Obra Fuvest Livro Analise Mensagem
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OS LIVROS DA FUVEST
MENSAGEM
FERNANDO PESSOA
Questionário
ROGÉRIO HAFEZ
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MENSAGEM
FERNANDO ANTÔNIO NOGUEIRA PESSOA
Lisboa, 1888-1935
1. VIDA
• 1887
– Data suposta do nascimento do heterônimo RICARDO REIS, no
Porto. Um horóscopo feito por Pessoa situa-o em 19 de setembro, às
16h5m da tarde.
• 1888
– Nasce FERNANDO ANTÔNIO NOGUEIRA PESSOA, em l3 de
junho, às 15h20m.
• 1889
– Data suposta do nascimento do heterônimo ALBERTO CAEIRO,
em Lisboa, às 13h45m, em l6 de abril, segundo horóscopo feito por
Pessoa.
• 1891
– Data suposta do nascimento do heterônimo ÁLVARO DE
CAMPOS, em Tavira, às 13h30m, no dia 15 de outubro, segundo
horóscopo elaborado por Pessoa.
• 1893
– Fernando Pessoa perde o pai.
• 1894
– Morre o irmão Jorge.
– Fernando Pessoa cria o primeiro heterônimo infantil. Como relata o
poeta: “um certo CHEVALIER DE PAS dos meus seis anos, por
quem escrevia cartas dele a mim mesmo”.
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FERNANDO PESSOA
• 1895
– Fernando Pessoa escreve o seu primeiro poema, a quadra “À Minha
Querida Mamã”.
– A mãe do poeta casa-se por procuração com João Miguel Rosa,
cônsul português em Durban, na África do Sul.
• 1896
– Fernando Pessoa parte com a família para Durban, deixando em
Portugal a avó paterna, louca e internada num asilo.
– Começa seus estudos em uma escola católica irlandesa, o convento
de West Street, em Durban, onde aprende inglês e faz a primeira
comunhão. Sua leitura predileta: — “As Aventuras do Sr. Pickwick”,
de Charles Dickens.
• 1899
– Matricula-se na High School.
– Aparece um novo heterônimo: ALEXANDER SEARCH, em nome
do qual Pessoa escreve cartas em inglês a si mesmo.
• 1901
– Começa a escrever poemas em Inglês.
– Viagem de férias a Lisboa, com a mãe e o padrasto, que transportam
na viagem o corpo de uma meia-irmã morta.
• 1902
– Escreve em Durban o poema “Quando Ela Passa”, presumivelmente
inspirado na morte da irmã.
• 1904
– Pessoa recebe o “Queen Victoria Memorial Prize”, pela sua prova
de admissão à Universidade do Cabo.
– Leituras em inglês: Milton, Byron, Shelley, Keats, Tennyson, Carlile
e Edgar Allan Poe.
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MENSAGEM
• 1905
– Fernando Pessoa regressa definitivamente a Lisboa, com intenção
de se inscrever no Curso Superior de Letras. Lê Shakespeare,
Wordsworth, os filósofos gregos e alemães. Toma contato com a
poesia francesa, especialmente a de Baudelaire. Lê os poetas portu-
gueses: CESÁRIO VERDE e CAMILO PESSANHA. Continua a
escrever poesia e prosa em língua inglesa.
• 1907
– Fernando Pessoa abandona o Curso Superior de Letras e monta uma
tipografia: a Empresa Ibis – Tipografia Editora – Oficinas a Vapor,
que mal chega a funcionar.
• 1908
– Começa a trabalhar como “correspondente estrangeiro” em casas
comerciais, profissão que exerceu até a morte. Pessoa escolhe uma
vida discreta, mas livre, sem obrigações fixas, nem horários. O ser
poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação.
• 1910
– Revolução Republicana em Portugal. Teófilo Braga assume a
presidência do Governo Provisório da República.
• 1912
– Fernando Pessoa começa sua colaboração na revista A Águia. Inicia
correspondência com Mário de Sá-Carneiro, que, de Paris, manda a
Pessoa notícias do Cubismo e do Futurismo. Desenha-se na mente
do poeta o primeiro perfil de RICARDO REIS.
• 1913
– Surge o Paulismo, movimento poético que Pessoa considera um
avanço em relação ao Simbolismo e ao Neossimbolismo.
– Pessoa escreve, em inglês, o poema “Epithalamium” e, em
Português, o drama estático “O MARINHEIRO”, em que há
influência também do Simbolismo. Vai elaborando o projeto de
vários livros.
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FERNANDO PESSOA
• 1914
– Eclode a Primeira Grande Guerra.
– Pessoa publica “Pauis”, sob o título de “Impressões do Crepúsculo”.
Inicia-se a ruptura com a corrente saudosista de Teixeira dos Pascoais
e Afonso Lopes Vieira.
– Aparecimento do heterônimo ALBERTO CAEIRO, com os
poemas de “O GUARDADOR DE REBANHOS”. Surgem textos
também dos dois discípulos do “mestre” Caeiro: — RICARDO
REIS e ÁLVARO DE CAMPOS.
– Pessoa compõe a “ODE TRIUNFAL”, encaminhando-se para o
SENSACIONISMO e o FUTURISMO, sob o heterônimo de
Álvaro de Campos. Compõe ainda “CHUVA OBLÍQUA” (poesia
ortonímica), delineando o INTERSECCIONISMO.
• 1915
– Surge a revista Orpheu, marco inicial do Modernismo Português. O
primeiro número de Orpheu, dirigido por Luís de Montalvor e
Ronald de Carvalho, publica os poemas “Ode Triunfal” e “Opiário”
(Álvaro de Campos) e “O Marinheiro” (F. Pessoa). No segundo
número, saem “Chuva Oblíqua” e “Ode Marítima”.
– Fernando Pessoa inicia-se no esoterismo, traduzindo um Tratado de
Teosofia.
• 1916
– Sá-Carneiro suicida-se. “Morre jovem o que os deuses amam”, dirá
mais tarde Pessoa do amigo morto, e cuja morte fora por ele
“pressentida”, numa premonição que acometera o poeta, nessa época
envolvido com a astrologia, com o cabalismo, com o esoterismo.
Essa vertente ocultista e mística terá outros desdobramentos na vida
e na obra de Pessoa.
• 1917
– Surge a revista Portugal Futurista, dirigida por Almada Negreiros e
Santa-Rita Pintor, com colaborações de Fernando Pessoa, que
também escreve para as revistas Exílio e Centauro.
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MENSAGEM
• 1918
– Pessoa publica Antinous e 35 Sonnets, em inglês.
– Atentado a Sidônio Pais, o “Presidente-Rei”, a quem Pessoa dedi-
cará um poema, e em que via uma encarnação momentânea de
D. Sebastião.
• 1919
– O heterônimo Ricardo Reis exila-se no Brasil, pois não aceita a
República.
– Pessoa escreve os “Poemas Inconjuntos”, assinados por Alberto
Caeiro (apesar da morte presumida deste, em 1915).
• 1920
– Pessoa passa a morar com sua mãe, que regressara, viúva, da África
do Sul.
– Escreve cartas de amor a Ofélia, única ligação amorosa do poeta que
se conhece, distante e fugaz.
• 1921
– Publicação dos English Poems I, II e III.
• 1922
– Publicação, na revista Contemporânea, da novela “O Banqueiro
Anarquista”.
• 1924
– Na revista Athena, Álvaro de Campos polemiza com Fernando
Pessoa, “ele mesmo”, no ensaio “O que é a Metafísica?”
—Na mesma revista, publica os “Apontamentos a uma Estética
não Aristotélica”, que comparam as geometrias não euclidianas às
teorias de Einstein sobre a Relatividade.
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FERNANDO PESSOA
• 1925
– Morte da mãe do poeta.
– Fim da revista Athena.
• 1929
– Novas cartas de Pessoa a Ofélia, manifestando a incompatibilidade
entre o casamento e projetos literários dele.
• 1930
– Pessoa é implicado no que aconteceu com o ocultista esotérico
Aleister Crowley, desaparecido misteriosamente durante uma visita
a Portugal.
– Período fecundo de criação poética: poemas de Caeiro, Reis, Campos
e Pessoa, “ele mesmo”.
• 1933
– Pessoa sofre uma crise profunda de neurastenia. A produção poética
continua intensa, sobretudo a de Fernando Pessoa “ortônimo”.
• 1934
– Publica MENSAGEM, livro de poemas de cunho místico-naciona-
lista, única obra em português editada em vida. Concorre, com esse
livro, a um prêmio literário. Obtém o segundo lugar.
• 1935
– Morre Fernando Pessoa, em 30 de novembro, no Hospital São Luís,
em Lisboa, onde tinha sido internado dois dias antes, com “cólica
hepática” – cirrose.
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MENSAGEM
1.2. A poesia e a prosa de Fernando Pessoa
Poesia
Prosa
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2. ASPECTOS GERAIS DA POESIA
DE FERNANDO PESSOA
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MENSAGEM
traço de histeria que existe em mim. Não sei se sou simplesmente histérico, se sou,
mais propriamente, um histeroneurastênico. Tendo para esta segunda hipótese,
porque há em mim fenômenos de abulia que a histeria, propriamente dita, não
enquadra no registo dos seus sintomas. Seja como for, a origem mental dos meus
heterónimos está na minha tendência orgânica e constante para a despersonalização
e para a simulação. Estes fenômenos — felizmente para mim e para os outros —
mentalizaram-se em mim; quero dizer, não se manifestam na minha vida prática,
exterior e de contato com outros; fazem explosão para dentro e vivo — os eu a sós
comigo. Se eu fosse mulher — na mulher os fenômenos histéricos rompem em
ataques e coisas parecidas — cada poema de Álvaro de Campos (o mais
histericamente histérico de mim) seria um alarme para a vizinhança. Mas sou
homem — e nos homens a histeria assume principalmente aspectos mentais; assim
tudo acaba em silêncio e poesia...
Isto explica, tant bien que mal, a origem orgânica do meu heteronimismo.
Vou agora fazer-lhe a história direta dos meus heterónimos. Começo por aqueles que
morreram, e de alguns dos quais já me não lembro — os que jazem perdidos no
passado remoto da minha infância quase esquecida.
Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo
fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem
entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas,
como em todas, não devemos ser dogmáticos). Desde que me conheço como sendo
aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos,
carácter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas
como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida real.
Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem-me
acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta,
mas não alterando nunca a sua maneira de encantar.
Lembro, assim, o que me parece ter sido o meu primeiro heterónimo, ou,
antes, o meu primeiro conhecido inexistente — um certo Chevalier de Pas dos meus
seis anos, por quem escrevia cartas dele a mim mesmo, e cuja figura, não
inteiramente vaga, ainda conquista aquela parte da minha afeição que confina com
a saudade. Lembro-me, com menos nitidez, de uma outra figura, cujo nome já me
não ocorre mas que o tinha estrangeiro também, que era, não sei em quê, um rival
do Chevalier de Pas... Coisas que acontecem a todas as crianças? Sem dúvida —
ou talvez. Mas a tal ponto as vivi que as vivo ainda, pois que as relembro de tal
modo que é mister um esforço para me fazer saber que não foram realidades.
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Esta tendência para criar em torno de mim um outro mundo, igual a este
mas com outra gente, nunca me saiu da imaginação. Teve várias fases, entre as quais
esta, sucedida já em maioridade. Ocorria-me um dito de espírito, absolutamente
alheio, por um motivo ou outro, a quem eu sou, ou a quem suponho que sou.
Dizia-o, imediatamente, espontaneamente, como sendo de certo amigo meu, cujo
nome inventava, cuja história acrescentava, e cuja figura — cara, estatura, traje e
gesto — imediatamente eu via diante de mim. E assim arranjei, e propaguei, vários
amigos e conhecidos que nunca existiram, mas que ainda hoje, a perto de trinta anos
de distância, ouço, sinto, vejo. Repito: ouço, sinto vejo... E tenho saudades deles.
(Em eu começando a falar — e escrever a máquina é para mim falar —,
custa-me a encontrar o travão. Basta de maçada para si, Casais Monteiro! Vou
entrar na génese dos meus heterónimos literários, que é, afinal, o que V. quer saber.
Em todo o caso, o que vai dito acima dá-lhe a história da mãe que os deu à luz).
Aí por 1912, salvo erro (que nunca pode ser grande), veio-me à ideia
escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei umas coisas em verso irregular (não no
estilo Álvaro de Campos, mas num estilo de meia regularidade), e abandonei o caso.
Esboçara-se-me, contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa
que estava a fazer aquilo. (Tinha nascido, sem que eu soubesse, o Ricardo Reis).
Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me um dia de fazer uma partida
ao Sá-Carneiro — de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada, e
apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de realidade. Levei uns
dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira —
foi em 8 de Março de 1914 — acerquei-me de uma cômoda alta, e, tomando um
papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta
e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir.
Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um
título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém
em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe-me o absurdo
da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive.
E tanto assim que, escritos que foram esses trinta e tantos poemas, imediatamente
peguei noutro papel e escrevi, a fio, também, os seis poemas que constituem a Chuva
Oblíqua, de Fernando Pessoa. Imediatamente e totalmente... Foi o regresso de
Fernando Pessoa Alberto Caeiro a Fernando Pessoa ele só. Ou, melhor, foi a reação
de Fernando Pessoa contra a sua inexistência como Alberto Caeiro.
Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir — instintiva e
subconscientemente — uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo
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MENSAGEM
Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o
via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me
impetuosamente um novo indivíduo. Num jato, e à máquina de escrever, sem
interrupção nem emenda, surgiu a Ode Triunfal de Álvaro de Campos — a Ode com
esse nome e o homem com o nome que tem.
Criei, então, uma coterie inexistente. Fixei aquilo tudo em moldes de
realidade. Graduei as influências, conheci as amizades, ouvi, dentro de mim, as
discussões e as divergências de critérios, e em tudo isto me parece que fui eu, criador
de tudo, o menos que ali houve. Parece que tudo se passou independentemente de
mim. E parece que assim ainda se passa. Se algum dia eu puder publicar a discussão
estética entre Ricardo Reis e Álvaro de Campos, verá como eles são diferentes, e
como eu não sou nada na matéria.
Quando foi da publicação de Orpheu, foi preciso, à última hora, arranjar
qualquer coisa para completar o número de páginas. Sugeri então ao
Sá-Carneiro que eu fizesse um poema “antigo” do Álvaro de Campos — um poema
de como o Álvaro de Campos seria antes de ter conhecido Caeiro e ter caído sob a
sua influência. E assim fiz o Opiário, em que tentei dar todas as tendências latentes
do Álvaro de Campos, conforme haviam de ser depois reveladas, mas sem haver
ainda qualquer traço de contato com o seu mestre Caeiro. Foi dos poemas que tenho
escrito, o que me deu mais que fazer, pelo duplo poder de despersonalização que tive
que desenvolver. Mas, enfim, creio que não saiu mau, e que dá o Álvaro em botão...
Creio que lhe expliquei a origem dos meus heterónimos. Se há porém
qualquer ponto em que precisa de um esclarecimento mais lúcido — estou
escrevendo depressa, e quando escrevo depressa não sou muito lúcido — , diga, que
de bom grado lho darei. E, é verdade, um complemento verdadeiro e histérico: ao
escrever certos passos das Notas para recordação do meu Mestre Caeiro, do Álvaro
de Campos, tenho chorado lágrimas verdadeiras. É para que saiba com quem está
lidando, meu caro Casais Monteiro!
Mais uns apontamentos nesta matéria... Eu vejo diante de mim, no espaço
incolor mas real do sonho, as caras, os gestos de Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de
Campos. Construí-lhes as idades e as vidas. Ricardo Reis nasceu em 1887 (não me
lembro do dia e mês, mas tenho-os algures), no Porto, é médico e está presentemente
no Brasil. Alberto Caeiro nasceu em 1889 e morreu em 1915; nasceu em Lisboa, mas
viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão nem educação quase alguma.
Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de Outubro de 1890 (às 1.30 da tarde,
diz-me o Ferreira Gomes; e é verdade, pois, feito o horóscopo para essa hora, está
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FERNANDO PESSOA
certo). Este, como sabe, é engenheiro naval (por Glasgow), mas agora está aqui em
Lisboa em inatividade. Caeiro era de estatura média, e, embora realmente frágil
(morreu tuberculoso), não parecia tão frágil como era. Ricardo Reis é um pouco, mas
muito pouco, mais baixo, mais forte, mas seco. Álvaro de Campos é alto (1,75 m de
altura, mais 2 cm do que eu), magro e um pouco tendente a curvar-se. Cara rapada
todos — o Caeiro louro sem cor, olhos azuis; Reis de um vago moreno mate; Campos
entre branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e
normalmente apartado ao lado, monóculo. Caeiro, como disse, não teve mais educação
que quase nenhuma — só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e
deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha,
tia-avó. Ricardo Reis, educado num colégio de jesuítas, é, como disse, médico; vive no
Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É um
latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria. Álvaro de
Campos teve uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar
engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente
de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre.
Como escrevo em nome desses três?... Caeiro por pura e inesperada
inspiração, sem saber ou sequer calcular que iria escrever. Ricardo Reis, depois de
uma deliberação abstrata, que subitamente se concretiza numa ode. Campos,
quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê. (O meu semi-hete-
rónimo Bernardo Soares, que aliás em muitas coisas se parece com Álvaro de
Campos, aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um
pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibição; aquela prosa é um
constante devaneio. É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a
minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos
o raciocínio e a afetividade. A prosa, salvo o que o raciocínio dá de ténue à minha,
é igual a esta, e o português perfeitamente igual; ao passo que Caeiro escrevia mal
o português, Campos razoavelmente mas com lapsos como dizer “eu próprio” em
vez de “eu mesmo”, etc., Reis melhor do que eu, mas com um purismo que considero
exagerado. O difícil para mim é escrever a prosa de Reis — ainda inédita — ou de
Campos. A simulação é mais fácil, até porque é mais espontânea, em verso).
Nesta altura estará o Casais Monteiro pensando que má sorte o fez cair,
por leitura, em meio de um manicómio. Em todo o caso, o pior de tudo isto é a
incoerência com que o tenho escrito. Repito, porém: escrevo como se estivesse
falando consigo, para que possa escrever imediatamente. Não sendo assim,
passariam meses sem eu conseguir escrever.
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MENSAGEM
Falta responder à sua pergunta quanto ao ocultismo (escreveu o poeta).
Pergunta-me se creio no ocultismo. Feita assim, a pergunta não é bem clara;
compreendo porém a intenção e a ela respondo. Creio na existência de mundos
superiores ao nosso e de habitantes desses mundos, em experiências de diversos
graus de espiritualidade, subtilizando até se chegar a um Ente Supremo, que presu-
mivelmente criou este mundo. Pode ser que haja outros Entes, igualmente Supremos,
que hajam criado outros universos, e que esses universos coexistam com o nosso,
interpenetradamente ou não. Por estas razões, e ainda outras, a Ordem Extrema do
Ocultismo, ou seja, a Maçonaria, evita (exceto a Maçonaria anglo-saxônica) a
expressão “Deus”, dadas as suas implicações teológicas e populares, e prefere dizer
“Grande Arquiteto do Universo”, expressão que deixa em branco o problema de se
Ele é criador, ou simples Governador do mundo. Dadas estas escalas de seres, não
creio na comunicação direta com Deus, mas, segundo a nossa afinação espiritual,
poderemos ir comunicando com seres cada vez mais altos. Há três caminhos para
o oculto: o caminho mágico (incluindo práticas como as do espiritismo,
intelectualmente ao nível da bruxaria, que é magia também), caminho místico, que
não tem propriamente perigos, mas é incerto e lento; e o que se chama o caminho
alquímico, o mais difícil e o mais perfeito de todos, porque envolve uma
transmutação da própria personalidade que a prepara, sem grandes riscos, antes
com defesas que os outros caminhos não têm. Quanto a «iniciação» ou não, posso
dizer-lhe só isto, que não sei se responde à sua pergunta: não pertenço a Ordem
Iniciática nenhuma. A citação, epígrafe ao meu poema Eros e Psique, de um trecho
(traduzido, pois o Ritual é em latim) do Ritual do Terceiro Grau da Ordem Templária
de Portugal, indica simplesmente — o que é facto — que me foi permitido folhear
os Rituais dos três primeiros graus dessa Ordem, extinta, ou em dormência desde
cerca de 1881. Se não estivesse em dormência, eu não citaria o trecho do Ritual, pois
se não devem citar (indicando a ordem) trechos de Rituais que estão em trabalho.
Creio assim, meu querido camarada, ter respondido, ainda com certas
incoerências, às suas perguntas. Se há outras que deseja fazer, não hesite em
fazê-las. Responderei conforme puder e o melhor que puder. O que poderá suceder,
e isso me desculpará desde já, é não responder tão depressa.
Abraça-o o camarada que muito o estima e admira.
Fernando Pessoa
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3. O NACIONALISMO MÍSTICO DE MENSAGEM
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MENSAGEM
Tudo o que vemos é outra coisa,
A maré vasta, a maré ansiosa,
É o eco de outra maré que está
Onde é real o mundo que há.
Mensagem
(3 partes)
1.a parte: 2.a parte: 3.a parte:
“Brasão” “Mar Português” “O Encoberto”
(5 subdivisões) (12 subdivisões) (3 subdivisões)
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I – “Os Campos” — “Os Castelos”
(2 poemas) — “O das Quinas”
— “Ulisses”
— “Viriato”
— “Conde D. Henrique”
II – “Os Castelos” — “D. Tareja”
(7 + 1 mitos) — “Afonso Henriques”
— “D. Dinis”
— “D. João I e D. Filipe”
1.a parte:
“Brasão”
IV – “A Coroa”
(um poema de 12 versos)
— “A Cabeça do Grifo”
V – “O Timbre” — “Uma asa”
(3 poemas) — “Outra asa”
I – “O Infante”
II – “Horizonte”
III – “Padrão”
IV – “O Mostrengo”
2.a parte: V – “Epitáfio de Bartolomeu Dias”
VI – “Os Colombos”
“Mar Português”
VII – “Ocidente”
(12 subdivisões) VIII – “Fernão de Magalhães”
IX – “Ascensão de Vasco da Gama”
X – “Mar Português”
XI – “A Última Nau”
XII – “Prece”
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MENSAGEM
— “D. Sebastião”
— “O Quinto Império”
I – “Os Símbolos”
— “O Desejado”
(5 poemas)
— “As Ilhas Afortunadas”
— “O Encoberto"
3.a parte:
— “O Bandarra”
“O Encoberto” II – “Os Avisos”
— “Antônio Vieira”
(3 subdivisões) (3 poemas)
— “Terceiro”
— “Noite” (3 partes)
— “Tormenta”
III – “Os Tempos”
— “Calma”
(5 poemas)
— “Antemanhã”
— “Nevoeiro”
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I – Os Campos
Primeiro / Os Castelos
1
Esfíngico = relativo a esfinge. Esse olhar “esfíngico” projeta já o destino de Portugal no
oceano.
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MENSAGEM
Seguem-se os três “Avisos”: o primeiro, de Bandarra, poeta que em
suas trovas popularizou e profetizou o mito da volta de D. Sebastião; o
segundo, do Padre Antônio Vieira, que em suas obras proféticas reforçou
a crença na volta do jovem rei, desaparecido nas areias do Marrocos, na
batalha de Alcácer-Quibir (1578); o terceiro “aviso” insinua-se como sendo
do próprio Fernando Pessoa, que fecha a segunda subdivisão de O enco-
berto que se aproxima messianicamente do poema “Nevoeiro”, que remete
ao século XX e é o último de Mensagem.
NEVOEIRO
(...)
“Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!”
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FERNANDO PESSOA
com isso, muitas outras coisas.” (“Carta a Adolfo Casais Monteiro”, in
Obras em Prosa).
Convém recordar que Mensagem faz parte da poesia ortonímica de
Fernando Pessoa e, pela sua arquitetura extremamente rigorosa e acabada,
constitui um contraponto à natureza fragmentada do conjunto da obra
heteronímica. Todavia, isso não significa que se deva ler o livro à margem
do complexo jogo dos heterônimos. No subconjunto da poesia de Fernando
Pessoa “ele mesmo”, Mensagem ocupa um lugar especial, ao lado dos
poemas de inspiração mística ou ocultista, que costumam exigir do leitor
boa familiaridade com uma linguagem concisa e plena de material
simbólico. Trata-se, afinal, da obra de composição mais complexa realizada
pelo poeta, que nela trabalhou desde 1913.
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mar”), sem comportar divisões em seus doze poemas; “O Encoberto”, por
fim, divide-se em três seções (“Os Símbolos”, “Os Avisos”, “Os Tempos”)
e tem como epígrafe Pax in Excelsis (“Paz nas Alturas”), talvez anunciando
profeticamente o regresso de Portugal a sua primazia anterior.
V – O Timbre (3)
IV – A Coroa (1)
II. Os Castelos (7 + 1)
I. Os Campos (2)
Brasão de Portugal, com indicação das correspondências entre seus elementos e as seções da
primeira parte de Mensagem (entre parênteses, o número de poemas constantes de cada
seção). (Extraído da introdução de Carlos Felipe Moisés: F. Pessoa, Mensagem, S. Paulo:
Difel, 1986.)
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no exemplo de “D. Sebastião”), ora são abordadas por um eu lírico que lhes
é alheio. E é importante notar ainda que Pessoa seleciona os heróis de
Mensagem não propriamente pela grandeza de seus feitos, pela relevância
histórica e conhecida de seus gestos, mas sim pela elevação magnânima
indiciada no comportamento desses mesmos heróis, pela significação
espiritual e transcendente dos episódios em que estiveram envolvidos. As
figuras de Mensagem, inspiradas quase sempre por forças enigmáticas e
vozes proféticas, compõem uma nova história da grandeza e da “loucura”
do país. Esse fato pode ajudar a entender o recorte peculiar que Pessoa
impõe à galeria de vultos da história de Portugal: não é o dado histórico em
si o que merece a atenção primeira do poeta, mas sobretudo aquilo que na
história se deixa entrever e captar enquanto significado perene, atemporal
ou supra-histórico.
De fato, era o propósito de Pessoa celebrar um “supraPortugal”, à
maneira do “supraCamões” por ele mesmo prenunciado no início de suas
atividades como crítico literário. Camões é, aliás, a mais significativa
ausência no elenco de personalidades focalizadas no poema, embora haja
intertextualidade com Os Lusíadas. É preciso notar, nesse sentido, que
ocorre em Mensagem algo diverso do que se vê em Os Lusíadas, onde
Camões celebra a espantosa expansão marítima portuguesa e o vasto
império então conquistado, com o orgulho de poder opor à voz mítica das
musas da poesia antiga a veracidade histórica de seu canto:
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MENSAGEM
Pessoa, por sua vez, preferindo buscar na realidade histórica o aspecto
mítico e virtual de seus eventos, destacará em Mensagem a conquista por
Portugal de uma segunda “distância”, de um outro “mar”, aberto à aventura
dos argonautas do espírito:
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4. ANTOLOGIA E COMENTÁRIO
ULISSES
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VIRIATO
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D. DINIS
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D. SEBASTIÃO, REI DE PORTUGAL
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PADRÃO
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MENSAGEM
procede a distinção, recorrente em Mensagem, entre os dois “mares”, o
finito e o infinito, isto é, entre os planos humano e divino, o não transcen-
dente e o transcendente. O escudo de armas português, com suas cinco
quinas, representando as chagas de Cristo, aponta para a conquista do “mar
sem fim”, e Diogo Cão lança-se, nessa busca da serenidade divina, ao
“porto sempre por achar”.
O MOSTRENGO
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Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
“Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!”
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OCIDENTE
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PRECE
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O QUINTO IMPÉRIO
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Nota: Este poema é o segundo da primeira seção, “Os Símbolos”, da terceira
parte do livro, “O Encoberto”. Canta o tema, recorrente em Mensagem, da
necessidade imperiosa da viagem, da conquista, do inconformismo diante
dos limites cotidianos. Observe-se, porém, que essa necessidade é afirmada
mesmo que, paradoxalmente, o cotidiano em questão seja feliz. “Triste de
quem é feliz!” é a contradição agora forjada por Pessoa. Isso distingue a
argumentação deste poema dos motivos que geralmente justificam a
transgressão sonhadora, o engajamento em determinada mitologia, como
acabamos de ver em “Prece”, poema anterior nesta antologia. “O Quinto
Império” caracteriza-se ainda por retornar uma imagem inicialmente
encontrada nas profecias de Daniel, que interpreta um sonho de
Nabucodonosor como sendo a representação dos quatro grandes impérios
então conhecidos pela humanidade (Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma), aos
quais se seguiria o quinto, supostamente definitivo, o império de Cristo.
Pessoa, no entanto, adapta esse mito do “Quinto Império”, fazendo-o, por
um lado, coincidir com os símbolos do Sebastianismo e, por outro lado,
explicitar a gênese da tradição espiritual portuguesa e europeia (como se vê
na última estrofe). Segundo suas próprias palavras, a tradição portuguesa
“sendo espiritual, em vez de partir do Império material da Babilônia, parte,
antes, com a civilização em que vivemos, do império espiritual da Grécia,
origem do que, espiritualmente somos. E, sendo esse o Primeiro Império, o
Segundo é o de Roma, o Terceiro o da Cristandade, e o quarto o da Europa
— isto é, da Europa laica de depois da Renascença. Aqui o Quinto Império
terá que ser outro que o inglês, porque terá que ser de outra ordem.”
E conclui: “Nós o atribuímos a Portugal, para quem o esperamos.”
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O ENCOBERTO
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ANTÔNIO VIEIRA
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NEVOEIRO
É a hora!
Valete, Fratres.
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5. EXERCÍCIOS
I.
A.
Eis aqui se descobre a nobre Espanha,
Como cabeça ali de Europa toda.
B.
Eis aqui, quase cume de cabeça
De Europa toda, o reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa.
C.
A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando, (fitando = “olhando”)
E toldam-lhe românticos cabelos (toldam = “encobrem”)
Olhos gregos, lembrando.
2. De que recurso comum aos dois textos se valem os autores para elaborar
a descrição da Europa?
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II.
II. “Mar Português”
I. O INFANTE
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III.
II. “Mar Português”
II. HORIZONTE
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IV.
II. “Mar Português”
VI. OS COLOMBOS
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V.
II. “Mar Português”
X. MAR PORTUGUÊS
Nota: Este é um dos poemas mais famosos de Mensagem, seja porque não
oferece a dificuldade de outros poemas do livro, seja por seu tom
tocantemente lamentativo, seja pelos versos iniciais da segunda estrofe, que
contêm uma expressão que se tornou proverbial: “Tudo vale a pena se a
alma não é pequena”.
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VI.
III. “O Encoberto”
I. “Os símbolos”
I. D. SEBASTIÃO
11. Relacione os dois versos finais desse poema com o outro poema
dedicado a D. Sebastião (pág. 39). Qual o trecho do poema anterior que
corresponde ao sentido desses versos finais?
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6. RESPOSTAS
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MENSAGEM
o descobridor da América, Cristóvão Colombo, porque as conquistas
lusas não se reduzem ao mundo material e despido de mistério, pois esses
Colombos portugueses se voltam para o Longe, evocado pela magia.
12. Em Os Lusíadas, Camões afirma que está celebrando feitos reais, não
imaginários, ou seja, o poeta se orgulha de ter como assunto fatos
históricos, cuja grandeza supera as façanhas dos heróis míticos da
Antiguidade. Não deixa de elaborar uma visão mítica, mas baseada na
história. Em Mensagem, ao contrário, Fernando Pessoa põe em segundo
plano os eventos da história portuguesa, para celebrar a “loucura”, o
“sonho”, o “ideal” das grandes figuras do país, que são apresentadas no
livro não em sua dimensão histórica, mas em sua estatura mítica.
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