Guia Da Disciplina
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Guia Da Disciplina
Tássio Acosta
GUIA DA
DISCIPLINA
2019
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Objetivo
Propor a reflexão da Filosofia da Educação para a formação Docente de alunos de
Licenciaturas pelo entendimento de que uma prática educadora se faz necessária a partir
do desenvolvimento da criticidade que, consequentemente, faz-se urgente o
conhecimento do processo filosófico existente.
Introdução
Ao contrário do que algumas pessoas podem achar, a disciplina de Filosofia da
Educação não fará com que você, aluna/o, conclua-a e se torne uma grande filósofa da
educação, da sociedade, etc. Ela servirá para lhe dar embasamento teórico suficiente e
compreender as evoluções educacionais que a sociedade desenvolveu em toda a sua
história. Será, portanto, uma linha do tempo dos episódios, fatos e vivências.
1
Tássio Acosta é Doutorando em Educação pela UNICAMP, Mestre em Educação pela UFSCar, Especialista
em Ética, Valores e Cidadania na Escola pela USP e Graduado em História pela UniSantos. Suas áreas de pesquisa
são: relações de gêneros, sexualidades e diferenças na escola e seus consequentes processos de subjetivação.
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Afirma-se, por fim, que não existe professor apolítico, neutro e isento.
A educação é um ato político (Freire, 1983: p. 27)
1.1. O processo educacional
Olhar para a educação é compreender que ela não se trata apenas daquele
discurso que costumeiramente ouvimos em todos os lugares, de que ‘a educação é a
formação da sociedade e por isso a parte mais importante para o desenvolvimento de
uma sociedade, assim como não existe uma sociedade que não seja educada, que não
tenha passado pela escola, etc.’, olhar para a educação é compreender que há muito
mais do que esse discurso facilmente vendável.
Olhar para a escola e para a forma como ela produz esses corpos dóceis são
urgentes para que possamos compreende-la para além das questões estruturais, e
possamos melhor analisar as questões institucionais, filosóficas e sociais. Estas três
formas de se analisar possibilitarão uma compreensão mais crítica do dispositivo escolar,
dos seus objetivos e modus operandi. Desmistificar a escola enquanto um local de
formação da sociedade e que esta sociedade não existiria sem a escola é um
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posicionamento que devemos ter para que possamos olhar para ela, a escola, de forma
crítica e que, com tal criticidade, possamos perceber as suas nuances.
Cada comunidade local tem o seu fazer cultural e nós, enquanto docentes,
devemos conhecê-los e trabalhar os assuntos de nossas disciplinas dialogando
diretamente com as suas realidades pois, assim, haverá inteligibilidade entre discentes e
o conhecimento trabalhado. Imaginemos uma aula para Ensino Fundamental I onde a
professora está abordando as questões de desigualdades sociais e ela exemplifica a
temática a partir de fotos de um outro país, mostrando a Índia e a Rússia, a China e o
Afeganistão, etc. Dificilmente a criança conseguirá compreender a desigualdade
existente.
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Agora, se a professora mostrar fotos do bairro onde a escola está inserida (ou da
comunidade local onde as crianças estudam) e as fotos de um bairro que contraponha à
escola e/ou comunidade, com certeza a criança terá maiores condições de reconhecer
tais desigualdades. Isso se dará porque a criança foi inserida no processo filosófico da
construção do conhecimento e começou a desenvolver o seu próprio senso crítico perante
a sua vida, sua localidade e sociedade num modo geral. Na imagem ao lado, temos um
condomínio de luxo, localizado no Bairro do Morumbi, em São Paulo, ao lado de uma das
maiores favelas do Brasil, a Paraisópolis.
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possibilitarmos uma construção diferente, dialogando com aquilo que a juventude espera
de fato da escola.
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Objetivo
Conhecer como a terminologia Paidéia significou a junção de uma série de saberes
que, para os gregos, eram imprescindíveis para a formação do cidadão e o que vem a ser
para eles um cidadão e a construção da cidadania
Introdução
Antes de pensarmos na educação em si, a terminologia Paidéia nos remete mais à
questão da formação, visto que ela significa uma junção de saberes com o objetivo de se
criar o cidadão grego – condição essa que influenciou significativamente o nosso
entendimento sobre educação e escolarização da sociedade. A educação grega ia além
do simples aprendizado de uma determinada disciplina, pois abrangia todo o processo
formativo multidisciplinar para que o sujeito fosse um cidadão e assim, com condições de
viver em sociedade, ou seja, na Polis.
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Um grande exemplo para se conhecer mais a questão da Paidéia, está nas obras
Ilíada e Odisseia, de Homero. Nelas, há ricas informações sobre a organização da
sociedade grega, a sua relação para com a religiosidade, a formação e a influência da
filosofia no desenvolvimento das ciências, etc. A própria forma escrita dessa obra mostra
como se desenvolveu as artes gregas. Não obstante, estas escritas tinham como objetivo
mitificar os homens, criar heróis, mostrar poderes e valorizar os Deuses. Afinal de contas,
ao falarmos sobre a Grécia, projetamos imagens das esculturas, dos deuses, das
arquiteturas e das batalhas.
Foi justamente a partir dos contos deixados pelos homens gregos que podemos
conhecer, com tamanha riqueza, toda a sua cultura e história.
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https://www.resumoescolar.com.br/wp-content/imagens/o-mito-da-caverna-de-platao.jpg
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Objetivo
Conhecer os aspectos educacionais de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino a
partir do escolasticismo, que foi o fomento ao pensamento crítico existentes nas
universidades medievais que buscava tirar a centralidade do saber e do conhecimento à
Deus e, de forma dialética, a proposição do conhecimento entre o homem e Deus.
Introdução
Conforme pudemos ver no capítulo anterior, a filosofia tinha forte influência
clássica, o que na idade medieval passou a se contrapor a alguns valores tidos como
corretos. A exemplo disso, cito o fato da influência cada vez maior da igreja católica e
judaica, a partir do séc. V, conjuntamente com o aprofundamento do pensamento
filosófico que já passava a contestar alguns valores que outrora não obtinham respostas
como, por exemplo, as questões acerca da fé e da razão.
Sua produção artística também era de forte influência da igreja e quaisquer que
fossem as produções culturais que não fossem de interesse dela, seus criadores eram
perseguidos, torturados e assassinados. O livro mais conhecido do final do Período
Medieval é o Martelo das Feiticeiras, que consistia em um manual para identificar e
torturar hereges.
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Para ele, a divisão entre o bem e o mal, razão e fé, eram princípios ontológicos dos
sujeitos, ou seja, princípios que estavam presentes na constituição de todas as pessoas.
Sendo assim, interpretava que uma ação pecaminosa não era por inferência de deus ou
de diabo, sim de uma consequência da maldade presente nas pessoas a mesma maneira
que há a bondade, condições presentes em todos os sujeitos. Ao afirmar a dualidade
entre o bem e o mal no mundo, reconhece também a dualidade nas pessoas.
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Objetivo
Conhecer os princípios fundantes da modernidade, a partir do Iluminismo que tinha
como característica o predomínio das ciências em detrimento da fé, tento a tríade
Descartes, Locke e Newton como filósofos centrais do período.
Introdução
O declínio do poder de influência da Igreja Católica foi acentuado por uma série de
fatores, dentre todos, cito quatro: I) renascimento cultural, II) reforma protestante, III)
formação do estado moderno e IV) ascensão da classe burguesa. O primeiro fator, o
renascimento cultural, se deu pela saturação que a influência da igreja católica impôs à
sociedade, buscando novas possibilidades obtidas a partir da oposição ao teocentrismo e
ao misticismo, fortalecendo a racionalismo e do antropocentrismo. Ao segundo fator, a
reforma protestante, reconhece-se que se deu a partir da oposição feita por estudantes e
professores de Wittemberg às práticas da igreja católica, sobretudo pelo controle do
conhecimento, e Lutero, seu nome mais expoente, traduziu a bíblia para o alemão
iniciando a reforma luterana. Ao terceiro fator, a formação do estado moderno, reconhece-
se que a fragilidade do sistema feudal e do controle da igreja, conjuntamente com os altos
impostos que os comerciantes da época tinham que pagar, possibilitou a ascensão do
absolutismo monárquico. Por fim, o quarto fator, a ascensão da classe burguesa, se deu
conjuntamente com a formação do absolutismo monárquico e fortalecimento do
mercantilismo.
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i) Verificar se realmente existe evidências reais daquilo a ser estudado para que
se possa conhecer as suas singularidades;
ii) Analisar a possibilidade de fracionar o que será estudado para que todas as
partes que compõem o estudo possam ser de fato estudadas;
iii) Sintetizar estas frações em algo único, com condições de dar materialidade
verdadeira daquilo estudado;
iv) Enumerar todos os passos realizados durante a pesquisa e consolidação dos
resultados para se manter a ordem que ocorreu a construção o pensamento.
Perpassando por estas quatro partes, afirmava que então se poderia chegar nas
verdades incontestáveis. Não obstante, sua frase mais célebre é a “Penso, logo existo”
pois, para ele, os sujeitos só poderiam chegar ao reconhecimento de suas existências a
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partir do momento que eles de fato pensassem racionalmente, seguindo seus métodos
específicos para se chegar a verdade incontestável.
A partir dos direitos naturais que ele fundamenta a sua teoria do homem ser sujeito
de si e de seu trabalho, permitindo realizar a aquisição de propriedade e
consequentemente ter domínio do dinheiro (do capital). Neste Estado de Natureza, antes
da consolidação do Estado de Direito, Locke falava que uma pessoa poderia ver uma
terra improdutiva e, se abandonada, cerca-la, trabalhar naquela terra para que a terra
passasse a ser dela pelo fato de ter desenvolvido algum trabalho produtivo e,
consequentemente, com autonomia para vender seus produtos (quanto mais se vende,
mais terras poderá adquirir a partir da compra daquelas já ocupadas).
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Portanto, será a partir deste imperativo categórico que Kant completou a sua ideia
sobre a moralidade universal: a partir do momento em que todos seguem uma ação pelo
entendimento coletivo de que aquilo é o correto, a sociedade atingiu a moralidade
universal.
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Objetivo
Conhecer as principais correntes presentes no fazer escola e como elas
influenciam as tomadas de decisões existentes na instituição escolar, assim como
compreender como subjetivamos e fomos subjetivados por esta escola, tanto quando
éramos alunos como quando somos professores.
Introdução
Passando o período clássico e moderno que estudamos até o momento nesta
disciplina, entramos agora no período contemporâneo. A partir deste capítulo, e até o
nosso nono capítulo, nos debruçaremos sobre as questões centrais envolvendo a
educação contemporânea em suas correntes filosóficas, as contribuições de filósofos
brasileiros, as três tendências educacionais mais presentes, a eticidade educacional e um
paradigma que recentemente vem ganhando espaços nas discussões acadêmicas, que é
o paradigma anarquista aplicado à educação.
Olhar para a escola de forma crítica é essencial para que possamos extrair dela o
que há de melhor, eliminar o que há de pior e possibilitar que os sujeitos ali presentes
tenham as suas potências fortalecidas suficientemente ao ponto que se tornem sujeitos
de si. Entretanto, não podemos incorrer no erro de achar que a escola e nós, professores,
realmente somos capazes disso. Não podemos nos esquecer de que fomos subjetivados
por esta mesma escola quando éramos alunos e somos subjetivados por ela enquanto
professor – a mesma maneira que também subjetivamos outros professores, alunos e a
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Duas correntes poderão permitir que pensemos de forma crítica o fazer escola e o
fazer educacional, são elas: a corrente marxista e a corrente foucaultiana. Obviamente
que não é intenção desta disciplina que vocês saiam filósofos da educação, marxistas,
foucaultianos ou qualquer coisa do tipo, sim que tenham o conhecimento dos principais
pensadores e correntes existentes na prática escolar.
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numa estrutura, numa árvore, numa raiz. Existem somente linhas" (Deleuze e
Guatarri, 1995: 23-24)
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Objetivo
A partir do ponto de partida sobre ser docente, busca-se analisar quais valores a
escola espera que o docente tenha e, assim, inserir as contribuições de Paulo Freire e
Dermeval Saviani às suas práticas.
Introdução
Dois teóricos brasileiros são centrais no pensamento da educação: Paulo Freire e
Dermeval Saviani. Contemporâneos entre si, Paulo Freire é o teórico brasileiro mais
pesquisado no mundo inteiro e o terceiro mais citados em trabalhos acadêmicos a nível
mundial. Falecido em 1997, vem sendo criticado e perseguido politicamente por setores
conservadores do cenário político brasileiro contemporâneo – críticas essas infundadas e
sem o mínimo de embasamento necessário. Já Saviani, pedagogo e filósofo brasileiro,
continua com extensa e intensa produção acadêmica sobre a educação brasileira, do
período jesuíta até a contemporaneidade, onde hoje é Prof. Emérito na Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP).
Reconhecer as suas importâncias é saber que o Brasil tem uma qualidade teórico-
metodológica sem igual, a nível mundial, e que, infelizmente, a real teoria de Paulo Freire
jamais foi aplicada em sua completude. Em entrevista à BBC Brasil 2, o Historiador e Prof.
Dr. José Eustáquio Romão, afirmou:
Paulo Freire nunca foi aplicado na educação brasileira. Estamos lutando para ver
se ele entra nas universidades até hoje. Ele entra como frase de efeito, como título
de biblioteca, nome de salão. Isso eu já vi no Brasil inteiro. Mas o pensamento
dele não entrou até hoje. [...] Lendo com mais calma e profundidade a obra dele,
vejo que ele faz uma inversão intelectual tão violenta que os intelectuais tremem
nas bases. Todos eles têm a mania de considerar que devemos partir da teoria
para iluminar a realidade, e Paulo Freire desmonta isso. Ele diz que a legitimidade
do conhecimento só vem da prática.
2 Disponível em:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150719_entrevista_romao_paulofreire_cc
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posicionamentos que se contradizem e, justamente por conta disso que se faz necessário
nos debruçarmos um pouco mais perante as suas contribuições intelectuais para que
possamos conhece-los.
Sua obra mais conhecida é a Pedagogia do Oprimido (2005), onde faz uma série
de críticas ao sistema educacional tradicional, sobretudo das escolas burguesas pelo fato
de tratar os alunos como receptores do conhecimento, motivo esse que ele cunhou o
termo de educação bancária.
Utilizar da realidade e do cotidiano do aluno para alfabetiza-lo foi chave para que
seu método desse resultado, que é dividido em três etapas centrais: I) a interação do
professor à realidade cotidiana do aluno, II) partir do senso comum do aluno para a
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As críticas infundadas ao seu método de ensino se devem ao fato dele propor que
a educação é capaz de oportunizar as mudanças sociais necessárias para que os
trabalhadores tenham condições de serem sujeitos de si.
[...] o acesso à cultura erudita possibilita a apropriação de novas formas por meio
das quais se podem expressar os próprios conteúdos do saber popular. Cabe,
pois, não perder de vista o caráter derivado da cultura erudita em relação à cultura
popular, cuja primazia não é destronada. Sendo uma determinação que se
acrescenta, a restrição do acesso à cultura erudita conferirá àqueles que dela se
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apropriam uma situação de privilégio, uma vez que o aspecto popular não lhes é
estranho. A recíproca, porém, não é verdadeira: os membros da população
marginalizados da cultura letrada tenderão a encará-la como uma potência
estranha que os desarma e domina (SAVIANI, 2008, p. 22).
A partir do momento em que houver por parte das camadas populares o domínio
da cultura erudita, haverá totais condições de imporem as mudanças necessárias para
que a sociedade seja mais justa. E, para que isso seja possível, o professor necessita
compreender a totalidade de sua teoria para que possa de fato aplica-la. A esse ponto,
ele determina que a prática docente não é apenas a partir dos conteúdos obrigatórios
impostos pelo governo, mas também a partir do domínio docente sobre questões
políticas, sociais, econômicas, etc. para que, havendo esse domínio, o professor poderá
desenvolver um olhar crítico-emancipatório aos estudantes.
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7. AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS I
Objetivo
Conhecer as três principais e mais presentes tendências pedagógicas nas escolas
brasileiras para que se possa pensá-la e, a partir de um pensamento crítico, problematizar
qual tem maior condição de escolarizar positivamente a sociedade.
Introdução
Conforme estamos vendo ao longo de nossa disciplina, a educação é um processo
extremamente complexo, denso e cheio de caminhos, escolhas e possibilidades. Acredito
que ao fim desta disciplina, poderemos ter a certeza que o fazer educacional requer uma
criticidade demasiadamente elevada e, para isso, debruçarmos nas tendências
pedagógicas é o pilar mais importante de toda a formação docente. Afirmo isso pela
minha própria trajetória enquanto docente e acadêmico.
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grande diferença é que décadas atrás existia a censura imposta pela Ditadura Militar e o
controle da informação pelos grandes grupos de comunicação e mídia, o que não ocorre
em tempos atuais com o compartilhamento de informações por meio de celulares, tablets
e redes sociais, que fazem de nós mesmos agentes da comunicação.
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Uma escola decidida e politicamente participativa, aos moldes que ocorreu durante
as ocupações dos estudantes secundaristas, sobretudo no Estado de São Paulo, em
2015/2016, é uma síntese do que se prega na educação libertária: autogestão,
participação popular e horizontalidade nas decisões.
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8. AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS II
Objetivo
Conhecer o paradigma anarquista e ver como ele vem influenciando - ainda que
sutil e indiretamente - o cotidiano escolar, para que a partir de então, seja possível pensar
em possibilidades de utilizá-lo para a melhoria educacional, descentralizando,
desburocratizando e permitindo a autonomia e o protagonismo juvenis.
Introdução
Os diversos movimentos de insurgência estudantil e descrença no sistema político
vêm influenciando jovens a buscar outras relações, consigo mesmos ou para com a
sociedade de um modo geral. Tais posicionamentos foram percebidos durante as
ocupações escolares, movimento durante o qual os alunos ocupadores resolviam em
assembleia as atividades do dia, as atividades culturais desempenhadas nas escolas e as
oficinas diversas que recebiam de pessoas solidárias às ocupações.
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Quando Paulo Freire afirmou que a educação é um ato político, ele também
afirmou em entrevista3 que “o sonho do educador é que a escola virasse uma atração
sem perder a seriedade, a disciplina e o rigor intelectual, enquanto centro de produção de
conhecimento”. Não obstante, vemos cada vez mais vereadores e setores da sociedade
civil se opondo a uma educação política e libertária, visto que este paradigma educacional
possibilitará que mudanças sejam colocadas em prática e antigos privilégios sejam
revistos (e possivelmente revogados).
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alunos – mais precisamente, das próprias alunas –, que estão trazendo as suas pautas
sociais sobre feminismo, machismo, misoginia e LGBTfobia para dentro da sala de aula e
obrigando a escola a lidar com a temática, visto que seus históricos silenciamentos não
surtem mais os efeitos esperados no cotidiano escolar.
Cria-se, portanto, um dever da escola e para com a escola, assim como uma falsa
vocação dos profissionais da educação em formar pessoas – quando, na verdade, estas
pessoas (ou seja, os alunos) têm suas subjetividades formadas a todo instante pelos mais
diversos dispositivos sociais. Seus cotidianos, escolhas, amizades, leituras,
entretenimento, posicionamento, etc., forjam suas identidades. A escola é apenas um
pilar de formação das identidades juvenis.
Emancipar a juventude é reconhecer que ela forja suas identidades e é forjada por
elas, que se estas se constituem por meio de suas escolhas e amizades, desejos e
objeções. Ao contrário do que muitos pensam, o aluno não é um ser alienado que não se
interessa pelos estudos porque não tem perspectiva de futuro. Muitos não se interessam
pelos estudos porque não veem nestes mesmos estudos as possibilidades necessárias
para a própria emancipação.
Permitir que o livre pensar esteja inserido dentro da sala de aula é fazer com que a
aula se torne mais interessante, que a participação seja sincera, verdadeira e interessada,
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que as demandas sociais estejam, de fato, representadas em sala de aula e que o amplo
debate seja cada vez mais valorizado. Ouvir os alunos, respeitar seus posicionamentos e
desconstruir os seus preconceitos e as suas discriminações fará com que a aula seja
plural, diversificada e, sobretudo, contemporânea.
Conclusão
A escola precisa olhar para seus alunos e valorizar as suas subjetividades,
compreender que eles são sujeitos de direito e devem ter seus posicionamentos
respeitados. Em momentos de ataque aos Direitos Humanos por meio de violências
diversas, a escola deverá criar projetos específicos que atendam às questões e
possibilitem que seja um espaço de respeito às diferenças.
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decisão e ampliar o debate sobre como as regras são (im)postas pela escola e por quem
se beneficia dela.
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Objetivo
Reconhecer a importância da escola no debate da sociedade e compreender o
papel social do profissional da educação enquanto facilitador das mudanças estruturais
necessárias para uma sociedade mais justa e igualitária, respeitando as diferenças.
Introdução
Cada vez mais nós vemos a discussão sobre o que cabe ou não a escola e ao
professor, há um latente discurso cobrando uma impossível instituição apolítica, um
posicionamento neutro por parte dos professores – o que, conforme já vimos, é
simplesmente impossível de se existir. Justamente a partir disso que necessitamos
pensar sobre o papel ético do profissional da educação, seja ele professor, coordenador,
diretor e/ou supervisor escolar.
Em tempos de facebook, com uma virtualidade que faz de nossas vidas algo
efêmero, com validade curta e valorizando a quantidade de compartilhamento e curtidas
que uma postagem adquire, uma série de pessoas fazem uso de críticas rasas à
profissionais da educação que emitem seus pontos de vista e posicionamentos políticos.
Tai críticas são no âmbito de que, segundo elas, não cabe ao professor levantar tais
discussões, sim ministrar suas aulas e conteúdos obrigatórios. O que é um grande
engano!
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Todos nós temos as nossas histórias de vida que nos contextualizam enquanto
sujeitos, olhar para nós é reconhecer o nosso lugar de fala. Eu nunca terei o mesmo lugar
de fala de você, aluna/o, pois a minha vivência foi diferente da sua, a minha escolaridade,
estrutura familiar, realidade socioeconômica diferente da sua pelo fato de que todos nós
somos diferentes entre si. Justamente por isso o lugar de fala é extremamente importante
na construção do conhecimento, seja na escola ou na sociedade.
É justamente por conta disso que a dita neutralidade inexiste, tanto na escola como
na sociedade, na mídia tradicional ou na mídia social, no mercado e/ou em qualquer lugar
que seja. Todos nós somos serem políticos, toda fala é política, toda expressão está
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