Controle Ativo de Vibrações em Estruturas Induzidas Pela Ação Do Vento
Controle Ativo de Vibrações em Estruturas Induzidas Pela Ação Do Vento
Controle Ativo de Vibrações em Estruturas Induzidas Pela Ação Do Vento
Palavras Chave: Prédios altos, Vibrações induzidas pelo vento, Sistema de controle de vibra-
ções, Sistemas de controle de vibrações para prédios altos.
Resumo.
A construção de edifícios, especialmente os mais esbeltos, requer uma análise apurada do compor-
tamento dinâmico da estrutura. Tais estruturas são sujeitas a movimentos induzidos pelo vento, entre
outras forças, o que pode causar efeitos indesejáveis, tais como desconforto para os usuários ou até
mesmo causar o colapso da estrutura.
Neste cenário, os sistemas de controle são utilizados a fim de atenuar a vibração excessiva. Entre
estes sistemas, aqueles que utilizam respostas dinâmicas das estruturas para a determinação das forças
de controle, de um modo geral, quando adequadamente construídos, têm um desempenho satisfatório.
Pode-se destacar o sistema de controle com retroalimentação. No entanto, o uso desses controladores
em edifícios requer uma certa quantidade de testes e simulações, uma vez que os problemas em qualquer
fase do processo de controle pode transformar um controlador ativo em um excitador, o que é obviamente
não desejável.
Neste trabalho foi realizada uma análise numérica de um sistema sujeito a forças estruturais de vento
controlado ativamente. As forças de excitação foram obtidas por análise da fluidodinâmica computacio-
nal e as forças de controle foram obtidas aplicando a técnica de controle ótimo. Esta etapa constitui uma
das primeiras fases do projeto de um controle.
1 INTRODUÇÃO
Devido ao crescimento populacional e ao avanço tecnológico na área construtiva, os edifícios
vêm apresentando maiores alturas e uma esbeltez cada vez maior. Destaca-se o Edifício Burj
Khalifa Bin Zayid, Dubai, Emirados Árabes Unidos, atualmente o mais alto do mundo com
828 metros de altura. Sua construção começou em 21 de setembro de 2004 e foi inaugurado
oficialmente em 04 de janeiro de 2010.
Edifícios como estes, altos e esbeltos, requerem uma análise mais apurada de seu compor-
tamento dinâmico, pois estão sujeitos a movimentos induzidos pelo vento, entre outras forças,
que podem causar efeitos indesejáveis e desconforto humano, além de levar a estrutura ao co-
lapso. Wang et al. (1983) citam ainda como problemas a perda e queda de vidros das janelas e
distúrbios no funcionamento de elevadores.
Um exemplo de estrutura que apresentou comportamento indesejado devido a ação do vento
foi a Ponte Tacoma Narrows Bridge, localizada sobre o Estreito de Tacoma, Washington, Esta-
dos Unidos. Esta ruiu em 7 de novembro de 1940, apenas poucos meses após a sua inauguração,
devido à ação do vento atuando a uma velocidade de aproximadamente 70km/h na estrutura.
A partir de então intensificaram-se estudos sobre os efeitos do vento em edificações. No Bra-
sil, o caso mais conhecido é o da Ponte Rio-Niterói, a qual inaugurada em 1974, por várias
vezes tinha que permanecer fechada quando o vento atingia velocidades próximas de 50km/h.
Posteriormente foi implantado um sistema de controle de vibrações de massas sintonizadas,
diminuindo os deslocamentos antes verificados (Battista e Pfeil, 2010).
Neste cenário, sistemas de controle são usados para atenuar possíveis vibrações excessivas.
Dentre estes sistemas, aqueles que usam a resposta dinâmica da estrutura para determinar as
forças de controle, quando são propriamente executados, têm desempenho satisfatório. Todavia,
estes tipos de sistemas de controle requerem várias simulações, pois quando mal projetados o
processo de controle pode tornar-se um excitador da estrutura, o que obviamente não é desejado.
Este trabalho visa analisar computacionalmente o desempenho de um sistema de controle
ativo para um modelo de estrutura esbelta sob ação do vento. Para se obter as forças atuantes
na estrutura são realizadas simulações de fluidodinâmica computacional (CFD - Computatio-
nal Fluid Dynamics) propostas por Hallak (2002), já as forças de controle são obtidas através
da minimização de seu funcional quadrático que inclui forças de controle e deslocamentos da
estrutura. Para tal, no próximo item descreve-se um dos fenômenos aeroelásticos o qual estão
sujeitas estruturas de torres altas contendo cantos vivos. Na sequência, tem-se a descrição do
modelo atenuador e o caso analisado.
associado à geometria do corpo imerso no fluido, promove separação dessa mesma camada
limite. Em um cilindro é difícil estudar a localização exata do ponto de deslocamento, pois este
depende de uma série de fatores, tais como: rugosidade do objeto, velocidade do escoamento
etc. Para corpos contendo arestas vivas, que é o caso da maioria dos edifícios, a posição do
deslocamento se dá em uma ou algumas arestas.
Esses vórtices desprendem-se aleatoriamente ou de forma alternada, dependendo do número
de Reynolds, que é um parâmetro adimensional definido pela relação entre as forças viscosas e
inerciais, ou seja:
uo D
, Re = (1)
ν
onde ν é a viscosidade cinemática do fluido, u0 é a velocidade de incidência do vento e D é
a dimensão do corpo perpendicular à direção do vento. A frequência de desprendimento de
vórtices alternados depende do número adimensional de Strouhal (St) definido por:
fs D
, St = (2)
u0
onde fs é a frequência de desprendimento de um par de vórtice. O número de Strouhal depende
da forma da seção, do seu acabamento superficial e do número de Reynolds.
Os vórtices gerados, ilustrados na Figura 1, originam forças periódicas oblíquas em relação
à direção do vento médio. Considerando suas componentes, as forças alternadas na direção
vento (forças de arrasto) ocorrem na frequência do desprendimento individual de vórtice (2fs ),
enquanto que as forças alternadas na direção transversal ao vento (força de sustentação) ocor-
rem na frequência do desprendimento de cada par de vórtice (fs ). As componentes das forças
tendem a produzir oscilações nas direções em que agem. Entretanto, a força na direção do
vento, embora possa representar uma importante carga estática, apresenta flutuação pequena
em comparação com a força na direção transversal ao vento.
Para corpos flexíveis com amortecimento estrutural pequeno, aparecerá uma forte oscilação
transversal sempre que a frequência de desprendimento de um par de vórtice (fs ) coincidir ou
ficar próxima de uma das frequências naturais da estrutura (fn ). Define-se então velocidade
crítica como sendo aquela para a qual fs = fn ou seja:
fn D
, Ucrit = (3)
St
Uma característica deste fenômeno é a chamada captura ou sincronização do desprendimento
de vórtice (lock-in (Simiu e Scanlan, 1978)) na frequência natural de oscilação por flexão da
estrutura, que ocorre na faixa de velocidades uo para qual as amplitudes de vibração são grandes.
Nestas equações a tensão é τab = µ(∂ua /∂xb + ∂ub /∂xa ), a densidade do fluido é indicada
por ρ e as variáveis dependentes são os campos de velocidade u e pressão p. A velocidade
v = u-w é a velocidade convectiva aparente, onde w é a velocidade de referência do observador.
A derivada no tempo da Equação 4 é a derivada no tempo vista por este observador que se
move com esta velocidade w. A velocidade w é definida convenientemente com o objetivo de
ajustar a transição entre o referencial Eureliano, distante do corpo em movimento e onde w=0,
e o Lagrangiano, na superfície do corpo onde w=u. O fluido, devido ao efeito da viscosidade, é
aderente a superfície do corpo onde a velocidade é nula.
Pormenores sobre a técnica computacional, incluindo a metodologia LES no referencial
ALE e os esquemas adaptativos no espaço e no tempo podem ser encontrados em Hallak (2002)
e Sampaio et al. (2004).
3 SISTEMAS DE CONTROLE
A modelagem de um sistema estrutural, em muitos casos, requer modelos refinados com
muitos graus de liberdade. Entretanto, em problemas onde existe o predomínio de uma certa
frequência de vibração, modelos simplificados com apenas um grau de liberdade generalizado
podem fornecer resultados interessantes com um baixo custo computacional.
No presente trabalho adota-se um modelo estrutural com um grau de liberdade generalizado
para se analisar o algoritmo de controle. Esta estratégia, além de reduzir o esforço computaci-
onal das simulações numéricas, permite uma avaliação precisa do algoritmo de controle, uma
vez que o comportamento dinâmico de estruturas obtido através destes sistemas de um grau de
liberdade tende a não experimentar problemas numéricos. Obviamente é necessário estar atento
às diferenças destes modelos para outros multi-modais.
O comportamento de um sistema estrutural sujeito a ação de uma fonte de excitação externa
com oscilações pode ser descrito por 3 propriedades físicas: a massa do sistema, a perda de
energia mecânica ou amortecimento e sua elasticidade. A Figura 2 ilustra um edifício alto e
esbelto sujeito à ação do vento com velocidade de incidência u0 . O problema é tridimensional
com o perfil de velocidade u0 variando com a altura da estrutura. O modelo dinâmico pode
ser simplificado considerando o movimento do topo do edifício, resultando em um modelo
bidimensional com vento na direção x e vibração na direção y. Assim recai-se em um sistema
de um grau de liberdade generalizado (1GL), onde cada uma destas propriedades dinâmicas
é assumida concentrada em um elemento físico, de forma que a representação gráfica deste
modelo é apresentado na Figura 3.
Nestes casos, a Equação 6, que representa a equação de movimento de um sistema dinâmico
de 1GL com amortecimento viscoso, pode estar associada a um modelo que simula o compor-
tamento dinâmico de uma estrutura real.
Figura 2: Representação gráfica da ação do vento em um edifício de seção quadrada, com respectivo
movimento provocado devido ao desprendimento cadenciado de vórtices.
ẋ = Ax + Bu, (8)
q(t) q̇(t) 0 1 0
onde: x(t) = ; ẋ(t) = ;A= −1 −1 ; B = ; u(t) = fe (t) + fc (t).
q̇(t) q̈(t) −m k −m c m−1
• a estrutura necessita ser sensoriada para obtenção do sinal de sua resposta real;
• também como no SCA com Ciclo Aberto, a resposta desejada r(t) é programada em
função dos níveis de deslocamentos, velocidades e acelerações desejáveis.
O SCA com Ciclo Fechado também conhecido como Sistema de Controle com Retroação é
capaz de compensar:
Neste trabalho foi utilizado o Sistema de Controle ativo do tipo ciclo fechado conhecido
como “Controle Ótimo".
1 tf T
Z
1 T T
J = x (tf )Hx (tf ) + [x (t)Qx(t) + fc T (t)Rfc(t) ]dt, (9)
2 2 t0
PA + AT P − PBR−1 BT P + Q = 0, (10)
Após determinar a Matriz de Riccati (P), com dimensão (2n, 2n), pode-se determinar a
Matriz de Ganho da força de controle (G), que possui dimensão (n, 2n) e é definida da seguinte
maneira:
G = −R−1 BT P, (11)
A força de controle é dada, então, pela Equação 12.
Chega-se, assim, ao controle ótimo do regulador linear com utilização de funcional quadrá-
tico. Neste trabalho, para simular o controle ótimo foram utilizadas as seguintes matrizes de
ponderação:
Q = 107 I(2n,2n) e R = I(n,n)
onde: I é a matriz identidade.
4 APLICAÇÃO
Para analisar as vibrações induzidas pelo vento em estruturas foi idealizada uma torre alta e
foi aplicado o método CFD para determinar, computacionalmente, as forças atuantes na estru-
tura.
A estrutura analisada é um prédio de 330 metros de altura, com seção transversal (no plano
xy de acordo com o referencial da Figura 2) de 10 × 10 metros, com os seguintes parâmetros
dinâmicos:
• m = 2369, 2kg/m;
• k = 1833, 4 Nsm ;
• ξ = 4%;
• fn = 0, 14Hz.
5 RESULTADOS
5.1 Análise aerodinâmica
A Figura 6 apresenta a história no tempo de Cl e a Figura 7 a sua densidade espectral. O
número de Strouhal obtido do espectro de Cl foi de 0, 10. Sabendo-se que a frequência natural
da estrutura é de 0, 14Hz, estimou-se a velocidade crítica do vento (Ucrit ) de aproximadamente
60km/h.
Figura 8: Histórico do deslocamento da estrutura obtido pela simulação aeroelástica via CFD com o
respectivo resultado obtido aplicando um sistema de controle ótimo.
6 CONCLUSÃO
Conforme exposto, a ação do vento pode ocasionar vibrações na estrutura que além de cau-
sar desconforto humano, pode levar a mesma ao colapso. Tais fatos justificam análises na fase
de projeto para o emprego de um controlador para atenuar ou evitar as vibrações frente a essas
solicitações. Constata-se que a aplicação de sistemas de controle pode levar a estrutura a ter um
comportamento dinâmico com menores amplitudes de excitações. O foco do presente trabalho
foi um modelo desaclopado, porém, como trabalho futuro cita-se na necessidade de incluir no
CFD utilizado, as respectivas forças de controle e o deslocamento da estrutura frente à solici-
tação (ação do vento) e a força de controle, sendo este modelo mais representativo da situação
real.
REFERÊNCIAS
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Federal do Rio de Janeiro, 1996.
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COMPUTACIONAL. Tesis de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002.
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