TCC Faty
TCC Faty
TCC Faty
Olhando para o SNE, a conjuntura da actualidade, manifestada pela Lei n.º 18/2018 de
28 de Dezembro, no seu artigo 6 refere que a família deve contribuir para o sucesso do
ensino básico, sendo a educação uma obrigação da família e também do Estado, de um
modo geral, cita que é um dever e responsabilidade para ambas as partes, família e
escola.
Diante desse facto, entende-se que a escola não é somente responsável pelo progresso
dos alunos na sua vida, seja ela educacional ou profissional, assim, as duas instituições
são cumpridoras dessas obrigações. Diante desse facto, mostra-se que a relação
estabelecida entre a família e a escola, se torna uma figura importante na vida desses
personagens, portanto, se as instituições estiverem juntas com o mesmo foco sobre o
ensino-aprendizagem, podem proporcionar uma vida escolar mais expressiva aos
estudantes.
Acredita-se, que a construção dessa parceria deve partir dos professores, visando que a
família esteja cada vez mais preparada para ajudá-los. Entretanto, muitas famílias
sentem-se impotentes ao receberem, em suas mãos as dificuldades de seus filhos, por
não se sentirem preparadas para isso. Diante disso, é necessária uma conscientização
muito grande para que todos se sintam envolvidos neste processo constantemente de
educar os filhos. A sociedade inteira é responsável pela educação destes jovens, desta
geração. (PARO, 1999)
Sabe-se, também, que o trabalho a ser feito nos anos iniciais não se esgota na
alfabetização ou no desenvolvimento dessas capacidades linguísticas. Mas elas são
importantes porque é na alfabetização e no aprendizado da língua escrita que vêm se
concentrando os problemas localizados não apenas na escolarização inicial, como
também em fracassos no percurso do aluno durante sua escolarização. (Guedes-Pinto et
al., 2008, p. 14).
Diante desse contexto, percebe-se que, realizar uma análise mais detalhada com os
professores e pais de alunos, possibilita uma avaliação mais próxima da questão que
envolve a relação entre a família e a escola, buscando entender suas influências para o
processo da aprendizagem dos alunos.
Justificativa
A necessidade de se construir uma relação entre escola e família, deve ser para planejar,
estabelecer compromissos e acordos mínimos, para que o aluno tenha uma educação
com qualidade tanto em casa quanto na escola. E para isso, ao analisar a influência
dessa relação, através desta pesquisas, tem se por descrever o que é preciso fazer para
que haja uma parceria entre a família e a escola.
Portanto, justifica-se esta pesquisa pelo elevado grau de sua importância para a melhoria
dos bons resultados ao ensino. As relações entre os pais e a escola sempre existiram e
com o passar dos tempos muitas coisas foram sofrendo alterações. Já há alguns décadas
atrás o relacionamento destes dois era muito diferente do actual, ou seja, antes o a
escola determinava ou afirmava, quer nas tarefas ou sanções, era confirmado pela
família.
Portanto, a relação positiva da família diante a escola é apontada como sendo de grande
importância, com intuito de estimular a conduta da criança em sala de aula, sendo
conveniente diante desse processo de ensino-aprendizagem, assim, essa questão na
escola também não é tão diferente, pois estão com os mesmos desafios e
responsabilidades.
Por isso, esse acompanhamento próximo e afinidade que deve ser construída, são
factores imprescindíveis e que possibilita que o aluno adentre na instituição escolar sem
apresentar maiores problemas com a sua educação, e, diante disso, passa a aprender de
forma adequada. (Zagury, 2002)
Problematização
A participação dos pais está muito além de só frequentarem as reuniões que as escolas
promovem. A maioria das escolas não desenvolvem actividades suficientes para
aproximar a família no processo de aprendizagem, e para que aconteça a interação dos
professores com os pais é necessário que as escolas criem outros tipos de eventos, tais
quais incentivem a colaboração da família no processo de aprendizagem da criança.
Este contato será gradativo, pois, em grande medida a família está acostumada a serem
chamadas para ir à escola para escutar reclamações de mau comportamento, tarefas
incompletas e abandono de aula.
Ainda assim, actualmente nota se uma ausência da participação activa dos familiares em
todo processo de aprendizagem da criança, onde por vezes observa se pais que apenas
fazem um mínimo acompanhamento da criança nas primeiras duas classes do ensino
primário por considerar ainda menores e para as classes posteriores elas são deixadas a
sua sorte até a conclusão do ensino médio.
Com isso, Ferreira (2003) diz que, se mostra presente o afastamento familiar em relação
à escola, levando a criança a perca de uma parte de sua capacidade pessoal para o
aprender. Nisto, cada classe tem um dever já bem definido diante a educação da criança,
e, certamente, passa por uma variação conforme a formação de prioridades com que
cada um escolhe para a sua vida.
Portanto, essa busca de informação e respostas, tem-se como questionamento para essa
pesquisa o seguinte ponto: Como a família participa com a escola para o aprendizado
com responsabilidade da criança?
Objectivo Geral
Objectivos Específicos
Hipóteses
Hipótese primária
Presume-se que a criança vinda de família carente e com pais que estão ausentes, acaba
gerando aumento da motivação baixa, e consequentemente, destinada ao fracasso na sua
escolaridade, levando a um futuro implicado, algo predeterminado, em uma sociedade
capitalista.
Hipótese Alternativa
Pradanov e Freitas (2013), dizem que pesquisa destaca se pela realização de estudo
planeado, sendo o método da abordagem do problema que caracteriza o aspecto
científico da investigação.
1.1.1. Tipo de pesquisa
Quanto aos objectivos, a pesquisa é do tipo exploratória, visto que ela proporciona
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-la explícita ou a constituir
hipóteses (FILHO; FILHO, 2015).
No que diz respeito a maneira pela qual se obtêm os dados á elaboração da pesquisa, é
necessário traçar um modelo conceptual e operativo dessa actividade, denominado
design, que pode ser traduzido como delineamento, uma vez que expressa as ideias de
modelo, sinopse e plano (PRADNOV; FREITAS, 2013)
Pesquisa de campo
Nesse estudo o pesquisador se desloca do seu ambiente para o campo, que será na
Escola Primária Completa das Palmeiras. É quando a coleta de dados e informações ou
as observações são realizadas no ambiente em que o objecto está situado no local de
manifestação do fenómeno pesquisado (FILHO; FILHO, 2015).
Também será utilizado questionários com questões abertas e fechadas para aplicação
com os pais (famílias) dos alunos das escolas selecionadas, com o propósito de extração
de dados e informações que possibilitem um trabalho de investigação criterioso quanto
aos resultados apurados, onde, a padronização das questões irá facilitar bastante a
análise do levantamento do estudo proposto. E, conforme Fonseca (2002, p. 58) “O
questionário é um instrumento de pesquisa constituído por uma série de perguntas
organizadas com o objetivo de levantar dados para uma pesquisa”.
Outros instrumentos, também, serão utilizados para a realização da coleta de dados para
esta pesquisa, sendo eles: o levantamento bibliográficos, livros, teses, dissertações, etc.,
serão usados como embasamento teórico dos factos analisados os questionários, que
funcionam como ferramentas de coleta de dados, composto por várias questões
formuladas para serem respondidas por escrito, sendo aplicados à todos os
colaboradores envolvidos no contexto dos objetivos, onde constam perguntas
direcionadas às actividades executadas, situações vivenciadas, os sectores responsáveis
e toda a equipa que compõem o processo.
Para Ferreira (1986), amostra leva a facilitar a incumbência daquilo que já se sabe, ou,
simplesmente pensa em saber, referente a população a questionar. Diante desse
contexto, a pesquisa aplicada incidirá directamente aos professores que lecionam na
primeira a quinta classe e pais (família) dos alunos, uma vez que, se optou nessa
pesquisa a realização de amostras realizadas por conveniência.
A relevância de qualquer estudo mede se pelos resultados que com ele pretende se
alcançar. Neste contexto, o presente estudo sobre a influência da família na educação
dos alunos mostra se importante na medida em que procura compreender o
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem em relação à contribuição dos
pais neste processo. Com o estudo será possível perceber o envolvimento da
comunidade na formação dos seus filhos, desde as classes iniciais até o final do ensino.
Fundamentação teórica
Segundo Gasperini (1989), o sistema escolar colonial nasceu entre finais do século XIX
e as primeiras décadas do século XX que era para preparar os colonos à direção política
e econômica do país. Tal como aconteceu em vários países no ocidente, Moçambique
não foge dessa realidade. A educação como instituição educativa, nasceu em função da
necessidade de formação de uma elite, num contexto caracterizado pela oposição entre o
trabalho manual e intelectual.
Nesse sentido, Gomez (1999) e Santos (2008), salientam que o ensino para o povo
autóctone (não-brancos) tinha como principal objetivo civilizar e unificar culturalmente.
“Civilizar” na prática significava proporcionar a aprendizagem da língua portuguesa e
dos rudimentos da religião católica, a aquisição de competências para os trabalhos rurais
e manuais. Na realidade, não se pretendia criar entre os povos africanos elites letradas,
mas sim torná-los “instrumentos” ao serviço de Portugal.
• Um subsistema oficial - destinado aos filhos do colono e assimilado, que visava dar a
criança instrumentos fundamentais de todo o saber e as bases de uma cultura geral
preparando a para a vida social.
• Um sistema indígena – para os nativos tinha por fim elevar gradualmente da vida
selvagem para a vida civilizada dos povos cultos, a população autóctone (população
nativa) das províncias ultramarinas. Em 1930 este ensino passa á cargo da Igreja
Católica, através do Diploma Legislativo nº 238, de 17 de maio.
Em 1983, na altura ia frequentando a 2ª classe quando ouço pela primeira vez sobre um
“novo sistema de educação”, que nessa luta ideológica e de vanguarda da reconstrução
diante dos destroços do colonialismo figurava como o enfrentamento dos vestígios que
restavam do colonialismo português com o seu “antigo sistema de educação”. A Lei nº
4/83, de 23 de março, se fundamentava nos seguintes grandes objetivos: a erradicação
do analfabetismo; a introdução da escolaridade obrigatória e a formação de quadros para
necessidade do desenvolvimento econômico e social e da investigação cientifica
tecnológica e cultural.
O SNE surgiu como instrumento de concretização dos ideais do PPI para galvanizar o
projeto político-ideológico e motor para o desenvolvimento da “nova” sociedade,
segundo ditavam as orientações do III Congresso da FRELIMO em 1977 (MAZULA,
1995; GOMEZ, 1999). Assim, a Lei 4/83 marcou um novo período de ascensão no
campo educacional, para quebrar a mentalidade capitalista deixada pelo “sistema
colonial de educação”. Foi homologada em 23 de março de 1983, com o objetivo central
de “formação do homem novo, um homem livre do obscurantismo, da superstição e da
mentalidade burguesa e colonial, um homem que assume os valores da sociedade
socialista”. (GOMEZ, 1999, p.35).
Entende-se por Sistema de educação como sendo o processo organizado por cada
sociedade para transmitir às novas gerações as suas experiências, conhecimentos,
valores culturais, desenvolvendo as capacidades e aptidões do indivíduo de modo a
assegurar a reprodução da sua ideologia e das suas instituições econômicas e sociais
(REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, 1983). Esta lei fundamenta-se nas experiências da
educação desde a luta armada de libertação de Moçambique até a fase de construção do
socialismo, nos princípios universais do Marxismo-Leninismo e no patrimônio comum
da humanidade.
Por causa da guerra civil que assolou Moçambique desde ao primeiro momento, dois
ano após a independência Nacional, guerra esta protagonizada pela RENAMO, afirma
Ferrão (2002), a economia sofreu das destruições e efeitos da guerra, secas, cheias,
população deslocada, população refugiada, escassez de mão de obra qualificada, falta de
divisas, entre outros fatores, houve a necessidade de ajustar o quadro geral do sistema
educativo e adequar as disposições contidas na lei 4/83 de 23 de Marco ás atuais
condições sociais e econômicas do país, tanto do ponto de vista pedagógico como
organizativo (lei 6/92). Esta Lei 4/83 é revogada e introduzida uma nova que é a Lei
6/92, de 6 de maio.
A função da escola
Pois, é a partir desta dupla disposição que é construída as pessoas iguais, sendo que, ao
mesmo tempo, também diferentes das outras. É taxada como iguais, por pertencer na
mesma origem cultural, permitindo com isso constituir novos grupos e repartir através
de outras pessoas um mesmo agrupamento de inteligência e outros formatos de
conhecimento, onde é somente possível ao que de forma individual pudermos agregar.
O conhecimento para Gadotti (2003, p. 50), é percebido, nos tempos atuais, que tem
uma relevância muito singular, valendo bem mais do que os bens materiais. Em meio às
inseguranças, que o momento contemporâneo tende a acarretar, todos estão de acordo
em um ponto: a relevância dos indivíduos de se obter o conhecimento, sobretudo para
os mais jovens, é preciso se preparar para enfrentar as dificuldades do presente e do
futuro. O autor expõe que “temos que ensinar bem e preparar os indivíduos para exercer
a cidadania e o trabalho no contexto de uma sociedade complexa”
Para Libâneo (1999, p. 56), “a educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um
mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite
navegar através dele”. Para que isso advenha, à educação carece de ser prender em torno
de quatro práticas primordial, que serão os pilares do conhecimento para cada cidadão;
aprender a ser, aprender a reconhecer, aprender a exercer e aprender a conviver junto á
outros. É necessário que se entenda que estes quatros pilares do saber, depende de uma
interligação entre si para que se torne um, onde se faz necessário haver sempre uma
troca de informações entre si.
Para isso deverá o jovem ser sempre atualizado, de acordo com o desenvolvimento
industrial. Aprender a viver junto, aprender a viver com os outros: para que todos
possam aprender a viver juntos e aprender a viver com os outros, a educação tem um
papel importantíssimo e um grande desafio, já que, a opinião pública toma
conhecimento através dos meios de comunicação, e nada pode fazer. A história humana
sempre foi escrita pelos conflitos raciais e até mesmo religiosos. Cabe à educação
trabalhar para a mudança deste quadro, desde a simples ideia de ensinar a não violência,
o não preconceito, dentre outros.
Exercer a autoridade significa respeitar a personalidade dos alunos, que devem ter o
direito de exprimir sua opinião. (Saviani, 1992. p. 39).
Ser firme nas crenças e nos princípios defendidos não implica ser imutável, nem tão
pouco mudar de opinião, significa ser desprovido dela. Portanto, a falta de atuação
convincente deixa o aluno sem referência e lhe provoca angustia, insegurança, o que
será aproveitado por outros modelos para cobrir o vazio existente. Neste contexto, a
escola e a família precisam caminhar na mesma linha, buscando sempre uma relação
ampla e melhor, que propicie a construção de um conhecimento diferenciado.
De acordo com Outeiral e Cerezer (2003, p. 51), “a instituição escolar somente surgiu
como prática corrente por causa das exigências crescentes de um mundo cada vez mais
industrializado”. A produtividade demandava trabalhadores mais bem preparados para
operar máquinas, consertar engrenagens e entender de processos produtivos. Com isso,
precisava-se de pessoas que dominassem minimamente os conhecimentos necessários
nas fábricas. A popularização dos conhecimentos escolares, porém, não tirou da família
sua função intransferível: a transmissão de valores morais e éticos.
Para Pereira (2000, p. 62), todas estas questões merecem um tratamento cuidadoso, que
leve em conta, aspectos sociais, culturais e legais que ampliam e modificam esta
relação. O estudo das relações entre família e escola denota que ao longo da história
brasileira a família passou por diversas transformações importantes que se relacionam
com o contexto sócio-econômico-político do país.
O fenômeno que se tem observado atualmente é, no mínimo, curioso. Por um lado, a
escola reclama da ausência da família no acompanhamento do desempenho escolar da
criança, da falta de pulso dos pais para dar limites aos filhos, da dificuldade que muitos
deles encontram em transmitir valores éticos e morais importantíssimos para a
convivência em sociedade. Por outro, a família reclama da excessiva cobrança da escola
para que os pais se responsabilizem mais pela aprendizagem da criança, da ausência de
um currículo mais voltado para a transmissão de valores e da preparação do aluno para
os desafios não acadêmicos da sociedade e do mundo do trabalho.
Para Pereira (1995, p. 65) tais mudanças não devem ser vistas como tendências
negativas, muito menos como “ideia de crise, atualmente em evidência, pode ser
enganosa”.
Outro aspecto a ser ressaltado, diz respeito ao significado social da família, qual a sua
razão de existência?
Gokhale (1980) acrescenta que a família não é somente o berço da cultura e a base da
sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação bem-sucedida da
criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento
produtivo quando for adulto. A família tem sido, é e será a influência mais poderosa
para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.
Segundo Paro (2000, p. 16), pesquisador que realizou um estudo sobre o papel da
família no desenvolvimento escolar de alunos do ensino fundamental, o distanciamento
entre escola e família não deveria ser tão grande, pois para ele, a escola não” assimilou
quase nada de todo o progresso da psicologia da educação e da didática, utilizando
métodos de ensino muito próximos e idênticos aos do senso comum predominantes nas
relações familiares”.
O autor se remete ao fato de que, a atual escola dos filhos, é bastante parecida com a
escola que os pais frequentaram, e por isso, estes últimos não deveriam sentir-se tão
distanciados do sistema educacional, e também o professor, embora admita a
necessidade da participação dos pais na escola, não sabe bem como encaminhá-la.
Nas palavras de Paro (2000, p. 68) “parece haver, por um lado, uma incapacidade de
compreensão por parte dos pais, daquilo que é transmitido na escola; por outro lado,
uma falta de habilidade dos professores para promoverem essa comunicação”.
Infelizmente, as pesquisas que relacionam as instituições escola e família são de número
bastante reduzido, comparando-se à proporcionalidade deste número, a importância
essencial dessa relação para o desempenho escolar das crianças.
Para Nogueira, Romanelli, e Zago, (2000) que comentam, o quanto é importante o papel
da família no desempenho escolar dos filhos, e ainda conclui que, há uma relação
interdependente entre as condições sociais da origem das famílias e a maneira que se
relacionam com as escolas, além do fato de que, transformações visíveis pelas quais
passam ultimamente, tanto as escolas quanto às famílias, naquilo que diz respeito às
suas estruturas e dinâmicas internas, são reveladores de uma tendência crescente de
conexão entre os territórios: família e escola.
Segundo Paro (2000, p. 15), podemos dizer que, além de problemas como professores
malformados e outros, a escola tem falhado também e principalmente “porque que não
tem dado a devida importância ao que acontece fora e antes dela, com seus educandos”.
O autor também relata, e como ponto de partida para a busca de uma solução para tal
realidade, articula sua pesquisa, “[...] com a preocupação de estudar formas
organizacionais mais adequadas de integração dos pais a propósitos escolares de
melhoria de ensino”.
A escola, portanto, também necessita dessa relação de cooperação com a família, pois
os professores precisam conhecer as dinâmicas internas e o universo sociocultural
vivenciado pelos seus alunos, para que possam respeitá-los, compreendê-los e tenham
condições de intervirem no providenciar de um desenvolvimento nas expressões de
sucesso e não de fracasso diagnosticado. Precisam ainda, dessa relação de parceria para
poderem também compartilhar com a família os aspectos de conduta do filho:
aproveitamento escolar, qualidade na realização das tarefas, relacionamento com
professores e colegas, atitudes, valores, respeito às regras.
Com as ações conjuntas entre ambas é possível perceber transformações, onde a família
transfere valores e crenças e a escola amplia o conhecimento científico. Esse momento
pode influenciar a aprendizagem e o desenvolvimento da criança e adolescente.
A convivência familiar está cada dia mais distante do que é para ser, em que os pais
precisam decidir se trabalham ou ficam com os filhos e optam por trabalhar e não ter
convivência com os filhos, até por uma necessidade financeira. Infelizmente nosso
sistema educacional está enraizado numa cultura que os pais são convidados à escola,
somente para ouvir que seu(a) filho(a) não vai bem e isso os desmotiva até de abrir
exceção de um dia de trabalho para ir à escola. Em contrapartida a escola não lhes
proporciona momentos de lazer e descontração, nem como a participação ativa na
construção do Projeto Pedagógico.
Segundo Polonia e Dessen (2005) comenta que, tais limitações também podem estar
diretamente ligadas ao corpo docente, com o receio dos professores de ser fiscalizada
pelos pais, a percepção de que os pais não têm capacidade ou condições de auxiliar os
filhos e a ausência de um programa ou projeto que integre pais e professores. (Polonia e
Dessem, 2005, pg. 306).
No espaço escolar é possível lidar e superar as diferenças, pois essas similaridades não
devem ser obstáculo para o envolvimento e a construção da relação entre ambas, para
que haja evolução no processo de ensino-aprendizagem, através desta relação é possível
perceber mudanças na qualidade da educação, ao se envolverem e se sentirem parte da
educação os pais serão capazes de proporcionar um melhor acompanhamento dos
estudos de seus filhos.
Segundo Oliveira (2011), espera-se da família o papel de educar seus filhos para se
comportarem de acordo com modelos predefinidos, desenvolvendo comportamentos
socialmente esperados. As ações e expectativas dos pais com relação à criança e os
modelos de conduta que oferecem ao mesmo tempo em que possibilitam a percepção
daquilo que valorizam também estimulam o indivíduo a se conformar, no sentido de
adaptar-se ao convívio social. A participação dos pais em conselhos escolares ou
organização de eventos na escola ajudam a criança a obter motivação para agregar
experiências e aproximar-se deste contexto. Assim, a família assume o papel de suporte
para a criança e identifica-se que a ausência dos pais pode acarretar problemas na
alfabetização e na aprendizagem.
Para Winnicott (2005) apud Araújo, (2010), a principal função da mãe é educar e cuidar
de seu filho, proporcionando um ambiente agradável para um desenvolvimento saudável
da criança, propiciando a ela o desempenho adequado frente a tarefas, com maior
probabilidade de adaptação e desenvolvendo a personalidade de forma a atender as suas
necessidades mais importantes.
“No geral, as famílias que porventura tiverem dificuldades em cumprir qualquer uma de
suas funções para com a criança deverão receber toda ajuda possível das instituições de
educação infantil, da comunidade, do poder público, das instituições de apoio para que
melhorem os desempenhos junto às crianças”. (Brasil, 1998, p. 84).
Ariés (2006) comenta este papel de suporte à família que, dentre outras instituições, a
escola assume é relativamente recente na História assim como a maneira como os pais
se relacionam com os filhos. Na idade moderna, quando as primeiras instituições
educacionais começaram a aparecer, os pais passavam em comparação a épocas
anteriores, a se preocupar mais com seus filhos e procurar tê-los por perto para cuidar de
sua educação.
Segundo Ariés (2006), com o fim da idade média as crianças passaram a conquistar um
lugar de destaque no contexto familiar. No século XVII a família tem um papel
diferenciado e sua principal característica que a distingue das famílias medievais é que
as crianças passam a se tornar elementos indispensáveis na vida dos pais e a partir daí a
família começa a se preocupar com a carreira, educação e o futuro de seus filhos.
Assim, percebe-se que tanto a mudança nos padrões de relacionamento entre a família e
a criança como o surgimento das instituições escolares, embora não necessariamente
relacionados, são concomitantes. Para Ariés (2006), tal situação evidencia a importância
que passa a ser dada à infância.
Se antes a criança era tratada como um adulto pequeno e não se buscava o efetivo
entendimento de suas reais necessidades, agora ela passa demandar especial atenção
tanto das famílias quanto das instituições escolares e novos papéis são estabelecidos
para ambos. Neste contexto, entende-se que se inicialmente as instituições família e
escola apenas coexistiam, com o amadurecimento e mudanças destas instituições,
passam a se relacionar e complementar.
Segundo Marchesi (2004) apud Souza (2009), educar não é uma tarefa que possa ser
delegada exclusivamente à escola. São necessárias cooperação e colaboração da família,
os pais precisam auxiliar a atingir os objetivos e ideais educacionais para auxiliar na
superação das dificuldades que se encontram no dia a dia dos profissionais dentro das
instituições.
Para Souza (2009), a família vem se modificando como um sistema de vínculo afetivo,
no qual o ambiente familiar pode contribuir de forma positiva para o desempenho da
criança. Os pais consistem no sustentáculo que toda criança precisa, podendo-se
perceber que sem um lar estruturado as dificuldades apresentadas pelos alunos se
acentuam, afetam a escola e a criança pode apresentar mais problemas na alfabetização
e na aprendizagem.
De acordo com Araújo (2010), a família precisa valorizar e estimular os filhos, pois os
pais são os maiores responsáveis pelo desenvolvimento, aprendizagem e educação dos
filhos em seu aspecto psicológico, físico, intelectual e social. A família precisa
desempenhar este papel basilar, pois é importante o acompanhamento do
desenvolvimento escolar dos filhos. A escola sozinha não é capaz de obter sucesso,
dependendo da presença dos pais na educação da criança.
De acordo com Moreno e Cubero (1990) apud Salvador et al. (1999), as experiências
em que as famílias oferecem às crianças estratégias educativas, colocam em prática
determinadas relações estabelecendo algumas normas que se consideram eficazes para a
educação. Essas estratégias exercem sobre os filhos o desenvolvimento do autocontrole
e conduta adequada na educação, presente e futura.
Para Davies (1994) apud Melo, (2007 p. 11) comenta que a relação família-escola seja
produtiva, não basta que a família se disponha a fornecer o apoio necessário ao
desenvolvimento escolar de seu filho, “a escola deve contemplar em seu projeto
políticopedagógico a participação da família através de reuniões, projetos comunitários,
voluntariado, etc”. Pois, principalmente na educação infantil a tarefa de educar está
intimamente ligada aos cuidados que a criança exige, mas não se resume a isso. De
acordo com Castro e Regatierri (2009)
“[...]. As reuniões são organizadas de forma mais lúdica, com técnicas de dinâmica de
grupo para que as pessoas se sintam mais acolhidas. Mas, na medida em que a escola
defende seu lugar de protagonista e abre poucos canais de escuta sobre o que os pais
têm a dizer [...]”. (Castro e Regatierri, 2009, p. 35).
Mas para que isso não aconteça deve-se estruturar o projeto político da escola,
reconhecendo a importância da participação familiar, utilizando recursos disponíveis
para proporcionar esse contato, passando-lhes informações e solicitando sugestões.
Segundo a revista de ensino e Souza (2008, p. 33) "Para obter pedagogicamente a
colaboração dos pais é necessário interessá-lo na vida normal da escola [...]". A família
deve ser sempre convidada a ir à escola acompanhar apresentações, festas, etc. Além
disso, a escola pode oferecer palestras, cursos e outros momentos que possibilitem a
interação entre as famílias para a troca de experiências. A família pode contribuir muito
com a organização escolar, oferecendo, inclusive, serviços voluntários nas escolas que
enfrentam dificuldades.
Em um bairro onde a vulnerabilidade social faz parte da vida das famílias, a educação se
caracterizará pelas dificuldades em lecionar em uma classe que une especificidades em
um único núcleo, a escola e o professor terão pela frente mais um desafio. Alunos que
se colocam como empecilhos ao desenvolvimento e à aprendizagem em uma mesma
sala de aula, estarão juntos, onde muitos deles com privações e déficits passaram por
experiências extremas, em suas vivências.
Silva (2001, p. 69) refere que “a capacidade intelectual dos alunos tal como avaliada
pelos professores acaba sendo determinada pela tipificação que os professores fazem
deles. Essa tipificação é determinada, em grande parte, pela classe social dos alunos”.
Desta forma, o professor precisa ter o cuidado de não determinar a capacidade de seus
alunos pela situação em que estes vivem, para assim desenvolver um bom trabalho
docente. Um professor que atua em uma comunidade vulnerável possui nas mãos a
possibilidade de desenvolver um trabalho diferenciado com este perfil, que certamente é
privado de muitas outras possibilidades.
As situações de aprendizado ocorrem não somente na sala de aula, sendo uma tarefa
difícil para o professor que tem que tornar o ambiente propício à aprendizagem, levando
em conta as experiências vivenciadas pelo aluno em todo âmbito escolar.
Oliveira (2005, p. 62), ao tratar da teoria de Vygotski, cita que: [...] na escola o
aprendizado é um resultado desejável, é o próprio objetivo do processo escolar, a
intervenção é um processo pedagógico privilegiado. O professor tem o papel explícito
de interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos, provocando avanços que
não ocorreriam espontaneamente. Cabe ao professor estar atento e intervir nas
interações, pois está entre os colegas e professores torna-se fundamental para o
aprendizado, ao agir sobre a zona de desenvolvimento proximal, o professor estará
auxiliando o aluno a evoluir em seu aprendizado. O único bom ensino, afirma Vygotski
(1989), é aquele que se adianta ao desenvolvimento.
Como foi possível constatar no tópico anterior, a formação familiar passou por grandes
transformações em sua constituição no decorrer dos anos, e, atualmente, aquela imagem
de família tradicional que seria formada por pai, mãe e filhos ficaram no passado.
É importante ressaltar que, a expressão “família” exposta no texto faz referência a todos
os responsáveis pela criança, de acordo com a concepção familiar na qual a mesma se
encontra inserida.
O ambiente escolar dever ser de uma instituição que complete o ambiente familiar do
educando, os quais dever ser agradáveis e geradores de afeto. Os pais e a escola devem
ter princípio muito próximo para o benefício do filho/aluno. (Tiba, 1996, p. 140).
É sabido que, existe a consciência por parte dos pais, da importância de seu papel e de
sua responsabilidade na vida escolar de seus filhos, no entanto, os mesmos apresentam
uma dificuldade em reconhecer o seu compromisso junto a escola, ou então, por pensar
que sua responsabilidade termina quando a criança adentra no recinto escolar.
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Documentos legislativos