Regimes de Historicidade
Regimes de Historicidade
Regimes de Historicidade
Os conceitos êmicos seriam conceitos que pertencem ao outro, são conceitos que achamos
nas fontes e que são bem explorados na história dos conceitos para entender como os
conceitos mudam ao longo do tempo. Isso é feito por meio de índices de instabilidades
semânticas que são historicamente situados. Como por exemplo os dicionários e enciclopédias
que ajudam a entender como os conceitos mudam de significado no passar do tempo. Quando
você para pra entender esses conceitos a partir de como eles eram entendidos no passado
pelas sociedades aos quais você está estudando, você começa a entender um pouco melhor as
culturas do passado através dos olhos dessas próprias culturas.
Conceitos éticos estão relacionados as abstrações que nós historiadores fazemos no presente
para interpretar e lidar com os conceitos no presente. Podemos dividir os conceitos éticos em
dois tipos: os concretos e os ideais. Com eles, fazemos perguntas ao outro, e esse outro pode
ser desde as fontes antigas até comunidades do presente nas quais a gente estuda e das quais
a gente tenta manter um distanciamento cientifico durante o desenvolvimento da pesquisa. O
outro sempre responde sobre ele mesmo no modo êmico, porque lembrando, é como uma
sociedade ou grupo ou até uma fonte enxerga a si mesmo e a sua sociedade, o seu tempo.
Então, o outro sempre responde no modo êmico, pelo entendimento que ele tem, pela sua
própria interpretação de si e do mundo.
A categoria de regimes de historicidade foi desenvolvida por François Hartog a partir de duas
principais influências, o historiador Reinhart Koselleck e o antropólogo Marshall Sahlins.
REGIME DE HISTORICIDADE seria a forma como uma sociedade se relaciona com o tempo e
como essa relação com o tempo afeta essas sociedades.
Num regime de historicidade, um tempo (que pode ser passado, presente e futuro) tem
predominância sobre os outros tempos.
Essa ferramenta (regime de historicidade) seria especialmente útil pra analisar momentos de
crise ou desordem no tempo. Exemplo: em um contexto histórico onde o passado é
considerado dominante, essa sociedade teria um regime de historicidade passadista, numa
sociedade onde o presente predomina o regime de historicidade dominante seria o presentista
e por aí vai...
Fica mais fácil de entender quando você aplica essa noção de regime de historicidade a
diferentes momentos da história.
Hartog chama essa forma de se relacionar com o tempo que as sociedades tem de
EXPERIENCIA DO TEMPO.
Experiência do tempo diz respeito a um fenômeno que é subjetivo, mas também concreto.
Como os seres humanos ao longo do tempo sentiram e expressaram e agiram de acordo com
as suas relações entre o passado, o presente e o futuro.
É subjetivo porque cada pessoal se relaciona de um jeito, mas é concreto porque essa relação
existe e afeta diretamente a nossa vida. Não só como indivíduos, mas também como
sociedade.
Hartog argumenta que no mundo antigo o regime de historicidade era passadista, ou seja,
focado no passado. Porque? Cicero definia a história como ”testemunha dos tempos, luz da
verdade, vida da memória, mestra da vida, mensageira do passado”. A história era mestra da
vida, ou seja, a sociedade aprenderia com a história. E é mais ou menos dessa forma de se
pensar história que vem aquela ideia de que você tem que aprender com os erros do passado
pra não repetir esses erros.