Lei Complementar #246, de 6 de Dezembro de 2005
Lei Complementar #246, de 6 de Dezembro de 2005
Lei Complementar #246, de 6 de Dezembro de 2005
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CAPÍTULO I
DOS CONCEITOS GERAIS
Art. 1ºA água é um recurso natural cuja disponibilidade é limitada, e como tal as áreas de bacia de
captação e acumulação constituem-se em espaços cuja função social prioritária é a preservação das águas
dos seus mananciais.
Art. 2º A presente Lei tem por objetivo assegurar a disponibilidade dos recursos hídricos superficiais e
subterrâneos aos atuais usuários e às futuras gerações em padrões de quantidade e qualidade adequados
ao consumo.
Art. 3º Considerando sua função primeira, as bacias de captação são áreas de densificação mínima,
sendo que alternativas de sustentabilidade serão permitidas de acordo com o grau de impacto que
gerem.
Art. 4º Cada bacia de captação será tratada de acordo com as fragilidades ambientais que lhe
caracterizam, base para o zoneamento do uso do solo, conforme estudos realizados para as bacias Dal Bó,
Maestra, Samuara e Moschen.
Parágrafo único. As demais bacias, relacionadas no art. 6º, quanto ao zoneamento de uso do solo,
permanecem com áreas ou faixas de proteção classificadas como de 1ª e 2ª categoria até a realização de
estudos nos moldes do referido no caput deste artigo.
Art. 5º As ocupações existentes sobre bacias de captação, consolidadas, serão objeto de apreciação
através de lei específica que contemple aspectos de infra-estrutura, impacto ambiental das atividades e
preservação das áreas necessárias à garantia da salubridade da bacia.
Art. 6ºA Zona das Águas (ZA), criada através da Lei Complementar nº. 27, de 15 de julho de 1996 - Plano
Físico Urbano - PFU, passa a ser regrada através da presente Lei, sendo assim designada em espaço
urbano e rural do município de Caxias do Sul.
§ 1º A Zona das Águas é composta pelas bacias hidrográficas, que têm por função a captação e
acumulação de água para o abastecimento público do município de Caxias do Sul, sendo elas:
a) Dal Bó;
b) Maestra;
c) Samuara;
d) Moschen;
e) Galópolis;
f) Faxinal;
g) Marrecas;
h) Piaí;
i) Sepultura; e
j) Mulada.
§ 2º As bacias citadas no § 1º, alíneas "a" até "e" estão indicadas no Anexo III.
§ 4º As bacias citadas no § 1º, alíneas "g" até "j" estão indicadas no Anexo V, sendo que, a delimitação
dos reservatórios para acumulação e aferição dos divisores destas bacias será feita quando da elaboração
dos respectivos projetos executivos, de acordo com as demandas de abastecimento.
§ 5 º O Município poderá, a seu critério, mediante instrumento legal, indicar outras áreas necessárias
ao abastecimento de água à sua população.
Art. 7º A bacia hidrográfica do Moschen passa a ter o seu limite de espaço urbano alterado, sendo este
de acordo com mapa e descrição constante no Anexo IX.
Art. 8º O Anexo I, Glossário, contendo definições e conceitos aqui referidos e para os quais tem efeito, é
parte integrante e inseparável da presente Lei.
CAPÍTULO II
DA GARANTIA DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA A POPULAÇÃO
Art. 9ºAs bacias de captação e acumulação de água são áreas destinadas a garantir o abastecimento de
água à população, sendo os demais usos condicionados ao prévio atendimento dessa demanda.
II - aos usos racionais da água, combatendo perdas e desperdícios através de políticas públicas
específicas;
Art. 11O Poder Executivo deve promover estudos e pesquisas visando à viabilidade de novas formas de
captação, tratamento, controle, monitoramento e distribuição de água.
CAPÍTULO III
DOS CONDICIONANTES AMBIENTAIS PARA AS BACIAS DE CAPTAÇÃO E ABASTECIMENTO
I - os corpos d`água superficiais em ambas as margens, desde o seu nível mais alto, conforme sua
importância na manutenção do sistema que integram, de acordo com o que segue:
§ 1º Considera-se vegetação primária a vegetação de máxima expressão local com grande diversidade
biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas
características originais de estrutura e de espécies.
IV - as encostas ou partes destas, com declividade superior a 45º (quarenta e cinco graus) equivalente
a 100% (cem por cento) na linha de maior declive.
CAPÍTULO IV
DAS ATIVIDADES NAS BACIAS DE CAPTAÇÃO E ABASTECIMENTO
Seção I
Das Atividades Nas Bacias Dal Bó, Maestra, Samuara e Moschen
Art. 14 Serão permitidas, de acordo com a legislação pertinente e aprovadas em projeto, as seguintes
atividades:
I - residencial;
IV - esportes voltados à corrida de aventura, caminhada instruída, navegação, desde que sem uso de
motor a combustão ou outros cujo impacto seja admissível;
VIII - agrícola com manejo adequado, com adoção de práticas de conservação do solo e da água.
IX - criação de animais com controle de produção de resíduos e líquidos, como apoio a produtividade
familiar e ao desenvolvimento do turismo ecológico.
Parágrafo único. A suinocultura e afins, os aviários existentes ainda que licenciados, serão objeto de
monitoramento pelo Poder Público de forma a garantir a não-emissão de efluentes que possam colocar
em risco a contaminação de qualquer corpo d`água.
Art. 15 Nas áreas de proteção dos corpos d`água superficiais serão permitidos os seguintes usos e
atividades:
Parágrafo único. Os acessos referidos neste inciso deverão ocupar apenas o espaço necessário para
passagem, com segurança, de pessoas e veículos, sem que haja remoção de vegetação do entorno e/ou
movimento de terra excessivo, devendo sua execução estar condicionada à prévia autorização do SAMAE.
III - esportes ao ar livre, esportes náuticos do tipo vela e canoagem, pesca e natação;
a) aos esportes náuticos será permitida utilização, como apoio, de embarcação com motor, desde que
este utilize combustível biodegradável; e
b) a natação não será permitida nas bacias de acumulação da água que serve ao abastecimento do
Município;
Parágrafo único. Para a consolidação do previsto neste inciso, obrigatoriamente, será apresentado:
VI - qualquer outro uso ou atividade não previsto neste artigo será objeto de análise pela CTOSB.
Art. 16 As atividades industriais já existentes serão admitidas após avaliação do Município, com o parecer
do SAMAE, mediante as seguintes condições:
I - adoção do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) conforme os requisitos para sua implantação,
constante da Norma NBR ISO 14.001 e de acordo com a definição constante no Glossário;
a) o SGA deve prever a aplicação de tecnologias que priorizem a redução no consumo de matéria
prima, energia e água, adotando projeto de instalação com reuso da água consumida;
II - adoção de sistema de tratamento total de seus efluentes líquidos, tanto industriais como cloacais,
até o nível terciário, que possibilite o reuso das águas servidas;
III - apresentar, na periodicidade exigida pelo órgão ambiental, um relatório de Auditoria Ambiental, a
ser emitido por empresa(s) previamente aprovada(s) pelo Município.
§ 4º As atividades industriais existentes que gerarem dúvidas quanto ao impacto que venham a
causar com sua instalação ou operação, independente de estarem listadas ou não na presente Lei, do
porte, conceito, processo produtivo, serão objeto de avaliação de impacto ambiental.
I - comércio e prestação de serviços que se enquadrem nos ramos de atividades conforme listagem
constante no Anexo II que integra a presente Lei.
II - indústrias que não se enquadrem no inciso VII do art. 14;
III - oleodutos; e
CAPÍTULO V
DO ZONEAMENTO DO USO DO SOLO PARA AS BACIAS DAL BÓ, MAESTRA, SAMUARA E MOSCHEN
Art. 18 O uso do solo em áreas de bacias de captação a que se refere este Capítulo será permitido
respeitado o conceito de fragilidade ambiental e conseqüente restrição de uso, sendo estes
caracterizados pelo seguinte zoneamento:
I - Nível Crítico: compreendem as áreas marginais dos corpos hídricos superficiais, com restrições
determinantes para a proteção dos mananciais, sendo aqueles constantes no art. 12, inciso I, Capítulo -
Dos Condicionantes Ambientais, indicados no Anexo VI; e
III - Nível Moderado: considerado como as áreas em que as restrições hidrológicas e hidrogeológicas
são menores, mas não desprezíveis compostas pelos seguintes elementos, exceto as associações previstas
no Nível Elevado:
IV - Nível Baixo: considerado como as áreas já com forte alteração das condições naturais, não
relacionadas diretamente com sistemas de fraturas e nem áreas de recarga e descarga, com vegetação
rasteira ou solo exposto, podendo comportar índices de ocupação menos rigorosos.
Art. 19 O Anexo VIII contém mapeamento do Zoneamento do Uso do Solo a que se refere o art.18 para
as bacias de captação dos arroios Dal Bó, Maestra, Samuara e Moschen.
§ 1º Os elementos objeto do presente Capítulo, foram elaborados com base em cartografia e, não
pressupõe o registro de todos os recursos ambientais existentes, portanto, não substituem levantamento
específico da área quando da implantação de empreendimento, independente da atividade.
CAPÍTULO VI
DO PARCELAMENTO DO SOLO NAS BACIAS DAL BÓ, MAESTRA, SAMUARA E MOSCHEN
Parágrafo único. Deverá constar em escritura que a área objeto de parcelamento está sobre bacia de
captação para abastecimento público, denominado como Zona das Águas - ZA, sujeita a restrições de
acordo com legislação pertinente.
Art. 21 O parcelamento do solo, quanto as suas formas, será realizado de acordo com o previsto em
legislação federal e estadual pertinente.
Art. 22 São áreas não parceláveis e não edificáveis, embora componham o parcelamento, as áreas objeto
de preservação permanente que integram o Capítulo III - Dos Condicionantes Ambientais, art. 12, incisos
I, III e IV.
Art. 23São áreas não parceláveis e edificáveis aquelas com declividade igual ou superior a 30% (trinta
por cento), na linha de maior declive, podendo ser parceladas se atendidas exigências específicas das
autoridades competentes, conforme licenciamento ambiental.
Art. 24A Tabela 1 a seguir indica o tamanho de lote mínimo em função dos níveis de restrição de uso,
bem como testada, afastamento frontal, lateral e de fundos (mínimo):
TABELA 1
________________________________________________________________
| NÍVEL | LOTE | TESTADA |AFASTAMENTO|AFASTAMENTO LATERAL |
| |MÍNIMO(m2)|MÍNIMA(m)| FRONTAL |(para as duas divisas)|
| | | | MÍNIMO(m) |E DE FUNDOS MÍNIMO (m)|
|========|==========|=========|===========|======================|
|CRÍTICO | Não| - | - | - |
|--------|----------|---------|-----------|----------------------|
|ELEVADO | 10.000,00| 14,00| 4,00 | 2,00 |
|--------|----------|---------|-----------|----------------------|
|MODERADO| 2.500,00| - | - | - |
|--------|----------|---------|-----------|----------------------|
|BAIXO | 1.000,00| - | - | - |
|________|__________|_________|___________|______________________|
1º Quando o lote de acordo com o nível de restrição não atingir a área mínima correspondente à Tabela 1,
deverá preferencialmente, completar a mesma junto ao nível lindeiro de menor restrição.
§ 2º Se na aplicação da regra do § 1º, o complemento de área do lote mínimo incidir no nível elevado,
a atividade a implantar deve estar concentrada junto ao nível de origem do lote, ou seja, ao de menor
restrição.
§ 3º Poderá o requerente submeter, perante justificativa técnica, alternativa diversa para estudo
preliminar à Comissão Técnica para Ocupação do Solo em Bacias - CTOSB -, que emitirá avaliação e
diretrizes, considerando pontualmente as fragilidades ambientais existentes, comprovadamente
demonstradas.
Seção I
Dos Espaços Viários
Art. 25 O parcelamento do solo nas áreas de bacias de captação, regradas neste Capítulo, atenderá:
II - passeio público pavimentado em 1/3 (um terço) de sua largura ou no mínimo 1.10 m (um metro e
dez centímetros);
III - para a pavimentação do arruamento e passeio público o material a utilizar deverá ter
comprovadamente, porosidade que propicie a infiltração da água para o subsolo reduzindo a velocidade
das águas superficiais, sendo passível de avaliação pela CTOSB; e
IV - serão realizados estudos específicos da Estrutura Viária nas áreas de bacia de captação, a critério
do órgão de Planejamento do Município, com a ouvida do SAMAE, onde serão confirmadas as vias
necessárias de acordo com a macro hierarquia urbana.
Seção II
Do Espaço Público Institucional
Art. 26 No parcelamento do solo será doada ao Município, escolhida a critério do SAMAE, sem qualquer
ônus, no mínimo, 15% (quinze por cento) da área total parcelada, como espaço público institucional,
podendo aí estar incluídas as áreas descritas no Capítulo III - Dos Condicionantes Ambientais.
§ 1º Poderão ser indicadas áreas fora da gleba a parcelar para espaço público institucional, dentro das
bacias hidrográficas para abastecimento público, de acordo com interesses do SAMAE, que se relacionem
com a sua preservação ou recuperação.
§ 2º A área mínima admitida para o espaço público institucional será a do lote mínimo (1.000,00 m²)
e respectiva testada mínima (14,00 m).
Seção III
Da Infra-estrutura
Art. 27 A infra-estrutura mínima a ser executada pelo empreendedor para o parcelamento do solo será:
V - Iluminação pública;
Parágrafo único. As obras de infra-estrutura devem ser executadas de acordo com as normas do
Município.
Art. 28 Será exigido, a cargo do empreendedor, sistema de tratamento de esgoto sanitário em nível
terciário, devendo o efluente ser lançado de acordo com a legislação vigente, diretrizes do SAMAE e
licenciamento pelo órgão ambiental competente.
§ 1º As Estações de Tratamento de Esgoto - ETEs poderão estar consorciadas, podendo servir a mais
de um empreendimento, com autorização prévia do SAMAE, de acordo com o projeto.
§ 3º Sendo necessário, por aspectos técnicos, que a ETE se localize em fundo de terreno e, desde que,
o acesso à mesma seja exclusivo para este fim, a abertura deste não configurará loteamento.
Art. 29 São expressamente proibidas as seguintes formas de destinação e utilização de resíduos sólidos:
V - armazenamento inadequado; e
VI - utilização para alimentação animal e adubação orgânica em desacordo com legislação específica.
CAPÍTULO VII
DOS CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS EM BACIAS DE CAPTAÇÃO
Art. 30O condomínio regrado na presente Lei, se constitui em unidades autônomas entre si, implantadas
sobre terreno comum, com áreas de uso comum, com edificação ou conjunto de edificações destinadas
ao uso residencial, em que os projetos arquitetônicos são aprovados simultaneamente.
Art. 31 Os condomínios quanto à figura jurídica são regidos pela legislação federal que os estabelece.
Art. 32Para a implantação de condomínio se faz necessário o parcelamento do solo, e a aprovação dos
projetos respectivos.
Parágrafo único. Os arroios, nascentes, banhados, lagoas e açudes, naturais ou artificiais, a vegetação
primária e a secundária em estágio médio e avançado de regeneração, além das determinações a que
estão sujeitos na presente Lei devem atender, nos espaços condominiais:
a) o tratamento paisagístico de forma a recompor ou manter, conforme a situação, a mata ciliar;
b) a recuperação de áreas em processo de erosão; e
c) a proteção de áreas sujeitas à inundação.
III - aos níveis de restrição de uso conforme o Capítulo V - Do Zoneamento do Uso do Solo;
IV - as áreas parceláveis, não edificáveis e passíveis de parcelamento conforme art. 22 e 23, Capítulo
VI, Do Parcelamento do Solo;
VII - os acessos veiculares internos, nos condomínios, poderão ter via de circulação veicular de, no
mínimo 8,0 m (oito) metros.
Art. 35 Os condomínios deverão estabelecer locais para o armazenamento dos resíduos sólidos,
perfeitamente acondicionados, com indicação de acordo com classificação dos resíduos para posterior
coleta, no espaço público, conforme normas municipais.
Art. 36Os espaços públicos institucionais, decorrentes da implantação de condomínios, de que trata o
presente Capítulo, são objeto de doação quando do parcelamento do solo, conforme legislação
pertinente.
Art. 37Para fins de condomínio, o tamanho de lote mínimo relacionado com os níveis de restrição de uso
será de acordo com o art. 24, Tabela 1.
CAPÍTULO VIII
DO LOTEAMENTO FECHADO
Art. 38 Loteamento fechado para efeito desta Lei, especificamente para as bacias urbanas Dal Bó,
Maestra, Samuara e Moschen, é o loteamento cuja delimitação no todo ou em parte de seu perímetro é
marcada por muro, cerca, grade, mantendo controle ao acesso dos lotes.
Art. 40O Poder Público, quanto ao loteamento fechado, fica autorizado a realizar a outorga de permissão
de uso referente aos espaços públicos institucionais doados quando do parcelamento do solo, junto à
Associação de Proprietários, independente de licitação, uma vez que a mesma se dará por
empreendimento específico, aprovado conforme disciplina a presente Lei.
Art. 41 A outorga de permissão de uso será feita por Decreto do Poder Executivo onde constará, entre
outros:
Art. 42 A outorga de permissão de uso referida no art. 41 poderá ser estabelecida no que se refere às
áreas institucionais e vias de circulação, aprovadas junto ao projeto de parcelamento do solo, desde que
atendam as seguintes condições mínimas:
a) atendimento das diretrizes viárias definidas pelo órgão de Planejamento, conforme art. 25, inciso
IV, as quais serão de livre acesso ao tráfego geral quando secionarem a gleba objeto do loteamento
fechado;
b) disposição das vias de forma a contornar as áreas fechadas;
c) quando situado junto ao alinhamento do logradouro público, o fechamento do loteamento deverá
manter recuo mínimo de 5,0 m (cinco metros) a partir do meio fio, incluído o passeio público; e,
d) manutenção e conservação das vias públicas de circulação, calçamento, sinalização de trânsito.
II - quanto às áreas institucionais, estarão determinadas as que não incidem na permissão de uso,
sendo estas obrigatoriamente situadas de forma a ter seu acesso não restrito a qualquer pessoa, sendo
que, as mesmas serão mantidas pela Associação dos Proprietários até que sejam utilizadas pelo Poder
Público conforme determinadas na aprovação do parcelamento.
II - à criação de Associação dos Proprietários, constituída na forma de pessoa jurídica, onde constará
além das questões legais pertinentes, explicitamente a responsabilidade quanto à permissão de uso das
áreas públicas definidas pelo Poder Público.
Art. 44 Quanto aos aspectos urbanísticos atenderá aos mesmos estabelecidos no Art.34, incisos I a VI,
Capitulo VII - Dos Condomínios Residenciais e o art. 24, Tabela 1.
II - coleta dos resíduos e destinação adequada, conforme normas pertinentes, para recolhimento em
via pública;
Parágrafo único. Para cumprimento do aqui estabelecido, poderá ser firmado convênio entre a
Associação dos Proprietários e o Poder Público.
Art. 46 Será garantida a ação livre e desimpedida das autoridades públicas responsáveis pela fiscalização
da área.
II - retirada das benfeitorias tais como fechamentos, portarias e outros sem ônus para o Município.
Parágrafo único. As benfeitorias executadas bem como sua remoção estarão a cargo da Associação
dos Proprietários, não cabendo ao Município o pagamento de qualquer indenização sobre os mesmos.
CAPÍTULO IX
DOS PARÂMETROS DE EDIFICAÇÃO
Art. 49 Para a manutenção da relação do tamanho de lote e o número de habitantes que as áreas podem
aceitar considerando suas fragilidades ambientais, propõem-se os seguintes parâmetros de edificação,
conforme Tabela 2:
TABELA 2
___________________________________________________________
|NÍVEL-IM| ATIVIDADE | |
| |-----------+-----------------+-------------| TI % |
| |RESIDENCIAL|COMERCIAL/SERVIÇO|INSTITUCIONAL| |
|========|===========|=================|=============|======|
|CRÍTICO | não| não| não|não |
|--------|-----------|-----------------|-------------|------|
|ELEVADO | 0,20| 0,05| 0,05|10 |
|--------|-----------|-----------------|-------------|------|
|MODERADO| 0,40| 0,10| 0,10|20 |
|--------|-----------|-----------------|-------------|------|
|BAIXO | 0,60| 0,25| 0,25|30 |
|________|___________|_________________|_____________|______|
I - índice de Multiplicação - IM é o número que multiplicado pela área do terreno estabelece a área de
edificação permitida.
§ 1º Para o cálculo do IM na atividade residencial não são computadas as áreas de uso condominiais,
as de pilotis, estacionamentos, terraços e as de sacadas;
§ 1º Redução de 80% (oitenta por cento) das áreas com utilização de pavimentos permeáveis,
podendo ser:
a) bloco vazado (de concreto ou outro material) preenchido com material granular ou vegetação
rasteira;
§ 2º Redução de 50% (cinqüenta por cento) das áreas com aplicação de pavimento semipermeável,
podendo ser:
§ 3º A utilização de outros materiais, técnicas que demonstrem eficiência nos moldes dos pavimentos
citados serão objetos de análise específica pela CTOSB.
§ 4º É vetada qualquer impermeabilização adicional nas superfícies, uma vez aprovados os projetos
de parcelamento e edificações.
Art. 50 Quando em um mesmo lote incidir mais de um nível de restrição, o cálculo do IM e da TI será
feito proporcionalmente e deverá ser utilizado preferencialmente no nível de menor restrição.
Para aplicação dos parâmetros de edificação da Tabela 2, será admitido no máximo para atividade
Art. 51
comercial / prestação de serviço e institucional:
Art. 52 Os parâmetros de edificação não especificados na presente Lei deverão seguir ao disposto no
Código de Obras e demais orientações da legislação municipal pertinente.
CAPÍTULO X
DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DE GALÓPOLIS, FAXINAL, MARRECAS, PIAÍ, SEPULTURA E MULADA
Art. 53 As bacias hidrográficas de Galópolis, Faxinal, Marrecas, Piaí, Sepultura e Mulada integram a Zona
das Águas - ZA do município de Caxias do Sul, sendo as contidas entre os divisores de água do
escoamento superficial contribuinte dos seus respectivos mananciais, cursos e reservatórios de água.
Art. 54 As áreas de bacia a que se refere este Capítulo são classificadas em:
II - áreas de 2ª categoria, consideradas como aquelas de menor restrição, e que não se enquadrem
nas áreas de 1ª categoria.
Seção I
Das Atividades
Art. 55 Nas áreas de 1ª categoria somente serão permitidos os usos e atividades constantes no art.15
seus respectivos incisos e parágrafos.
I - residencial; e
§ 1º Insere-se neste parágrafo a atividade agrícola nos moldes do art.14, inciso VIII, § 1º e § 2º.
§ 3º Poderá ser utilizada água para irrigação, desde que não seja prejudicado o uso prioritário dos
mananciais, que é o abastecimento de água à população, não sendo ainda permitido a condução da
mesma para fora da bacia.
III - agroindústrias;
IV - institucionais voltadas:
VII - indústrias com adoção de Sistema de Gestão Ambiental - SAG, conforme disciplinadas no art. 16,
incisos e parágrafos.
Seção II
Do Parcelamento e Parâmetros de Edificação
Art. 57 Os parcelamentos nas bacias a que se refere o presente Capítulo, quanto ao espaço rural,
deverão obedecer às seguintes normas:
Parágrafo único. Na área a que se refere o inciso I, 25% (vinte e cinco por cento) devem
necessariamente estar localizados em 2ª categoria, para fins de edificação, incidindo o índice sobre a
mesma.
Art. 59 Os parâmetros urbanísticos a serem aplicados no espaço urbano da bacia do Arroio Faxinal e nas
sedes urbanas dos distritos que estejam sobre bacia de captação, em área de 2ª categoria, até a
publicação de lei com base nos estudos referidos no Parágrafo único do art. 4º, e na realização dos Planos
Físicos específicos previstos, são:
III -Taxa de Impermeabilização - (TI) = 20% (vinte por cento) para residencial e 10% (dez por cento)
para comercial/prestação de serviços/industrial/institucional; e
IV - Índice de Multiplicação - (IM) para residencial = 0,2 (zero vírgula dois) e para comercial/prestação
de serviços/industrial/institucional = 0,1 (zero vírgula um).
Art. 60 Os sistemas coletivos de esgotos sanitários deverão ser providos de rede separador absoluto,
tratados a nível secundário, no mínimo.
§ 2º As obras de disposição dos efluentes a que se refere este artigo deverão ser vistoriadas e
liberadas antes de concluídas.
Art. 62 A execução das normas desta Lei se fará sem prejuízo da observância de outras, mais restritivas,
previstas em legislação federal e estadual.
CAPÍTULO XI
DOS TRÂMITES PARA APROVAÇÃO DOS PROJETOS NAS BACIAS DE CAPTAÇÃO
Art. 63O requerente solicitará viabilidade de construção através de requerimento padrão - Informações
Urbanísticas (IU), junto à Secretaria Municipal do Desenvolvimento Urbano- SDU.
Parágrafo único. Dúvidas quanto ao mapeamento e os elementos que compõe os níveis de restrição
do zoneamento do uso do solo serão aferidos pelo SAMAE, em campo se houver necessidade, e depois
avaliado pela CTOSB, que emitirá parecer final.
III - vistorias e fiscalização relacionadas aos projetos aprovados, inclusive para a liberação do Habite-
se; e
Art. 66 CTOSB será formada por técnicos das seguintes unidades administrativas ou seus sucedâneos,
coordenados pelo SAMAE:
Art. 68 No espaço rural, em áreas de bacias de captação as edificações se enquadrarão nos critérios do
Código de Obras e orientações pertinentes ao SAMAE.
Parágrafo único. As edificações (galpões) para atividades agrícolas com metragem não superior a
200m² (duzentos metros quadrados) terão processo de aprovação simplificado.
CAPÍTULO XII
DO TRANSPORTE DE CARGAS NAS BACIAS DE CAPTAÇÃO
Parágrafo único. Os locais a que se refere o caput deste artigo devem, a cargo do SAMAE, estar
adequadamente sinalizados, informando contato para o caso de acidentes com cargas que coloquem em
risco a sua salubridade.
CAPÍTULO XIII
DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS BACIAS DE CAPTAÇÃO
Art. 70 O Poder Público propiciará instrumentos de gestão que permitam assegurar o caráter
multiplicador das ações de conscientização relativas à preservação das áreas de bacia.
§ 1º A educação ambiental deve ser assegurada de forma institucional, multidisciplinar, junto a redes
de ensino, através de programas, oficinas e seminários.
§ 3º Programas de conscientização quanto ao uso racional da água para toda a população devem ser
incentivados pelo Poder Público, que buscará, para tanto, parceria com a iniciativa privada e a sociedade
civil.
§ 5º O Município deve utilizar sinalização indicativa nas vias de acesso a toda área localizada em bacia
de captação.
Art. 72 O Poder Público buscará convênios junto a instituições para pesquisas científicas e tecnológicas
com a finalidade de monitoramento, cadastro, recuperação, utilização e atualização de mecanismos de
conservação.
Art. 73 O trabalho integrado junto aos Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas deve ser
firmado contribuindo para o planejamento regional das questões ambientais.
CAPÍTULO XIV
DA CRIAÇÃO DE FUNDO MUNICIPAL DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 74 Será criado o Fundo Municipal de Recursos Hídricos, administrado pelo SAMAE, com o objetivo
de concentrar recursos para:
VI - o desenvolvimento sustentável; e
VII - capacitação de recursos humanos.
Parágrafo único. Os recursos do Fundo Municipal de Recursos Hídricos não poderão ser utilizados
para construção de equipamentos para tratamento de efluentes.
II - Arrecadação de multas;
III - contribuição, subvenções, auxílios da União, Estado e Município, autarquias, empresas públicas,
sociedades de economia mista, fundações;
V - doações.
Art. 76 O Fundo Municipal de Recursos Hídricos será regulamentado através de Lei específica do
Executivo Municipal.
CAPÍTULO XV
DO IPTU EM ÁREAS DE BACIA DE CAPTAÇÃO
Art. 77 Haverá tratamento diferenciado para o pagamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e
Territorial Urbana - IPTU - aos imóveis em áreas em bacia de captação, a ser regulamentado através de Lei
Complementar, que integrará o Código Tributário Municipal, visando ao atendimento das políticas
públicas.
CAPÍTULO XVI
DA FISCALIZAÇÃO
Art. 78 No exercício da fiscalização, ficam assegurados aos fiscais a entrada, a qualquer dia e hora, e a
permanência, pelo tempo necessário, em instalações comerciais, industriais, prestadoras de serviços,
agropecuárias, atividades sociais, religiosas ou recreativas, empreendimentos imobiliários rurais e
urbanos, e quaisquer outros locais, públicos ou privados, exceto no interior de residência, nos termos da
Constituição Federal.
II - efetuar medições, coletas de amostras com equipamento e treinamento adequado para análises
técnicas;
VII - praticar os atos necessários ao eficiente e eficaz desempenho da vigilância nas áreas de bacias de
captação.
CAPÍTULO XVII
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
Art. 80 Constitui infração toda ação ou omissão contrária às disposições da lei e suas regulamentações,
resoluções e demais atos que se refiram à proteção, preservação e recuperação das áreas de bacias de
captação.
§ 1º As pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que cometerem infração, são
responsáveis pelo dano que causarem aos corpos hídricos e à coletividade em razão de suas atividades
poluentes, independentemente de culpa.
§ 2º As infrações que ferem o regulamento das leis pertinentes ficam sujeitas às seguintes
penalidades, independentemente da obrigação de reparar o dano e de outras sanções aplicadas pela
União ou Estado de acordo com suas competências, civil ou penal, da seguinte forma:
Art. 81 O auto de infração será expedido em três vias, devendo conter os seguintes elementos:
II - a identificação do infrator;
III - a assinatura do infrator ou, na sua ausência ou recusa, de duas testemunhas presentes;
CAPÍTULO XVIII
DAS MULTAS
Art. 83 Independentemente das penalidades previstas pela legislação em geral, as multas serão aplicadas
quando:
II - as obras estiverem em evidente desacordo com o projeto aprovado ou com a licença fornecida,
em qualquer tempo;
III - Não forem sanadas as irregularidades apontadas em notificação, auto de infração ou embargo;
Art. 84Compete à Fiscalização a aplicação de multa à vista do auto de infração ou embargo, de acordo
com os valores previstos.
§ 1º A multa poderá ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação nas áreas de
bacias de captação, sempre que for do interesse do Município e por este orientado.
§ 2º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.
III - infrações gravíssimas - de 3001 (três mil e um) a 50000 (cinqüenta mil) VRMs.
Art. 86 Para aplicação das penas de multa referidas no artigo anterior, as infrações classificam-se em:
II - gerem dano efetivo ou potencial à saúde pública ou coloque em risco a segurança da população;
Art. 88Quanto aos efeitos significativos reversíveis são aqueles que, após a aplicação de tratamento
convencional de recuperação e com o decurso do tempo, demarcado para cada caso, conseguem retornar
ao estado anterior.
Art. 89Quanto aos efeitos significativos irreversíveis são aqueles que, nem mesmo após a aplicação de
tratamento convencional de recuperação e com o decurso do tempo, demarcado para cada caso,
conseguem retornar ao estado anterior.
Art. 90 A imposição de pena e graduação de multa levará em conta a existência ou não de situações
atenuantes ou agravantes.
Art. 91 Quando aplicada à pena de multa, esgotados os recursos administrativos, o infrator será
notificado para efetuar o pagamento no prazo de dez dias, contados da data do recebimento da
notificação.
§ 1º As multas não pagas, depois de esgotados todos os recursos administrativos, quando interpostos,
serão acrescidas de valores a título de mora, até sua inscrição na dívida ativa.
§ 2º A notificação para pagamento da multa será feita mediante registro postal ou por meio de edital
publicado em jornal de circulação local, se não localizado o infrator por se encontrar em local incerto e
não sabido.
§ 3º A decisão que impuser penalidade deverá ser fundamentada, indicando as razões da sanção e o
dispositivo legal embasador da infração, sob pena de nulidade.
CAPÍTULO XIX
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 92 O Poder Executivo Municipal remeterá à Câmara Municipal, no prazo máximo de 90 (noventa)
dias da publicação da presente Lei, projeto instituindo o Fundo Municipal de Recursos Hídricos e projeto
propondo isenção e/ou percentual e valor diferenciado do Imposto Sobre a Propriedade Predial e
Territorial Urbana - IPTU - dos imóveis de áreas em bacias de captação.
I - Anexo I - Glossário;
III - Anexo III - Bacias Hidrográficas, art.6º, § 1º, alíneas, "a","b","c","d","e"; Prancha 01;
V - Anexo V - Bacias Hidrográficas, Art.6º, § 1º, alíneas, "g" até "j"; Prancha 03;
VI - Anexo VI - Recurso Hídrico;
Os procedimentos, trâmites e normas técnicas e administrativas a que se refere esta Lei serão
Art. 94
regulamentados no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da data de sua publicação.
Art. 95 Serão realizados estudos de hidrologia e hidrogeológia para especificação dos níveis de restrição
de uso do solo no que se refere às bacias citadas no Capítulo X.
Art. 96 O estudo da estrutura viária a que se refere a presente Lei deverá ser executado no prazo de dois
anos.