Guia Avaliacao Psicologica para Vasectomia e Laqueadura
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A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Altera a Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, para determinar prazo para oferecimento de
métodos e técnicas contraceptivas e disciplinar condições para esterilização no âmbito do
planejamento familiar.
No Brasil, as políticas públicas têm como um dos primeiros marcos nessa área a
elaboração do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), em 1984,
que incluiu o planejamento familiar/reprodutivo no elenco mínimo de ações voltadas
para a atenção integral à saúde da mulher. Até então, não havia, no Brasil, política
instituída no campo do planejamento familiar.
O planejamento familiar/reprodutivo é definido no art. 2º da Lei nº 9.263, de 12
de janeiro de 1996, da seguinte forma:
Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações
de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou
aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal.
Parágrafo único – É proibida a utilização das ações a que se refere o caput para
qualquer tipo de controle demográfico.
ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA
No Brasil, a esterilização cirúrgica está regulamentada por meio da Lei nº 9.263,
de 12 de janeiro de 1996, (a LEI Nº 14.443, DE 2 DE SETEMBRO DE 2022, Altera a
Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, para determinar prazo para oferecimento de
métodos e técnicas contraceptivas e disciplinar condições para esterilização no âmbito
do planejamento familiar), regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata
do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. O art. 10
estabelece os critérios e as condições para a sua execução.
Art. 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações:
I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 21
(vinte e um) anos de idade ou, pelo menos, com 2 (dois) filhos vivos, desde que
observado o prazo mínimo de 60 (sessenta) dias entre a manifestação da vontade e o
ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de
regulação da fecundidade, inclusive aconselhamento por equipe multidisciplinar, com
vistas a desencorajar a esterilização precoce;
II - risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado
em relatório escrito e assinado por dois médicos.
§ 1º É condição para que se realize a esterilização o registro de expressa
manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a informação a respeito
dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e
opções de contracepção reversíveis existentes.
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permanente;
MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS
✔ Barreira
• Feminino
▪ Diafragma
▪ Espermaticida
▪ Esponjas
▪ Capuz cervical
▪ Preservativo feminino
• Masculino
▪ Preservativo masculino
✔ Intrauterinos
• Medicados
▪ DIU de cobre
▪ DIU com levonorgestrel
● Não medicados
▪ Comportamentais ou naturais
▪ Tabela ou calendário (Ogino-Knaus)
▪ Curva térmica basal ou de temperatura
▪ Sintotérmico
▪ Billings (mucocervical)
▪ Coito interrompido
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MÉTODOS CIRÚRGICOS
LAQUEADURA TUBÁRIA
A laqueadura tubária, também conhecida como ligadura tubária, ligadura de
trompas e anticoncepção cirúrgica voluntária, é um método de esterilização feminina
que consiste em algum procedimento cirúrgico de oclusão da trompa de Falópio, com a
finalidade de interromper a sua permeabilidade e, conseqüentemente, a função do órgão,
com fim exclusivamente contraceptivo.
A legislação federal não permite a esterilização cirúrgica feminina durante os
períodos de parto ou aborto ou até o 42º dia do pós-parto ou aborto, exceto nos casos de
comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas
anteriores. Essa restrição visa à redução da incidência
de cesárea para procedimento de laqueadura, levando-se
em consideração que o parto cesariano, sem indicação
clínica, constitui-se em risco inaceitável à saúde da
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mulher e do recém-nascido. Além disso, esses momentos são marcados por fragilidade
emocional, em que a angústia de uma eventual gravidez não programada pode influir na
decisão da mulher. Ademais, há sempre o risco de que uma patologia fetal, não
detectada no momento do parto, possa trazer arrependimento posterior à decisão
tomada.
No Brasil, observa-se, certo abuso da utilização da laqueadura tubária como
método contraceptivo, que se soma ao cenário preocupante de que é frequentemente
praticada durante a cesariana no setor privado.
Mecanismo de ação
A obstrução mecânica das trompas impede que os espermatozóides migrem ao
encontro do óvulo, impedindo a fertilização.
Eficácia
Muito eficaz e permanente. No primeiro ano após o procedimento, a taxa de
gravidez é de 0,5 para 100 mulheres. Dez anos após o procedimento, a taxa é de 1,8
para 100 mulheres.
A eficácia depende, em parte, de como as trompas foram bloqueadas, mas a taxa
de gravidez é sempre baixa.
Complicações (raras)
• Infecção e sangramento no local da incisão.
• Infecção ou sangramento intra-abdominal.
• Lesão de órgãos pélvicos ou abdominais.
• Reação alérgica ao anestésico.
• Embolia pulmonar.
Arrependimento
Cada vez mais aumenta a demanda para reversão de esterilização tubária,
decorrente do arrependimento da mulher. Diversos estudos indicaram proporção de
arrependimento entre 10 e 20% das mulheres laqueadas.
As taxas de arrependimento são maiores nas seguintes situações:
• Entre mulheres cujas trompas foram ligadas antes dos 30 anos de idade.
• O fato de a pessoa ter poucos ou nenhum filho ou ter todos os filhos do
mesmo sexo ou sem filhos do sexo masculino (para algumas culturas).
• Entre mulheres solteiras ou em união conjugal recente ou instável.
• A separação e um novo casamento.
• A pressão e influência no processo de decisão.
• Informação deficiente sobre os riscos e efeitos colaterais do
procedimento, as possibilidades e o acesso à técnica de reversão.
• Insuficiente informação sobre os outros métodos anticoncepcionais.
• Quando o parceiro não apóia a decisão.
• Com história de morte de um filho após o procedimento.
• Quando o procedimento é realizado durante ou logo após o parto.
Aconselhamento
São recomendadas as seguintes informações e orientações que devem ser
oferecidas ao casal no processo de discussão e decisão pré-esterilização:
• Enfatizar que a laqueadura tubária é um método permanente e definitivo
de esterilização.
• Desencorajar a esterilização precoce.
• Esclarecer que a cirurgia de reversão tubária é procedimento caro, não
acessível a todos e que nem sempre alcança sucesso.
• Envolver o casal no processo de decisão, oferecendo a vasectomia ao
homem, que é procedimento seguro, de menor custo, de mais simples execução e
altamente eficaz.
• Oferecer amplas informações sobre todos os métodos anticoncepcionais
reversíveis e, segundo a legislação brasileira, também oferecer acesso a eles.
• Dar informações sobre as taxas de falha de cada método e da
possibilidade de a gravidez ocorrer longo tempo após a esterilização.
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VASECTOMIA
É um procedimento cirúrgico simples, de pequeno porte, seguro e rápido.
Consiste na ligadura dos ductos deferentes. Tem por objetivo interromper o fluxo de
espermatozóides em direção à próstata e vesículas seminais para constituição do líquido
seminal. Pode ser realizado em ambulatório, com
anestesia local, desde que se observem os
procedimentos adequados para a prevenção de
infecções. É também conhecida como esterilização
masculina e anticoncepção cirúrgica masculina.
A vasectomia não altera a vida sexual do
homem. O desejo e a potência sexual continuam iguais ao que eram antes da cirurgia. A
única diferença é que o esperma ejaculado não contém mais espermatozóides, mas não
ocorrem alterações na quantidade e no aspecto do esperma.
Comparada à esterilização feminina, a vasectomia:
• É provavelmente um pouco mais eficaz.
• É um pouco mais segura.
• É mais fácil de ser realizada.
• É de menor custo.
• Sua eficácia pode ser verificada a qualquer momento por meio de
espermograma3.
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Espermograma é um exame feito por homens que avalia sua fertilidade.
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Eficácia
Muito eficaz e permanente, com taxa de gravidez de 0,15 para cada 100 homens
após o primeiro ano do procedimento.
Mais eficaz ainda quando usada corretamente. “Usada corretamente” quer dizer
usar preservativo ou outro método de planejamento familiar eficaz pelo menos nas
primeiras 20 ejaculações ou por três meses após o procedimento.
Recomenda-se fazer espermograma para ter certeza de que a vasectomia foi
eficaz antes de liberar as relações sexuais sem proteção anticoncepcional adicional. Ele
pode ser feito em qualquer momento após três meses do procedimento ou após 20
ejaculações. É necessário ter um resultado de espermograma que demonstre a
azoospermia4 para atestar que a vasectomia funcionou. Nem o número de ejaculações
nem o tempo após a cirurgia são indicadores confiáveis.
Aspectos socioculturais
Culturalmente a contracepção masculina é encarada de maneira preconceituosa,
principalmente pelos homens. Em determinados países, a capacidade de gerar filhos está
diretamente relacionada ao valor do homem na sociedade. Nesse contexto, a vasectomia
teria conotação de perda do status social e respeito do homem.
Estudos mostram que a baixa aceitação cultural da população brasileira,
associada ao receio de complicações no desempenho sexual, com diminuição da
masculinidade, contribui para a baixa prevalência desse método anticoncepcional (5%).
Técnica cirúrgica
A vasectomia pode ser realizada em ambiente ambulatorial, com anestesia local,
sem necessidade de internação.
Existem diversas técnicas descritas para a realização da vasectomia. A técnica
convencional consiste na incisão da pele da bolsa escrotal com aproximadamente um
centímetro de extensão, exatamente sobre o ducto deferente individualizado. Deve ser
ressecado um pequeno segmento do ducto deferente, seguido da ligadura das duas
extremidades.
Na técnica sem bisturi, após o bloqueio anestésico, o ducto deferente é fixado à
pele por meio de uma pinça autostática especial, com a ponta em anel. A pele é
4
Azoospermia significa ausência de espermatozóides no sêmen.
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perfurada com uma pinça do tipo mosquito, curva, com a ponta afiada, que isola o ducto
deferente, permitindo a secção e ligadura dele, como na técnica convencional. Trata-se
de procedimento ambulatorial pouco invasivo, com curativo sem sutura, de imediata
recuperação e liberação do paciente.
A técnica básica usada para a oclusão do ducto deferente consiste em cortá-lo e
fechar as extremidades por meio de ligadura, eletrocoagulação ou colocação de
grampos. Essa última não é de utilização comum.
A reversão cirúrgica é complexa, cara e não está amplamente disponível. Além
disso, pequena porcentagem de homens interessados em reversão é elegível para o
procedimento. Mesmo quando a reversão é possível, o sucesso do procedimento é
bastante limitado.
Complicações
• Entre as complicações agudas, destacam-se: a formação de hematomas e a
infecção local.
• Entre as complicações crônicas, destacam-se: a síndrome dolorosa pós-
vasectomia, que inclui a congestão epididimária; a epididimite; o granuloma
espermático; e a persistência de espermatozóides no ejaculado, essa última decorrente
de erro técnico ou recanalização.
Orientações importantes
• Após a vasectomia, usar preservativo masculino ou outro método
anticoncepcional eficaz durante as próximas 20 ejaculações ou por três meses após o
procedimento. Estudos mais recentes reforçam a orientação de que a liberação de
relações sexuais sem proteção anticoncepcional adicional só deverá ocorrer após a
realização de um espermograma cujo resultado indique azoospermia.
• Realizar o espermograma três meses após a vasectomia ou após 20 ejaculações.
• Liberar a atividade sexual sem outra proteção anticoncepcional somente
quando o espermograma não indicar presença de espermatozóides.
• Enfatizar que a vasectomia não protege contra DST/HIV/Aids. Estimular
o uso da dupla proteção, orientando o uso combinado da vasectomia com a camisinha
masculina ou feminina.
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Observações importantes
● Convênios e SUS não fazem a reversão de vasectomia ou laqueadura.
● Como todas as cirurgias, ambas trazem riscos.
● A vasectomia não exige internação e é um método ambulatorial, feito com
anestesia local. Já a laqueadura pode necessitar internação e anestesia com efeito mais
amplo.
● Tanto a vasectomia quanto a laqueadura não diminuem o prazer sexual
nem previnem contra doenças sexualmente transmissíveis (DST). Por isso, é
fundamental continuar usando camisinha.
● A vasectomia mantém a ejaculação igual, pois a parte líquida do esperma
é produzida na próstata e na vesícula seminal.
● Após a ligadura de trompas, a mulher continua menstruando.
● Um homem que foi submetido à vasectomia pode ter filhos? Sim, mas é
necessário a ajuda médica: Fertilização In Vitro ou reversão de vasectomia.
● Até quanto tempo após a laqueadura pode ser feita a reversão? Não existe
prazo. O único limitante é a idade da mulher.
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Observação
A observação é um método mais aberto de avaliação psicológica e sem dúvida o
primeiro instrumento que o profissional de Psicologia aprende a utilizar. Assim, o seu
treino é fundamental para que haja clareza e exatidão nas informações coletadas.
Observar significa tornar mensurável o comportamento que se expõe por parte
do sujeito que o manifesta. O comportamento observado também produz reações
(sentimentos, respostas) no observador, que o auxiliam a formular hipóteses sobre o
mesmo.
Observar: aparência geral; higiene, cuidados corporais e vestimenta; aspectos
físicos e de saúde; modo de comportar-se; movimento corporal, entre outros.
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Entrevista
A entrevista psicológica é uma conversação dirigida a um propósito definido de
avaliação. Sua função básica é prover ao avaliador subsídios técnicos acerca da conduta
do candidato, completando os dados obtidos pelos demais instrumentos utilizados.
Apesar de suas vantagens, a entrevista está sujeita a interpretações subjetivas do
examinador (valores, estereótipos, preconceitos, etc.). Deve-se, portanto, planejar e
sistematizar indicadores objetivos de avaliação correspondentes ao perfil examinado.
Roteiro de entrevista
De forma geral, os dados a serem obtidos deverão ser observados de acordo com
o contexto onde o atendimento estará sendo realizado. Assim, em determinados
contextos, certas informações são imprescindíveis, enquanto que em outros, algumas
informações se tornam irrelevantes.
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A entrevista deve ser entendida como uma forma dinâmica, o que possibilitará o
conhecimento necessário aos objetivos da avaliação proposta. Consideramos como
importantes, nos mais diversos contextos, a investigação das seguintes informações:
● Dados de identificação
● Dados socioculturais
● Histórico familiar
● Histórico escolar
● História de dados profissionais
● História e indicadores de saúde/doença
● Aspecto da conduta social
● Visão e valores associados à temática investigada
● Características pessoais
● Expectativas de futuro
ligadura, como mulher jovem que sofre pressão da família, mãe solteira que sofre
pressão do pai, relacionamento conjugal conturbado e mulher abandonada pelo marido.
Inventários e Escalas:
▪ Escalas Beck: Inventário de Depressão
Beck (BDI), Inventário de Ansiedade Beck
(BAI), Escala de Desesperança Beck
(BHS), Escala de Ideação Suicida Beck (BSI);
Dessa forma, há testes que não podem ser utilizados com pessoas de baixa
escolaridade, adultos, etc. e há instrumentos que exigem do profissional mais treino do
que outros. Isso deve ser pensado antes da formalização e da escolha dos materiais que
se pretende utilizar.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei ordinária nº 9.263, de 12 de Janeiro de 1996. Regula o parágrafo 7º do artigo 226
da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 20 ago. 1997. p. 17989.