Dialnet DesconstrucaoDeEstereotiposNaEscola 5842607
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RESUMO
Este presente trabalho é a analise dos resultados de uma possibilidade de intervenção na escola,
com os alunos do ensino fundamental, localizada no bairro do Ibura. Objetivamos promover a
conscientização cidadã de sujeitos históricos nos alunos, com vista a impactar nas relações com
seus pares dentro da escola e na comunidade local. O Bairro do Ibura, anos 90, foi estigmatizado de
lugar violento, proporcionando um preconceito sobre seus moradores, legitimando, assim, mais um
processo de exclusão. A metodologia se deu por meio da sistematização do planejamento do projeto
de intervenção baseado nos princípios de Educação em Direitos Humanos e posteriormente pela
análise qualitativa da aplicação do projeto. O projeto consistiu em ciclos de debate com os alunos,
na qual abordamos valores e os pontos positivos da comunidade local, em detrimento da
abordagem indutiva tendenciosa feita pelos meios de comunicações, valorizando os moradores. Os
resultados mostraram a ampliação do respeito para com o outro que compartilha do mesmo
espaço, proporcionando aos alunos uma postura reflexiva, condizentes aos princípios de cidadania.
RESUMEN
1
E-mail: jessik.cdf@gmail.com. UFPE. Centro de Educação
2
E-mail: selma.f.silva@hotmail.com. UFPE. Centro de Educação
Revista Movimentos Sociais e Dinâmicas Espaciais, Recife, V. 03, N. 02, 2014
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NASCIMENTO, J.S; SILVA, S.F. Desconstrução de estereótipos na escola: um bairro para além de
um rótulo
INTRODUÇÃO
A temática a que nos propomos a dialogar, se constitui ao mesmo tempo como uma reflexão
teórica acerca dos pressupostos norteadores da valorização da cidadania ainda nos anos iniciais,
sobretudo nos espaços escolares. Haja vista que a abordagem nessa temática no currículo escolar e
as atividades pedagógicas propostas são, ainda, apreendidas como importantes quando as crianças
estão no ensino fundamental e/ou na educação infantil. Ao deixarmos de trabalhá-los, estamos
reforçando as relações de intolerância e verticalização á formação cidadã dos sujeitos.
De algum modo, podemos configurar essa reflexão, muito presente apenas nos anos finais
do ensino do ensino fundamental e no decorrer do ensino médio, um pensamento tardio,
insuficiente para dar conta dos diferentes indicadores que interferem no desenvolvimento pleno do
educando, a sua sistematização ainda é prevista apenas nos anos finais, ensino médio.
O outro ponto, importante, é uma possibilidade de intervenção na escola a fim de resgatar o
sentido de valorização dos pequenos sujeitos da escola e moradores da comunidade local. No tópico
“Contexto histórico dos avanços ao Direito de Todos” abordaremos o processo histórico excludente
presente nas relações sociais, é pertinente trazemos a crise do modelo capitalista, contextualizando
o surgimento da lógica individualista Neoliberal, Toyotista, um dos pilares fundamentais.
Logo, após, temos o tópico O Plano Nacional em Educação em Direitos Humanos: uma
proposta necessária e recente nas escolas, pontuando-se a necessidade inerente da concepção
de sujeito digno de direito, principalmente, quando ao individuo é acometido por violências ora
físicas ora morais, em espaços escolares e comunidade local.
Já em “O lócus da intervenção: uma escola no bairro do Ibura estereotipada como
violenta”, tentaremos caracterizar e posteriormente desconstruir alguns preconceitos, tais como
os moradores do Ibura “são pessoas agressivas”, “a comunidade é um lugar perigoso”. Importante
reconhecermos o local das vivencias dos alunos na construção de suas representações sociais,
então percebemos a questão da violência como um fator externo na medida em que não retrata a
realidade daquelas pessoas, ao mesmo tempo em que esse conjunto simbólico é internalizado ao
longo do processo histórico de desenvolvimento desses indivíduos.
O nosso objetivo é de verificar até que ponto o rótulo de bairro violento contribui na
formação dessas crianças na perspectiva de cidadania, proporemos assim atividades de reflexão
nessa perspectiva. Então é fundamental delinearmos no tópico “Os direitos humanos: desconstrução
de estereótipos da violência” possibilitando, desse modo, uma reflexão critica á respeito dos
preconceitos enfrentados pela comunidade. Logo após sugerimos atividades pedagógicas que
ampliem e ressignifique o sentido de cidadania.
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ascensão social dos indivíduos, mas devido às condições reais instauradas em cada classe social, o
sistema neoliberal mantém apenas a estrutura já consolidada.
Nesse contexto, atualmente, o união homoafetiva se enquadra nessa lógica dos excluídos, até
mesmo porque, a igreja católica teve em uma de suas fases de maior ascensão forte influência no
mercado capitalista, os clérigos e arcebispos detiam muitas terras e também legitimavam assim o
que era aceitável na sociedade. Podemos citar também a luta das mulheres por um espaço frente
ao que foi estereotipado ser mulher. Então ser mulher corresponde a um padrão. E que
evidentemente tem forte relação do que foi estabelecido ser homem. A relação de poder existente,
como base principalmente no controle e na manutenção do próprio sistema capitalista; o de ordem.
Podemos falar ainda da resistência a valorização da cultura africana. Pois os negros, mesmo
sendo parte da formação do que consideramos hoje ser brasileiro, o que temos é um perfil
comercial forjado da Europa, negando em principio a própria constituição de formação nacional e
com forte sentido de desvalorização da origem africana. A Europa exerce o papel de dominação
sobre os demais países, a relação de poder que a Europa tem estabelece as normas sobre os demais.
Sobre o preconceito a etnia negra, enraizado ainda no período pré-colonial, onde se
argumentavam que os povos vindos da África seriam inferiores aos dominantes europeus
portugueses. O que a realidade silenciada pela cultura dominante revela sobre a abolição dos
escravos em 1888, através da Lei Áurea, nos permite entender a buscava apenas a
atingir objetivos políticos, esquecendo-se dos aspectos humanos e sociais, se tornando um dos
determinantes do destino econômico, social e político dos ex-escravos, caracterizando-se na
história do país, como um legítimo e grandioso processo de exclusão de grupos sociais, com
repercussão até os tempos atuais, expressos por meio racismo, desemprego, sentimentos de
inferioridade e condições de vida precária.
Alinhados a esse marco iniciado no período colônia, podemos elencar vários processos de
exclusão ao modelo econômico vigente que afligem ao respeito da dignidade africana. Por exemplo,
o padrão de beleza imposto no nosso país, originado da classe dominante e reproduzido como o
padrão de beleza, é estabelecido de acordo com os padrões exteriores; o ser branca, magra, alta, de
olhos claros. As características físicas que não atendem a esse requisito, doravante estarão
excluídas das relações do jogo econômico. E consequentemente essa exclusão não afetara apenas a
mercado, bem como os âmbitos políticos, social, psicológico, interpessoal e educacional.
Com as reivindicações dos movimentos sociais o debate no cenário político educacional vem
sendo reconfigurado desde a década de 80, ou seja, passa à concepção de administração pública
vinculada ao gerencialismo corporativo ao poder de decisão coletivo democrático. Este,
gerencialismo, portanto, centra as deliberações com o intuito de controle, o que também significa
manter um modelo padronizado do que é aceitável na própria sociedade, negando outro diferente.
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Isso não quer dizer que esta apreensão não esteja mais presente nos espaços organizacionais
educacionais atuais, porém menos acentuada. O que temos de mais recente deriva das lutas dos
movimentos sociais em prol de redemocratização nacional, ou seja, do direito de participação e de
decisão de todos.
Os processos de redemocratização mobilizaram um repensar no modo de se conceber a
intervenção estatal, cujas ações do Estado ganham maior sentido quando são anseios do povo para
o povo. Para que isso ocorresse, a escola, ao eleger os seus fins para a formação dos indivíduos na
sociedade, deve propor o reconhecimento desses sujeitos, proporcionando o acesso e a
permanência, despreconceituosamente, das diversidades existentes, sem, contudo deixar de
propiciar a esses diferentes segmentos uma educação ampla que auxilie na construção da
dignidade. De acordo com a LDB/96 esse alargamento do respeito à condição de todos, Art. 1º,
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Hoje, porém já podemos contar com o Plano Nacional em Educação em Direitos Humanos,
estabelecendo a imprescindibilidade da influência de instituições como a escola na relevante
necessidade de atentar as pessoas que não atendem aos padrões; considerando no seu currículo
pedagógico fatores que tenham sentido ao seu desenvolvimento e atitudes que rompam com todos
os tipos de estereótipos, pois esses roubam a essencial da dignidade humana.
Com o próprio PNEDH podemos verificar, em suas ações pragmáticas, o apoio à
implementação de experiências de interação da escola com a comunidade, que contribuam para a
formação da cidadania em uma perspectiva crítica dos direitos humanos, que desconstitua os
limites historicamente construídos e sedimentados PNEDH (2007).
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Sobretudo, por estarmos tratando de assuntos no campo dos direitos inerentes aos seres
humanos, intrinsecamente estamos nos referindo a Educação em Direitos Humanos. As
observações em uma escola municipal, localizada na periferia da cidade do Recife, PE e em algumas
outras realizadas nos espaços na própria entorno da comunidade, como praças e supermercados,
nos fizeram perceber nas falas dos alunos e moradores grande rejeição em se pertencer ao bairro.
Isso é saldo de uma construção histórica do povoamento de Recife.
No inicio da década de 1970, devido às cheias na região norte do Estado de Pernambuco, a
busca por um lugar livre dos desastres e alagamentos conduziram habitantes, das classes sociais
baixa renda á lugares ainda não planejados. Ou seja, o formato que o Bairro do Ibura possui hoje,
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60% não foi planejado e abrigou grande parte das pessoas sem condições econômicas de
sobrevivência á migrarem para essas regiões.
Assim, ainda são muito fortes as representações sócias presentes associando a violência
social com a condição econômica dos moradores desse bairro. Um dos motivos que nos ajudam a
entender essa manifestação preconceituosa se deu pelo processo histórico do permeado sempre
com esse tipo de representação de que a violência sócia tem cor e renda.
Os meios de comunicação contribuíram significantemente nessa construção. A comunidade
escolar e aos moradores do bairro do Ibura restaram o legado estereotipado de lugar violento,
remetendo evidentemente a concepção, que pelo víeis das representações sociais já esta
preestabelecido os conceitos a respeito dos indivíduos que lá residiam. Na década de 1990, os
meios de comunicação vincularam uma espécie de ranking Estadual, apontando o Ibura como um
dos bairros mais violentos do Estado e posteriormente do Brasil. Verificamos que essa afirmação
permanece até hoje, impactando nos moradores um sentimento de rejeição em si pertencer a essa
localidade.
Tendo em vista as contradições de pontos de vista existentes entre os alunos á sua identidade
enquanto morador, podemos atrelar ao fato das manifestações negativas apresentadas por outras
localidades da cidade ao se reportarem ao Ibura. Nota-se ainda, como essa ocorrência se materializa
no ambiente escolar, com as atitudes de rejeição e provocação entre os alunos, uma espécie de
conflito entre os pares ao incorporarem o estigma do local.
Então, na perspectiva do rótulo que o Ibura carrega de bairro violento, percebemos dentro da
abordagem em Direitos Humanos, a necessidade em desenvolver uma proposta visando à
valorização desses indivíduos enquanto ser histórico. Pois o que observamos na escola é um
desconhecimento dos alunos quantos aos efeitos e conseqüências de suas atitudes de brigas e
agressões tanto para si próprio quanto para os demais estudantes, como para a localidade onde
moram. Doravante não reconhecerem o ambiente escolar e o bairro como sendo violento, mas
apenas como preconceito dos que vem de fora. Existem muitos relatos de brigas entre os alunos,
antes de iniciar as aulas, durante as aulas e muitas vezes no final da aula, sem justificativas,
proporcionando um ambiente escolar intimidador e de rejeição entre os alunos.
Nos relatos dos alunos, a maioria desvincula o local de origem e como gosta de ser
reconhecido, há o discurso que dissocia o que a sociedade pensa ou pré estabeleceu sobre a
comunidade e suas próprias constituições. Com isso, informaram o esquivamento dos moradores
ao se dizerem pertencentes ao bairro, pois há associação do “rótulo” do lugar com as pessoas.
Percebemos que ocorreu uma naturalização da violência no bairro, podemos dizer até uma
banalização a respeito do assunto. A violência urbana é um fenômeno social inerente a qualquer
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sociedade, nela inclui-se a violência simbólica que é um tipo de violência velada, ideológica, que tem
como fim a indução de valores de uma classe social sobre a outra.
Sobre a violência simbólica anteriormente citada, verificamos a intencionalidade em
diferenciar modelos de espaço sociais. Isso está diretamente condicionado à relação de poder. Logo,
quem pertence aos espaços menos valorizados e menos prestigiados são da mesma forma
enquadrados com esse sentido de menor valor. Por isso atuamos na direção de valorizar os espaços
sociais, constituindo-se de fundamental importância para possibilitar condições ao
desenvolvimento dos indivíduos.
Em síntese, a internalização do pensamento de que, “moro no bairro violento”, e logo o
comportamento violento nos espaços escolares não causa mais estranhamento faz parte daquela
localidade, tornando-se então naturalizado, gerando a construção, incorporação e reprodução dessa
representação social, sem que os moradores tenham consciência desse efeito cascata. Esse tipo de
manifestação é uma espécie de violência simbólica aos moradores do bairro, na medida em que há
desvalorização dos sujeitos diante a sociedade; ainda sobre essa concepção, argumentada pelo
sociólogo francês Pierre Bourdieu que na cultura há um sistema normativo, onde exclui os sujeitos
a que ele não correspondam.
Os sistemas simbólicos são arbitrários, uma vez que não se assentam na diversidade presente
na realidade, mas em mitos e preconceitos, dados como algo natural. Então ser mulher, implica
necessariamente a existência do órgão sexual correspondente ao ser fêmea (caráter biológico) e um
conjunto de comportamentos e acessórios. Não se pensa nessa sociedade de cunho conservador e
verticalizado a concepção de mulher sem essas características. Isso diz respeito ao simbologia tão
presente, orientadora dos ditames socias. São exemplo à mulher é mais fraca do que o homem,
essas representações de alguma maneira são internalizadas como verdade. O Bourdieu retrata ser o
jogo de poder de quem dita quem é forte e quem é fraco, estratificando quem pode de quem não
pode. Direcionando quem vai ocupar o cargo de maior influencia sobre os demais.
Considerar os indivíduos excluídos é fundamental a fim de imprime-lhes a capacidade de
julgar, refletir e se desenvolver plenamente. Sobretudo, mesmo porque muitas vezes relegados na
sociedade, os alunos, crianças e adolescentes possuem direitos enquanto sujeitos e cidadãos
brasileiros tal como os das localidades prestigiadas, como visto na lei que dispõe sobre o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê Art. 5º,
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de
negligência discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão,
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais.
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De acordo com o art.5º verificamos o respaldo na condição de direitos das crianças e dos
adolescentes. E quando o Estatuto da Criança e do Adolescente trata da questão do direito a saúde,
reitera essa condição e importância dada à proteção a vida, como observamos no Art. 7º,
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promover análises entre os alunos na percepção da variedade e oferta dessa mesma localidade, o
discurso deve ser na valorização de pontos positivos. A acentuação dos pontos negativos favorece o
sentimento de desprezo no indivíduo enquanto morador do bairro, e com isso em vez de se
promover ações para reverter o quadro, acaba-se favorecendo os casos de violência.
É nesse ponto de partida que realizamos atividades na escola, onde o professor deve a partir
dos pontos positivos da comunidade, ressaltar as qualidades presentes nesse bairro. O professor
utilizando um mecanismo diferente do que os alunos estão acostumados em sala de aula, possibilita
outras experiências, reflexão e criatividade. Utilizamos, assim, ciclos de debate, como motivadores
das discussões: uma exposição do mapa do bairro na primeira intervenção, e nas últimas, duas
dinâmicas de grupo. Percebemos a necessidade de ampliar o olhar para além dos pontos negativos
do bairro.
Para sairmos desse rótulo de bairro violento, os conteúdos que discutimos e refletimos foram
direcionados aos aspectos positivos da localidade quanto aos seguintes aspectos: o Ibura possui um
espaço geográfico favorecido; Visão panorâmica do Recife; Maior parte livre de alagamentos, exceto
Ibura de Baixo; Diversidade do poder aquisitivo dos moradores; mata de preservação ecológica
com projeto para ser parque ecológico; pista do aeroporto dentro do bairro, que carrega uma
história ligada a II Guerra Mundial. Podemos citar ainda a conhecida e chamada “Bica dos Milagres”,
considerando que a fonte é muito procurada não apenas por moradores da redondeza que ali se
abastecem, mas por pessoas que vêm de outras áreas do Recife e até mesmo do interior do Estado.
Isto porque se acredita que a água teria poderes de cura.
O projeto objetivou contribuir na relação entre os alunos dentro da escola com vistas a
ampliar um ambiente escolar favorável às aprendizagens e respeito entre os pares. Pensamos
paralelamente em objetivos mais específicos: I. Favorecer o reconhecimento nos alunos de que eles
são sujeitos históricos do Ibura; II. Promover a reflexão nos alunos sobre a realidade em que vive e
algumas possibilidades de mudança nessa realidade, com vista a contribuir no comportamento dos
alunos dentro dos espaços escolares; III. Contribuir na reflexão das relações entre os alunos nos
espaços escolares, com vistas a diminuir as brigas nos intervalos, por meio do sentimento de
alteridade, de um aluno poder se colocar no lugar do outro nesse momento.
Por isso, o resgate histórico cultural da população se fez necessário com os alunos, de modo
que a identidade cultural do bairro sobressaiu ao rótulo construído, enfraquecendo a concepção de
bairro violento, incidindo em práticas que promovam a paz. Pautado no que ao PNDEH
O processo formativo pressupõe o reconhecimento da pluralidade e da
alteridade, condições básicas da liberdade para o exercício da crítica, da
criatividade, do debate de ideias e para o reconhecimento, respeito,
promoção e valorização da diversidade (BRASIL, 2008, pág. 31).
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É nesse sentido que o ambiente escolar se torna favorável a aprendizagem, pois possibilita ao
aluno extrapolar as experiências do seu cotidiano, tendo em vista que na escola os educandos
podem discutir a respeito de diversas temáticas e leva-los a extrapolarem seus conhecimentos.
Não foi simples contextualizar as origens da violência no âmbito escolar, essas com fortes
eminências de dificultar as relações entre os pares da escola, prejudicando as aprendizagens dos
alunos. Mas podemos nos nortear considerando alguns aspectos relevantes aos indivíduos,
existentes em diversas hipóteses para tentarmos explicar os conflitos que emergem da violência
nas escolas, baseadas tanto na literatura nacional como estrangeira, recorrendo-se a múltiplas
associações com características e atributos das vítimas e dos agressores, Abramovay (2002, p.336)
traz alguns pontos relevantes quanto a:
Gênero – constata-se que os meninos se envolvem mais que as meninas em situações de
violência sejam como vítimas ou como autores;
Idade - o comportamento agressivo é associado com o ciclo etário;
Etnia – na escola se reproduz os estereótipos étnicos dominantes, o que se traduz em
resistência dos alunos de minorias étnicas e ao tratamento discriminatório por parte dos seus
colegas e professores;
Família – alguns autores referem –se à família como condicionante ou antecedente de
personalidades violentas, destacando alguns os que denominam de “características sociais das
famílias violentas”, hipótese esta que é objeto de ampla controvérsia, sendo rejeitada por muitos
autores;
Ambiente externo – as comunidades que apresentam pequenos sinais de abandono ou
decadência estão mais vulneráveis à violência;
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Nossa metodologia se deu por meio de três ciclos de debates com os alunos em uma
sequencia de três dias. Como sabemos, concepções tradicionais de transcrição de conteúdo ainda
são muito presentes. Então, em forma dinâmica utilizamos três estratégias diferentes para
promover o debate com os alunos. Quem disse que aluno de ensino fundamental de escola publica
não contesta e não debate?
Na 1ª intervenção em ciclos
Em sala de aula, com o mapa do bairro do Ibura, exploramos para a turma os pontos
privilegiados, e as características culturais, pedimos que os alunos se aproximassem do mapa e
escrevessem numa cartolina as diversas características regionais que mais se identificam. Tais
como a área privilegiada de vista para o mar, o relevo favorável contra as enchentes. Mostramos a
história de construção do bairro e relacionando as épocas as experiências dos alunos para que eles
se identificassem também com a história local, fazendo sempre relação com suas vivências com as
do bairro. Sugerimos à turma, a ideia de “Mirante do Ibura”, como acontece com outras localidades,
as quais aquecem o comércio e a economia dos moradores. O material utilizado nessa intervenção
segue abaixo:
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Na 2ª intervenção em ciclos
Na 3ª intervenção em ciclos
Realizamos à dinâmica “Pense bem...” com a turma. Essa atividade foi utilizada como
estratégia para iniciarmos o ciclo de debate. A Dinâmica consistiu em pedirmos para que os alunos
sentassem em círculo, cada pessoa recebeu um papel e escreveu seu nome. Misturaram todos e,
depois pegaram aleatoriamente (não pode ser o próprio) um desses papéis. Os alunos escreveram o
que gostariam que a pessoa, a qual está o nome em cima, fizesse no centro do círculo. Na hora em
que a pessoa leu o que escreveu, o professor avisou que é a pessoa mesmo que escreveu que irá
fazer. Pretendíamos proporcionar a percepção de alteridade nos alunos, na medida em que foi
proposta uma atividade para o outro, ele, o próprio aluno experênciou. Trabalhamos a relação eu-
outro, o que eu quero para mim e o que eu quero para o outro durante e após essa dinâmica, nesse
mesmo circulo, em um debate com os alunos no mesmo circulo.
Os resultados
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CONSIDERAÇÕES
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essa problemática. Essa atenção da equipe pedagógica requer de uma abordagem a conteúdos
criticamente, pois dessa maneira os alunos têm a oportunidade de vivenciar situações que fogem da
proposta importada pelos meios de comunicação. Peruzzolo (2006, p. 100) constatam que
A violência da sociedade que somos com seus extensos e intensos meios
tecnológicos de comunicação, ampliando o alcance e a ação da linguagem,
afirmam um novo estado de consciência da violência.
Após intervimos, chamamos atenção especial ao currículo que se configurou dentro dos
espaços escolares, pois quando utilizamos em nosso planejamento uma metodologia viabilizadora
dos objetivos, tivemos resultados significantes nos discursos dos alunos. Na primeira intervenção
podemos perceber o impacto e a novidade da nossa temática, como mostra a fala de aluno A “eu
nunca tinham olhado o meu bairro com essas qualidades!”. Já sobre a penúltima intervenção,
ouvimos da professora dos alunos que os objetivos apenas foram atingidos devido ao suporte que o
mecanismo de dinâmica de grupo utilizado possibilitou.
A última dinâmica utilizou todo o espaço da sala, afastamos as cadeiras, possibilitando além
de uma temática diferente, uma metodologia diferente do que os alunos estavam acostumados.
Nesse momento os alunos se aproximaram uns dos outros para tratar do assunto em comum, o
relacionamento com outro. Sobre dinâmicas de grupo nos apoiamos em Castilho (2000), “Pode-se
ser ainda consequências de experiências transpessoais”. Essas experiências transpessoais
possibilitam explorarmos uns aos outros e nos respeitarmos na medida em que experiênciamos
outras realidades.
Em depoimentos dos alunos, fomos informados de que seria bom que todos às pessoas dos
outros lugares tivessem essa mesma informação, de que as pessoas podem até morar no bairro
violento, mas são pessoas normais, como em outros lugares, trabalham, estudam, se casam e por
isso não devem sofrer preconceitos. Conduzimos-os a refletirem sobre a importância da maneira
com as quais tratamos as pessoas, de como é importante o respeito ao próximo.
Apostamos na utilização, preferencialmente, por dinâmicas de grupo e debates, pois
acreditamos que o processo de formação cidadão crítico, requer da reconfiguração nos modos de se
aprender e se relacionar entres os pares, trata-se bem como da analise critica dos alunos sobre os
acontecimentos na sociedade. Utilizando mecanismos mais integradores e que aproximam os
sujeitos, como são as dinâmicas em grupo, a aprendizagem se constitui como forma de contribuir
nas relações entre esses alunos. A utilização, apenas, do que ainda é tido como tradicional, como
cadernos, canetas e, o quadro negro, restringem a capacidade dos alunos de criar, de interagir uns
com os outros, o nosso projeto interviu de forma a fortalecer as relações, como também esta
previsto em um dos objetivos da educação fundamental na LDB/96, o Art. 32º
O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e
gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão,
mediante:
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REFERÊNCIAS
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