Teoria Do Apego
Teoria Do Apego
Teoria Do Apego
Dezembro 2006
Agradeço à minha orientadora, Flavia Sollero, pelas idéias, pelos livros e pelo apoio constante
na realização desta monografia e em vários outros momentos da minha formação. Obrigada,
Flavia!
Agradeço à Maria Elizabeth Ribeiro e à Maria Inês Bittencourt pela atenção e pela leitura
final deste trabalho. Bethinha me indicou livros sobre primeira infância que muito nortearam
minha escolha. Muito obrigada!
Agradeço também à minha supervisora, Silvia Zornig, pelo apoio, pelo investimento no
trabalho da nossa equipe, pelos conselhos e pelos ensinamentos. Obrigada, Silvia.
Queria agradecer aos professores do curso de psicologia, em especial Lydia Levy, Carolina
Lampreia, Regina Pontes, Monah Winograd, todos que ajudaram na minha formação, me
aconselharam e abriram portas de suas instituições de trabalho. Obrigada.
Queria agradecer à minha família, meus pais, Ricardo e Geny, que sempre me apoiaram nesta
escolha e possibilitaram que este meu desejo de voltar a estudar pudesse acontecer, e ao meu
irmão, Guto, pelo apoio, pelo carinho, pelas conversas. Obrigada, meus queridos! Agradeço
também à minha mineirada, sempre enchendo minha vida de alegria e de ditados.
Meu agradecimento também aos amigos, de longa e nova datas, pelo incentivo e pelo carinho
durante estes quatro anos. Em especial, Didi e Lu, meus queridos de hoje e de sempre (muito
obrigada, Didi, pelas sugestões no texto. Só você mesmo!!!), minha querida amiga Isaura,
amiga das horas incertas e grande alegria na minha vida, meus amigos do Casa Verde, pessoas
realmente muito, muito especiais, com quem aprendi muitíssimo, meus amigos da PUC,
principalmente Bia e Bel, minhas amigas do SPA, Pat, Nanda e Elisa, com quem dividi
momentos difíceis e alegres, inclusive minha comemoração de 7anos (!) e o querido Julio, que
me deu a bela epígrafe de presente. Queria agradecer também à Valéria pelo muito que me
ensinou.
Esta monografia faz uma breve revisão da Teoria do Apego, enfatizando os trabalhos de John
Bowlby, Mary Ainsworth e Mary Main e depois realiza uma aproximação com a
metapsicologia por intermédio do conceito de pulsão de apego, desenvolvido por Anzieu e
ampliado por Golse.
Sumário
1. Introdução.......................................................................................................................... 1
2. Breve Biografia de John Bowlby....................................................................................... 3
3. Teoria do Apego ................................................................................................................ 8
3.1 Pressupostos Teóricos da Teoria do Apego.................................................................... 8
a) Pressupostos Psicanalíticos ........................................................................................ 8
b) Pressupostos Biológicos (comportamento e motivação).......................................... 10
c) Modelos Operacionais (Representação) ................................................................... 12
3.2 Teoria do Apego: Bowlby, Ainsworth e Main ............................................................. 13
a) Primeira Fase da Teoria do Apego: O Comportamento de Apego........................... 13
b) Segunda Fase da Teoria do Apego: Projeto Uganda, Projeto Baltimore e os
Resultados da Situação Estranha .............................................................................................. 17
c) Terceira Fase da Teoria do Apego: a Importância da Transgeracionalidade ........... 22
4. Teoria do Apego e Metapsicologia, há uma aproximação possível? .............................. 29
5. Conclusão ........................................................................................................................ 33
Referências Bibliográficas........................................................................................................ 35
1. Introdução
O objetivo deste trabalho é fazer uma breve revisão da Teoria do Apego, centrando-se
nos trabalho de Bowlby, Ainsworth e Main e discutir a importância dos mesmos para as
noções de narratividade e transmissão. Também será feita uma tentativa de aproximação entre
esta teoria e a metapsicologia a partir do conceito de pulsão de apego.
A motivação deste trabalho surgiu a partir da divergência que existiu durante muitos
anos entre vários psicanalistas acerca da relevância de Bowlby para a psicanálise infantil e da
influência deste autor em trabalhos apresentados por novos teóricos de psicanálise infantil,
como Daniel Stern e Bernard Golse.
A grande controvérsia gerada quando John Bowlby lançou sua teoria provocou o
afastamento progressivo do autor dos círculos psicanalíticos e o aproximou dos ambientes de
discussão dos psicólogos do desenvolvimento. Para facilitar o entendimento das escolhas de
modelos epistemológicos mais afastados da psicanálise na construção da Teoria do Apego,
será apresentada, no segundo capítulo, uma breve biografia de John Bowlby, dada a
associação inevitável entre sua teoria e sua história pessoal (DIJKEN, VEER et al., 1998).
Apesar da aproximação feita por John Bowlby à psicologia cognitiva e ao método
científico, este autor sempre se considerou um psicanalista. Acreditava, ele, estar seguindo os
pressupostos da teoria geral da etiologia de Freud ao longo do desenvolvimento da Teoria do
Apego. Bowlby tomava seus estudos sobre separação na primeira infância (sua teoria da
neurose) como sendo “apenas uma variante da teoria do trauma proposta por Freud”
(BOWLBY, 1990a, pág. 11).
No entanto, seus contemporâneos não perceberam sua obra desta maneira,
considerando seu trabalho absolutamente afastado do campo de pesquisa da psicanálise. Desta
forma, trataremos, na primeira seção do terceiro capítulo, dos pressupostos psicanalíticos e
biológicos, antes de apresentar a Teoria do Apego propriamente dita. Na segunda seção do
terceiro capítulo, será apresentada a Teoria do Apego de Bowlby e a importância dos
trabalhos de Mary Ainsworth na corroboração e ampliação desta teoria. Na terceira seção,
será apresentada a terceira fase desta teoria, a partir do trabalho de teóricos como Mary Main,
que levaram a Teoria do Apego a aproximar-se de questões relativas à narratividade e à
transmissão transgeracional, questões apenas delineadas na primeira fase desta teoria por
Bowlby.
2
John Bowlby nasceu em 1907, na Inglaterra, em uma família de classe média alta
inglesa. Seu avô, um correspondente do Times durante a Guerra do Ópio, foi capturado,
torturado e brutalmente assassinado. Seu pai, Sir Anthony, foi um importante cirurgião militar
da época, conhecido por arriscar-se enquanto cuidava de soldados feridos no front durante a
Primeira Guerra Mundial. Anthony cuidou de sua mãe viúva, só casando-se depois do seu
falecimento.
John foi o quarto de seis filhos e foi criado por uma babá, dentro da tradição britânica.
Tony, o irmão mais velho (apenas 13 meses de diferença), e John eram tratados como gêmeos,
estudando na mesma sala de aula e sendo muito competitivos, apesar da amizade entre os dois.
A família vivia em Londres e passava as férias de verão na Ilha de Skye na Escócia. Em
Londres, as crianças tinham contato com sua mãe somente durante uma hora depois do chá da
tarde, em que ela lia para os filhos. Nas férias, o acesso à mãe era bem mais longo, quando
saíam todos para caminhadas ao ar livre. Quando John fez quatro anos, sua babá largou o
emprego, deixando-o desolado. Anos mais tarde, escreveria que a perda tão abrupta de um
cuidador nesta idade é como perder a própria mãe. Bowlby descreveu sua mãe, ao longo de
suas biografias, como uma mulher preocupada em não mimar seus filhos, respondendo de
maneira seca aos clamores de atenção e afeto que os filhos faziam (COATES, 2004).
Aos sete anos de idade, como era comum na educação tradicional inglesa, foi mandado
a um colégio interno “para sua própria segurança”, segundo os motivos dados pela família,
passando depois para a escola naval Dartnorth antes de prosseguir seus estudos na faculdade.
Em 1925, iniciou sua carreira acadêmica em Trinity College, Cambridge, seguindo os
conselhos de seu pai, cirurgião. Nos primeiros anos neste college, estudou as ciências naturais,
depois as ciências morais, com especial interesse na psicologia do desenvolvimento. Durante
o período da faculdade, ganhou muitos prêmios pelo seu desempenho intelectual.
Depois da graduação, em 1928, realizou trabalhos voluntários em duas escolas
progressistas, sendo uma delas uma instituição para crianças desajustadas (Priory Gate).
Enquanto lecionava, Bowlby ficou impressionado pela quantidade de crianças que haviam
perdido sua mãe precocemente. Com o fim destes dois trabalhos, Bowlby foi persuadido por
John Alford, um membro da equipe de Priory Gate que se tornaria grande amigo e
conselheiro de Bowlby, a fazer seu curso de medicina para que pudesse treinar na área de
4
psiquiatria infantil. Assim, em 1929, com vinte e dois anos de idade, Bowlby entrou para
University College Hospital in London (em 1933, ele se formaria em medicina).
Ao mesmo tempo, Bowlby foi aceito na British Psychoanalytical Association (BPS),
sendo analisado por Joan Riviere (que era fortemente influenciada pelo trabalho desenvolvido
por Melanie Klein) e supervisionado por Nina Searl e, posteriormente, por Ella Sharpe. Nesta
época, a BPS tinha três grupos de influência: Grupo A, que se aproximava de Freud, o Grupo
B, que se aproximava de Klein e o Grupo do Meio. Em 1937, ele se formou como analista.
Sua primeira análise de criança foi supervisionada por Melanie Klein. No entanto, a influência
de Klein sobre seu trabalho seria paradoxal. Klein proibia Bowlby de conversar com os
cuidadores de seus analisandos. Bowlby, porém, interessava-se pela transmissão
transgeracional das dificuldades no apego e pelo entendimento de como um problema não
resolvido em uma geração surgiria na geração seguinte. Bowlby empenhou-se em mostrar que
as experiências reais das crianças, e não somente as fantasias, tinham efeitos significativos em
muitos aspectos do desenvolvimento. Ele também desejava apoiar-se nos comportamentos
como indicadores de representações internas, tanto da criança, quanto da mãe. A Escola
Húngara teria, assim, grande influência para o trabalho de Bowlby, principalmente os textos
de Ferenczi, Benedek e Hermann, uma vez que essa escola enfatizava a importância do laço
entre o objeto primário e a mãe. Outras influências importantes em sua obra foram os
trabalhos de Spitz e de Fairbairn e Suttie. Bowlby preocupava-se, sempre, que suas teorias
psicanalíticas fossem consistentes com os achados científicos de outras áreas vizinhas, sendo
muito interessado no estudo de etologia e evolução humana.
Ao fim do curso de medicina, Bowlby trabalhou no Maudsley Hospital, na área de
psiquiatria de adultos. Depois deste trabalho, ele foi aceito no Child Guidance Clinic in
London, onde foi apresentado à idéia de transgeracionalidade na transferência de neuroses,
tema que marcaria sua obra.
Em 1938, Bowlby se casa depois de ter conhecido sua esposa quando em férias na
Irlanda. Os dois serão pais de quatro filhos. Uma influência importante para Bowlby, nesta
época, foi a do amigo Evan Durbin, apresentado pelo irmão Tony durante os anos em
Cambridge. Durbin iria se tornar, mais tarde, um político do Partido Trabalhista e, assim
como Bowlby, preocupava-se com a necessidade de ações concernentes ao bem-estar social.
Bowlby percebia a psicoterapia infantil como uma forma de medicina preventiva que mudaria
não só os indivíduos, mas a sociedade. A colaboração mútua com Evan resultou, em 1938, no
livro Personal Aggressiveness and War. Evan morreria logo depois da Segunda Guerra
5
montar sua própria equipe de pesquisa para poder realizar estudos com novo enfoque nas
interações familiares.
Em 1948, depois de conseguir fundos para realizar suas pesquisas, Bowlby contratou
James Robertson para realizar uma observação de crianças hospitalizadas, institucionalizadas
ou separadas de alguma maneira dos pais, principalmente da mãe. Depois de dois anos de
trabalho nos hospitais, Robertson e Bowlby realizaram o filme A two-year-old goes to
hospital (1952). Este documentário mostra o impacto da perda e o sofrimento vivido por
crianças pequenas diante da separação de seus cuidadores. O filme desempenhou um papel
fundamental para o desenvolvimento da Teoria do Apego e também para que houvesse
mudanças no tratamento dado às crianças hospitalizadas, permitindo a estada dos pais nos
hospitais durante o período de internação dos filhos.
Em 1949, tornou-se assessor da Organização Mundial de Saúde (OMS) e, nesta
posição, pôde pesquisar o impacto das perdas para as crianças em uma Europa assolada pela
desintegração familiar do pós-guerra. Sua pesquisa resultou, em 1951, na publicação do livro
Maternal Care and Mental Health (publicado em formato popular sob o nome Child Care
and the Growth of Love), em que defendia a importância de uma relação afetiva constante
para a saúde psíquica da criança. Para o autor, não seriam as privações nutricional, econômica
ou médica, e, sim, a psicológica a que mais causaria problemas às crianças.
A partir de 1950, Bowlby deu um fundamento cada vez mais biológico à sua teoria,
fruto de seu interesse pela biologia darwiniana e pela etologia. Esta área de conhecimento,
fortemente influenciada pelo seu encontro com Robert Hinde, teria o papel de esclarecer a
natureza dos laços entre mães e filhos. Hinde mostraria para Bowlby a importância do
trabalho desenvolvido por Harlow com macacos rhesus. Depois de ver as fitas gravadas por
Harlow, Bowlby convenceu-se de que entender o sistema de apego à luz da biologia
evolucionária era o caminho certo a ser tomado. Suas primeiras teorizações sobre apego
baseavam-se, também, nos conhecimentos adquiridos nestas duas áreas. Sua intenção era criar
uma teoria psicanalítica sobre relação objetal e motivação em bases firmemente científicas.
A primeira apresentação formal da Teoria do Apego seria feita a partir de 1957,
quando Bowlby leu seus três clássicos artigos na British Psychoanalytic Society: The Nature
of the Child's Tie to his Mother (1957), em que ele revisa as explicações da teoria
psicanalítica vigente para o investimento libidinal do bebê em sua mãe; Separation Anxiety
(1959), em que Bowlby questiona a teoria tradicional, pois esta não consegue explicar o
apego à figura materna e as respostas dramáticas das crianças à separação; e o terceiro artigo
7
seria Grief and Mourning in infancy and early childhood (1959). Neste texto, Bowlby
questiona a visão de que o narcisismo infantil seria um obstáculo para o luto pela perda de um
objeto de amor (Anna Freud postulava que um ego parcamente desenvolvido não seria capaz
de realizar um luto).
Bowlby via o comportamento de apego como uma estratégia de sobrevivência criada
durante o processo evolucionário. O objetivo do comportamento de apego (sugar, sorrir,
chorar, abraçar, seguir) seria tornar a criança mais próxima de sua mãe. Para ele, a não ser que
houvesse um sistema de comportamentos que realizasse uma ativação dos cuidados maternos,
a criança morreria. Além disso, por acreditar que o instinto de apego seria o principal
responsável pela sobrevivência humana, ele o punha acima, na escala de importância, do
instinto sexual ou do instinto alimentar.
Na próxima seção, serão apresentadas, brevemente, as bases da Teoria do Apego,
como foram propostas por Bowlby.
8
3. Teoria do Apego
a) Pressupostos Psicanalíticos
Apesar da influência das teorias de relação objetal na obra de Bowlby, este autor
afasta-se dos demais teóricos psicanalíticos porque se baseia em uma nova teoria do instinto.
Busca, em autores que estudam sistemas de controle, uma explicação mais ampla para o
comportamento instintivo (veremos estes modelos com mais detalhe na subseção b). Assim,
neste modelo, a conduta pulsional é ativada tanto por condições internas como externas,
quando a função que cumpre torna-se necessária. Em seu livro primeiro da trilogia, o autor
discute o modelo de energia psíquica proposto por Freud, considerando-o insatisfatório. Isso
porque este modelo define o início de uma ação a partir de uma acumulação de energia e o
9
término, à sua exaustão. No entanto, Bowlby acreditava que grande parte do comportamento
não seria explicável desse modo. Outra falha deste modelo, segundo o autor, seria seu grau de
instabilidade e sua não-testabilidade, indicando um desejo, presente na obra de Bowlby, de
aproximação do método psicanalítico ao método científico. Uma terceira deficiência do
modelo, para Bowlby, seria a própria distinção entre energia psíquica e energia física.
Bowlby baseia-se em duas hipóteses para afastar-se deste modelo sem, para Bowlby,
afastar-se da psicanálise: “(1) o modelo de energia psíquica de Freud originou-se fora da
psicanálise; e (2) um dos motivos principais para a introdução desse modelo (de energia
psíquica) em sua teoria psicológica foi assegurar que ela se harmonizasse com o que ele
acreditava serem as melhores idéias científicas da época” (BOWLBY, pág. 16). Como Freud,
ele sentia-se livre para escolher hipóteses mais condizentes com o desenvolvimento científico
de seu tempo para construir um modelo teórico psicanalítico.
Assim, Bowlby questiona a existência de um modelo alternativo mais adequado. Para
tentar solucionar estas falhas, o autor usará o modelo de sistemas de controle, percebendo que,
deste modo, iria dar atenção tanto às condições que finalizam um ato, quanto às que o iniciam.
Ou seja, na sua teoria do instinto, “no lugar de energia psíquica e sua descarga, os conceitos
centrais são os sistemas de comportamento e seu controle, de informação, feedback negativo e
forma comportamental de homeostase” (BOWLBY, pág.18, 1990a). Desta maneira, a energia
postulada é apenas a energia física e os sistemas mediadores do comportamento de apego são
ativados por certas condições e só são finalizados por certas outras condições, de acordo com
um sistema de feedback.
porque o fundamental é a realidade social: toda referência (interna ou externa) deveria estar
submetida a uma contextualização interpessoal.
Comportamento Instintivo
O comportamento dos seres humanos varia de acordo com diferentes períodos do seu
desenvolvimento, com seu ambiente, com o tempo. No entanto, alguns comportamentos
mantêm-se mais estáveis, merecendo a designação de comportamento instintivo. Esse tipo de
comportamento possui quatro características principais:
Sistemas de controle
Sistemas comportamentais
Bowlby observa que o ser humano possui capacidades inatas para realizar o
comportamento de apego: capacidade de preensão; capacidade de interação (os bebês
desfrutam da companhia humana e são capazes de invocar a atenção de um adulto com
balbucios e sorrisos). Não só os bebês possuem capacidade de se apegar a uma figura de
cuidado, como também a outros bebês e crianças, protestando quando se afastam e recebendo-
as efusivamente quando retornam. Fica claro, neste último caso, que não há satisfação de uma
necessidade fisiológica no apego a bebês da mesma idade.
Assim, o comportamento de apego seria um produto da atividade de um certo número
de sistemas comportamentais que resultam na aproximação da mãe (ou outro cuidador) e na
manutenção desta aproximação. No ser humano, a criação desses sistemas é lenta e muito
complexa, variando de criança para criança. Este sistema de comportamentos (a sucção, o
abraçar, o choro, o riso e o acompanhamento) é ativado quando pela partida da mãe ou pela
presença de algo assustador para a criança e os estímulos que finalizam este comportamento
são o som, a visão e o contato com a mãe. Este sistema é intensamente ativado na criança até
ela atingir os três anos de idade, quando se torna menos urgente a proximidade com a mãe.
Para Bowlby, este comportamento seria fruto de um processo evolutivo. Bowlby imaginava
que a função mais provável para o comportamento de apego seria a de proteção contra os
predadores. Atualmente, a função de apego está associada à proteção de elementos perigosos
1
Os trabalhos desenvolvidos por Trevarthen e Meltzoff indicam uma fase sensível muito mais precoce. Ambos
autores acreditam que existe uma intersubjetividade inata, sendo a imitação neonatal a peça-chave para
demonstração desta intersubjetividade (BEEBE, 2003).
15
para o bebê, à defesa contra ataques iniciados por membros da mesma espécie e à capacidade
de seguir os movimentos da tribo (MAIN, 2001).
Também os pais possuem um comportamento complementar ao comportamento de
apego dos bebês, chamado comportamento de cuidar. O comportamento de recuperação
consiste em recolher o bebê nos braços e assim conservá-lo, mantendo a proximidade com o
bebê. Este comportamento só irá cessar quando a mãe perceber que o bebê está a salvo. Assim
como o comportamento do bebê se dirige para uma figura materna, também o comportamento
da mãe se dirige para um determinado bebê.
Existe um equilíbrio dinâmico na interação entre mãe e filho, havendo um limite mais
ou menos estável para a distância entre os dois. Esta interação é realizada dentro de quatro
classes de comportamento:
O Projeto Uganda
Para a realização desta pesquisa, Ainsworth recrutou 26 famílias com bebês entre 1 e
24 meses. Suas observações duraram até 9 meses. Essas famílias eram visitadas duas vezes
por semana durante duas horas. Ainsworth ficava na sala de visitas com as mães e os filhos,
observando, principalmente, os sinais e os comportamentos de aproximação das crianças e
quando esses sinais eram preferencialmente dirigidos para a mãe.
As longas observações e as entrevistas de Ainsworth deixaram clara a importância da
sensibilidade das mães aos sinais infantis (as mães consideradas mais sensíveis eram aquelas
que podiam fornecer informações sobre seu bebê com muita riqueza de detalhe e de forma
espontânea). Três padrões de apego foram observados:
O Projeto Baltimore
A Situação Estranha
1. Apego seguro (B): Os bebês com apego seguro são ativos em suas brincadeiras e
estão prontos para buscarem contato quando aflitos por uma separação breve. São
capazes, também, de serem prontamente confortados, voltando-se novamente para
suas atividades lúdicas e exploratórias. Aqui há uma modulação na emoção, no sentido
de que se pode perceber um momento de crise, gerado pela separação, seguido por um
momento de tranqüilidade, fruto da reunião com a mãe. (Este tipo de apego foi
associado com uma relação entre a mãe e o bebê em que a mãe é sensível aos apelos
do bebê e responde de maneira adequada).
2. Apego ansioso e esquivo (evitativo) (A): Estes bebês evitam a mãe no momento de
reunião após a separação, especialmente após uma segunda ausência breve. Muitos
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tratam um estranho de modo mais amistoso do que a própria mãe. Pareciam, assim,
reprimir durante o experimento expressões de ansiedade e angústia. Neste tipo de
apego, não há uma mudança de emoção drástica. Não há uma crise seguida por um
final feliz. Tudo se passa como se nada tivesse acontecido. Estudos posteriores,
realizados por Spangler e Grossmann, de 1993 e 1999, mostraram que estas crianças
experimentavam uma angústia e um estresse consideráveis, do ponto de vista
fisiológico, corroborando a hipótese de repressão proposta por Ainsworth. (Este tipo
de apego foi associado a mães que costumam rejeitar seus bebês).
3. Apego ansioso e resistente (ambivalente) (C): Estes bebês, ao mesmo tempo em que
buscam contato com a mãe após a situação de separação, são resistentes à interação e
não são facilmente consolados, como no caso de bebês com apego seguro. Alguns
bebês são muito coléricos; outros, passivos. Ficam, durante todo o teste, preocupados
com suas mães e demasiadamente angustiados para se confortarem com o retorno
delas. (Este tipo de apego foi associado a mães que respondem de maneira inadequada
aos apelos de seus bebês, porém sem rejeitá-los).
vezes tinham acessos de raiva com a mãe e tendiam a perseguir e maltratar seus colegas de
escola.
O comportamento ambivalente foi associado a uma insensibilidade materna para
perceber os sinais da criança, particularmente, com uma imprevisibilidade nas respostas
maternas, mas não com uma rejeição da mãe. As mães destas crianças pareciam pouco
habilidosas para pôr os bebês em seus braços e incapazes de acompanhar interações face a
face. Estas mães pareciam também desestimular a autonomia. Assim, em outros adultos, essas
crianças pareciam despertar a sensação de que elas eram mais novas e dependentes do que, de
fato, eram.
Os padrões de comportamento de apego vistos na Situação Estranha seriam, assim,
facilmente observáveis nos lares das crianças. A organização do comportamento de apego
variaria conforme a capacidade da mãe de atender aos sinais e às comunicações de seu filho
durante o primeiro ano de vida.
Atualmente, existem três padrões de apego inseguro:
Por volta dos anos 80, a terceira fase da Teoria do Apego será marcada por uma
pesquisa voltada para a ampliação do estudo dos modelos operativos internos teorizados por
Bowlby. A metodologia empírica, pedra angular desta teoria, irá buscar novos temas, como os
aspectos psicológicos, internos e representacionais do apego. Desta maneira, haverá uma
maior preocupação em torno da narratividade e da transgeracionalidade de padrões de apego
entre pais e filhos, além de um aprofundamento nos estudos sobre os modelos operacionais,
que estão intimamente relacionados à linguagem.
Um dos principais estudos desenvolvidos, nesta fase, é a Entrevista de Apego do
Adulto, elaborada por Mary Main e Ruth Goldwyn. Além deste instrumento, foram
desenvolvidos testes com figuras para adolescentes a fim de se avaliar a ansiedade frente à
separação por Haansburg, o Teste de Angústia de Separação (1972), adaptado, posteriormente,
para crianças por Klagsbrun e Bowlby (1976), e revalidado por Kaplan (1984). Foi elaborado,
também, um teste para avaliar o apego em pré-escolares. Este teste se estruturava com estórias
de bonecos a serem completadas. Os autores foram Inge Bretherton, Doreen Ridgeway e Jude
Cassidy (1990).
Nesta terceira fase, estudos foram feitos mostrando que não só o comportamento de
uma criança na Situação Estranha predizia seu comportamento em entrevistas futuras, como
em entrevistas com estas crianças aos seis anos de idade (MAIN e CASSIDY, 1988), mas
também que o comportamento dos pais nas Entrevistas de Apego Adulto tinham uma forte
correlação com as reações de seus filhos na Situação Estranha (MAIN, KAPLAN, CASSIDY,
23
1985). Indicava-se, assim, uma nova área de pesquisa já delineada por Bowlby, a importância
da transgeracionalidade nas relações pai-filho.
2
Paul Grice, filósofo da linguagem, 1913-1988, é conhecido pelo seu trabalho acerca do significado dado pelo
falante, pelos seus conceitos sobre as implicações conversacionais e por seu projeto de uma semântica baseada
na intenção.
Máximas de Grice
Máximas da quantidade
Faça sua contribuição tão informativa quanto necessário (para os propósitos reais da troca de informações);
Não faça sua contribuição mais informativa do que o necessário.
Máximas da qualidade
Tente fazer sua contribuição verdadeira
Não diga o que acredita ser falso;
Não diga algo de que você não tem adequada evidência.
Máxima da relação
Seja relevante
Máximas de modo
Seja claro
Evite a obscuridade de expressão;
Evite a ambigüidade;
Seja breve (evite prolixidade desnecessária);
Seja ordenado
3
(F) significa Free, ou seja, o indivíduo é livre para refletir.
25
passado. As memórias tendem a ser vistas de uma maneira equilibrada, sem idealizações.
Caso as memórias sejam difíceis, mas sejam tratadas de maneira reflexiva e sem distorções
defensivas como a idealização, o denegrecimento ou a cisão, também o discurso é
considerado de apego autônomo-seguro.
O discurso não viola as máximas de Grice. Além disso, e mais importante, o adulto
consegue refletir sobre seus processos mentais enquanto faz a narrativa. É capaz, também, de
imaginar os estados da mente de outras pessoas presentes durante o episódio ocorrido. Para
estas pessoas, é possível pensar sobre a influência dos estados mentais de seus pais sobre o
seu desenvolvimento durante sua infância.
Estes adultos conseguem modular altos níveis de intensidade emocional e aproveitar
este sentimento de uma maneira positiva e viver relações emocionais gratificantes com outras
pessoas.
Pessoas com apego autônomo-seguro percebem “a importância de relações de apego e
são livres para viver no presente” (SIEGEL, 1999).
Deve-se salientar que indivíduos com tipo de apego seguro-autônomo serão, mais
provavelmente, pais de crianças que tenham apego seguro.
Pessoas com este tipo de apego possuem muita dificuldade em se lembrar de eventos
de sua autobiografia, em se lembrar de suas infâncias. Parecem minimizar o significado das
relações íntimas durante o desenvolvimento infantil e falam sobre estas em termos
racionalizantes.
O discurso desses adultos não é coerente porque a descrição geral não é confirmada
por memórias específicas. Além disso, dão pouca informação sobre sua história pessoal ou
contam situações difíceis com pouca emoção ou sem atribuir importância. A narrativa tende a
ser extremamente curta, violando a máxima de Grice em relação à quantidade.
Muitas vezes, as histórias são contraditórias, sendo recontadas de diferentes maneiras.
Ao referirem-se às figuras de apego, podem mostrar idealização, desprezo ou desvalorização.
O discurso pode estar tomado por banalidades e informações triviais.
Segundo SIEGEL, o modelo operacional de apego de um adulto desentendido (Ds) é
muito semelhante ao de uma criança com apego evitativo. Parece haver uma baixa carga
emocional no comportamento das crianças e no discurso dos adultos. Isso seria decorrente da
26
distância emocional e da rejeição nas relações de primeira infância tanto na criança, quanto no
adulto.
A falta de memória de episódios da infância, neste caso, não se refere a um bloqueio
causado por trauma, mas aos padrões de relação mãe-bebê que eram desprovidos de emoção e
à rejeição parental.
No caso de indivíduos com apego adulto desentendido, há uma grande probabilidade
de que seus filhos tenham apego evitativo devido à maneira como os adultos modulam a
comunicação (baixa carga emocional, rejeição parental que pode ser reavivada durante a
parentalidade).
Adultos com este tipo de apego parecem intensamente preocupados com as relações
do passado, com a auto-estima e com a aparência física ou com lutos não resolvidos. O
passado volta com muita intensidade para o momento presente.
Os indivíduos parecem incapazes de aplicar critérios objetivos para a compreensão das
relações interpessoais, misturando relações de primeira infância com as relações atuais, e o
discurso é emocionalmente lábil. A entrevista pode ser longa e trabalhosa, com entendimento
muito difícil por conter frases gramaticalmente tortuosas. Há violação das máximas de Grice
tanto em relação à quantidade, como ao modo e à relevância. O entrevistado pode omitir
informação essencial e carregar em detalhes secundários.
As lembranças impressionam como sendo confusas ou fragmentadas e o discurso
acaba sendo incoerente. As respostas não são sucintas e não informam o que o entrevistador
perguntou. O acesso às lembranças de infância é fácil, porém estas vão se confundindo com a
realidade presente.
Adultos com apego preocupado possuem modelos de apego contraditórios e tornam-se
preocupados porque não sabem qual modelo de apego prevalecerá: o do cuidador que
consegue ou o do cuidador que não consegue dar conta de suas demandas. Existe também um
grande desejo de proximidade e um grande medo de perda desta proximidade.
Essa preocupação excessiva com o passado pode levar o adulto a tratar seu filho como
se fosse um espelho de sua infância. Claro está que uma percepção tão distorcida do próprio
filho gerará muitas falhas na comunicação entre cuidador e bebê.
4
(E) significa entangled, ou seja, confuso.
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“Em adultos preocupados (E) e suas crianças ambivalentes (C), os modelos mentais de
si mesmos com outras pessoas é cheio de fronteiras fendidas entre o passado e o presente”
(SIEGEL, 1999). Os relacionamentos são experimentados como sendo cheios de incerteza e
inconsistência. Os filhos de pais preocupados acabam por reativar sentimentos de abandono,
rejeição, medo, desapontamento e raiva em seus pais, visto que estes pais podem entrar em
um estado mental antigo, de suas próprias infâncias.
Segundo SIEGEL, isto acontece pelo seguinte motivo: os pais são convocados a se
lembrar de suas memórias de infância por conta do contexto de parentalidade. Dessa maneira,
quando um pai percebe em seu filho características similares a ele mesmo quando era criança,
cria-se uma situação em que o pai deve lidar com problemas de sua própria infância. No caso
de pais preocupados, “a intrusão de informação (memória) do passado em situações do
presente impossibilita aos pais ter uma comunicação contingente e colaborativa com seus
filhos” (SIEGEL, 1999).
Indivíduos com apego preocupado estão mais propensos a terem filhos com apego
ambivalente, que ficam demasiadamente preocupados com seus pais para poderem explorar o
ambiente na Situação Estranha e não conseguem se consolar na reunião com seus cuidadores.
Como nos casos das crianças com apego desorganizado/desorientado, os adultos que
estão nesta categoria recebem uma outra categoria principal Ds, E ou F, de acordo com a
estrutura de suas narrativas.
Nestes adultos, a narrativa torna-se contraditória e fragmentada quando se aborda
temas relacionados ao manejo dos lutos ou à descrição de episódios traumáticos. Ao referir-se
a estas situações, podem perder o curso do pensamento até o ponto de não poder recordar o
que estavam dizendo ou podem introduzir uma perspectiva incoerente com a que começaram
a narrativa. Parece haver uma falta de integração entre os elementos da narrativa: sentimento,
memória, capacidade de manter uma comunicação colaborativa e capacidade de manter um
fluxo de consciência que permita um discurso coerente. É comum, nestes casos, o uso de
verbos no tempo presente para descrever episódios do passado, as frases são muitas vezes
incompletas, há longas pausas.
5
(U/d) significa unresolved/disorganized e quer dizer que o adulto não resolveu algum trauma ou luto.
28
Por intermédio dos estudos realizados por Main na entrevista de adultos e de tantos
outros autores desta terceira fase da Teoria do Apego não citados nesta monografia, tem-se
um aprofundamento de questões referentes aos padrões de relação interpessoal.
O apego, na sua essência, seria baseado na sensibilidade e na responsividade dos
cuidadores aos sinais do bebê. Agora não mais se fala de comportamentos sintonizados, mas
de estados mentais em sintonia.
Uma comunicação contingente permite aflorar um apego seguro no bebê e é
acompanhada por sinais entendidos e respondidos de forma coerente e consistente dentro da
díade. A saúde do indivíduo funda-se, assim, na capacidade de se dividir estados mentais e de
se influenciar continuamente um ao outro (pai e filho) com sintonia emocional.
29
Neste capítulo, será feita uma aproximação, proposta por Bernard Golse6, entre a
Teoria do Apego e a Metapsicologia. Considerando os pressupostos iniciais da Teoria do
Apego, esta aproximação não é trivial. No entanto, Golse irá usar o conceito “pulsão de
apego” para fazer esta ponte.
Os estudos de Golse a respeito desta questão são incitados pelos textos de Didier
Anzieu acerca dos envelopes psíquicos e do eu-pele. Em 1987, Didier Anzieu publicou seu
artigo “Les Significant formels et lê Moi-peau” em que lança o conceito de “pulsão de apego”.
Anzieu acredita que a pulsão de apego seja uma pulsão intermediária entre a pulsão de
autoconservação e a pulsão sexual. Além disso, Anzieu apresenta outros elementos
importantes para o desenvolvimento deste conceito que serão inseridos na argumentação
proposta por Golse.
Golse aprofundará o conceito de pulsão de apego, considerando-o “extremamente
estimulante” por abrir uma perspectiva para a aproximação entre a Teoria do Apego e a teoria
de relações de objeto e por poder reintegrar o apego à teoria de apoio. Antes, porém, devemos
fazer a ressalva de que o próprio Bowlby não buscava relacionar sua teoria à teoria das
pulsões pelos motivos já expostos na seção 3.1.
Pulsão de Apego
Golse propõe que se o apego é uma necessidade primária da criança, ele pode ser
libidinizado. Sua idéia é que este conceito não seja entendido do ponto de vista apenas
cognitivo7, mas perceber, por exemplo, que uma figura de apego é investida afetivamente
(pulsionalmente). Segundo GOLSE (2003), “a transmissão transgeracional dos esquemas de
apego segue os mecanismos da transmissão fantasmática”. Como pôde ser visto na seção
anterior, o AAI permite ver que os adultos fazem representações atuais baseadas em seus
antigos esquemas de apego (apego na infância).
6
Pediatra, psiquiatra infantil e psicanalista. Chefe do serviço de psiquiatria infantil do hospital Necker-Enfants
Malades em Paris.
7
Noção já questionada por Mary Ainsworth, que considerava os esquemas de apego um misto de processos
cognitivos e afetivos e aprofundada por Inge Bretherton em seus estudos de modelos operativos internos.
Atualmente, as pesquisas sobre apego e narratividade em crianças dão aos esquemas de apego um verdadeiro
estatuto de representação mental.
30
O Circuito da Pulsão
aos processos de apego precoce, que foram estudados por Inge Bretherton. Bretherton irá
mostrar em seu trabalho que é a distância entre o que é esperado e o que é vivido que será
informativo para a criança. As representações irão refletir conjuntamente algo que é do sujeito
(o bebê), algo que é do objeto (o cuidador) e o tipo de laço que os une. Leva-se em conta, ao
mesmo tempo “a fonte pulsional (do lado do bebê) e o objeto (o cuidador), o que confere ao
apego (...) um status plausível de candidato ao papel de ponte entre essas duas teorias (...) a
teoria das pulsões e a teoria do apego”. (GOLSE, 2003).
A partir da terceira fase da Teoria do Apego, não é mais possível entender o apego
apenas como um comportamento automatizado sem mentalizações. A narratividade estudada
nesta terceira fase “oferecerá a possibilidade de reunir num mesmo olhar a Teoria do Apego e
a Teoria Psicanalítica” (GOLSE, 2003).
33
5. Conclusão
pesados. Acredita-se, assim, que a criança poderá resistir a certos mandatos e, desse modo, ser
“a historiadora da história que ela mesma contribui a escrever” (GOLSE, 2003).
35
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36
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