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Disciplina de

PATOLOGIAS GERAIS DA
NUTRIÇÃO
Unidade 8
Patologias associadas
às deficiências
nutricionais
Conteúdo da aula:
- Excessos nutricionais
- Deficiências nutricionais
Obesidade
O que é?
excesso de gordura corporal.

Só?

A obesidade promove
inúmeras alterações no
corpo e tem associação
com enfermidades,
sobretudo doenças
cardiovasculares,
diabetes melito do tipo 2 A incidência de obesidade vem crescendo globalmente de modo preocupante.
e hipertensão arterial.
Pesquisa Nacional de Saúde, 2019
Obesidade
Decorre do armazenamento excessivo de triglicerídeos em depósito de tecido adiposo, devido à ingestão
calórica excessiva, ao gasto insuficiente de energia, ou ambos.

Energia para as Carboidratos


atividades vitais Proteína
Exercícios físicos Lipídeo
Outros

Inúmeras condições levam a balanço positivo de energia, entre elas:


- sedentarismo, alterações hormonais, aumento da ingestão calórica e alterações psicocomportamentais,
além do componente genético.
Obesidade

Entretanto, a patogenia da obesidade é complexa e não completamente compreendida.


Pesquisas em andamento identificaram complexos mecanismos humorais e neurais que
controlam o apetite e a saciedade.
Obesidade Fatores que regulam a ingestão alimentar
Neuropeptídeos
• Orexígenos: neuropeptídeo Y (NPY) e o peptídeo relacionado à Agouti (AgRP)
• Anorexígeno: hormônio estimulador do melanócito alfa (a-MSH) e o fator de transcrição
cocaína-anfetamina dependente (CART).

OBESIDADE
grelina • supressão pós-prandial da grelina é menor.
• resistência da leptina.
• baixos níveis plasmáticos de PYY em jejum e
pós-prandial.
insulina
Peptídeo YY
Colecistocinina
Início da refeição:
leptina Grelina > estimula produção de NPY/AgRP.

Após a refeição:
Leptina, insulina e peptídeo YY (PYY) > elevam a produção do α-MSH/CART
Obesidade
A obesidade é definida como um acúmulo de tecido adiposo de magnitude suficiente para
prejudicar a saúde

Sobre os tipos de tecido adiposo:


Tecido adiposo marrom Tecido adiposo amarelo

O tecido adiposo marrom está presente Dois subtipos:


sobretudo em recém-nascidos, principalmente - tecido adiposo subcutâneo
nas regiões cervical e axilar, e decresce com a - tecido adiposo visceral (gordura intra-
idade. abdominal e intratorácica)
Obesidade

O número total de adipócitos é provavelmente definido durante a


infância e a adolescência, além do período gestacional em mulheres.

Indivíduos obesos nesses períodos da vida terão mais adipócitos do


que os indivíduos magros (na idade adulta, hiperplasia de células
gordurosas é rara).
Obesidade

Médio
Alterações no peso corporal na idade adulta somente reduzem ou
aumentam a quantidade de lipídeos nos adipócitos, que podem se
tornar hipertróficos.

Pequenos
A exceção a esses casos são obesos extremos em que a
Grandes
hipertrofia é de tal magnitude que leva à ativação e à
diferenciação de pré-adipócitos em adipócitos.
Obesidade

Tecido adiposo de animais eutróficos e obesos. Notar a maior área (superfície) dos adipócitos nos obesos assim como infiltração de
macrófagos em torno de alguns adipócitos (setas), formando estruturas semelhantes a coroas.

Filho, 2021.
Obesidade
Função do tecido adiposo

• Armazenamento de energia
• Proteção (frio, choque etc.)
• Função endócrina Afetam:
- metabolismo de lipídeos e carboidratos
- induzem inflamação
- aumentam o estado pró-trombótico
- aumentam a pressão arterial
- modificam o comportamento alimentar
Obesidade
Função do tecido adiposo

São produzidas por adipócitos, macrófagos e células do estroma do tecido adiposo:

• Leptina
• Adiponectina
• Resistina
• Visfatina
• Inibidor do ativador do plasminogênio 1 (PAI-1) e fibrinogênio
• Angiotensinogênio e outras proteínas do sistema renina-angiotensina (SRA)
• Outros ligados a macrófagos
Obesidade
Leptina
O nome leptina vem do grego leptos, magro.

Adiposidade Leptina SACIEDADE


GASTO ENERGÉTICO
Na obesidade é até comum a hiperleptinemia.

a demasiada estimulação da leptina em seus receptores origina resistência à sua ação no


organismo.
Obesidade Adiponectina

Adiponectinas

Adiposidade Adiponectina Adipo R1


Adipo R2

Oxidação de ácidos graxos Oxidação de ácidos graxos


Glicólise
Propriedades
Sensibilidade a glicose Gliconeogênese
Anti-inflamatórias
Anti-aterogênicas
Antidiabéticas
Obesidade
Resistina

Adiposidade Resistina

Proteína envolvida no processo inflamatório crônico,


associado à obesidade.

Resistina como molécula reguladora de processos


inflamatórios por sinalizar e ativar células imunes e causar
liberação de citocinas pró-inflamatórias.

KIZILARSLANOĞLU et al., 2015


Obesidade
Visfatina visceral fat = visfatin

Adiposidade Visfatina Em obesos a resistência à insulina e a hiperglicemia


estimula a produção de visfatina contudo, seus efeitos
na secreção pancreática de insulina não são
• É necessária para a síntese de insulina
suficientes para reverter a síndrome.
• Aumenta a sensibilidade à insulina

• Tem ação hipoglicemiante


Obesidade
Inibidor do ativador do plasminogênio 1 (PAI-1)

Adiposidade PAI - 1 A fibrina é essencial para a formação de


coágulos e a ativação do sistema fibrinolítico
leva à quebra da fibrina por uma enzima
chamada plasmina, permitindo a reabsorção
Ativadores do plasminogênio
PAI-1 gradual do coágulo.

plasminogênio plasmina
rompimento das A deterioração do sistema de fibrinólise faz
redes de fibrina
parte das complicações cardiovasculares da
obesidade, leva ao aumento da formação de
coágulos.

Fibrina
Obesidade
Angiotensinogênio e outras proteínas do sistema renina-angiotensina (SRA)

Diferenciação de
adipócitos
Obesidade
Macrófagos
Serão responsáveis pela produção do tecido adiposo de TNF-a, que por sua vez:

(1) diminui a síntese de adiponectina e aumenta a de citocinas pró-inflamatórias;

(2) atividade pró-aterogênica;

(3) aumenta a resistência à insulina em adipócitos, por reduzir a expressão de proteínas da via de
sinalização da insulina.

(4) Macrófagos migrados por estímulos secretam radicais livres e citocinas pró-inflamatórias.
Comorbidades associadas à obesidade

O estado pró-inflamatório na obesidade promove:

- resistência à insulina Diabetes melito tipo 2 (DM2)


- disfunção endotelial Doença coronariana
- hipertensão arterial Acidente vascular cerebral
- dislipidemia Insuficiência cardíaca congestiva

O agravamento do quadro é proporcional ao aumento do peso.


Comorbidades associadas à obesidade
Comorbidades associadas à obesidade
Obesidade, síndrome metabólica e câncer.

Obesidade e excesso de peso são percursores da


síndrome metabólica, a qual está associada com a
resistência à insulina, diabetes tipo 2 e alterações
hormonais.

Aumentos na insulina e no IGF-1 estimulam a


proliferação celular e inibem a apoptose, e
contribuem para o desenvolvimento de tumores.

Kumar, Vinay, et al. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas


das Doenças. Disponível em: Minha Biblioteca, (9th edição). Grupo
GEN, 2016.
IGF, fator de crescimento semelhante à insulina;
IGFBP, proteína ligadora do fator de crescimento semelhante à insulina;
SHBG, globulina ligadora dos hormônios sexuais.
Deficiências nutricionais
Deficiências nutricionais

Deficiência primária: desencadeada pela falta ou redução dos nutrientes considerados


essenciais para a dieta humana.

Deficiência secundária ou condicionada: desencadeada pela associação de vários fatores:


- Aumento da demanda nutricional
- Excreção aumentada
- Interferência na absorção
- Interferência na função tecidual
- Interferência na ingestão
Deficiências nutricionais
Macronutrientes e micronutrientes

Lipossolúveis – ADEK
Hidrossolúveis- complexo B e C

Carboidratos Vitaminas
Proteínas Minerais
Lipídeos Ferro
Cobre
Iodo
Selênio
Zinco
E outros
Energéticos e não energéticos
Deficiências nutricionais
Vitamina Deficiência Incidência da deficiência Fontes

Beribéri, perda de apetite, neuropatia,


Carnes, grãos enriquecidos,
Tiamina (B1) fadiga, paralisia, insuficiência cardíaca, Hoje é comum no alcoolismo
legumes
síndrome de Wernicke-Korsakoff

Em países subdesenvolvidos e
Riboflavina (B2) Queilose, glossite, erupções cutâneas Leite, carnes, vegetais verdes
locais de miséria
Pelagra (síndrome dos três D: dermatite,
diarreia e demência), fraqueza, falta de
Niacina (B3) Hoje é comum no alcoolismo Carnes, amendoim, legumes
apetite, neurite, dermatite, confusão mental

Grãos, sementes, fígado, rim,


Piridoxina (B6) Anemia, irritabilidade, convulsões, neurite Rara
ovos, vegetais
Anemia megaloblástica, defeitos do tubo Em locais de miséria, idosos e
Ácido fólico (B9) Fígado, vegetais verdes, legumes
neural alcoólatras
Deficiências nutricionais

Vitamina Deficiência Incidência da deficiência Fontes

Anemia perniciosa, neuropatia Vegetarianos?/ pacientes


Cobalamina (B12) Fontes animais
periférica bariátricos
Frutas cítricas, melão, tomate,
Rara, pode acontecer no
Escorbuto, anemia, hemorragias, pimentão, folhas verdes, leite e
Vitamina C alcoolismo em idosos com má
aumento do estresse oxidativo fígado.
alimentação

Biotina dermatite, glossite, perda do apetite


Rara fígado, leite e gema de ovo
(complexo B) e náuseas.

em abundância em todos os
Ácido pantotênico - Rara
alimentos
Deficiências nutricionais
Vitamina Deficiência Incidência da deficiência Fontes

Cegueira noturna, xeroftalmia, alterações Retinol: fonte – animal


Vitamina A Ocorre em pacientes desnutridos
na pele Carotenos: fonte – vegetais

Vitamina D abaixo do normal é Óleo de peixes, exposição à luz


Vitamina D Raquitismo, osteomalacia
comum na população solar

Fragilidade de hemácias, anemia, Óleos vegetais, ovos, carnes,


Vitamina E Rara
neuropatia periférica cereais

Folhas verdes, leite, carnes, ovos,


Vitamina K Tendência a hemorragias Rara, pois o corpo produz.
frutas
Deficiências nutricionais
Mineral Deficiência Incidência da deficiência Fontes
Osteoporose e outros problemas
Cálcio ósseos Comum Vegetais escuros e derivados de leite
Câimbras
Edema, náuseas, dor de cabeça, Comum em jejum, quadros de perda
Sódio Sal de cozinha
confusão mental e fadiga. hidroeletrolítica (vômito e diarreia)

fadiga, câimbras, formigamento e Comum em pacientes internados, girassol torrada, abacate, amêndoas,
Potássio dormência, arritmia cardíaca e quadros de perda hidroeletrolítica espinafre, batata, beterraba, brócolis,
distensão abdominal. (vômito e diarreia) aipo, iogurte desnatado e banana

dor óssea, problemas metabólicos,


alcoolismo, queimaduras, jejum e uso Castanhas, carnes, algumas frutas e
Fósforo taquicardia, perda de memória e
de diuréticos legumes.
resistência à insulina

Anemia hipocrômica e microcítica,


Ferro Deficiência comum
fraqueza
Deficiências nutricionais - CAQUEXIA
Desnutrição proteico-energética crônica, secundária a inúmeras doenças
(câncer, AIDS, doenças infecciosas debilitantes etc.).

• Características: grande perda de peso em adultos


ou falha de crescimento em crianças.

• Anemia, anorexia, fraqueza geral, inflamação,


resistência à insulina e aumento da degradação de
proteínas musculares são frequentemente
associadas à caquexia.

• A morte nos casos de caquexia resulta, em geral, da hipotrofia muscular generalizada


associada a comprometimento da imunidade.
Síndrome da realimentação
Comumente observada em pessoas que passaram por desnutrição grave:

- pacientes com transtornos alimentares


- desnutrição severa por outras condições médicas
- alcoolismo crônico
- pessoas em situações de fome prolongada.

“o corpo se adapta metabolicamente para utilizar as reservas de gordura e proteína como fonte
de energia. No entanto, quando a alimentação adequada é reintroduzida rapidamente, o
metabolismo é alterado, resultando em uma série de mudanças químicas e hormonais no
organismo”
Síndrome da realimentação
privação alimentar prolongada

Alimentação
Adaptações metabólicas

• Glucagon – lipólise e a proteólise; Aumento da insulina


• Baixa quantidade de íons Aumento da captação de P, K e Mg

Incapacidade de metabolizar a glicose Captação extrema de P, K e Mg

hiperinsulinemia e hiperglicemia diminuição rápida nos níveis no sangue


condição
potencialmente letal

náuseas, vômito e letargia, evoluindo para insuficiência respiratória e


cardíaca, hipotensão arterial, arritmias, delírio, coma e morte.
KIZILARSLANOĞLU, Muhammet Cemal et al. Alzheimer disease, inflammation, and novel
inflammatory marker: resistin. Turkish Journal of Medical Sciences, v. 45, n. 5, p. 1040-1046, 2015.

Kumar, Vinay, et al. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. Disponível em: Minha
Biblioteca, (9th edição). Grupo GEN, 2016.

Pesquisa nacional de saúde : 2019 : atenção primária à saúde e informações antropométricas : Brasil /
IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. -
Rio de Janeiro : IBGE, 2020.

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