Livro 4 - Confecção e Colocação
Livro 4 - Confecção e Colocação
Livro 4 - Confecção e Colocação
CIVIL
ISBN 978-85-9502-048-1
CDU 69
Introdução
O concreto armado é a solução mais utilizada na indústria da construção
civil brasileira. As características estruturais do empreendimento defi-
nem o melhor sistema a ser utilizado, porém, ao optar pela utilização de
concreto armado, a maioria das obras ainda utiliza forma de madeira,
com escoramento metálico para sua execução. Apesar de existirem no
mercado, as formas industrializadas, estas ainda não são usadas em larga
escala no Brasil. Sua maior vantagem está na diminuição da mão de obra
do canteiro, o que é possível obter de forma abundante e barata.
Os sistemas de formas metálicas mais caros garantem uma produtivi-
dade potencial alta em condições ideais, ou seja: quando se têm grandes
panos de lajes sem vigas ou quando o número de repetições é muito
elevado, visto que o material permite reutilização.
Assim, todo Engenheiro Civil ou Arquiteto deve dominar a técnica de
confecção, montagem e escoramento de formas em madeira, processos
que consomem, em média, 26% do prazo total de execução de uma obra.
Formas: confecção e colocação 131
Tipos de formas
Neste item serão descritos os tipos de formas para cada aplicação.
a) Sapata solada
b) Escalonada (ver Figura 2):
■ Etapa 1: consiste em colocar sobre o concreto magro uma caixa sem
fundo e sem tampa. Colocar estroncas e pranchas (para o travamento
da caixa, pregadas na caixa e escoradas no terreno). Colocar a arma-
dura da sapata, a armadura de espera do pilar e, por fim, concretar.
■ Etapa 2: colocar a segunda caixa sem fundo e sem tampa e escorar
lateralmente. Concretar.
■ Etapa 3: repetir a segunda etapa.
■ Etapa 4: forma do pilar.
Formas de pilares
São compostas, normalmente, por quatro painéis de chapas (12 mm) ou tábuas
(25 mm), conforme ilustrado na Figura 5.
Considerações gerais
Reforços:
Contraventamento e travamento
Os pilares devem ser contraventados em duas direções perpendiculares, sendo
o contravento (2,5 x 10,0 cm ou 2,5 x 15,0 cm) fixado nos painéis e em tacos
de madeira previamente chumbados na laje.
O travamento horizontal, que também deve ser pregado nos painéis, deve
ser feito nos pilares externos em apenas uma direção. Os pilares internos são
travados com os externos.
O primeiro colarinho (gravata de fixação do pilar – também chamado
gastalho) pode ser fixado na laje, através de pregos anteriormente chumbados.
Formas: confecção e colocação 139
As formas para pilares com mais de 3,0 m de altura devem ser dotadas
de janela de concretagem, o mesmo devendo acontecer quando há grande
densidade de armadura.
Na base do pilar, as formas devem apresentar uma janela de inspeção
(altura aproximadamente de 30 cm), para que possa ser feita a amarração da
armadura do pilar e a armadura de espera, para verificação da posição correta
da armadura e também para limpeza do fundo do pilar.
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Pilares circulares
As formas para pilares circulares podem ser feitas de várias maneiras (veja
a Figura 7):
Quantidade de material.
Mão de obra especializada.
O pilar fica com estrias salientes depois de pronto, devendo ser revestido
para melhor acabamento.
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Formas de vigas
As formas de vigas não devem ser apoiadas sobre o painel da forma do pilar,
para que seja possível fazer a desmoldagem dos painéis laterais da viga.
Viga interna
São vigas que possuem lajes de ambos os lados (a viga fica entre as lajes – veja
a Figura 9).
144 Construção civil
São vigas que possuem lajes apenas de um lado. A laje não possui armadura
negativa, pois não é contínua, a não ser no caso de marquises (veja a Figura 10).
Formas: confecção e colocação 145
Viga isolada
Viga invertida
Viga que, ao invés da laje estar na parte superior, ela está na parte inferior, ou
seja, o painel de fundo da viga é o próprio painel da laje. Para escoramento
dos painéis da viga, podemos colocar gravatas com pontas, preenchendo pos-
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Figura 11. Formas para vigas invertidas e com rebaixos nas lajes.
Fonte: Cardão (1988).
Formas: confecção e colocação 147
As formas das vigas podem ser feitas com painéis de tábuas ou de chapas de
compensado à prova d’água. Quando forem utilizados painéis de compensado,
devem ser colocados reforços (ripões) para o painel não flambar.
Quando houver madeira sobrando, podem ser utilizados pontaletes maiores, que
já servem também como gravatas (mas somente quando os pontaletes forem
de pinho).
As escoras da viga não devem coincidir com as gravatas.
O painel de fundo da viga deve ser sempre colocado entre os painéis laterais para
facilitar a desmoldagem.
Para garantir o recobrimento das armaduras, devem ser utilizados espaçadores
(normalmente rapaduras de argamassa), amarrados na armadura.
Formas de lajes
Recomenda-se painéis de chapas compensadas à prova d’água, com espessura
mínima de 12 mm, colocando-se caibros, normalmente, a cada 50 cm, sendo que
esta distância pode variar de acordo com a espessura da laje – entre 8 e 9 cm,
80 cm de espaçamento; acima disto, 1,0 m de espaçamento. Em vez de chapas,
podem ser usadas tábuas (2,5 cm) na confecção dos painéis, dispensando,
assim, o caibramento, porém, os painéis de chapas podem ser reaproveitados
mais vezes. Para manter uniforme a altura da laje, são pregadas duas tábuas
nas extremidades do painel da laje, nivelando-se o concreto com uma régua de
madeira. Quando o painel ultrapassar 3 m de largura, deve ser colocada mais
uma guia no centro, para facilitar o nivelamento – veja a Figura 13.
Formas de escadas
As escadas devem, antes de tudo, oferecer conforto aos seus usuários. Para que
isto seja possível, devem ser dimensionadas e executadas seguindo algumas
regras básicas (veja a Figura 14):
Formas leves
Sistema modular formado por painéis de dimensões variadas que são articula-
dos conforme o projeto para compor diversas medidas de formas. Os painéis
são estruturados em perfis de aço galvanizado revestidos com chapas de
laminado melamínico ou fenólico. Acessórios especiais garantem o esquadro,
o prumo e a conexão entre os painéis, que podem ser montados manualmente.
Os componentes mais pesados não atingem 40 kg.
Aplicação sem limites em estruturas retilíneas. Alguns fornecedores tra-
balham com projetos de seção circular, desde que os diâmetros sejam maiores
que 6,0 metros. Podem ser utilizados em sistemas trepantes ou “voadores”.
Sua vocação principal é para obras rápidas.
Equipamentos necessários: todos os equipamentos e acessórios neces-
sários são fornecidos pela locadora.
Sistema deslizante
Formas feitas em metal ou madeira revestida em chapa metálica que deslizam
verticalmente impulsionadas por um sistema de macacos hidráulicos. As
plataformas de trabalho dos operários sobem também solidariamente à forma.
O processo exige concretagem contínua, 24 horas por dia.
Aplica-se especialmente a obras verticais com mais de 10,0 m de altura.
Silos, torres, pilares, caixa de escadas e de elevadores são bons exemplos de
aplicação do sistema. Permite a concretagem rápida de estruturas circulares,
retangulares ou piramidais.
Equipamentos necessários: Os equipamentos necessários – macacos,
andaimes especiais, barras de sustentação – integram o “pacote” de serviços.
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Sistema trepante
Sistemas de concretagem por etapas. Dois jogos de formas iguais são alternada-
mente elevados para um patamar superior de concretagem. Essa ascensão pode
ser feita mecanicamente, no caso de painéis pesados, ou manualmente, quando
utilizados painéis leves. O sistema permite a interrupção da concretagem.
Permite a construção de estruturas verticais, sendo uma opção as formas
deslizantes. Paredes também podem ser executadas com o sistema.
Equipamentos necessários: os equipamentos necessários integram o
“pacote” de serviços.
Sistemas voadores
São grandes painéis, montados ao nível do chão e depois transportados até os
pontos de concretagem por meio de guindastes ou gruas. As peças podem ser
feitas de vários materiais (metálicos, plásticos, laminados), mas geralmente
são montadas com chapas de compensado resinado ou plastificado.
Servem tanto para a execução de estruturas verticais como horizontais:
paredes, lajes, vigas e pilares. São dirigidas também a obras rápidas.
Equipamentos necessários: exige a locação de uma grua ou guindaste
durante todo o tempo de execução.
Tábuas
Aplicações: painéis de vigas, de lajes, de pilares, escadas, reservatórios,
muros, etc.
Nível de reutilização: variável, dependendo do projeto de forma e dos
cuidados na montagem e desmoldagem (2 a 3 vezes).
Acabamento obtido: textura grossa, que pode ser usada arquitetoni-
camente para a composição de fachadas em estruturas de concreto
aparente.
Dimensões: 2,5 x 30 x 540 cm; 2,5 x 20 x 540 cm; 2,5 x 15 x 540 cm;
2,5 x 10 x 540 cm.
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Poliestireno expandido
Aplicações: lajes nervuradas e estruturas com caixão perdido.
Nível de reutilização: muito variável, dependendo dos cuidados na
etapa de desmoldagem.
Acabamento obtido: acabamento liso quando as caixas do material são
protegidas com plástico.
Fibra de vidro
Aplicações: lajes nervuradas.
Nível de reutilização: até 30 vezes, exigindo manutenção durante a obra.
Acabamento obtido: muito liso nas primeiras aplicações. Depois, exige
manutenção na fábrica.
Tubos de papelão
Aplicações: pilares de seção circular e estruturas com caixão per-
dido.
Nível de reutilização: material descartável, possibilita uma única
utilização.
Acabamento obtido: os tubos imprimem marcas sobre o concreto que
podem ser aproveitadas pela arquitetura.
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Têxteis
Aplicações: contenção de encostas, controle de erosão, execução de
diques, cabeceira de pontes, proteção de margens de rios, estruturas
submersas.
Nível de reutilização: material descartável, fica incorporado à estrutura.
Acabamento obtido: aplicável a obras não prediais, resulta em muros
semelhantes a pilhas de sacos.
Formas metálicas
Aplicações: na execução de formas de vigas, lajes, pilares, os painéis
podem ser de chapas metálicas em substituição aos de madeira, sendo
hoje sua maior utilização na confecção de pré-moldados. Com este
sistema os painéis são encaixados entre si, eliminando a necessidade
de reforços tais como: gravatas, arames, parafusos, etc., reduzindo-se
também a intervenção da mão de obra de carpinteiro.
Nível de reutilização: desde que haja limpeza e manutenção do equipa-
mento, chega-se ao nível de utilização de até 1.000 vezes.
Acabamento: o acabamento obtido é muito superior ao obtido com
formas de madeiras, dispensando normalmente a necessidade de
revestimento.
Desvantagem: o seu elevado custo inicial pode ser considerado o ponto
negativo deste tipo de formas.
Outros materiais
Leituras recomendadas
ALBUQUERQUE, A. Construções civis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1957.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15696:2009. Formas e
escoramentos para estruturas de concreto – Projeto, dimensionamento e procedimentos
executivos: Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
BAUD, G. Manual de pequenas construções. São Paulo: Hemus, 2002.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2000. v. I e II.
CARICCHIO, L. M. Construção civil. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpia, 1955.
MILITO, J. A. Apostila da disciplina de técnicas de construção civis e construção de edifícios.
Campinas: PUC, [2008].
PIANCA, J. B. Manual do construtor. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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