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2020
FUNDAMENTOS DO TERCEIRO SETOR
(Entidades sem Fins Lucrativos)
ORGANIZAÇÃO
Ari Dal Vesco
EDITORAÇÃO
Elisete Ana Barp
Gabriel Bonetto Bampi
Gabriela Bueno
Josiane Liebl Miranda
116 f.
Inclui bibliografias.
ISBN: 978-65-991601-3-4
LUCIANO BENDLIN
Vice-Reitor
ISMAEL CARVALHO
Presidente
ORGANIZAÇÃO
Ari Dal Vesco
EDITORAÇÃO
Elisete Ana Barp
Gabriel Bonetto Bampi
Gabriela Bueno
Josiane Liebl Miranda
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
TERMO
Segundo Hall (1994), a história americana sempre foi marcada pela filantropia
e pelas associações voluntárias. Entretanto, foi a partir da década de 50 que as
instituições que exerciam a filantropia, tal qual associações voluntárias e fundações,
passam a ser devidamente reconhecidas.
Um marco importante para o reconhecimento dessas entidades foi a
“invenção” do nonprofit sector (Setor Sem Fins Lucrativos). Hall (1994) relata que as
fundações estavam no alvo do congresso americano, acusadas de concentração de
poder e ameaça ao governo democrático. Tempos de guerra fria e ameaça
comunista. Tais considerações acabaram por favorecer o investimento em
pesquisas, por parte das fundações, sobre as instituições que recebiam benefícios
fiscais. O resultado foi o nascimento do nonprofit sector – que se caracterizava por
ser voluntário, ter como finalidades ações de caridade, financiadas por doações, e
serem sem fins lucrativos – e o estabelecimento das relações entre tal sorte de
instituições com os ideais da livre iniciativa, da filantropia e do associativismo da
população norte-americana.
Nessa mesma esteira é que o termo “Third Sector” ganhou corpo, no final da
década de 70, quando as entidades que tratavam do mesmo filão foram finalmente
reconhecidas como um setor coerente da política, economia e vida social da
América (HALL, 1994). De Oliveira (1999) precisa que o termo foi cunhado por John
D. Rockfeller 3rd, em texto de 1978, quando menciona a existência de um sistema
de três Setores: governo, mercado e setor privado sem fins lucrativos, invisível até
então.
Portanto, Hall (1994) naquele país o conceito de instituições filantrópicas com
isenções fiscais enquanto um setor único e coerente data de pouco menos do que
quarenta anos. Assim, apesar das ideias sobre caridade, práticas filantrópicas e
algumas formas de associações voluntárias datarem desde o início da colonização
norte-americana, a maneira como ela é institucionalmente praticada atualmente é
relativamente nova.
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
“Terceiro Setor tem nacionalidade clara. É de procedência norte-americana,
contexto onde associativismo e voluntariado fazem parte de uma cultura política e
cívica baseada no individualismo liberal” (LANDIM, 1999 apud MONTAÑO, 2002, p.
53).
A aquisição do termo ao Brasil ocorreu nos anos 90. Falconer (1999) ressalta
três responsáveis pela composição da “promessa” do Terceiro Setor brasileiro, nos
indica que o termo foi utilizado pela primeira vez no país por Landim, em 1993,
pesquisador do ISER “no âmbito do Johns Hopkins Comparative Nonprofit Sector
Project, pesquisa internacional realizada em 28 países. Este projeto conta com um
pool de financiadores de 48 instituições das quais, note-se, nenhuma é de origem
brasileira”.
O autor evidencia que tal estruturação ocorreu de fora para dentro: de fora do
país e de fora do setor para dentro dele. Ou seja, pelos organismos internacionais e
multilaterais. Falconer (1999) retoma o papel do Banco Mundial como sendo a
instituição internacional que mais contribuiu para a consolidação e disseminação
desse campo no mundo em desenvolvimento.
Segundo o autor, o Banco Mundial “não se intimida em pressionar um
governo a reconhecer e desenvolver relações de colaboração com as ONGs 1 de
seu país [...] além de “recomendar fortemente” aos países membro a adoção de leis
para estimular o Terceiro Setor” (BANCO MUNDIAL, 1996 apud FALCONER, 1998,
p. 12).
HISTÓRICO
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Setor), mas prestam serviços em áreas de relevante interesse social e público
(FUCHS et al, 2014).
Entende-se, portanto, que o objeto destas entidades não corresponde ao
crescimento financeiro, mas a diminuição das carências sociais, prezar pela
mitigação da pobreza, ausência de intervenções em questões como saneamento
básico, moradia, e demais necessidades sociais, este é o foco principal.
Para melhor compreensão do termo Terceiro Setor,
Alves (2019) aponta que os três setores possuem entre si relações relativas
verticais, que determinar o planejamento em razão da forma com que administram o
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capital que os movem. O primeiro setor trabalha no campo do capital político oriundo
das relações pessoais e intergovernamentais; no segundo setor, o capital econômico
orienta e indica as direções do seu planejamento; no terceiro setor, o capital social,
como marca definidora das relações entre as pessoas e as organizações, sustenta
as ações de planejamento.
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Desde a colonização, estas organizações atuam no Brasil. Em um primeiro
momento, em associações voluntárias fundadas pela Igreja Católica, que
atuavam nas áreas assistenciais, como a saúde e a educação. Em um
segundo momento, na década de 30, no governo de Getúlio Vargas,
período em que o assistencialismo predominou na estratégica política do
governo, também se vislumbra a atuação dessas organizações. No terceiro
momento, na década de 70, em que as instituições de caráter filantrópico e
os movimentos sociais, com o apoio da Igreja, tornaram-se porta-vozes de
problemas, como a repressão, desigualdade e injustiça social também se
nota a ação das mesmas. Finalmente, o quarto momento pode ser
formalmente marcado pela promulgação da Constituição de 1988, que
definiu o conceito de cidadania e traçou a elaboração de políticas sociais.
Com isso, foram elaboradas várias outras leis, dentre as quais, a Lei
9.790/99, que criou as Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público, as chamadas OSCIPs (FERNANDES, 1999, p. 115 apud
MARTINS, 2011, p. 2)
Como lembra Silva (2010), a atuação direta do Estado na área social era
mínima e o atendimento às camadas carentes da população,
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Fernandes que, em 1599, dizia: ‘Deixo à Misericórdia mil réis’ (CABRAL,
2007, p. 56 apud SILVA, 2010, p. 5).
Nos últimos anos o terceiro setor tem crescido no Brasil, obtendo êxito em
sua atuação em favor dos serviços sociais e esforços desempenhados para mitigar
os problemas não supridos pelo estado, visto que a ausência de assistência às
necessidades públicas é algo que está presente permanentemente no passar dos
anos e estas entidades surgiram com o propósito de mudar isso.
Viana (2019) ressalta que a redução dos dispêndios estatais resultou em uma
diminuição no número de colaboradores públicos e burocratas e as instituições da
sociedade civil, especialmente as ONGs e o que se convencionou denominar como
“terceiro setor”, é não somente um processo para que a sociedade civil organizada
execute um papel que antes integrava a alçada do Estado como também absorva
parte da burocracia estatal dispensada.
Assim sendo, estas entidades desempenham um papel desafiador de
preencher as lacunas deixadas em razão da ineficiência estatal, que ao longo dos
anos resultou na carência de amparo e amplificação dos problemas sociais.
Conforme destaca Laurindo,
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[...] o Terceiro Setor vem, exatamente, concretizar o papel da sociedade na
efetivação dos direitos sociais como forma de exercer cidadania
(consectário da democracia) e, ao mesmo tempo, tornar a prestação dos
serviços sociais, que nada mais é do que a concretização dos direitos
sociais, mais eficientes e de maior qualidade (LAURINDO, 2010, p. 42).
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O atual cenário do Terceiro Setor brasileiro passa por transformações
significativas, principalmente nos papéis desempenhados na formação e
reconhecimento desse espaço, apresentando vários desafios de ordem
política, econômica, ideológica e social. Segundo Falconer (2000), esses
desafios surgem para essas organizações em razão de sua atuação – se
são mal geridas, excessivamente dependentes, amadoras e
assistencialistas–, obrigando-as a promover ajustes organizacionais e de
atuação na sociedade (SOARES, 2010, p. 3).
Por fim então, o terceiro passo já sendo a constituição das ONGs no Brasil,
ao decorrer da década de 90 – “[...] passaram então a ser vistas pelo Estado como
parceiras estratégicas” (LIMA NETO, 2013, p. 48). Na década de 90, vale salientar
então suas conquistas, as quais se destacam no aspecto jurídico a criação da lei
9.790 de março de 1999, que ficou conhecida por ser um marco legal para o
Terceiro Setor no Brasil, tendo em vista que possibilitou:
CARACTERIZAÇÃO
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Pela definição anterior, conforme Voese e Reptczuk (2011), constata - se que
o Grupo de Trabalho das Normas Brasileiras de Contabilidade do Conselho Federal
de Contabilidade invocou dois aspectos fundamentais: a não distribuição do eventual
resultado positivo e nomenclatura do resultado apurado. Contudo, não contemplam
toda a complexidade e abrangência desse segmento.
Nesse sentido, segundo Voese e Reptczuk (2011) “faz-se necessário,
preliminarmente, caracterizar as entidades sem fins lucrativos, mesmo correndo o
risco de, em função das limitações deste estudo, deixar de abordar particularidades
importantes desse segmento”.
De acordo com Hall (1994), foi da década de 70 que o termo “Third Sector”
surgiu, quando na época o filantropo John D. Rockefeller III menciona a existência
de três setores, sendo: o governo, mercado e setor privado sem fins lucrativos,
sendo o tripé que sustentava a vitalidade dos Estados Unidos. Observa-se que o
termo “Third Sector” o “Terceiro Setor” data menos de 40 anos, mesmo tendo
registros históricos que comprovam que essas atividades muito antes. Rockfeller III
definiu o Terceiro Setor como uma rede universal de proteção social que explicita o
dever do Estado na garantia de direitos sociais e a responsabilidade social das
empresas e dos cidadãos.
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direito como meio-ambiente, democracia e paz surgiram, resultando na chamada
“responsabilidade social”.
“A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a atribuir de maneira expressa,
o dever à sociedade civil de contribuir, por meio de organizações privadas sem fins
lucrativos, na consecução dos objetivos do Estado brasileiro” (OLIVEIRA JÚNIOR,
2018, p. 4).
Alexandre Quintans (2008 apud ARAUJO, 2012) ainda afirma que o advento
da Lei federal 9.790 de 1999, de 23 de março de 1999, regulamentada pelo Decreto
3100, de 30 de junho de 1999, reconhecida como o “Marco Legal do Terceiro Setor”,
foi uma grande conquista e que esta esclareceu as bases teóricas, localização
estrutural e a forma de se estabelecer parcerias estratégicas. Dentre as principais
inovações, trazidas pela nova legislação, destacam-se:
[...] o terceiro setor é composto por organizações: (i) privadas: que não
pertencem ao Estado; (ii) formais: que possuem algum grau de
institucionalização; (iii) autonomas: que realizam sua própria gestão, não
sendo controladas externamentes; (iv) não distribuidoras de lucros: que não
distribuem, sob nenhuma forma, o superávit aos dirigentes investidores ou
empregados; e (v) voluntárias: que envolvem algum tipo de participação
voluntária, seja pelo uso do trabalho voluntário (não compulsórias)
(SLOMSKI et al., 2012, p. 6).
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função e objetivo principal atuar voluntariamente junto à sociedade civil visando ao
seu aperfeiçoamento” (PAES, 2003, p. 88 apud LAURINDO, 2010, p. 67).
A ideia de um terceiro setor pode ser entendida como uma junção do primeiro
com o segundo setor, pois as entidades que o compõem possuem características
tanto do Estado quanto do mercado. Assim, o pensamento dicotômico, que está
dividido entre interesses particulares e públicos, foi perdendo espaço para essa nova
ideia, que deriva de uma alternativa lógica, concebida como uma entre as quatro
combinações resultantes da conjunção entre o público e o privado (FERNANDES,
1994 apud SLOMSKI et al., 2012).
[...] (i) agentes para fins privados igual a mercado; (ii) agentes públicos para
fins públicos é igual a Estado; (iii) agentes privados para fins públicos é igual
a terceiro setor; (iv) agentes públicos para fins privados é igual a corrupção.
(FERNANDES, 1994, p. 20-21 apud SLOMSKI et al., 2012, p. 4).
No entanto,
Souza (2004 apud LAURINDO 2010) após passear sobre todos os aspectos
relevantes trazidos por diversos autores e por todo percurso evolutivo dos
movimentos constitucionais brasileiros, especialmente, no que tange à Constituição
Federal de 1988, conceitua juridicamente Terceiro Setor como “toda ação, sem
intuito lucrativo, praticada por pessoa física ou jurídica de natureza privada, como
expressão da participação popular, que tenha por finalidade a promoção de um
direito social ou seus princípios”.
Quando falamos em Terceiro Setor é comum supor que existam um primeiro
e segundo setor. Logo imagina-se que a sociedade é dividida em três setores.
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O Primeiro Setor seria o Estado cuja ação é organizada e delimitada por um
arcabouço legal, sendo dotado de poderes coercitivos em face da
sociedade para que possa atuar em seu benefício, devendo ter sua atuação
dirigida a todos os cidadãos, indiscriminadamente, promovendo de modo
universal suas necessidades sociais. O Segundo Setor seria o mercado, no
qual a troca de bens e serviços objetiva o lucro e sua maximização. O
Terceiro Setor, por sua vez, reuniria as atividades privadas não voltadas
para a obtenção de lucro e que, mesmo fora da órbita da atuação estatal,
ainda assim visariam ao atendimento de necessidades coletivas e ou
públicas da sociedade. Para alguns teóricos americanos, as entidades que
compõem o Terceiro Setor ainda teriam como características fundamentais
o fato de serem estruturadas, autogovernadas e envolverem pessoas em
um grande esforço voluntário (SZAZI, 2004, p. 52 apud ROMÃO, 2014, p.
31).
Embora os fins da associação não sejam de ordem econômica, ela não está
proibida de realizar atividades geradoras de receita. Para tanto, a
associação precisa prever expressamente em seu estatuto a possibilidade
de realizar estas atividades, bem como reverter integralmente o produto
gerado na consecução do objetivo social da associação (INSTITUTO
FILANTROPIA; INSTITUTO PRO-BONO; INSTITUTO MARA GABRILLI;
CENTRO DE VOLUNTARIADO DE SÃO PAULO, 2014, p. 23).
Segundo Slomski et al. (2012), a divisão das entidades entre setores, também
conhecida como modelo trissetorial, surgiu como uma alternativa à dualidade
público-privado, que nas economias capitalistas avançadas, tendeu a colocar-se
como sinônimo de Estado versus Mercado. Assim, com essa caracterização acima
descrita, as entidades são classificadas em setores autônomos mas ao mesmo
tempo interdependentes.
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As instituições do Terceiro Setor empreendem esforços para a captação de
recursos e terem assim condições para atender a seus objetivos sociais.
Muitas delas têm as suas fontes de recursos nas próprias empresas que as
constituíram, outras dependem de parcerias, outras ainda não encontraram
os meios para se manterem. Existe uma tremenda corrida para que estas
instituições possam se manter (ROMÃO, 2014, p. 39).
Martins (2011) coloca que o Terceiro Setor é aquele que une as organizações
que, embora prestem serviços públicos, produzem e comercializem bens e serviços,
não são estatais, nem visam ao lucro financeiro com os empreendimentos
efetivados, mas sim, objetivam o bem-estar social.
Fernandes (1994), Falconer (1999), Fischer (2002) apud Slomski et al. (2012,
p. 5), aponta que o terceiro setor é caracterizado pelas seguintes instituições:
Entidades tradicionais religiosas e laicas, Entidades paraestatais, Organizações não
governamentais, Entidades associativas, Entidades de iniciativa empresarial e
Empreendimentos de serviços no terceiro setor.
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trabalho, isso faz com que estas instituições tornem cada vez mais transparentes
suas atividades e principalmente sua gestão (MARIO, 2013).
Segundo Drucker (1994, p. 14 apud OLAK, 1999, p. 4), “as entidades sem fins
lucrativos são agentes de mudança humana. Seu produto é um paciente curado,
uma criança que aprende, um jovem que se transforma em um adulto com respeito
próprio isto é, toda uma vida transformada”.
A partir desta definição, entidades sem fins lucrativos, para os propósitos
deste trabalho e em sentido genérico, compreende aquelas instituições que
possuem as seguintes características básicas:
Para Barbosa apud Mañas e Medeiros (2012), "uma das características mais
marcantes do Terceiro Setor é a heterogeneidade das organizações que o compõe".
Entretanto, Ioschpe apud Mañas e Medeiros (2012) na comparação das
organizações do Terceiro Setor com os outros tipos de organizações, considera
como características mais particulares e complementares que as primeiras:
a) Não têm fins lucrativos, sendo organizações voluntárias;
b) São formadas, total ou parcialmente, por cidadãos organizados
voluntariamente;
c) O corpo técnico normalmente é constituído por cidadãos ligados à
organização por razões filosóficas;
d) São orientadas para a ação;
e) Comumente são intermediárias entre o cidadão comum e entidades que
podem participar da solução de problemas identificados.
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Já na visão do Financial Accouting Standards Board (FASB) (1980) apud
Manãs e Medeiros (2012) as maiores características que distinguem as
organizações sem fins lucrativos daquelas com fins lucrativos são:
a) Recebimento de quantias significativas de recursos provenientes de
doadores, que não esperam retorno de pagamento ou benefícios
econômicos proporcionados por suas doações;
b) Propósitos operacionais que são diferentes de fornecer bens ou serviços a
um lucro ou lucro equivalente;
c) Ausência de interesse de propriedade definida que pode ser vendido,
transferido, ou resgatado, ou que possua direito a uma parte de uma
distribuição residual de recursos no caso da liquidação da organização.
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Segundo Soares e Melo (2010) a captação de recursos para as organizações
do Terceiro Setor é uma das exigências mais complexas e um dos maiores desafios,
uma vez que o setor, além de ter por objetivo e missão o social, não visa lucros para
seu funcionamento, mas necessita de recursos para sua sobrevivência.
As entidades sem fins lucrativos retiram capital para manutenção de suas
atividades na maior parte de doações arrecadadas por meio de ações desenvolvidas
pelas próprias organizações. A arrecadação de valores para manter as atividades
das organizações em funcionamento é um processo constante e árduo. As mesmas
também dependem de voluntários para realizar as atividades, o que também é uma
etapa dificultosa, pois precisam de pessoas dispostas a realizar a ações e com
horários disponíveis.
Mas, conforme destaca Martins (2011, p. 3),
O terceiro setor no Brasil, segundo Falconer (1999 apud VOESE, 2011) tem
como principais categorias de organizações:
Formado por instituições religiosas e entidades ligadas a Igrejas;
As organizações não governamentais e novos movimentos sociais;
Os empreendimentos “sem fins lucrativos” de serviços;
A entidade paraestatal, nascida sob a tutela do Estado; e
As fundações e entidades empresariais.
Olak (1996 apud VOESE, 2011) identifica quatro como sendo as principais
características dessas entidades:
O lucro (superávit) não é a sua razão de ser, mas um meio necessário para
garantir a continuidade e o cumprimento de seus propósitos institucionais;
Seus propósitos institucionais, quaisquer que sejam suas preocupações
específicas, objetivam provocar mudanças sociais;
O patrimônio pertence à sociedade como um todo ou segmento dela, não
cabendo aos seus membros ou mantenedores quaisquer parcelas de
participação econômica no mesmo;
As contribuições, doações e subvenções constituem-se, normalmente, nas
principais fontes de recursos financeiros, econômicos e materiais das
entidades sem fins lucrativos.
Embora existam outras diferenças entre empresas sem fins lucrativos e com
fins lucrativos, o caráter distintivo atribuído ao setor sem fins lucrativos está
principalmente associado à restrição de não distribuição. Isto evita que uma
entidade do Terceiro Setor distribua seus lucros excedentes entre seus
acionistas. Ou seja, as organizações sem fins lucrativos podem acumular
lucros, mas ao contrário do que acontece nas empresas com fins lucrativos,
os lucros devem ser reinvestidos na missão básica da organização e não
distribuídos como renda para qualquer pessoa com interesse benéfico na
organização, tais como: funcionários; curadores; e membros (MACEDO;
PINHO; SILVA, 2015 apud BARROS, 2018, p. 5).
Como aquelas que realizam atividades privadas com fins públicos e sem
fins lucrativos e é exatamente isto que a diferencia da lógica das
organizações do Primeiro Setor, que realizam atividades públicas, com fins
públicos, e do Segundo Setor, que desempenham atividades privadas, com
fins privados (BNDES, 2000 apud CARVALHO, 2019, p. 40).
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mas que trabalham com questões públicas sem o lucro como objetivo final.
Assim, temos hoje as organizações não-governamentais e as empresas
privadas, além das tradicionais organizações de cunho religioso, entre
outras instituições, participando da implementação de políticas públicas
(PEREZ, 2005, p. 20).
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Nesse contexto, se desdobra o papel do Terceiro Setor, entendido como a
busca pela concretização dos direitos sociais fundamentais, como forma de
efetivação da cidadania, considerado, de forma simplista, como um conjunto
de direitos e responsabilidades preconizados pela Constituição Federal de
1988, bem como, vislumbrado como coadjuvante importante na efetivação
desses direitos que o Estado não conseguiu e não consegue prestar de
forma eficiente e a contento da coletividade (LAURINDO, 2010, p. 75).
CONCLUSÃO
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estavam crescendo e cada vez em maior evidência. Dessa forma, é possível
identificar a atuação de organizações voluntárias privadas que atuam em melhoria
de questões que inicialmente deveriam ser verificadas e solucionadas pelo Estado,
ações de caráter público, visando a previsão legal de destinação de recursos para
estas causas.
Desenvolvendo trabalho voluntário, estas ações realizadas pelas entidades do
terceiro setor deram maior visibilidade para problemas sociais que anteriormente não
possuíam tanta atenção e cuidados, e sofriam em decorrer do desamparo e
indiferença.
Todos os anos as entidades sem fins lucrativos ajudam e contribuem com a
melhoria da qualidade de vida de muitas famílias. A união e ajuda voluntária de
diversas pessoas auxiliam para evolução da saúde e educação de comunidades
carentes, integram cultura, lazer, e contribuem para uma melhoria efetiva do país.
REFERÊNCIAS
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principais congressos de contabilidade do Brasil. Revista de Administração e
Contabilidade da FAT, v. 10, n. 2, 2018. Disponível em:
<http://reacfat.com.br/index.php/reac/article/viewFile/144/170>. Acesso em: 17 abr.
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FALCONER, A. P. A promessa do terceiro setor: um estudo sobre a construção do
papel das organizações sem fins lucrativos e de seu campo de gestão. 1999.
Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
USP-SP. São Paulo, 1999.
FUCHS, M. R. et al. Novo manual do terceiro setor. São Paulo: Paulus, 2014.
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MÁRIO, P. C. et al. A utilização de instrumentos de contabilidade gerencial em
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PAES, J. E. S.; MAGALHÃES, J. A. Terceiro setor e tributação. Rio de Janeiro:
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123/135565/1/Or%C3%A7amento%20participativo.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2020.
40
Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
TERCEIRO SETOR – ASPECTOS DE LEGISLAÇÃO E TRIBUTAÇÃO
Alisson Somariva7
Bruno Pilatti Rovani8
Maria de Fatima Lutinski9
Patricia Klein10
Ari Dal Vesco11
INTRODUÇÃO
E-mail: brunoprovani@gmail.com
9 Acadêmica da 7ª fase de Ciências Contábeis da Universidade do Contestado – UnC. Concórdia/SC.
E-mail: marialutinski07@gmail.com
10 Acadêmica da 7ª fase de Ciências Contábeis da Universidade do Contestado – UnC.
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
REVISÃO DE LITERATURA
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Manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros
revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão;
Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da
emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a
efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros
atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial;
Apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade
com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal.
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ASSOCIAÇÕES
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Imposto de Renda Pessoas Jurídicas (IRPJ)
A) Isentas, desde que:
Não remunerem seus dirigentes e nem distribuam lucros;
Apliquem os recursos na manutenção e desenvolvimento dos objetivos
sociais;
Mantenham escrituração de receitas e despesas em livros que assegurem a
respectiva exatidão;
Prestem às repartições, lançadoras do imposto, as informações
determinadas em lei e recolham os tributos retidos sobre os rendimentos por
elas pagos.
FUNDAÇÕES
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Assistência social;
Cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
Educação;
Saúde;
Segurança alimentar e nutricional;
Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
Pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de
informações e conhecimentos técnicos e científicos;
Promoção da ética, cidadania, democracia e dos direitos humanos;
Atividades religiosas.
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§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c, compreendem
somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as
finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
A imunidade tributária referente aos templos dos cultos religiosos deve estar
relacionada com os imóveis necessários ao exercício de suas finalidades
essenciais, entendidos não somente como os imóveis ligados à realização
das cerimonias e liturgias, mas também os imóveis relacionados
diretamente com essas atividades, tais como os seminários, conventos, as
sacristias e a residência oficial de ministros religiosos. Trata-se, pois, de
garantia instrumental à liberdade de crença e culto religioso previsto no art.
5o, VI, do texto constitucional, cuja finalidade é impedir a criação de
obstáculos econômicos por meio de impostos, à realização de cultos
religiosos.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
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Na isenção, o Estado pode, ou não, cobrar o tributo em um determinado
período, ou não fazê-lo em outro, diferentemente da imunidade, que é perene e só
pode ser modificada através de processo de emenda constitucional. Logo, enquanto
a isenção tributária decorre de lei específica do ente político que possui a
competência legislativa, a imunidade tributária decorre da própria Constituição
Federal.
Assim, as entidades sem fins lucrativos que não se enquadraram nos
requisitos necessários para a obtenção da imunidade sobre impostos, ainda podem
ser beneficiadas pelas isenções concedidas por leis infraconstitucionais.
Atualmente, as associações e as fundações privadas sem fins lucrativos,
independentes de atuarem com educação, saúde ou assistência social, são isentas
do recolhimento do Imposto de Renda, e da CSLL, desde que cumpram alguns
requisitos estabelecidos na legislação.
Para tanto, é imprescindível que estas instituições atendam às exigências
legais, para que tenham direito aos benefícios, ou não venham a perdê-los em
virtude de descumprimento das regras e requisitos exigidos.
No âmbito Federal, a isenção do Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL) está disciplinada pela Lei nº 9.532/97 (Art. 15), que
concede o benefício às instituições de caráter:
Filantrópico
Recreativo
Cultural e científico, e
As associações civis que prestem serviços para os quais houverem sido
instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a quem se
destinam, sem fins lucrativos.
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Fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas
pelo Poder Público.
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Com relação aos tributos de competência estadual ou municipal é necessário
verificar as regras e condições impostas pelos códigos tributários e de rendas de
cada Estado ou Município para a obtenção da isenção sobre cada um deles.
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do terceiro setor, pode-se dizer que toda Oscip é uma ONG, mas nem toda ONG é
uma Oscip.
Uma OSCIP é uma qualificação jurídica atribuída a diferentes tipos de
entidades privadas atuando em áreas típicas do setor público com interesse social,
que podem ser financiadas pelo Estado ou pela iniciativa privada sem fins lucrativos.
Ou seja, as entidades típicas do terceiro setor. A OSCIP está prevista no
ordenamento jurídico brasileiro como forma de facilitar parcerias e convênios com
todos os níveis de governo e órgãos públicos (federal, estadual e municipal) e
permite que doações realizadas por empresas possam ser descontadas no imposto
de renda.
Por ser uma qualificação, e não uma forma de organização em si mesma,
vários tipos de instituições podem solicitar a qualificação como OSCIP. De maneira
geral, as organizações não governamentais (ONGs) são as entidades que mais se
encaixam no perfil para solicitar a qualificação de OSCIP.
Mas uma ONG já não é uma OSCIP? Essa pergunta é frequente e a resposta
para ela é: não. E o motivo é simples: a figura da ONG não existe no ordenamento
jurídico brasileiro. A sigla é usada de maneira genérica para identificar organizações
do terceiro setor, ou seja, que atuam sem fins comerciais e cumprindo um papel de
interesse público, como associações, cooperativas, fundações, institutos, entre
outras.
Já a qualificação de OSCIP é o reconhecimento oficial e legal mais próximo
do que se entende por ONG, especialmente porque é marcada por exigências legais
de prestação de contas referentes a todo o dinheiro público recebido do Estado.
Ser OSCIP é opção. Assim, afirmamos que ser uma OSCIP é uma opção
institucional, não uma obrigação. Dessa forma, já que a OSCIP é uma qualificação
para entidades do terceiro setor, pode-se dizer que toda OSCIP é uma ONG, mas
nem toda ONG é uma OSCIP.
ENTIDADES BENEFICENTES
São entidades sem fins lucrativos, podendo ter sua formação no segmento de
comunitárias ou filantrópicas, onde entidades comunitárias possuem o intuito de
defender os interesses da comunidade onde está inserida e atuante já Entidades
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Filantrópicas são aquelas que desempenham suas atividades, paralelas ou em
conjunto com o Estado, sem remuneração, podendo ser Laicas, sem nenhum
vínculo religioso ou Confessionais mantidas por instituições religiosas. Beneficência
é sinônimo de filantropia, termo de origem grega que significa amor ao homem, a o
ser humano, principalmente na acepção na prática do bem. Popularmente, a
entidade beneficente é tida como a entidade que tem por objetivo prestar serviços
gratuitos à população.
A Lei Nº 12.101, DE 27 De novembro de 2009 dispõe sobre a certificação das
entidades beneficentes de assistência social; regula os procedimentos de isenção de
contribuições para a seguridade social; altera a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de
1993; revoga dispositivos das Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 9.429, de 26
de dezembro de 1996, 9.732, de 11 de dezembro de 1998, 10.684, de 30 de maio de
2003, e da Medida Provisória no 2.187-13, de 24 de agosto de 2001; e dá outras
providências.
FUNDOS COMUNITÁRIOS
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As Fundações Comunitárias surgiram originalmente nos Estados Unidos e, a
partir da década de 1980, foram implementadas em outras partes do mundo.
Atualmente são quase 1,5 mil operando em 51 países. Em sua expansão
internacional, o conceito adquiriu características diferentes, em função de suas
peculiaridades socioeconômicas e das políticas de cada contexto, mas manteve sua
essência por funcionar como uma plataforma de articulação de pessoas e recursos
destinados à promoção do desenvolvimento local. Na América Latina, com exceção
do México, o movimento ainda é incipiente. No Brasil, apesar de existirem muitas
organizações que reúnem características de Fundações Comunitárias, a primeira
formalmente criada foi o Instituto Rio, em 2001. Dois anos depois, o programa Doar,
desenvolvido pelo Instituto do Desenvolvimento para o Investimento Social (Idis),
fomentou a criação de organizações comunitárias em diversas cidades do Estado de
São Paulo. Duas outras entidades, o Instituto Comunitário Grande Florianópolis
(ICom), em 2005, e o Instituto Baixada Maranhense, em 2009, já nasceram com a
denominação.
Embora a experiência ainda seja muito recente, alguns exemplos demonstram
o potencial das Fundações Comunitárias para agregar valor ao investimento social.
No caso do Instituto Rio, o Fundo Vera Pacheco Jordão tem demonstrado a
viabilidade e a importância da criação de fontes permanentes de recursos para as
organizações que operam na zona oeste do Rio de Janeiro. A iniciativa recebe
contribuições de outros doadores e ajuda a fortalecer a cultura de doações para
fundos patrimoniais, que são fundamentais para a sustentabilidade de organizações
do Terceiro Setor no Brasil.
O ICom, por meio de seus Fundos Comunitários de Investimento Social, tem
conseguido articular diferentes doadores e atores locais ampliando o impacto do
investimento na comunidade. O Fundo Comunitário de Reconstrução, além de
investir na restauração de casas e na infraestrutura de ONGs danificadas pelas
enchentes que atingiram Santa Catarina em 2008, desenvolveu um programa de
preparação para emergências e proteção de crianças e adolescentes em parceria
com a Defesa Civil e a Save the Children. Já o Instituto Baixada Maranhense oferece
recursos para pequenas organizações de base e para a criação de uma estrutura de
governança participativa, que decide sobre os investimentos sociais comunitários.
Além disso, o trabalho do instituto consolida e articula uma rede de iniciativas de
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desenvolvimento local que há anos vem sendo desenvolvida nos municípios da
Baixada Maranhense.
Apesar de diferentes entre si, as experiências das Fundações Comunitárias
no Brasil compartilham dois princípios fundamentais: o foco no fortalecimento da
rede de organizações locais e a mobilização de recursos como ato de cidadania e
expressão de participação da vida comunitária.
Esses princípios constituem a principal contribuição que o conceito de
Fundação Comunitária pode agregar ao Terceiro Setor no Brasil. Uma alternativa
organizacional para a realização do investimento social comunitário, que não
depende da riqueza ou do poder de um único ator social, empresas ou indivíduos,
mas cuja força e efetividade têm como base a soma de esforços e recursos.
Diante da expansão do conceito pelo mundo e da demonstração de seus
resultados no fortalecimento das comunidades nas quais atuam, vale a pena
conhecer mais e analisar criticamente o potencial das Fundações Comunitárias no
Brasil.
ASSOCIAÇÕES DE MORADORES
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comunidade o fazem por amor, humanidade e caridade e não por obrigação à
contraprestação se não forem formalmente associadas.
O caráter de uma associação de moradores é essencialmente de cunho
social, as pessoas se filiam à esta associação se quiserem e desde que tenham por
finalidade interesses comunitários e não de prestar serviços mediante paga
obrigatória, como nos condomínios de direito. Associação de moradores criada para
cobrar taxas de forma obrigatória é Crime, tomar os espaços públicos também,
cobrar por serviços sem nota fiscal ou contrato igualmente. Informamos finalmente
que conquistamos no STJ mais de 25 Jurisprudências que afirmam de forma final:
Aquele que não for formalmente associado não está obrigado a contribuir com as
despesas criadas por associação de moradores se não aderiu ao encargo.
A Constituição Federal de 1988 instituiu política de imunidades tributárias em
favor de entidades sem fins lucrativos que atendam aos requisitos estabelecidos em
lei, abrangendo os seguintes tributos: Imposto sobre a Propriedade Predial e
Territorial Urbana (IPTU), Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR),
Imposto sobre Transmissão Causa Mortis ou Doação de Bens e Direitos (ITCD),
Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis (ITBI), Imposto sobre a
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto sobre a Renda e Proventos
de qualquer Natureza (IR), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS), Imposto sobre Serviços de qualquer Natureza (ISSQN), Imposto de
Importação (II), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI). As associações gozam também de imunidade
relativa à contribuição para a seguridade social. Além das imunidades previstas na
CF/88, há outras, concedidas por meio de leis. São as chamadas isenções.
Segundo doutrina amplamente majoritária, os requisitos para o gozo de
imunidade tributária vêm previstos no art. 14 do Código Tributário Nacional (Lei
5.172/66), não se admitindo ampliação por meio de lei ordinária. A jurisprudência,
porém, não é pacífica a este respeito, alternando entre o acatamento da posição
doutrinária e a aceitação de requisitos instituídos por lei ordinária.
Exemplificativamente, a se adotar a última posição, a imunidade quanto à cota
patronal da contribuição previdenciária (art. 195, § 7º, CF/88) restará condicionada
ao preenchimento dos requisitos trazidos pelo art. 29 da Lei 12.101/09. As isenções,
por outro turno, são regulamentadas, em lei, pelos entes públicos concedentes.
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COOPERATIVAS
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A Lei 9.718/1998, no art. 3º, definiu que o conceito de faturamento
corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. O § 1º do art. 3º da Lei 9.718/1998
preconizava que receita bruta é a totalidade das receitas auferidas, sendo irrelevante
o tipo de atividade e classificação contábil adotada para as receitas. No entanto, o
Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos Recursos Extraordinários 357.950,
390.840, 358.273 e 346.084, declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da
Lei 9.718/1998, que ampliou a base de cálculo para a incidência de PIS e COFINS.
No entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, a única base de cálculo
constitucional para PIS/COFINS é o faturamento, devendo permanecer o conceito
definido pela legislação anterior (art. 2º da LC 70/1991), que considera como
faturamento a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e
de serviço de qualquer natureza.
Assim, em consonância com os termos do julgado do STF, a movimentação
financeira das cooperativas de crédito, a captação de recursos, a realização de
empréstimos aos cooperados, bem como a efetivação de aplicações financeiras no
mercado, não sofrem incidência do PIS-faturamento e da COFINS, pois, na definição
do art. 79 da Lei 5.764/1971, o ato cooperativo não implica em operação de
mercado, nem em contrato de compra e venda de produto ou mercadoria.
Não obstante, a Lei 11.051, de 29 de dezembro de 2004, preconiza que as
cooperativas de crédito poderão excluir da base de cálculo os ingressos decorrentes
do ato cooperativo:
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O art. 183 do Regulamento do Imposto de Renda reforça a ideia de que
apenas incidirá imposto de renda quando os resultados positivos decorrerem de
atividades estranhas à finalidade da cooperativa.
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O ato cooperativo da cooperativa de crédito envolve a captação de recursos,
a realização de empréstimos aos cooperados e aplicações financeiras, sendo que
estas não visam lucro, constituem típicos atos cooperativos, pois buscam as
consecuções dos objetivos sociais.
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SINDICATOS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
SZAZI, E. Terceiro setor: regulação no Brasil. 3. ed. São Paulo: Peirópolis, 2003.
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TERCEIRO SETOR – ASPECTOS CONTÁBEIS
INTRODUÇÃO
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meios necessários para a demonstração das atividades dessas organizações sem
fins lucrativos, dando credibilidade e confiabilidade as instituições do terceiro setor.
As demonstrações contábeis das entidades do Terceiro Setor devem seguir
os princípios da ITG 2002 com apenas algumas alterações na nomenclatura de
algumas contas patrimoniais e de resultado, por exemplo de “Capital” para
“Patrimônio Social”, e de “lucro ou prejuízo do exercício” para “superávit ou déficit do
exercício”. As sociedades do terceiro setor deverão elaborar suas demonstrações
financeiras, de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade, portanto, são
obrigadas a elaborarem o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Superávit ou
Déficit do Exercício, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Social e as Notas
Explicativas.
A contabilidade aplicada ao terceiro setor não deve ser vista apenas como
uma obrigação de tais entidades para com o governo, algo que foi imposto pelo
Estado, deve ser considerada como uma ferramenta benéfica, que possibilita uma
maior transparência de seus atos, da sua gestão, para que não ocorram dúvidas,
questionamentos por parte dos seus investidores, possibilitando desta forma maiores
investimentos e parcerias e consequentemente o crescimento socioeconômico das
mesmas dentro da sociedade.
Através destes demonstrativos contábeis é possível identificar a origem dos
recursos e sua correta aplicação, dando uma maior confiabilidade as organizações
do terceiro setor. Os voluntários, doadores, parceiros e o governo esperam que os
recursos alocados sejam efetivamente destinados à sua finalidade principal, e por
isso a transparência é vital nessas organizações.
Diante destes fatos, vemos que a contabilidade tem um papel relevante no
terceiro setor, pois ela irá nos demonstrar com clareza e precisão os fatos e
atividades operacionais das entidades que compõem este importante setor.
REFERENCIAL TEÓRICO
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agrupamento de pessoas com ideais em comum na busca de realizar seus objetivos,
sem finalidade lucrativa. Uma entidade sem fins lucrativos poderá ter diversos
objetivos, tais como:
a) associações de classe ou de representação de categoria profissional ou
econômica;
b) instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos,
etc.;
c) entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a
um círculo restrito de associados - ex.: clubes esportivos; associações de
bairro, moradores, etc;
d) associações com objetivos sociais que observam o princípio da
universalização dos serviços - Ex.: promoção da assistência social;
promoção da cultura, patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da
saúde e educação; preservação e conservação do meio ambiente;
promoção dos direitos humanos, etc.
O terceiro setor está vinculado a essas entidades que realizam atividades que
não visam ao lucro, isto é, tem como principal objetivo a ação social. Há muitas
organizações que compõem o terceiro setor e um exemplo são as organizações não
governamentais (ONGs) sendo esta composta por mão de obra voluntária. Essas
entidades ligadas ao terceiro setor se mantêm através de recursos privados,
incentivos, receitas próprias e verbas públicas do governo (LEITE, 2003; LOBO,
2007).
As entidades do terceiro setor diferenciam-se das entidades do primeiro e
segundo em relação aos objetivos, fontes de recurso e participação do voluntariado.
O terceiro setor possui uma série de legislações no que se refere as
exigências burocráticas para a obtenção de registros e certificados e classificação
das entidades como Filantrópicas ou de Interesse Público. Mas, relacionado à
contabilidade, não há legislação clara e definida além das elaboradas pelo Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) (ALVES; BONHO, 2019).
A legislação contábil aplicada a essas entidades tem sido as resoluções do
Conselho Federal de Contabilidade, representadas pelas Normas Brasileiras de
Contabilidade (EBSEN, 2003, p. 47; PEREIRA, 2006).
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A contabilidade das entidades sem a finalidade de lucros deve obedecer aos
princípios da contabilidade, ITG 2002 (R-1) e a NBC TG 1000 - Contabilidade para
Pequenas e Médias Empresas ou as normas completas (IFRS completas) naqueles
aspectos não abordados por esta Interpretação.
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A IMPORTÂNCIA DO PLANO DE CONTAS PARA AS ORGANIZAÇÕES DO
TERCEIRO SETOR
PLANO DE CONTAS
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proporcionar aos demais interessados informações relevantes para as tomadas de
decisões.
Plano de Contas é o conjunto de contas, previamente estabelecido, que
norteia os trabalhos contábeis de registro de fatos e atos inerentes à entidade, além
de servir de parâmetro para a elaboração das demonstrações contábeis. A
montagem de um plano de contas deve ser personalizada, por entidade, já que os
usuários de informações podem necessitar detalhamentos específicos, que um
modelo de Plano de Contas geral pode não compreende.
[...] o plano de contas deve transmitir uma mensagem clara e objetiva, de tal
maneira que a sua simples leitura possa informar o que ela significa. Serve
para orientar, uniformizar e informar. Os contadores têm no plano de contas
as diretrizes para a preparação dos seus relatórios e também a
contabilidade que tem a executar. Todas as vezes que tiver qualquer dúvida
sobre a conta que deve lançar em determinado documento, recorre-se ao
plano de contas para que haja o enquadramento correto, uniformizando
assim as despesas e receitas da entidade, informando corretamente nos
relatórios a sua natureza (OLIVEIRA; ROMÃO, 2014, p. 65)
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ESTRUTURA SIMPLIFICADA DO PLANO DE CONTAS
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Segundo o CPC00, ativo é um recurso econômico presente controlado pela
entidade como resultado de eventos passados. Recurso econômico é um direito que
tem o potencial de produzir benefícios econômicos.
Passivo: Encontram-se as contas que representam as obrigações e o
patrimônio líquido. A ordem de disposição das contas no passivo, segundo a Lei no.
6.404/1976, é a ordem decrescente do grau de exigibilidade. No passivo circulante
são classificadas todas as contas que representam as obrigações que a empresa
terá́ de pagar no atual exercício. Já no passivo não circulante são classificadas todas
as contas que representam as obrigações que a empresa terá́ de pagar após o
término do atual exercício. O patrimônio líquido compõe as contas do capital próprio
da entidade.
O CPC00 refere-se ao passivo como uma obrigação presente da entidade de
transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados.
Despesas: Recursos consumidos nas atividades da organização.
Normalmente, estão relacionados com gastos administrativos, recursos humanos,
financeiros, tributários e outros vinculados às atividades da organização.
São reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam em
reduções no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a distribuições aos
detentores de direitos sobre o patrimônio (CPC 00).
Receitas: Constituem-se receitas das organizações vendas de bens e
serviços, doações, contribuições, atividades financeiras, aquisição de patrimônio,
realização de investimentos, dentre outras, necessárias para a manutenção e
crescimento das atividades da organização.
Segundo o CPC 00, é um aumento nos ativos, ou reduções nos passivos, que
resultam em aumento no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a
contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio.
Apuração do resultado do exercício: Por meio desta conta que podemos
conhecer o resultado da movimentação do patrimônio da empresa, ou seja, se em
determinado período a empresa apurou lucro ou prejuízo em suas transações.
Confronta-se as despesas com as receitas. Para isso, são necessárias três
operações:
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1. somam-se os valores das receitas;
2. somam-se os valores das despesas;
3. confrontam-se os totais das receitas e das despesas.
1 1. ATIVO
2 1.1. ATIVO CIRCULANTE
3 1.1.100 Disponível
4 1.1.100.1 Caixa
5 1.1.100.1.01 Caixa Geral
6 1.1.100.1.01.001 Fundo Fixo de Caixa
3 1.1.400 Estoques
4 1.1.400.1 Estoques de Materiais
5 1.1.400.1.01 Almoxarifado Administração Geral
6 1.1.400.1.01.001 Almoxarifado
3 1.2.200 Investimentos
4 1.2.200.1 Obras de Arte
5 1.2.200.1.01 Quadros
6 1.2.200.1.01.001 Quadro do Pintor Van Gogh – Obra O Escolar
3 1.2.300. Imobilizado
4 1.2.300.1 Bens Imóveis
5 1.2.300.1.01 Edificações
6 1.2.300.1.01.001 Prédio da Sede da Fundação
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5 1.2.300.1.99 (-) Depreciação Acumulada
6 1.2.300.1.99.001 (-) DA – Prédio da Fundação
3 1.2.400 Intangível
4 1.2.400.1 Direitos Autorais
5 1.2.400.1.01 Direitos Autorais de Livros
6 1.2.400.1.01.001 Livro Manual da Contabilidade Pública
1 2 PASSIVO
2 2.1 PASSIVO CIRCULANTE
3 2.1.500 Provisões
4 2.1.500.1 Provisões Trabalhistas
5 2.1.500.1.01 Provisões Trabalhistas a Pagar
6 2.1.500.1.01.001 Provisão de 13º Salário
6 2.1.500.1.01.002 Provisão de Férias
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6 2.1.500.1.01.003 Provisão de Encargos sobre Férias e 13º Salário
1 3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
2 3.1 Patrimônio Social
3 3.1.100 Patrimônio Social Acumulado
4 3.1.100.1 Capital de Membros Instituidores
4 3.1.100.2 Superávits/Déficits Acumulados
1 4 CONTAS DE RESULTADO
2 4.1 VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ATIVAS
3 4.1.100 Resultantes da Execução Orçamentária
4 4.1.100.1 Receita Realizada no Exercício
1 5 RECEITA ORÇAMENTARIA
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2 5.1 RECEITAS PRÓPRIAS
3 5.1.100 Receitas de Ativos
4 5.1 100.1 Receitas Vinculadas
4 5.1.100.2 Receitas Não Vinculada
1 6 DESPESA ORÇAMENTÁRIA
2 6.1 ADMINISTRAÇÃO DA CAUSA
3 6.1.001 Manutenção das Atividades de Projetos Relacionados à causa
4 6.1.001.3 Despesas de Custeio
4 6.1.001.4 Despesas de Capital
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Relação anual de informações sociais (RAIS): junto prestação de contas
deve estar anexados a RAIS impressa e o recibo de entrega, mesmo que provisório.
Quando a entidade não possuir funcionários, deve entregar a RAIS negativa.
Parecer do Conselho Fiscal: o cumprimento dessa exigência depende da
estrutura administrativa da entidade, quanto à previsão no seu estatuto.
Relatório de auditoria independente: a realização de auditoria nas
entidades de interesse social deve ser realizada por auditores independentes. É uma
exigência que pode ser feita pelo poder público, por portadores de recursos ou estar
prevista no estatuto da entidade.
Cópia de convênio, contrato e termo de parceria: devem ser anexadas
cópias dos convênios, contratos e termos de parceria realizados com órgãos
públicos ou privados, acompanhados de parecer ou documento equivalente do
órgão responsável pela fiscalização.
Sistema de Gestão de Convênios e Contrato de Repasses (Siconv): a
liberação de recursos, o acompanhamento da execução e a prestação de contas dos
convênios deverão ser registrados no Siconv.
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
c) Irregulares ou rejeitadas, quando comprovada omissão no dever de prestar
contas; a prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo ou antieconômico, ou de
infração a norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional ou patrimonial; dano ao Erário decorrente de ato
de gestão ilegítimo ou antieconômico; ou desfalque ou desvio de dinheiro,
bens ou valores públicos.
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RELEVÂNCIA DO ORÇAMENTO PARA AS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR
REFERÊNCIAS
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
0CASO%20NA%20ASSOCIACAO%20DE%20ASSISTENCIA%20A%20CRIANCA%
20DEFICIENTE%20AACD.pdf Acesso em 25 abr, 2020.
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
CRIAÇÃO, FUNCIONAMENTO E DISSOLUÇÃO DAS ENTIDADES
INTRODUÇÃO
O terceiro setor é uma junção do setor público com o setor privado com
função principal de promover a solidariedade social.
Para Zittei, Politelo e Scarpin (2016, p. 85), no contexto atual, sua finalidade
está em cobrir os serviços que o estado deveria oferecer e por algum motivo não o
faz; desta forma, apesar de ter constituição privada, tem caráter público e finalidade
social (OLAK, NASCIMENTO, 2010), fatores estes que contribuem para que o setor
venha-se consolidando ao longo do tempo (CARNEIRO; OLIVEIRA; TORRES,
2011).
Zittei, Politelo e Scarpin (2016, p. 86) afirmam que, o fato de que as entidades
do terceiro setor assumem um papel social do Estado e responsabilidades perante a
sociedade (COSTA et al., 2011). Por esse motivo, devem prestar contas de suas
atividades e seus projetos a partir de sua missão e seus objetivos. Ademais, essa
prática contribui para que sua legitimidade e importância sejam fundamentadas na
sociedade (COSTA et al., 2011).
Para a criação dessas entidades, é necessário que seja reunido um grupo de
pessoas com o mesmo propósito, e definido dois integrantes para uma mesa
ana.urbanski@aluno.unc.br
20 Acadêmico da VII fase de Ciências Contábeis da Universidade do Contestado – UnC. E-mail:
leandra.pichetti@aluno.unc.br
21 Acadêmico da VII fase de Ciências Contábeis da Universidade do Contestado – UnC. E-mail:
maria.provin@aluno.unc.br
22 Acadêmico da VII fase de Ciências Contábeis da Universidade do Contestado – UnC. E-mail:
sheila.bernardi@aluno.unc.br
23 Professor da disciplina de Contabilidade Aplicada às Organizações Sem Fins Lucrativos do curso
ASSOCIAÇÕES
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
registro, que é feito no cartório de registro de pessoas jurídicas. O passo seguinte é
providenciar o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) junto à Receita
Federal. Esse cadastro permitirá à associação realizar transações financeiras,
contratos, convênios e contratação de empregados.
Após ser feito isso, é quando começam a definir a localização, contratação de
funcionários, abertura de conta e outros, para que se consiga por a associação em
funcionamento. E a quarta fase, o operacional, é quando a associação já está em
funcionamento, sendo necessário ter uma gestão eficiente e comprometida com o
propósito da empresa.
Segundo a Lei n° 6.015/73 (artigos 120 e 121), para que as associações
iniciem suas atividades, é necessário ter os seguintes documentos: Ata de
Fundação, duas vias do estatuto, a relação dos associados fundadores e membros
da diretoria eleita e um ofício encaminhado ao cartório.
Para as Associações serem extintas, elas devem ser por definição dos
associados, por estatuto social, sendo efetuada em uma assembleia e convocados
para este fim, sendo definido o encerramento e os votos favoráveis sejam de dois
terços dos presentes. Nela também será definida uma pessoa para liquidar todos os
bens e todas as dívidas pendentes.
FUNDAÇÕES
A Fundação tem como principal objetivo uma ação ou uma operação, definida
em seus estatutos. De maneira geral, é uma instituição caracterizada como pessoa
jurídica composta pela organização de um patrimônio, mas que não tem proprietário,
nem titular, nem sócios. Ou seja, nada mais é que, uma pessoa jurídica de direito
privado, sem fins lucrativos que se formam através de um patrimônio destacado pelo
seu instituidor da escritura pública ou testamento, voltado a um objetivo especifico,
voltado às causas do interesse público. Podemos então definir as principais
características das fundações:
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
Finalidades/ fins;
Origem/forma de criação;
Patrimônio;
Administração.
i.assistência social;
ii.cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
iii.educação;
iv. saúde;
v. segurança alimentar e nutricional;
vi. defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
vii. pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de
informações e conhecimentos técnicos e científicos;
viii. promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos e;
ix. atividades religiosas.
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c) órgãos de administração;
d) Conselho Curador e Diretoria Executiva;
e) exercício financeiro;
f) possibilidade e modo de reforma do estatuto;
g) condições de extinção da fundação e destino de seu patrimônio.
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SOCIEDADES COOPERATIVAS
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Denominação social (sendo sempre obrigatória a adoção da expressão
“Cooperativa” na denominação);
Administração. A Sociedade Cooperativa será administrada por uma
diretoria ou conselho de administração ou ainda outros órgãos necessários à
administração previstos no estatuto, composto exclusivamente de
associados eleitos pela assembleia geral, com mandato nunca superior a
quatro anos sendo obrigatória a renovação de, no mínimo, 1/3 do conselho
de administração.
Capital Social. O capital social será fixado em estatuto e dividido em quotas-
parte que serão integralizadas pelos associados, observado o seguinte:
a)O valor das quotas-parte não poderá ser superior ao salário mínimo;
b)O valor do capital é variável e pode ser constituído com bens e serviços;
c) Nenhum associado poderá subscrever mais de 1/3 (um terço) do total das
quotas-parte, salvo nas sociedades em que a subscrição deva ser
diretamente proporcional ao movimento financeiro do cooperado ou ao
quantitativo dos produtos a serem comercializados, beneficiados ou
transformados ou ainda, no caso de pessoas jurídicas de direito público
nas Cooperativas de eletrificação, irrigação e telecomunicação;
d)As quotas-parte não podem ser transferidas a terceiros estranhos à
sociedade, ainda que por herança.
Obrigatoriedade de Escrituração contábil, seguindo as Normas Brasileiras de
Contabilidade e a legislação que determinam que a escrituração contábil é
obrigatória, para qualquer tipo de cooperativa, trazendo seu movimento
econômico e financeiro.
Observações:
A ata e estatuto, quando não transcrito na ata, deverão conter a assinatura
de todos os fundadores, identificados com o nome por extenso, devendo as
demais folhas ser rubricadas.
A ata e o estatuto devem conter o visto de advogado, com a indicação do
nome e número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, exceto se
for microempresa ou empresa de pequeno porte (somente as cooperativas
de consumo podem enquadrar como microempresa ou empresa de pequeno
porte - Lei Complementar 123/2006). No caso de instrumento público deverá
constar o visto de advogado ou ser citada a sua existência.
Documentos admitidos: cédula de identidade, certificado de reservista,
carteira de identidade profissional, Carteira de Trabalho e Previdência Social
ou Carteira Nacional de Habilitação (modelo com base na Lei nº 9.503, de
23/9/97). Se a pessoa for estrangeira, é exigida identidade com a prova de
visto permanente e dentro do período de sua validade ou documento
fornecido pelo Departamento de Polícia Federal, com a indicação do número
do registro (Vide IN sobre estrangeiros).
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Vide Instrução Normativa sobre autorização prévia.
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Documentos admitidos: cédula de identidade, certificado de reservista,
carteira de identidade profissional, Carteira de Trabalho e Previdência
Social ou Carteira Nacional de Habilitação (modelo com base na Lei nº
9.503, de 23/9/97). Se a pessoa for estrangeira, é exigida identidade com a
prova de visto permanente e dentro do período de sua validade ou
documento fornecido pelo Departamento de Polícia Federal, com a
indicação do número do registro (Vide Instrução Normativa sobre
estrangeiros).
Vide Instrução Normativa sobre autorização prévia.
ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
Fiscal e Segundo Conselheiro Fiscal. Documentos necessários para abertura, Ata de
constituição, Estatuto social, Lista de assembleia, RG dos fundadores e
Requerimento para registro.
Após cumprir essas etapas, é necessário registrar junto a Receita Federal
para obter o CNPJ. Após cumprir essas etapas, é necessário registrar junto a
Receita Federal para obter o CNPJ. Com a obtenção do CNPJ a Organização já terá
condições de celebrar os atos cíveis, como abertura de conta corrente, celebração
de contratos. Neste processo, recomendamos a contratação de um Contador,
profissional inclusive que fará os demais atos contábeis necessários e
imprescindíveis para o funcionamento da Organização Religiosa.
Após a obtenção do CNPJ, deverá ser promovida junto a Prefeitura a
inscrição no Cadastro de Contribuinte Municipal, bem como do Alvará de
Funcionamento, documentos importantes e imprescindíveis para o regular
funcionamento do estabelecimento, estando os trâmites sob a égide de cada
Município que tem suas próprias determinações legais para regular esses
procedimentos.
PARTIDOS POLÍTICOS
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Primeiro Passo
No mínimo 101 (cento e um) eleitores devem ser reunidos para fundarem o
novo partido político e entre esses eleitores é preciso que tenham domicilio eleitoral
em pelo menos 1/3 (um terço) dos estados, o que representa 9 (nove) estados.
Uma vez reunidos em assembleia, deverá ser registrado todos os aspectos
debatidos em ata, elaborar um programa e seu estatuto para ser possível registrar
no Cartório competente para que possa existir de fato e de direito, após isso começa
funcionar regularmente. Delega-se que o programa deste novo partido não poderá
coincidir com algum outro partido anteriormente registrado.
Segundo Passo
Após elaborar os documentos necessários para o funcionamento da mesma,
os membros fundadores deverão escolher seus dirigentes partidários seguindo as
regras descritas no estatuto elaborado. Por fim, o programa e o estatuto deverão ser
publicados de forma pública no Diário Oficial da União.
Terceiro Passo
Depois de elaborar o registro em cartório, o partido em formação tem o prazo
de 100 (cem) dias para informar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com todas as
assinaturas dos 500 (quinhentos) mil votos válidos, devendo conter o nome completo
do eleitor e os dados eleitorais de cada um dos assinantes.
O pedido será analisado para averiguar que não possuem irregularidades no
processo apresentado. Caso não tenha advertências, está autorizada a criação do
novo partido político.
Art. 16. Só pode filiar-se ao partido o eleitor que estiver no pleno gozo de
seus direitos políticos.
Art. 17. Considera-se deferida, para todos os efeitos, a filiação partidária,
com o atendimento das regras estatutárias do partido.
§ 7º Havendo fusão ou incorporação, devem ser somados exclusivamente
os votos dos partidos fundidos ou incorporados obtidos na última eleição
geral para a Câmara dos Deputados, para efeito da distribuição dos
recursos do Fundo Partidário e do acesso gratuito ao rádio e à televisão.
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
Para desligar-se do partido, o filiado deve procurar o partido ao qual está
filiado e entregar uma declaração por escrito, solicitando sua desfiliação. Caso não
exista um órgão partidário no município em que reside o interessado, deve ser
procurado um cartório eleitoral. Passados dois dias da entrega da comunicação de
desfiliação ao cartório eleitoral, o mesmo se extinguirá para todos os efeitos.
Atualmente no Brasil existem 35 (trinta e cinco) registros no TSE e alguns
ainda estão sob tutela para futuros registros. Pontos como educação, saúde,
segurança e preservação do meio ambiente encontram-se na maioria dos estatutos
partidários, porém, existem pontos específicos que marcam, de certa forma, o
caráter de cada um deles. Por existirem muitas legendas partidárias e algumas em
processo de formação, o eleitorado encontra diversas dificuldades em estabelecer
laços com um determinado partido político, podendo considerar um baixo
partidarismo no país.
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
lucros e interesses pessoais, e não interesses mútuos da organização como um
todo.
Outro ponto muito importante, antes de criar uma ONG é analisar quais serão
os recursos captados para que haja sustentabilidade financeira dentro da
organização, pois nenhuma organização é capaz de sobreviver sem nenhum recurso
financeiro.
O primeiro fundamento básico para a criação de uma ONG é ter
conhecimento de empreendedorismo, economia e administração, pois assim como
uma empresa de caráter privado é necessário gerir a organização de forma
saudável. A diferença entre empresa e uma ONG é que, uma trabalha visando lucro
e a outra não.
Formada por um grupo de pessoas e regidas por um estatuto social, tendo ou
não capital para sua abertura, a constituição da ONG se dá pela manifestação da
vontade de pelo menos duas pessoas que tornam-se sócias e constituem um
contrato. Após, é necessário convidar mais pessoas para participarem do grupo e
então sugere-se a formação de uma "Comissão de Redação do Estatuto Social", um
grupo pequeno e ágil, no sentido de formular e apresentar uma proposta de estatuto
que será discutido, analisado, modificado e finalmente aprovado pela assembleia
geral.
Esse tipo de organização não possui vinculo algum com governo, elas podem
ser formadas por pessoas físicas, jurídicas, fundações e associações, sempre com
objetivo de melhoria para a sociedade e são mantidas por meio de doações e por
financiamento privado.
A partir da identificação dos interessados em participar da ONG, faz-se
expedição de uma carta convite para um encontro à cada pessoa, contendo o dia,
hora, local, com os objetivos da pauta da reunião, para a realização da assembleia
geral de fundação, a aprovação do estatuto e a eleição da primeira Diretoria.
O estatuto deverá conter, entre outros assuntos, conforme preceitua, Zanluca,
na obra Contabilidade do Terceiro Setor:
Nome e sigla da entidade;
Sede e foro;
Finalidades e objetivos;
Formas de captação de recursos;
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Os associados e seus tipos, entrada e saída, direitos e deveres;
Poderes, tais como assembleia, diretoria, conselho fiscal;
Tempo de duração;
Como os estatutos poderão ser modificados;
Como a entidade é dissolvida;
Qual o destino do patrimônio, em caso de dissolução.
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ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
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Contudo, os sindicatos são os representantes dos seus sócios, os
sindicalizados, e desenvolvem negociações coletivas com as empresas ou
associações de empresas. Como por exemplo, salários, férias, licenças... São
algumas das condições que os sindicatos devem acordar com a entidade patronal.
Ainda, cabe ao sindicato representar os interesses da categoria, celebrar contatos
coletivos de trabalho, eleger representantes e colaborar com o Estado no estudo e
solução de empecilhos relacionados à categoria que representam. Para formar um
sindicato, deve reunir ao menos um terço das empresas legalmente constituídas ou
de pessoas que integram a mesma categoria, o mandato da diretoria deve durar
três. A organização física deve ser eleita por um conselho e deve ter entre três e
sete pessoas na diretoria, um conselho fiscal com três membros e um presidente.
Seguindo essas condições é necessário convocar uma assembleia geral para
fundar o sindicato, sendo que, esta assembleia definirá os fundamentos do estatuto
social e também elegerá os diretores e presidente do sindicato. Depois de ter isso
pronto, e aprovado o estatuto é preciso registrar o mesmo em cartório, só então a
pessoa jurídica passará a existir. É necessário também, que para a organização ter
personalidade sindical precisa realizar o registro no Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) através de um link.
Para extinção de um sindicato deve ser realizada uma assembleia geral para
decidir sobre o assunto, também deve ser publicado um edital de convocação, além
de todas as certidões negativas, estaduais, municipais e federais.
ENTIDADES BENEFICENTES
São pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que atenderem,
ao mesmo tempo, e realizem ações de atendimento, assessoramento, defesa e
garantia de direitos de forma gratuita, continuada, planejada e universal, conforme
as normativas da Política Nacional de Assistência Social.
Para formar essas entidades é necessário, ter o registro no Cadastro Nacional
de Pessoa Jurídica, ter a ata de eleições dos dirigentes, ter também o estatuto social
registrado em cartório. E, necessariamente precisa estar inscrita no Conselho
Municipal de Assistência Social (CMAS). No Ato Constitutivo deverá constar cláusula
que preveja, em caso de dissolução ou extinção da entidade, a destinação do
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Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
eventual patrimônio remanescente a entidade sem fins lucrativos congêneres ou a
entidade pública.
Para que uma organização sem fins lucrativos funcione corretamente deve
ser definida a estrutura organizacional da entidade, que deverá ser composta por:
Assembleia Geral, Diretoria Executiva e Conselho Fiscal, que serão os responsáveis
por estabelecer regras, descritas no estatuto da entidade, para que contribua no
desenvolvimento da organização.
Assembleia Geral
Diretoria Executiva
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podem ser renovados os ânimos das organizações, com pessoas que possuem
ideais diferentes e que vão conduzir a entidade da melhor forma possível.
Conselho Fiscal
CONCLUSÃO
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instituições que possuem natureza jurídica, com capacidade de autogestão, e que
representam uma força econômica bem mais relevante do que em geral se imagina.
Levando em consideração estes aspectos o objetivo do terceiro setor provém
da necessidade de viabilizar condições de habitualidade, ou seja, o acesso da
população a segurança, ao trabalho digno, ao lazer e demais serviços coletivos.
Sendo o terceiro setor instituições que apoiam o Estado nas necessidades sociais,
quando são desempenhadas com seriedade e integridade tornam-se um excelente
instrumento para auxílio.
O Terceiro Setor surgiu com a deficiência do Estado em atender questões
sociais nos mais diversos segmentos, quer sejam culturais, científicos, de
preservação do meio ambiente e outros. A partir destes conceitos pode-se encontrar
a semelhança entre o Estado e o Terceiro Setor, ambos devem atender ao interesse
coletivo.
O público alvo das instituições não é homogêneo, porém primeiramente as
entidades do terceiro setor devem ter seus objetivos, missão e valores bem
definidos. Porém para a realização deste trabalho coletivo, ele depende do trabalho
humano, de forma voluntária.
A importância do Terceiro Setor para o Desenvolvimento do País tem sido
apresentada cada vez mais já que o Estado não tem mais condições de arcar
sozinho com o financiamento da execução dos serviços e são essas entidades que
auxiliam com atividades sociais e primordiais para a comunidade onde estão
inseridas, fortalecendo assim a importância e a essência das Entidades que
compõem o Terceiro Setor.
REFERÊNCIAS
113
Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
eleitoral/publicacoes/revistas-da-eje/artigos/revista-eletronica-eje-n.-6-ano-3/o-papel-
dos-partidos-politicos-no-estado-democratico-brasileiro Acesso em: 11 abr. 2020.
COLÉGIO WEB. Como criar um partido político no Brasil. 2016. Disponível em:
<https://www.colegioweb.com.br/politica/como-criar-um-partido-politico-no-
brasil.html>. Acesso em: 24 mar. 2020.
114
Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
Dissolução / distrato: associações e fundações (sem fins lucrativos). Disponível
em: <https://www.rcpjrj.com.br/info/instrucoes/2o-registro-e-posteriores/dissolucao-
distrato-associacoes-e-fundacoes-sem-fins-lucrativos#> Acesso em: 20 mar. 2020.
SZAZI, E. Terceiro setor: regulação no Brasil. 2 ed. São Paulo: Peirópolis, 2001.
TERCEIRO SETOR.INFO. O que é o terceiro setor? Disponível em:
<http://terceiro-setor.info/o-que-e-terceiro-setor.html>. Acesso em: 06 mar. 2020.
115
Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)
ZANLUCA, J. C. Passos para a criação de uma ong. Normas Legais. Disponível
em: <http://www.normaslegais.com.br/cont/contabil041006.htm > Acesso em: 20
mar. 2020.
116
Fundamentos do terceiro setor : (organizações sem fins lucrativos) (ISBN: 978-65-991601-3-4)