PDE 3-00 Operações (ABR 2012)
PDE 3-00 Operações (ABR 2012)
PDE 3-00 Operações (ABR 2012)
PDE 3-00
OPERAÇÕES
Abril de 2012
NÃO CLASSIFICADO
NÃO CLASSIFICADO
PDE 3-00
OPERAÇÕES
Abril de 2012
NÃO CLASSIFICADO
III
PDE 3-00 Operações
IV
DESPACHO
3. Podem ser feitos extratos desta publicaG5o sem autorizaG50 da entidade promulgadora.
NTEIRO
PDE 3-00 Operações
VI
REGISTO DE ALTERAÇÕES
IDENTIFICAÇÃO DA DATA ENTRADA IDENTIFICAÇÃO DE
ALTERAÇÃO DA INTRODUÇÃO EM VIGOR QUEM INTRODUZIU
(Nº E DATA) (Data) (ASS., POSTO, UNIDADE)
VII
PDE 3-00 Operações
VIII
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
CAPÍTULO 1 – O AMBIENTE OPERACIONAL ................................................................... 1-1
0101. Generalidades ........................................................................................................ 1-1
0102. A Instabilidade e o Conflito Persistente ............................................................... 1-1
a. A globalização ...................................................................................................... 1-1
b. A tecnologia .......................................................................................................... 1-2
c. As alterações demográficas ................................................................................ 1-2
d. A urbanização ....................................................................................................... 1-3
e. O aumento das necessidades de recursos essenciais...................................... 1-3
f. As alterações climáticas e as catástrofes naturais ............................................ 1-4
g. A proliferação de armas de destruição massiva ................................................ 1-4
h. Os Estados falhados ............................................................................................ 1-4
0103. Influências no Ambiente Operacional .................................................................. 1-5
0104. A Natureza da Ameaça .......................................................................................... 1-6
0105. Variáveis Operacionais e Variáveis de Missão .................................................... 1-7
a. Variáveis operacionais ......................................................................................... 1-8
b. Variáveis de missão ........................................................................................... 1-12
0106. Unidade de Ação ................................................................................................. 1-13
0107. Operações Combinadas ...................................................................................... 1-13
0108. A Natureza das Operações Terrestres .............................................................. 1-14
a. Capacidade expedicionária e de condução de operações por períodos
prolongados........................................................................................................ 1-15
b. Combate próximo ............................................................................................... 1-15
c. Incerteza, acaso e fricção .................................................................................. 1-16
d. Complexidade ..................................................................................................... 1-16
0109. O Soldado ............................................................................................................ 1-17
a. Direito Internacional Humanitário e dos Conflitos Armados e as Regras de
Empenhamento .................................................................................................. 1-17
b. Preparação e treino para as operações em todo o espetro............................. 1-18
CAPÍTULO 2 – O ESPETRO DAS OPERAÇÕES MILITARES ............................................ 2-1
0201. O espetro do Conflito ........................................................................................... 2-1
0202. Temas de Campanha ............................................................................................ 2-2
a. Empenhamento em tempo de paz ....................................................................... 2-5
b. Intervenção limitada ............................................................................................. 2-5
c. Apoio à Paz ........................................................................................................... 2-7
d. Guerra Irregular .................................................................................................... 2-8
e. Combate de grande envergadura ...................................................................... 2-12
0203. O Conceito Operacional ...................................................................................... 2-12
a. Iniciativa .............................................................................................................. 2-14
b. Simultaneidade e sincronização ....................................................................... 2-15
c. Ações letais e não letais .................................................................................... 2-15
d. O Comando-Missão e o espetro do Conflito .................................................... 2-16
0204. Os Tipos de Operações do espetro das Operações .......................................... 2-17
0205. O Potencial de Combate e Funções de Combate .............................................. 2-22
a. Liderança ............................................................................................................ 2-23
b. Informação .......................................................................................................... 2-24
c. Funções de combate .......................................................................................... 2-24
d. Armas combinadas ............................................................................................ 2-37
CAPÍTULO 3 – O COMANDANTE E O COMANDO-MISSÃO .............................................. 3-1
0301. Arte de Comando ...................................................................................................... 3-1
IX
PDE 3-00 Operações
X
0804. Princípios da Estabilização ................................................................................... 8-6
a. Primazia aos objetivos políticos ......................................................................... 8-6
b. Compreender o contexto ..................................................................................... 8-6
c. Focar na população.............................................................................................. 8-7
d. Promover a governação da HN e as capacidades autóctones .......................... 8-7
e. Unidade de ação ................................................................................................... 8-7
f. Isolar e neutralizar ameaças irregulares ............................................................. 8-7
g. Explorar a credibilidade para ganhar apoios (legitimidade).............................. 8-7
h. Preparar para o longo prazo (perseverança e sustentação) ............................. 8-7
i. Antecipar, aprender e adaptar ............................................................................. 8-7
j. Flexibilidade.......................................................................................................... 8-8
k. Imparcialidade ...................................................................................................... 8-8
l. Iniciativa ................................................................................................................ 8-8
m. Uso da Força......................................................................................................... 8-8
0805. Áreas da Estabilização .......................................................................................... 8-8
a. Ambiente seguro e estável .................................................................................. 8-9
b. Segurança pública.............................................................................................. 8-10
c. Estabilidade política e desenvolvimento .......................................................... 8-10
d. Ajuda humanitária .............................................................................................. 8-11
e. Infraestruturas críticas ....................................................................................... 8-11
0806. Tarefas Primárias de Estabilização .................................................................... 8-12
a. Estabelecer um ambiente seguro e estável ...................................................... 8-13
b. Apoiar o restabelecimento da segurança pública ............................................ 8-14
c. Apoiar a governação e o desenvolvimento ...................................................... 8-16
d. Restabelecer serviços essenciais ..................................................................... 8-17
e. Apoiar a recuperação e desenvolvimento de infraestruturas ......................... 8-18
0807. Planeamento de Operações de Estabilização .................................................... 8-19
a. Enquadramento .................................................................................................. 8-19
b. Modelo de Estabilização .................................................................................... 8-20
CAPÍTULO 9 – OPERAÇÕES DE APOIO CIVIL .................................................................. 9-1
0901. Generalidades ........................................................................................................ 9-1
0902. Enquadramento das Operações de Apoio Civil ................................................... 9-2
a. Defesa do Território Nacional .............................................................................. 9-3
b. Apoio Civil............................................................................................................. 9-3
c. Planeamento Civil de Emergência ...................................................................... 9-5
0903. Finalidades das Operações de Apoio Civil .......................................................... 9-5
a. Salvar vidas .......................................................................................................... 9-5
b. Restabelecer Serviços Essenciais ...................................................................... 9-5
c. Melhorar a Qualidade de Vida das Populações .................................................. 9-5
d. Manter ou Restabelecer a Lei e Ordem ............................................................... 9-5
e. Proteger Infraestruturas e Património ................................................................ 9-6
f. Manter ou Restabelecer as Capacidades da Administração Civil..................... 9-6
g. Moldar o Ambiente para Facilitar o Sucesso das Atividades das 9-
Autoridades Civis ................................................................................................. 9-6
0904. Tarefas Primárias das Operações de Apoio Civil ................................................ 9-6
a. Apoio na Prevenção e Resposta a Acidentes Graves ou Catástrofes .............. 9-7
b. Apoio na Satisfação das Necessidades Básicas e Melhoria da Qualidade de
Vida das Populações ............................................................................................ 9-7
c. Apoio na resposta a acidentes graves/incidentes NBQR-E .............................. 9-8
d. Apoio a Autoridades Civis e FSS no Restabelecimento ou na Manutenção
da Lei e Ordem ..................................................................................................... 9-9
e. Outros apoios específicos ................................................................................... 9-9
CAPÍTULO 10 – TAREFAS DE TRANSIÇÃO .................................................................... 10-1
1001. Generalidades ...................................................................................................... 10-1
1002. Finalidade ............................................................................................................. 10-1
XI
PDE 3-00 Operações
XII
NOTA PRÉVIA
A doutrina define-se como um conjunto de princípios e regras que visam orientar as ações das
forças e elementos militares, no cumprimento da missão operacional do Exército, na
prossecução dos Objetivos Nacionais. Têm um caráter imperativo mas exigem julgamento na
sua aplicação.
A PDE 3-00 constitui a publicação base doutrinária do Exército Português, no domínio das
Operações. Contém a orientação e a direção genéricas para o planeamento e conduta das
Operações Terrestres. A presente Publicação define o modo como o Exército deve conduzir as
operações e estabelece os fundamentos necessários para o desenvolvimento das Publicações
de nível 2 e 3, conferindo assim o grau de pormenor adequado e cobrindo o espetro total das
operações. Nesse sentido serão desenvolvidas publicações doutrinárias de tática contendo o
nível de detalhe adequado.
As fontes principais para a doutrina aqui apresentada foram a doutrina aliada conjunta e a
doutrina do exército norte-americano, respetivamente, o Allied Joint Publication (AJP) 3.2 –
Allied Joint Doctrine for Land Operations (OTAN) de outubro de 2009 e o Field Manual (FM) 3-0
Operations (EUA) de Fevereiro de 2008 actualizado em fevereiro de 2011.
O Regulamento de Campanha – Operações (2005) resultou em grande parte da transposição
do Allied Tactical Publications (ATP) 3.2 - Land Operations, de julho de 2003. Esta publicação
aliada foi entretanto substituída, dando origem a duas publicações, a AJP 3.2 – Allied Joint
Doctrine for Land Operations e a ATP 3.2.1 - Allied Land Tactics.
Procurando facilitar o entendimento e compreensão do que mudou no regulamento de 2005
para o presente, considera-se importante perceber em primeiro lugar, que esta nova publicação
apresenta apenas os conceitos básicos fundamentais para a orientação do emprego das forças
terrestres, enquanto a edição de 2005 se centrava no “como fazer”, incluindo informação mais
detalhada e pormenorizada, que nesta versão será transferida para publicações de nível
inferior na hierarquia das publicações, como se encontra definido na PAD 320-01 “Publicações
do Exército”. Esta diferença é fundamental já que, numa época caracterizada pelos conflitos
persistentes, ou prolongados no tempo, se exige uma metodologia mais flexível, por
conseguinte mais facilmente adaptável às mudanças no ambiente operacional.
Em segundo lugar, o manual anterior centrava-se nas operações de combate, no presente
manual assume-se que a força militar terrestre, embora seja determinante na resolução de um
determinado conflito, não o resolve por si só, tendo em consideração que para a maioria das
intervenções militares contemporâneas o estado final desejado não termina com a capitulação
de uma força opositora, mas sim com a criação de um ambiente seguro e estável. Esta ideia é
traduzida com a elevação das operações de estabilização e de apoio civil ao mesmo patamar
de importância das operações ofensivas e defensivas. Este é o sentido preconizado pela
Aliança Atlântica, que no prefácio da publicação AJP – 3.2 justifica a mudança doutrinária, quer
XIII
PDE 3-00 OperaNes
pela necessidade do emprego de f o p s combinadas aos mais baixos escalees, quer pela
mudan~ana natureza das opera~bes,que se tem caracterizado por combates de f o r ~ a sde
baixos escalBes e tambem pelo emprego d a s f o r p s militares orientadas para a seguranGa das
populafles e em operaNes de assistencia humanitaria.
A competencia central das f o r p s terrestres continua a ser a sua eficAcia em combate, no
entanto assume uma importancia fundamental a preparaeo das f o r p s militares nas pericias
necessarias a ambientes de n i o combate, concretamente traduzido nas tarefas militares a
desenvolver nas operafles de estabiliza~io e de apoio civil. As f o r ~ a s militares
tendencialmente operarSo entre a populaeo, onde se dissimulam adversarios e inimigos,
dificeis de distinguir, aumentando exponencialmente a complexidade das operaq6es rr~ilitares
em todos os niveis da guerra.
Em terceiro lugar, refere-se a introdupio de tres capitulos que versam o comando-missio, a
ciencia do control0 e a arte operacional, e que visam construir um modelo integrado para a
aplicaeo "criativa" de experiencias, conhecimento e intuipio dos comandantes no espetro total
das operafles.
Em quarto lugar, as funNes de combate apresentam-se numa configuraeo diferente da
anterior e incluidas de forma racional no potencial de combate.
Q<LL
ANTONIO NOE PEREIRA AGOSTINHO
MAJOR-GENERAL
XIV
INTRODUÇÃO
Esta nova edição do Regulamento de Operações visa uma atualização doutrinária refletindo as
mudanças e alterações entretanto ocorridas a nível global e que influenciam diretamente o
emprego das forças militares. Esta Publicação visa enquadrar toda a doutrina do exército,
influenciando a sua organização, o treino, o reequipamento, a forma de liderança e a formação.
Mas o conteúdo desta publicação não alcançará o seu objetivo enquanto os conceitos nela
vertidos não forem completamente interiorizados e entendidos por todos os seus membros, do
soldado ao general. Para isso acontecer exige-se uma formação adequada e o estudo
individual de cada um dos comandantes militares, a todos os níveis, levando a que cada ideia
aqui contida seja debatida, confrontada com a experiência pessoal de cada um, face às suas
realidades, quer ao nível estratégico, operacional ou tático. Por outro lado é fundamental que
se perceba que este regulamento visa ensinar a “como pensar” a condução de uma operação
militar, não servindo como “fórmula” ou “receita” para a resolução de qualquer situação tática
no moderno campo de batalha.
A ideia mais adequada para caracterizar a presente doutrina é traduzida pela sua dinâmica,
procurando preparar o exército não só para a atualidade como para os conflitos futuros. O
nosso exército encontra-se atualmente empenhado em diversos Teatros de Operações (TO),
constituindo estes um exemplo da diversidade de emprego das forças militares, em diferentes
tipologias de conflito, em cenários díspares, com ou sem inimigo declarado, sendo estes os
contornos que definem a complexidade do atual ambiente operacional. Uma característica
comum, a externalidade destes conflitos, longe do território nacional, confirmando a
importância da preparação de forças com caráter expedicionário, implicando que a sua
sustentação seja logo à partida, uma das principais dificuldades a enfrentar. Outra
característica advém da morosidade na resolução dos conflitos atuais, assentes muitas vezes
na assimetria, o que conduz à execução de operações militares prolongadas no tempo, logo
implicando também uma forte vontade nacional para a manutenção dos contingentes militares
empregues fora de portas, obrigando a uma forte determinação do país, não só considerando a
opinião pública mas também ao elevado encargo financeiro que acarretam.
Uma constatação deve perdurar sobre todo e qualquer raciocínio de índole ou cariz militar, os
conflitos atuais, caracterizados pela sua duração prolongada no tempo, não se resolvem
apenas com o emprego do instrumento militar, mas sim com a conjugação do emprego de
todos os instrumentos de poder de um estado ou estados, sejam os meios diplomáticos,
informacionais, militares e os económicos. Dando corpo a esta ideia, a doutrina atual coloca no
mesmo patamar de importância, as operações de estabilização com as operações defensivas e
ofensivas, reconhecendo que os conflitos atuais envolvem muito mais que o combate entre
duas forças opositoras. Isto é no mesmo momento em que uma força militar derrota uma força
1
PDE 3-00 Operações
inimiga, utilizando operações defensivas e ofensivas, simultaneamente deve atuar com meios
não letais para atingir um ambiente seguro e estável em proveito da população local.
Os soldados operam entre a população, sendo que muitas das vezes os combatentes inimigos
encontram-se disseminados entre não-combatentes, existindo poucos elementos que permitam
a sua distinção até que as situações de combate ocorram. A eliminação ou captura de
combatentes rodeados de não-combatentes torna-se extraordinariamente difícil para as ações
militares, pois muitas vezes os efeitos indesejáveis suplantam a vantagem dessa ação. Outro
aspeto de relevo advém de que a vitória ao nível tático, apesar de importante não é suficiente,
se não for conjugada e suportada por ações que aumentem a segurança da população local,
proporcionando a criação de um ambiente de estabilidade.
São as circunstâncias atrás descritas que permitem afirmar que no contexto das operações
atuais a nível global, as operações de estabilização assumem um papel tão importante, ou por
vezes maior, que as operações ofensivas e defensivas. Para fazer face a este novo
enquadramento, tornou-se comum a expressão “operações em todo o espetro” refletindo
desta forma a importância crescente das operações de estabilização e de apoio civil. Torna-se
assim imperioso que na preparação de uma força militar, esta se encontre em condições de
atuar e conduzir operações em todo o espetro das operações. É nesse sentido que foram
desenvolvidas tarefas próprias para as operações de estabilização, complementando as
anteriormente existentes, apenas focalizadas nas operações ofensivas e defensivas.
No atual campo de batalha (pela sua complexidade) assume especial importância a liderança
nos mais baixos escalões, aos quais deve ser concedida uma maior capacidade de decisão,
alicerçada num ambiente de confiança recíproca entre os diversos escalões de comando. Esta
postura exige que os líderes em qualquer escalão detenham a habilidade para pensar e atuar
de forma flexível, possibilitando assim uma constante adaptação à evolução dos
acontecimentos, mantendo como foco a intenção do escalão superior, sem que esta seja
demasiado inibidora ou implique um controlo excessivo das ações subordinadas.
A doutrina aqui apresentada é resultado das lições aprendidas de outros exércitos, mas
também da experiência nacional, no entanto a sua aplicação não constitui condição suficiente
para a vitória militar, pois o sucesso em operações dependerá sempre da determinação férrea
de soldados bem treinados e das qualidades de liderança em todos os escalões.
2
CAPÍTULO 1 – O AMBIENTE OPERACIONAL
0101. Generalidades
O total conhecimento do atual ambiente operacional em que decorrem as campanhas
militares constitui um elemento fundamental para o emprego dos meios disponíveis. A sua
análise e estudo devem constituir uma preocupação permanente dos líderes políticos e
militares, sob pena de se reduzirem drasticamente as possibilidades de êxito,
independentemente das capacidades e do potencial das forças empenhadas.
O atual ambiente operacional é caracterizado por um conjunto de condições,
circunstâncias e fatores influenciadores que afetam o emprego de forças militares e
influenciam as decisões do comandante. Para além de todos os sistemas inimigos,
adversários, amigos e neutrais dentro do espetro do conflito, inclui também o entendimento
do ambiente físico, da governação, da tecnologia, dos recursos locais e da cultura da
população local.
1
Neste subcapítulo serão apresentados um conjunto de dados estatísticos que tem como referência o Field Manual
(FM) 3-0 Operations (EUA) de Fevereiro de 2008, nomeadamente no Chapter 1 – Operational Environment.
1-1
PDE 3-00 Operações
1-2
O Ambiente Operacional
1- 3
PDE 3-00 Operações
1-4
O Ambiente Operacional
1- 5
PDE 3-00 Operações
as opiniões públicas. Além do mais, a visibilidade das operações torna o seu sigilo
praticamente impossível, pelo que a segurança das operações assume particular
importância.
Há ainda que considerar fatores como as diferenças culturais, a demografia, as
características físicas do terreno e o ambiente. Estes fatores que incluem crises
humanitárias, diferenças religiosas e étnicas, terreno complexo e difícil, condições
climáticas extremas, entre outras, têm tanto impacto nas operações que muitas vezes se
tornam centros de gravidade ou um santuário para as potenciais ameaças.
2
Um dos exemplos de condições são os fenómenos naturais que podem em determinadas circunstâncias danificar ou
destruir vidas humanas, recursos vitais, ou instituições.
1-6
O Ambiente Operacional
1- 7
PDE 3-00 Operações
neutrais com importância para a operação. O ambiente operacional é diferente para cada
campanha ou operação de grande envergadura e evolui no seu decurso.
As forças terrestres usam as variáveis operacionais para entenderem o ambiente
operacional e empregam as variáveis de missão para focalizar a análise em determinados
elementos específicos que se aplicam à sua missão.
a. Variáveis operacionais
Os planeadores militares devem analisar o ambiente operacional através de seis
variáveis operacionais inter-relacionadas: política, militar, economia, social,
informação e infraestruturas. As forças terrestres consideram também o ambiente
físico e o tempo disponível. As variáveis operacionais enfatizam os aspetos humanos
do ambiente operacional, o que é particularmente importante, uma vez que os conflitos
atualmente ocorrem maioritariamente no seio da população. O seu completo
entendimento auxilia os comandantes a avaliar de que forma o instrumento militar pode
complementar os outros instrumentos de poder.
(1) Política
A variável política descreve a distribuição da responsabilidade e o poder a todos os
níveis da governação. Para isso há que ter em consideração os seguintes aspetos:
As diversas estruturas e processos políticos desfrutam de diferentes graus de
legitimidade, quer ao nível das populações locais, quer a nível internacional;
As autoridades formalmente constituídas, os grupos e partidos da oposição
política e os poderes políticos informais e encobertos que podem influenciar a
situação;
As várias fontes de motivação política, tais como a liderança carismática, as
instituições locais de segurança e as comunidades religiosas étnicas ou
económicas.
Para além disso, é necessário analisar as implicações de todos os parceiros
políticos, económicos, militares, religiosos e culturais. Esta análise permite
identificar a presença e a importância de todas as organizações externas presentes
na região, tais como as organizações privadas de segurança, as corporações
transnacionais e as organizações não-governamentais.
A análise política também deve permitir avaliar o efeito destas variáveis sobre a
vontade – fator intangível primário - uma vez que é este fator que permite manter a
perseverança perante as dificuldades ou aceitar o sacrifício por uma causa. O
entendimento das motivações dos principais intervenientes permite identificar quais
são os seus objetivos e o que eles estão dispostos a aceitar para os alcançar.
1-8
O Ambiente Operacional
Por último, a análise política deve manter atualizado o ambiente interno do país
responsável pela força militar (opinião pública e media, por exemplo), através de
uma avaliação contínua da sua política e estratégia nacional.
(2) Militar
A variável militar inclui a análise das capacidades militares de todas as forças
armadas do Estado ou Estados diretamente envolvidos no conflito, das forças
paramilitares, de guerrilha e militares de todos os Estados que, embora não
estejam diretamente envolvidos, podem influenciar o conflito. Na análise da variável
militar devem ser tidas em consideração as seguintes capacidades:
Equipamento;
Efetivos;
Doutrina;
Nível de treino;
Logística;
Liderança;
Cultura organizacional;
História;
Natureza das relações civis-militares.
O entendimento destes fatores ajuda o comandante a estimar as capacidades de
cada força militar.
(3) Economia
A variável económica engloba os comportamentos individuais e coletivos
relacionados com a produção, distribuição e o consumo de recursos. Na análise
económica devem ser tidos em consideração os seguintes fatores:
A organização industrial;
O comércio;
O desenvolvimento da economia, incluindo a ajuda externa;
As finanças;
A política e as condições monetárias;
As capacidades institucionais;
A geografia;
Restrições legais sobre a economia, ou sua ausência.
Embora a economia mundial seja cada vez mais interdependente, as economias
locais apresentam diferenças substanciais. Estas diferenças influenciam
significativamente as escolhas políticas, incluindo as decisões para subverter a
1- 9
PDE 3-00 Operações
ordem instituída. Desta forma, existem vários fatores que podem influenciar a
decisão de apoiar ou não o status quo económico, tais como:
O conhecimento tecnológico;
O fluxo descentralizado de capitais;
O investimento;
A flutuação dos preços;
O endividamento;
Os instrumentos financeiros;
A proteção da propriedade individual;
A existência de mercado negro ou de economia paralela.
O estudo destes indicadores é importante, uma vez que mudanças na ordem
político-económica vigente têm um impacto direto no comportamento das diferentes
entidades, quer sejam apoiantes, inimigos, adversários ou neutrais.
(4) Social
A variável social caracteriza as sociedades existentes num determinado ambiente
operacional. Uma sociedade é constituída por uma população cujos membros se
encontram sujeitos à mesma autoridade política, ocupam um território comum, têm
a mesma cultura e partilham o mesmo sentido de identidade. No entanto, as
sociedades não são monolíticas, e cada uma inclui diversas estruturas sociais, quer
a nível institucional, organizacional, de redes de pessoas e outros grupos sociais.
A cultura compreende as crenças partilhadas, valores, costumes, comportamentos,
a forma como os membros de um determinado grupo se relacionam entre si e com
o mundo. Normalmente, cada sociedade tem uma cultura dominante. No entanto,
pode também ter uma ou mais culturas secundárias. Por outro lado, ao longo do
tempo os padrões sociais também podem ter sofrido alterações numa ou mais das
seguintes áreas:
Demografia;
Religião;
Tendências migratórias;
Urbanização;
Padrões de vida;
Nível de educação e literacia.
Também devem ser analisadas as redes sociais, os estatutos sociais e as normas
a eles associados e os papéis sociais em que se apoiam e desenvolvem os
indivíduos e os líderes. Esta análise também se deve estender sobre as
sociedades localizadas fora da área de operações, mas cujas ações, opiniões, ou
1-10
O Ambiente Operacional
1- 11
PDE 3-00 Operações
1-12
O Ambiente Operacional
qual o uso da força poderá estar previsto. O apoiante é uma parte simpatizante com
as forças amigas e que poderá ou não prestar-lhe apoio material. O neutral é uma
parte que não apoia nem se opõe às forças amigas e ao inimigo.
Uma das razões da complexidade das operações terrestres deve-se ao facto de na
área de operações as categorias acima descritas normalmente se encontrarem
misturadas, não sendo fácil distingui-las.
Incorporar a análise das variáveis operacionais no MITM-TC enfatiza o aspeto humano
na caracterização do ambiente operacional. Esta ênfase é mais óbvia nas
considerações de âmbito civil, mas afeta também as outras variáveis de missão. A
integração dos fatores humanos na análise da missão requer pensamento crítico,
colaboração, aprendizagem contínua e adaptação. A análise das perceções locais e
regionais deve ter presente que as perceções de inimigos, adversários, apoiantes e
neutrais são influenciadas por muitos fatores, tais como: a língua, a cultura, a
geografia, a história, a educação, as crenças, a motivação, os meios de comunicação e
a experiência pessoal.
1- 13
PDE 3-00 Operações
a. Aliança
Uma aliança é uma relação que resulta de um acordo formal, como por exemplo um
tratado, entre duas ou mais nações com objetivos e interesses comuns. As alianças
militares, como a OTAN, permitem aos seus membros estabelecer acordos formais de
normalização em termos de doutrina, procedimentos e equipamentos que facilitam a
interoperabilidade entre as suas forças militares.
b. Coligação
Uma coligação é um acordo com um fim específico, fora do quadro de uma aliança,
entre duas ou mais nações para uma determinada ação comum. As coligações são
normalmente orientadas para objetivos de curto prazo e as suas ações resultam
frequentemente de resoluções das Nações Unidas.
c. Unidade de comando
Os acordos entre os parceiros definem o nível de autoridade que é investido no
comandante da força internacional. No entanto, todos os contingentes têm restrições
específicas, o que tem como resultado a existência de inúmeros e complexos canais
de comando. Para compensar esta limitada unidade de comando, os vários parceiros
empenham-se por alcançar a unidade de esforços. Desta forma, o consenso é muitas
vezes a chave para se alcançar o sucesso.
1-14
O Ambiente Operacional
1- 15
PDE 3-00 Operações
1-16
O Ambiente Operacional
0109. O Soldado
Apesar da importância crescente da tecnologia, continuam a ser os soldados que no
campo de batalha cumprem a missão. O atual, perigoso e complexo, ambiente de
segurança requer soldados, homens e mulheres, de caráter. O seu caráter e competência
devem ser baseados em valores e representam os fundamentos de um exército treinado e
pronto. O treino deve preparar os militares para cumprir as tarefas individuais e coletivas
necessárias ao cumprimento da missão. O exército necessita de líderes ágeis e com uma
grande capacidade de adaptação, capazes de enfrentar os desafios das operações em
todo o espetro numa era de conflito persistente. Os atuais líderes militares deverão ser:
Competentes e proficientes;
Capazes de operar em todo o espetro do conflito;
Capazes de operar em ambientes conjuntos nacionais e internacionais;
Culturalmente perspicazes e com capacidade para usar essa característica para
conduzir operações de forma inovadora;
Suficientemente corajosos para identificar e explorar as oportunidades que o ambiente
operacional lhes colocarem;
Possuidores dos valores militares.
a. Direito Internacional Humanitário e dos Conflitos Armados e as Regras de
Empenhamento
Os comandantes, a todos os níveis, devem assegurar-se que os seus subordinados
atuam de acordo com o Direito Internacional Humanitário e dos Conflitos Armados, que
regula a atuação das forças militares. A finalidade desta legislação é:
Proteger os combatentes e os não combatentes do sofrimento desnecessário;
Salvaguardar os direitos humanos fundamentais dos prisioneiros de guerra, dos
feridos e dos civis;
Facilitar a transição para a paz.
As Regras de Empenhamento (ROE – Rules of Engagement) são diretivas elaboradas
para regular o uso da força durante as operações. As ROE reconhecem sempre o
1- 17
PDE 3-00 Operações
1-18
CAPÍTULO 2 – O ESPETRO DAS OPERAÇÕES MILITARES
2-1
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conflito generalizado. Nestes casos, países terceiros podem intervir para limitar o conflito e
evitar que recrudesça. É um ambiente típico para o emprego de forças militares.
No espetro do conflito, a Guerra Subversiva é caracterizada como uma ação levada a
cabo com o objetivo de derrubar pela força um governo ou poder instituído. A motivação é
política e resulta em violência não limitada a um território ou país, podendo terminar na
eclosão de um conflito militar clássico. A subversão pode resultar do final de uma guerra
ou do recrudescimento de uma paz instável. O emprego de forças militares neste tipo de
conflito é normalmente orientado para a estabilização de uma região.
A guerra total, ou guerra generalizada, é um conflito armado entre dois ou mais estados
em que a totalidade dos seus recursos é utilizada e em que a sobrevivência nacional está
seriamente ameaçada. A guerra total pode envolver também alianças e/ou coligações. Na
guerra total as forças armadas desempenham um papel central ao executarem operações
de grande envergadura para submeter as forças do adversário e atingir os seus objetivos.
Embora sejam as operações de combate a dominarem o espetro, podem também incluir
operações irregulares.
As forças militares estão preparadas para atuar em todo o espetro do conflito com a
finalidade de atingir uma paz estável e alcançar os objetivos que lhe foram definidos pela
política. O atual ambiente operacional requer que as forças militares sejam capazes de
adaptar as suas táticas de forma apropriada à situação. A experiência no Iraque e
Afeganistão, tem demonstrado que é muito difícil conduzir operações de combate contra
elementos subversivos e organizações terroristas ao mesmo tempo que se presta apoio
nas tarefas de reconstrução. Deste modo, salientam-se as linhas de enquadramento
operacional que devem orientar a preparação de forças:
As operações de grande envergadura combinam operações ofensivas, defensivas e de
estabilização;
O ambiente operacional está em constante mutação;
As operações militares correntes produzem efeitos que afetam as operações futuras,
pelo que é necessário tê-los em conta;
As operações de grande envergadura são conduzidas para submeter um adversário e
criar condições para uma paz estável;
Durante uma campanha, as alterações do ambiente operacional requerem que as
forças adaptem as suas táticas, técnicas e procedimentos.
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Ao nível estratégico, as atividades relacionam-se diretamente com os objetivos políticos e são determinados
objetivos e recursos, nomeadamente os militares, para os atingir. O nível operacional estabelece a ligação entre o
nível estratégico e o tático. É o nível no qual as batalhas e empenhamentos são planeados e executados para atingir
os objetivos atribuídos às unidades táticas.
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Os temas de campanha não podem ser confundidos com missões táticas ou com
atividades. Os temas de campanha são tão genéricos que não devem ser atribuídos como
missões, porque representam as características gerais das operações de grande
envergadura e não detalham a sua execução. Os temas de campanha de uma operação
de grande envergadura podem ser alterados pelas seguintes razões:
Como fases do processo de planeamento (evolução prevista da situação);
Por alterações significativas nas forças amigas, nas forças adversárias ou na atividade
de elementos considerados;
Por alterações na orientação política;
Pelo surgimento de uma janela de oportunidade.
Na figura seguinte (figura 2-3), apresentam-se exemplos de operações militares conjuntas
agrupadas sob cada um dos temas de campanha porque lhe estão intimamente ligadas,
embora esta orientação não deva ser vista de modo restrito.
TEMAS Empenhament
Intervenção Guerra
DE o Militar em Apoio à Paz
Limitada Irregular
CAMPANHA Tempo de Paz
Eventos e Operações de Manutenção da Defesa
exercícios de evacuação de paz (PK – interna de
treino não- Peacekeeping) países
multinacionais combatentes Consolidação terceiros
Assistência (NEO - da paz (PB – Apoio à
militar NonCombatant Peacebuilding) subversão
Intercâmbio Evacuation) Restabelecimen Contra
de treino Golpes-de-mão to da paz (PM – subversão
conjunto e Demonstrações Peacemaking) Combate ao
OPERAÇÕES combinado de força Imposição da terrorismo
Operações de Assistência paz (PE - Guerra não
MILITARES recuperação humanitária Peace convencional
Controlo de Gestão de enforcement)
armamento consequências Prevenção de
Atividades Imposição de conflitos (CP -
antidroga sanções Conflit
Eliminação de Prevention)
armas de
destruição
massiva
Nota: Neste quadro não são apresentados exemplos de operações de combate de grande
envergadura (a que na terminologia anglo-saxónica são denominadas de major operations)
por estas envolverem, por norma, uma combinação de operações ofensivas e defensivas,
operações especiais e de operações aéreas, terrestres e navais.
Figura 2-3 – Exemplos de operações militares conjuntas conduzidas sob determinados temas
de campanha
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c. Apoio à Paz
As operações militares de apoio à paz são um termo de utilização comum que engloba
as operações de âmbito multinacional, com o apoio ou participação de outras
agências, como resposta a crises com o objetivo de conter conflitos, restabelecer e
manter a paz, visando a moldagem do ambiente operacional em proveito da
reconciliação, reconstrução e a transição para um governo legítimo.
Os objetivos das operações de apoio à paz englobam todas as tarefas destinadas a
conter a violência e reduzir a tensão entre fações. O cumprimento destes objetivos é
essencial para que os outros instrumentos de poder possam desempenhar as suas
funções de forma mais eficaz, com o fim de reduzir o nível de violência e conseguir a
paz estável. As operações de apoio à paz são operações que exigem a coordenação
entre agências (interagências), e o seu sucesso depende do equilíbrio entre a ação
militar e a diplomática.
As operações militares de apoio à paz facilitam a transição para a paz num território
devastado pela guerra, através da reconciliação e reconstrução. Normalmente são
conduzidas sob a égide de uma organização internacional e por forças multinacionais.
O ambiente operacional típico das operações de apoio à paz apresenta normalmente
uma elevada incerteza e ambiguidade, tendo como fatores caracterizadores:
Ameaças assimétricas;
Estados falhados;
Ausência da lei e ordem;
Presença de organizações terroristas;
Violações grosseiras dos direitos humanos;
Colapso das infraestruturas civis;
Presença de civis deslocados e/ou refugiados.
O esforço das forças terrestres consiste em criar um ambiente seguro através das
operações de estabilização. As forças terrestres utilizam as suas capacidades de
execução de tarefas ofensivas e defensivas para dissuadir adversários externos e
internos. Estabelecer a segurança e o controlo permite às agências civis responder às
causas subjacentes e gerar uma paz autossustentável. Além disso, as forças terrestres
podem colaborar e apoiar as agências governamentais quando lhe for solicitado.
As operações de apoio à paz requerem que as partes opositoras cooperem entre si e
com a comunidade internacional, embora a probabilidade de entrada em combate não
deva ser desprezada. Neste caso, são as pequenas unidades táticas que
desempenham um papel central, com as técnicas, táticas e procedimentos a assumir a
relevância nos empenhamentos previsíveis.
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4
Esta é a definição nacional contida na publicação “O Exército na Guerra Subversiva” datada de 1966. Esta
publicação encontra-se atualmente em fase de revisão.
5
São forças militares organizadas, preparadas e treinadas para realizar ações militares, de natureza não
convencional, desenvolvidas em qualquer tipo de ambiente operacional, em cumprimento de missões de âmbito
estratégico, operacional ou eventualmente tático, com elevado grau de independência e em condições de grande
risco, de forma independente, em apoio ou como complemento de outras operações militares.
6
São civis combatentes organizados em forças paramilitares e que conduzem atos agressivos de caráter militar,
político, psicológico ou económico, contra o poder de direito ou de facto estabelecido num dado território.
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âmbito da missão atribuída que determina o peso relativo do esforço entre os vários tipos
de operações.
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Em alguns documentos doutrinários anteriores é designado por Comando-Diretivo, no entanto entende-se que esta
designação é mais explícita em termos conceptuais.
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Iludir ou desviar a atenção do inimigo da área Forçar o inimigo a concentrar forças, ficando
de realização do esforço; mais vulnerável aos fogos amigos.
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grande envergadura (figura 2-6). Este novo paradigma de planeamento implica que o
comandante atribua o foco do esforço de acordo com o tipo operação preponderante, e
nesta, com a tarefa primária decisiva.
A execução de operações em todo o espetro exige uma análise cuidada das capacidades
de cada unidade, o emprego de táticas adequadas e um equilíbrio na divisão de meios
atribuídos a cada um dos tipos de operações. Ao nível operacional, exige-se que o
comandante e estado-maior analisem em profundidade as operações futuras e a
prioritização adequada de cada tipo de operação.
A transição entre cada tipo de operação requer uma avaliação minuciosa das condições,
determinadas durante o planeamento, e da preparação da unidade para as executar. Por
exemplo, um comandante de brigada determinou a um comandante de batalhão limpar
uma área de elementos inimigos, garantir segurança a uma reserva de água potável e
estar preparado para atuar como força de estabilização na cidade X. O comandante de
batalhão determina que é necessário executar três tarefas: defender a reserva de água,
controlar a população na área e atacar para limpar a área. A partir do momento que a
operação se inicia, o comando do batalhão inicia de imediato o planeamento da
estabilização e determina se a articulação das forças se mantém, se necessita de meios
adicionais e atribui novas missões às companhias.
Quando uma operação é faseada, as condições a alcançar em cada fase e que
determinam a mudança para a fase seguinte são incluídas no plano. Isto não quer dizer
que a condução das operações em todo o espetro obrigue ao seu faseamento, mas indica
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que o comandante deve considerá-la uma vez que lhe permite verificar, ou se necessário
redefinir, as condições a alcançar. A preponderância de cada operação ou tarefa primária
é determinada pela finalidade ou resultado a alcançar (figura 2-7).
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Mobilidade e contramobilidade;
Obscurecimento do campo de batalha através do emprego de fumos.
(3) Informações
A função de combate informações é composta pelas tarefas e sistemas que
facilitam a compreensão do ambiente operacional, inimigo, terreno e considerações
de âmbito civil. Inclui as tarefas associadas à vigilância e ao reconhecimento e é
orientada pelas necessidades de informação do comandante. Mais do que a
recolha e obtenção de informação, é um processo contínuo que envolve a análise
do material recolhido de todas as fontes e a condução de operações que visem o
desenvolvimento da situação. Inclui as seguintes tarefas:
Apoio à geração de forças;
Apoio à compreensão da situação;
Apoiar o processo de targeting e as operações de informação;
Conduta de operações de informações, vigilância e reconhecimento.
Informações, Vigilância e Reconhecimento
O conhecimento do ambiente operacional, relativamente a qualquer ação, seja no
domínio informacional ou físico, deve ser obtido antecipadamente. Requer
vigilância e reconhecimento proativo e contínuo para obtenção de notícias. As
notícias obtidas de múltiplas fontes, após análise, geram informações e garantem
as respostas aos pedidos de informação crítica do comandante. O desenvolvimento
destes requisitos é função da Informação, Vigilância e Reconhecimento (IVR). A
IVR é uma atividade que sincroniza e integra o planeamento e a operação dos
sensores e equipamentos com os sistemas de processamento, de exploração e de
disseminação. Esta atividade de armas combinadas responde a requisitos críticos
de informação do comandante (CCIR – Commander’s Critical Intelligence
Requirements) tendo o seu foco nas necessidades prioritárias de informação (PIR –
Priority Informations Requirements).
A IVR apoia as operações em todo o espetro das operações através de quatro
tarefas:
Sincronização da IVR;
Integração da IVR;
Vigilância;
Reconhecimento.
A sincronização da IVR inclui:
A análise das necessidades de informação e as lacunas de informações;
A avaliação dos meios disponíveis, orgânicos ou não;
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Infraestruturas
Consiste na conceção, construção, remodelação, manutenção, operação e
disposição de instalações no sentido de dotar todos os intervenientes com as
instalações necessárias e adequadas.
Aquisição, alienação e contratação
Esta função abarca o conjunto de atividades destinadas a assegurar o acesso
aos recursos materiais e serviços necessários, bem como a racionalização de
inventários e recursos e o estabelecimento de práticas e procedimentos,
facilitando a ligação com os seus interlocutores.
Apoio de Pessoal
Os serviços de pessoal englobam um vasto conjunto de atividades concorrentes,
os quais permitem auxiliar a ação de comando e desenvolver e manter o bom nível
moral das tropas. Estas atividades englobam, entre outras, tarefas relacionadas
com o bem-estar, com as necessidades e com a manutenção da qualidade de vida
do pessoal.
Estes serviços são desenvolvidos em estreita coordenação com a atividade e
manobra logística e têm como objetivo final preservar o potencial humano, criando
os estímulos conducentes à obtenção do máximo rendimento e eficiência da
unidade.
Os serviços de pessoal incluem o apoio em recursos humanos, apoio legal, apoio
religioso, serviço postal militar, tarefas relacionadas com instalações de repouso e
recreio, rotação do pessoal militar e atividades recreativas e de bem-estar, entre
muitas outras.
As funções específicas do apoio de pessoal são da responsabilidade primária do
oficial de Pessoal e de acordo com necessidades de ordem organizativa e
afinidades existentes entre si agregam-se em áreas de atividade.
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Pessoal militar
Pessoal civil
Administração do pessoal Prisioneiros de guerra
Pessoal prisioneiro do in recuperado
Segurança do pessoal
Moral e serviços de pessoal
Desenvolvimento e manutenção do Relatórios de baixas
moral Condecorações e recompensas
Assuntos mortuários
Manutenção da disciplina lei e ordem Manutenção da disciplina lei e ordem
Administração interna Administração interna
Administração do potencial humano Administração do potencial humano
Efetivos
Consiste na reunião, elaboração e apresentação de dados sobre a situação dos
efetivos e sobre estimativas de perdas.
Recompletamento
Os recompletamentos podem ser individual, por unidades ou por sistemas de
armas. O recompletamento individual consiste na determinação das
necessidades atuais e futuras, encaminhamento das requisições, receção,
processamento e distribuição do pessoal, de acordo com as prioridades
estabelecidas pelo comandante. O recompletamento por unidades consiste na
determinação das suas necessidades, requisição em coordenação com o G3/S3
(Oficial de Operações) e processamento administrativo. O recompletamento por
sistema de armas consiste na determinam-se as necessidades, em coordenação
com o G4/S4 (Oficial de Logística).
Pessoal Militar
É a obtenção, classificação, reclassificação, distribuição (colocação e
transferência), promoção, graduação, afastamento do serviço, eliminação do
serviço e rotação.
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Pessoal Civil
Consiste na obtenção, administração e utilização do pessoal civil.
Prisioneiros de Guerra (PG)
Consiste na reunião, guarda, processamento, evacuação, tratamento utilização,
disciplina, instrução e repatriamento dos PG inimigos e civis internados ou
detidos.
Pessoal Prisioneiro do Inimigo Recuperado
É a administração, processamento, assistência moral e sanitária e evacuação do
pessoal
Segurança do Pessoal
Inclui o planeamento, elaboração e supervisão do programa de prevenção de
acidentes relacionados com o trabalho a desenvolver pelos militares na unidade.
Moral e Serviços de Pessoal
Esta função consiste nas seguintes atividades:
Avaliação do moral das tropas e medidas a tomar;
Licenças, instalações de repouso e recreio;
Apoio às atividades de assistência religiosa;
Programas de poupança dos militares;
Serviço postal militar (SPM);
Atividades recreativas e de bem-estar.
Condecorações e Recompensas
É a elaboração e difusão de planos e normas visando o rápido andamento dos
processos de condecorações, louvores e outras recompensas.
Relatórios de Baixas
Consiste no estabelecimento de planos e normas relacionados com os relatórios
sobre perdas, incluindo a transmissão e os procedimentos a adotar nos
diferentes níveis da cadeia de comando.
Assuntos Mortuários
É a pesquisa, reunião, identificação, transporte, evacuação e manuseamento de
espólios e enterramento de mortos militares e de certas categorias de civis,
atividades relacionadas com os locais de enterramento e os registos e relatórios
inerentes a estas atividades.
Manutenção da Disciplina, Lei e Ordem
Abrange todas as atividades a desenvolver respeitantes à disciplina, lei e ordem,
tais como a recolha de dados e números estatísticos indispensáveis para
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Defesa antiaérea;
Recolha de pessoal;
Proteção de informação;
Medidas para evitar o fratricídio;
Segurança de área;
Antiterrorismo;
Sobrevivência;
Proteção sanitária
- Medicina preventiva;
- Serviços veterinários;
- Controlo de stress;
- Serviços de laboratório.
Operações de defesa NBQR8;
Prevenção de acidentes;
Segurança das operações;
Inativação de engenhos explosivos (EOD - Explosive Ordnance Disposal).
d. Armas combinadas
A aplicação do potencial de combate depende das armas combinadas para alcançar o
seu efeito máximo. Este conceito representa a aplicação simultânea e sincronizada
dos elementos de potencial de combate para alcançar um efeito sinérgico na ação
militar. As armas combinadas utilizam as capacidades de cada uma das funções de
combate e informação em complementaridade e em reforço mútuo.
Em complementaridade, as armas combinadas servem para mitigar vulnerabilidades
de um sistema. Por exemplo, a utilização de fogos indiretos para suprimir uma posição
fortificada, facilita o assalto da infantaria.
Em reforço, os sistemas similares são combinados na mesma função de combate para
aumentar a sua capacidade. É o caso típico do emprego combinado de infantaria com
carros de combate, em que a infantaria protege os carros de combate das armas
anticarro, enquanto os carros de combate garantem proteção, poder de choque e
poder de fogo à infantaria. O conceito de armas combinadas é alcançado através da
visualização e da composição e articulação das forças.
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Excluem-se as atividades de descontaminação NBQR, as quais se enquadram na função de combate apoio de
serviços.
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distância máxima entre duas unidades, medida em tempo, que impede o inimigo
de as bater separadamente. Depende do terreno, da distância física, das
capacidades do inimigo, das capacidades amigas e do tempo de reação.
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CAPÍTULO 3 – O COMANDANTE E O COMANDO-MISSÃO
0302. Visualização
Os comandantes utilizam a visualização (técnica/ferramenta de apoio ao planeamento)
para desenvolver e descrever operações complexas, reavaliando continuamente a
situação. A visualização é uma metodologia de aplicação de pensamento crítico e criativo
para entender, desenvolver e descrever problemas complexos e mal estruturados, por
forma a realizar abordagens adequadas para a sua resolução. Os comandantes que
utilizam a ferramenta da visualização mais facilmente atingem uma adequada
compreensão do ambiente operacional, o que lhes permite transmitir uma clara intenção e
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O Comandante e o Comando - Missão
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0306. Compreender
A compreensão permite ao comandante estabelecer o contexto da situação em que se
vai desenrolar a operação através da análise do inimigo ou adversário e de outras
variáveis, que fornecem a informação para desenvolver e enquadrar os problemas
operacionais que se lhe deparam. Para compreender cabalmente a situação operacional,
o comandante necessita frequentemente de se deslocar na sua área de operações,
dialogar com os seus subordinados e observar o seu desempenho. Isto permite antecipar
prováveis ameaças, oportunidades e necessidades de informação que vão ser a base da
sua visualização da operação.
Vários fatores contribuem para o aprofundamento da compreensão da situação, como por
exemplo a formação do comandante, as suas capacidades, experiência e perceção. A
formulação das necessidades de informação crítica do comandante (CCIR), o emprego
de oficiais de ligação e a escolha apurada dos oficiais de estado-maior são elementos
determinantes para a compreensão da situação antes e durante a operação.
0307. Visualizar
A visualização do comandante é um processo mental que desenvolve a compreensão da
situação, o estado final desejado e a sequência das ações pelas quais a força atinge o
estado final.
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O Comandante e o Comando - Missão
0308. Descrever
Após a visualização, o comandante transmite ao seu estado-maior e comandantes
subordinados, o resultado da sua análise, para que estes partilhem o seu entendimento
da situação tática (missão e intenção). O comandante deve assegurar-se que os
subordinados compreendem a sua visualização antes de iniciarem o seu próprio
planeamento. O comandante descreve o resultado da sua visualização através de:
Intenção inicial do comandante;
Diretiva de planeamento, incluindo um conceito de operação inicial;
Informação necessária para o futuro planeamento (CCIR);
Elementos essenciais de informação das forças amigas a proteger (EEFI - Essential
Elements of Friendly Information).
a. Intenção do Comandante
É na sua intenção inicial que o comandante sumariza a sua visualização da situação,
sendo a sua finalidade estabelecer um foco para o processo operacional e facilitar o
planeamento. O seu conteúdo consiste numa descrição sucinta de como o
comandante visualiza toda a operação, isto é, uma declaração clara do que pretende
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O Comandante e o Comando - Missão
0309. Dirigir
Os comandantes dirigem todos os aspetos das operações, assumindo a direção variadas
formas durante o planeamento, preparação e execução das operações, através de:
Preparação e aprovação de planos e ordens;
Atribuição e refinamento das missões, tarefas, composição e articulação de forças e
medidas de controlo baseadas nas alterações da situação;
Posicionamento de unidades com a intenção de maximizar o potencial de combate,
antecipar ações, criar e preservar opções de manobra;
Posicionamento de elementos chave para assegurar observação e supervisão nos
locais e tempo críticos;
Ajustamento das prioridades de apoio e atribuição de recursos de acordo com as
ameaças e oportunidades;
Aceitação de riscos que criem oportunidades para ganhar, manter e explorar a
iniciativa;
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O Comandante e o Comando - Missão
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Sequela - é uma operação de grande envergadura subsequente à operação de grande envergadura em curso ou
uma nova fase numa única operação de grande envergadura. É uma operação futura que antecipa os possíveis
resultados – o sucesso, impasse ou derrota – da operação em curso. Uma contraofensiva, por exemplo, é uma
sequela lógica numa defesa; um ataque bem-sucedido é seguido de uma exploração do sucesso e perseguição
10
Ramificação – descreve as opções de contingência formuladas no plano base. É utilizada para alterar a missão,
dispositivo, orientação, ou direção do movimento das forças para garantir o sucesso da operação em curso,
antecipando acontecimentos, oportunidades ou as alterações provocadas pelas ações e reações do In.
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0310. Liderar
Após a tomada de decisão, os comandantes, dirigem as suas forças durante a execução,
fornecendo a força de caráter, coragem moral e vontade para seguir as suas
decisões. Quando alterarem as suas decisões, devem saber quando e o que decidir para
fazer face a mudanças na situação.
Os líderes eficazes atuam pela presença física, pelo que os comandantes devem
considerar cuidadosamente onde devem estar, equilibrando a necessidade de motivar os
soldados com a de manter uma perspetiva global de toda a operação. A presença do
comandante na frente demonstra uma vontade de partilhar o perigo e permite-lhe avaliar
a situação, liderança e moral dos soldados das unidades subordinadas. A presença na
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O Comandante e o Comando - Missão
frente permite aos comandantes sentir a dimensão humana do conflito, sobretudo quando
o medo e a fadiga reduzem a eficácia. De considerar ainda que, os comandantes devem
liderar pelo exemplo, colocando-se lado a lado com os seus soldados, pelo que, não
podem permitir que as vantagens decorrentes da tecnologia da informação comprometam
a sua obrigação de liderar pelo exemplo.
0311. Avaliar
A avaliação auxilia os comandantes a compreender as condições atuais em que se
inserem e determinar o desenrolar da operação. O comandante mantém uma perspetiva
global, comparando a situação atual com a inicialmente prevista. Requer um pensamento
crítico, inspirado quando possível, pela participação do comandante na conceção
operacional. As informações fornecidas pelos comandantes subordinados permitem
muitas vezes moldar a forma como os comandantes identificam, enquadram e procuram
resolver um problema. Esta informação é utilizada para desenvolver indicadores e para
avaliar o progresso no sentido de atingir um resultado positivo podendo assumir a forma
de objetivos intermédios que as unidades devem atingir para alcançar o estado final
desejado.
Quando a avaliação revela uma variação significativa da visualização inicial, o
comandante deve reformular o problema e desenvolver um novo plano se necessário.
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O Comandante e o Comando - Missão
todos os recursos e atividades e pode ser exercido sobre forças orgânicas atribuídas e
de reforço. Tem competência para delegar autoridade.
b. Comando Operacional (OPCOM)
Autoridade conferida a um comandante para utilizar forças postas à sua disposição no
desempenho de missões de natureza operacional, nomeadamente para atribuir
missões ou tarefas aos comandantes subordinados, articular forças para a execução
de tarefas operacionais e reter ou delegar controlo operacional, comando tático e/ou
controlo tático, conforme considerado necessário. A sua caracterização é dada pelo
vínculo hierárquico funcional, ou seja, circunscrito aos aspetos operacionais. Não
inclui em si autoridade no plano administrativo ou responsabilidade de ordem logística.
Permite, contudo, inspecionar e determinar aspetos administrativo-logísticos
diretamente relacionados com a atividade operacional. Tem competência disciplinar e
responsabilidade pelo treino operacional das forças atribuídas.
c. Controlo Operacional (OPCON)
Autoridade conferida ou delegada num comandante para dirigir forças atribuídas, no
desempenho de missões ou tarefas específicas, sendo as missões ou tarefas
limitadas pela natureza, tempo e área. Não inclui a autoridade para utilizar
separadamente os elementos que constituem as unidades envolvidas nem, tão pouco,
comporta em si o controlo administrativo-logístico.
Não tem competência disciplinar, nem pode determinar missões ou delegar nos
comandos subordinados qualquer tipo de autoridade relacionada com as forças sobre
o seu comando.
d. Comando Tático (TACOM)
Autoridade delegada num comandante para atribuir às forças e unidades sob o seu
comando as tarefas necessárias ao cumprimento da missão que lhe tenha sido
atribuída.
e. Controlo Tático (TACON)
Autoridade delegada num comandante para a direção e controlo de pormenor,
normalmente limitados no plano local, dos movimentos ou manobras necessários para
executar as missões ou tarefas cometidas.
f. Comando Administrativo (ADCOM)
Autoridade conferida a um comandante sobre forças que dependem de outro
comandante no aspeto operacional, caracterizada pelo vínculo hierárquico limitado
aos aspetos administrativo-logísticos. É exercido sobre forças orgânicas e atribuídas.
Tem competência disciplinar e responsabilidade de apoio técnico e de instrução.
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CAPÍTULO 4 – A CIÊNCIA DO CONTROLO
0401. Controlo
Enquanto o comando é uma função pessoal do comandante, o controlo envolve toda a
força. No contexto do comando-missão, o controlo é a regulação de forças e funções de
combate para cumprir a missão de acordo com a intenção do comandante. Com o apoio
do seu estado-maior exercem o controlo sobre todas as forças na área de operações que
lhe foi atribuída. O estado-maior coordena, sincroniza e integra ações, mantendo o
comandante informado.
No contexto do comando-missão, o controlo é mais ciência do que arte, porque depende
da objetividade, dos factos, de métodos empíricos e da análise. A ciência do controlo
inclui os sistemas de execução e procedimentos para melhorar a compreensão do
comandante e apoiar a execução das missões. O comandante e o estado-maior utilizam a
ciência do controlo, para mitigar as limitações físicas e de procedimentos, com que as
unidades se deparam quando são empregues. O controlo exige ao comandante e ao
estado-maior compreender os aspetos das operações que podem analisar e medir,
incluindo as capacidades, as limitações e os sistemas de unidades amigas e inimigas. O
controlo requer igualmente uma avaliação realista dos fatores de tempo e distância
necessários para iniciar determinadas ações. A ciência do controlo apoia a arte do
comando.
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a. Planear
Planear é o processo pelo qual o comandante e estado-maior traduzem a visualização
do comandante numa modalidade de ação específica para preparar e executar, a fim
de atingir os resultados esperados com a operação. Planear envolve a compreensão
e delimitação do problema e o estabelecimento do estado final desejado.
O planeamento inicia-se com a análise e avaliação das condições do ambiente
operacional, com especial ênfase sobre o In, para determinar as relações entre as
variáveis de missão, inclui a compreensão e enquadramento do problema e
identificação das condições que representam o estado final desejado. A conceção e o
PDM apoiam o comandante e estado-maior nos aspetos conceptuais do planeamento.
Com base nas orientações do comandante, o planeamento inclui a formulação de
uma ou mais modalidades de ação para cumprir a missão. Um bom plano fomenta a
iniciativa, considera e avalia a incerteza e fricção, e mitiga os riscos.
O planeamento não termina com a produção e emissão de uma ordem ou plano,
continua durante a execução da operação, sendo a ordem refinada face a alterações
da situação, permitindo ao estado-maior desenvolver sequelas e ramificações de uma
forma mais eficaz.
O âmbito, complexidade e os horizontes de planeamento são diferentes ao nível
operacional e ao nível tático. Ao nível operacional, o planeamento da campanha
centra-se na coordenação das ações das forças das diferentes componentes, num
período de tempo alargado, integrando-as com outras atividades de organizações
governamentais e multinacionais. Ao nível tático, o horizonte de planeamento é mais
curto.
Um planeamento compreensivo, contínuo e adaptativo caracteriza o sucesso das
operações em ambos os níveis.
4-2
A Ciência do Controlo
b. Preparar
A preparação consiste na execução de atividades com a finalidade de melhorar a
capacidade para executar uma operação. A preparação inclui, mas não está limitada,
ao refinar do planeamento, treinos, informações, vigilância e reconhecimento,
coordenações, inspeções e movimentos. As atividades específicas a efetuar na
preparação podem incluir:
Revisão de planos;
Conceção/organização e articulação de forças;
Treinos;
Informações, vigilância e reconhecimento;
Movimentos;
Inspeções de pré-combate;
Integração de recompletamentos;
Preparação do Apoio de Serviços;
Brífingues de confirmação.
Algumas das atividades de preparação iniciam-se no planeamento e continuam
durante a execução. Por exemplo forças não empregues, preparam-se para
contingências identificadas nas ramificações e acontecimentos subsequentes
detalhados nas sequelas. Unidades empregues, quando cumprem os seus objetivos,
retornam à fase de preparação, ocupando posições defensivas ou passando à
reserva.
c. Executar
Executar é colocar um plano em ação através da aplicação do potencial de combate
para cumprir a missão, avaliar e introduzir os ajustamentos necessários no decurso
das operações. A execução focaliza-se em ações concertadas para obter, manter e
explorar a iniciativa.
Os comandantes utilizam o comando-missão, para maximizar a flexibilidade e
fomentar a iniciativa individual. Os comandantes subordinados ao tomarem a
iniciativa, podem impor um ritmo elevado na execução, podendo no entanto correr o
risco de dessincronizar a operação como um todo. A intenção do comandante e as
ordens tipo-missão focalizam todos os escalões na execução do conceito de
operação. O comando-missão facilita e orienta uma sincronização colaborativa dos
subordinados. O sucesso dos escalões subordinados pode explorar oportunidades
que estavam preconizados no conceito de operações ou então oferecer vantagens
que tornam um novo conceito exequível. Em qualquer caso a intenção do comandante
mantém a força focada e sincronizada.
4-3
PDE 3-00 Operações
4-4
A Ciência do Controlo
f. Formas de controlo
Na função controlo, o estado-maior desempenha um papel primordial, existindo duas
formas básicas de controlo: controlo por procedimentos e controlo positivo.
4-5
PDE 3-00 Operações
4-6
A Ciência do Controlo
4-7
PDE 3-00 Operações
4-8
A Ciência do Controlo
4-9
PDE 3-00 Operações
escalão que determinou a não contiguidade das áreas de operações (ver figura 4-
3).
4 - 10
A Ciência do Controlo
4 - 11
PDE 3-00 Operações
4 - 12
A Ciência do Controlo
4 - 13
PDE 3-00 Operações
b. Atividades ciber/eletromagnéticas
O impacto das modernas tecnologias eletrónicas e de informação sobre a sociedade
humana e as operações militares aumenta diariamente. O espetro eletromagnético é
essencial para as comunicações, ações letais, sensores, e autoproteção. As forças
militares dependem cada vez mais do ciber-espaço, no qual, as unidades utilizam o
espetro eletrónico e eletromagnético para armazenar, modificar e trocar dados
através de sistemas ligados em rede.
4 - 14
A Ciência do Controlo
4 - 15
PDE 3-00 Operações
4 - 16
CAPÍTULO 5 – ARTE OPERACIONAL
0501. Generalidades
As operações militares requerem a integração criativa da visão em todos os níveis da
guerra. A arte operacional é o processo de aplicação da imaginação criativa dos
comandantes e estados-maiores – apoiados nas suas perícias, conhecimentos e
experiências – conceber estratégias, campanhas, operações de grande envergadura, e
organizar e empregar forças militares. A arte operacional integra os objetivos, meios e
modalidades de ação em todos os níveis da guerra.
A arte operacional reflete uma compreensão intuitiva do ambiente operacional e a
abordagem necessária para estabelecer as condições para o sucesso duradouro. Na
visualização de uma campanha ou operação de grande envergadura, o comandante de
nível operacional determina quais as condições de acordo com as diretivas do
responsável estratégico que ordenou a operação que, em conjunto, representam o estado
final desejado. O plano concebido pelo comandante militar complementa a ação dos
outros instrumentos de poder do Estado através da unidade de esforços.
5-1
PDE 3-00 Operações
Uma série de vitórias táticas pode não ter correspondência direta com o sucesso ao nível tático
ou operacional. Por essa razão, é necessário que o comandante tático conheça e aplique as
condições a alcançar pelos níveis superiores. As guerras são ganhas ao nível operacional e
estratégico, mas sem sucesso tático as operações de grande envergadura não podem ser
vencidas. O combatente, a guarnição e as pequenas unidades, mesmo atuando ao nível tático,
podem produzir efeitos aos níveis estratégico ou operacional, não significando que atuem a
esses níveis. Isto quer dizer que as ações em cada nível devem ser planeadas, preparadas e
conduzidas para atingir o estado final correspondente a esse nível.
a. Nível estratégico
No nível estratégico da guerra, uma nação ou Estado, normalmente membro de uma aliança
ou coligação, determina os objetivos nacionais ou multinacionais (alianças ou coligações) a
alcançar para os fins políticos e desenvolve os recursos necessários para os alcançar. Neste
nível, as atividades desenvolvidas visam o estabelecimento dos objetivos militares
(nacionais ou multinacionais); a sequência das iniciativas a tomar; a definição dos limites e
riscos associados à utilização dos instrumentos de poder do Estado; o desenvolvimento de
planos de ação global e/ou de teatro para alcançar esses objetivos; e as forças militares e
outras capacidades, de acordo com o plano desenvolvido.
A estratégia está diretamente relacionada com a utilização dos instrumentos de poder do
Estado, de forma sincronizada e integrada para alcançar os objetivos nacionais,
multinacionais e/ou de teatro. O chefe do governo, como responsável pela estratégia global
do Estado, transforma os interesses nacionais e a política em condições a alcançar (estado
final desejado) pela ação estratégica. Os comandantes militares, ao nível estratégico,
transformam esse estado final na sua estratégia de teatro.
b. Nível operacional
O nível operacional estabelece a ligação entre o nível estratégico e o nível tático, ao orientar
as ações táticas para os objetivos estratégicos. Ao nível operacional, os comandantes
5-2
Arte Operacional
5-3
PDE 3-00 Operações
A arte operacional abrange uma continuidade, desde a direção estratégica até às ações
concretas ao nível tático. Estabelecer a ligação nessa continuidade requer uma visão criativa,
ampla experiência e conhecimento. É através da arte operacional que os comandantes
transformam o seu conceito de operação numa conceção operacional e, em última instância,
em tarefas táticas. A conceção operacional integra objetivos, meios, métodos e a previsão das
combinações dinâmicas dos efeitos das operações militares no ambiente operacional, em
todos os níveis da guerra, aplicados para organizar forças e empregá-las para atingir o estado
final desejado.
Através da arte operacional, os comandantes enquadram o seu conceito através das respostas
às seguintes questões:
Qual o objetivo para o emprego das forças? (fins);
Que condições estabelecem o estado final desejado? (fins);
Como é que as forças alcançam o estado final? (modalidades);
Que sequência é mais adequada para atingir essas condições? (modalidades);
Que meios são necessários e como devem ser aplicados para levar a cabo a sequência
provável das ações? (meios);
Que riscos estão associados à sequência das ações e como podem ser mitigados? (riscos).
A arte operacional é uma ferramenta do comandante conjunto, essencial para transformar os
objetivos e interesses nacionais em condições mensuráveis, a alcançar pelas forças militares.
Estas condições descrevem o modo como o comandante visualiza o ambiente operacional
após o cumprimento da missão e são elementos fundamentais para compreender e determinar
o centro de gravidade (CoG – Center of gravity) sobre o qual a campanha tem de ser
concebida.
5-4
Arte Operacional
O comandante das forças terrestres não está diretamente ligado à definição do estado final
militar da operação. Não obstante, através do planeamento colaborativo, a participação do
comandante da componente terrestre é vital, porque são as suas forças que vão determinar a
derrota do inimigo ou adversário, o controlo do terreno e/ou o controlo da população. Esta
colaboração, que se traduz no estabelecimento de uma perspetiva comum é a base para a
interdependência das operações conjuntas.
Utilizar a arte operacional requer uma compreensão abrangente do ambiente operacional a
todos os níveis da guerra, criatividade e habilidade para visualizar alterações no ambiente. O
comandante de nível operacional tem de visualizar o emprego das suas forças para além do
combate, visualizando também as condições não militares que terão de ser alcançadas para o
sucesso da campanha ou operação de grande envergadura, através da análise integrada dos
fatores tempo, espaço e forças em face do ambiente operacional.
O conflito é essencialmente um empreendimento humano, caracterizado pela violência,
incerteza, acaso e fricção. As operações terrestres estão normalmente ligadas à dimensão
humana e não podem ser reduzidas a uma simples fórmula ou lista de verificação.
A conceção operacional é a construção de um enquadramento que estabelece a ligação entre
um plano operacional e a sua execução. É através da arte operacional que os comandantes e
seus estados-maiores desenvolvem conceitos para a aplicação do instrumento militar, incluindo
as forças terrestres, traduzem-nos num conceito coerente para o emprego de forças conjuntas
e estabelecem a ligação entre as missões táticas e o estado final estratégico (figura 5-3).
5-5
PDE 3-00 Operações
5-6
Arte Operacional
5-7
PDE 3-00 Operações
5-8
Arte Operacional
(b) Deslocalizar
Significa empregar forças para alcançar uma posição de vantagem, tornando
menos valiosa, ou mesmo irrelevante, a posição do inimigo ou adversário. A
deslocalização requer que o comandante inimigo ou adversário tenha de decidir
entre aceitar a neutralização de parte da sua força ou o risco de destruição, se
tentar reposicionar-se. Envolvimentos e movimentos torneantes são manobras
ofensivas cujo objetivo básico é deslocalizar o inimigo ou adversário que, se
combinado com a destruição, pode levar ao rápido sucesso numa operação
ofensiva.
(c) Desorganizar
Significa afetar o sistema de comando e controlo do inimigo ou adversário,
degradando-lhe a capacidade para conduzir eficazmente operações e em
simultâneo, conduzindo ao colapso das suas capacidades para o combate e
consequentemente da sua vontade para lutar. Este mecanismo explora a
combinação dos efeitos da deslocalização e da destruição para quebrar a coerência
do dispositivo inimigo ou adversário. Tipicamente, desorganizar é o efeito resultante
da falta de capacidade do inimigo ou adversário para compreender a situação
operacional, ao mesmo tempo que as sucessivas perdas e os efeitos da
deslocalização, produzem no seu comandante um sentimento de confusão e
desordem com o qual este não é capaz de lidar.
(d) Isolar
Consiste em negar ao inimigo ou adversário o acesso a capacidades que lhe
permitem funcionar de forma coerente e com liberdade de ação, expondo-o a uma
degradação contínua. Existem dois tipos de isolamento: o isolamento físico e o
isolamento psicológico.
O isolamento físico, que é difícil de alcançar mas fácil de monitorizar e avaliar,
produz no inimigo ou adversário a perda de liberdade de ação e de apoio;
O isolamento psicológico é um meio vital para a desorganização, embora seja
difícil de avaliar. Um indicador típico deste isolamento é a quebra de moral e a
alienação da população face ao inimigo ou adversário.
(3) Mecanismos de estabilização
O mecanismo de estabilização é o método através do qual as forças amigas afetam a
população civil a fim de obter o seu apoio para atingir as condições para uma paz
duradoira. Tal como com os mecanismos de derrota, a aplicação sinérgica de vários
mecanismos é mais eficiente. São quatro os mecanismos de estabilização:
Compelir;
Controlar;
5-9
PDE 3-00 Operações
Influenciar;
Apoiar.
(a) Compelir
Consiste em utilizar, ou ameaçar utilizar, força letal para controlar, dominar, afetar
comportamentos ou impor mandatos, acordos ou a autoridade civil. A utilização
apropriada e discriminada da força reforça a estabilidade da situação, garante o
consenso ou assegura a complacência. Pelo contrário, a utilização indiscriminada da
força afeta muito negativamente a legitimidade da operação.
(b) Controlar
No contexto da estabilização controlar significa impor a lei e ordem. Inclui a
imposição da segurança nas fronteiras, nas vias de comunicação e pontos
sensíveis, nos centros populacionais e nos indivíduos. Envolve também a ocupação
física de instalações e terreno importante, desarmamento, desmobilização,
reintegração e reformas no setor de segurança.
(c) Influenciar
Influenciar significa alterar opiniões e atitudes da população civil através da
utilização da informação, da presença e da conduta. O seu objetivo é modificar
comportamentos através de meios não letais e é essencialmente o resultado da
perceção da população. Reflete a habilidade para a força atuar dentro dos padrões
culturais e societários da população.
(d) Apoiar
Apoiar significa estabelecer, reforçar ou definir as condições necessárias para outros
instrumentos de poder cumprirem a sua missão. Requer coordenação e cooperação
com agências civis para determinar a contribuição das forças militares.
Normalmente, este mecanismo inclui o estabelecimento da legitimidade da
autoridade civil, criação de condições para os mercados locais, estabelecimento do
sistema judicial e apoio ao sistema de ensino e de saúde.
(4) Combinar mecanismos de estabilização e de derrota
Durante o planeamento de uma campanha ou operação de grande envergadura, os
mecanismos de derrota e estabilização complementam a análise dos centros de
gravidade, auxiliando na definição do problema operacional e sugerindo mecanismos
para o resolver. Quando a análise revela as vulnerabilidades do centro de gravidade, os
mecanismos descrevem os métodos para o isolar, enfraquecer ou destruir. A
abordagem operacional reflete a visualização do comandante para a aplicação dos
mecanismos de forma combinada.
5 - 10
Arte Operacional
5 - 11
PDE 3-00 Operações
Uma força opera por linhas interiores quando a operação diverge de um ponto
central. Neste caso, uma força pode concentrar o seu potencial mais rápido do que o
seu inimigo ou adversário e permite batê-lo por partes. No caso de uma força
isolada, as linhas interiores permitem concentrar potencial de combate esmagador
sobre um ponto antes que o inimigo ou adversário possa reagir (figura 5-6).
Uma força opera por linhas exteriores quando as suas operações convergem no
inimigo ou adversário. Por linhas exteriores, uma força pode cercar o inimigo ou
adversário e aniquilá-lo. Todavia, uma operação por linhas exteriores requer maior
mobilidade e potencial de combate do que o inimigo ou adversário (figura 5-6).
5 - 12
Arte Operacional
5 - 13
PDE 3-00 Operações
5 - 14
Arte Operacional
5 - 15
PDE 3-00 Operações
operacional: evitar a culminação, mudar a operação decisiva porque esta não teve êxito,
ou efetuar a mudança do estado final estratégico. Na conceção de uma operação, os
comandantes avaliam cuidadosamente a iniciativa, o ímpeto, o alcance operacional e o
ponto de culminação para evitar recorrer à pausa operacional. Durante uma pausa
operacional o comandante deve utilizar operações de moldagem para manter a
iniciativa, mantendo a pressão contínua sobre o inimigo ou adversário.
(2) Ritmo
O ritmo é a velocidade relativa das operações militares num dado período de tempo, em
relação ao inimigo ou adversário. Controlar o ritmo das operações permite ao
comandante manter a iniciativa durante as operações de combate e restabelecer a
normalidade no caso das operações humanitárias. Em operações dominadas pela
defensiva e ofensiva, o comandante pretende manter um ritmo mais elevado que o
inimigo para o impedir de reagir de uma forma coerente e eficaz. Em operações
dominadas pela estabilização e apoio às autoridades civis, um ritmo elevado permite
agir rapidamente para controlar os acontecimentos. Agindo mais rápido do que a
deterioração da situação pode alterar a dinâmica de uma crise e restaurar a
estabilidade. A capacidade de agir rapidamente aumenta a flexibilidade e a capacidade
de adaptação ao longo do espetro do conflito. O ritmo de uma operação pode ser
imposto de forma deliberada na conceção operacional. Em primeiro lugar formulando
modalidades de ação que forcem a complementaridade e reforcem os efeitos a
produzir, tanto nas atividades simultâneas como nas sequenciais. A sincronização
destas atividades no tempo e no espaço conduzem à degradação das capacidades
inimigas ao longo de toda a área de operações. Em segundo lugar evitando os
empenhamentos desnecessários, ultrapassando as forças resistentes que pela sua
localização e momento da operação não sejam consideradas decisivas. Em terceiro
lugar, utilizando o comando-missão, garantindo aos subordinados a máxima latitude
para a iniciativa e atuação independente
Controlar o ritmo requer tanto audácia como paciência: a audácia permite levar a cabo
ações que auxiliam a desenvolver a situação; a paciência permite que a ação decisiva
seja levada a cabo no momento e local apropriados.
As forças militares gastam muitos recursos a ritmos elevados, pelo que se torna
fundamental ao comandante reconhecer se a força dispõe dos recursos necessários
para o ritmo que pretende imprimir às operações. Por conseguinte, o comandante tem
de fazer um balanço entre a resistência e o ritmo pretendidos para a operação.
(3) Simultaneidade e profundidade
Simultaneidade e profundidade expandem as operações no tempo e no espaço, têm
efeitos complementares e são inerentes a todo o espetro das operações. Para alcançar
5 - 16
Arte Operacional
5 - 17
PDE 3-00 Operações
(5) Culminação
O ponto de culminação é um ponto no espaço e tempo no qual uma unidade deixa de
ter capacidade de continuar a efetuar a sua operação corrente com eficácia. A
culminação representa uma alteração significativa no potencial de combate de uma
unidade. É um elemento da conceção operacional relevante para o atacante e defensor
em cada nível da guerra. Na ofensiva, pode representar o momento a partir do qual uma
unidade é obrigada a assumir uma posição defensiva. Na defensiva, pode ocorrer
quando o comandante tem de retirar para evitar a destruição da sua unidade.
Em operações de estabilização, o ponto de culminação é muito mais difícil de definir,
havendo, no entanto, situações que resultam da culminação:
Demasiada dispersão das forças impossibilita o controlo da situação;
Ser incapaz de garantir/manter a segurança na AOp atribuída;
Não dispor de recursos suficientes ou estes não possuírem capacidade de
adaptação para acompanharem as alterações à situação.
Ao nível estratégico, a culminação ocorre quando um país deixa de ter recursos
suficientes para se manter num conflito. A culminação estratégica pode resultar de:
Erosão da vontade política;
Declínio do apoio da população;
Ausência de foco e de recursos;
Baixas incomportáveis.
Ao nível operacional, os fatores que influenciam a culminação são complexos, porque
estão ligados ao tempo, ao espaço e ao potencial de combate disponível. A culminação
operacional é muito sensível à culminação tática devido à sua natural interdependência.
Ao nível tático, a culminação pode ser um acontecimento previsto e planeado, como por
exemplo a designação de uma força para seguir e assumir a missão de outra. Neste
nível da guerra, a culminação está diretamente relacionada com a capacidade de gerar
e aplicar potencial de combate.
5 - 18
CAPÍTULO 6 – OPERAÇÕES OFENSIVAS
0601. Generalidades
As operações ofensivas são as operações decisivas na guerra. Em última instância, o
sucesso na batalha é conseguido pela ação ofensiva. Mesmo numa situação de defesa,
deve manter-se o espírito ofensivo para aproveitar todas as oportunidades de modo a
obter a iniciativa e contra-atacar. Os princípios referidos neste capítulo aplicam-se à
ofensiva, bem como a contra-ataques executados como parte das operações defensivas
ou em combates de encontro, sempre que o comandante decidir atacar o inimigo.
Num ataque, os elementos sob controlo do atacante, e que lhe dão uma vantagem
significativa, são:
A escolha do momento do ataque;
A escolha da direção do ataque (incluindo os objetivos) e o local onde será exercido o
esforço;
A sincronização e o ritmo do ataque.
6-1
PDE 3-00 Operações
a. Iniciativa
As operações ofensivas têm como objetivo derrotar a vontade do inimigo resistir, o
que implica manobra, velocidade e agressividade. Ao retirar a iniciativa do inimigo
obtém-se liberdade de ação e vantagem psicológica. Explorar o sucesso
e aproveitar a fraqueza do inimigo deve estar no pensamento dos comandantes.
Esta necessidade pode ser aplicada às atividades de informação e influência, os
comandantes devem tomar a iniciativa nas operações psicológicas e assuntos civis,
a fim de influenciar a compreensão e a perceção do público alvo e elementos
chave da população;
b. Concentração
O comandante deve procurar concentrar forças e capacidades superiores às do
inimigo no momento e local decisivos. A concentração não só implica a
concentração de forças mas também de poder de fogo. A concentração está
dependente da flexibilidade, movimento e comunicações;
c. Surpresa
A surpresa pode criar condições para o sucesso não dependendo do volume de
forças empregues. O segredo, cobertura, deceção, originalidade, audácia e
velocidade são os elementos que a constituem, sendo que, a deceção é um
elemento chave para iludir o inimigo e para criar a surpresa;
d. Segurança
A segurança é essencial para se manter a liberdade de ação, evitar a surpresa por
parte do inimigo e assegurar a integridade da força. A ofensiva deve ser iniciada a
partir de um local seguro, passando a linha de partida de forma segura, devendo ser
tida em atenção a segurança dos flancos;
e. Flexibilidade
As operações ofensivas exigem um alto grau de flexibilidade a fim de permitir
adaptar os planos para fazer face a alterações da situação, acontecimentos
inesperados e para explorar oportunidades. Os seus elementos são a flexibilidade
mental e rapidez na tomada de decisão pelo comandante e pelos seus
subordinados, para garantir que não se perde tempo nem oportunidades. É
alcançada através da simplicidade dos planos e da unidade de esforço;
f. Informações
O comandante necessita de toda a informação disponível, sobre o terreno e o
inimigo, incluindo detalhes sobre os eixos de aproximação, o objetivo e a área para
além deste;
6-2
Operações Ofensivas
g. Simplicidade
Os planos devem ser simples. Manobras e modalidades complexas podem levar à
confusão e a enganos. Um conceito de operação claro apoiado por um plano
simples proporciona aos comandantes subordinados a oportunidade de aplicar seu
próprio julgamento e iniciativa para fazer face a alterações da situação. Aumenta a
agilidade e permite um melhor controlo do ímpeto;
h. Audácia
O comandante deve estar preparado para ser audaz e explorar todas as situações
favoráveis. Um comandante audaz desenvolve planos arrojados e originais que
produzem resultados decisivos. Para isso deve entender onde e quando pode
assumir riscos e quando não podem existir incertezas na execução do seu plano;
i. Profundidade
O isolamento do campo de batalha e a destruição ou perturbação das ações de
apoio e reforço do inimigo, através do combate em profundidade, reduzem a sua
capacidade de reação e os riscos para as nossas forças, aumentando a sua
segurança, contribuindo para alcançar e manter a iniciativa;
6-3
PDE 3-00 Operações
A força deve ser organizada em armas combinadas, pronta para desenvolver por
partes e atacar rapidamente em qualquer direção;
Adotar formações de marcha que garantam apoio mútuo e segurança;
Manter o contacto com o inimigo.
Normalmente, a força é articulada em forças de segurança - força de cobertura,
guarda avançada, guardas de flanco e de retaguarda - e grosso (figura 6-1). Esta
articulação destina-se a assegurar uma progressão rápida e ininterrupta da força, a
segurança em todas as direções, o oportuno esclarecimento da situação e a
manutenção de um núcleo de forças imediatamente disponível para um emprego
rápido e coordenado após o estabelecimento do contacto com o inimigo.
b. Ataque
A finalidade de um ataque é destruir ou derrotar o inimigo, conquistar e segurar
terreno, ou ambas. Normalmente, o ataque envolve o movimento coordenado de
forças apoiado por fogos diretos e indiretos. O ataque pode ser uma operação
decisiva ou uma operação de moldagem. O ataque pode ser imediato ou deliberado,
dependendo do tempo disponível para o seu planeamento e preparação. Para além
disso, o ataque ainda pode ser de finalidade específica.
(1) Ataque imediato
O ataque imediato é um ataque com pouco tempo de preparação face à
necessidade de rapidez de ação, como no caso da exploração de uma
oportunidade. A fim de manter o ritmo ou a iniciativa é dedicado um tempo
mínimo ao planeamento e à preparação e as forças empregues são aquelas que
estão imediatamente disponíveis. Não haverá muito tempo para
reconhecimentos e treinos. Sempre que possível, este tipo de ataque deve ser
6-4
Operações Ofensivas
6-5
PDE 3-00 Operações
(e) Emboscada
A emboscada é um ataque conduzido pelo fogo, ou por outros meios, a
partir de posições dissimuladas, sobre um inimigo em movimento ou
temporariamente parado. Numa emboscada procura-se destruir forças
inimigas, tirando o máximo partido do efeito surpresa, devendo ser
empregues fogos diretos e indiretos, minas e meios não letais.
(f) Finta
A finta é empregue para iludir o inimigo sobre o momento e o local da
operação decisiva, ou mesmo sobre a forma de manobra a adotar. As forças
que conduzem uma finta procuram manter o contacto com o inimigo mas
evitam o empenhamento decisivo.
(g) Demonstração
A demonstração é uma exibição de forças numa área onde não se procura a
decisão, conduzida com o objetivo de iludir o inimigo sobre o momento e o
local da operação decisiva. Ao contrário da finta, as forças que conduzem
uma demonstração evitam o combate próximo com o inimigo.
(h) Rotura de Cerco
A rotura de cerco é uma ação ofensiva conduzida por uma força cercada
para estabelecer ligação com forças amigas. A rotura deve procurar
surpreender o inimigo, sendo mais provável ser bem-sucedida, se realizada
quando surge a primeira oportunidade após o cerco ter sido executado. A
rotura pode ser apoiada por outras forças que procuram fixar a força inimiga
que executa o cerco.
c. Exploração
A exploração segue-se normalmente a um ataque coroado de êxito, com vista a
desorganizar o inimigo em profundidade. A exploração é caracterizada por um
avanço rápido contra uma resistência inimiga debilitada.
O objetivo é manter a iniciativa, impedindo a reorganização da defesa do inimigo ou
a sua retirada de forma organizada.
d. Perseguição
A perseguição tem como finalidade restabelecer o contacto ou isolar uma força
inimiga que tenta escapar, com o objetivo de a destruir. Pode ser desenvolvida a
partir de uma exploração, quando a força inimiga se encontra desmoralizada e as
suas unidades começam a desintegrar-se face a uma pressão contínua, ou numa
operação em que o inimigo tenha perdido a capacidade de atuar de forma efetiva e
tente romper o combate para retirar. O objetivo primário é a destruição da força
inimiga, ainda que o objetivo atribuído possa ser a posse de terreno que facilite a
6-6
Operações Ofensivas
6-7
PDE 3-00 Operações
b. Penetração
A penetração é uma forma de manobra ofensiva que visa romper uma posição
defensiva inimiga, desorganizar o seu sistema defensivo e conquistar objetivos em
profundidade, destruindo a continuidade do dispositivo defensivo. O ataque principal
é feito numa frente relativamente estreita e dirigido a um ponto decisivo.
A penetração com êxito de uma posição defensiva bem organizada exige a
concentração de um potencial de combate superior para romper a posição inimiga e
manter o ímpeto do ataque desde o início. É a forma de manobra apropriada
quando se pode dispor de um grande volume de forças no local e momentos
escolhidos, quando o inimigo se encontra desenvolvido em frentes superiores às
normais, apresenta pontos fracos no seu dispositivo ou quando se dispuser de uma
elevada superioridade de apoio de fogos (figura 6-3).
c. Envolvimento
O envolvimento é uma forma de manobra ofensiva na qual a força principal contorna
as principais posições defensivas do inimigo para conquistar objetivos na sua
retaguarda (figura 6-4). O ataque principal é dirigido ao flanco ou retaguarda do
inimigo, fazendo passar as forças por um ou por ambos os flancos – duplo
envolvimento – ou sobre as posições defensivas principais do inimigo –
envolvimento vertical. A sua finalidade é conquistar objetivos na retaguarda inimiga
tornando as suas posições defensivas principais insustentáveis face ao seu
isolamento.
6-8
Operações Ofensivas
d. Movimento torneante
O movimento torneante é uma variante do envolvimento, em que a força atacante
contorna ou passa sobre as posições defensivas principais do inimigo para
conquistar objetivos na profundidade, obrigando-o a abandonar as suas posições ou
a empenhar um volume considerável de forças contra a ameaça criada pelo
movimento torneante (figura 6-5). O movimento torneante não é dirigido contra a
posição defensiva principal inimiga, evita atacar os flancos ou retaguarda dessa
posição e procura a conquista de áreas vitais situadas na profundidade da
retaguarda inimiga, de modo a impedir a sua retirada e o apoio ou reforço da força
principal inimiga.
6-9
PDE 3-00 Operações
e. Infiltração
A infiltração é uma forma de manobra ofensiva segundo a qual uma força se move -
individualmente ou em pequenos grupos - sobre, através ou à volta das posições
inimigas sem ser detetada (figura 6-6).
6 - 10
CAPÍTULO 7 – OPERAÇÕES DEFENSIVAS
7-1
PDE 3-00 Operações
7-2
Operações Defensivas
h. Apoio mútuo
Duas forças estão em apoio mútuo quando uma delas tem possibilidade de intervir
em apoio da outra antes de esta poder ser batida separadamente. O apoio mútuo é
um fator potenciador da defesa, contribuindo para a coesão de todo o dispositivo e
por isso influencia a determinação dos limites e das posições de combate. Confere
também vantagem ao defensor uma vez que o atacante tem de dispersar os seus
fogos de cobertura para neutralizar as posições de combate apoiantes da força que
defende.
i. Profundidade
A profundidade da defesa obriga o atacante a executar fases sucessivas da sua
operação sem reconhecimento detalhado da sua área de operações. Ajuda a
surpreender o atacante forçando-o a empenhar os seus escalões seguintes ou a
sua reserva. A profundidade da defesa absorve o momento físico do atacante
evitando uma rotura do dispositivo defensivo. Em suma, a profundidade confere ao
defensor tempo para determinar o esforço do atacante, permitindo-lhe, desta forma,
fazer face ao mesmo.
j. Manobra
A manobra pode ser o elemento decisivo de uma defesa. Ao combinar fogo e
movimento, o defensor pode tirar o melhor partido do terreno para infligir perdas no
atacante. A manobra permite que se concentre, num dado local e momento, o
potencial de combate suficiente para se obter a superioridade sobre o inimigo.
k. Poder de fogo
A eficácia de uma defesa baseia-se primariamente nos fogos planeados e
mutuamente apoiantes de todos os sistemas de armas. Os fogos das unidades de
manobra, unidades de apoio de fogos, fogos aéreos e navais devem-se
complementar, ser coordenados e aplicados no momento e local certos.
l. Emprego das reservas
As reservas são forças não empenhadas que um comandante necessita para
manter a liberdade de ação de forma a lidar com evoluções da situação, tanto
expectáveis como inesperadas. As suas principais tarefas são as de reforçar, barrar,
contra-atacar, substituir outras unidades e a proteção de flancos e da área da
retaguarda. Uma vez empenhada a reserva, uma outra deve ser logo constituída
para a substituir.
m. Deceção
A deceção procura manipular a perceção do inimigo sobre a situação tática. Na
defesa é maioritariamente usada para iludir o inimigo sobre a localização das
principais posições de combate e das forças amigas para o levar a desperdiçar o
7-3
PDE 3-00 Operações
7-4
Operações Defensivas
Figura 7-1 Área de defesa do Corpo de Exército (com força de cobertura sob controlo do Corpo
de Exército)
7-5
PDE 3-00 Operações
Defesa de Área;
Operações Retrógradas.
Os três tipos de tarefas defensivas primárias podem apresentar aspetos estáticos e
dinâmicos. O emprego combinado destes elementos depende da missão da unidade,
da sua composição, mobilidade, potencial relativo de combate, das características do
terreno e do tempo disponível.
a. Defesa móvel
A defesa móvel é orientada para a destruição da força atacante, permitindo o seu
avanço até uma posição em que fique exposta à execução de um contra-ataque
lançado por uma Força de Ataque (figura 7-2). A defesa móvel emprega uma
combinação de ações ofensivas, defensivas e de retardamento, de forma a quebrar
a iniciativa do atacante após a sua entrada na área de defesa. Consequentemente,
a força defensiva terá de possuir mobilidade equivalente, ou superior, à força
atacante e ainda a capacidade de estabelecer uma Força de Ataque com o
potencial requerido.
A ênfase está mais centrada na destruição da força inimiga do que na posse ou
retenção do terreno.
b. Defesa de área
A defesa de área concentra-se na manutenção da posse do terreno, detendo o
inimigo numa série de posições de combate interligadas, a partir das quais este
pode ser largamente destruído pelo efeito dos fogos. É dada primazia, neste tipo de
operação defensiva, à posse de terreno ou a negá-la ao inimigo.
A defesa de área compreende as seguintes formas de manobra:
7-6
Operações Defensivas
Defesa em profundidade;
Defesa avançada.
(1) Defesa em profundidade
Esta forma de manobra permite absorver o ímpeto do ataque, forçando o inimigo
a empenhar-se repetidamente na profundidade do setor e permite mais
facilmente obter informação decisiva acerca do potencial e intenções do inimigo.
Ao mesmo tempo reduz o risco de uma penetração profunda, irrecuperável para
a força defensora (figura 7-3).
7-7
PDE 3-00 Operações
c. Operações retrógradas
Uma operação retrógrada é um movimento tático organizado que uma unidade
executa para a retaguarda ou para se afastar do inimigo. Uma operação retrógrada
pode ser conduzida por imposição do inimigo ou ser deliberada como parte de um
plano do escalão superior. As operações retrógradas compreendem:
Rotura de Combate;
Retardamento;
Retirada.
(1) Rotura de combate
É um tipo de operação retrógrada, pela qual toda ou parte de uma força
desenvolvida para o combate se desempenha do inimigo.
Um comandante conduz uma rotura de combate para preservar o potencial de
combate, para libertar forças de modo a cumprirem outras missões, evitar o
combate em condições desfavoráveis ou reposicionar forças. Uma rotura de
combate pode ser executada sob ou sem pressão do inimigo. Em qualquer dos
casos, mantêm-se sempre o contacto com o inimigo, de forma a iludi-lo, a
retardá-lo e a garantir a segurança.
(2) Retardamento
A operação de retardamento é uma operação pela qual uma unidade, sob
pressão do inimigo, troca espaço por tempo, infligindo-lhe o máximo de danos
7-8
Operações Defensivas
7-9
PDE 3-00 Operações
7 - 10
CAPÍTULO 8 – OPERAÇÕES DE ESTABILIZAÇÃO
0801. Generalidades
Operações de estabilização é uma designação abrangente que engloba o conjunto de
missões, tarefas e atividades militares, conduzidas fora do território nacional em
coordenação com outros instrumentos nacionais do poder ou integrando forças
combinadas no âmbito dos compromissos internacionais assumidos por Portugal. Visam
essencialmente a manutenção ou restabelecimento de um ambiente seguro e estável,
facilitar a reconciliação entre adversários locais e/ou regionais, apoiar o
restabelecimento de instituições políticas, legais, sociais e económicas, facilitar a
transição de responsabilidades para um governo local legítimo, apoiar a reconstrução
de emergência de infraestruturas e prestar ajuda humanitária.
As forças do Exército podem conduzir operações de estabilização em apoio de uma HN,
de um governo provisório ou quando não exista uma autoridade local instituída. As
capacidades militares disponíveis são empregues de modo a criar, restabelecer ou
manter as condições para que as autoridades locais competentes possam exercer as
suas atividades de governação e que a sociedade possa funcionar de modo
considerado normal. Esta situação pode ser alcançada diretamente pelas forças do
Exército ou procurando estabelecer as condições necessárias para que outras
entidades e atores, da estrutura de estabilização, possam desenvolver as suas
atividades em cooperação com as autoridades administrativas e populações locais.
O planeamento de campanhas e de operações de grande envergadura deve prever um
equilíbrio adequado entre operações ofensivas, defensivas e de estabilização, em todas
as suas fases. Um enfoque exclusivo nas operações ofensivas e defensivas em fases
preliminares pode limitar ou condicionar o sucesso das operações em fases posteriores
da campanha. Mesmo quando a condução de operações de combate é dominante,
existe a necessidade de estabelecer um ambiente seguro e providenciar ajuda
humanitária à medida que determinadas áreas vão sendo ocupadas, ultrapassadas ou
devolvidas ao controlo de uma autoridade provisória ou da HN.
As operações de estabilização devem preservar constantemente a iniciativa através da
persecução dos objetivos que visam a resolução das causas de instabilidade.
Operações deste tipo não poderão obter sucesso se se limitarem a reagir às iniciativas
da ameaça.
8-1
PDE 3-00 Operações
8-2
Operações de Estabilização
8-3
PDE 3-00 Operações
8-4
Operações de Estabilização
Figura 8-3 – Possível associação do espetro dos estados frágeis com as categorias
principais de tarefas de estabilização
8-5
PDE 3-00 Operações
estrutura base referida abrange todas as atividades conduzidas por atores militares
e civis durante a conduta de operações de estabilização.
8-6
Operações de Estabilização
c. Focar na população
As necessidades da população, cujas espectativas podem variar conforme a
situação, devem ser satisfeitas de modo a promover a segurança humana e
encorajar o seu apoio à estabilização política.
d. Promover a governação da HN e as capacidades autóctones
O assumir, por parte da HN, da responsabilidade pela segurança das populações e
pela manutenção de uma situação estável exige o desenvolvimento de uma boa
governação, autoridade legítima e capacidades para exercer essa responsabilidade.
Estabelecer e fortalecer a legitimidade do governo da HN perante a sua população é
a base para os esforços de estabilização – a força militar deve ter sempre presente
este aspeto na condução da operação de estabilização.
e. Unidade de ação
A contribuição coletiva de todos os atores é necessária e tem de ser coordenada
para se assegurar uma unidade de esforços. As atividades de assuntos civis
assumem neste caso um papel essencial no estabelecimento de uma relação de
confiança entre a força e as organizações civis, a qual é fundamental para que
possa existir cooperação efetiva entre ambas.
f. Isolar e neutralizar ameaças irregulares
Isolando os grupos que se opõem ao governo legítimo da HN, das suas causas e
fontes de apoio, estes tornam-se irrelevantes.
g. Explorar a credibilidade para ganhar apoios (legitimidade)
A credibilidade deve servir como alavanca para transformar o consentimento tácito
sobre a presença da força num apoio ativo à mesma. As forças do Exército devem
entendidas como legítimas e credíveis ao nível local, especialmente entre as elites,
ao nível regional, internacional e também perante as audiências nacionais. As ações
conduzidas pela força no terreno, quando reforçadas por uma mensagem clara e
consistente, contribuem para a transparência, que por sua vez reforça a
credibilidade. A credibilidade da força reflete-se na perceção da população local
quanto à vontade e competência daquela em cumprir com a sua missão.
h. Preparar para o longo prazo (perseverança e sustentação)
A estabilização de um estado falhado ou em falência tende a ser um processo
demorado no tempo. Requer o alcançar de estabilidade política, a imersão no
problema e a demonstração de resiliência face a retrocessos no curto-prazo.
i. Antecipar, aprender e adaptar
Ambientes operacionais complexos, incertos e dinâmicos, requerem uma contínua
antecipação da situação, aprendizagem e rápida adaptação (sem detrimento da
8-7
PDE 3-00 Operações
8-8
Operações de Estabilização
8-9
PDE 3-00 Operações
8 - 10
Operações de Estabilização
11
De acordo com as “United Nations Civil-Military Guidelines and Reference for Complex Emergences”, de 2008, as
forças militares apenas devem prestar ajuda humanitária quando os atores civis não estejam presentes ou as
condições de segurança não permitam que esses atores levem a cabo as suas atividades .
8 - 11
PDE 3-00 Operações
8 - 12
Operações de Estabilização
8 - 13
PDE 3-00 Operações
8 - 14
Operações de Estabilização
8 - 15
PDE 3-00 Operações
8 - 16
Operações de Estabilização
8 - 17
PDE 3-00 Operações
8 - 18
Operações de Estabilização
8 - 19
PDE 3-00 Operações
entanto, quaisquer que sejam essas lacunas, o estado final militar será sempre
relacionado com o seu preenchimento, permitindo às organizações civis assumir ou
reassumir esse papel.
Um planeamento detalhado requer a subordinação dos objetivos a curto prazo aos
pontos decisivos/condições decisivas, que integram uma linha de esforço, e uma
estreita coordenação com os esforços civis em curso. A finalidade é possibilitar uma
forma tangível de medir o progresso das condições de estabilização, consistente
com o apoio visando os objetivos a longo prazo.
As condições decisivas, em esforços de estabilização, orientam as ações ou
eventos necessários para o aumento da estabilidade; estas fazem-no provocando
alterações em aspetos chave do ambiente operacional. Como exemplos de
condições decisivas podemos incluir:
Alterações de comportamento de qualquer adversário;
Diminuição/eliminação de outras origens de conflito violento;
Estabelecimento de uma qualquer capacidade da HN em qualquer das áreas de
estabilização.
A experiência em operações de estabilização recentes evidenciou que linhas de
esforço orientadas para resultados que requerem atividades coordenadas entre
áreas de estabilização distintas, são críticas para o sucesso. Por outro lado, linhas
de esforço assentes individualmente em áreas de estabilização, trabalhadas por
elementos de estado-maior separados, podem resultar na incapacidade de
sincronização entre elas. Como exemplo de linhas de esforços complementares
entre si podemos incluir:
Apoio à estabilidade política;
Edificação de mecanismos de resolução às causas de violência e instabilidade;
Edificação de capacidades da HN em determinadas áreas (exemplos: garantir
integridade territorial, providenciar segurança às populações, segurança
pública);
Apoio aos esforços de resposta às expetativas da população (exemplos: garantir
serviços essenciais, estabilidade económica e social, liberdade de imprensa,
eleições livres, medidas anticorrupção, sistema de justiça).
b. Modelo de Estabilização
Nas operações de estabilização os objetivos puramente militares podem ser
inapropriados. É necessário efetuar uma análise alargada, em contexto político, pois
em última análise é a estabilidade política que permite obter uma condição de
estabilidade a longo prazo num estado. Recorrendo ao modelo dos elementos de
8 - 20
Operações de Estabilização
12
Uma outra abordagem para construir um modelo de planeamento pode ser através das áreas de estabilização, no
entanto, é necessário ter sempre em consideração o risco de tal abordagem poder resultar na incapacidade de
sincronização entre elas.
8 - 21
PDE 3-00 Operações
8 - 22
Operações de Estabilização
8 - 23
PDE 3-00 Operações
8 - 24
CAPÍTULO 9 – OPERAÇÕES DE APOIO CIVIL
0901. Generalidades
O Exército tem por missão principal participar, de forma integrada, na defesa militar da
República, a fim de garantir a independência nacional, a integridade do território e a
liberdade e segurança das populações contra qualquer agressão ou ameaças externas.
No âmbito da prevenção e combate às novas ameaças, o Exército pode empregar
forças e meios militares na prevenção e combate a ameaças terroristas, tirando partido
das suas capacidades, de modo a complementar as valências próprias das forças de
segurança e de outras entidades não militares.
Ainda no mesmo âmbito, o Exército deve contribuir, de forma supletiva e nos termos da
lei, para a prevenção e combate ao crime organizado transnacional, especialmente o
tráfico de droga, o tráfico de pessoas e as redes de imigração ilegal, bem como,
colaborar na prevenção e combate à proliferação de armas de destruição em massa.
Sob a designação de Outras Missões de Interesse Público (OMIP), o Exército colabora
em tarefas relacionadas com a satisfação das necessidades básicas e melhoria da
qualidade de vida das populações, bem como em caso de acidente grave, catástrofe e
calamidade, em articulação com as entidades envolvidas no sistema de proteção civil.
Inscrevem-se neste contexto, entre outras, as ações relacionadas com a proteção do
ambiente e a intervenção, prevenção e rescaldo em incêndios florestais. Inserem-se
também nas OMIP as ações de colaboração na preservação do património cultural,
histórico e artístico a cargo do Exército.
O Exército, enquanto Ramo das Forças Armadas, é agente de proteção civil e colabora,
no âmbito das suas missões específicas, em funções de proteção civil. As suas forças e
elementos empregues neste tipo de missões são-no sob a cadeia de comando do
Exército e das Forças Armadas, sem prejuízo da necessária articulação com os
comandos operacionais da estrutura de proteção civil.
Em matéria de segurança interna, as Forças Armadas colaboram nos termos da
Constituição e da lei, competindo ao Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna
e ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) assegurarem
entre si a articulação operacional, competindo aos militares o dever especial de
colaboração com as Forças e Serviços de Segurança13 (FSS).
13
Guarda Nacional Republicana; Polícia de Segurança Pública; Polícia Judiciária; Serviço de Estrangeiros e
Fronteiras e Serviço de Informações e Segurança; exercem ainda funções de segurança, nos casos e nos termos
previstos na respetiva legislação, os órgãos da Autoridade Marítima Nacional e do Sistema da Autoridade
Aeronáutica.
9-1
PDE 3-00 Operações
14
Declarado quando se verifiquem ou estejam eminentes atos de força ou insurreição que ponham em causa a
soberania, a independência, a integridade territorial ou a ordem constitucional democrática e não possam ser
eliminados pelos meios normais previstos na Constituição e na lei.
15
Declarado quando se verifiquem situações de menor gravidade, nomeadamente quando se verifiquem ou
ameacem verificar-se casos de calamidade pública.
9-2
Operações de Apoio Civil
9-3
PDE 3-00 Operações
Figura 9-1 – Relação entre defesa do TN, apoio civil, proteção civil e segurança interna
9-4
Operações de Apoio Civil
9-5
PDE 3-00 Operações
9-6
Operações de Apoio Civil
9-7
PDE 3-00 Operações
16
Uma pandemia ocorre quando uma nova doença emerge, para a qual as pessoas possuem pouca ou nenhuma
imunidade e/ou não existe vacina disponível ou efetiva.
9-8
Operações de Apoio Civil
9-9
PDE 3-00 Operações
9 - 10
Operações de Apoio Civil
9 - 11
PDE 3-00 Operações
9 - 12
CAPÍTULO 10 – TAREFAS DE TRANSIÇÃO
1001. Generalidades
As tarefas de transição são conduzidas para apoio ao planeamento, preparação e
execução de todos os outros tipos de operações. No contexto de operações ofensivas
ou defensivas não se assumem como decisivas; em regra, constituem-se como de
moldagem ou de sustentação.
1002. Finalidade
A execução das tarefas de transição pode ter uma ou mais das seguintes finalidades:
Possibilitar a transição entre fases de uma operação ou diferentes tipos de
operações sem perda de tempo;
Garantir informações atualizadas às forças quando assumem o controlo das
operações;
Garantir a fluidez das operações;
Reagrupamento rápido.
10 - 1
PDE 3-00 Operações
10 - 2
Tarefas de Transição
10 - 3
PDE 3-00 Operações
10 - 4
ANEXO A – OS PRINCÍPIOS DA GUERRA
Os princípios da Guerra têm sido referidos ao longo das publicações doutrinárias de operações
do Exército. O RC -130 (1987) refere que os “Princípios da Guerra são normas de ação
fundamentais que devem ser respeitadas na conduta da guerra para permitir e facilitar o êxito
na prossecução da mesma. Que os princípios da guerra estão relacionados entre si e,
conforme o caso, podem tender para mutuamente se reforçarem ou se oporem.
Consequentemente, o grau de aplicação de um determinado princípio variará com a situação.
A aplicação dos princípios da guerra traduz-se em repartir, dispor e empregar o potencial de
combate e que a repartição dos meios e o dispositivo a adotar estão intimamente relacionados
com os princípios da massa e da economia de forças; a forma como os restantes princípios são
aplicados qualifica o emprego, inteligente ou não, do potencial de combate”.
Esta publicação reitera toda esta filosofia, mas reforça que face à adoção de uma metodologia
mais flexível, para fazer face às mudanças do ambiente operacional que caraterizam as atuais
operações militares, torna-se necessário enquadrar os princípios da guerra, não como uma
lista de verificação, mas como princípios que devem ser aplicados em todas as operações, e
como tal não são exclusivos da situação de guerra.
1. Princípio do Objetivo
Os objetivos atribuídos às forças militares devem ser definidos de forma clara e inequívoca.
Devem poder ser alcançados com os meios colocados à disposição do comandante e
contribuir para a consecução do objetivo do escalão superior.
A escolha dos objetivos deve ser feita em função da missão, dos meios disponíveis, do
adversário, das características da área de operações e do tempo disponível. Se o objetivo
for corretamente definido, o comandante deverá orientar toda a ação para o atingir, nunca
se afastando da sua consecução e imutabilidade.
O comandante militar deve ter presente que não se pode separar o objetivo das
considerações que restringem e legitimam o uso da força, em especial em operações de
baixa intensidade como no caso de operações de estabilização.
2. Princípio da Ofensiva
A ação ofensiva é necessária para a obtenção de resultados decisivos e para conservar ou
reconquistar a liberdade de ação. Permite ao comandante tomar a iniciativa, impor a sua
vontade ao adversário, marcar o ritmo das operações, influenciar o curso do combate e
explorar os pontos fracos do adversário. Um comandante pode ser obrigado pelo
A-1
PDE 3-00 Operações
3. Princípio da Massa
A fim de alcançar o sucesso, deve empregar-se um potencial de combate superior ao do
adversário no local e no momento em que se pretende obter a decisão. Essa superioridade
consegue-se combinando os vários meios disponíveis de forma a concentrar os efeitos do
potencial de combate para esmagar o adversário e garantir o controlo da situação.
A aplicação correta do princípio da Massa, em conjugação com outros princípios, pode
permitir que forças numericamente inferiores obtenham uma superioridade decisiva, local e
momentânea para o desenrolar das operações.
5. Princípio da Manobra
A manobra consiste em dispor uma força de forma a colocar o adversário numa situação
desvantajosa. Deste modo, conseguem-se resultados que de outra forma exigiriam um
maior dispêndio de potencial de combate. A manobra permite a correta aplicação dos
princípios da massa e da economia de forças e pela concentração e dispersão do potencial
de combate nos locais e momentos decisivos, otimiza os pontos fortes e reduz as
vulnerabilidades contribuindo para preservar a liberdade de ação, para manter a iniciativa e
para explorar os resultados do combate.
A-2
Os Princípios da Guerra
7. Princípio da Segurança
Não se deve permitir ao adversário adquirir uma vantagem inesperada. A segurança é
essencial à preservação do potencial de combate porque garante a conservação da
liberdade de ação, nega ao adversário a possibilidade de obter informações sobre as forças
amigas e os seus planos e evitar ser surpreendido. Todavia, a aplicação do princípio da
segurança não exclui a necessidade de se correrem riscos calculados, característicos da
guerra, nem é incompatível com a adoção do princípio da ofensiva.
8. Princípio da Surpresa
A surpresa consiste em criar uma situação inesperada, para a qual o adversário não esteja
em condições de reagir eficazmente em tempo oportuno. A surpresa é recíproca da
segurança e é um poderoso multiplicador de potencial, sendo contudo temporária. Os
fatores que contribuem para a surpresa são a velocidade, a deceção, a superioridade de
informação e assimetria.
9. Princípio da Simplicidade
Os planos e ordens devem ser claros e simples para serem cabalmente compreendidos. A
análise dos fatores de decisão determina o grau de simplicidade requerido, porque um
plano simples executado a tempo é mais bem sucedido que um plano detalhado executado
mais tarde. Este princípio é especialmente importante em operações multinacionais porque
as diferenças na língua, doutrina e cultura são fatores que multiplicam a complexidade
inerente às operações militares. Mesmo simples, um plano de operações é normalmente de
execução complexa.
A-3
PDE 3-00 Operações
A-4
ANEXO B – GLOSSÁRIO DE TERMOS
B-1
PDE 3-00 Operações
B-2
Glossário de Termos
B-3
PDE 3-00 Operações
B-4
Glossário de Termos
B-5
PDE 3-00 Operações
B-6
Glossário de Termos
B-7
PDE 3-00 Operações
B-8
Glossário de Termos
B-9
PDE 3-00 Operações
B - 10
Glossário de Termos
B - 11
PDE 3-00 Operações
B - 12
Glossário de Termos
B - 13
PDE 3-00 Operações
B - 14
Glossário de Termos
B - 15
PDE 3-00 Operações
B - 16
Glossário de Termos
B - 17
PDE 3-00 Operações
B - 18
Glossário de Termos
B - 19
PDE 3-00 Operações
B - 20
Glossário de Termos
B - 21
PDE 3-00 Operações
B - 22
Glossário de Termos
B - 23
PDE 3-00 Operações
B - 24
ANEXO C – LISTA DE ACRÓNIMOS
C-1
PDE 3-00 Operações
C-2