A Missa Nova e A Missa Tridentina
A Missa Nova e A Missa Tridentina
A Missa Nova e A Missa Tridentina
I– LITURGIA
1 - Que é Liturgia?
É o conjunto dos ritos prescritos pela Igreja para o exercício do culto público.
Nas suas práticas fundamentais vem de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quando Nosso
Senhor instituiu os Sacramentos e a Santa Missa, estabeleceu os primeiros elementos
do culto cristão.
Dado que estes ritos são essenciais, isto é, fazem a essência mesma da Santa
Missa e dos Sacramentos, a Igreja, assistida pelo Espírito Santo, deve guardá-los
cuidadosamente e transmiti-los. Ela pode explicitá-los, enriquecê-los com novas
cerimônias e preces. Mas de maneira sempre fiel àqueles elementos essenciais.
7 - Que é a Missa?
Oferece-se o Sacrifício da Missa a Deus: 1) para honrá-Lo como convém, e sob este
ponto de vista o sacrifício é latrêutico; 2) para Lhe dar graças pelos seus benefícios, e
sob este ponto de vista o sacrifício é eucarístico; 3) para aplacá-Lo e dar-Lhe a
devida satisfação pelos nossos pecados, para sufragar as almas do Purgatório, e sob
este ponto de vista o sacrifício é propiciatório: 4) para alcançar todas as graças que
nos são necessárias, e sob este ponto de vista o sacrifício é impetratório.
A restauração foi realizada pouco depois do Concílio por São Pio V, na Bula Quo
primum tempore (19 de julho de 1570).
a) codifica a Missa conforme o Missal Romano tal qual existia antes dele, não
compõe uma Missa nova;
a) a finalidade da Bula: para que haja um Missal idêntico que, pela unidade da
oração pública, proteja a unidade da Fé;
A reunião dessas características nos assegura que nenhum Papa jamais poderá
licitamente ab-rogar a Bula de São Pio V, mesmo admitindo que o possa fazer
validamente, isto é, sem trair o depósito da Fé.
Este Papa promulgou uma nova Missa, “Novus Ordo Missae”, em 1969, após o
Concílio Vaticano II.
A Missa nova foi feita por uma comissão de que faziam parte seis pastores
protestantes, e foi impregnada do espírito do Concílio Vaticano II, isto é, um
espírito ecumênico de aceitação de todas as religiões, de adaptação ao mundo
moderno. Pela mentalidade ecumênica, sobretudo para não chocar os
protestantes, a Missa nova atenua (a Missa tradicional acentua) os principais
dogmas incluídos na Santa Missa: Sacrifício propiciatório, Sacerdócio hierárquico,
Presença Real e Transubstanciação.
d) Essas orações tradicionais foram substituídas por outras, que não fazem a
mínima referência ao sacrifício por nossos pecados. Ao contrário, contêm
expressões equívocas como: “far-se-á para nós o pão da vida e bebida espiritual”,
que insinuam ser a Missa mera alimentação espiritual.
São verdadeiros, mas o Concílio de Trento declarou que não são suficientes
para o conceito católico adequado de Missa, e lançou o seguinte anátema: “Se
alguém disser que o Sacrifício da Missa é somente de louvor e ação de graças, ou
mera comemoração do sacrifício consumado na Cruz, mas que não é
propiciatório (...) seja anátema” (D. 1743 e 1753) . O Concílio de Trento foi
infalível, suas definições são irrevogáveis.
26 - Que é a Consagração?
É chamada Transubstanciação.
Esse modo intimativo fica bem claro na Missa tradicional pela separação nítida
dos caracteres tipográficos e pela pontuação que marcam o final da narrativa e o
começo da fórmula consecratória (consultar o Missal).
Respondo novamente com o cardeal Ratzinger: “O altar ‘versus populum’ está fora
de lugar, porque a liturgia não é uma autocelebração da comunidade, mas está
orientada para o Senhor, de modo que o olhar comum, seja do sacerdote, seja de
cada fiel, é para o Senhor” (entrevista ao jornal Sabato, 24/4/1993).
Eles afirmam que na nova Missa nada mais há que possa perturbar o evangélico;
que teologicamente é possível celebrar a Ceia protestante com as novas orações da
Missa; que as novas preces eucarísticas abandonaram a falsa perspectiva de um
sacrifício oferecido a Deus; que a maior parte das reformas desejadas por Lutero
existe agora na Missa católica etc.
b) “et cum spiritu tuo” traduzido por ele está no meio de nós;
“As palavras que se ajuntam ‘por vós e por muitos’ foram tomadas uma de
São Mateus, outra de São Lucas. A Santa Igreja, guiada pelo Espírito de Deus,
coordenou-as numa só frase, para que exprimissem o fruto e vantagem da Paixão.
“Dizendo, pois, ‘por vós’, Nosso Senhor tinha em vista quer as pessoas
presentes, quer os eleitos dentre os judeus, como o eram os discípulos a quem
falava, com exceção de Judas.
“No entanto, ao acrescentar ‘por muitos’, queria aludir aos outros eleitos,
fossem judeus ou gentios. Houve, pois, acerto em não dizer ‘por todos’, visto que
o texto só alude aos frutos da Paixão, e esta surtiu efeito salutar unicamente
para os escolhidos.”
X – OBJEÇÕES
2 - A Missa de São Pio V foi ab-rogada pelo Papa Paulo VI. Portanto
ninguém pode celebrá-la por conta própria.
3 - O Papa pode inovar os ritos da Missa. Ora, foi justamente isso o que
fez Paulo VI.
O Papa pode inovar, isto é, enriquecer a Liturgia da Missa, mas não pode destruir
e subverter na sua essência o rito da tradição apostólica; sobretudo se se
considera o estreito nexo, já explicado, entre a liturgia e a Fé (“Lex orandi, lex
credendi”). O Papa não pode mudar a Fé. É o que ele estaria fazendo ao fabricar
uma liturgia contrária à Fé. Os hereges mudaram a fé através das inovações
litúrgicas.
Os Papas são iguais em poderes, em razão do seu oficio, enquanto Papas; mas
nas questões sobre as quais emitem definições, em razão da matéria, eles não
podem definir livremente sobre todas as matérias, pois estão ligados pela
Sagrada Escritura, pela Tradição e pelas definições já proferidas pela Igreja.
Em primeiro lugar, a Igreja toda não aceitou a nova Missa. Desde sua
promulgação em 1969 até hoje, não deixou de haver uma séria resistência, por
parte de milhares de fiéis, Padres, vários Bispos e até Cardeais, como Ottaviani
e Bacci.
O papa não tem poder de mudar a Fé. São Roberto Belarmino diz que,
“assim como é lícito resistir ao Pontífice que agride o corpo, assim também é lícito
resistir ao que agride as almas (...) ou, sobretudo, àquele que tentasse destruir a
Igreja”. E essa doutrina é também de Santo Tomás e de vários outros santos e
doutores da Igreja.
O Papa Leão XIII ensina: “Desde que falta o direito de mandar ou que o
mandato é contrário à reta razão, à lei eterna, à autoridade de Deus, então é
legítimo desobedecer aos homens a fim de obedecer a Deus” (Libertas
praestantissimum).
Ora, o Indulto concedido por São Pio V, destinado a proteger o sacerdote contra
uma eventual interdição da Missa tradicional, nunca foi ab-rogado validamente. A
Missa tradicional não está, portanto, interditada. Logo, ela não pode ser objeto de
novo Indulto.
Aceitar esse novo indulto seria reconhecer que a Missa tradicional fora válida e
licitamente interditada por Paulo VI, o que em consciência não se pode admitir.
b) Além disso, o Indulto de João Paulo II estabelece uma condição que vai contra a
consciência católica: obriga a aceitar a legitimidade doutrinária da Missa nova:
Já demonstramos haver um estreito vínculo entre a Liturgia e a Fé: “Lex orandi, lex
credendi”. O culto sai do dogma como a flor da sua haste. Por isso, quanto mais as
fórmulas litúrgicas forem fixas, invariáveis, mais próprias serão para conservar na
sua integridade o depósito da fé. Para isso contribui o latim, língua não usada
vulgarmente. Ao contrário, o emprego do vernáculo serviria às seitas na difusão
de seus erros. Os ataques contra a língua latina na liturgia vieram sempre da
parte dos hereges e cismáticos: protestantes, jansenistas, velhos católicos...
Além disso o latim foi consagrado por aquela inscrição misteriosa da Cruz e por um
uso multissecular na Igreja; é a língua da Tradição.
O Concílio de Trento anatematizou aqueles que afirmam que “só se deve celebrar a
Missa em língua vulgar” (Denz. 1759).
E o Papa Pio VI, na Bula Auctorem fidei, condenou as proposições jansenistas
que propunham a língua vulgar na liturgia como “falsas, temerárias,
perturbadoras da ordem prescrita para a celebração dos mistérios,
ofensivas aos ouvidos pios, contumeliosas para com a Igreja, favorecedora dos
hereges” (prop. 33 e 66).
De si, a Missa nova não é inválida, pois salva a fórmula essencial. Mas seu texto,
como vimos, sugere que o Padre celebre invalidamente, pois induz à narrativa da
Ceia e não à ação pessoal, “in persona Christi”.
Portanto, a nova Missa não vem da Igreja, mas dos homens da Igreja que foram
infiéis à assistência do Espírito Santo e permitiram, como outrora o Papa Honório I,
“que fosse maculada a fé imaculada”.