Apelação
Apelação
Apelação
28/06/2023
Número: 1048277-78.2022.4.01.3400
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 21ª Vara Federal Cível da SJDF
Última distribuição : 28/07/2022
Valor da causa: R$ 523.260,00
Assuntos: Fies
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
GIANNE BARBARA DE ALVARENGA (AUTOR) HENRIQUE RODRIGUES DE ALMEIDA (ADVOGADO)
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCACAO (REU)
UNIÃO FEDERAL (REU)
CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (REU) LEONARDO FALCAO RIBEIRO registrado(a) civilmente
como LEONARDO FALCAO RIBEIRO (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
14603 20/01/2023 10:03 Apelação Apelação
40874
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-REGIONAL DA UNIÃO DA 1ª REGIÃO
NÚCLEO GESTOR (PRU1R/CORESP/NUG)
SETOR DE AUTARQUIAS SUL - QUADRA 3 - LOTE 5/6, ED. MULTI BRASIL CORPORATE - BRASÍLIA-DF - CEP 70.070-030
NÚMERO: 1048277-78.2022.4.01.3400
RECORRENTE(S): UNIÃO
RECORRIDO(S): GIANNE BARBARA DE ALVARENGA E OUTROS
RECURSO DE APELAÇÃO
contra a sentença proferida pelo Juízo a quo, requerendo, após o cumprimento das
formalidades descritas em lei, a remessa ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região, das razões
do presente recurso.
COLENDA TURMA,
EGRÉGIOS DESEMBARGADORES FEDERAIS,
I. DA TEMPESTIVIDADE
Cumpre ressaltar, por cautela, que a presente apelação está sendo apresentada dentro do
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prazo previsto no art. 1009 do CPC, pois a União foi intimada da sentença em 20.01.2023 através de
confirmação de intimação no Sistema PJe, iniciando-se o prazo no primeiro dia útil subsequente. O prazo
para apelar é de 30 (trinta) dias úteis, eis que a União possui a prerrogativa de prazo em dobro para se
manifestar, ex vi do disposto no art. 183 do CPC. Tem-se, então, por inequívoca, a tempestividade da
presente defesa.
O Fundo de Financiamento Estudantil tem natureza contábil e foi criado com o objetivo de
conceder financiamento a estudantes regularmente matriculados em cursos superiores não gratuitos, com
avaliação positiva nos processos conduzidos pelo MEC e ofertados por instituição de educação superior
privada aderente ao Fundo.
Art. 1º É instituído, nos termos desta Lei, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), de
natureza contábil, vinculado ao Ministério da Educação, destinado à concessão de financiamento a
estudantes de cursos superiores não gratuitos e com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo
Ministério, de acordo com regulamentação própria.
A se observar a concessão de um pedido judicial por fatos como alegados pela parte autora,
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criar-se-á o entendimento de que, basta que, o estudante esteja matriculado no curso para o qual objetiva
o financiamento público ao arrepio de todo o disposto na Lei nº 10.260/01, além da competência do
Ministério da Educação para realizar os processos seletivos com o fim de selecionar os estudantes aptos a
contratar o financiamento público, além de não observar a decisão exarada na Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 341/DF, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Oportuno destacar que, o número de vagas a serem ofertadas nos processos seletivos
do Fies, nomeadamente após o segundo semestre de 2015, e especialmente após as alterações
introduzidas pelo art. 5º-C da Lei nº 10.260/01, para as contratações do financiamento do Fies a
partir do primeiro semestre de 2018, não são ilimitadas, em razão da disponibilidade orçamentária
referente ao programa, o que tornou necessária a adoção de uma nova metodologia e regras de ocupação
das oportunidades de financiamento dos estudantes de graduação que ora se prestam os devidos
esclarecimentos.
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considerados a renda familiar per capita e outros requisitos, e as regras de oferta de vagas, o que
ocorreu por meio da edição da retromencionada Portaria MEC nº 209, de 2018.
Dada a limitação de cem mil vagas anuais definidas no Plano Trienal do Comitê Gestor do
Fies (CG-Fies) para o Fies, e considerando que a oferta de vagas pelas mantenedoras de IES é bastante
maior do que esse número, faz-se necessária a definição pelo Ministério da Educação de critérios
objetivos para definição de distribuição dessas vagas na modalidade Fies e de universo de concorrência
em que os estudantes se inscreverão para, a partir da sua nota no Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem), serem pré- selecionados a partir das opções de curso que indicarem no grupo de preferência e da
disponibilidade de vagas no referido grupo de preferência e nos cursos indicados como opção. Para
compreensão, seguem abaixo, os passos a serem dados até a contratação do financiamento. Senão
vejamos:
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Ocorrida a classificação dos candidatos inscritos, o Fies Seleção procede à pré-seleção dos
candidatos no grupo de preferência para o qual se inscreveram, observada a ordem de classificação, a
opção de cursos feita pelos candidatos pré- selecionados e o limite de vagas disponíveis em cada
curso/turno de cada instituição participante, nos termos do art. 18 da Portaria MEC nº 38, de 2021:
Art. 18. O candidato será pré-selecionado na ordem de sua classificação, nos termos
do art. 17, observado o limite de vagas disponíveis, conforme as definições, os
procedimentos e os prazos previstos no Edital SESu.
Art. 19. O resultado do processo seletivo será divulgado em uma única chamada
pela SESu/MEC, em data estabelecida no Edital SESu.
Art. 20. A pré-seleção do candidato, na chamada única ou em lista de espera,
assegura apenas a expectativa de direito a uma das vagas para as quais se
inscreveu e foi pré-selecionado no processo seletivo do Fies de que trata esta
Portaria, estando a contratação do financiamento condicionada à observância do art.
21 desta Portaria e ao cumprimento de demais regras e procedimentos constantes
dos demais normativos do Fies.
Esclarece-se que o art. 22 da Portaria MEC nº 38, de 2021, dispõe de regras claras acerca
da participação do candidato em lista de espera. De fato, a lista de espera é utilizada para fins de
preenchimento das vagas eventualmente não ocupadas na chamada regular, sendo que os candidatos
somente poderão ser pré selecionados em lista de espera à medida que haja vagas disponíveis nos
grupos de interesse e nos cursos de opção ou até prazo previsto em edital SESu. Portanto, a participação
na referida lista de espera assegura apenas a expectativa de direito de ser pré-selecionado às vagas para
as quais o candidato tenha se inscrito, estando a pré seleção em lista de espera condicionada aos
procedimentos e prazos previstos no Edital SESu.
CONCLUSÃO
Diante de todos os esclarecimentos acima narrados, urge concluir que, apesar de a parte
autora alegar situação de hipossuficiência, todos os candidatos que se inscreveram para uma vaga na
educação superior por meio do Fies encontram-se em situação igual ou inferior à dela, não sendo esse o
único critério legal a determinar o direito à participação no FIES.
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Pontua-se ainda que, como devidamente esclarecido, a obtenção de média mínima de
notas no Enem e de observância ao limite de renda constituem critérios para a inscrição aos processos
seletivos, como se observa do disposto supracitado no art. 37 da Portaria MEC nº 209, de 7 de março de
2018, que dispõe sobre o Fies a partir do primeiro semestre de 2018.
Salienta-se, ainda, que, a aprovação do estudante para acesso à educação superior por
meio de vestibular da instituição não guarda qualquer relação com os processos seletivos do Fies, como
anteriormente esclarecido, visto que a Lei nº 10.260/01, não exige do estudante aprovação em vestibular
da instituição, visto que o acesso à educação superior por meio do Fies se dará por meio de processo
seletivo a ser realizado pelo Ministério da Educação, consubstanciado em seu inciso I do § 1º do art. 3º.
Como todo processo seletivo, existe um número de vagas a serem ofertadas por curso e
turno pelas instituições. A mesma lógica é observada nos processos seletivos do Fies, em que além de ser
necessário ter em consideração o número de vagas que cada mantenedora de instituição informou em seu
Termo de Participação, os recursos do Fundo são também limitados.
É por essa razão que, para que o candidato obtenha a vaga e o financiamento estudantil do
Fies, ele deve ser classificado em ordem decrescente de acordo com as notas obtidas no Enem, na opção
de vaga para a qual se inscreveu, e será pré- selecionado na ordem de sua classificação, observado o
limite de vagas disponíveis no curso e turno para o qual se inscreveu.
Assim, não tendo a parte autora logrado alcançar a posição dentro das vagas ofertadas, não
há como deferir o seu pleito, sob pena de se violar os princípios constitucionais, previstos no art. 37 da
Magna Carta, norteadores da atuação da administração publica.
Reforça-se o disposto no inciso V do art. 208 da Constituição Federal, que determina que, o
acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, dar-se-á segundo a
capacidade de cada um.
Neste sentido, veja-se a ementa do seguinte precedente do eg. Tribunal Regional Federal
da 1ª Região:
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redação, referente ao ENEM, como critério condicionante para obtenção do
financiamento estudantil. 3. Afasta-se a aplicação das condicionantes às solicitações
de inscrição ao FIES formuladas até a entrada em vigor da Portaria Normativa nº
21/2014, em 30 de março de 2015, bem como para os casos de renovação
contratual (TRF1, AC 0014892-06.2015.4.01.3400, Rel. Desembargadora Federal
Daniele Maranhão Costa, 5T, e-DJF1 30/04/2018).
4. Negado provimento à apelação.
5. Majorada a condenação da apelante em honorários advocatícios, de 10% (dez por
cento) para 12% (doze por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do
art. 85, § 11, do Código de Processo Civil, ficando suspensa a exigibilidade em razão
de deferimento do pedido de justiça gratuita (CPC, art. 98, § 3º).
(AC 1023230-44.2018.4.01.3400, DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO BATISTA
MOREIRA, TRF1 - SEXTA TURMA, PJe 16/03/2022 PAG., grifos acrescidos)
A inteligência do art. 1012, §4° do CPC demonstra que a eficácia da tutela antecipada
concedida em sentença poderá ser suspensa desde que o apelante demonstre a probabilidade de
provimento do recurso ou , sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil
reparação.
Admite-se, desta feita, a revogação de tutela concedida em sentença tanto por uma questão
de evidência jurídica ou por urgência caracterizada pelo risco de dano grave.
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser
formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua
distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator
se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo
relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
A relevância da fundamentação (probabilidade de provimento do recurso) da apelação
evidencia-se à luz de todo o exposto neste recurso. Sem dúvida, a argumentação apresentada no
presente recurso demonstra, à exaustão, que a decisão recorrida não merece ser cumprida de imediato.
Ademais, faz-se presente o perigo da irreversibilidade do provimento antecipatório, se
mostrando indiscutível a dificuldade que terá a União em buscar o ressarcimento das quantias percebidas,
acaso a tutela condida não seja alvo de efeito suspensivo.
Deste modo, é patente a possibilidade de lesão grave e de difícil reparação da decisão ora
atacada, pois o referido decisum impõe prejuízo iminente à Administração.
Assim é que se impõe a imediata suspensão do provimento de urgência ora atacado,
atribuindo-se efeito suspensivo a presente apelação nos termos do art.1012, §3°e 4°.
V. DO PEDIDO
Pelo exposto, a União requer que esse Egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região,
após regular processamento, conheça do presente recurso de apelação, concedendo o efeito suspensivo
pleiteado pela União, e ao final dê-lhe PROVIMENTO para reformar a sentença nos termos destas razões
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recursais, julgando os pedidos do autor improcedentes e invertendo o ônus de sucumbência.
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