade do composto.

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3 Coletando os resíduos orgânicos

Para dinamizar o processo, o


ideal é que você tenha um recipiente
com tampa na sua cozinha. Toda vez
que você comer uma fruta ou picar um
legume, por exemplo, o que for sobra
orgânica você vai guardando dentro
desse recipiente. Ajuda muito se as
sobras orgânicas estiverem em tama-
nhos pequenos, por exemplo, cortar a
casca da banana, pois assim a decom-
posição do material é mais acelerada
quando dentro da composteira.

É importante que esse recipiente seja tampado para evitarmos o mau cheiro na
cozinha e que os insetos sobrevoem o local e coloquem ovos sobre o resíduo.

Uma dica para evitarmos a formação de líquido malcheiroso no fundo desse
recipiente, é colocarmos uma camada fina de serragem no fundo antes de depositarmos
os resíduos orgânicos.

Após dois ou três dias (ou quando o recipiente ficar cheio) você já pode colocar
os resíduos na sua composteira. Muitas vezes, nesse meio tempo, há a formação de fun-
gos que já iniciam o processo de decomposição do material dentro do próprio recipiente.
Isso é completamente normal e você não deve se preocupar.

4 Adicionando na composteira

Vamos adicionar na composteira a matéria úmida (sobras orgânicas) e a


matéria seca (folhas secas, serragem, grama seca, palha), para isso veremos recomen-
dações sobre o que colocar.

Observe que as dicas a seguir são para uma composteira doméstica em baldes,
para evitar algumas reações adversas como mau cheiro e visita de moscas. Se a compos-
tagem fosse realizada por outro método, como por exemplo em canteiros, a orientação
seria outra.

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O que colocar à vontade:

frutas legumes verduras grãos e sementes

sachê de chá e erva-mate cascas de ovo

O que colocar moderadamente:

borra e frutas cítricas alimentos guardanapo e


filtro de café cozidos papel toalha
(exceto carne)

O que evitar:

carnes e ossos gordura laticínios

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Prestou atenção nas dicas?
Então vamos agora utilizar a composteira.
Temos três baldes, não é mesmo?
Os baldes 1, 2 e 3.

Os baldes com furos no fundo (1 e 2) receberão a


matéria úmida e matéria seca da nossa composta-
gem. Observe que os baldes 1 e 2 possuem furos
laterais, importantes, pois esse modelo de com-
postagem é do tipo aeróbio, que acontece com a
presença de ar e auxílio de microrganismos.

1
Para ajudar no processo de decomposição e equili-
brar a umidade na composteira, antes de iniciar seu
uso, coloque uma camada de até 5 cm de matéria
seca (serragem, grama cortada, folhas secas, palha)
no fundo dos baldes 1 e 2.

Após isso, no balde 1 vc vai começar a depositar as


sobras orgânicas, que são os restos de alimentos.
Para equilibrar o composto, acrescente uma ca-
mada de matéria seca para cada camada de sobra

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orgânica. Importante que de 3 em 3 dias seja feito
um revolvimento do material, para facilitar a oxige-
nação e também equilibrar a umidade, deixando
sempre por cima a matéria seca.

Quando o balde 1 encher, você vai inverter a po-


sição com o balde 02 e repetir o mesmo processo
com o balde 02 até encher. Observe o seguinte:
se os baldes 01 e 02 ficarem cheios e a matéria

3
ainda não estiver escura, deve-se adicionar 5 cm
de serragem e deixá-lo fechado por mais 30 dias
para que se complete o processo de decomposi-
ção. (lembrando: quanto menor o tamanho da sua
sobra orgânica, mais rápida será a decomposição)

O balde 3 que tem a torneira é o balde que irá ar-


mazenar o nosso biofertilizante, que é o resultado
do processo de decomposição do material alojado
nos baldes de cima.

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Quanto tempo leva tudo isso?
O tempo de decomposição desses materiais é de aproximadamente dois meses. Isso vai
depender do tipo e do tamanho das sobras orgânicas. Dependendo do tipo e do tamanho
das sobras orgânicas.
O meu balde encheu muito rápido, e agora?
Provavelmente você ou sua família produzem muitos resíduos orgânicos, então podem
ter também mais baldes, ou mais composteiras em baldes ou também intercalar com
outros tipos de compostagem.

Como usar o biofertilizante


O biofertilizante pode ser diluído em água para regar
as plantas, na proporção de 1 litro de biofertilizante
para 10 litros de água, ou seja uma relação 1/10.
Para plantas em vasos deve-se usar 100 ml dessa
solução, a cada 15 dias.

Como usar o composto sólido


O composto orgânico formado, um composto escuro e sem cheiro, está pronto para
ser usado nas plantas, misturado à terra na proporção de 3 kg por metro quadrado.

Relação Carbono/Nitrogênio
Um item essencial para sua compostagem é a matéria seca (folhas secas, serra-
gem, madeira podre, palha, entre outras matérias-primas) que vai compor a rela-
ção de carbono/nitrogênio da sua composteira. Entenda por que isto é importante:

A relação carbono nitrogênio na composteira é a


proporção de carbono contida em cada material
em relação ao nitrogênio. Esses dois elementos
são muito importantes para os seres vivos, assim Para cada parte de
como para os organismos contidos nas compos- matéria úmida, use
teiras, que degradam a matéria orgânica. Porém, até três partes de
em relações baixas ou altas desses elementos, a
matéria seca.
eficiência do processo irá diminuir. Ao realizar a
A matéria seca será
compostagem doméstica, uma das orientações
que devemos seguir é a regulagem da relação a fonte de carbono
carbono/nitrogênio para que um desiquilíbrio da compostagem,
não afete o tempo de decomposição, os micro- a sua utilização fará
-organismos e/ou as minhocas. Portanto equili- com que o composto
brar a quantidade de cada elemento é essencial não gere odor e
para o bom funcionamento da sua composteira. nem atraia insetos.

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Compostagem é Vida!
Leia abaixo o impacto das ações de ensino e extensão
que incentivam a compostagem doméstica.

Impressões sobre o curso de extensão “Fabricação e Utilização de


Composteiras”, realizado de forma remota pelo IFRO em parceria com
PADAWAN AMBIENTAL e CATANORTE através do edital 18/2020, para
estudantes, cooperativas e comunidade em geral:

“Estou acompanhando a minha com- “Experiência edificante, aprendi algo que


posteira desde o conclusão do curso na não sabia e transmitirei o aprendizado.”
produção do adubo orgânico e já estou Vilton Sanchotene Pinto Filho
utilizando aos poucos nas minhas planti- COCAMARJI - JI-PARANÁ
nhas e também repassando para minhas
amigas minhas experiências e motivando “Muito satisfeito pela dinâmica e
elas também a compostar. Para mim foi metodologia adotada no curso. Com
muito bom participar deste curso de certeza para catadores de materiais
capacitação, e aprender algo para recicláveis é um conhecimento muito
contribuir com novas ações de preserva- importante para dar alternativas de
ção do meio ambiente. Minha opinião conhecimento social, econômico e
é que tenha mais vezes o curso de ambiental. Foi ótimo, esperando
capacitação em compostagem.” novas tecnologias a serem aplicadas.”
Maria dos Santos C. S. Guimarães Toni dos Santos Indústrial
ASSOCIAÇÃO NOVO ENCANTO CATANORTE - PVH

A partir do Projeto de Ensino realizado em 2020 com alunos do IFRO,


a aluna Erenita Peres do Nascimento multiplicou a experiência em seu
condomínio, de onde vieram estes relatos:
A sra. Maria Araújo da Silva relata que a partir do momento em que começou a fazer uso do
fertilizante, feito por meio de compostagens das sobras de cascas, sentiu que suas plantas
passaram a ter mais vida, desenvolveram melhor e tiveram suas folhagens mais saudáveis.
Ela aprova com entusiasmo esse método.

A sra. Vera da Silva Macedo, síndica do condomínio Porto Bello II, revelou que a cada dia é
possível ver o desenvolvimento das plantas com o uso do biofertilizante, também nos con-
tou que ela e seu ajudante separaram algumas plantas para testar o uso do biofertilizante
produzido por meio da compostagem enquanto outras plantas molharam apenas com água.
O resultado foi incrível, disse ela que as plantas que receberam o biofertilizante começaram
a florescer mais, enquanto as outras que eram regadas somente com água tiveram suas fo-
lhagens amareladas. Para concluir ela disse que foi a melhor experiência para o condomínio
Porto Bello II.

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CICLO DA COMPOSTAGEM

NOSSO ALIMENTO

ALIMENTO PARA A
TERRA E PLANTAS: RESTOS DE
ADUBO E ALIMENTOS E
BIOFERTILIZANTE MATÉRIA SECA

NAS
NÚCLEO DE AÇÃO SUSTENTÁVEL
I F R O - P O RTO V E L H O ZO N A N O RT E

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