Prova Enem 2022 Reaplicação PPL
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QUESTÃO 07
Uma polêmica relacionada à covid-19 com clara relação com
a Educação Física foi a discussão sobre a reabertura ou não das
academias de ginástica em plena pandemia. Entre os argumentos
apresentados pelos que defendiam a abertura estava o de que o
exercício teria um efeito protetor contra a covid-19, pelo fortalecimento
do sistema imunológico. A realização dessas práticas pode ser
importante para a saúde, inclusive com foco na melhoria/manutenção
da saúde mental, mas em muitas recomendações há mais um sentido
de “ter que fazer”, com caráter “obrigatório”. Outro ponto ignorado
diz respeito ao aconselhamento para a realização de exercícios
físicos em casa durante a pandemia, considerando aspectos como
a habilidade das pessoas para realizarem essas atividades, suas
preferências, as condições das residências etc. Entendemos que
essas recomendações, algumas vezes de caráter persecutório e
descontextualizadas da realidade de muitas pessoas, não favorecem
um olhar mais ampliado sobre a saúde.
LOCH, M. R. et al. A urgência da saúde coletiva na formação em Educação Física:
lições com a covid-19. Ciência & Saúde Coletiva, n. 25, 2020 (adaptado).
Segundo o texto, no contexto da pandemia, a relação entre exercício
físico e saúde deveria considerar a
A necessidade de que as academias se mantivessem abertas para
orientação das práticas corporais.
B recomendação de que as atividades físicas atendessem às
preferências individuais.
C relevância de adaptar as atividades físicas à realidade social dos
sujeitos.
D obrigatoriedade de adotar o hábito de praticar atividades físicas em
casa.
E importância de melhorar as defesas orgânicas contra a doença.
QUESTÃO 08
A partir da década de 1980, o voleibol começa a ser visto como
um ótimo meio de comercialização de produtos esportivos. Esse
fenômeno apresenta uma vertiginosa escalada na década de
1990, e a Federação Internacional de Voleibol, tendo o mexicano
Rubem Acosta na presidência, vê-se com a obrigação de alterar
algumas regras para a melhoria do voleibol como espetáculo, já que a
alta performance alcançada pelas equipes vinha tornando enfadonhas
as competições.
SANTOS NETO, S. C. A evolução das regras visando ao espetáculo no voleibol.
Disponível em: www.efdeportes.com. Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado).
QUESTÃO 09
Em nenhum outro tipo de literatura a fantasia desempenha papel tão
importante. Sapos se transformam em príncipes, animais conversam
com humanos, mesas se põem sozinhas e contratempos insolúveis se
resolvem de um parágrafo para outro. Essa falta de verossimilhança
não afasta o leitor. Pelo contrário, juntamente com o anonimato dos
príncipes e princesas, que não têm personalidade definida e vivem em
terras distantes sem localização exata, ela facilita a identificação com
os personagens. O mundo da fantasia abre espaço para que coisas
desagradáveis, que não seriam toleradas em outros tipos de história,
passem incólumes, como bruxas comedoras de criancinha e anões
cruéis que roubam bebês. Boa parte do fascínio dos contos tem origem
justamente nesse mundo sombrio. Contos de fadas não constituem
sempre histórias agradáveis polvilhadas com açúcar, como a casa de
pão de ló de João e Maria. Pelo contrário, as tramas são recheadas
de malvadezas que sobrevivem às dezenas de adaptações. Podem
passar despercebidas, mas estão lá. Ou é inofensiva a história de
uma menina e sua avó que são devoradas vivas por um lobo? Ou é
inocente o conto da menina que é sequestrada e obrigada a passar
a juventude trancada no alto de uma torre? E o que dizer do bebê
condenado à morte no dia do seu batizado?
Disponível em: https://super.abril.com.br. Acesso em: 20 jun. 2019 (adaptado).
QUESTÃO 10
A vida deveria nos oferecer um lugarzinho no rodapé da nossa
história pessoal para eventuais erratas, como em tese de doutorado.
Pelas vezes em que na infância e adolescência a gente foi bobo, foi
ingênuo, foi indesculpavelmente romântico, cego e teimoso, devia
haver uma errata possível. Como quando a gente acreditou que se
fosse bonzinho ganharia aquela bicicleta; que todos os professores
eram sábios e justos e todas as autoridades decentes; e quando a
gente acreditou que pai e mãe eram imortais ou perfeitos.
Devia haver erratas que anulassem bobagens adultas: botei fora
aquela oportunidade, não cuidei da minha grana, fui onipotente, perdi
quem era tão precioso para mim, escolhi a gostosona em lugar da
parceira alegre e terna; fiquei com aquele cara porque com ele seria
mais divertido, mas no fundo eu não o queria como meu amigo e pai
dos meus filhos. Profissionalmente não me preparei, não me preveni,
não refleti, não entendi nada, tomei as piores decisões. Ah, que bom
seria se essas trapalhadas pudessem ser anuladas com uma boa
errata! Em geral, não podem.
Por todas as vezes que desviamos o olhar lúcido ou recolhemos o
dedo denunciador, pagaremos — talvez num futuro não muito distante
— um alto preço, durante um tempo incalculavelmente longo. E não
haverá erratas.
LUFT, L. Errata de pé de página. Veja, n. 28, 18 jul. 2007 (adaptado).
No texto, a autora propõe o uso metafórico da errata como recurso
para
A assumir uma posição humilde diante da efemeridade da vida.
B evitar decisões equivocadas advindas da inexperiência.
C antecipar as consequências das nossas ações.
D promover um maior amadurecimento intelectual.
E rever atitudes realizadas no passado.
QUESTÃO 11
?
línguas: 274 de indígenas: 78,8 mil
Dos indígenas
com 5 anos ou mais, CURIOSIDADE:
37,4% falavam 78,9 mil pessoas residiam em
uma língua terras indígenas e se declararam
indígena e 76,9% de outra raça (principalmente pardos, 67,5%),
falavam português mas se consideravam “indígenas” de acordo
com aspectos como tradições, costumes,
cultura e antepassados.
Disponível em: midianinja.org. Acesso em: 22 abr. 2021.
Pelo modo como seleciona e organiza as informações, esse
infográfico cumpre a função de
A questionar o processo de enfraquecimento da identidade indígena.
B apresentar dados sobre a atual configuração da realidade indígena
no país.
C defender políticas de preservação da cultura indígena.
D divulgar as etnias indígenas mais representativas do Brasil.
E criticar a distribuição geográfica desigual das comunidades
indígenas.
LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação 17
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QUESTÃO 12
QUESTÃO 13
Tiranos de nós mesmos: a servidão voluntária na era da
sociedade do desempenho
Byung-Chul Han, no opúsculo Sociedade do cansaço, discute
a ascensão de um novo paradigma social, em que a sociedade
disciplinar de Foucault é substituída pela sociedade do desempenho.
Esse novo modelo social é movido por um imperativo de maximizar
a produção. Nós, sujeitos de desempenho, somos constante e
sistematicamente pressionados a aperfeiçoar nossa performance e
a aumentar nossa produção.
A crença subjacente, segundo Han, é a de que nada é impossível.
Nós podemos fazer tudo. Estamos constantemente pressionados
por um poder fazer ilimitado. É um excesso de positividade, que se
constitui em verdadeira violência neuronal.
E por isso produzimos. Produzimos até a exaustão. E, mesmo
cansados, continuamos produzindo. Uma meta é sempre substituída
por outra. A tarefa nunca acaba. É frustrante e esgotante. O resultado
é uma sociedade que gera fracassados e depressivos, a quem só
resta recorrer a medicamentos para continuar produzindo mais
eficientemente.
Disponível em: http://justificando.cartacapital.com.br. Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado).
Com base nessa reflexão acerca do livro Sociedade do cansaço, que
discute o novo modelo da sociedade do desempenho, o resenhista a
A conceitua, apresenta seus fundamentos e conclui com suas
consequências.
B fundamenta com argumentos, apresenta sua conclusão e oferece
exemplos.
C descreve, apresenta suas consequências e conclui com sua
conceituação.
D exemplifica, apresenta sua fundamentação e avalia seus
resultados.
E discute, apresenta seu conceito e promove uma discussão.
QUESTÃO 14
Trechos do discurso de Ulysses Guimarães na
promulgação da Constituição em 1988
Senhoras e senhores constituintes.
Dois de fevereiro de 1987. Ecoam nesta sala as reivindicações das
ruas. A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar.
São palavras constantes do discurso de posse como presidente da
Assembleia Nacional Constituinte.
Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição, a
Nação mudou. A Constituição mudou na sua elaboração, mudou
na definição dos Poderes. Mudou restaurando a federação, mudou
quando quer mudar o homem cidadão. E é só cidadão quem ganha
justo e suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e remédio,
lazer quando descansa.
A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o fizemos com
amor, aplicação e sem medo.
A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa
ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim.
Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca.
Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios, promulgamos o
Estatuto do Homem, da Liberdade e da Democracia, bradamos por
imposição de sua honra.
Nós, os legisladores, ampliamos os nossos deveres. Teremos de
honrá-los. A Nação repudia a preguiça, a negligência e a inépcia.
O povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo referendo os
projetos aprovados pelo Parlamento.
Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira, desbravadora.
Termino com as palavras com que comecei esta fala.
A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai
mudar. A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade
política da sociedade rumo à mudança.
Que a promulgação seja o nosso grito.
Mudar para vencer. Muda, Brasil!
Disponível em: www.senadofederal.br. Acesso em: 30 out. 2021.
20 LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação
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QUESTÃO 15
A historiografia do país demonstra que foi necessário considerável
esforço do colonizador português em impor sua língua pátria em um
território tão extenso. Trata-se de um fenômeno político e cultural
relevante o fato de, na atualidade, a língua portuguesa ser a língua
oficial e plenamente inteligível de norte a sul do país, apesar das
especificidades e da grande diversidade dos chamados “sotaques”
regionais. Esse empreendimento relacionado à imposição da língua
portuguesa foi adotado como uma das estratégias de dominação,
ocupação e demarcação das fronteiras do território nacional,
sucessivamente, em praticamente todos os períodos e regimes
políticos. Da Colônia ao Império, da República ao Estado Novo e daí
em diante.
Tomemos como exemplo o nheengatu, uma língua baseada no tupi
antigo e que foi fruto do encontro, muitas vezes belicoso e violento,
entre o colonizador e as populações indígenas da costa brasileira
e de grande parte da Amazônia. Foi a língua geral de comunicação
no período colonial até ser banida pelo Marquês de Pombal, a partir
de 1758, caindo em pleno processo de desuso e decadência a
partir de então. Foram falantes de nheengatu que nominaram uma
infinidade de lugares, paisagens, acidentes geográficos, rios e até
cidades. Atualmente, resta um pequeno contingente de falantes
dessa língua no extremo norte do país. É utilizada como língua
franca em regiões como o Alto Rio Negro, sendo inclusive fator
de afirmação étnica de grupos indígenas que perderam sua língua
original, como os Barés, Arapaços, Baniwas e Werekenas.
Disponível em: http://desafios.ipea.gov.br.
Acesso em: 20 out. 2021 (adaptado).
Da leitura do texto, depreende-se que o patrimônio linguístico brasileiro é
A constituído por processos históricos e sociais de dominação e
violência.
B decorrente da tentativa de fusão de diferentes línguas indígenas.
C exemplificativo da miscigenação étnica da sociedade nacional.
D caracterizado pela diversidade de sotaques e regionalismos.
E resultado de sucessivas ações de expansão territorial.
22 LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação
*011475AM23*
QUESTÃO 16
O SILÊNCIO APRISIONA
QUESTÃO 17
TEXTO I
De casa para a escola
Saber respeitar limites, esperar, suportar, ter seus desejos
frustrados, fazer trocas e planejar é ter educação financeira.
E o exemplo vem de casa. Mas as atitudes dos pais somente serão
referências para a educação financeira se eles mesmos usarem
o dinheiro de forma consciente, fizerem pesquisa de preço,
comprarem à vista, pedirem descontos, tiverem controle de suas
finanças, souberem o quanto têm e o quanto podem gastar,
investir e poupar. Portanto, boa parte das razões que levam um
adulto a se tornar consumista e a se endividar está na educação
que recebe quando criança ou na adolescência.
MACEDO, C. Revista Carta Fundamental, n. 37, abr. 2012 (adaptado).
TEXTO II
Educação financeira para crianças
Ensinar para os filhos o valor das coisas é responsabilidade dos
pais, mas, se lidar com dinheiro é complicado para adultos, passar
esse conhecimento para crianças é uma tarefa bem mais delicada.
De acordo com a especialista em educação financeira infantil
Cássia D’Aquino, o momento certo de começar a ensinar a criança a
lidar com as finanças é anunciado pela própria, na primeira vez em
que pede aos pais para lhe comprarem alguma coisa. Isso costuma
acontecer por volta dos dois anos e meio, e, nessa hora, o pequeno
mostra que já percebeu o que é dinheiro e que o dinheiro “compra”
as coisas que ele pode vir a querer. À medida que os pequenos
vão crescendo, os filhos vão convivendo com a forma com que seus
pais trabalham com o dinheiro. Para Cássia, a melhor base para
uma educação financeira eficiente é aquela transmitida por meio de
atitudes simples na rotina do relacionamento entre pais e filhos. Assim
que a criança manifestar uma noção básica em relação a dinheiro, os
pais já podem, de maneira gradual, adotar uma postura educativa.
Disponível em: http://brasil.gov.br. Acesso em: 27 fev. 2013.
24 LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação
*011475AM25*
QUESTÃO 19
O lobo que não é mau
A primeira coisa a saber é que o guará não é, na verdade, um
lobo. Embora seja o maior canídeo silvestre da América do Sul, sua
espécie (Chrysocyon brachyurus) é de difícil classificação. Alguns
cientistas dizem que é parente das raposas, outros, que é parente
do cachorro-vinagre sul-americano. Mas, de lobo mesmo, ele não
tem nada. Além disso, é um animal onívoro. Porém, em algumas
regiões, a sua dieta chega a quase 70% de frutas, especialmente
da lobeira, uma árvore típica das savanas brasileiras, que contribui
para a saúde do animal, prevenindo um tipo de verminose que ataca
os rins do guará.
O lobo-guará não é um animal perigoso ao homem. Não existe
nenhum registro, em toda a história, de um guará que tenha atacado
uma pessoa, mas, ainda assim, são vistos como “maléficos”.
Por quê? Porque, em ambientes degradados, o lobo, para sobreviver,
acaba atacando galinheiros ou comendo aves que são criadas soltas.
Com a desculpa de “proteger sua criação”, pessoas com baixo nível
de consciência ecológica acabam matando os animais.
Se não bastassem a matança e a destruição de ambientes naturais, o
lobo-guará ainda apresenta grande índice de morte por atropelamento
em estradas.
O fato é que o lobo-guará precisa de nós mais do que nunca na
história.
FERRAREZI JR., C. Revista QShow, n. 20, nov. 2015 (adaptado).
Esse texto de divulgação científica utiliza como principal estratégia
argumentativa a
A sedução, mostrando o lado delicado e afetuoso do animal por
meio da negação de seu nome popular.
B comoção, relatando a perseguição que o animal sofre
constantemente pelos fazendeiros com baixo grau de instrução.
C intertextualidade, buscando contraponto numa famosa história
infantil, confrontada com dados concretos e fatos históricos.
D chantagem, modificando a verdadeira índole do lobo-guará para
proteger as criações de animais domésticos em áreas degradadas.
E intimidação, explorando os efeitos de sentido desencadeados
pelo uso de palavras como “matança”, “perigoso”, “degradados”
e “atacando”.
26 LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação
*011475AM27*
QUESTÃO 20
Preconceito: do latim prae, antes, e conceptus, conceito, esse termo
pode ser definido como o conjunto de crenças e valores aprendidos,
que levam um indivíduo ou um grupo a nutrir opiniões a favor ou
contra os membros de determinados grupos, antes de uma efetiva
experiência com eles. Tecnicamente, portanto, existe um preconceito
positivo e um negativo, embora, nas relações raciais e étnicas, o
termo costume se referir ao aspecto negativo de um grupo herdar ou
gerar visões hostis a respeito de um outro, distinguível com base em
generalizações. Essas generalizações derivam invariavelmente da
informação incorreta ou incompleta a respeito do outro grupo.
CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e raciais.
São Paulo: Selo Negro, 2000 (adaptado).
Nesse verbete de dicionário, a apropriação adequada do uso padrão
da língua auxilia no estabelecimento
A da precisão das informações veiculadas.
B da linguagem conotativa característica desse gênero.
C das marcas do interlocutor como uma exigência para a validade das
ideias.
D d as sequências narrativas como recurso de progressão
textual.
E do processo de contraposição argumentativa para conseguir a
adesão do leitor.
QUESTÃO 21
Cuidadora humilhada por erros de português ao enviar
currículo para asilo recebe ofertas de emprego
Bom dia 08:48
Desculpa 08:50
Encomendar 08:50
É incomodar rs 08:50
Sim 08:52
QUESTÃO 22
RAPOSO- RJ
DIA 21/07/2012
VALOR 230,00
PASSAGEM E HOTEL
TRATAR C/ ROMILDA
- 1104 E - 8744
QUESTÃO 23
A busca do “texto oculto” na leitura de notícias
Os meus colegas jornalistas que me perdoem, mas não dá mais
para ler uma notícia de jornal apenas pelo que está publicado.
O nosso universo informativo ficou muito mais complexo depois do
surgimento da avalanche informativa na internet.
Esse fenômeno, inédito na história do jornalismo, está nos
obrigando a tomar uma notícia de jornal apenas como um ponto
de partida para uma análise que, necessariamente, envolve
a preocupação em descobrir o contexto do que foi publicado.
A notícia de jornal não é mais a verdade definitiva, mas a porta de
entrada numa realidade desconhecida e inevitavelmente complexa,
contraditória e diversa.
A principal mudança que todos nós teremos que incorporar às
nossas rotinas informativas é a necessidade de sermos críticos em
relação às notícias que leremos, ouviremos ou assistiremos.
A busca de um novo modelo de formatação de notícias baseado
numa cultura da diversificação informativa está apenas começando.
O público passou a ter uma importância estratégica na atividade
profissional porque os jornalistas necessitam, cada vez mais, dos
blogs pessoais, das páginas da web e das postagens em redes
sociais como fonte de notícias. A histórica dependência de fontes
governamentais e corporativas está rapidamente sendo substituída
pela notícia oriunda de comunidades, grupos sociais organizados
e influenciadores digitais. A agenda de notícias das elites perde
espaço para a agenda do público.
É essa nova forma de ver a realidade que está na base da
necessidade do chamado “texto oculto”, um jargão acadêmico para
uma diversificação na nossa nova forma de ler, ouvir e ver notícias.
CASTILHO, C. Disponível em: www.observatoriodaimprensa.com.br.
Acesso em: 30 out. 2021 (adaptado).
Ao problematizar os modos de ler notícias e a necessidade de se buscar
o chamado “texto oculto”, o texto defende que esse processo implicará
A adaptação na forma como a imprensa e o jornalismo abordam a
informação.
B alteração na prática interacional entre os usuários de redes sociais.
C ampliação da quantidade de informação disponível na internet.
D demanda por informações fidedignas em fontes oficiais.
E percepção da notícia como um produto acabado.
30 LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação
*011475AM31*
QUESTÃO 24
A produção em massa em grandes fábricas se tornou o símbolo da
Segunda Revolução Industrial. Agora, após um século, uma nova
transformação se anuncia. Ela é trazida por aparelhos do tamanho de
um micro-ondas que constroem um objeto real a partir de um arquivo
digital: as impressoras tridimensionais. Elas funcionam como uma
impressora convencional que muitos têm em casa. Basta apertar o
botão na tela do computador para que o arquivo digital, com o desenho
em três dimensões do objeto a fabricar, seja enviado para a máquina.
Em vez de tinta, elas usam materiais como plástico, gesso, silicone,
borracha ou metais para fazer sapatos, próteses dentárias, joias,
luminárias, brinquedos ou peças de equipamentos hospitalares. Até
há pouco tempo, esses equipamentos custavam centenas de milhares
de reais e ficavam restritos às grandes indústrias. Hoje já é possível
levar para casa uma impressora 3D e usá-la para fabricar objetos.
“Uma nova revolução industrial está a caminho”, diz o jornalista e
físico Chris Anderson.
Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 17 fev. 2013 (adaptado).
Segundo esse texto, as impressoras tridimensionais prenunciam uma
nova Revolução Industrial porque são tecnologias que
A diminuíram de tamanho.
B tiveram seus preços reduzidos.
C trabalham com um arquivo digital.
D facilitam a confecção de objetos 3D.
E permitem a individualização da manufatura.
QUESTÃO 25
O sucesso das redes sociais é fruto da combinação inteligente da
capacidade de interagir dentro de uma mesma página da internet e do
uso de sistemas de avaliação. Existem duas dinâmicas psicossociais
legitimando tais recursos de avaliação. Na primeira, alguém produz
conteúdo e é recompensado com essas reações. Já na segunda
dinâmica, a produção de conteúdo serve de balão de ensaio para a
vida off-line.
Prazer e aprendizado são, portanto, as duas promessas originais
das redes sociais (anteriores à monetização), nas quais os
algoritmos de recomendação prometem reduzir o tempo e a energia
para encontrar aquilo que interessa a cada um, no mar de opções
disponibilizadas, levando a situação a outro patamar, pela exposição
reiterada dos usuários aos conteúdos que agravam sua ansiedade.
Assim, por exemplo, pessoas que estão insatisfeitas com o seu
corpo fazem buscas que refletem esse desconforto, procurando
postagens relacionadas a essa temática. O algoritmo, então, passa
a recomendar cada vez mais conteúdos nessa linha e, o que é
pior, a convergir para os mais extremos, já que estes tendem a
fixar mais a atenção. Em pouco tempo, o usuário “desconfortável”
está sendo bombardeado por vídeos que elevam em muito o seu
pessimismo e que muitas vezes servem de caminho à anorexia, à
bulimia e à depressão.
DIAS, A. M. Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 5 nov. 2021 (adaptado).
As sociedades têm evoluído concomitantemente ao desenvolvimento
de tecnologias que buscam, cada vez mais, automatizar a gestão das
informações. No texto, uma consequência negativa desse processo
é o fato de ele
A ser dirigido por um sistema de recomendações individualizado.
B estar vinculado ao aumento da satisfação e da prática dos
usuários.
C sobrecarregar o usuário com um fluxo massivo de informações.
D guiar-se pela confluência das interações on-line em busca de
avaliações positivas.
E focar no engajamento dos usuários em detrimento de suas
necessidades concretas.
32 LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação
*011475AM33*
QUESTÃO 26
O povo indígena Wajãpi utiliza o Kusiwa — reconhecido como bem
imaterial da humanidade em 2003 — como repertório codificado de
padrões gráficos que decora e colore o corpo e os objetos. Para
além de enfeitar, Kusiwa aparece como “arte”, “marca”, “pintura” e
“desenho”. Esses grafismos ultrapassam a noção estética e alcançam
a cosmologia e as crenças religiosas.
ALMEIDA, C. S.; CARDOSO, P. B. Arte coussiouar, perspectivas históricas de alteridade e
reconhecimento. Espaço Ameríndio, n. 1, jan.-jul. 2021.
O povo Wajãpi, que vive na Serra do Tumucumaque, entre Amapá,
Pará e Guiana Francesa, vivencia práticas culturais que
A perdem significado quando desprovidas de elementos gráficos.
B revelam uma concepção de arte para além de funções estéticas.
C funcionam como elementos de representação figurativa de seu
mundo.
D padronizam uma mesma identidade gráfica entre diferentes povos
indígenas.
E primam pela utilização dos grafismos como contraposição ao
mundo imaginário.
QUESTÃO 27
QUESTÃO 30
GASODUTO
QUESTÃO 31
Domésticas, de Fernando Meirelles e Nando Olival (2001)
Drama de trabalhadoras domésticas na cidade de São Paulo,
mostradas a partir do cotidiano de Cida, Roxane, Quitéria,
Raimunda e Créo. Uma quer se casar; a outra é casada, mas sonha
com um marido melhor; uma sonha em ser artista de novela e a
outra acredita que tem por missão na Terra servir a Deus e à sua
patroa. Todas têm sonhos distintos, mas vivem a mesma realidade:
trabalhar como empregada doméstica. Conduzido com humor (e
uma trilha musical dos hits populares do Brasil brega dos anos
1970), o filme de Meirelles e Olival retrata o universo particular
dessa categoria de trabalhadoras domésticas. É curioso que,
em nenhum momento, aparecem patrões ou patroas. A narrativa
de Domésticas se desenvolve segundo a ótica contingente das
classes subalternas, dos de baixo, com seus anseios e sonhos,
expectativas e frustrações. Não aparecem situações de luta social
por direitos, o que sugere que o filme se detém na epiderme da
consciência de classe contingente, expressando, desse modo, a
fragmentação das perspectivas de vida e trajetórias das domésticas
(quase como um destino, como observa na palavra final a doméstica
Roxane). Do mesmo modo, ao retratar Zé Pequeno (em Cidade de
Deus), Meirelles tratou sua sina de bandido quase como destino.
É baseado na peça de teatro de Renata Melo (2005).
Disponível em: www.telacritica.org. Acesso em: 25 ago. 2017 (adaptado).
QUESTÃO 32
TEXTO I
Há uma geração inteira sem conseguir emprego. Grande parte
sonha com um concurso público. Não é novidade, multidões sempre
correram atrás de emprego municipal, estadual ou federal. Espanta é a
disposição para trabalhar em qualquer área, fora do que consideravam
sua vocação. Em crise, vocação é ter salário. Há quem continue na
casa dos pais, indefinidamente. Ou quem volte. O problema é que
nem sempre dá certo. Mães e pais que têm aposentadoria ainda
asseguram a sobrevivência dos filhos. É uma geração à deriva.
CARRASCO, W. Disponível em: http://epoca.globo.com.
Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado).
TEXTO II
Ah, a casa da avó! Sinônimo de comidinha gostosa, muita
brincadeira, vontades feitas. O imaginário de muita gente traz
da infância as melhores lembranças da casa da avó. Mas o que
para muitos é apenas um local para brincadeiras e férias, para outros,
nos últimos tempos, tem sido sinônimo da casa principal, onde os
netos moram e são criados.
Não só o mercado de trabalho levou as crianças para a casa das avós
em tempo integral, mas também a sociedade moderna, com o divórcio
e as novas constituições familiares. Com o divórcio, a correria do dia a
dia no mercado de trabalho e a própria emancipação da mulher, muitas
mães delegaram aos avós a tarefa de criar seus filhos.
MAIA, K. Disponível em: www.cnte.org.br. Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado).
Esses dois textos têm temáticas diferentes, na medida em que o Texto
I trata da volta dos filhos à casa dos pais, e o Texto II, da permanência
dos netos na casa dos avós. Entretanto, eles se aproximam no que
diz respeito
A ao aconchego que os filhos e netos encontram nesses lugares.
B ao fator econômico, que é a causa do problema nos dois casos.
C aos problemas de relacionamento que surgem nessas situações.
D ao divórcio, que é apontado como comum nos dias de hoje.
E à independência da mulher, que causa a ausência das mães.
QUESTÃO 33
Reciclagem de hábitos ajuda a enfrentar a crise
Todo início de ano as pessoas fazem uma lista de propósitos para
serem perseguidos ao longo dos próximos 12 meses. Ao que tudo
indica, o próximo ano será um período de extrema dificuldade. Reciclar
pode ser uma alternativa.
Esse conceito — por ser muito abrangente — nos propicia uma
reflexão. No dia a dia pessoal, dentro de casa, podemos reciclar
roupas, sapatos, objetos de uso pessoal etc. Ou seja, ao adotarmos
tal atitude, não gastamos o escasso e suado dinheiro disponível. Vale
também minimizar desperdícios. A vantagem dessa “consciência
ecológica” acaba por beneficiar o meio ambiente e também o bolso.
Reciclar hábitos é muito difícil. Quantos se lembram de apagar a
luz quando deixam um ambiente? E de desligar o chuveiro quando
estão se ensaboando?
Se estou desempregado ou com pouco dinheiro, não preciso ir à
academia (e me endividar ainda mais) para cuidar da saúde. Caminhar
pelos parques ou jardins pode ser uma alternativa. Quantas vezes
nos deparamos com pessoas andando — ou correndo — nas ruas?
Isso pode ser imitado. Não tem custo algum!
E nas finanças pessoais? Disciplina, disciplina. Reduzir o consumo
desenfreado, os gastos desnecessários e pesquisar muito antes de
comprar o que é realmente essencial: supermercado, farmácia etc.
Na verdade, as compras passam por gestão. Se compro roupa nova
(necessária), deixo para comprar sapato ou bolsa no mês que vem.
Além de evitar o endividamento numa hora de emprego difícil e renda
baixa, o planejamento de gastos torna-se essencial.
Quem consegue poupar R$ 10,00 por semana terá R$ 40,00 no
final do mês. Ao longo do ano, terá acumulado quase R$ 500. Sem
sofrimento. Não foi uma reciclagem de hábito?
CALIL, M. Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado).
Para convencer o leitor de que a reciclagem de hábitos ajuda a
enfrentar a crise, o autor desse texto
A sugere o planejamento dos gastos familiares com o
acompanhamento de um gestor.
B revela o sofrimento ocasionado pela reciclagem de hábitos já
arraigados na sociedade.
C utiliza perguntas retóricas direcionadas a um público leitor engajado
em causas ambientais.
D apresenta sua preocupação em relação à dificuldade enfrentada
pela indústria da reciclagem.
E faz um paralelo entre os ganhos da reciclagem para o meio
ambiente e para as finanças pessoais.
LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação 39
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QUESTÃO 34
O boato insiste em ser um gênero da comunicação. Um rumor pode
nascer da má-fé, do mal-entendido ou de uma trapalhada qualquer.
O primeiro impulso é acreditar, porque: 1 - confiamos em quem o
transmite; 2 - é fisicamente impossível verificar a veracidade de
tudo; 3 - os meios de comunicação estão sistematicamente relapsos
com a verificação de seus conteúdos e, se eles fazem isso, o que nos
impede?
O boato não informa, mas ensina: mostra como uma sociedade se
prepara para tomar posição. A nossa tem se aplicado na tarefa de
desmantelar equipes de jornalistas que dão nome de “informação” a
todo tipo de “copia e cola” difundido pela internet como se fosse um
fato verídico. A comunicação atual depende, cada vez mais, do modo
como vamos lidar com os rumores.
PEREIRA JR., L. C. Língua Portuguesa, n. 93, jul. 2013 (adaptado).
Em relação aos boatos que circulam ininterruptamente na internet, esse
texto reconhece a importância da posição tomada pelo internauta leitor ao
A confiar nos contatos pessoais que transmitiram a informação.
B acompanhar e reproduzir o comportamento dos meios de
comunicação.
C seguir as contas dos jornalistas nas diversas redes sociais
existentes.
D excluir de seus contatos usuários que não confirmam a veracidade
das notícias.
E pesquisar em diferentes mídias a veracidade das notícias que
circulam na rede.
QUESTÃO 35
Harmonia do equilíbrio!
Cega dinâmica embaraçada entre linhas
De força magnética!
Em hélices seguindo e refletindo: dança de elétrons e prótons
Matéria-máter do mundo.
Poeira do sol, poeira do som, poeira de luz
Poeira!
Poeira da memória, da memória dos homens
Que irá se perder um dia no universo
— Cada átomo possui um número infinito de partículas
— Cada partícula um número infinito de partículas
— Cada partícula de partícula um número...
QUESTÃO 36
Duas castas de considerações fez de si para consigo o cauto
Conselheiro. Primeiramente foi saltar-lhe ao nariz a evidência de que
ministro não visita empregado público, ainda que in extremis, mesmo
a uma braça, ou duas, acima do chapéu do amanuense mais bisonho.
Também não visita escritor enfermo por ser escritor, e por estar
enfermo. Seriam trabalhos, ambos, a que não se daria um ministro,
nem sempre ocupado das cousas, altas ou baixas, do Estado.
O tempo ministerial não se vai perdulariamente, não se faz em
farinhas. Os titulares esquivam-se até a suspirar, que os suspiros
implicam o desperdício de minutos se o suspiro é de minutos, além
de permitirem ilações perigosas sobre a estabilidade do ministro,
quando não do próprio gabinete.
A segunda ponderação remeteu-o à certeza de que
terminantemente chegavam ao cabo seus dias; e de
que as esperanças eram aéreas, atado agora à cama até que o
encerrassem na urna, como um voto eleitoral frio.
MARANHÃO, H. Memorial do fim: a morte de Machado de Assis. São Paulo: Marco Zero, 1991.
QUESTÃO 37
Foi o caso que um homenzinho, recém-aparecido na cidade,
veio à casa do Meu Amigo, por questão de vida e morte, pedir
providências. Meu Amigo sendo de vasto saber e pensar, poeta,
professor, ex-sargento de cavalaria e delegado de polícia. Por tudo,
talvez, costumava afirmar: — “A vida de um ser humano, entre outros
seres humanos, é impossível. O que vemos é apenas milagre; salvo
melhor raciocínio.” Meu Amigo sendo fatalista.
Na data e hora, estava-se em seu fundo de quintal, exercitando
ao alvo, com carabinas e revólveres, revezadamente. Meu Amigo,
a bom seguro que, no mundo, ninguém, jamais, atirou quanto ele
tão bem — no agudo da pontaria e rapidez em sacar arma; gastava
nisso, por dia, caixas de balas. Estava justamente especulando:
— “Só quem entendia de tudo eram os gregos. A vida tem poucas
possibilidades”. Fatalista como uma louça, o Meu Amigo. Sucedeu
nesse comenos que o vieram chamar, que o homenzinho o procurava.
ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1967.
QUESTÃO 38
Os homens estavam tratando de negócios e eu fiquei longe pra
não atrapalhar. Já tinha ido com meu pai a muitos lugares e sabia
que, quando ele queria falar de negócio, não gostava que eu ficasse
por perto pedindo isso e aquilo. O secos e molhados era um mundo,
enorme, eu me perdi lá dentro. Gostei de circular de um canto a
outro [...]. Percebi que as vozes se alteravam e escutei a do meu pai
apertada, mais baixa que as outras. Não sei por que, em vez de ver
o que estava acontecendo, me escondi atrás das prateleiras e tentei
ouvir o que eles diziam. Não entendi nada, mas pelo tom da conversa,
percebi que meu pai estava triste. [...] O dono do armazém, cigarro
pendurado na boca, sorriu, anotou qualquer coisa num saco de papel
e enfiou a caneta sobre a orelha. Tinha uma cara feia e, ao mesmo
tempo, me deu raiva e dó dele. [...] Meu pai disse, “Vamos, tá na hora”,
e pagou a conta, a mercadoria não era boa, que ele compreendesse.
Saímos. Antes de chegar na Kombi, olhei de rabo de olho e vi,
surpreso, que meu pai estava chorando. Na hora eu achei que seria
melhor não olhar, até procurei fingir, pra ele se controlar. Eu senti
que ele se envergonharia se eu percebesse. Andamos depressa,
a grande mão dele no meu ombro, num toque leve, um carinho
resignado. Como quem não quer nada, fiz que estava atento ao
movimento das ruas, mas via a dor cobrindo o rosto dele quando o
sol cintilou seus olhos.
CARRASCOZA, J. A. Aos 7 e aos 40. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
No texto, a relação entre os personagens adquire uma
representação tensa, na perspectiva do narrador-personagem,
que reconhece a
A humilhação sofrida pelo pai na negociação.
B ameaça nas atitudes do dono do comércio.
C compaixão pelo comportamento paterno.
D tensão entre os homens do armazém.
E hierarquia entre adulto e criança.
QUESTÃO 39
Bondade fazia jus ao apelido. Não tinha pouso certo. Morava em
lugar algum, a não ser no coração de todos.
— Para que ter pouso certo? — dizia ele. — Homem devia ser que
nem passarinho, ter asas para voar. Já rodei. Já vivi favela e mais
favela, já vivi debaixo de pontes, viadutos... Já vivi matos e cidades.
Já vaguei, vaguei... Muito tempo estou por aqui nesta favela. Aqui é
grande como uma cidade. Há tanto barraco para entrar, tanta gente
para se gostar!
44 LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação
*011475AM45*
QUESTÃO 41
Muitas brincadeiras preservam sua estrutura inicial, outras modificam-se
recebendo novos conteúdos. A força de tais brincadeiras explica-se pelo
poder da expressão oral. Como manifestação livre e espontânea da cultura
popular, a brincadeira tradicional tem a função de perpetuar a cultura infantil,
desenvolver formas de convivência social e permitir o prazer de brincar.
KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1999.
Dentre os jogos e as brincadeiras expressos na cultura popular, que se
perpetuam e se transformam pela tradição oral, podemos reconhecer o(a)
A jogo popular do pião e do bilboquê.
B jogo popular do queimado e o voleibol.
C brincadeira da amarelinha e a esgrima.
D brincadeira de esconde-esconde e o balé.
E jogo popular do taco e a ginástica artística.
QUESTÃO 42
Diante de uma fórmula consagrada, mas dando indícios de desgaste,
a Federação Internacional de Vôlei quis mudar. No calendário há
quase três décadas, a Liga Mundial e o Grand Prix deram origem
à nova Liga das Nações. Mas, além das mudanças de formato, a
competição promete revolucionar a forma com que o esporte chega
ao público e também atende a um pedido antigo das mulheres: a
igualdade na premiação. A competição dará US$ 1 milhão para o
campeão de cada gênero. Há algumas temporadas, as mulheres
contestavam a diferença na premiação. A nova Liga das Nações, no
entanto, atende ao pedido e iguala o valor recebido nos dois naipes.
“Estamos compreendendo antes dos demais o espaço das mulheres
no esporte. Até então tínhamos a Liga Mundial masculina, que pagava
1 milhão de dólares para o campeão, e o Grand Prix, que distribuía
para a campeã feminina US$ 350 mil. Já no ano passado, o prêmio do
Grand Prix subiu para US$ 600 mil. Com a criação da Liga das Nações,
igualamos as premiações. Ao dar a mesma premiação para os dois
gêneros, estamos dizendo ao mundo inteiro que homens e mulheres
devem ter os mesmos direitos” — disse o presidente da FIVB.
Disponível em: https://globoesporte.globo.com. Acesso em: 9 jun. 2018 (adaptado).
A modalidade esportiva apresentada no texto caracteriza-se por ser
A inovadora, ao equiparar a premiação para ambos os sexos.
B obsoleta, ao premiar homens e mulheres de forma desigual.
C reconhecida, ao manter o formato de seus eventos por décadas.
D desgastada, ao não atender a uma demanda do público espectador.
E conservadora, ao resistir à mudança do formato de seus eventos.
46 LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação
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QUESTÃO 43
Dentre as músicas clássicas que tinham potencial para ganhar
as ruas das grandes cidades brasileiras, uma se destacou
e acabou se transformando em um recado ao inconsciente
coletivo: se as notas ouvidas lá longe são a melodia Für Elise,
interpretada ao piano, é um caminhão vendendo gás que se
aproxima. Essa história, que torna a obra do compositor alemão
Ludwig van Beethoven um meme nacional, começou quando as
firmas de venda de gás porta a porta queriam uma solução para
substituir o barulho das buzinas e os gritos de “Ó o gás”. Com o
objetivo de diminuir a poluição sonora, a prefeitura de São Paulo
promulgou a Lei n. 11 016, em 1991, que institui que “Fica proibido
o uso da buzina, pelos caminhões de venda de gás engarrafado a
domicílio, para anunciar a sua passagem pelas vias e logradouros”.
Entregadores de empresas de distribuição de gás recorreram a chips
com músicas livres de direitos autorais. No início, não era apenas
Für Elise — notas de outros temas clássicos também eram ouvidas.
Mas a força da bagatela beethoveniana composta em 1810 acabou
se sobrepondo às demais e virou praticamente um símbolo.
Disponível em: www.dw.com. Acesso em: 21 dez. 2020 (adaptado).
QUESTÃO 44
TEXTO I
O homem atual está sacrificando conhecimentos profundos de
qualidade em prol de informações cada vez mais reduzidas, o que
dá uma imagem incompleta do mundo em que cremos viver. Por isso
as numerosas notícias de hoje serão esquecidas amanhã, uma vez
que serão substituídas por outras numerosas notícias. Quanto mais
informações tem uma sociedade, um acúmulo excessivo, menos
memória guardamos, o que diminui sua profundidade histórica, e,
por conseguinte, também a capacidade que se tem para conduzi-la
com as nossas próprias mãos.
Disponível em: www.revistaesfinge.com.br. Acesso em: 13 out. 2021 (adaptado).
TEXTO II
Esc (Caverna digital)
O que Maria vê
Seu João não vê
Dentro de cada universo
Cada um enxerga e sente
Com seu cada qual
O que Francisco diz
Bia num entendeu
Já tinha visto tanta coisa
Que na sua cabeça tudo logo se perdeu
Me faz lembrar onde estamos
Digitalmente perdidos
Me faz lembrar nosso rumo
Liquidamente entretidos [...]
Lá fora um vendaval (aqui na)
Caverna digital
Ficamos inventando histórias
Uma ilusão perfeita do que era pra ser
Olho que tudo vê
Ela ele você
SCALENE. Magnitite. São Paulo: Red Bull Studios, 2017 (fragmento).
48 LC - 1° dia | Caderno 3 - BRANCO - 2ª Aplicação
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TEXTO I
Fragmento do livro Geografia da Fome,
de Josué de Castro, publicado em 1946
A alimentação do brasileiro tem-se revelado, à luz dos
inquéritos sociais realizados, com qualidades nutritivas bem
precárias, apresentando, nas diferentes regiões do país,
padrões dietéticos mais ou menos incompletos e desarmônicos.
Numas regiões, os erros e defeitos são mais graves, e vive-se num
estado de fome crônica; noutras, são mais discretos, e tem-se a
subnutrição. Procurando investigar as causas fundamentais dessa
alimentação em regra tão defeituosa e que tem pesado tão duramente
na evolução econômico-social do povo, chega-se à conclusão de que
elas são mais produto de fatores socioculturais do que de fatores de
natureza geográfica.
CASTRO, J. Geografia da Fome. 9ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008 (adaptado).