Unidade - Ca
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Sistemas de Propulsão
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Sistemas de Propulsão
• Sistemas de Propulsão de um
Veículo Automotor.
OBJETIVO
DE APRENDIZADO
• Apresentar os conceitos relacionados aos componentes do sistema responsável pela propulsão
de um veículo automotor.
UNIDADE Sistemas de Propulsão
Sistemas de Propulsão de
um Veículo Automotor
Um veículo automotor possui a capacidade de se movimentar pelo fato de possuir
um motor próprio. A função principal de um veículo automotor é realizar o transporte
de pessoas e/ou cargas.
Nosso estudo será realizado nos chamados veículos automotores terrestres mais
comuns que se movimentam, normalmente, sobre estradas. Nesse caso, estão
incluídos os automóveis, as motocicletas e os caminhões. Porém, muitos dos sistemas
que estão presentes em um veículo automotor terrestre comum, também, estão pre-
sentes nos outros veículos automotores.
Um veículo automotor terrestre é composto por diversos sistemas que são respon-
sáveis pelo seu funcionamento. Esses sistemas são chamados de Sistemas Automo-
tivos e podem ser classificados em 5 sistemas principais:
• Sistema de Propulsão: É o sistema responsável pela produção de energia que
será utilizada para movimentar o veículo. Seu componente principal é o motor;
• Sistema de Transmissão: É o sistema responsável por transmitir o movimento
e a potência gerada pelo motor para as rodas;
• Sistema de Suspensão: É o sistema responsável por manter o veículo afastado
do solo e também por absorver as vibrações e os impactos causados pelas irre-
gularidades do solo por onde esse veículo trafega;
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• Sistema de Frenagem: É o sistema responsável por reduzir a velocidade do
veículo, ou ainda, por imobilizar esse veículo;
• Sistema de Direção: É o sistema responsável por permitir que o motorista
realize a mudança na trajetória do veículo através da rotação do volante.
Motor
O motor é o coração do sistema de propulsão de um veículo. O motor é o com-
ponente do Sistema de Propulsão que, efetivamente, produz a energia que irá movi-
mentar o veículo.
Existem diversos tipos de motores que podem ser utilizados para produzir a energia
que movimentará o veículo automotor:
• Motores de Combustão Interna a pistão: Esses motores possuem cilindros e pis-
tões em seu interior que realizam um movimento linear alternativo (vai e vem), que
é transformado em um movimento rotativo, através de um sistema biela – manivela.
Esses motores e utilizam a queima de um combustível para produzir a energia térmi-
ca, que será transformada em trabalho mecânico. São representados pelos motores
que operam de acordo com o Ciclos Termodinâmicos de Otto ou Diesel. Na Figura 2
é possível visualizar-se um exemplo de Motor de Combustão Interna a pistões;
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• Turbinas a gás: São motores formados por um sistema composto por um com-
pressor e uma turbina ligados ao mesmo eixo de rotação. Esse tipo de motor
utiliza a energia térmica produzida em sua câmara de combustão para produzir
trabalho mecânico. São representadas pelos motores que funcionam de acordo
com o Ciclo Termodinâmico de Brayton. São muito utilizadas em Aeronaves, e
há até tanques de guerra que utilizam esse tipo de motor para sua propulsão.
Na Figura 4 é possível visualizar-se um exemplo de Turbina a gás;
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• Motores Elétricos: São motores que utilizam a eletricidade como fonte de
energia. Esses motores transformam a energia elétrica em trabalho mecânico.
Os automóveis que utilizam motores elétricos estão, aos poucos, sendo dispo-
niibilizados aos consumidores devido às legislações sobre emissões de poluen-
tes cada vez mais restritivas. Na Figura 5 é possível visualizar-se um exemplo
de sistema de propulsão de um automóvel conhecido como sistema híbrido,
que utiliza um motor de combustão interna e um motor elétrico. Normalmen-
te, nesse tipo de sistema, utiliza-se o motor elétrico, que consome a energia
elétrica armazenada nas baterias e, quando essa energia termina, o motor de
combustão é acionado e, nessa caso, a energia mecânica produzida por esse
motor serve, tanto para movimentar o veículo, como para movimentar o motor
elétrico que, então funciona como um gerador, recarregando as baterias.
Esses motores são compostos por pistões (ou êmbolos) que se movimentam
dentro de cilindros (furos cilíndricos) em um movimento linear e alternativo (Mo-
vimento de vai e vem). Esse movimento alternativo é transformado em um movi-
mento rotativo através de um componente chamado biela. A biela transmite esse
movimento rotativo para o eixo virabrequim, também chamado de árvore de ma-
nivelas. O eixo virabrequim possui diversos eixos “excêntricos”, ou seja, foram do
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da linha de centro principal do eixo. Esses eixos excêntricos são colocados de tal
forma que, enquanto um pistão está se movimentando em uma direção, pelo menos
um outro pistão está se movimentando em direção oposta, o que faz com que o eixo
virabrequim mantenha-se em rotação.
Para que ocorra o movimento dos pistões, que, por sua vez, irá movimentar as bie-
las e, o eixo virabrequim, torna-se necessária a produção de energia térmica, o que irá
aumentar a temperatura do ar admitido pelo motor e, junto com o aumento de pressão
devido a compressão de ar, irá aplicar uma força sobre a superfície superior do pistão.
O local do cilindro onde ocorre esse processo é chamado de câmara de combustão.
Para que ocorra uma combustão, é necessário que, além do combustível, seja
admitido ar no cilindro. Ao término da combustão, esse ar deve ser então retirado
do cilindro. Os mecanismos responsáveis pelo controle do ar que entra ou sai do
conjunto cilindro pistão são chamados de válvulas. Sendo assim, em cada conjunto
cilindro pistão existe, pelo menos, uma válvula de admissão (que admite ar ou ar
com combustível) e uma válvula de escape (que permite a saída dos gases quei-
mados, provenientes da combustão).
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Existem 2 tipos de motores de combustão interna a pistões:
• Motor Otto: Esse motor foi desenvolvido por Nikolaus August Otto (1832-1891).
O Ciclo Termodinâmico que descreve seu funcionamento é chamado de Ciclo
Otto e, normalmente é aplicado em motores que utilizam a gasolina e/ou etanol
como combustível. As principais características desse motor são:
» A presença de uma vela de ignição, que é um dispositivo elétrico responsável
por soltar uma faísca (centelha) quando o pistão atinge o Ponto Morto Supe-
rior (PMS) dando início a combustão da mistura ar com combustível. Por esse
motivo, esse motor também é chamado de motor de ignição por faísca, ou
ignição por centelha;
» A combustão, nesse motor, ocorre através de um processo isocórico, ou seja,
a volume constante. Dessa forma, durante praticamente todo o processo de
combustão, o pistão permanece no Ponto Morto Superior (PMS);
• Motor Diesel: Esse motor foi desenvolvido por Rudolf Diesel (1858-1913).
O Ciclo Termodinâmico que descreve seu funcionamento é chamado de Ciclo
Diesel e, normalmente é aplicado em motores que utilizam Óleo Diesel como
combustível. As principais características desse motor são:
» Não há a presença de uma vela de ignição, ou seja, não há a formação de uma
faísca (centelha) para dar início a combustão da mistura ar com combustível.
Para que isso seja possível, a taxa de compressão volumétrica é bem maior
nesse tipo de motor em relação ao Motor Otto. Isso significa maior pressão na
câmara de combustão, causando um aumento na temperatura, de tal forma
que a combustão tem início de forma espontânea. Por esse motivo, esse motor
também é chamado de motor de ignição por compressão;
» A combustão, nesse motor, ocorre através de um processo isobárico, ou seja,
a pressão constante. Dessa forma, durante o processo de combustão, ocorre
um pequeno deslocamento do pistão a partir no Ponto Morto Superior (PMS),
em direção ao Ponto Morto Inferior (PMI).
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Esses eixos comando de válvulas possuem cames que são os responsáveis por
abrir e fechar as válvulas no momento correto.
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Figura 8 – Detalhes dos componentes que permitem o sincronismo
entre o eixo virabrequim e os eixos comandos de válvulas
Fonte: Adaptado de Getty Images
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A principal dificuldade técnica desse motor é o fato de que, para lubrificar o conta-
to entre o pistão e o cilindro, é necessário que se coloque óleo lubrificante misturado
ao combustível.
Sistema de Alimentação
Para que o motor de combustão interna permaneça funcionando é necessário que
esse motor seja abastecido com combustível. Essa é a função do Sistema de Alimentação.
Os principais componentes do Sistema de Alimentação são:
• Reservatório de Combustível: Também chamado de Tanque de combustível.
É responsável por permitir o abastecimento e armazenamento do combustível
necessário para a alimentação do motor;
• Bomba de Combustível: É o dispositivo responsável por transportar o combus-
tível do reservatório para o motor;
• Sistema de Injeção de Combustível: É o sistema utilizado para colocar o com-
bustível dentro do cilindro do motor.
Em motores mais antigos que operam de acordo com o Ciclo Otto, a mistura do
ar com o combustível é realizada através de um dispositivo chamado de carburador.
Na Figura 11 é possível visualizar-se uma ilustração com os principais componentes
de um carburador.
Entrada de ar
Combustível a
partir do tanque
Mistura
ar + combustível
Válvula de saída
de combustível
Jato de combustível
Bóia em baixa pressão
(vapor)
Válvula acionada
pelo acelerador
do veículo
Mistura
ar + combustível em
direção ao cilindro
Figura 11 – Detalhe do sistema de injeção – carburador
Fonte: Adaptado de Getty Images
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Em motores mais modernos que operam de acordo com o Ciclo Otto, o com-
bustível é injetado diretamente no tubo de admissão de ar ou ainda, diretamente na
câmara de combustão. Isso é possibilitado através dos chamados bicos injetores, que
são controlados eletronicamente. Esse sistema é chamado de injeção eletrônica.
Finalmente, nos motores mais antigos que operam de acordo com o Ciclo Diesel,
existe a bomba injetora de combustível. Nos motores mais modernos, também são
utilizados bicos injetores controlados eletronicamente, ou seja, um sistema de Inje-
ção eletrônica.
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Na Figura 14 é possível visualizar-se um exemplo de bomba injetora utilizada em
Motores Diesel.
Alguns motores que operam de acordo com os Ciclos Otto ou Diesel, ainda apre-
sentam o chamado Turbocompressor.
Sistema de Arrefecimento
Durante a operação, o motor atinge temperaturas muito altas. Nesses casos, é
necessário que o motor seja resfriado, para evitar que o motor seja danificado.
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Sistema de Lubrificação
As partes móveis de um motor estão sujeitos a um intenso atrito. Sendo assim, é
necessário que seja aplicado óleo entre essas partes móveis de tal forma que o atrito
entre as partes metálicas em movimento relativo, seja substituído por um atrito viscoso.
Os principais componentes do Sistema de Lubrificação do motor são:
• Cárter: Trata-se do reservatório de óleo do motor;
• Bomba de óleo: É o dispositivo responsável por bombear o óleo lubrificante até
todos os componentes móveis do motor.
Sistema de Escapamento
Outro sistema a ser considerado em um motor é o chamado sistema de escapamento.
O Sistema de Escapamento é responsável por permitir a saída dos gases pro-
venientes da queima de combustível e tratar esses gases, antes de despejá-los
na atmosfera.
Esse tratamento dos gases de exaustão é realizado por um componente do sis-
tema de escapamento chamado de Catalisador.
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Na Figura 16 é possível visualizar-se um exemplo de catalisador em corte.
Sistema Elétrico
O sistema elétrico de um veículo automotor é o sistema responsável por fornecer
toda a eletricidade necessária para funcionamento do motor e de outros dispositivos
e acessórios do veículo.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Fundamentos da Termodinâmica
Leia o capítulo 10 (p. 435-441) da obra de SONNTAG, R. E.; BORGNAKKE, C.
intitulada “Fundamentos da Termodinâmica”. Nesse texto serão apresentados os
conceitos iniciais dos motores de combustão interna a pistão.
Motores de Combustão Interna
Leia o capítulo 1 (p. 21-70) da obra de Franco Brunetti, intitulada “Motores de
Combustão Interna”. Nesse texto serão apresentadas os principais conceitos
iniciais do estudo de motores de combustão.
Vídeos
Física do Motor a Gasolina: Ciclo Otto
https://youtu.be/K5kAAhyHz1k
A Física do motor Diesel, uma aula de Termodinâmica
https://youtu.be/oDGau5KRV_U
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Referências
BEER, F. P. et al. Mecânica Vetorial para Engenheiros: Dinâmica. 11. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2019. (e-book)
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