Fernando Pessoa Heterónimos
Fernando Pessoa Heterónimos
Fernando Pessoa Heterónimos
Alberto Caeiro
O poeta “bucólico”
Alberto Caeiro é um poeta “bucólico”, ou seja, vive no campo em comunhão com a
natureza
- Deambula pela natureza, contemplando sua diversidade e desfrutando -a
- Na sua existência simples, aceita e deslumbra-se com a realidade, sem a problematizar
Ambiciona abolir o pensamento e viver instintivamente
- Apresenta a solução para ultrapassar as angústias existenciais e, por isso, os outros
heterónimos e Pessoa veem-no como mestre
O primado das sensações
Caeiro diz representar as sensações que capta através dos sentidos: sensacionismo
(para ele a sensação é tudo e o pensamento uma doença)
- Os sentidos são o meio de conhecer e de desfrutar o real
- Privilegia o olhar e caracteriza os elementos que observa
Defende a perceção direta da “realidade objetiva”, rejeitando o pensamento para ele
“pensar é estar doente dos olhos”, da subjetividade, dos sentimentos e sem
problematizar a existência. (“pensar é não compreender”)
- Dedica-se apenas para a visão total perante o mundo, eliminando a dor de pensar que
afeta Pessoa.
- Idealmente, os pensamentos mais não seriam do que a constatação das sensações
- Afirma que gostaria de esquecer tudo o que lhe ensinaram, e ser verdadeiramente ele
- Reduz o mundo à materialidade e à dimensão exterior
Contradições de Alberto Caeiro
- Caeiro diz desvalorizar ou recusar o pensamento, mas os seus poemas são reflexões
em vez de descrições da realidade campestre
- Rejeita a(s) filosofia(s), mas os seus poemas apresentam uma filosofia de vida
- Analisa e reflete sobre as sensações, não se limita a captar impressões
Linguagem, estilo e estrutura
- Utiliza um vocabulário simples/familiar
- Aproximação à prosa pelo uso do verso longo e pelo ritmo arrastado
- Preferência por recursos expressivos simples, como a comparação e a metáfora
- Irregularidade estrófica e métrica dos poemas e uso do verso branco (não rimado)
Alguns poemas de Alberto Caeiro
amar = inocência
Ricardo Reis
O poeta “clássico”
- Aceita a mundividência pagã (alguém que acredita em vários deuses), reconhecendo a
existência de Deus e do destino e crendo, como Caeiro, que o ser humano vive em
comunhão com a natureza
- Cultiva a disciplina racional na vida e na escrita da poesia
- Busca em filosofias da Antiguidade – epicurismo e estoicismo – soluções para
enfrentar as contrariedades da vida (a dor, a doença, a morte), mas também as angústias
existenciais
Epicurismo Estoicismo
Álvaro de Campos
O poeta da modernidade
Fase futurista: emoção esfuziante da vida moderna
- Álvaro de campos celebra o triunfo da máquina, da energia e da civilização Moderna
- Pretende experienciar intensamente o mundo moderno nas suas diversas facetas
através das sensações: sensacionismo, pelo que se sente nos poemas uma atração quase
erótica pelas máquinas, quer fundir-se com elas.
- Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e das forças da máquina em
oposição à beleza tradicionalmente concebida
- Glorifica a grandiosidade e a euforia do progresso como uma proeza heroica da
humanidade
- Do género, de uma epopeia, canta em tom elevado e grandiloquente o progresso e a
vida moderna das cidades: arrebatamento do canto
- Entrevê-se, porém, a tensão, a insatisfação e a frustração perante a incapacidade de
abarcar a totalidade do real
Recursos expressivos
Anáfora – repetição de uma ou mais palavras, para intensificar a ideia
Antítese – contraste entre duas entidades
Aliteração – repetição de sons consonânticos numa frase ou em frases
sucessivas
ex: “Que inimigo é este que fere sem ferro nem fogo”
Apóstrofe – equivale ao vocativo na função sintática
Anástrofe – alteração da ordem das palavras numa frase
Comparação – comparar duas ideias ou realidades
Enumeração – enumerar uma série de ideias
Gradação – apresentação de conceitos em ordem crescente ou
decrescente
Interrogação retórica – Pergunta que não visa obter respostas, mas
antes produzir uma afirmação com um efeito emotivo
Paradoxo – oposição entre duas ideias, que acabam por ter entre si
uma contradição
Hipérbole – exagero na caracterização de uma realidade
Metáfora – aproximação de duas realidades que partilham entre si uma
característica
Perífrase – substituição de uma palavra breve por uma expressão mais
longa
Onomatopeia – reprodução de um som através de uma palavra
Sinestesia – manifestação de sensações ligadas a sentidos diferentes
ex: Gritam-se sons (auditiva) de cor (visual) e de perfumes (olfativa)
Adjetivação – sucessão de adjetivos