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relações sociais, quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos
unicamente da alçada do tribunal da consciência
Direito e Justiça deveriam ser sinônimos perfeitos, ou seja, deveriam expressar a
mesma virtude, pois, se aquele significa “o que é justo”, esta se traduz por
“conformidade com o direito”. Lamentavelmente, porém, aqui na Terra, Direito e Justiça
nem sempre se correspondem, porque, ignorando ou desprezando a Lei de Deus,
outorgada para a felicidade universal, a justiça humana há feito leis prescrevendo como
direitos umas tantas práticas que favorecem apenas os ricos e poderosos, em
detrimento dos pobres e dos fracos, o que implica tremenda iniqüidade, assim como há
concedido a alguns certas prerrogativas que de forma nenhuma poderiam ser
generalizadas, constituindo-se, por conseguinte, em privilégios, quando se sabe que
todo privilégio é contrário ao direito comum.
O sentimento de justiça desenvolve-se [...], paulatinamente, no ente humano,
começando este por aplicar a si, como justo, tudo quanto ache que lhe convenha, e
acabando por exprimi-lo da maneira mais elevada e pura. Assim, o conceito da justiça
varia nos indivíduos, segundo o desenvolvimento que neles alcançou esse sentimento.
Varia, pois, num mesmo indivíduo, conforme ao seu progresso espiritual. Comparados
dois períodos da existência de uma criatura, em cada um se deparará com um conceito
diferente da justiça. O modo de exprimir-se esse sentimento também guarda relação
com a compreensão das coisas, dos indivíduos e dos acontecimentos. Sobre um mesmo
caso, o juízo individual pode apresentar diversidades, segundo o conhecimento que do
caso tenha a criatura. Se o conhecimento não é completo e exato, à medida que ele se
for aprofundando e ampliando, depois de emitido o primeiro juízo, também se irá
modificando o conceito formado acerca do aludido caso. Não obstante terem todos a
retidão por mira, numa coletividade de indivíduos [...] observamos, assim, que, [...] sobre
casos, coisas e pessoas, são diferentes os juízos que se emitem. É que o sentimento
de justiça não é do mesmo grau em todos. Crê o indivíduo obrar com justiça, até quando
comete as maiores atrocidades. Vem depois a reflexão, melhor conhecimento do fato,
e o que lhe pareceu justo se lhe torna abominável.
Von Liszt, eminente criminalista dos tempos modernos, observa que o Estado, em sua
expressão de organismo superior, e excetuando-se, como é claro, os grupos criminosos
que por vezes transitoriamente o arrastam a funestos abusos do poder, não prescinde
da pena, a fim de sustentar a ordem jurídica. A necessidade da conservação do próprio
Estado justifica a pena. Com essa conclusão, apagam-se, quase que totalmente, as
antigas controvérsias entre as teorias de Direito Penal, de vez que, nesse ou naquele
clima de arregimentação política, a tendência a punir é congenial ao homem comum,
em face da necessidade de manter, tanto quanto possível, a intangibilidade da ordem
no plano coletivo. Todavia, [...] o Espiritismo revela uma concepção de justiça ainda
mais ampla. A criatura não se encontra simplesmente subordinada ao critério dos
penólogos do mundo, categorizados à conta de cirurgiões eficientes no tratamento ou
na extirpação da gangrena social. Quanto mais esclarecida a criatura, tanto mais
responsável, entregue naturalmente aos arestos da própria consciência, na Terra ou
fora dela, toda vez que se envolve nos espinheiros da culpa. Assim, os [...] princípios
codificados por Allan Kardec abrem uma nova era para o espírito humano, compelindo-
o à auscultação de si mesmo, no reajuste dos caminhos traçados por Jesus ao
verdadeiro progresso da alma, e explicam que o Espiritismo, por isso mesmo, é o
disciplinador de nossa liberdade, não apenas para que tenhamos na Terra uma vida
social dignificante, mas também para que mantenhamos, no campo do espírito, uma
vida individual harmoniosa, devidamente ajustada aos impositivos da Vida Universal
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MÓDULO XVI Lei de Justiça, Amor e Caridade