Reparo Tecidual 1

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Universidade Federal de Minas Gerais

Instituto de Ciências Biológicas


Departamento de Patologia

Farmácia

Prof. Fabrício Marcus Silva Oliveira


oliveirafms13@gmail.com

2023
Reparo Tecidual

Prof. Dr. Fabrício M. Silva Oliveira


-Reparo;
• Conceito
• Regulação da proliferação celular
• Regeneração
• Cicatrização
Reparo tecidual
Definição: restauração da arquitetura
do tecido após a lesão

Fase Reparo

Fase inflamatória
FENÔMENOS RESOLUTIVOS/REPARATIVOS

Quimiocinas, citocinas e fatores de crescimento liberados pelos


tecidos inflamados, em especial pelas células do exsudato,
orquestram os fenômenos de reparação, em paralelo com os
fenômenos resolutivos, de tal modo que a resolução e a
reparação se processem de maneira simultânea e coordenada.

Representados por regeneração celular, vascularização,


deposição de colágeno, remodelamento.
Princípios gerais
do reparo tecidual

Dependendo do
órgão/tecido afetado....
Princípios gerais do reparo tecidual

Dano superficial Dano profundo

REGENERAÇÃO CICATRIZ DE COLÁGENO


Princípios gerais do reparo tecidual

https://www.belmarrahealth.com/wp-content/uploads/2015/08/Cirrhosis-copy.jpg

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Regeneração das Células e Tecidos
proliferação celular

- controlada por fatores de crescimento

- dependente da integridade da matriz extracelular

- desenvolvimento de células maduras a partir das células-tronco


Células tronco
Regulação da proliferação
celular

Capacidade proliferativa
das células
Capacidade intrínseca
a) Lábeis:
- substituídas pela maturação de células-tronco e pela proliferação de
células maduras
• células-tronco hematopoiéticas
• células basais de epitélios de revestimento
• células epiteliais da mucosa intestinal
• epitélios ductais
b) Estáveis
- quiescentes (no estágio G0 do ciclo celular)
- atividade proliferativa mínima em seu estado normal
- capazes de se dividir em resposta à lesão ou à perda de massa tecidual
• células parenquimatosas (hepatócitos, células tubulares renais, pneumócitos, células endócrinas,
células acinares pancreáticas)
• células mesenquimatosas (adipócitos, endotélio, fibroblastos, osteoblastos, leimiócitos)
c) Perenes ou permanentes
- diferenciadas e não proliferativas na vida pós-natal
- lesão no cérebro ou no coração: irreversível  cicatriz
- replicação e a diferenciação celular das células-tronco: forma limitada
em algumas áreas do cérebro adulto
- proliferação das células musculares após a necrose do miocárdio 
insuficiente
• neurônios, fibras musculares cardíacas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fibras_de_Purkinje
Condições básicas para a regeneração:

• capacidade de multiplicação das células sobreviventes

• número de células sobreviventes

• situação do arcabouço tecidual

• remoção de resíduos
Regulação da proliferação celular

Fatores de crescimento
Fatores de crescimento
Regulação da proliferação celular
Sinalização autócrina
Sinalização parácrina

Sinalização endócrino
Regeneração
Fígado

- órgãos com células estáveis: a partir de


células diferenciadas estacionadas em G0,
de células-tronco ou de células
progenitoras residentes

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Regeneração hepática

Único hepatócito é capaz de


gerar 69 divisões celulares
sucessivas, originando 5,9 x
1020 células
Regeneração hepática
Condições para regeneração

•Capacidade/divisão/células.
•Número/células sobreviventes.
•Situação/arcabouço tecidual.
•Remoção/resíduos.
24 hs

•OBS: Cura/restituição
total/integridade.

Necrose hepática

Citocina (TNFα, IL-6)

Receptores/Fatores de Crescimento

Regeneração
Fígado
regeneração completa: após pequenas lesões destrutivas, preservação do estroma
Regeneração
reticular
- hepatócitos ou do epitélio biliar diferenciado
- depende de fatores de crescimento
- agressões crônicas  células progenitoras e células-tronco residentes ou vindas da
circulação  proliferação e diferenciação em hepatócitos
- necrose extensa, colapso do estroma reticular  impede a reorganização da
arquitetura lobular  formação de nódulos regenerativos, com trabéculas
espessas, com mais de dois hepatócitos, e com arquitetura vascular alterada

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fibrose
Cirrose hepática

(1) neoformação conjuntiva em todo o órgão

(2) formação de nódulos de parênquima hepático circundados por fibrose

(3) subversão da arquitetura lobular


Cirrose hepática
• alcoolismo, hepatites crônicas, doenças biliares, criptogênica
• células de Ito: excesso de colágeno
- inflamação crônica: produção de citocinas pelas células de Kupffer,
endoteliais, hepatócitos
Macroscopia

Cirrose hepática

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Cicatrização
• Processo no qual um tecido lesado é substituído por um tecido
conjuntivo vascularizado, sendo semelhante quer a lesão tenha
sido traumática ou causada por morte celular.
Reparo por cicatrização

 Substituição das células lesadas por tecido conjuntivo


cicatricial
 Pode acontecer com a regeneração

 Etapas:
1) Inflamação: estabilização e limpeza da ferida
2) Proliferação celular: produção de tecido de granulação
e cicatricial
3) Remodelamento: alterações estruturais e aumento da
força tensil da cicatriz
Cicatrização 1.Resposta inflamatória
2. Regeneração das
céls parenquimatosa
3. Migração e proliferação:
• Fibroblastos e
céls parenquimatosas
Reparo
4. Síntese da MEC
Tecidual
5. Remodelação do conjuntivo
Tecido de
Granulação
Acúmulo de
Inflamação colágeno e
remodelamento

Dias
Reparo Tecidual

Concentração de diferentes proteínas da MEC e resistência da cicatriz


Reparo Tecidual

Leucócitos em função do tempo em diferentes fases da cicatrização

Dias
Reparo por cicatrização

Agregação
plaquetária
 Fase inflamatória: 0-24 hs

TXA2 e
Lesão ENDOTÉLIO
prostaglandinas
Histamina
TECIDO Serotonina
Prostaglandinas

Alarminas Estabilização

Citocinas
mediadores inflamatórios
Inflamação
Neutrófilos Tampão hemostático
Reparo por cicatrização

 Fase inflamatória (continuação):

• Mediadores liberados pelo tampão hemostático e


neutrófilos ativados: recrutamento de macrófagos,
fibroblastos e células endoteliais

• Macrófagos ativados: importante fonte de fatores de


crescimento de proliferação e ativação de fibroblastos
(PDGF, FGF e TGF-beta)
Fase inflamatória

Epitélio íntegro Crosta da


ferida

Tecido conjuntivo Vaso sanguíneo


Células
inflamatórias
*PMN e
macrófagos

Adaptado de Color Atlas of Pathology, 2004


Reparo por cicatrização

 Fase proliferativa: tecido de granulação >24 hs

• Angiogênese:
- Formação de novos vasos a partir de vasos preexistentes
- Função: aporte de nutrientes para as células envolvidas
no reparo tecidual

• Principais fatores de crescimento:


 VEGF: migração e proliferação de células endoteliais
 FGF: proliferação de células endoteliais
 Angiopoietinas, PDGF e TGF-beta: estabilização dos
vasos recém formados
Etapas da
angiogênese

Robbins, 2016
Produção de MEC cicatricial

- Migração, proliferação e ativação de fibroblastos: PDGF,


FGF e TGF-beta

- Cicatriz inicial: fibroblastos, colágeno provisório e células


inflamatórias residuais
- Angiogênese + MEC inicial: tecido de granulação

- Tecido de granulação (~3-5 dias): tecido conjuntivo


altamente vascularizado, especializado e transitório
- Cicatriz madura: colágeno denso, outros componentes da
MEC, baixa celularidade
Remodelamento

• Remodelamento e resistência da cicatriz:

- Equilíbrio entre a síntese e a degradação das proteínas


da MEC
- Primeiros meses: síntese de colágeno > degradação do
colágeno
 Meses seguintes: modificações do tipo e da estrutura das
fibras colágenas
 Contração da ferida: diferenciação dos fibroblastos em
miofibroblastos e aproximação das bordas
 Degradação do excesso de colágeno (metaloproteinases
[MMPs])

70-80% da força tênsil da pele normal (~3 meses)


Tecido de Granulação
Etapa inicial do reparo tecidual com produção de tecido
conjuntivo e neovasos.

Pele – formação do tecido de granulação. HE- 20x


Reparo pelo Tecido Conjuntivo

Tecido de granulação Cicatriz madura

Coloração Tricrômico de Masson


Reparo Tecidual

Reparo Cicatrização de ferida cutânea

Associação de regeneração epitelial e formação


de cicatrização do tecido conjuntivo.

 Cicatrização por primeira intenção.

 Cicatrização por segunda intenção.


Cicatrização/ferida cutânea
1ª intenção: feridas cirúrgicas
.Asséptica; coaptação/bordas.
Miofibroblastos
.Regeneração > cicatrização.
Processo de cicatrização por primeira intenção
2ª intenção:
.Ferida extensa; infecção; abscesso; ulceração;
bordas afastadas (fechamento cutâneo espontâneo).
. Miofibroblastos
. Cicatrização > regeneração.
Cicatrização por segunda intenção

Úlcera Úlcera (microscopia)

Tecido de granulação Cicatriz


• Fatores influenciadores/cicatrização:
• Infecção, corpos estranhos.
• Perfusão (nicotina, varizes, ateromas, compressões,…).
• Carência protéica, hipovitaminose C.
• Diabetes mellitus.
• Corticóides.
Fatores que interferem na cicatrização

 Fatores sistêmicos

• Diabetes:
- Modificações vasculares/isquemia
- Alterações nas células fagocitárias

- Neuropatia periférica:  transmissão da dor;  liberação


de mediadores inflamatórios (Substância P)

• Hipotireoidismo:
-  síntese de componentes da MEC (poliglicanos)
Fatores que interferem na cicatrização

• Estado nutricional
- Deficiência de vitamina C (lisil-oxidase)
- Desnutrição proteica/ minerais:  síntese de colágeno

• Drogas imunossupressoras:
- Corticoides:  síntese de TGF-beta

• Tabagismo:
- Nicotina: ação vasoconstritora
- Cianeto: inibição de enzimas do metabolismo oxidativo
- CO:  transporte de O2
Cicatrização hipertrófica versus

Queloide
- formação excessiva de tecido conjuntivo denso em cicatriz cutânea

 Cicatriz hipertrófica: tende a ser reversível

 Queloide: forma tumorações nas áreas de cicatrização, mesmo em feridas pequenas,

podendo não regredir ou ter regressão muito lenta

- fibras colágenas são irregulares, grossas

- mecanismos de produção estão exacerbados e/ou os mecanismos de degradação da MEC

estão reduzidos
Reparo Tecidual

Cicatrização normal
Reparo Tecidual

Quelóide Cicatrização Hipertrófica


Reparo Tecidual

Quelóide
Reparo Tecidual

Quelóide
Referências Bibliográficas

• Brasileiro-Filho G., et al. Boglioglo, Patologia, 8 a


ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011

• Robbins, et al., Patologia Básica, 9 a ed.,


Guanabara Koogan, 2013

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