Unid 4 - Degeneração & Reparo Tecidual

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Patologia

Material Teórico
Degeneração e Reparo Tecidual

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Fabiana Aparecida Vilaça

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Degeneração e Reparo Tecidual

• Introdução;
• Degeneração Celular;
• Reparo Tecidual.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Caracterizar os processos de degeneração celular e de reparo tecidual.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
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Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
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Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

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as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Degeneração e Reparo Tecidual

Introdução
As alterações celulares reversíveis, que ocorrem quando a célula perde sua ca-
pacidade de estar em equilíbrio ou de entrar em homeostasia, podem levar à de-
posição de substâncias dentro do citoplasma ou a um processo de regeneração ou
cicatrização tecidual.

Os processos de degeneração celular e reparo tecidual são alterações morfológi-


cas que ocorrem quando a célula perde sua capacidade de se manter em homeos-
tasia e precisa reorganizar sua estrutura.

A inflamação é o processo de resposta para a lesão tecidual. Depois do processo


inflamatório, pode haver a regeneração ou a cicatrização do tecido.

Na degeneração, além das alterações na estrutura celular, ocorre a diminuição


das atividades funcionais e metabólicas da célula.

Degeneração Celular
A degeneração celular não é a agressão responsável pela lesão celular, mas sim
a reação celular ou tecidual à agressão.

A resposta celular à agressão consiste sempre em modificações funcionais ou


morfofuncionais da célula.

Somente quando a reação (resposta) celular alterar o ajuste entre as várias fun-
ções celulares é que aparece a lesão celular. A primeira lesão é sempre de ordem
molecular, mas podemos dizer que processos patológicos diversos, produzidos por
agentes diferentes, podem apresentar uma série de alterações comuns.

As degenerações são, portanto, indicações de lesão celular inespecífica, não sendo,


a princípio, ligada a uma etiologia específica e considerada uma resposta celular a
agressões variadas.

O termo Degeneração é inespecífico e impreciso e inclui, em geral:


• Alterações do metabolismo: dos carboidratos, das proteínas, dos lipídios e
dos pigmentos;
• Atrofia;
• Necrose;
• Calcificações.

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As causas mais comuns de lesão celular são:
• Isquemia: falta de oxigenação tissular;
• Infecções: lesão por agentes vivos;
• Tóxicos: lesão por agentes químicos;
• Trauma/radiação/ térmico: lesão por agentes físicos.

Os tipos de degeneração são:


• Degeneração Hidrópica: Água;
• Degeneração Gordurosa: Lipídios;
• Degeneração Hialina: Proteínas;
• Degeneração Glicogênica: Carboidratos.

A degeneração hidrópica caracteriza-se pelo acúmulo de água no citoplasma,


que se torna volumoso e pálido, com núcleo normalmente posicionado.

Esse tipo de degeneração ocorre pelo comprometimento da integridade celular


controlada, principalmente, pela bomba de sódio-potássio. A degeneração hidrópi-
ca ocorre, muitas vezes, devido à hipóxia.

Ocorre uma menor oferta de oxigênio para a respiração celular e, logo, ciclo
do ácido cítrico, diminuindo a quantidade de ATP, essencial, por sua vez, para o
funcionamento da bomba de sódio-potássio.

Com o funcionamento da bomba de sódio-potássio comprometido, mais água


entra na célula.

Além da Hipóxia, os fatores a seguir também levam ao acúmulo de água no


citoplasma, caracterizando uma degeneração hidrópica:
• Infecções bacterianas agudas;
• Infecções virais agudas;
• Intoxicações endógenas (uremia);
• Intoxicações exógenas (agrotóxicos, medicamentos);
• Agentes físicos (calor ou frio);
• Alterações circulatórias;
• Alterações nutricionais.

A degeneração hidrópica também é conhecida como tumefação celular e atinge,


preferencialmente, células parenquimatosas do fígado, rim, coração e músculo
esquelético, que ficam com o citoplasma volumoso e acidófilo.

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UNIDADE Degeneração e Reparo Tecidual

Os órgãos cujas células são acometidas pela degeneração hidrópica ficam páli-
dos, com aspecto de “carne levemente cozida”, além de terem um aumento de peso
e volume, constituindo a mais comum das lesões celulares degenerativas.

Figura 1 – Representação morfológica da degeneração hidrópica


Fonte: Adaptado de Instituto Federal do Sul de Minas

Os órgãos aumentam de peso e volume, as células são mais salientes é a co-


loração mais pálida, porque as células aumentadas de volume comprimem
os capilares e diminuem a quantidade de sangue para o órgão.

A degeneração gordurosa, também chamada de esteatose, é caracterizada por


um acúmulo anormal de lipídios (triglicérides) no citoplasma.

Ocorre, preferencialmente, no músculo cardíaco, epitélio tubular renal e hepa-


tócitos, sendo que o fígado é o órgão mais acometido pela degeneração gordurosa
devido a ser o local em que ocorre o metabolismo da gordura.

A esteatose é uma lesão reversível, porém, pode progredir e causar necrose.

Figura 2 – Corte histológico de um fígado com degeneração gordurosa


Fonte: Wikimedia Commons

A Degeneração Hialina é caracterizada pelo acúmulo de proteínas no citoplas-


ma. A inclusão proteica apresenta aspecto vítreo, amorfo, hialino (róseo) e brilhante
e a degeneração hialina pode ser extracelular ou intracelular.

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A degeneração hialina extracelular acomete o tecido conjunto fibroso e vascular,
chamada de amiloidose.

A degeneração hialina intracelular é representada pelo Corpúsculo de Russel,


Degeneração Hialina Goticular e Degeneração Hialina de Mallory, entre outros.

Figura 3 – Amiloidose
Fonte: Wikimedia Commons

Reparo Tecidual
A inflamação é um processo de resposta da imunidade inata contra uma lesão
tecidual. Após o processo inflamatório, pode haver a regeneração ou a cicatrização
do tecido, processos que recebem o nome de reparo tecidual.

São duas as possibilidades de reparo tecidual:


• Regeneração: Substituição por células do mesmo tipo (Fígado, Ossos);
• Cicatrização: Substituição do tecido original por tecido conjuntivo (Fibrose).

Os tecidos mantêm-se em 3 processos que precisam estar em equilíbrio para


manter o tamanho normal:
• Proliferação (Multiplicação);
• Diferenciação;
• Apoptose (Morte Celular).

Todos os 3 processos citados interferem e estão relacionados ao processo de


reparo tecidual.

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A proliferação celular, por exemplo, é cíclica, e acontece em diferentes velocida-


des, dependendo do tecido, e é fundamental a proliferação estar em equilíbrio com
a apoptose para manter a homeostase tecidual.
Quanto à capacidade de proliferação celular, os tecidos podem ser os identifica-
dos a seguir.
• Tecido de divisão contínua (Lábeis):
» Sempre estão no Ciclo Celular;
» Tecidos que estão expostos a estímulos lesivos constantemente;
» Pele, Mucosas, TGI, Boca e Útero.
• Tecidos quiescentes (Estáveis):
» Permanecem em repouso ou baixo nível de replicação;
» Podem se dividir rapidamente em resposta a lesões (regeneração);
» Fígado, Rins, Músculo Liso e Pâncreas;
• Tecidos não-divisores:
» Células que não realizam mitose depois de seu desenvolvimento embrionário;
» A morte celular resulta em substituição por tecido conjuntivo, não regenera;
» Células Nervosas, Músculo Esquelético e Cardíaco.
As células se comunicam para saber o momento certo para apoptose e para
a proliferação. Para isso, fazem uso de mecanismos de sinalização (comunicação)
celular, que podem ser: autócrino, parácrino e endócrino.
A sinalização é autócrina quando a célula produz substâncias que agirão sobre
ela mesma.
Explor

Sinalização Autócrina, disponível em: http://bit.ly/2FxB3Hi

A sinalização celular é parácrina quando os sinais químicos produzidos pela cé-


lula atuam nas proximidades de onde foram produzidos. Por exemplo: mediadores
químicos de ação local: mastócitos – histamina.

Figura 4 – Sinalização Parácrina


Fonte: Adaptado de UNEB

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Na sinalização endócrina, a célula produz substâncias que agirão em locais dis-
tantes de si.
Esse tipo de sinalização possui lenta difusão e rápida diluição, sendo um exem-
plo bem comum, a ação de hormônios.

Figura 5 – Sinalização Endócrina


Fonte: Khan Academy

Para que os mecanismos de sinalização celular sejam efetivos, as células fazem


uso de receptores celulares que são moléculas responsáveis por perceber os estímu-
los e mandar informações para dentro da célula.
Essa informação estimula a célula a se dividir ou parar a divisão, ou seja, estimu-
la ou inibe a proliferação.

Figura 6 – Esquema de Receptores Celulares


Fonte: UFJF

Os fatores de crescimento são outros exemplos de substâncias que podem esti-


mular os receptores celulares e mandar a informação de proliferação para a célula
realizar a mitose e facilitar o reparo tecidual, quer seja por meio da regeneração,
quer seja pela cicatrização.
São fatores de crescimento que interferem no reparo tecidual:
• Fator de Crescimento Epidérmico (EGF);
• Fator de Crescimento de Fibroblasto (FGF);
• Fator de Crescimento do Endotélio Vascular (VEGF);
• Fator de Crescimento semelhante à Insulina (IGFs);
• Fator de Crescimento do Hepatócito (HGF);
• Angiopoetina (Ang);

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UNIDADE Degeneração e Reparo Tecidual

• Fator de Crescimento do Tecido Conjuntivo (CTGF);


• Fator de Crescimento do Nervo (NGF);
• Citocinas – Interleucinas e Inerferons.

A Matriz Extracelular (MEC) é outro fator que influencia o reparo dos tecidos
após uma lesão, principalmente, quando o reparo é do tipo cicatrização, pois atua
no crescimento e na diferenciação celular, e é constituída por:
• Colágeno: constitui tendão, ligamentos, cartilagens e ossos. Produzida por
fibroblastos. Função de força elástica;
• Fibras Elásticas: Elastina e Fibrilina – capacidade de retornar ao tamanho
original após estiramento (elasticidade);
• Proteínas de Adesão: união entre as células formando um tecido específico;
• Proteoglicanos: estrutura da MEC, influenciam o crescimento e diferenciação;
• Ácido Hialurônico: liga-se em água, formando um gel viscoso. Capacidade de
resistir às forças de compressão.

A Matriz Extracelular (MEC) é de fundamental importância para o processo de


cicatrização, pois forma a matriz intersticial (espaço entre as células) e a membrana
basal (membrana que separa populações de células dentro de um mesmo órgão).

O processo de cicatrização ocorre de acordo com a seguinte sequência:


1. Inflamação, remoção de tecido danificado ou morto e início de depósito
de MEC;
2. Proliferação e migração de células do Tecido Conjuntivo;
3. Angiogênese e tecido de Granulação;
4. Síntese de proteínas da MEC;
5. Remodelação tecidual;
6. Contração da ferida e adquirir resistência.

Figura 7 – Cicatrização
Fonte: Wikimedia Commons

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No processo de cicatrização, como há a substituição do tecido inicial por outro,
proveniente do conjuntivo, ocorre a fibrose tecidual devido à formação do tecido
de granulação. O tecido de granulação é sintetizado de acordo com a sequência
a seguir:
• Migração de Fibroblasto: ativação de plaquetas, células inflamatórias e endo-
télio do vaso ativado;
• Depósito de MEC: deposição de uma rede de colágeno para auxiliar na resis-
tência da ferida.

O processo de cicatrização leva ao fechamento de feridas. As feridas podem ser


consideradas de acordo com os seguintes aspectos:
• Feridas são agudas ou crônicas;
• Feridas possuem diferentes causas;
• Feridas possuem diferentes localizações e extensões;
• Feridas podem estar infectadas;
• O processo de cicatrização pode ser influenciado por doenças e deficiências.

O processo de cicatrização possui as seguintes fases:


1. Fase Inflamatória: Lesão provoca a inflamação (vasodilatação, edema,
fatores mediadores e migração de leucócitos);
2. Fase Proliferativa: Produção de tecido de granulação (Fibroblastos e pro-
liferação endotelial);
3. Fase de Maturação: Depósito de MEC e contração da ferida (deposição,
agrupamento e remodelação pelo Colágeno e Regressão Endotelial).

Além das fases da cicatrização, ela pode ser dividida em primeira e segunda intenção.

A sequência da cicatrização por 1ª Intenção é definida por:


• 1ª Hora: a incisão é preenchida por coágulo;
• 3 a 24 horas: neutrófilos se infiltram no coágulo;
• 24 a 48 horas: células epiteliais migram para o local da lesão depositando
componentes de Membrana Basal (MEC);
• 3 dias: neutrófilos foram substituídos por macrófagos. Aparece Tecido de Gra-
nulação;
• 5 dias: o espaço da incisão é totalmente preenchido por tecido de granulação.
A angiogênese está no ápice e as fibras colágenas começam a aparecer;
• Segunda semana: Leucócitos, Edema e Vascularização somem por completo,
ainda há Fibroblastos e produção de Colágeno (cicatriz);
• Segundo mês: a cicatriz é feita de tecido conjuntivo e recoberta por epiderme
intacta com resistência para estiramento aumentada.

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A cicatrização por segunda intenção consiste em perda mais extensa de tecido,


com reação inflamatória mais intensa e formação de tecido de granulação também.

É caracterizada pela contração da ferida, na qual tenta-se tornar o tamanho da


cicatriz acentuadamente parecido com o original (Miofibroblastos).

Quando ocorre uma complicação da cicatrização temos as complicações expos-


tas a seguir.
• Complicações da cicatrização:
» Formação deficiente: tecido de granulação ou colágeno insuficientes, levan-
do a deiscência e a ulceração da ferida;
» Cicatrização hipertrófica: acontece por excesso de tecido de granulação
dentro dos contornos originais da ferida;
» Queloide: tipo de cicatriz hipertrófica em que o tecido de reparo cresce além
das bordas originais da ferida, invadindo o tecido íntegro ao redor;
» Contratura: exagero no processo de contração da ferida, podendo causar,
por exemplo, mão em garra ou movimentos das articulações limitados.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
Degeneração
http://bit.ly/37NTGmG
Degeneração Hidrópica
http://bit.ly/2T4g5YM
Aspectos celulares da cicatrização
http://bit.ly/39S9pmw
Reparação
http://bit.ly/37Mg7sb
Mecanismos envolvidos na cicatrização: uma revisão
http://bit.ly/2T54bxy

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Referências
ANGELO, I. C. Patologia Geral. São Paulo: Pearson, 2016. (e-book)

BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo, patologia geral. 6.ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2018. (e-book)

CARDOZO, W. S.; SOBRADO, C. W. Doença inflamatória intestinal. 2.ed.


Barueri: Manole, 2015. (e-book)

NORONHA, I. L. et al. Manual de transplante renal. 2.ed., Barueri: Manole,


2014. (e-book)

PORTH, C. M.; MATFIN, G. Fisiopatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,


2010. (e-book)

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