Nota Técnica PR DESPEJOS
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1. Relatório
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No caso, ainda que não seja possível atingir este resultado, a
aproximação permite aos envolvidos tratar da reintegração em si, mediante o
estabelecimento de diretrizes mínimas para o cumprimento da ordem, as quais
obrigatoriamente devem evitar atos de violência e violação de direitos
fundamentais das pessoas despejadas.
2. Fundamentação
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O alerta é necessário porque, tratando-se de qualificação por vezes
genérica da parte ré, corre-se o risco de os ocupantes da área em litígio sequer
saberem que contra eles corre a ação. Nesse contexto, não obstante a
importância do chamamento aos autos dos movimentos sociais que
eventualmente deem suporte aos ocupantes daquela área, a citação ou
intimação do MST, MLST, associações de moradores ou qualquer outra entidade
jamais substituirá a citação pessoal ou por edital dos próprios ocupantes (art.
554, §1º e 2º, do CPC).
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implicações a que estará sujeita a realidade, na subsunção insensível da norma. É
que a evolução do direito não permite mais conceber a proteção do direito à
propriedade e posse no interesse exclusivo do particular, uma vez que os
princípios da dignidade humana e da função social esperam proteção mais
efetiva. O Supremo Tribunal Federal orienta que, tendo em vista a impossibilidade
de haver antinomia entre normas constitucionais, sem a exclusão de quaisquer
dos direitos em causa, deve prevalecer, no caso concreto, o valor que se
apresenta consentâneo com uma solução razoável e prudente, expandindo-se o
raio de ação do direito prevalente, mantendo-se, contudo, o núcleo essencial do
outro. Para esse desiderato, recomenda-se a aplicação de três máximas
norteadoras da proporcionalidade: a adequação, a necessidade e a
proporcionalidade em sentido estrito” (REsp 1302736/MG, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 12/04/2016, DJe 23/05/2016).
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2.8. Comissão de Conflitos Fundiários X CEJUSC Fundiário X CEJUSC Cível.
A partir disso, deve o juiz conduzir o processo para que este atenda
às necessidades do direito material em discussão. E nesta atenção ao
procedimento em vista da complexidade do caso, o juiz pode chamar à
colaboração instituições públicas e privadas vocacionadas para o tratamento do
tema, prestigiando o ambiente de diálogo e as capacidades institucionais
daquelas instituições. Este chamamento pode advir do uso de técnicas
processuais decorrentes da aplicação dos artigos 138, 139, IV, 190, 191, 515, §2º
e 565 do Código de Processo Civil.
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Então, se a decisão judicial vai afetar, para um lado ou para o outro,
os rumos de políticas públicas habitacionais e urbanísticas, indispensável que se
instaure diálogo, já no ambiente do processo, com os órgãos que operam
exatamente para a concretização daqueles mesmos direitos, em atuação aditiva,
e não substitutiva. A Comissão de Conflitos Fundiários trabalha sob esta
perspectiva de diálogo e colaboração, e o seu trabalho, juntamente com o do
juiz, ganhará em eficiência se tal perspectiva for a tônica do trâmite processual.
3. Conclusão
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alinhados à busca por solução consensual e à adoção de medidas voltadas a
minimizar o impacto social do eventual cumprimento de ordem de desocupação:
a) A análise das ações possessórias coletivas deve se dar, para além das
discussões sobre posse e propriedade, a partir da avaliação do conflito social de
fundo que dá origem à ação, inclusive quando da análise de pedido liminar.
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Prefeito/Procuradoria do Município, órgãos de assistência social, movimentos
sociais, associações de moradores, Oficial de Justiça, COORTERRA, Polícia Civil,
SUDIS, Secretarias de Estado, entre outros.
h.2) Cadastramento prévio e obrigatório das famílias pelo Município, além do
encaminhamento para programas sociais de habitação, o qual se dará em dias
úteis e finais de semana, pelo menos uma vez em cada período (manhã, tarde e
noite).
h.3) Realocação das famílias em espaço previamente designado pelo Estado ou
Município.
h.4) Elaboração de cronograma para a desocupação voluntária, mediante o
estabelecimento de prazos razoáveis.
h.5) Colocação de placas no local, além de muros nas frações de área já
desocupadas, para evitar a chegada de novos ocupantes.
h.6) No caso de conflitos agrários, verificar a existência de plantações/lavouras
e/ou animais, para que se possa viabilizar cronograma de retirada das famílias
para depois da colheita ou de acordo com o período de invernada.
h.7) No dia:
- Serão disponibilizados caminhões de mudança e ônibus para o transporte das
famílias e seus pertences pelo Município e/ou pela parte autora.
- Não se admitirá, em hipótese alguma, “operação surpresa”; a data do início da
desocupação deve ser prévia e amplamente divulgada.
- Será realizada a retirada prévia e cuidadosa de hipervulneráveis (pessoas com
necessidades especiais, idosos, crianças, gestantes e mães com crianças de colo).
- Devem estar presentes policiais do sexo feminino.
- A desocupação jamais se iniciará no período da noite, em feriados ou datas
comemorativas ou dias de muito frio ou chuva.
- Todos os agentes públicos envolvidos devem ser facilmente identificados.
- O ato será integralmente gravado pelo Oficial de Justiça.
4. Atos Normativos:
- Recomendação n.º 22/2009-CNJ.
- Recomendação n.º 90/2021-CNJ.
- Resolução n.º 10/2018-CNDH.
- Resolução n.º 125/2010-CNJ.
- CPC.
- Lei n.º 14.216/2021 – Lei da ESPIN (Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional).
- Lei n.º 13.465/2017 – REURB.