PELAS VEREDAS - CAP. 16 - POESIA - MÉTRICA - Págs. 236-259
PELAS VEREDAS - CAP. 16 - POESIA - MÉTRICA - Págs. 236-259
PELAS VEREDAS - CAP. 16 - POESIA - MÉTRICA - Págs. 236-259
3. A emoção mexe com nosso corpo: a gente se sensibiliza com um pôr de sol
ou um luar; com o canto das aves; com uma flor: sua forma, cores, perfume; com a
suavidade de uma brisa ou a fúria de um vendaval! A emoção mexe com nossos afe-
tos: o abraço apertado na pessoa amada que há tempo não víamos; o sorriso triste de
alguém que sofre em silêncio... A emoção mexe com nossa racionalidade: a lógica
irretocável de uma argumentação; a sutileza de uma ironia; a beleza de um teorema
de Pitágoras; a perfeição geométrica dos favos de uma colmeia... A emoção mexe com
nossa moral, nossa ética: a solidariedade provocada pelas causas humanitárias; a
indignação contra os corruptos; ou o protesto do poeta Castro Alves diante da injus-
tiça e desumanidade da escravidão sofrida pelos negros africanos, que ele expressou
em poemas como O Navio Negreiro e Vozes d’África... A emoção mexe com nosso
senso estético: a alegria inexprimível de certa melodia; o filme que nos prende e sur-
preende; a precisão e leveza dos movimentos mágicos duma dança; a força magné-
tica de um quadro de Van Gogh ou o enigmático sorriso da Mona Lisa, na famosa
pintura de Leonardo Da Vinci... A emoção mexe com nossa espiritualidade: a força
da fé diante de uma doença; a oração silenciosa, cheia de confiança ou agradeci-
mento; a perplexidade encantada diante do mistério do Universo; a crença num Es-
pírito Superior, na Vida após a morte...
1
Cf. Dicionário latino-português, de José Cretella Júnior e Geraldo de Ulhôa Cintra. 3. ed. São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1953; e Pequeno dicionário escolar latino-português, do
Padre Henrique Koehler, S.J. 8. ed. Porto Alegre: Edição da Livraria O Globo, 1943.
237
E essas formas de emoção em geral não ocorrem isoladas, mas de modo inte-
grado, duas ou três delas simultaneamente em certos momentos ou vivências. O
abraço carinhoso na pessoa amada que reencontramos depois de tanto tempo en-
volve emoções de ordem física, afetiva e espiritual! Os favos de mel nos encantam,
de uma só vez: visualmente, gustativamente, geometricamente e esteticamente!
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
2
PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976, p. 164-165.
238
POEMA OU POESIA?
É frequente, em cursos, palestras, oficinas sobre Poesia, me perguntarem se “poe-
sia” e “poema” são vocábulos que designam realidades diferentes ou se podem ser usa-
dos como sinônimos. Creio que a dúvida é gerada por causa de conceitos disseminados
em livros didáticos e sítios da internet onde o assunto é abordado, e reparo que se trata
usualmente de uma repetição irrefletida, mecânica, de conceitos em parte equivocados.
Vou expor minha opinião sobre este assunto, fruto de minhas pesquisas, observa-
ção e reflexão, ao longo de mais de quarenta anos em que tenho lecionado Teoria Literá-
ria e Literatura Brasileira em quatro instituições de ensino superior: duas universidades
3 Cf. A poética clássica: Aristóteles, Horácio, Longino. Tradução de Jaime Bruna. São Paulo:
Cultrix,1981.
4 ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p. 1344-
1345.
239
PAUSA VERSAL – Ao final de cada verso ocorre uma pequena pausa, cha-
mada pausa versal ou pausa métrica. Ela é obrigatória, ou seja, tem que ser respei-
tada quando se faz a leitura ou declamação de um poema, mesmo que a estrutura
sintático-semântica de um verso continue e se complete no verso seguinte.
5Na chamada poesia visual não se pode, a rigor, falar de “verso” no sentido aqui referido.
6Aconselha-se consultar uma boa gramática e/ou um manual de Linguística, em seus capítulos
sobre fonética, fonologia e ortografia, a fim de se obter informação sobre alguns conceitos ele-
mentares e terminologia própria deste assunto, como: o que é fonema, sílaba, encontro vocálico,
encontro consonantal, dígrafo e tonicidade. Sugestões: Nova gramática do português contem-
porâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013; e Moderna gramática
portuguesa, de Evanildo Bechara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
241
Um exemplo bem simples sobre certas diferenças entre a divisão silábica poética
e a divisão silábica gramatical: a palavra “terra” tem divisão gramatical feita com a
separação dos dois “r”: “ter–ra”, mas em poesia separamos assim: “te–rra”, man-
tendo os “rr” juntos pois estas duas letras (dois grafemas) valem apenas um som
(um fonema). É o chamado dígrafo: duas letras representando um único som.
Outro caso: há palavras que, dependendo da pronúncia, podem ter uma sílaba
a mais ou a menos. Por exemplo, a palavra: “riacho” tem gramaticalmente três síla-
bas: “ri–a–cho”, e o poeta pode usar estas três sílabas no seu verso. Mas se precisar
de apenas duas sílabas, ele vai contar como tendo duas sílabas: “ria–cho”, aprovei-
tando-se dessa variabilidade que ocorre na pronúncia de certos vocábulos.
PRIMEIRO PROCEDIMENTO
Vamos supor que sejam versos estes três enunciados abaixo. Podemos observar
que todos têm sete sílabas poéticas, embora terminem com tonicidades diferentes –
um termina com oxítona, outro com paroxítona e o último com proparoxítona.
1 2 3 4 5 6 7
E les mo ram no ser tão = verso agudo
E les mo ram na ci da (de) = verso grave
E les mo ram na re pú (bli ca) = verso esdrúxulo
242
Agora vamos exemplificar cada tipo – agudo, grave e esdrúxulo – com três ver-
sos reais de diferentes poemas. E aproveito para deixar explícito que considero letra
de canção como sendo uma modalidade de poema. Aliás, basta lembrar que o Prê-
mio Nobel de Literatura de 2016 foi concedido ao cantor e compositor norte-ameri-
cano Bob Dylan, justamente por causa da excelência das letras de suas canções. Ou,
nas palavras da Academia Sueca, que concede esse Prêmio, "por ter criado novos
modos de expressão poética no quadro da tradição da música americana”.7
VERSOS AGUDOS
Cantando coisas de amor (A banda, Chico Buarque)
E o repelente animal
Prepara o bote fatal (Pé de pilão, Mário Quintana)
VERSOS GRAVES
Minha terra tem palmeiras (Canção do exílio, Gonçalves Dias)
Eu canto porque o instante existe (Motivo, Cecília Meireles)
De tudo, ao meu amor serei atento (Soneto de Fidelidade, Vinícius de Moraes)
VERSOS ESDRÚXULOS
Quando na grave solidão do Atlântico (A sereia de Lenau, Manuel Bandeira)
Amou daquela vez como se fosse a última (Construção, Chico Buarque)
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas (Hino Nacional, Osório Duque
Estrada)
Na tradição poética de língua portuguesa, os metros (as medidas) do verso
regular vão de uma a doze sílabas poéticas, e em razão disso cada verso recebe um
nome específico, a saber:
NÚMERO DE
NOME DO VERSO
SÍLABAS
1 sílaba monossílabo
2 sílabas dissílabo
3 sílabas trissílabo
4 sílabas tetrassílabo
5 sílabas pentassílabo ou redondilha menor
6 sílabas hexassílabo (pronúncias da letra “x”: [ks] ou [z] )
7 sílabas heptassílabo, setissílabo ou redondilha maior
8 sílabas octossílabo
9 sílabas eneassílabo
10 sílabas decassílabo
11 sílabas hendecassílabo
12 sílabas dodecassílabo e alexandrino. (O alexandrino é um do-
decassílabo que segue algumas regras especiais.)
OBSERVAÇÕES OPORTUNAS
- Trova: poema de uma estrofe só, composta de quatro versos, todos de sete sílabas,
ou seja, todos de redondilha maior.
- Soneto: poema de quatro estrofes, as duas primeiras com quatro versos cada (os
quartetos) e as duas últimas estrofes com três versos cada (os tercetos).
2. Versos com mais de doze sílabas são chamados de versos bárbaros – uma
designação, a meu ver, pejorativa, cuja razão (se é que existe!) ainda não descobri...
Na verdade, estes versos mais longos podem ser considerados versos compostos,
pois resultam da combinação de metros menores.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
No tur na som bra e si bi lan te ven (to)
A pri ma ve ra de sa fi a a s a (sas)
E mais fes ti va a ha bi ta ção so rri (a)
U ma se men te en gra vi da va a tar (de)
LÉXICO – ditosos: felizes; frouxo: fraco, sem energia; difere (verbo diferir): adia, retarda.
TEMA – Este poema desenvolve o tema do “carpe diem”, expressão latina que se traduz por
“colha o dia”. É usada para exprimir o convite para se aproveitar o momento presente, já
que o tempo é efêmero e não se sabe o que pode acontecer amanhã. No poema, o eu lírico,
usando de diferentes argumentos, tenta convencer a sua amada Marília para aproveitarem
o presente e gozarem dos prazeres do amor. A expressão “carpe diem” é de um poema de
Horácio, um dos maiores poetas clássicos da literatura latina. Lembrar que essa expressão e
tema são explorados no filme Sociedade dos poetas mortos (1989).
Para concluir este tópico sobre versos agudos, graves e esdrúxulos, é interes-
sante notar como Castro Alves, no poema Hino ao Sono11, emprega sistematica-
mente estes três tipos de verso – o que não é muito comum.
Nesse poema, o sujeito lírico personifica o Sono como se fosse uma entidade,
e a ele se dirige, atribuindo-lhe uma série de ações e características, e lhe fazendo
súplicas sobre seus amores – tudo num tom levemente irônico...
É ainda interessante observar que Castro Alves rima:
3. VERSOS LIVRES – Todos esses exemplos dados são de poemas que se com-
põem de versos padronizados quanto à sua métrica, chamados de versos regulares.
Mas, sobretudo a partir do Modernismo (1922...), os poetas passaram a praticar tam-
bém o chamado “verso livre”, ou seja, os versos com metros não padronizados.
Trata-se de poemas compostos por versos que não obedecem a um esquema regular
de metrificação, ou seja, versos de metros variáveis, que seguem uma dinâmica pró-
pria, muitas vezes ultrapassando a medida das doze sílabas poéticas tradicionais.
Tabacaria
Fernando Pessoa criou vários heterônimos/autores para seus poemas. São po-
etas, personagens, com individualidade própria, de estilo e temática diferenci-
ados. Os mais importantes são: Alberto Caieiro, Ricardo Reis e Álvaro de
Campos; além dos poemas assinados com o próprio nome Fernando Pessoa.
SEGUNDO PROCEDIMENTO
Unir e contar numa mesma sílaba duas ou mais vogais vizinhas e diferentes,
em geral vogais átonas.
✓ SINALEFA: nome que se dá quando as vogais reunidas numa mesma
sílaba pertencem a palavras vizinhas.
Como já sabemos, a cada vogal corresponde uma sílaba. Mas na fala ocorre
com frequência esta situação: pronunciamos juntas, numa sílaba só, duas ou mais
vogais vizinhas.
Exemplos de sinalefa: “Você trouxe o livro?” - “Disse o arrogante que...”.
Exemplos de sinérese: “Foram pescar no riacho.” – “Ele conhece bem
aquela região.” (junção da vogal “i” com o ditongo “ão”).
Os poetas fazem com bastante naturalidade essas junções de vogais vizinhas
dentro de seus versos, diminuindo assim o número das sílabas poéticas. Mas, even-
tualmente, quando precisam de um número maior de sílabas num verso, então eles
deixam de fazer a sinalefa ou a sinérese, mantendo o hiato (vogais separadas).
Em geral essas vogais que se unem são vogais átonas (fracas). Mas algumas
raras vezes uma delas pode ser tônica – por exemplo, a primeira: “Você olhou bem?”,
que pode ser pronunciado assim “Vo/cêo/lhou/bem?”; ou a segunda vogal: “Um
antigo ídolo”, pronunciado “Um/ an/ti/go í/do/lo”.
Mas atenção!!! Não haverá junção, ou seja, não haverá sinalefa:
1) se a primeira vogal for nasal – exemplo: “amanhã / iremos”;
2) se as duas vogais forem tônicas – exemplo: “será / ótimo”.
248
Nestes dois casos a pronúncia conjunta das vogais é quase impossível – por
causa da dificultosa articulação, indo contra uma forte lei fonética: a lei do menor
esforço, ou seja, economia de esforço, de energia...
Um efeito na métrica, como já notamos, é que, com a junção de vogais, reduz-
se o número de sílabas no verso. Vejamos como isso acontece na sílaba 6 do verso
“Cantando coisas de amor” (uma sinalefa), da música A banda, de Chico Buarque.
Trata-se de um verso de redondilha maior, agudo, assim escandido:
1 2 3 4 5 6 7
Can tan do coi sas de a mor
1 2 3 4 5 6 7 8
Can tan do coi sas de a mor
Ambos são versos decassílabos. Eis sua escansão, aplicando-se os dois proce-
dimentos, ou seja: 1) parar na última tônica e 2) unir na mesma sílaba vogais em
contato, união que, nestes dois versos, será sempre sinalefa:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E ri se a or ques tra i rô ni ca es tri den (te)12
E ao mo nó to no em ba lo do a ca lan (to)
Observar que no primeiro destes versos, que tem dez sílabas poéticas, se fizer-
mos a divisão gramatical (não unindo as vogais e contando a sílaba átona final), ele
vai ficar com quinze sílabas gramaticais, assim:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
E ri- se a or ques tra, i rô ni ca, es tri den te
12 Sílabas átonas finais entre parênteses: é um lembrete de que não devem ser contadas na es-
cansão. Ao colocar os versos nessas quadrículas, em geral costumo omitir a pontuação.
13 O soneto Insânia de um simples pode ser encontrado na íntegra no sítio: https://pt.wiki-
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A praz me ads tri to ao triân gu lo mes qui (nho)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Co mo o leão da Bí blia mor to num ver gel
Na palavra “leão”, que normalmente tem duas sílabas: “le-ão”, a junção in-
terna das vogais (sinérese) a reduz para uma sílaba: “leão”. Outro caso: se conside-
rarmos três sílabas na palavra “Bí- bli-a” (com o hiato “i-a”), então também ocorre
sinérese, pela junção dessas vogais: “Bí-blia”.
Já na sílaba 2 desse verso, no encontro das vogais iguais - “o o” - a primeira
vogal desaparece na pronúncia, ficando só a segunda vogal – e este é outro proce-
dimento, chamado crase, que veremos no próximo item.
TERCEIRO PROCEDIMENTO
Com a supressão da vogal, elimina-se uma sílaba, e como o [s] não pode sozi-
nho formar sílaba, ele se une à sílaba seguinte: “Sta-“. Eis como fica a escansão:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
‘Sta mo s em ple no mar Dou do no es pa (ço)
Ainda nesse poema há, entre outras, duas elisões mediais em versos seguidos,
de redondilha maior: a supressão da vogal postônica [u] na palavra “cúmulo”, fi-
cando “cum’lo”, e da vogal [a] na preposição “para”, ficando “p’ra”. Nos dois casos
o poeta assinalou a elisão com o apóstrofo, mas nem sempre isto é feito pelos poetas.
Hoje... cum’lo da maldade
Nem são livres p’ra morrer...
1 2 3 4 5 6 7
Ho je cu m’lo da mal da (de)
Nem são li vres p’ra mo rrer
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Eu qu’ria a se r o Mar de al ti vo por (te)
Eu qu’ria a se r a Pe dra que não pen (sa)
Observar que na sílaba 5 dos dois versos aparece a ligação da consoante [r]
com a vogal seguinte. Este será o quarto procedimento que iremos estudar.
OBSERVAÇÕES
1) Embora a crase ocorra com vogais átonas, eventualmente pode ocorrer com
uma tônica, ou uma nasal – se for a segunda da dupla: “na amplidão → n’amplidão”.
2) A crase pode acontecer entre duas palavras: “minha alma → minh’alma, fato
observado → fat’observado”; ou no interior de um mesmo vocábulo: “álcool → álcol,
reestruturar → restruturar, coordenador → cordenador”...
3) Na escrita, a supressão pode aparecer indicada por apóstrofo [‘), mas nem
sempre o poeta eliminará graficamente a vogal, não havendo, portanto, o respectivo
apóstrofo, mas apenas supressão da vogal na hora da pronúncia.
Assim procede a escritora portuguesa Florbela Espanca com o verbo “compre-
endê-lo”, reduzido de quatro sílabas: “com-pre-en-dê” para três sílabas: “com-
p’ren-dê”, ao final destes versos de seu soneto Este livro... Há a supressão do pri-
meiro “e” na pronúncia, mas não na escrita:
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Po de tal vez sen ti lo e com pr’en dê (lo)
1 2 3 4 5 6 7
Ti r’ A mé ri ca de lá
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
É fun do ar ca n’ o res to e tão ven da (do)
Co m’ o da mor te d’ am pli dão do tem (po)
Na escrita dos versos nem sempre o poeta indica a ectlipse por meio da su-
pressão da letra “m” e o uso do respectivo apóstrofo. Por exemplo, o poeta Castro
Alves às vezes usa o apóstrofo, outras vezes não usa, como nestas passagens do já
citado poema O Livro e a América, em que todos os versos são de redondilha maior
255
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Co’a ca ra hir ta ta tua da de fu li (gens)
QUARTO PROCEDIMENTO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A mo r é um fo go que ar de sem se ver
Na sílaba – “ré” – além da ligação, a vogal “é” faz sinalefa com a vogal nasal
“um”. Também ocorre sinalefa na sílaba 6: “que ar”.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Que aos rai os do lu a r i lu mi na (da)
En tre a s es tre las trê mu las su bi (a)
Sai a pa ssei o ma lo di a na (sce)
1 2 3 4 5 6 7 8
Eu nem pu de fa ze r um ges (to)
E a chei a s ho ras de si guais
Lembrar que em “horas”, a letra “h” inicial não tem valor sonoro,
não representa nenhum fonema, portanto, não impede que se
faça a ligação, como também não impediria eventual sinalefa.
BIBLIOGRAFIA
* * * * *
258
ANEXO
QUADRO CLASSIFICATÓRIO DAS VOGAIS
Zona de articulação Anteriores Centrais Posteriores
Papel da
cavidade bucal Orais Nasais Orais Nasais Orais Nasais
Altas /i/ /ĩ/ /u/ /ũ/
Médias Fecha- /e/ /ẽ/ /o/ /õ/
das
Abertas /E/ /O/
Baixas /a/ /ã/
[Quadros feitos e/ou adaptados por mim a partir de: CUNHA, Celso. Gramática da língua
portuguesa. 6. ed. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1980, p. 46-56.]
259
ATIVIDADE DE ESCANSÃO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1
1. LÉXICO – 1) Sôfrego: ansioso; desejoso e impaciente pela posse ou realização de alguma coisa; 2) congênita:
característica que nasceu com a pessoa; 3) bastarda: aqui tem o sentido de degenerada, impura; 4) zooplasma:
plasma animal (o plasma é o componente líquido do sangue); 5) ofídico: próprio dos ofídios, ou seja, das cobras
ou serpentes; 6) acomete: ataca, investe contra, invade, atua de modo agressivo; 7) veemência: impetuosidade,
intensidade, vivacidade; 8) mavórtica: aguerrida, belicosa; adjetivo derivado de Marte ou Mavorte, o deus da
guerra segundo a mitologia latina; 9) aríete: antiga máquina de guerra usada contra as muralhas ou as portas
das cidades sitiadas; a pronúncia certa é com o “ í “ tônico = “aríete”, mas o poeta , necessitando rimar essa
palavra com o verbo “acomete”, mudou a tonicidade da palavra para a vogal “e”, ficando “ariete”; 10) catapulta:
antiga máquina de guerra, parecida com uma colher gigante, destinada a arremessar projéteis de grande tamanho
(pedras e outros objetos) sobre fortificações inimigas.
2.