Eletrônica Analógica
Eletrônica Analógica
Eletrônica Analógica
Analógica
PROFESSOR
Me. Fábio Augusto Gentilin
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Coordenador de Conteúdo Fábio Augusto Gentilin Designer Educacional Tácia Rocha, Rossana Costa Giani
Revisão Textual Nagela Neves da Costa Editoração Arthur Cantareli Silva, Lavígnia da Silva Santos Ilustração Natalia de
Souza Scalassara Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock.
FICHA CATALOGRÁFICA
Eletrônica Analógica.
Fábio Augusto Gentilin.
Maringá - PR.: Unicesumar, 2021.
280 p.
“Graduação - EaD”.
1. Eletrônica 2. Analógica.
Impresso por:
CDD - 22 ed. 621.381
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-268-4
Reitor
Wilson de Matos Silva
MINHA HISTÓRIA
MEU CURRÍCULO
Quando eu tinha 10 anos de idade, na escola em que eu
estudava, havia um colega de sala que se sentava na cartei-
ra atrás da minha. Ele tinha um caderno cuja capa tinha a
foto de uma bicicleta de corrida, lidíssima por sinal. Todos
os dias, eu pedia a ele para ver o caderno. Ficava, durante
minutos, admirando aquela máquina da Engenharia, cheia
de detalhes e peças delicadas. Naquele momento, eu pen-
sava: quando eu crescer, vou ter uma dessas! O tempo
foi passando e, três anos mais tarde, consegui ganhar do
meu pai uma bicicleta bem interessante, com um conceito
diferente daquele, mas que era muito legal. Começava aí
a minha paixão pelo ciclismo.
Eu não via a hora de ir para a escola só para pedalar ou,
mesmo, para chegar o fim de semana, para sair com os
colegas de bicicleta. Mas havia algo a mais nessa história,
algo que, mais tarde, faria parte da minha formação pro-
fissional. Eu comecei a me perguntar o porquê de cada
peça, as marchas, os materiais de que eram fabricadas as
diferentes peças, a posição dos componentes etc.
Aqui você pode
conhecer um Aos poucos, fui me tornando seletivo e detalhista. Quan-
pouco mais sobre do avistava uma bicicleta, de longe, já poderia dizer quais
mim, além das eram as peças e fabricantes. Comprava revistas sobre
informações do
bicicletas e procurava desmontar tudo para ver como era
meu currículo.
o funcionamento e como manter a melhor forma possível.
Posso dizer, hoje, que isso se passou há 27 anos e, ainda,
continua a ser feito. Bicicletas após bicicletas. Eu ainda
pedalo, estudo e analiso cada tecnologia que está ao meu
alcance, sempre tentando entender o porquê de cada
material, formato, alinhamento, tecnologia etc. Analiso,
também, cada relação de transmissão entre diferentes
marchas para decidir qual a melhor para cada situação,
desempenho, distância, velocidade, grau de exigência,
massa, tempo de manutenção, tipos de lubrificantes, ti-
pos de terreno etc., com gráficos e projeções que podem
responder à muitas perguntas sobre minha prática no
ciclismo e Engenharia das bikes.
Gosto de afirmar que quando pedalo meus pensamentos
atingem um nível mais elevado e passo a raciocinar de
maneira mais criativa. Na estrada, somos todos iguais,
pois estamos sujeitos às mesmas dificuldades, afinal, su-
bida é subida, não importa qual é o seu equipamento, vai
ter que se esforçar para vencer aquele desafio e, a cada
morro escalado, uma vitória é somada. Naquele ambiente,
resta apenas a humildade, não há espaço para mais nada.
É assim que vivo parte dos meus momentos, pedalando
e contemplando a natureza, sempre curioso para saber
como funcionam as coisas. Esforço-me para vencer as
ladeiras da vida e busco aprender a humildade, fazendo
algo de novo para melhorar a cada dia, pois a subida da
vida é implacável.
RECURSOS DE
IMERSÃO
REALIDADE AUMENTADA
Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo
Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os
recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das
possibilidades de interação de cada objeto.
RODA DE CONVERSA
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido
PENSANDO JUNTOS
EXPLORANDO IDEIAS
EU INDICO
Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
Quase tudo o que nos conecta, atualmente, ao mundo moderno utiliza eletrônica.
São diversos componentes eletrônicos que combinados formam os mais complexos
e fantásticos circuitos que tornam a nossa vida, cada vez melhor, seja pela aproxima-
ção das pessoas, por meio de um dispositivo de smartphone ou pela capacidade de
realizar diagnósticos médicos, com o uso de equipamentos de ressonância magnética,
raios x etc.
A Eletrônica está presente nos mais diversos seguimentos, seja na área da saúde,
em equipamentos voltados ao suporte à vida, em UTIs e clínicas, nos aparelhos de
telecomunicações, em rádios e televisores, em aplicações militares, na aeronáutica
ou em pesquisas espaciais.
Com tantas tecnologias ao seu alcance, você sabe como funciona o LED utilizado para
indicar o estado de funcionamento de um dispositivo eletrônico? Ou como é possível
carregar a bateria do seu smartphone, em corrente contínua, se a tensão da rede em
nossas casas é dada em corrente alternada?
Com base em nosso aprendizado até o momento, realizaremos uma análise das prin-
cipais aplicações da eletrônica analógica conhecidas por você. Desse modo, realize
uma observação em torno do seu ambiente de trabalho ou em sua casa e liste 20
equipamentos eletrônicos que utilizam semicondutores, desde eletrodomésticos até
equipamentos industriais. Depois, relacione a tensão de alimentação de cada um ao
seu consumo de potência.
A maioria dos dispositivos que nos rodeiam são fabricados com semicondutores de
silício, e as tecnologias tiveram forte evolução, desde a década de 70 até meados dos
anos 2010. Nesta época, houve uma desaceleração do número de novas tecnologias
que utilizam o semicondutor, por conta dos limites estruturais do próprio elemento,
o que demandou a pesquisa por outros semicondutores capazes de substituí-lo, com
forte tendência para o Grafeno.
A eletrônica analógica é uma área de pesquisa que pode ser explorada pelo estudan-
te em sua própria casa, pois opera com recursos acessíveis e de fácil aquisição, fácil
entendimento e manipulação, tornando possível testes e simulações com o uso de
softwares simuladores dedicados.
3 4
71 99
CIRCUITOS COM
TRANSISTORES
TRANSISTOR
BIPOLARES
BIPOLAR
5
6
135 163
POLARIZAÇÃO DO
TRANSISTORES DE
TRANSÍSTOR DE
EFEITO DE CAMPO
EFEITO DE CAMPO
7 8
189 219
INTRODUÇÃO AO PROPRIEDADES
AMPLIFICADOR APLICADAS DOS
OPERACIONAL AMPLIFICADORES
OPERACIONAIS
9
249
CIRCUITOS COM
AMPLIFICADORES
OPERACIONAIS
1
Introdução aos
Semicondutores
Me. Fábio Augusto Gentilin
Você sabe o que acontece quando o carregador de baterias do seu smartphone é inserido na tomada?
Como é possível que o potencial de 100 V à 240 V (em corrente alternada) da tomada de sua residência
seja convertido em um nível de tensão de 5 V (em corrente contínua) para carregar a bateria de um
dispositivo eletrônico tão sensível?
Essa e muitas outras aplicações da eletrônica são muito comuns em equipamentos que possuem
componentes integrados, pois necessitam de alimentação de energia elétrica em potenciais pequenos,
da ordem dos 5 V, 3,3 V, 1,8 V ou, até menos, tudo isso em corrente contínua. Quem não se lembra dos
aparelhos “MP3 players”? Aqueles com a aparência semelhante ao mostrado na Figura 2. Você já parou
para se perguntar como é possível executar tantas funções com tão pouca energia?
14
UNIDADE 1
15
UNICESUMAR
Diante dos itens listados, totalize a quantidade de dispositivos e o percentual de itens que possuem
semicondutores. Com base no estudo, conclua sobre a importância desta tecnologia em seu dia a dia
e qual seria o impacto da não oferta desses equipamentos úteis para a solução das tarefas cotidianas.
A utilização dos semicondutores em circuitos especializados, como carregadores de baterias, fontes
de alimentação para dispositivos eletrônicos, computadores, smartphones, equipamentos hospitalares,
satélites de comunicação etc., é, decididamente, imprescindível.
Não há outra tecnologia disponível em nosso tempo que possa substituir os semicondutores de
silício para imediatamente realizar as mesmas funções que nossos dispositivos realizam. Ainda há
muitas pesquisas sendo validadas para concluir a produção de novos materiais, como o grafeno, que
poderiam substituir os conhecidos semicondutores que temos até hoje, desde a era da eletromecânica,
em que as válvulas termiônicas (Figura 3) realizavam as tarefas de amplificação de sinais em trans-
missores e receptores de rádio.
Seja bem-vindo(a), caro(a) estudante! Esta unidade foi produzida, especialmente, para você que “respira”
a eletrônica e se identifica com o tema, em tudo o que faz. Este livro foi escrito com todo o carinho por
uma pessoa que, como você, tem grande admiração pela eletrônica e quer saber mais sobre todos os
detalhes. A partir de agora, prepare-se para entrar no mundo da Eletrônica Analógica.
A eletrônica que conhecemos na atualidade depende (quase que totalmente) do uso de semicon-
dutores, seja para a fabricação de componentes de pequeno porte, utilizados em dispositivos portáteis,
como os smartphones, gadgets e computadores, seja no processamento de potência em grande escala,
por exemplo, o controle de potência de um forno de alta temperatura ou a velocidade de deslocamento
de um elevador em um edifício.
16
UNIDADE 1
Nesta seção, estudaremos os semicondutores mais utilizados para a fabricação de componentes ele-
trônicos e suas características, o que lhes conferem tal capacidade e os distinguem dos demais materiais
da natureza e da sua aplicação nos mais diversos circuitos aplicados nos carregadores de baterias dos
dispositivos móveis, processamento de dados, conversão de sinais etc.
Antes de definir as características dos semicondutores, realizaremos uma breve abordagem dos
materiais em três famílias:
• Materiais condutores.
• Materiais semicondutores.
• Materiais isolantes.
A maneira com que cada material se comporta com relação à condução de portadores de cargas elé-
tricas define sua família, podendo o material possuir mais ou menos elétrons livres em sua estrutura
molecular, deste modo, limitando a mobilidade do fluxo de cargas.
Os materiais condutores são aqueles que apresentam a característica de conduzir os portadores
de cargas elétricas com certa facilidade, pois apresentam, normalmente, 1 elétron em sua camada de
valência que é a órbita mais afastada do núcleo do átomo, por exemplo, o cobre, a prata, o ouro etc.
(LOURENÇO; CRUZ; CHOUERI JÚNIOR, 1996). Na Figura 4, é possível observar um átomo de
cobre (Cu) e sua estrutura eletrônica.
Cobre
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UNICESUMAR
Os condutores de cobre podem formar fios, barramentos, lâminas e demais formas que permitem a
utilização em aplicações industriais e residenciais. Sua presença também está nos aparelhos eletrônicos
e pode ser visualizada, facilmente, quando observamos uma placa de circuito impresso (PCI), em que
as trilhas que conduzem a corrente elétrica normalmente são de cobre (Figura 6).
Figura 6 - Condutores de cobre: cabos elétricos, barramentos e placa de circuito impresso (PCI)
18
UNIDADE 1
Perceba que, em cada aplicação, os condutores são dimensionados de acordo com a necessidade, tendo
maiores dimensões na medida em que o valor da corrente se torna maior e mais finos, quando os sinais
têm menores intensidades, como os circuitos eletrônicos das placas dos computadores.
Agora, pensando em materiais semicondutores, tradicionalmente, conhecidos e utilizados na ele-
trônica, desde sua origem, podemos citar o Silício (Si) e o Germânio (Ge) (Figura 7). Estes, atuando no
desenvolvimento de novas tecnologias ao longo dos anos e de novos materiais, produziram soluções
para áreas de fotônica, imensamente utilizados na atualidade, quando o assunto remete às tecnologias
baseadas em luz e captura de imagens, por exemplo (GRAEME, 1995).
Silício Germânio
No caso dos dispositivos aplicados à fotônica, um tipo de semicondutor muito investigado e utilizado
nos últimos anos é o Arsenieto de Gálio (GaAs), um composto químico utilizado na fabricação de
LEDs, lasers, fototransistores e outros (SZE; NG, 2007).
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UNICESUMAR
Fósforo Boro
Quando inserimos um átomo de Fósforo em uma estrutura composta por átomos de silício (puro), os
4 elétrons dos átomos de silício se recombinarão com quatro elétrons do átomo de fósforo, porém, um
elétron de Fósforo ficará sem ligação, desta forma, esta estrutura de silício será mais negativa e passa
a ser denominada pastilha do tipo “n”. Neste caso, afirmamos que o silício foi dopado com Fósforo
(CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
20
UNIDADE 1
Quando inserimos um átomo de Boro (que possui 3 elétrons em sua camada de valência) a uma
estrutura composta dos mesmos átomos de silício (puro), o resultado é o inverso. Como o silício possui
4 elétrons para se recombinar com o Boro, haverá o surgimento de uma lacuna do átomo de silício
sem ligação. A essa porção de silício denominamos de pastilha do tipo “p”. Neste caso, afirmamos que
o silício foi dopado com Boro (CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
Veremos mais adiante que o tipo de dopagem do Silício pode produzir como resultado variações
de cores em diferentes tipos de diodos emissores de luz (LEDs), altamente explorados na atualidade,
na fabricação de sistemas de iluminação aplicadas em diversas áreas, desde a sinalização até aplicações
médicas, espaciais e militares.
Os semicondutores são amplamente utilizados na fabricação de componentes eletrônicos miniatu-
rizados, por exemplo: diodos, transistores, tiristores, circuitos integrados (microprocessadores, micro-
controladores, circuitos lógicos, circuitos analógicos etc.). É graças a essa tecnologia que podemos ter
dispositivos tão pequenos com tantas funções de interatividade e conectividade. A Figura 10 apresenta
exemplos de diodos e transistores em seus respectivos encapsulamentos comerciais.
Os diodos e transistores são os componentes básicos na construção de circuitos integrados (CIs). Com
o passar dos anos, desde a década de 1960, os circuitos integrados (incluindo os modernos micropro-
cessadores) vêm aumentando o número de transístores em suas pastilhas até os limites de integração
do Silício (TOCCI; WIDMER, 2003).
Em 1971, um microprocessador INTEL 4004 com clock de 108 kHz tinha 2300 transistores em sua
arquitetura. Já em 2012, um microprocessador moderno de 2,9 GHz (3ª geração da Intel® Core™) tinha
cerca de 1,4 bilhão de transistores. Atualmente, este número está próximo de 7 bilhões (INTEL, [2020]).
A Tabela 1 apresenta a relação existente entre as principais tecnologias desenvolvidas pela INTEL
em microprocessadores, desde 1971 e 2012, em termos de quantidade de transistores e frequência,
que se refere ao clock do processador, que produz o ciclo de máquina, responsável por ditar o ritmo
de execução das tarefas em um computador.
21
UNICESUMAR
De acordo com a Lei de Moore, o número de transistores em um chip, praticamente, dobra a cada
dois anos. Como resultado, a escala do transistor fica menor e menor. À medida que a contagem
de transistores sobe, também aumenta a capacidade de integrar mais recursos em um chip e
aumentar a complexidade do dispositivo.
Fonte: Intel ([2020]).
22
UNIDADE 1
Perceba que, na medida em que há um aumento do número de transistores (na maior parte dos casos),
também há um aumento da frequência do clock, que influencia diretamente na velocidade de proces-
samento e execução de tarefas (TOCCI; WIDMER, 2003). A Figura 11 mostra uma pastilha de silício
de um microprocessador, antes de ser encapsulada para comercialização. Perceba a relação entre seu
tamanho e sua potencialidade em destaque na ponta de um dedo humano.
Há, entretanto, inúmeras aplicações de semicondutores que serão relevantes em seções futuras, deste
livro, e que serão abordadas na sequência de nossos estudos.
Os materiais isolantes são conhecidos por isolar, eletricamente, uma superfície de outra, por exemplo,
a camada plástica que envolve os condutores metálicos utilizados em nossos aparelhos eletrodomés-
ticos, permitindo que sejam manuseados, se o risco de contato com o potencial elétrico presente nos
condutores, o cabo de uma chave de fenda ou alicate de um eletricista, que pode isolar centenas de volts,
permitindo assim o uso em instalações energizadas (LOURENÇO; CRUZ; CHOUERI JÚNIOR, 1996).
23
UNICESUMAR
Como exemplo de materiais que possuem as características de isolação elétrica, podemos citar o
plástico, a borracha, o vidro, a cerâmica, o ar etc. Cada material é utilizado de acordo com a necessi-
dade, assim, podemos observar condutores elétricos, cabos de ferramentas e superfícies de contato
energizadas com capas plásticas de isolação, para minimizar o risco de contato que possa resultar em
choque elétrico. Geralmente, os materiais isolantes são caracterizados por possuírem baixo volume
de elétrons livres, sendo necessário potencial elevado para promover sua mobilidade e, com isso, a
circulação de corrente elétrica (LOURENÇO; CRUZ; CHOUERI JÚNIOR, 1996).
Deve-se levar em conta que os limites de isolação para um material isolante estão diretamente
relacionados ao potencial elétrico aplicado em suas extremidades. Como exemplo disso, observe que
até mesmo o ar atmosférico possui isolação limitada, ultrapassada quando uma descarga atmosférica
se manifesta em um dia chuvoso, permitindo que elétrons fluam entre as nuvens e a superfície de
contato com o solo da terra.
Agora, passamos para estudo das principais características do diodo retificador que serão a base
para o entendimento do funcionamento deste componente eletrônico. Quando um material é com-
posto puramente de átomos de Silício, por exemplo, temos a representação dada na Figura 12. Note
que para cada elétron de um átomo, há outro correspondente no átomo adjacente, assim, não há pre-
dominância negativa ou positiva, pois, neste caso, temos uma pastilha composta puramente por um
único tipo de átomo.
e
Átomo de
Silício
e Si e
e e e e
e Si e e Si e e Si e e Si e
e e e e
e e e e
e Si e e Si e e Si e e Si e
e e e e
e e e e
e Si e e Si e e Si e e Si e
e e e e
e e e e
24
UNIDADE 1
Pensando na formação de semicondutores tipo “p” e tipo “n”, há derivações dos semicondutores que são
necessárias para a fabricação de componentes eletrônicos que, por sua vez, dependem da mistura de
átomos de outros materiais com mais ou com menos elétrons em suas camadas de valência, junto de
uma estrutura-base constituída de átomos semicondutores. Este processo é denominado dopagem e
tem como objetivo atribuir ao material características elétricas, predominantemente, positivas (p) ou
negativas (n) (CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
Na fabricação de componentes eletrônicos como diodos, transistores e circuitos integrados, é ne-
cessário produzir semicondutores do tipo “p” e do tipo “n” (Figura 13). Nos materiais do tipo “p”, há
maior concentração de portadores positivos denominados de “lacunas”, e nos materiais semiconduto-
res do tipo “n” há a predominância de portadores de cargas negativas, que são os elétrons (CIPELLI;
MARKUS; SANDRINI, 2006).
O processo de dopagem do semicondutor silício para se obter um material do tipo “p” consiste em
adicionar pequenas quantidades de átomos trivalentes, ou seja, com três elétrons em sua camada de
valência, como é caso do alumínio, do gálio, do índio e do boro. Neste caso, a pastilha de material do
tipo “p” terá muitos átomos tetravalentes de silício e alguns átomos trivalentes de boro, por exemplo,
e, com isto, haverá sempre a falta de um elétron (o átomo de boro tem apenas três em sua camada de
valência) para se recombinar com o elétron do átomo de silício e, assim, ter-se o surgimento de uma
estrutura denominada de “lacuna” (CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
Outro assunto fundamental é a formação do semicondutor tipo “p”. As lacunas são classificadas como
os portadores positivos do semicondutor. Quando há predominância de lacunas em uma porção de
material semicondutor, afirmamos que este material possui portadores majoritários do tipo “p” (Figura
14) (CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
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UNICESUMAR
e e
Átomo de Átomo de
Silício e Si e e B e
Boro
(tetravalente) e e
(trivalente)
e e e e
e Si e e Si e e Si e e Si e
e e e e
lacuna
e e e e
e Si e e Si e B e e Si e
e e e e
e e e e
e Si e e Si e e Si e e Si e
e e e e
e e e e
Quando se deseja produzir materiais semicondutores com portadores majoritários do tipo “n” (mais
eletronegativos), utiliza-se o processo de dopagem do semicondutor com elementos pentavalentes,
assim, haverá mais elétrons sem recombinação no material. Alguns exemplos de materiais pentavalentes
utilizados na dopagem de semicondutores são: o antimônio, o arsênio e o fósforo, conforme Figura 15
(CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
Perceba que, neste caso, o átomo de arsênio apresenta cinco elétrons, portanto, pentavalente. Quando
este átomo é combinado com átomos de silício, há “sobra” de elétrons, pois o silício só pode se recombi-
nar com quatro elétrons (tetravalente), então, o material composto da dopagem de semicondutor puro
(Si ou Ge) com elemento pentavalente (As) produz portadores majoritários negativos, e esta porção
de material é denominada de semicondutor do tipo “n” (CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
26
UNIDADE 1
e e
Átomo de e e Átomo de
Silício e Si e As Arsênio
(tetravalente) e
e e (pentavalente)
e e e e
e Si e e Si e e Si e e Si e
elétron
e e “sobrando” e e
e e e e
e
e Si e e Si e e As e e Si e
e e e e
e e e e
e Si e e Si e e Si e e Si e
e e e e
e e e e
27
UNICESUMAR
O símbolo do diodo também é representado na Figura 16, em que podemos observar a presença
dos terminais “A” de anodo e “K” de catodo. Observe que o terminal A se refere à pastilha do tipo “p”,
enquanto que o terminal K se refere à pastilha do tipo “n” do diodo.
DIODO
Portadores majoritários Portadores majoritários
positivos negativos
(p) (n)
A K
DIODO EM
SÍMBOLO DO DIODO ENCAPSULAMENTO
K
COMERCIAL
Observe, estudante, que o diodo retificador possui uma faixa que indica exatamente o lado que cor-
responde ao catodo, facilitando sua utilização em circuitos eletrônicos.
O engenheiro inglês J. Ambrose Fleming construiu em 1905 o primeiro diodo. O diodo é cons-
truído em um invólucro de vidro “fechado a vácuo”, tal como a lâmpada eléctrica de filamento
inventada por Edison, e contém dois eletrodos.
Fonte: Museu Virtual de Informática ([2020]).
28
UNIDADE 1
Desde sua invenção, os diodos revolucionaram o mercado dos componentes eletrônicos e possibilitaram
a fabricação de diversos outros dispositivos que dependem dessa tecnologia para existir, além disso,
há muitas aplicações para os diodos e as suas funções norteiam os seus projetos e, assim, diferentes
diodos apresentam diferentes propósitos, sendo:
Diodo retificador: é utilizado para retificar sinais. Aplicado em circuitos de fontes de alimentação
e muitos outros, em que se deseja bloquear um semiciclo de um sinal alternado e conduzir o outro,
a fim de se produzir, como resultado, um sinal contínuo (CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
Diodo Zener: muito utilizado para regular tensões de referência de potencial em circuitos ou para
regular a tensão de alimentação de um determinado componente ou circuito (CIPELLI; MARKUS;
SANDRINI, 2006).
29
UNICESUMAR
O diodo zener é utilizado em circuitos em que se deseja manter um determinado valor de tensão
fixo, mesmo havendo variação da tensão de alimentação, deve-se, porém, levar em consideração
o dimensionamento de sua potência, além de sua tensão, para que ele possa operar de maneira
satisfatória.
Diodo Schottky: é um diodo que opera em frequências elevadas, em aplicações inviáveis aos diodos
retificadores que não atendem às altas velocidades de comutação. Este diodo não apresenta camada
de depleção, quando utilizado para retificar sinais de baixas tensões (SEDRA; SMITH, 2012).
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UNIDADE 1
Diodo varactor ou varicap: é um diodo com efeito capacitivo que varia a sua capacitância em função
da tensão aplicada em seus terminais (utiliza a variação da largura da camada de depleção para atuar
como um capacitor variável). Este diodo é muito utilizado em circuitos de sintonia de FM e VHF,
presente nos circuitos de rádio e TV (MALVINO et al., 1997).
K A
LED: Diodo Emissor de Luz. Este, sem dúvida, é conhecido pela maioria das pessoas da atualidade,
pois é muito utilizado em dispositivos portáteis e em diversos equipamentos elétricos para emitir
luz de acordo com o status de funcionamento. A luz emitida pelo LED se dá pelo salto do elétron de
uma órbita para outra durante a circulação de corrente pela junção, corrente esta que tem limites de
acordo com o fabricante. Já a cor do LED depende do material utilizado para a fabricação da pastilha
de semicondutor e a sua dopagem, e não apenas da cor da lente (MALVINO, 1995).
31
UNICESUMAR
Você sabe como funciona o LED e o que define sua cor? Neste pod-
cast você aprenderá mais sobre o funcionamento de um diodo LED
e como as suas cores são definidas.
O LED é um dispositivo utilizado, normalmente, para emitir luz no comprimento de onda visível,
porém é muito utilizado em aplicações em que sua luz não pode ser visto pelos olhos humanos,
pois atua no espectro de infravermelho, por exemplo, no controle remoto da TV e em sensores.
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As tecnologias baseadas em diodos são amplamente aplicadas na indústria de produtos que
utilizamos na atualidade, assim como smartphones, smart TVs, painéis de veículos automotores,
iluminação pública, controle de potência, telecomunicações etc. O estudo dessa tecnologia é
fundamental para o entendimento da Eletrônica.
Chegou o momento de pensar no que aprendemos, até este momento. Para isso, resgataremos
alguns termos importantes e a relação entre os diferentes tipos de materiais e aplicações orien-
tadas ao uso e combinação de cada tipo, no mapa conceitual da Figura 22:
APLICAÇÕES
AQUECIMENTO
TELECOMUNICAÇÕES
ISOLANTE
ILUMINAÇÃO
EQUIPAMENTO
DISPONITIVO
SEMICONDUTOR
ELETRÔNICO
ENTRETERIMENTO
CONDUTOR
TRANSPORTE DE
MAPA MENTAL
CARGAS
CONTROLE DE
PROCESSOS
33
Levando em conta o mapa conceitual apresentado na Figura 22, estudante, agora: enumere as
aplicações diferentes das apresentadas no mapa conceitual, preenchendo suas contribuições no
diagrama da Figura 23, vamos lá?
APLICAÇÕES
ISOLANTE
EQUIPAMENTO
DISPONITIVO
SEMICONDUTOR
ELETRÔNICO
CONDUTOR
MAPA MENTAL
34
1. Os diodos são os componentes responsáveis por várias ações em circuitos, como a retifica-
ção e regulação de sinais. Dentre os materiais utilizados na fabricação de diodos, há várias
tecnologias que permitem afirmar que:
a) Os diodos podem ser fabricados em ouro, pois apresenta ótima qualidade, porém alto custo.
b) Os diodos são fabricados de SiO2 que representa uma fusão de dióxido de enxofre com silício,
extremamente forte e ótimo semicondutor.
c) Os diodos Zener apresentam a capacidade de regular a corrente de um circuito.
d) Os materiais mais utilizados para a fabricação de diodos são o Silício, o Germânio e o Per-
manganato de potássio enriquecido.
e) Os diodos semicondutores são fabricados em Silício e Germânio e recebem a dopagem de
elementos trivalentes e pentavalentes com o intuito de se produzir pastilhas do tipo “p” e do
tipo “n”, respectivamente.
35
3. Dada a Figura 24, assinale a alternativa correta:
e e
Átomo de e e
Silício e Si e
e e
e
e e e e
e Si e e Si e e Si e e Si e
elétron
e e “sobrando” e e
e e e e
e
e Si e e Si e e e e Si e
e e e e
e e e e
e Si e e Si e e Si e e Si e
e e e e
e e e e
e Si e e Si e e Si e e Si e
e e e e
AGORA É COM VOCÊ
a) Trata-se da representação da formação de uma pastilha do tipo “n”, pois o elemento associado
ao silício possui menos elétrons que o semicondutor.
b) Refere-se à composição de uma pastilha do tipo “n”, uma vez que o átomo misturado ao semi-
condutor possui 5 elétrons na camada de valência e, assim, o elétron que sobra representa
que a pastilha terá portadores majoritários negativos.
c) Refere-se a uma pastilha do tipo “n”, pois o arsênio é um elemento pentavalente e, com isso,
um elétron não se recombinará com o silício, e a pastilha terá portadores majoritários positivos.
d) A Figura 24 apresenta a dopagem na etapa de fabricação de uma pastilha do tipo “p”, em que
um elemento trivalente é associado ao semicondutor.
e) Trata-se de uma pastilha do tipo “p”, porque o elétron livre é trocado na ligação dativa e, assim,
fica positivamente polarizado.
36
1. E. “Os diodos semicondutores são fabricados em Silício e Germânio e recebem a dopagem de elementos
trivalentes e pentavalentes com o intuito de se produzir pastilhas do tipo “p” e do tipo “n”, respectiva-
mente”, é uma característica construtiva dos semicondutores, uma vez que sua estrutura atômica é
tetravalente.
2. C. “Quando uma pastilha é do tipo “n” significa que ela é composta de um semicondutor e de elementos
pentavalentes, por exemplo: antimônio, o arsênio e o fósforo”, já que esses elementos apresentam um
elétron a mais do que o silício, que fica sem se recombinar, após a dopagem. Desse modo, a pastilha
resultante será, predominantemente, negativa ou do tipo n.
3. B. “Refere-se a composição de uma pastilha do tipo “n”, uma vez que o átomo misturado ao semicondu-
tor possui 5 elétrons na camada de valência e, assim, o elétron que sobra representa que a pastilha
terá portadores majoritários negativos”, já que átomos com 5 elétrons na camada de valência, ao
se combinarem com átomos de 4 elétrons ( por exemplo, o semicondutor silício), têm um dos elétrons
“livres”, ou sem ligação, caracterizando assim o tipo “n”.
37
CIPELLI, A. M. V.; MARKUS, O; SANDRINI, W. J. Teoria e desenvolvimento de projetos de circuitos
eletrônicos. 22. ed. São Paulo: Érica, 2006.
INTEL. Transistors to Transformations. [S. I.: s. n.], [2020]. Disponível em: https://www.intel.com/content/
www/us/en/history/museum-transistors-to-transformations-brochure.html?wapkw=transistor+count+intel.
Acesso em: 2 dez. 2020.
MALVINO, A. P.; ABDO, R. Eletrônica. São Paulo : Pearson Education do Brasil, 1997. v. 1.
TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S. Sistemas Digitais: Princípios e Aplicações. São Paulo: Pearson, 2003.
REFERÊNCIAS
38
39
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
40
2
Circuitos
com Diodos
Me. Fábio Augusto Gentilin
Você sabe como é possível converter o sinal senoidal da tensão alternada, disponível nas tomadas de
nossas casas em um sinal contínuo, compatível com o funcionamento dos equipamentos eletrônicos,
que operam com tensões de corrente contínua, como no caso dos computadores, televisores, sistemas
de telecomunicações, por exemplo?
Os equipamentos eletrônicos, que auxiliam na execução da maioria das tarefas do nosso coti-
diano, utilizam alimentação em corrente contínua (cc), na maioria dos casos, com potenciais da
ordem de 5 V e 12 V (ou menos), por exemplo, centrais injeção eletrônica de automóveis, com-
putadores, smartphones etc.
Para que a alimentação desses dispositivos seja compatibilizada com o formato e os potenciais de
oferta de tensão elétrica, disponibilizada pela concessionária de energia, que é dado, geralmente, entre
127 V ou 220 V em tensão alternada (ca), os dispositivos eletrônicos contam com estágios de retificação
(Figura 1) e filtragem, que são responsáveis por converter o sinal alternado senoidal em sinal de tensão
continua (cc), utilizando diodos retificadores.
Além de retificar o sinal alternado, as fontes dos dispositivos eletrônicos também contam com um
estágio de transformação (no caso de fontes lineares) ou de conversão (em fontes chaveadas), que são
utilizados para rebaixar a tensão a níveis compatíveis aos dispositivos eletrônicos.
Faremos, agora, uma breve análise de todos os nossos equipamentos eletrônicos, classificando-os
em termos de tipo de alimentação: corrente alternada ou corrente contínua, potencial de alimentação
(127 V, 220 V, 100 a 240 V, 12 V, 5V...) e se eles funcionam com o uso de semicondutores eletrônicos,
ou não, preenchendo-o com cada um.
Quadro 1 - Tipos de dispositivos e seus potenciais de alimentação
Tipo de Utiliza
Potencial de
Item Dispositivo alimentação? semicondutores?
alimentação
(ca ou cc) (sim/não)
1 Forno elétrico ca 220 V Não
42
UNIDADE 2
O uso de diodos em circuitos retificadores é o método mais comum utilizado para converter sinais de
tensão alternada em sinais de tensão contínua, porém existem limites em capacidade de condução de
corrente, tensão reversa, frequência e dissipação de temperatura.
Sabendo-se das limitações dos semicondutores, como é possível a operação dos equipamentos que
convertem grandes volumes de corrente, por exemplo, em centrais telefônicas modernas, em que a
corrente pode ser superior à 2400 A? Como os diodos semicondutores encapsulados e montados em
placas eletrônicas são capazes de conduzir tal amplitude de corrente?
Olá estudante!
Nesta unidade, estudaremos como funcionam os diodos e, para isso, você terá a experiência de co-
nhecer os principais circuitos onde esse fantástico componente é aplicado e porque ele é tão especial!
O diodo pode ser polarizado, diretamente ou reversamente, e isso pode caracterizar seu comporta-
mento e região de operação, tornando-o útil a conduzir sinais ou mesmo regular potenciais de tensão
(SEDRA; SMTH, 2012). Estudaremos, inicialmente, o comportamento do diodo polarizado, diretamente
e reversamente, para entender melhor como isso ocorre.
43
UNICESUMAR
Fonte de
tensão
variável Tensão de
Estreitamento da joelho
camada de depleção
Na polarização reversa (diodo inversamente polarizado), o terminal catodo do diodo é ligado ao po-
tencial positivo da fonte de tensão, e o terminal anodo é conectado ao potencial negativo da fonte. Com
isso, há o afastamento dos potenciais que antes ficavam na periferia da camada de depleção e, agora,
passam às bordas externas das pastilhas, atraídos pelos potenciais da fonte que possuem polaridades
opostas (Figura 3) (SEDRA; SMITH, 2012).
DIODO
A K
Fonte de
tensão Ruptura
variável
Aumento da camada
de depleção
Avalanche Corrente
de fuga
44
UNIDADE 2
Com o aumento da tensão reversa, há o aumento da largura da camada de depleção que pode atingir
determinado valor tal, ocorrendo o efeito avalanche, e o diodo é permanentemente inutilizado (ruptura da
junção). Normalmente, esse efeito ocorre acima dos 50 V para os diodos retificadores. Há, entretanto, diodos
que são projetados para operar na região reversa (inversamente polarizados): são os diodos reguladores
zener, que possuem uma tensão reversa do valor da sua tensão nominal, e podem ser de diversos valores,
como 4, 7 V , 12 V , 24 V etc. Os diodos zener são utilizados quando se deseja limitar uma tensão em
um valor específico para que seja fixado um valor de tensão de referência, por exemplo (MALVINO, 1995).
A maior parte dos diodos são fabricados com silício (Si), o material semicondutor mais abundante
atualmente, mas há algumas tecnologias que utilizam materiais como germânio, Arseneto de Gálio
(GaAs), Arseneto de Gálio Índio (InGaAs), fosforeto de Índio (InP) etc. e, dependendo da aplicação,
pode ser a fabricação de diodos retificadores ou, mesmo, dispositivos optoeletrônicos, como fotode-
tectores ou diodos emissores de luz (LED) (MALVINO, 1995).
Para iniciarmos nosso estudo de aplicação dos diodos em circuitos elétricos, abordaremos, inicial-
mente, o conceito prático de sinais em corrente contínua e em corrente alternada, que produz conteúdo
mínimo para entendimento dos próximos conceitos.
A rede elétrica, que alimenta nossas instalações residenciais e industriais, utiliza sinais em corrente
alternada com frequência de 60 Hz e amplitude que pode variar de acordo com a região, entre 127
V e 220 V. O comportamento do sinal de tensão alternada (VCA) é periódico e recebe esta definição
(alternado), porque alterna do quadrante de valores positivos de tensão para o quadrante de valores
negativos de tensão no domínio do tempo (SEDRA; SMITH, 2012).
Observe a Figura 4. A tensão senoidal dada por VCA apresenta sinal periódico e cíclico que percorre
os 360° desde sua origem até o final do ciclo, em que se iniciaria um novo sinal. Quando dividimos o
ciclo completo (360°) em duas partes, sendo a parte positiva denominada de semiciclo positivo e a parte
negativa, semiciclo negativo, podemos analisar o comportamento do diodo.
Na Figura 4, há um circuito com
semiciclo D1
diodo sendo estudado em cada um positivo + +
45
UNICESUMAR
Em que VD1 é a tensão sobre o diodo D1. Quando analisamos o tempo t2, encontramos a situação
em que ocorre o semiciclo negativo de VCA e, nesse instante, o diodo D1 encontra-se inversamente
polarizado, não conduzindo o sinal para a carga. Essa situação pode ser observada na Figura 4 (b).
A partir desse ponto, será apresentada uma situação prática real, obtida a partir de um osciloscópio
em um circuito em que um sinal alternado é aplicado. Observe então a Figura 5, nela, um sinal alter-
nado de amplitude de 25, 2 VP (tensão de pico) ou 50, 4 VPP (tensão pico a pico) possui frequência
de 59, 99 Hz (aproximadamente 60 Hz ).
Quando o sinal alternado da Figura 5 passa por um diodo retificador, apenas um semiciclo é condu-
zido por vez, pois ora o diodo apresenta-se diretamente polarizado com relação ao sinal aplicado, ora
inversamente polarizado, conforme a Figura 6.
46
UNIDADE 2
+25,2 V
+ + +
0V 1
Quando o diodo está diretamente polarizado, a corrente flui pela junção “pn”, porém, quando o sinal
alternado inverte a polaridade da tensão para o semiciclo negativo, o diodo encontra-se inversamente
polarizado e “corta” a condução de corrente, ficando o sinal “ceifado”, durante este período, que corres-
ponde à metade de um ciclo completo ( 360° ou 2p ) (SEDRA; SMITH, 2012).
A Figura 7 mostra o sinal alternado e a identificação de seu período ( T ) de tempo, em que é possível
identificar os quadrantes positivos (+) e negativos (-). Nesses intervalos de tempo, a tensão assume
valores positivos e negativos, conforme a função que a descreve: seno, daí o nome “sinal senoidal”
(MALVINO, 1995). Para o sinal da Figura 7, o período “ T ” é de 16, 6 ms , o que é definido pela relação
dada na Equação 2 (SEDRA; SMITH, 2012):
1
T= = [ s ] (2)
f
Substituindo-se o valor da frequência (60 Hz) em f , fica:
1
T
= = 16, 6 ms
60
47
UNICESUMAR
A tensão RMS (Root-Mean-Square) ou valor eficaz é o valor da tensão de pico “ vP ” que equivale ao
valor (25,2 V), dividido por 2 , conforme Equação 3 (SEDRA; SMITH, 2012):
vRMS vP 2 (3)
A notação RMS é útil, quando analisamos circuitos em corrente alternada e observamos que, com a
variação da corrente no tempo, há a necessidade de utilizar um parâmetro médio que permita entender
sua amplitude, sendo assim, tenhamos em mente que a tensão ou corrente, por exemplo, podem ser
analisadas sob o ponto de vista de pico ( VP , I P ), quando desejamos entender sua amplitude máxima
pontual (regime transitório) ou por valores médios RMS ( VRMS , I RMS ), quando precisamos analisar
o circuito em regime permanente (operação de longo período).
A medição de tensão em alta frequência exige que o instrumento tenha a funcionalidade TRUE
RMS para permitir que o valor real da tensão seja mensurado e exibido em seu mostrador. Você
conhece exemplos em que essa tecnologia está presente?
48
UNIDADE 2
A partir deste momento, você, estudante, terá a oportunidade de conhecer alguns circuitos com diodos
em suas aplicações mais clássicas, abordando a sua utilização em estágios de retificação de sinais alterna-
dos, oriundos da rede elétrica, tipicamente encontrados em fontes de alimentação lineares e chaveadas.
49
UNICESUMAR
U U
t t
TR1
Enrolamento Enrolamento
primário secundário
U(t) R1 U’(t)
ф ф’
50
UNIDADE 2
Para um transformador ideal (ou sem perdas), a relação de potências se faz verdadeira:
PP = PS (4)
P = V .I (5)
VP I P VS I S (6)
U (t ) = VP
U '(t ) = VS
i = IP
i ' = IS
Assim, quando a corrente do secundário do transformador variar, para sustentar a igualdade, haverá
a necessidade de compensar essa variação por meio de f e consequentemente i , no enrolamento
primário de TR1 , uma vez que se mantem constante U t (MALVINO, 1995).
Este princípio nos permite entender a utilização de fusíveis em série com o enrolamento primário
do transformador, para que, quando uma variação na corrente do enrolamento secundário for limítrofe,
não comprometer o projeto do transformador (MALVINO, 1995).
51
UNICESUMAR
A relação de tensão nos enrolamentos depende do número de espiras dos mesmos, que são cal-
culadas com base em um parâmetro conhecido como “relação de espiras por volt” ou, simplesmente,
“espiras/volt”. Este parâmetro é calculado conforme o projeto do transformador e depende do tipo e
das dimensões do núcleo utilizado (KOSOV, 2005). Assim, a tensão desejada para cada enrolamento
define o número de espiras, conforme Equação 7:
N P espira / volt VP
N P 7, 3 127
N P 927, 1 espiras
N P 928 espiras
Cálculo do número de espiras do enrolamento secundário do transformador ( N S ):
Como a relação de transformação é de 10:1, então, temos que o transformador é rebaixador em
uma escala de 10 vezes, ou seja, se a tensão de entrada (enrolamento primário) é de 127 V, a tensão na
saída (enrolamento secundário) será de:
52
UNIDADE 2
VP
VS =
10
127
VS = Ao utilizar transformadores, deve-se sem-
10
pre respeitar a capacidade de potência de-
VS = 12, 7 V
les, caso contrário, eles poderão aquecer e
Substituindo na Equação 9, fica: romper a isolação entre os enrolamentos,
causando curto-circuito e, consequente-
N S espira / volt VS
mente, danos irreversíveis ao componente
N S 7, 3 12, 7
com possibilidade de incêndio.
N S 92, 7 espiras
N S 93 espiras
A maioria dos equipamentos eletrônicos utiliza corrente contínua (CC) para alimentar seus circuitos,
o que facilita a utilização, inclusive, de sistemas de alimentação portáteis, por exemplo, baterias recarre-
gáveis. Por conta dessa característica, para que estes dispositivos possam ser conectados à rede elétrica
da concessionária que opera em corrente alternada (CA), é necessário a implementação de fontes de
alimentação capazes de converter a corrente alternada da rede de alimentação que opera acima dos 100
volts em corrente contínua, com potenciais adequados aos circuitos eletrônicos, da ordem de poucos
volts em corrente contínua.
53
UNICESUMAR
Para permitir a construção de fontes de alimentação que convertam o sinal de corrente alternada em
corrente contínua, faz-se necessário a utilização de diodos associados de modo a formarem circuitos
denominados “retificadores” de sinal, como é o caso do “Retificador de onda completa em ponte” (CI-
PELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
O Retificador de onda completa em ponte é, amplamente, utilizado em estágios de retificação de
entrada em fontes de alimentação lineares e chaveadas e estágios de saída em fontes de alimentação
chaveadas. É composto de quatro diodos associados de modo a conduzir a corrente, de acordo com
o sinal alternado de entrada, mantendo-se constante a polaridade de saída, conforme apresentado na
Figura 11 (SEDRA; SMITH, 2012).
a b
Na Figura 12, podemos observar alguns exemplos de pontes retificadoras encapsuladas para aplicações
em circuitos retificadores de sinais, como fontes de alimentação e conversores CA-CC, em estágios de
entrada e saída, facilidade de montagem e manutenção.
54
UNIDADE 2
As pontes retificadoras são utilizadas em quase todos os conversores CA-CC conhecidos, pois
permitem a retificação do sinal de corrente alternada e podem ser oferecidos em encapsula-
mentos únicos, em que os quatro diodos são reunidos em um só componente, especialmente,
fabricado para este fim.
O arranjo de diodos forma uma estrutura capaz de retificar o sinal alternado, proveniente de um
transformador, por exemplo, ou diretamente da rede elétrica, com apenas dois terminais (CIPELLI;
MARKUS; SANDRINI, 2006). A Figura 13 apresenta um exemplo:
TR1
t1
D4 D1 C
REDE - +
CA
D3 D2
B t2 R1
D
SINAL ENTRE A E B SINAL ENTRE C E D
U(V) U(V)
+V +V
0
0 t(ms) T’ T’
-V
t1 t2
T
55
UNICESUMAR
U(V)
+V
SINAL ENTRE
AEB 0 t(ms)
-V
t1 t2
U(V)
T
+V
SINAL ENTRE
CED
0
T’ T’
Figura 14 - Sinais entre os pontos: Conversão CA-CC
Fonte: o autor.
56
UNIDADE 2
T 2 T ' (10)
Ou
T
T'= (11)
2
Calculando em termos de frequência, podemos adaptar a Equação 2 que nos infor-
ma, em termos do período T :
1
T=
f
f
Multiplicando-se os dois lados da equação por , fica:
T
f 1 f
T (12)
T f T
1
f =
T
E adaptando-se para f ' , fica:
1
f '= (13)
T'
Substituindo a Equação 11 na Equação 13, temos:
1
f '
T
2
57
UNICESUMAR
e finalmente:
f ' 2 f (15)
Exemplo resolvido:
Um sinal de corrente alternada de 60 Hz foi aplicado em um retificador de onda completa.
Calcule a frequência na saída entre os terminais + e − da ponte retificadora.
Solução:
Dados:
f = 60 Hz
Para calcular a frequência na saída da ponte retificadora, podemos facilmente utilizar a Equação 15:
f ' 2 f
f ' 2 (60)
f ' 120 Hz
Observe que, para um sinal de 60 Hz , aplicado a um circuito retificador de onda completa, a frequên-
cia do sinal de saída é o dobro da frequência do sinal de entrada ( 120 Hz ). Este resultado é devido
à conversão do sinal senoidal de 60 Hz em sinal de corrente contínua pulsante (MALVINO, 1995).
Observe que o sinal alternado de 60 Hz apresenta período T igual a:
1 1
T= = = 0, 0166 s
f 60
Ou
T = 16, 6 ms
1 1
T=' = = 0, 0083 s
f ' 120
Ou
T ' = 8, 3 ms
Este resultado significa que T ' consome a metade do tempo que T para realizar o mesmo trabalho,
apresentando, assim, o dobro da frequência.
No circuito retificador de onda completa, com tomada central, o sinal senoidal é provido pelo enro-
58
UNIDADE 2
Enrolamento Enrolamento
primário TR1 secundário
Tomada Central
(TC)
59
UNICESUMAR
Como exemplo, considere um transformador rebaixador (que rebaixa a tensão da entrada para a saída ou
do enrolamento primário para o enrolamento secundário) com uma relação de 10 : 1 , ou seja, quando o
transformador receber 100 V , no enrolamento primário, apresentará 10 V no enrolamento secundário.
Considere que a relação de espiras é de 4 espiras/volt, (significa que, durante o projeto do trans-
formador, chegou-se à conclusão de que cada 4 espiras enroladas no núcleo, seria equivalente a 1 V
), assim, para o enrolamento primário de 100 V ( VP = 100 V ), haveria uma relação de espiras de:
Substituindo-se os valores em VP e esp / volt , fica:
espPRIMÁRIO 100 4
espPRIMÁRIO = 400
Como o transformador do exemplo apresenta relação de transformação de 10:1, logo, com a tensão
VP = 100 V , no secundário ( VS ) teremos:
VP
VS =
10
100
VS =
10
VS = 10 V
Como sabemos o valor da tensão VS , podemos estudar seu comportamento aplicado no circuito
retificador de onda completa com tomada central. A Figura 16 apresenta o circuito:
TR1 TR1
D1 D1
U(t) U(t)
RL RL
D2 D2
GND
GND
(a) (b)
Figura 16 - Circuito retificador de onda completa com tomada central, (a) e (b) – mesmos circuitos com represen-
tações alternativas
Fonte: o autor.
Perceba que, na Figura 16 (a) e (b), há duas representações que na verdade referem-se ao mesmo cir-
cuito, porém, em (a), o símbolo da referência (GND) está em um ponto comum e, em (b), GND está
nos pontos em que este potencial está conectado. O que o estudante deve entender é que em ambos
os casos, GND está conectado na tomada central e na carga RL conforme a Figura 16.
60
UNIDADE 2
No circuito da Figura 16, a análise deve ser feita da seguinte maneira: quando a tensão VS alterna
de 0 até 10 V e de 0 até -10 V, temos um cenário semelhante ao já estudado, anteriormente, mostrado
na Figura 14, porém, agora, temos apenas dois diodos D1 e D2 com o objetivo de conduzir o sinal de
onda completa para a carga associados ao enrolamento secundário de um transformador com tomada
central, conforme a Figura 17:
Perceba na Figura 17 que temos o sinal da rede sendo aplicado no enrolamento primário do trans-
formador TR1 e, como resultado, temos a tensão induzida em seu enrolamento secundário VS , que,
neste caso, varia de acordo com o sinal de entrada ao longo do tempo.
Como os diodos D1 e D2 estão associados com seus respectivos anodos nas extremidades do
enrolamento secundário do transformador, observamos na Figura 17 (a) que o diodo D1 se comporta
como um curto-circuito, durante o semiciclo positivo (tempo t1 ) e D2 , neste período, comporta-se
como um circuito aberto.
Consequentemente, no semiciclo negativo (tempo t2 ), o diodo D2 se comporta como um curto-
-circuito e D1 , neste período, comporta-se como um circuito aberto. Dessa forma, cada diodo conduz
um semiciclo por vez e, com isso, o sinal de saída fica com o aspecto da Figura 18:
61
UNICESUMAR
Figura 18 - Sinal de tensão na carga – retificador de onda completa com tomada central
Fonte: o autor.
No caso do LED (e da maioria dos demais diodos), é importante salientar que, quando ocorre a con-
dução de corrente pela junção, a corrente pode atingir valores elevadíssimos, tendendo, teoricamente,
ao infinito (MALVINO, 1995). Logo, para estabelecer a corrente de operação do diodo, analisaremos
o caso do LED e do dimensionamento de seu circuito de limitação de corrente.
Primeiramente, devemos identificar o modelo de LED que temos. Neste exemplo, adotaremos um
LED de 5 mm com as especificações dadas pelo fabricante:
VD = 2, 0 V (é a tensão de trabalho do LED).
I L = 10 mA = (é a corrente adotada para este LED).
VS = 12 V (é a tensão da fonte que utilizaremos para acionar o LED).
Para limitar a corrente no LED, precisamos utilizar um resistor em série, de acordo com a Figura 19.
REALIDADE
AUMENTADA
62
UNIDADE 2
VD
Corrente
tendendo
Emissão ao infimito
de luz
Corrente
LED limitada em
VS 10 mA
RL
Figura 19 - Polarização do LED
Fonte: Gentilin (2019, p. 185).
RL = 1 kW
Onde:
P P=
= RL ?
V V=
= RL 10 V
I I L 10 10 3 A = 10 mA
63
UNICESUMAR
Resultado:
Esta unidade apresentou os principais temas relacionados aos diodos, conceitos-chave para o entendi-
mento dos demais assuntos relacionados à eletrônica analógica, como os circuitos com transistores, por
exemplo, assunto das próximas unidades.
A eletrônica de maneira geral atende a diversas áreas, porém a área de conversão de energia é uma das
mais relevantes, pois todos os circuitos eletrônicos necessitam de alimentação elétrica para que suas funções
sejam executadas, assim, sendo um dispositivo alimentado à bateria ou conectado à rede elétrica, se pos-
suir componentes eletrônicos ou sistemas embarcados, fatalmente dependerá do uso de semicondutores.
Os diodos retificadores, reguladores de tensão, LEDs e tantos outros oferecidos pela indústria são,
amplamente, aplicados na composição dos circuitos dos principais dispositivos eletrônicos, como os
carregadores de baterias de nossos smartphones ou, mesmo, para converter os potenciais necessários à
alimentação de nossos eletrodomésticos.
Você se lembra da pergunta feita no início desta unidade, em que temos os sistemas alimentados em
potenciais de corrente de 2400 A, por exemplo? Então, isso é possível com a utilização dos semicondutores,
dividindo-se em cada unidade retificadora uma parcela do total, por exemplo, retificadores de 50 A cada,
em que para o total de 2400 A, um sistema de retificadores de 48 unidades é capaz de atuar alimentando
a central telefônica em plena carga.
64
Chegamos ao final de nossa unidade e, agora, vamos testar os conceitos que aprendemos ana-
lisando o mapa mental da Figura 20, em que cada conceito remete à tecnologia do diodo retifi-
cador, vamos lá?
Polarização direta
Semiciclo positivo
Tensão direta
Corrente de fuga
Tensão de joelho Diodo retificador
Retificador em
ponte
Polarização reversa
Retificador de onda
completa em ponte
MAPA MENTAL
Fonte: o autor.
65
Conforme o exemplo do mapa mental apresentado, você estudante deve preencher cada campo
do mapa mental abaixo para o DIODO de forma genérica, não se reservando apenas ao diodo
retificador, mas sim a qualquer tipo de diodo na Figura 21.
DIODO
Fonte: o autor.
66
1. Os diodos são utilizados em diversas aplicações, em que a retificação de sinais é uma das mais
comuns. Sobre a utilização e polarização de diodos, é correto afirmar que:
a) O anodo do diodo deve ser interligado no polo negativo da fonte de alimentação para pola-
rização direta.
b) Quando um diodo é polarizado diretamente, a corrente que flui por meio da junção pn é
apenas de prótons, pois nesse tipo de polarização os elétrons estão em repouso, enquanto
os prótons se movimentam.
c) Se um diodo for polarizado inversamente, haverá a ruptura instantânea do mesmo, indepen-
dentemente do valor da tensão reversa.
d) A polarização direta permite o funcionamento dos diodos retificadores e a polarização reversa
dos diodos zener.
e) Os diodos retificadores podem ser utilizados como diodos zener, tendo apenas que ser po-
larizados inversamente.
3. Dado um transformador rebaixador com enrolamento primário projetado para 127 V em uma
relação de 10:1 e corrente de enrolamento secundário de 2 A, é correto afirmar que:
a) O transformador fornece 12,7 V no enrolamento secundário, e a potência no enrolamento
primário é de 300 W.
b) O transformador fornece 12,7 V no enrolamento secundário com potência de 25,4 W.
c) O transformador fornece 12,7 V no enrolamento secundário, e a corrente é de 12 A no en-
rolamento primário.
d) A potência do transformador será de 50,8 W.
e) A corrente do enrolamento primário será igual à corrente do enrolamento secundário.
67
1. D. “A polarização direta permite o funcionamento dos diodos retificadores e a polarização reversa dos
diodos zener”, uma vez que a tensão zener se dá na tensão reversa do diodo.
3. B. “O transformador fornece 12,7 V no enrolamento secundário com potência de 25,4 W.”, uma vez
que, se sua relação de transformação é de 10:1, a tensão de 127 V é rebaixada para 12,7 V e, com uma
corrente de 2 A, a potência do transformador fica 12,7 x 2 = 25,4 W.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
68
4.
MALVINO, A. P.; ABDO, R. Eletrônica. São Paulo : Pearson Education do Brasil, 1997. v. 1.
REFERÊNCIAS
69
MEU ESPAÇO
70
3
Transistores
Bipolares
Me. Fábio Augusto Gentilin
Você conhece bem um aparelho de rádio, certamente teve contato com um, ainda quando muito
pequeno. Certo? E uma televisão, obviamente, já se deparou com várias ideias de como funciona essa
incrível invenção. É claro que estou me referindo aos transistores.
Estudante, sabe como eles são uteis para que esses e tantos outros dispositivos de nosso tempo
possam funcionar, como: computadores modernos, aparelhos celulares, satélites etc.?
A necessidade de transmitir sinais de comunicação, sempre, foi um desafio para a tecnologia, em
qualquer tempo em que a humanidade passou, até os dias atuais. Com o advento dos semicondutores
foi possível o desenvolvimento de dispositivos de estado sólido, que permitem a amplificação de sinais
de comunicação e a sua transmissão por diferentes meios, como o ar ou condutores elétricos metálicos.
Quando ouvimos o som de um rádio ou televisor, utilizamos o circuito de amplificação que recebe
o sinal bem baixinho, advindo de um instrumento musical ou microfone, por exemplo, e o eleva em
amplitude capaz de acionar um alto falante. Este feito é possível, a partir do uso de transistores.
As aplicações dos transistores vão desde “ligar” dispositivos até mesmo controlar sinais continua-
mente, como o volume do som de sua música favorita, atuando de maneira suave com pequenos sinais,
por meio de um ganho de corrente que permite a elevação de sua capacidade.
Esta capacidade é mérito da tecnologia que utiliza junções entre pastilhas do tipo “p” e do tipo “n”
e pode ser utilizada em muitas áreas diferentes, aplicando-se a amplificadores de áudio, pesquisas
espaciais, militares, equipamentos médicos, computadores, indústria em geral etc.
Como já aprendemos um pouquinho sobre os transistores, agora, buscaremos, ao nosso redor,
objetos que se utilizam de transistores bipolares. Para isso, você, estudante, deve listar pelo menos 20
exemplos de dispositivos que podem utilizar transistores bipolares, conforme dado no Quadro 1:
72
UNIDADE 2
Fonte: o autor.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os exércitos tinham uma enorme dificuldade em
se comunicar, dado às tecnologias disponíveis na época que utilizavam válvulas termiônicas para
amplificar os sinais de comunicações. Tecnologia muito limitada e frágil, incompatível com os am-
bientes inóspitos dos campos de batalha. Esta foi a era da eletromecânica, em que cada componente
era composto de itens resistivos ou indutivos, como válvulas e relés, e realizavam as principais tarefas
necessárias às comunicações da época.
Com o advento dos semicondutores, iniciou-se a era do estado sólido, em que os dispositivos não
têm partes móveis e são menores, além de não necessitarem de um bulbo de vidro para proteger seus
elementos internos, uma vez que eram encapsulados, esta época foi marcada pelo advento do transistor.
O transistor serve a muitos propósitos, um deles é a amplificação de sinais, o que faz deste componen-
te um ótimo aliado nas telecomunicações, indústria de dispositivos eletrônicos em geral, pesquisa etc.
Caro estudante de eletrônica analógica,
os transistores bipolares foram os primei-
ros transistores conhecidos pela ciência e,
certamente, têm um papel fundamental até
os dias de hoje, em diversas áreas. Convido
você, neste momento, para aprender mais
sobre essa fantástica área da eletrônica que
é o transistor bipolar.
Os transistores consistem em uma das
mais notáveis e fascinantes tecnologias da
eletrônica. Apresentam estrutura semicon-
dutora derivada dos princípios dos diodos
estudados, anteriormente, e possibilitam
uma gama de possibilidades que podem
ir do simples acionamento de um LED ou
amplificação do sinal de um microfone até
73
a composição dos circuitos integrados mais avançados em microprocessadores, utilizados nos com-
putadores mais modernos.
Nesta unidade, estudaremos como operam os transistores e suas principais derivações, as quais
podemos utilizar para explorar seus recursos, que tornam a vida das pessoas cada vez melhor, propor-
cionando a existência dos computadores, smartphones, telecomunicações etc.
Os transístores se dividem em famílias que se diferenciam de acordo com as tecnologias utilizadas
em sua fabricação. Nesta unidade, abordaremos o “transístor bipolar”. Este componente nasceu com
o propósito de amplificar sinais de tensão e corrente e pode ser utilizado, hoje, por inúmeras aplicações,
desde o simples acendimento de uma lâmpada controlada, remotamente, até a fabricação de poderosos
microprocessadores que utilizam milhões de transístores em seus projetos (MALVINO, 1995).
O transístor bipolar é um dispositivo com duas junções, como se fossem dois diodos associados,
mas com algumas peculiaridades, conforme a Figura 1. Observe que, no transístor bipolar, há a pre-
sença das estruturas:
• Base “ B ”.
• Coletor “ C ”.
• Emissor “ E ”.
ic
n NPN PNP
coletor RL C C
Rb
ib
p B B
base
Fonte de
E E
Fonte de Tensão
Tensão
n da carga
variável emissor
ie
No transístor bipolar, há duas junções: a junção entre a base e o emissor (BE) e a junção entre a base
e o coletor (BC). A base é onde inserimos o sinal de controle para o transístor. É um sinal de baixa
intensidade que será amplificado no coletor e terá como caminho final o emissor que assume a soma
das correntes, pois, de acordo com a Equação 1, fica (SEDRA; SMITH, 2012).
UNIDADE 3
ie ic ib (1)
Onde: ie é a corrente no emissor, ic é a corrente que circula pelo coletor e ib é a corrente que circula
pela base do transístor. O ganho de corrente de coletor “ bcc ” na configuração emissor comum é dado
por (SEDRA; SMITH, 2012), na Equação 2:
ic
bcc ≡ (2)
ib
Da Equação 2, podemos deduzir que a corrente de base ( ib ) pode ser obtida por:
ic
ib ≡ (3)
bcc
Assim, a corrente do coletor depende da corrente da base e do ganho fixado em projeto. Normalmente,
ao analisar a folha de dados de um transistor (do inglês “datasheet”), podemos selecionar um valor de
ganho que esteja dentro da faixa de operação deste componente, estabelecendo-se uma reta de carga,
e daí dimensionar a corrente na base para produzir, como efeito disso, a corrente desejada no coletor,
respeitando sempre os limites operacionais do componente (CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
Já, a relação entre a corrente de coletor e de emissor define sua eficiência, sendo denominada como
parâmetro “ a ”, definida pela Equação 4:
ic
a= (4)
ie
Normalmente, os transístores bipolares são oferecidos como NPN e PNP , tendo as mesmas caracte-
rísticas, porém, com polaridades opostas, sendo úteis nas aplicações em que há a necessidade de cada
modelo (MALVINO, 1995).
75
UNICESUMAR
De acordo com a necessidade, as indústrias Uma grande parte do uso dos transístores se resu-
de transístores fabricam os componentes com me a controlar a potência sobre determinada car-
características voltadas a alguma tendência do ga utilizando, para isso, um pequeno sinal, ou seja,
mercado, por exemplo, modelos que se aplicam a com um sinal de apenas alguns milivolts (mV)
circuitos de transmissores de rádio têm caracterís- é possível produzir ações de grandes potências,
ticas de fabricação específicas para esta aplicação, como o volume de áudio de uma caixa de som que
e aqueles aplicados em comutação de correntes recebe o sinal de um instrumento musical com
elevadas em baixas frequências já atendem a ou- poucos milivolts e com baixa potência o qual, ao
tras necessidades e, por este motivo, há uma gama passar pelo estágio de amplificação, produz um
de modelos e de encapsulamentos que suportam som que pode ser ouvido a centenas de metros.
diferentes valores de potência e dissipação de ca- Além disso, os transístores podem ser utilizados no
lor. A Figura 2 mostra alguns modelos de encapsu- projeto de circuitos integrados, em que assumem fun-
lamentos utilizados na fabricação de transístores. ções específicas de acordo com a necessidade (TOC-
CI; WIDMER, 2003). Neste livro, abordaremos duas
áreas de atuação desse componente, atuando como:
• Amplificador.
• Chave.
76
UNIDADE 3
R8
R6
R2 R4
Q2 C4
Q1 C2
VCC
R1 RL
C1
sinal de
R3 R7 R9
entrada R5 C5
C3
No caso de transístores atuando como chave, podemos fazer uma analogia com um interruptor que,
ao receber um sinal de entrada, liga uma carga, e na ausência desse sinal, desliga a carga. Por exemplo,
uma lâmpada cujo circuito com capacidade de pequeno sinal aciona, utilizando um transístor, pois a
lâmpada exige corrente acima da capacidade máxima do circuito de acionamento, e o transístor assume
esta responsabilidade, conduzindo a corrente da lâmpada pelos terminais coletor-emissor.
A Figura 4 mostra dois exemplos de circuitos com transístores, sendo o da esquerda um amplificador
de áudio, e o da direita, um circuito em que o transístor atua como chave.
R1 R2
C4
Lâmpada
C1 R5
Fonte de sinal de baixa Circuito de Vcc
potência Transístor acionamento
Vcc Transístor
Auto-falante
R3 R4 C3
Na operação como chave, a corrente ib pode ser obtida analisando a tensão do circuito de acionamento
como sendo vi , a tensão da junção base-emissor ( vBE ) como sendo de 0, 7 V para transístores de silí-
cio, e o resistor limitador de corrente na base Rb (na Figura 4 aparece como R5 ), conforme Equação 5:
77
UNICESUMAR
vi vBE
ib (5)
Rb
Exercício resolvido:
Calcule a corrente no coletor de um transistor de silício, onde a tensão de acionamento é de 5, 0 V
, o ganho bcc = 150 , e o resistor utilizado para limitar a corrente na base é de 4, 7 kW .
Solução:
ou
ib ≈ 915 µA
915µA
78
UNIDADE 3
Para cada junção, há modos de operação que depende de como são polarizadas, ou seja, conforme estuda-
mos, anteriormente, os circuitos com diodos, podemos polarizar direta ou reversamente as junções pn , a
mesma ideia se estende às junções do transistor bipolar (SEDRA; SMITH, 2012). Dentre as possibilidades
de polarização das junções (reversa ou direta), temos os modos de operação disponíveis dados no Quadro 2:
Quadro 2 - Modos de operação do transistor bipolar
79
UNICESUMAR
Em circuitos de fontes chaveadas, os transistores que atuam nos circuitos de comutação em alta
frequência na modulação por largura de pulso (PWM) atuam nas regiões de corte e saturação e
conduzem corrente durante a região ativa e interrompem seu fluxo durante o corte, otimizando,
assim, a dissipação de calor e o controle sobre a carga.
80
UNIDADE 3
Os transistores bipolares apresentam vários parâmetros importantes que, normalmente, estão es-
pecificados em suas respectivas folhas de dados. Nesta seção, estudaremos algumas características
importantes para interpretar os limites deste fantástico componente.
Diferentes tipos de transistores podem apresentar mais ou menos parâmetros em sua folha de
dados, variando de acordo com a aplicação de cada tecnologia ou tipo de transistor.
Iniciamos pela análise de um transístor real com modelo (part number) 2N3055. Analisando sua folha
de dados, observamos as informações relativas aos parâmetros máximos absolutos (Tabela 1):
Tabela 1 - Características elétricas de um transistor bipolar 2N3055
Cada parâmetro remete a uma característica que o transístor possui e deve ser levado em consideração
em termos de projeto, pois indica as limitações de cada modelo ao ambiente que se pretende inseri-lo.
Analisemos cada parâmetro da Tabela 1:
• Tensão Coletor-Base quando ie = 0 : este parâmetro refere-se à tensão entre o coletor e a base,
quando o fluxo de corrente pelo emissor é igual a zero. Seu símbolo é o “ VCBO ”. Este parâmetro
é importante quando nos preocupamos com a queda de tensão sobre a junção Coletor-Base (
J CB ) no instante em que não há circulação de corrente pela carga, ou seja, ie = 0 , o transistor
está no modo de corte, pois:
81
UNICESUMAR
ie ib ic
Se ie é igual a zero, logo, não há corrente fluindo pelo coletor nem pela base,
já que a corrente do coletor depende da corrente na base do transístor
bipolar. No exemplo dado, o limite é de 100 V .
• Tensão Coletor-Emissor quando RBE ≤ 100 W : esta tensão ocorre sobre a junção
Coletor-Emissor e remete a um valor de resistência associada em paralelo com a
J EB , que neste caso é de RBE ≤ 100 W , em destaque na Figura 5.
RC
RB
VL
VCE
R BE Q1
VS
É muito importante levar em consideração esse parâmetro, porque quando o transistor opera entre a
região de saturação e corte ou mesmo no modo ativo, quando flui corrente entre Coletor e Emissor,
há a formação de queda de tensão e, consequentemente, a dissipação de potência no coletor ( PC ), que
será proporcional a (Equação 6):
PC VCE ic (6)
Onde PC é a potência dissipada no coletor do transístor, VCE é a queda de tensão entre os terminais
Coletor-Emissor, e ic é a corrente que flui pelo coletor. Note que quanto maior o valor da tensão Co-
letor-Emissor, maior será a dissipação de potência no coletor e, com isso, a necessidade de dissipador
de calor para transferir o calor produzido como efeito.
82
UNIDADE 3
lc = 0
lc = 0
RC
RC
RB lb = 0
VL VL
VCE Q1
R BE Q1 VCE= V L
VS
(a) (b)
Figura 6 - Tensão Coletor-Emissor: (a) VCE sobre o transístor e (b) representação do contato aberto – transístor
em corte.
Fonte: o autor.
Observe que, quando o transístor está operando no modo de corte, a corrente pelo coletor é igual a
zero e seu funcionamento é semelhante ao de um contato aberto, conforme mostrado na Figura 6 (b),
e, consequentemente, a tensão sobre o coletor e o emissor é igual ao valor da tensão de alimentação
da carga ( VL ).
• Tensão Emissor - Base quando ic = 0 : este parâmetro se refere à máxima tensão sobre a J EB
enquanto a corrente no coletor for igual a zero. Neste modelo (2N3055), corresponde ao valor
de 7 V .
83
UNICESUMAR
A maioria dos modelos de transistores apresentam em suas folhas de dados os seus parâme-
tros em termos de regime permanente de serviço (intensidade constante) e outros também em
regime transitório (valores de pico), que pode ser dezenas de vezes maior que o anterior, porém
válido para apenas alguns milésimos de segundo, como o caso da corrente de coletor em regime
permanente e seu valor de pico.
84
UNIDADE 3
Para controlar a temperatura sobre o transístor, são dimensionados dissipadores de calor para
os encapsulamentos de potência que, normalmente, possuem estrutura em metal apta a rece-
ber fixação ao corpo do dissipador de calor que, na maioria dos casos, é fabricado em alumínio.
Quando nos referimos às características elétricas dos transístores devemos interpretar, graficamente,
curvas que relacionam tensão, corrente, temperatura, frequência etc. Existem limitações na capacida-
de de manipulação de energia de um transístor, uma delas é a temperatura média da junção, por este
motivo existem gráficos que relacionam a corrente do coletor com a queda de tensão entre coletor
e emissor, que, conforme explicado anteriormente, resulta na potência dissipada pelo componente.
Podemos analisar, no referido modelo 2N3055, alguns dados conforme sua folha de dados (STMI-
CROELECTRONICS, 2013):
De acordo com a Figura 7,
o fabricante informa que para
a operação segura do referido
componente, é necessário res-
peitar os limites correlaciona-
dos entre corrente de coletor
( I C ) em função da tensão
entre o coletor e o emissor (
VCE ). Observe que ambos os
eixos do gráfico ( I C e VCE
) apresentam-se em escalas
logarítmicas, de acordo com
a natureza matemática das
funções representadas, que se
aplicam à operação em cor-
rente contínua.
Figura 7 - 2N3055 - operação de pulso para pulso único não repetitivo -
área de operação segura
Fonte: STMicroelectronics (2013, p. 3).
85
UNICESUMAR
A interpretação do gráfico permite inferir que, em regime de teste de pico não repetitivo, o componente
apresenta a capacidade de conduzir corrente máxima em seu coletor de 11 A , em diferentes tempos,
variando desde 100 µs, 1 ms e 10 ms em função da queda de tensão permitida durante este período.
Alguns modelos de transístores apresentam em suas folhas de dados mais gráficos que permitem
a abstração de dados referentes à resposta em temperatura, por exemplo, em que a capacidade de
dissipação de potência diminui, na medida em que a temperatura sobre o encapsulamento aumenta
(STMICROELECTRONICS, 2013), conforme Figura 8.
90
80
70
PD - Dissipação de potência (W)
60
50
40 MJE3055T
MJE2955T
30
20
10
0
0 25 50 75 100 125 150 175
T C - Temperatura do encapsulamento (°C)
86
UNIDADE 3
são definidos de acordo com a temperatura sobre a junção do transístor, contemplado por três tem-
peraturas distintas, sendo: -55 , 25 C e 150 C.
500
300 V CE = 2.0 V
200 TJ = 150°C
hFE - ganho em corrente contínua
100
25°C
50
- 55°C
30
20
10
5.0
0.01 0.02 0.05 0.1 0.2 0.5 1.0 2.0 5.0 10
Corrente no coletor (A)
Observe que, para a temperatura de 150 C, o ganho se mostra maior, o mesmo valor de corrente no
coletor comparado com as demais temperaturas e, na medida em que a corrente no coletor aumenta,
tendendo a 10 A , o ganho diminui para todas as temperaturas. Um parâmetro muito importante que
relaciona à temperatura e determina o dimensionamento do sistema de troca de calor é a impedância
térmica ( Zth ) (Figura 10).
87
UNICESUMAR
10
8
Corrente no coletor (A)
0
0 20 40 60 80 100
Frequência (kHz)
Figura 11 - Corrente no coletor em função da frequência
Fonte: Semiconductors (1999, p. 4).
88
UNIDADE 3
Há diversos tipos de encapsulamentos comerciais que podem ser utilizados em diferentes mode-
los de transistores, por exemplo, o encapsulamento TO-92 é o mesmo para os transístores BC547 e
BC328, e o encapsulamento TO-3 é o mesmo para os modelos MJ802 e 2N3055, já os modelos TIP32
e MJ31307 utilizam encapsulamentos TO-220. Veja que diferentes modelos (part numbers) de tran-
TO-247 TO-3PH TO-202 TO-126
sistores utilizam os mesmos encapsulamentos (veja alguns exemplos na Figura 12). TO-92
(a)
a b
(a) (b)
Figura 12 - Encapsulamentos utilizados nos transistores: (a) diversos e (b) TO-220
Quando o encapsulamento prevê elevada dissipação de potência, normalmente, ele é projetado com
uma parte metálica capaz de permitir a fixação em um dissipador de calor, por meio de um furo, nele
é inserido um parafuso de fixação, conforme alguns modelos apresentados na Figura 12, como o TO-
220 e o TO-247, por exemplo.
A Figura 13 mostra alguns modelos de dissipadores de calor (do inglês “heat sink”). Estes perfis,
normalmente, fabricados em alumínio podem ter tratamentos metalúrgicos, como a anodização, por
exemplo, que aumenta a emissividade de 0,04 para 0,85, o que permite concluir que há um ganho da
taxa de calor radiado de até 20 vezes.
(b)
a
(a)89
UNICESUMAR
(a) (b)
b c
(c)
(b)
Figura 13 - Dissipadores de calor: transferir calor do encapsulamento para a atmosfera
A cor da anodização influi diretamente sobre a capacidade de absorver e radiar calor, sendo valores
para o alumínio, conforme Pomilio (2014), Tabela 2:
Tabela 2 - Absortividade e emissividade de radiação do alumínio
90
UNIDADE 3
1
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
o l e o l ão
et zu nz rd
e elh elo ur
a
iza
ç
Pr A Br
o e m ar t
V
Ve
r
Am Na od
an
m
Se
Absortividade Emissividade
Figura 14 - Relação entre a absortividade e a emissividade - anodização no dissipador de alumínio
Fonte: adaptado de Pomilio (2014).
A emissividade é a propriedade que um material apresenta em emitir energia por radiação em sua
superfície, logo, o tratamento de anodização ao potencializar essa propriedade aumenta a capacidade
de um mesmo dissipador de alumínio em trocar calor com o ambiente, maximizando a dissipação de
energia térmica (calor) produzida pelo componente (POMILIO, 2014).
É válido, também, citar que diferentes tipos de materiais apresentam diferentes capacidades de
trocar calor, assim, alguns metais, como o alumínio, o cobre ou o latão, são utilizados para este fim,
porém, dado a características de disponibilidade, rigidez mecânica e resposta aos efeitos da
oxidação, o alumínio se mostra o mais versátil material utilizado na produção de dissipadores de
calor, embora não apresente a melhor condutância térmica (capacidade de conduzir energia térmica),
conforme Pomilio (2014).
91
UNICESUMAR
Tabela 3 - Condutância térmica para diferentes materiais Nesta unidade, estudamos o princípio dos
transistores bipolares que dão início a um as-
Material (W/°C.cm)
sunto fundamental da eletrônica que teremos
Alumínio 2,08
acesso em unidades futuras, os circuitos com
Cobre 3,85 aplicações de eletrônica analógica, utilizando
Latão 1,1 transistores bipolares.
Aço 0,46 Os transístores servem a diversos propósitos,
Mica 0,006 dentre os principais destaques para os circuitos de
Óxido de berílio 2,10 amplificadores de corrente e tensão, circuitos de
Fonte: adaptado de Pomilio (2014, p. 11).
chaveamento (comutação em alta frequência para
controle de potência), circuitos de equipamen-
Observe que o cobre apresenta uma capacidade de tos utilizados em telecomunicações, telemetria e
conduzir calor de 3, 85 W / °C.cm , enquanto que instrumentação, satélites, fabricação de circuitos
o aço apenas 0, 46 C.cm, já o alumínio apre- integrados e microprocessadores, além de aplica-
senta a condutância térmica de 2, 08 C.cm ções na área da saúde, em equipamentos médicos.
, sendo um bom condutor de calor e, portanto, o A área de aplicação dos transistores é muito
mais utilizado para a confecção de dissipadores em ampla e suas possibilidades são diversas, desde a
eletrônica, amplamente utilizados, inclusive, em área de telecomunicações, aplicações industriais,
placas de computadores no sistema de arrefecimen- eletrodomésticos, computadores até mesmo na
to de microprocessadores, conforme a Figura 15. composição dos dispositivos que dão suporte à vida.
92
Chegamos ao final de nossa unidade e, agora, faremos uma análise para verificar os principais
assuntos que aprendemos nesta etapa, por meio do mapa mental da Figura 16:
βcc
Corrente de hFE
coletor
Tensão base-
Corrente de emissor
base
Tensão coletor-
Transistor emissor
Amplificação bipolar
α
Corte
Encapsulamento
Saturação
Junção emissor
-base
MAPA MENTAL
Figura 16 - Mapa mental do transistor bipolar
Fonte: o autor.
93
Agora que resgatamos alguns conceitos, você, estudante, deve preencher o mapa mental a seguir
(Figura 17), com um exemplo de aplicação para cada item apresentado na Figura 16.
Transistor
bipolar
MAPA MENTAL
Figura 17 - Mapa mental para o transistor bipolar com exemplos de cada termo
Fonte: o autor.
94
1. Os transístores bipolares são componentes capazes de amplificar sinais e comutar o aciona-
mento de dispositivos, por meio da modulação de corrente em sua base. De acordo com os
estudos relacionados aos transístores bipolares, é correto afirmar que:
a) O transístor PNP é composto de duas pastilhas de semicondutor do tipo N e uma do tipo P.
b) O transístor NPN é diferente do PNP, pois seu ganho é sempre maior, por este motivo é mais
utilizado.
c) A junção base-emissor é aquela que determina a corrente que aciona o coletor, assim, quando
houver corrente entre base e emissor, consequentemente, haverá uma corrente proporcional
no coletor que depende do ganho b ou hFE do transístor em questão.
d) O coletor do transístor bipolar é o terminal de controle, e a base é a saída para a carga.
e) O emissor de um transístor NPN é sempre positivo, pois interliga a base ao coletor.
95
1. Resposta correta: C, pois a corrente do coletor é diretamente proporcional ao produto do ganho e a
corrente da base.
2. Resposta correta: E.
Solução:
vi vBE 12 0, 7 11, 3
ib 3
3
= 1,13.10 3 A ou 1,13 mA
Rb 10 10 10 10
Cálculo da corrente no coletor:
iC
bCC iC bCC iB 1, 13.103 250 282, 5.103 A
iB
iC 282, 5.103 A ou
iC 282, 5 mA
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
3. Resposta correta: A, pois, de acordo com os fabricantes de dissipadores de calor, pesquisas realizadas
indicam que a cor vermelha apresenta potencial de emissividade superior.
96
CIPELLI, A. M. V.; MARKUS, O; SANDRINI, W. J. Teoria e desenvolvimento de projetos de circuitos
eletrônicos. 22. ed. São Paulo: Érica, 2006.
TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S. Sistemas Digitais: Princípios e Aplicações. São Paulo: Pearson, 2003.
REFERÊNCIAS
97
MEU ESPAÇO
98
4
Circuitos com
Transistor Bipolar
Me. Fábio Augusto Gentilin
Caro estudante, você está na quarta unidade deste livro e, aqui, você apren-
derá como interpretar os principais circuitos de polarização dos transístores
bipolares e analisar suas curvas de resposta, além de entender os efeitos
da tensão e da corrente em suas aplicações.
Sabe aquele amplificador de áudio, utilizado para elevar o volume do som
de instrumentos musicais e microfones, ou mesmo as famosas caixas de
som Bluetooth, que reproduzem sua música favorita direto do seu smart-
phone? Então, este tipo de dispositivo utiliza, com frequência, transístores
bipolares em seus circuitos para realizar estas incríveis tarefas. Você, porém,
sabe como isso funciona?
UNICESUMAR
Para fazer com que um sinal de áudio possa atingir grandes distâncias, por exemplo, é necessário am-
pliar sua intensidade, tarefa que os amplificadores de áudio realizam com maestria. Existem diversas
topologias de circuitos que são, amplamente, utilizadas para que um sinal de entrada seja elevado
várias vezes, na saída de um estágio amplificador. Este acopla o sinal proveniente de uma fonte de
baixa intensidade ao estágio de ganho e, posteriormente, acopla-o ao sistema de reprodução de áudio,
no caso, alto falantes.
A amplificação de sinais opera, continuamente, com um sinal de entrada, no modo “amplificador”
e consiste em, apenas, uma das diversas tarefas realizadas por transístores bipolares. Estes permitem,
também, configurações em circuitos capazes de acionar cargas de modo discreto (liga ou desliga),
denominado de operação “chave”.
Os circuitos com transístores permitem o controle sobre o comportamento dos sinais utilizados
em aplicações de áudio, vídeo, equipamentos médicos, instrumentação etc., sempre contribuindo para
que o mundo analógico, em pequenos e grandes sinais, seja disponibilizado ao acesso das pessoas. Veja
o Quadro 1, a seguir:
Quadro 1 - Dispositivos que realizam amplificação de sinais
Com base em nossa imersão no mundo dos circuitos com transístores e, conforme os exemplos dados
no Quadro 1, crie um quadro conforme o exemplo e insira todos os dispositivos que você identifica a
necessidade de utilizar amplificadores.
Se não houvessem os amplificadores de áudio, como seria possível a comunicação direta com gran-
de quantidade de pessoas em ambientes comuns, seja em aplicações de entretenimento, como shows
musicais, seja em eventos religiosos, em que há a necessidade de elevar o som para que todos possam
ouvir? Até mesmo no ambiente hospitalar, um elemento sensível aos sinais de pulso ou ondas cerebrais
depende do uso de amplificadores, pois os sinais oriundos dos sensores são dados em pequenos sinais,
que precisam ser amplificados para que os instrumentos sejam capazes de processá-los e analisa-los.
Nas telecomunicações, como seria possível enviar dados, imagens e até a voz em longas distâncias, se
não fosse pela ação dos amplificadores? Um processo semelhante, também, ocorre com a rádio difusão
e transmissão de programas de televisão. Como os sinais dessas importantes fontes de informações
chegam em nossas casas ou dispositivos móveis, preservando sua integridade?
100
UNIDADE 4
101
UNICESUMAR
TERMINAL COMUM
À ENTRADA E À
SAÍDA
Figura 2 - Terminal comum: é a referência tanto para o sinal de entrada quanto para o sinal de saída
Fonte: o autor.
Ao associar o terminal que se relaciona com a entrada e a saída, ao mesmo tempo, permite analisar
os circuitos com transístor mais facilmente. Neste caso, as configurações citadas, anteriormente, serão
tratadas em termos do terminal comum. Assim, na configuração EC , o emissor será o terminal co-
mum aos sinais de entrada e saída; na configuração BC , será a base o terminal comum e, no caso do
CC , o coletor é a referência entre entrada e saída no circuito com transístor.
A maioria das literaturas da área de eletrônica explora a topologia emissor comum ( EC ) em seus
exemplos, pois se trata de uma configuração muito utilizada em diversas aplicações (Figura 3).
102
UNIDADE 4
NPN PNP
ic ic
RL RL
C C
ib
B VCE ib VEC
+ B -
VCC VCC
+
V BB VBE E - -
VEB +
+
ie
E
- ie
+ V BB +
EMISSOR COMUM
Nessa configuração, o terminal emissor do transístor é associado comum entre o sinal de entrada,
por meio da base, e o sinal de saída, que flui pelo coletor. Observe que, para o transístor bipolar NPN
e PNP, há diferentes sentidos convencionais para as correntes e, consequentemente, as tensões sobre
as junções do semicondutor, mas um ponto muito importante que devemos observar (e entender) é a
ligação da polaridade das fontes de alimentação ( VBB e VCC ), que devem ser respeitadas para que o
circuito funcione corretamente.
103
UNICESUMAR
Nessa configuração, a base do transístor é comum aos sinais de entrada e saída (Figura 4).
NPN PNP
E C E C
ie ic ie ic
V BE B VCB RL V BE B VCB RL
- +
+ V BB + V BB
ib ib
+ + -
-
VCC VCC
- +
BASE COMUM
Perceba que, nessa topologia, o sinal de entrada passa pelo emissor, sendo transferido para a carga (RL)
através do coletor do transístor, já o terminal da base está associado à referência. Observe as caracterís-
ticas das polaridades das fontes de alimentação VBB e VCC para ambas as topologias (NPN e PNP), que
se mostram totalmente diferentes. Na topologia coletor comum (CC ), o coletor do transístor está em
comum com o sinal de entrada e o sinal de saída (Figura 5).
NPN PNP
ie ie
RL RL
E E
ib
B V CE - ib
B V EC +
VCC VCC
- +
V BB VCB VBC
+ -
+ C C
ic
+ V BB ic
+ -
COLETOR COMUM
Nesta topologia, a base do transístor é a entrada do sinal a ser amplificado e o emissor é a saída para
a carga (RL). O coletor é o terminal que serve de referência, tanto para a entrada quanto para a saída
do circuito, conforme podemos observar, em destaque, na Figura 5.
104
UNIDADE 4
Respeite a polaridade das fontes de alimentação nos circuitos com transístores e identifique
os terminais base, coletor e emissor em cada encapsulamento, pois cada tecnologia disponi-
biliza os terminais em configurações diferentes, por exemplo, TO-92, TO-220, TO-3, TO-247.
Para interpretar e analisar circuitos, precisamos entender que, toda vez que houver circulação de cor-
rente por um resistor (considere uma corrente iRX ), há a formação de uma queda de tensão sobre ele
e que, neste livro, sempre, denominaremos de “ VRX ” (conforme a Figura 6), onde “ X ” representa o
índice do componente ao qual se refere à respectiva queda de tensão. Se o resistor fosse identificado
como RB , então, ficaria VRB sua queda de tensão.
105
UNICESUMAR
i RX
RX V RX
V CC
RC RC
RB RB
VRC VRC
VRB VRB
VCB ic VBC ic
ib VCE ib VEC -
+
VCC VCC
V EB
+
V BE
-
NPN RE PNP RE
VRE VRE
ie ie
No circuito da Figura 7, podemos observar que a forma é um pouco diferente do que vimos na primeira
oportunidade, quando estudamos a configuração emissor comum. Representa, no entanto, o mesmo
conceito. A diferenciação na notação do circuito deve capacitar você, estudante, a analisar os circuitos,
não, apenas, observando os componentes e suas associações, mas também seus efeitos dentro de um
circuito, como se fosse uma nova dimensão de seu poder de percepção.
Iniciamos a análise identificando os sinais de entrada e de saída que, conforme já vimos anterior-
mente, a entrada nesta configuração é pela base, e a saída é pelo coletor do transístor. Posteriormente,
identificamos o terminal do transístor que está em comum entre o sinal de entrada e o sinal de saída.
Neste caso, é o emissor, por este motivo o denominamos configuração emissor comum. Agora, ob-
servemos o resistor da base ( RB ), que, na representação inicial, não existia (Figura 3), mas que, neste
circuito, passa a existir e, na verdade, possui uma componente dinâmica que atribuímos o nome de
VRB . Lembra-se da queda de tensão, então, aqui este resistor exerce essa função e VRB tem o mesmo
papel de VBB da Figura 3.
106
UNIDADE 4
Observemos, agora, que existe a figura do resistor de emissor ( RE ), este, por sua vez, também, é
percorrido por uma corrente ( ie ) e produz como consequência uma queda de tensão VRE . O mesmo
ocorre com o resistor de coletor ( RC ), que é percorrido por uma corrente ( ic ) e apresenta a queda
de tensão VRC .
Utilizaremos esse raciocínio para analisar todos os circuitos, a partir desse momento, portanto,
sempre utilize como referência esta análise para interpretar os demais circuitos na sequência. Agora,
vamos para a parte mais interessante da nossa análise, aquela que envolve a matemática e as equações
que representam as variáveis de nossos circuitos.
Conforme podemos analisar, na Figura 7, para o transístor NPN, as equações que determinam as
variáveis envolvidas são dadas de acordo com as leis de Kirchhoff para correntes e tensões, conforme
podemos analisar, separadamente, na Figura 8:
RC
RB
VRC
VRB
VCB ic
ib VCE +
VCC
V BE
-
NPN RE
VRE
ie
107
UNICESUMAR
( RB ib ) VCB ( RC iC ) (6)
(8)
VCC VRB VBE VRE
108
UNIDADE 4
Essa análise nos permite interpretar como ocorre a relação entre as correntes e as resistências e, como
consequência, as quedas de tensão.
109
UNICESUMAR
A partir do download do programa, de acordo com seu sistema operacional, é possível instalar e si-
mular os circuitos que estudaremos em nossa disciplina e, também, em demais projetos com circuitos
elétricos e eletrônicos.
01. EXEMPLO Dado o circuito da Figura 9, determinar os valores das correntes no resistor da base,
do emissor e do coletor do transístor.
R1
R3
120
1.2k
V1
Q1
2N2222
12
Rser=1
R2
.tran 1000
110
UNIDADE 4
55mA
50mA
45mA
40mA
35mA
30mA
25mA
20mA
15mA
10mA
5mA
0mA
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1s
Figura 11 - Comportamento gráfico das correntes nos terminais base, coletor e emissor do
transístor
Fonte: o autor.
De acordo com os dados obtidos, podemos observar que os valores das correntes
nos respectivos resistores são:
iRB = 4.56 mA
iRC = 51.87 mA (10)
iRE = 56.43 mA
111
UNICESUMAR
ie 4, 56 mA 51, 87 mA
ie = 56, 43 mA
Desse modo, podemos observar que a soma das correntes de base e de coletor pro-
duzem como resultado a corrente de emissor ( ie ), conforme mensurado em iRE :
112
UNIDADE 4
id
R1 RC
ib +
VCC
-
R2 RE
Observe os resistores R1 e R2 . Eles formam o divisor de tensão que recebe alimentação da mesma
fonte que alimenta a carga no coletor do transístor ( RC ), e a corrente que circula por eles ( id ) define
a corrente da base ( ib ). Como o divisor de tensão formado por R1 e R2 está associado, em paralelo,
com a fonte VCC , é fácil notar, pela primeira lei de Ohm, que a corrente id depende de:
VCC
id (13)
R1 R2
113
UNICESUMAR
12
id
12 k 3, 3 k
12
id =
15, 3 k
id = 0, 784 mA
12 kΩ 3,9 kΩ
-
10 V
3,3 kΩ 1,2 kΩ
Para realizar esse cálculo, lembre-se que adotamos a correte da base tão pequena que
pouco interfere na corrente do divisor, com isso, o valor de id = 0, 784 mA é uma
aproximação considerável. Observe que, no simulador, o mesmo circuito se aproxima
dos valores teóricos mostrados na Figura 14:
114
UNIDADE 4
id 0, 784 mA
ib
= = 39 µ
= 39 µA
A
20 20
Atendendo à essa aproximação, calcularemos a tensão na base ( Vb ):
Vb = id .R2
Vb 0, 784 mA 3, 3 kW (14)
Vb = 2, 58 V
VE Vb VBE
VE 2, 54 0, 7 (15)
VE = 1, 88 V
115
UNICESUMAR
Quanto à corrente no emissor ( ie ), essa pode ser calculada pela relação dada entre
a tensão no emissor e o resistor do emissor, que de acordo com a lei de Ohm, fica
(Equação 16):
VE
ie =
RE
1, 88 V (16)
ie =
3, 3 kW
ie = 1, 57 mA
Com esses dados, é possível, agora, calcularmos a tensão no coletor e a tensão cole-
tor-emissor para este circuito:
Cálculo da tensão no coletor do transístor:
VC VCC VRC (17)
Que significa:
ie ic 1, 57 mA
VC 10 (1, 57 mA 3, 9 kW)
VC = 3, 88 V
Já a tensão VCE é dada por:
VCE VC VE (19)
VCE 3, 88 1, 88
VCE = 2, 0 V
116
UNIDADE 4
Se, agora, testarmos nossa aproximação para o modelo em que a corrente da base é
20 vezes menor do que a corrente do divisor, teremos que analisar a faixa de ganhos
que pretendemos utilizar em nosso transístor, pensando sempre no pior caso: quan-
do o valor de hFE é mínimo, pois:
ic i
hFE ib c
ib hFE
ib = 31 A
31µµA
Concluímos que a aproximação utilizada é válida e nos permite calcular com facili-
dade os parâmetros de nosso circuito com polarização, por divisor de tensão.
Nesta seção do nosso livro, abordaremos o comportamento gráfico do transístor
bipolar, analisando algumas informações que são fornecidas pelos fabricantes aos seus
modelos. Estes são, definitivamente, indispensáveis para que um projeto, envolvendo
essa tecnologia, contemple a operação segura e o sucesso esperado.
117
UNICESUMAR
100
I B = 400 μA
80 I B = 350 μA
I B = 300 μA
I c - CORRENTE NO COLETOR (mA)
I B = 250 μA
60
I B = 200 μA
40 I B = 150 μA
I B = 100 μA
20
I B = 50 μA
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
V CE - TENSÃO COLETOR-EMISSOR (V)
O transístor a que se referem as curvas da Figura 15 é o modelo BC546, fabricado pela empresa
ON Semiconductor, e os mesmos resultados e testes atendem a outros modelos da mesma fa-
mília, por exemplo, o BC547, 548 e 549. Como é um modelo aberto, ou seja, sua tecnologia está
à disposição de outros fabricantes, esses tipos de transístores podem ser encontrados no mer-
cado, fabricados por diversos outros fabricantes com características que podem ser as mesmas
ou aproximadas, variando em faixas de temperatura de operação ou frequência, por exemplo,
o que resulta em sufixos ou prefixos específicos de cada fabricante. Exemplo: BC546ABU, em
que “BC” é o prefixo que indica a família do componente, e “ABU” é o sufixo que pode indicar
características específicas como tipo de encapsulamento, temperatura de operação etc.
118
UNIDADE 4
Com base na curva característica do transístor, podemos traçar uma reta que corta as diferentes linhas
propostas para diferentes valores de corrente de coletor e tensão coletor-emissor e, assim, analisar onde
desejamos que o transístor opere, pontuando a intersecção da reta com a curva, o ponto de operação
do mesmo, também conhecido como ponto Q, conforme mostrado na Figura 16.
100
REGIÃO DE SATURAÇÃO
I B = 400 μA
80 I B = 350 μA
I B = 300 μA
I c - CORRENTE NO COLETOR (mA)
I B = 250 μA
60
I B = 200 μA
REGIÃO ATIVA
40 I B = 150 μA
REGIÃO DE CARGA
I B = 100 μA
20 PONTO DE
OPERAÇÃO
I B = 50 μA
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
V CE - TENSÃO COLETOR-EMISSOR (V)
REGIÃO DE CORTE
Observe a reta de carga que corta as curvas características do transístor. Os valores de corrente de co-
letor e de tensão coletor-emissor fixados em 60 mA e 12 V , respectivamente, e um ponto de operação
sobre a corrente de base de 150 µA . Sob o ponto de vista de projeto, o exemplo mostrado na Figura
16 estabelece que o transístor irá operar na reta de carga, entre valores operacionais, que respeitam
os limites impostos para o modelo, sendo, portanto, operação segura, pois, de acordo com a folha de
dados do transístor BC546, a corrente máxima de coletor é de 100 mA , seu VCEO = 65 V e o circuito
para qual a reta de carga representa contempla a tensão máxima de alimentação do coletor de 12 V ,
com corrente de coletor de 60 mA .
119
UNICESUMAR
Em um circuito com transístor bipolar, pode haver uma pequena corrente fluindo pelo coletor,
mesmo quando a corrente na base for igual à zero, esta corrente é conhecida como “corrente
de corte do coletor” do inglês “Collector Cutoff Current” ou pelo seu símbolo “ICEX”. No exemplo
do transístor 2N3904, seu valor é de 50 nAdc.
Fonte: adaptado de Malvino (1995).
RC
5
I C - CORRENTE NO
COLETOR (mA)
região de
+ 4 região de ruptura
RB 3
saturação
- VCC
2 VCE
+ Ib = 10 μA máximo
V BB 1
região ativa
-
1 40
VCE - TENSÃO COLETOR-EMISSOR (V)
Observe que, para o circuito com transístor, apresentado à esquerda, na imagem, temos uma configu-
ração em emissor comum, em que um resistor RB limita a corrente na base. Considere, agora, que a
tensão VBB , inicialmente, seja de 0 V e, lentamente, seja incrementada até que a junção base-emissor
entre em condução e, neste momento, VBB se torne invariável.
Enquanto isso, no coletor do transístor, podemos observar uma variação em sua corrente ( I C ),
que também apresenta um resistor limitador ( RC ). Olhando para o gráfico à direita, da Figura 17,
podemos observar, no eixo “ Y ”, a corrente do coletor I C variando em função dos valores do eixo “ X
” que se refere à tensão entre o coletor e o emissor ( VCE ).
O ocorre é: quando a corrente na junção base-emissor é iniciada, esta atinge seu limiar em 10 µA ,
logo após ultrapassar os 0, 7 V (conforme a polarização direta de um diodo retificador) e produz, como
consequência disso, a variação de corrente no coletor que se estabiliza, no mesmo instante em que a
corrente na base, neste caso, em 1 mA , pois neste momento, a junção base-emissor está diretamente
polarizada, e a junção coletor-emissor está inversamente polarizada, fato que faz com que todos os
elétrons injetados na base sejam coletados pelo coletor. Isso tudo ocorre com a tensão VCE , variando
entre 0 e 1 V , região conhecida como “região de saturação”.
120
UNIDADE 4
Depois desta tensão VCE ser atingida, não há aumento significativo da corrente no coletor, uma
vez que todos os elétrons injetados pela base são coletados pelo coletor do transístor, isso justifica a
região linear do gráfico, que denominamos como “região ativa”.
Se continuarmos a aumentar a tensão VCE , teremos como resultado a região de ruptura e, com
isso, a inutilização do transístor, em que se atinge o valor de VCEO , dado pela folha de dados do modelo
em questão. Para fins de análise, o modelo estudado para produzir os dados do gráfico foi o 2N3904
(ON SEMICONDUCTOR, 2002).
O circuito da Figura 18 mostra um circuito, com transístor em emissor comum, acionando uma carga de
3, 3 kW com tensão de alimentação do coletor ( VCC ) de 15 V e tensão de acionamento ( VBB ) de 15 V .
3,3 kΩ
+ VCC
RB 15 V
-
V BB +
15 V -
O circuito da Figura 18 pode ser analisado por meio da sua respectiva reta de carga, referente à ope-
ração do transístor, conforme Figura 19.
121
UNICESUMAR
15
VCE - TENSÃO COLETOR-EMISSOR (V)
Através do gráfico mostrado na Figura 19, podemos concluir que a tensão entre coletor e emissor
máxima será de 15 V , e que a corrente máxima para a carga de 3, 3 kW será de 5 mA , que terá outro
valor se o valor da resistência de coletor for alterado.
Para explicar melhor, podemos imaginar, hipoteticamente, um curto-circuito entre os terminais
do coletor e do emissor, durante a saturação do transístor. Nesse momento, teríamos VCE = 0 V , e
um resistor de 3, 3 kW associado a uma fonte de 15 V , que, então, teria como resultado a corrente de
5 mA no coletor do transístor.
15 V
= ic = 5 mA
3 kW
Uma leitura que você, aluno, deve realizar a respeito da reta de carga é que este recurso contém todos
os pontos possíveis de operação do circuito onde o transístor está operando, ou seja, de acordo com
os pré-requisitos do projeto, o transístor assume determinado valor de tensão entre coletor e emissor
(devidamente de acordo com os limites de sua tecnologia dados pela folha de dados).
É importante salientar que todo circuito com transístor tem uma reta de carga e, analisando essa
informação, é possível determinar a corrente de saturação e a tensão de corte, conforme vimos na Figura
17, em que os valores são de 5 mA e 15 V , respectivamente. Com base nesses valores, interligamos
esses pontos com uma reta, e sobre ela escolhemos um ponto de operação que definirá a corrente da
base e resultará no efeito desejado ou na operação do transístor, dentro do circuito ao qual se aplica.
Para dar sequência nos dados do circuito, você deve adotar um valor de ganho hFE para o transís-
tor, de acordo com a folha de dados do mesmo, assim, para um transístor 2N3904, o ganho pode variar
de 100 a 300 , de acordo com valores de corrente de coletor e tensão coletor-emissor.
122
UNIDADE 4
Figura 20 - Ganho hFE em função dos valores de corrente no coletor do transístor bipolar
Fonte: adaptada de ON Semiconductor (2012).
Uma vez adotado o ganho para a operação do transístor, por exemplo, 100 , podemos avançar e chegar
até o valor da corrente de coletor, com os dados que adotamos do circuito da Figura 18, assumindo
que o resistor da base seja de 500 kW , fica (MALVINO, 1995, p. 250):
15 V
ib ib 30 µA
µA
500 kW
ic
hFE ic ib hFE
ib
ic 100 30 µA
µA
ic = 3 mA
VRC RC ic
VRC 3, 3 kW 3 m A
VRC = 9, 9 V
123
UNICESUMAR
VCE 15 9, 9
VCE = 5, 1 V
PC 5, 1 3 mA
PC = 15, 3 mW
Agora, basta inserir o ponto de 3 mA sobre a reta de carga da Figura 19 e teremos como resultado a
Figura 21:
I C - CORRENTE NO COLETOR (mA)
7
6
5
4
Q
3
2
1
15
VCE - TENSÃO COLETOR-EMISSOR (V)
Desse modo, temos os parâmetros de funcionamento para o circuito da Figura 18 e o ponto de ope-
ração Q.
O ponto de operação ou ponto “Q” recebe este nome em função do termo “ponto quiescente”
que significa quieto, estável ou em repouso.
Fonte: Malvino (1995, p. 251).
124
UNIDADE 4
A carga associada ao coletor do transístor exige determinada corrente (corrente de coletor) que de-
pende do valor da corrente da base, de forma que, interligando-se os pontos operacionais de corrente
de coletor e tensão entre coletor e emissor, podemos escolher a corrente da base que melhor se ajusta
ao circuito, levando em consideração a curva de ganho do transístor dada pela Figura 22.
VCE = 5V
1000
hFE - GANHO DE CORRENTE (CC)
100
10
1
1 10 100 1000
Observe, na Figura 22, que o transístor apresenta um valor referencial de ganho fixo para a tensão entre
coletor e emissor de 5 V que se mantém em aproximadamente 110 até aproximadamente 35 mA ,
em que se inicia uma suave inflexão para baixo, intensificando-se a partir dos 60 mA e tornando-se
crítica após os 100 mA . Esta análise permite ao projetista escolher a melhor região de operação, em
termos de ganho dado sob o domínio da corrente de coletor.
125
UNICESUMAR
100
80
25°C
60
40
-55°C
20
0
0.1 1.0 10 100
IC - CORRENTE NO COLETOR (mA)
126
UNIDADE 4
Compreendemos, então, que os amplificadores podem ser utilizados para aplicações de áudio, vídeo,
instrumentação, entre outras, que visam, na maioria dos casos, tornar um sinal de pequena amplitude
em outro sinal com mais potência, capaz de excitar transdutores, por exemplo, os alto-falantes de um
sistema de som.
A amplificação, também, é muito utilizada em telecomunicações, seja na telefonia, seja na comu-
nicação via rádio, que utilizamos, constantemente, para enviar informações de diversas naturezas e
em diferentes tecnologias. Finalizamos, essa unidade. Aqui, aprendemos sobre topologias de circuitos
com transistores, de modo que a base para a interpretação dos principais circuitos com transistores
seja possível. Nas próximas unidades, falaremos um pouco mais sobre os circuitos, que remetem ao
conhecimento adquirido nesta etapa de nosso estudo.
127
Olá caro estudante. Chegamos ao final de nossa unidade. Vamos, então, rever os
principais conceitos por meio do mapa mental da Figura 24:
Polarização
coletor
comum
Polarização
emissor
Região ativa
comum
Operação Polarização
como base comum
amplificador
Circuitos Ponto Q
Operação com
como chave Transistores
Região de
saturação
VBB
Região de
corte
VRE
Reta de carga
Fonte: o autor.
128
Cada um dos termos relacionados, na Figura 24, foram apresentados nessa unidade.
Agora, você deve preencher o mapa mental da Figura 24, informando o significado
de cada termo, com exemplo de utilização em cada caso.
Circuitos
com
Transistores
MAPA MENTAL
Figura 25 - Mapa mental para preenchimento - significado de cada termo
Fonte: o autor.
129
1. Quando polarizamos transístores bipolares, podemos adotar diversas topologias diferentes,
entre elas, a configuração emissor comum. Para esse tipo de polarização, é correto afirmar que:
a) O emissor é comum para os sinais de entrada e saída, e a tensão coletor-emissor é igual à soma
da tensão de alimentação do coletor, com as tensões sobre os resistores do emissor e do coletor,
respectivamente.
b) A corrente que circula pelo emissor é igual à corrente da base vezes a corrente do coletor do
transístor.
c) A tensão da junção base-emissor deve ser de 1, 2 V para que o transístor entre em saturação.
d) O emissor é comum para os sinais de entrada e saída, e a tensão coletor-emissor é igual à tensão
de alimentação menos as tensões sobre os resistores do emissor e do coletor, respectivamente.
e) A corrente de coletor independe do ganho de corrente do transístor, pois, nessa configuração,
os elétrons do coletor fluem, apenas, pelo emissor, sem influência da base, por esse motivo
emissor comum.
2. Na polarização de transístor bipolar por divisor de tensão, a técnica de aproximação impõe que a
corrente da base seja 20 vezes menor do que a corrente do divisor. Isso nos permite concluir que:
a) Dado ao tipo de circuito, o erro pode ser de 20 % e não terá efeito significativo, pois o transístor
está acionando um resistor que não depende de precisão por conta das influências da tempe-
ratura.
b) Devido à faixa de ganho de corrente de coletor, uma vez que a corrente da base é ampla, quando
utilizamos a aproximação podemos operar com um valor referencial de corrente de base para
AGORA É COM VOCÊ
fins de cálculo e, posteriormente, comparar com o pior caso dentro da faixa de ganho, onde o
transístor irá operar, e, assim, concluir que ele atende as especificações de operação.
c) O ganho de corrente do coletor pode variar de um valor mínimo até um valor máximo que de-
pende de cada modelo de transístor, em que o valor máximo é o pior caso, pois determina o
valor da corrente da base.
d) Nesse tipo de polarização, a corrente de coletor depende da corrente de emissor; esta, por sua
vez, é sempre duas vezes e meia maior devido à corrente de base ser multiplicada pela corrente
do divisor de tensão formado.
e) O divisor de tensão é baseado em resistores que, sempre, obedecem ao princípio da sobrepo-
sição, em que o valor de um não interfere na corrente do outro.
130
3. O ganho de corrente de um transístor é um dos parâmetros mais utilizados para projetos de ele-
trônica com tecnologia bipolar. Sobre o ganho de corrente de um transístor é correto afirmar que:
a) Este parâmetro sofre influência direta da corrente da base do transístor.
b) A temperatura não influencia neste parâmetro, e, apenas, a frequência pode exercer alterações,
pois na medida em que a frequência aumenta, o ganho aumenta na mesma proporção.
c) A corrente do coletor aumenta de acordo com o ganho e, na medida em que aumentamos a
corrente da base, o coletor sempre aumenta sua corrente, pois os elétrons coletados da base
continuam a surgir e aumentar. Dessa forma, a corrente sempre aumenta proporcionalmente
ao quadrado da corrente de emissor.
d) O ganho de corrente depende da tensão de emissor e da corrente de base do quadrado.
e) A frequência de corte do transístor influencia durante a região de saturação, pois é quando o
ganho atua cortado.
131
1. D, pois dado ao fato de o emissor ser comum para os sinais de entrada e saída e a tensão coletor-emissor
é igual à diferença entre a tensão de alimentação e a soma das tensões sobre os resistores do emissor e
do coletor.
2. B, pois a faixa de ganho do transistor é ampla e ao adotar valores de referência permite que o dimensio-
namento do circuito seja rápido, dado que os valores obtidos são comparados com limites de operação.
3. A, pois o ganho de corrente no coletor é função do produto da corrente da base e do ganho de um transístor.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
132
CIPELLI, A. M. V.; MARKUS, O.; SANDRINI, W. Teoria e Desenvolvimento de Projetos de Circuitos Ele-
trônicos. 22. ed. São Paulo: Érica, 2006.
FAIRCHILD SEMICONDUCTOR CORPORATION. Jameco Part Number 787536. On-line, 2004. Disponível
em: https://www.jameco.com/Jameco/Products/ProdDS/787536.pdf. Acesso em: 17 dez. 2020.
ON SEMICONDUCTOR. 2N3903, 2N3904: General Purpose Transistors. [S. I.], 2012. Disponível em: https://
www.onsemi.com/pub/Collateral/2N3903-D.PDF. Acesso em: 17 dez. 2020.
ON SEMICONDUCTOR. MPSA42, MPSA43: High Voltage Transistors. Denver, 2013. Disponível em: https://
www.onsemi.com/pub/Collateral/MPSA42-D.PDF. Acesso em: 17 dez. 2020.
ROHDE E SCHWARS. R&S®RTC1000 oscilloscope. São Paulo, [2020]. Disponível em: https://www.rohde-
-schwarz.com/br/produto/rtc1000-pagina-inicial-de-produtos_63493-515585.html. Acesso em: 17 dez. 2020.
REFERÊNCIAS
133
MEU ESPAÇO
134
5
Transistores de
Efeito de Campo
Me. Fábio Augusto Gentilin
Quando você conecta o carregador do seu smartphone na tomada de energia elétrica de sua casa, o
que acontece? Ou, quando você liga seu computador na tomada e energiza a sua fonte de alimentação,
o que acontece dentro deste estágio responsável por alimentar todos os circuitos do equipamento?
A maioria dos dispositivos eletrônicos modernos utilizam fontes de alimentação chaveadas, e o ter-
mo que denomina o chaveamento é, justamente, o transístor que atua na comutação do seu conversor.
Esse transístor é de um tipo especial, conhecido como MOSFET.
A velocidade de comutação exigida pelos circuitos dos equipamentos mais modernos sugere uma
chave capaz de comutar elementos indutivos, em altas frequências e com capacidade de condução de
correntes elevadas, aliado à baixa dissipação de calor. Esses são atributos que os MOSFETs detêm e,
por esse motivo, são aplicados na fabricação de fontes de alimentação chaveadas em geral.
Esta tecnologia é, amplamente, utilizada por conversores de eletrônica de potência, como fontes
chaveadas, reatores eletrônicos, carregadores de baterias, amplificadores, cargas eletrônicas etc. Os
MOSFETs, também, estão presentes nas placas dos computadores, nos circuitos de conversão de po-
tenciais para alimentação de componentes eletrônicos sensíveis, alimentados em baixíssima tensão,
com elevadas correntes.
Uma das maiores diferenças entre as tecnologias alimentadas com fontes chaveadas e as antigas,
mantidas por fontes lineares, é a eficiência energética e, consequentemente, o consumo de energia.
Antes, em equipamentos eletrônicos, como televisores antigos, a dissipação de potência em forma de
calor era demasiadamente grande, ficando os circuitos responsáveis por reproduzir som e imagem,
com aproximadamente (em média) 60% da potência, o resto era dissipado na forma de calor.
Com o desenvolvimento dos MOSFETs, os equipamentos eletrônicos passaram a “aproveitar” melhor
a energia, ou seja, passaram a converter a energia recebida na entrada em ações uteis na saída, graças à
elevação do fator de potência, que só ocorreu quando os equipamentos passaram a contar com fontes
de alimentação chaveadas em alta frequência.
Os transistores MOSFET não retém queda de tensão entre os terminais de condução da “chave”
(Dreno-Source) na mesma proporção que o transístor bipolar, por isso, o aquecimento dos MOSFETs
é quase nulo, convertendo a potência oferecida na entrada em quase 100% de energia na saída, apenas
com poucas perdas. Desse modo, é bastante comum encontrar conversores chaveados com fator de
potência de 98%.
Quais dispositivos eletrônicos você utiliza em seu dia a dia? Carregadores de baterias para smar-
tphone? Computador de mesas ou laptop? Monitor de vídeo e Televisor com tela LED ou plasma?
Qualquer um desses exemplos precisa de fonte de alimentação chaveada.
136
UNIDADE 5
Neste momento, você, estudante, deve identificar um dispositivo em sua casa, ele deve possuir
modelo antigo e respectivo atual, por exemplo, televisor (há o modelo atual alimentado com fonte
chaveada e o modelo antigo alimentado com fonte linear) e deve relacionar o consumo de energia
elétrica para um tamanho de tela (aproximadamente) o mesmo entre eles (não precisa ser do mesmo
tamanho, afinal, os modelos antigos eram pequenos comparados aos atuais). O objetivo dessa ativi-
dade é comparar o consumo de energia elétrica para um mesmo tipo de equipamento com recursos
semelhantes, porém um atual alimentado com fonte chaveada a MOSFET e outro com fonte linear
(baixa eficiência).
A necessidade da comutação em altas frequências é iminente. Assistimos, a cada dia, inovações que
tornam a vida das pessoas mais confortável, seja na forma de novos eletroportáteis, cada vez menores
e mais sofisticados, seja em serviços de transporte e movimentação de cargas, com fortes tendências
à propulsão elétrica (veículos elétricos em alta).
Com base nessa realidade, como o MOSFET pode contribuir para o avanço do desenvolvimento
das tecnologias de eletrônica de potência com alta eficiência, proporcionando aumento do fator de
potência e reduzindo o tamanho dos dispositivos? Pense sobre isso e anote em seu diário de bordo.
DIÁRIO DE BORDO
137
UNICESUMAR
Olá estudante! Estudamos, nas unidades anteriores, o funcionamento do transístor bipolar que permite
o controle da corrente de coletor, por meio da manipulação da corrente na base. Esse efeito é graças à
arquitetura funcional da tecnologia bipolar, que recebe este nome em função dos dois tipos de porta-
dores de carga elétrica (elétrons e lacunas) que se manifestam em seu funcionamento.
Nesta unidade, estudaremos uma tecnologia que opera com o princípio do campo elétrico (que está
associado à diferença de potencial elétrica), o que permite o desenvolvimento de muitas tecnologias
de transístores que operam com caraterísticas diferentes das já estudadas nos transístores bipolares:
os transístores de efeito de campo ou “FETs” (do inglês: Field-Effect Trasnsistor).
O transístor JFET é um exemplo de transístor unipolar e recebe essa denominação porque, para seu
funcionamento, essa tecnologia depende apenas de um tipo de carga: elétrons ou lacunas, portanto,
uni, que é prefixo de um.
Fonte: adaptado de Malvino (1995, p. 548).
A tecnologia FET oferece vários tipos de transístores diferentes, por exemplo: JFET, MOSFET, IGBT
etc. Nesta unidade, abordaremos o JFET e o MOSFET. Iniciamos nosso estudo dos dispositivos de
efeito de campo, portanto, pelo JFET, que também é conhecido como FET de junção. Nessa tecnologia
de efeito de campo, o transístor possui três terminais que se assemelham muito com as funções da
tecnologia bipolar, porém com suas devidas particularidades. Analisemos, na Figura 1, os terminais,
suas semelhanças e equivalências com os terminais do transístor bipolar:
Equivalência entre
os terminais dos
n transístores
FET bipolar
G p p G B
D C
n S E
G = Gate (porta)
D = Drain (dreno)
S = Source (fonte)
O terminal do gate (G) de um transístor JFET é equivalente ao terminal da base (B) de um transístor
bipolar. O terminal dreno (D), por sua vez, tem a função semelhante à do terminal do coletor (C) de um
transístor bipolar, enquanto o source (S) realiza o trabalho do emissor (E). Observe, ainda, na Figura
138
UNIDADE 5
1, que na construção do JFET, há a presença de uma região com portadores majoritários negativos
( n ) denominada de “canal”. Em sua extremidade superior, há, a conexão com o terminal dreno ( D )
e, na extremidade inferior, o terminal source ( S ) e, difundida sobre esta pastilha semicondutora do
tipo n , há duas outras regiões do tipo p ligadas ao terminal gate ( G ), formando o componente JFET.
A maioria dos JFETs possui as duas regiões relativas ao terminal gate interligadas internamente,
resultando em um transístor com três terminais ( G , D e S ), entretanto há JFETs com quatro termi-
nais, em que é possível estimular cada gate separadamente, sendo G1 , G2 , D e S .
Os canais dos transístores JFET podem ser do tipo p ou do tipo n . Isso define a classificação do seu
canal, assim, um transístor JFET de canal p tem essa região formada por semicondutor composto
de portadores majoritários positivos e, portanto, um transístor JFET de canal n tem o canal formado
por semicondutor composto de portadores majoritários negativos. Exemplos de transístores JFET de
canal p e canal n são, respectivamente: J/SST174 (canal p ) e 2N5457 (canal n ).
A simbologia para o JFET de canal p e canal n pode ser observada na Figura 2. Perceba que a
diferença entre eles se dá no sentido da seta inscrita dentro do componente, em que a seta apontada
para fora remete ao canal p , enquanto que a seta apontada para dentro indica um JFET de canal n .
gate gate
139
UNICESUMAR
inversamente
polarizado
n
+
p p
G - VDD
- n
VGG +
S
140
UNIDADE 5
Na prática, a resistência de entrada Rin não é infinita, porém muito alta. Tipicamente da ordem de
centenas de megaohms (MALVINO, 1995). Esta característica permite atuar em circuitos com pequenos
sinais, como de sensores, em que a amplitude do sinal possui baixa potência e requer um circuito ampli-
ficador, capaz de ampliar o seu sinal de milivolts (por exemplo), sem prejudicá-lo, logo, como mínima
corrente na entrada (gate), este componente pode estimular uma corrente amplificada no seu dreno.
Essa característica, também, tem um preço: falta de sensibilidade para o controle da corrente no
dreno e, com isso, baixo ganho de corrente de saída com relação à corrente de entrada (ao contrário
dos transístores bipolares). Uma regra geral seria utilizar o JFET quando buscamos alta impedância de
entrada para sinais de pequena amplitude, e transístores bipolares quando a intensão é aplicar ganhos
elevados com sensibilidade e controle sobre a corrente de saída.
Quando nos referimos aos transístores JFET, devemos associar o termo “efeito de campo” às ca-
madas de depleção em torno de cada região p da Figura 4. Perceba que há camadas de depleção entre
os terminais de porta (gates) do JFET e o seu canal que assumem, respectivamente, os portadores de
carga p e n , conforme o exemplo dado pela Figura 4.
D
Em operação, quando há corrente fluindo pelo
canal do JFET, os elétrons livres se difundem da
região n para a região p , formando o que conhe-
cemos como camada de depleção entre o canal e
n o gate do componente e, como temos um canal
negativo ( n ), no exemplo dado, ao aplicar ten-
G p p são negativa em seu gate, podemos manipular a
largura do canal e, consequentemente, o fluxo de
n corrente entre dreno e source.
Assim, semelhante a um diodo reversamente
polarizado, quanto mais negativa a tensão aplica-
da entre o gate e o source de um JFET ( VGS ), mais
estreito é o caminho para a corrente entre dreno e
S source, e, da mesma forma, quanto mais positiva a
Figura 4 - Região das camadas de depleção de um JFET tensão VGS , maior será a abertura do canal para a
Fonte: o autor. circulação de corrente entre dreno e source.
141
UNICESUMAR
Como o gate do JFET é inversamente polarizado, devemos observar que a tensão VGS possui
uma faixa de valores que permite a condução de corrente pelo dreno, definida entre VGS (off ) (tensão
de corte gate-source) e VDS ( máx ) . Assim, na medida em que a tensão gate-source fica mais negativa,
menor é a corrente entre dreno e source. Por outro lado, na medida em que VGS aumenta, tendendo a
zero, assistimos a um aumento da corrente no dreno. Esses valores podem ser consultados na folha de
dados do JFET. No caso do MPF 102 , podemos observar que os valores de VGS variam entre −0, 5 V
e −7, 5 V (ON SEMICONDUCTOR, 2006).
É importante observar, também, que o transístor do exemplo ( MPF 102 ) apresenta, em sua folha de
dados, o parâmetro VGS (off ) de −8, 0 V . Isso significa que para uma tensão de −8, 0 V , o gate está tão
negativo que a corrente entre dreno e source, nessa condição, é igual a zero. O termo VGS (off ) também
significa VGS (corte) (tensão de corte entre gate-source), pois com esse valor a corrente de dreno é cortada.
Além do valor de VGS (off ) , há, também, um parâmetro denominado de tensão de constrição “ VP
” (ou tensão de estrangulamento) que consiste na tensão mínima, esta deve ser aplicada entre o dreno
e o source de um JFET para que o dreno opere como uma fonte de corrente. Analisemos um exemplo
dado no gráfico da Figura 5.
142
UNIDADE 5
CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS
Característica Símbolo Min. Máx. Unidade
Tensão gate-source
VGS −0, 5 −7, 5 Vdc
( VDS = 15 Vdc , I D = 0, 2 mAdc )
CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS
143
UNICESUMAR
A Figura 7 mostra a curva de transcondutância do JFET, que se relaciona à corrente de dreno, pela
tensão gate-source do mesmo. Observe que no caso do JFET, a corrente de dreno inicia a partir da
tensão VGS (off ) e aumenta na medida com que VGS aumenta. Este comportamento será sempre o
mesmo para os JFETs, diferenciando-se, apenas, para os valores específicos de cada modelo.
Quando adotamos os valores de tensão e corrente, para o exemplo da Figura 5, obtemos o gráfico da
curva de transcondutância da Figura 8, para o transístor JFET MPF102:
144
UNIDADE 5
Observe que o valor de VGS (off ) para este transístor é de e, para este valor de corrente de dreno (
I D ), é igual a zero. Desse modo, a partir dos valores maiores de tensão gate-source, a corrente de
dreno aumenta até 10 mA , em que a curva de transcondutância intercepta o eixo de valores de I D
. Na verdade, temos o limite para este modelo (MPF102). Este ponto é denominado como I DSS , já
mencionado anteriormente.
Podemos concluir que o gráfico de transcondutância nos permite analisar o comportamento de um
transístor de maneira ampla e rápida, podendo o projetista entender se atende ou não à sua necessidade.
É comum em projetos de amplificadores o uso de um estágio JFET de entrada (devido à alta impedância
de entrada) associado a um estágio que utiliza transístor bipolar, graças à sua capacidade de amplificar
o sinal de maneira sensível, conhecidos como amplificadores BIFET (BI – Bipolar e FET – Field-Effect
transistor). Isso atribui o ganho desejado para excitar estágios que exigem potência elevada do sinal,
como autofalantes, motores etc., conforme o diagrama em blocos da Figura 9.
Estágio de Estágio de
entrada do ganho do
amplificador amplificador
JFET BIPOLAR
Em termos de circuito, podemos avaliar o exemplo dado na Figura 10, em que temos uma etapa de
pré-amplificador de áudio com estágio de entrada, baseado em JFET e estágio de saída, utilizando um
transístor bipolar.
alto ganho
alta impedância
entrada
JFET volume
saída
145
UNICESUMAR
146
UNIDADE 5
V CC +
Q10
Q2 Q15
JF3
Q3
Q7
Q6 Q16
Q11 Q13
IN +
Q12 R7
D1 R9
IN - R5 OUT
JF1 JF2
R8
C1
Q4 Q14 Q17
Q8
Q1
Q5 Q9
OFFSET N1
See Note A R10 D2
OFFSET N2 R4
R6
R1 R2 R3
VCC -
Observe, na Figura 11, as entradas e IN − , que são conectadas diretamente aos JFETs tipo P “ JF 1” e “
JF 2 ”, onde, posteriormente, os sinais de seus drenos são entregues a estágios com transístores bipolares,
muito semelhante ao que observamos na Figura 10, porém, na Figura 11, temos um circuito fundido
em uma pastilha de silício e, portanto, os componentes mostrados no diagrama estão encapsulados
em um invólucro único, conforme Figura 12:
TL054
D, DB, N OR NS PACKAGE
TL051 TL052 (TOP VIEW)
D OR P PACKAGE D, P OR PS PACKAGE
(TOP VIEW) (TOP VIEW) 1OUT 1 14 4OUT
1IN - 2 13 2IN-
OFFSET N1 1 8 NC 1OUT 1 8 VCC +
1IN + 3 12 2IN+
IN - 2 7 V CC + 1IN - 2 7 2OUT VCC + 4 11 VCC -
IN + 3 6 OUT 1IN + 3 6 2IN- 2IN+ 5 10 3IN+
V CC - 4 5 OFFSET N2 VCC - 4 5 2IN+ 2IN- 6 9 3IN-
2OUT 7 8 3OUT
147
UNICESUMAR
148
UNIDADE 5
Observe, na Figura 13, que as representações contam com os termos “E-MOSFET” e “D-MOSFET”, que
significam, respectivamente: “Enhancement MOSFET” (E-MOSFET) ou MOSFET tipo intensificação
ou crescimento e “Depletion MOSFET” (D-MOSFET) ou MOSFET tipo depleção. Para essas aplicações,
em que os MOSFETs são montados diretamente em placas de circuito impresso, os encapsulamentos
podem variar em diversos modelos, de acordo com a necessidade, seja ela com soldagem, por meio
de furos, seja na superfície da placa (SMD).
149
UNICESUMAR
150
UNIDADE 5
A Figura 15 apresenta duas tecnologias de MOSFETS: tipo intensificação (ou crescimento – E-MOS-
FET) e tipo depleção (D-MOSFET). Observe a camada de Si O2 entre o terminal do gate e o corpo
do MOSFET.
Neste livro, abordaremos, apenas, o modo intensificação, pois é o mais difundido e utilizado atualmente,
já o modo de depleção destina-se a algumas situações específicas na área de pesquisa em laboratório.
A Figura 16 mostra a simbologia para cada um dos tipos de MOSFETs: intensificação e depleção para
os dois canais possíveis ( e n ).
INTESIFICAÇÃO DEPLEÇÃO
D D
CANAL N
G G
S S
D D
CANAL P
G G
Figura 16 - Simbologia para os
S S MOSFETs
Fonte: adaptado de Malvino (1995).
151
UNICESUMAR
Observe que o substrato do símbolo (parte com a seta) indica seu tipo de canal ( p ou n ). Desse
modo, a seta para dentro indica o tipo n , e a seta para fora, o canal p , em ambos os tipos. Figura 17
nos permite observar cada item interno de um MOSFET do tipo intensificação, como a região do
Dreno, Gate, Source, o substrato, a camada isolante de Si O2 e algumas dimensões relacionadas à
microeletrônica do componente.
S Camada de
G óxido de silício
Si O2 (tox )
W D
Dimensões típicas:
L: 0,1 a 3,0 μm
W: 0,2 a 100 μm
n tox : 2 a 50 nm
L n
Região do
source (fonte)
B
Região do canal Região do dreno
Substrato tipo
“p”
O substrato é uma lâmina de silício monocristalino e, portanto, a base sobre a qual o MOSFET
é construído e que, neste caso, é do tipo “ p ” (não confundir substrato com o canal do MOSFET). O
substrato é, também, conhecido como corpo do MOSFET, por esse motivo, a letra “ B ” (do inglês
“body”), no terminal inferior do desenho, não tem efeito sobre o funcionamento do MOSFET, sendo,
internamente, interligado ao terminal do source. O MOSFET, desse modo, oferece acesso externo,
apenas, aos três terminais: gate, dreno e source.
A Figura 18 apresenta exemplos de encapsulamentos que são usuais na fabricação de MOSFETs.
Observe em (a) um exemplo de encapsulamento para montagem em superfície na placa de circuito
impresso (tecnologia de montagem em superfície SMT – “surface mount technology”). Quanto ao
encapsulamento, referimo-nos ao SMD, que remete ao termo “surface-mount device”.
152
UNIDADE 5
Dreno
“D”
Gate Source G
“G” “S”
Encapsulamento TO-220
(a)
Encapsulamento TO-220F
G D S
Encapsulamento TO-220F
G D S
(b)
Figura 18 - Encapsulamentos utilizados para MOSFETs: (a) exemplo de encapsulamento SMD e (b) exemplo de
encapsulamentos para montagem “through-hole”
Fonte: adaptada de ON Semiconductor (2003; 2017).
153
UNICESUMAR
154
Chegamos ao final desta unidade. Vamos recordar os principais termos que traduzem a tecnologia
de transistores de efeito de campo, por meio do mapa mental da Figura 19:
ID
IGBT
VGS
Curva de
MOSFET Transcondutância
Transistor RD
JFET de efeito de
campo
Região
Ôhmica
VDS
Região
linear
SiO2
I D(ON)
MAPA MENTAL
Figura 19 - Mapa mental para o transístor de efeito de campo
Fonte: o autor.
155
UNICESUMAR
Agora, você deve preencher seu mapa mental, inserindo a função de cada termo da Figura 19:
Transistor
de efeito de
campo
Figura 20 - Mapa mental para o transistor de efeito de campo - a ser preenchido pelo aluno
Fonte: o autor.
156
1. Analisando a curva de correntes do dreno de um determinado JFET, mostrado na Figura 21,
podemos concluir que:
a) Quando a tensão entre o gate e o source for menor ou igual à −3, 5 V , a corrente no dreno
é máxima, pois este tipo de transístor atua com tensão negativa no gate.
b) Com uma tensão igual ou superior à 24 V em VDS , a corrente de dreno é máxima, configu-
rando a região ativa do transístor definida como “região linear”.
157
2. Um estudante de Engenharia, ao projetar um circuito com MOSFET para acionar o enrolamen-
to de um transformador, selecionou um modelo que atenderia as especificações do projeto,
analisando sua curva característica de transcondutância. Sobre a curva analisada pelo estu-
dante, é correto afirmar que:
a) A curva de transcondutância permite interpretar a relação entre a tensão no gate do MOSFET
e a corrente proporcional em seu dreno, uma vez que, nos dispositivos do tipo depleção, essa
tensão inicia-se no quadrante negativo e, no MOSFET do tipo intensificação, a polarização
ocorre com tensão positiva entre o gate e o source.
b) A curva de transcondutância permite ao projetista entender qual o valor do RDS (ON ) do
MOSFET, pois este é seu único objetivo.
c) A inclinação da curva de transcondutância depende apenas da corrente do dreno e da tensão
de constrição ao quadrado, por conta desse efeito quadrático é que a referida curva apresenta
sua concavidade para cima.
d) A reta de carga típica da curva de transcondutância é utilizada para definir o ponto de opera-
ção do MOSFET, relacionando à corrente do gate e a tensão máxima permitida pelo source.
e) O projeto baseado na curva de transcondutância analisa todos os valores de corrente e ten-
são permitidos para o MOSFET, apenas, para valores de tensão reversa, sendo que corrente
direta aplicada no gate terá o mesmo valor da corrente no dreno do mesmo.
158
1. E, pois, devido à arquitetura do transístor JFET, a corrente de 10 mA ocorre em 0 V, enquanto que se
aplicarmos tensão negativa em VDS, a corrente no dreno diminui até zero.
2. A, pois a curva de transcondutância é a ferramenta para avaliar a relação entre o valor da tensão no
gate e a corrente do dreno do transistor.
3. D, pois a corrente tem início no MOSFET com a polarização positiva no Gate, em que o canal é aberto
e o fluxo de corrente é o máximo, enquanto estiver acionado.
159
FREESCALE SEMICONDUCTOR. Field Effect Transistors in Theory and Practice. On-line, 1993.
Disponível em: https://www.nxp.com/docs/en/application-note/AN211A.pdf. Acesso em: 21 dez.
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GENTILIN, F. A. Eletrotécnica e Eletrônica. Maringá: UniCesumar, 2019.
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REFERÊNCIAS
160
161
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
162
6
Polarização do
Transístor de
Efeito de Campo
Me. Fábio Augusto Gentilin
Você sabe como é possível um mesmo transístor ser utilizado em diferentes aplicações, seja na comuta-
ção discreta de uma carga resistiva, seja no controle da potência da saída de uma fonte de alimentação
com carga variável?
Atualmente, dependemos de muitos itens de tecnologia para nos mantermos conectados ao trabalho,
à família, aos amigos etc. Os recursos tecnológicos que utilizamos, por exemplo, computadores e
smartphones, são fabricados para operar com eletricidade. Para isso, é necessário que os potenciais de
tensão sejam adequados a cada tipo de tecnologia.
Os computadores pessoais, em específico aqueles que ocupam um espaço físico, em uma mesa
permanentemente, conhecidos como “desktops”, normalmente, utilizam uma fonte de alimentação
adequada às placas que o compõe, sendo necessário fornecer potenciais de tensão em corrente contínua
de +3,3 V, +5 V, +12 V, -5 V e -12 V (padrão ATX). Quando o computador é portátil (laptop), os valores
de tensão de saída do carregador de baterias (ou fonte externa) variam entre 15 V e 20 V, dependendo
do modelo e do fabricante do equipamento.
164
UNIDADE 6
O fato é: essas tensões tem um propósito, alimentar os circuitos do computador, que possuem, por
sua vez, uma arquitetura baseada em Microprocessadores, memórias e dispositivos periféricos. As tarefas
de processamento podem variar de acordo com a necessidade dos programas realizados. Desse modo,
a fonte de alimentação dos computadores deve ter a capacidade de manter, constantemente, a tensão
na saída, enquanto uma variação na corrente pode ocorrer dentro de valores seguros, atendendo aos
limites máximos de consumo (da carga) e, ao mesmo tempo, da fonte.
Para realizar a tarefa de controlar a tensão na saída, mantendo-a dentro de níveis estreitos de tole-
rância e, ao mesmo tempo, fornecer a corrente necessária para manter o funcionamento do circuito
dentro de uma faixa de operação prevista, os transístores de efeito de campo são associados a circuitos
de controle. Estes introduzem, em seus gates, pulsos de tensão modulados em alta frequência (PWM
– Pulse-Width Modulation), capazes de manipular altas correntes em seus gates, adequadas às neces-
sidades de cargas eletrônicas, resistivas, indutivas e capacitivas.
As aplicações de alimentação de circuitos microprocessados de dispositivos eletrônicos com eletrô-
nica embarcada, circuitos de controle e acionamento de iluminação LED ou carregadores de baterias,
estas cada vez mais utilizadas em aplicações de dispositivos móveis e em veículos elétricos, sugerem alta
utilização dos transístores de efeito de campo, que são aplicados no controle de potência e eficiência
energética.
165
UNICESUMAR
166
UNIDADE 6
Tente imaginar o impacto de um cenário sem a existência das fontes chaveadas para alimentar os equi-
pamentos computadorizados que temos, os recursos de eletrônica embarcada dos veículos (injeção
eletrônica de combustível), controle de sistemas de ar condicionado etc., além dos carregadores de
baterias, responsáveis por recarregar as baterias de nossos dispositivos portáteis.
DIÁRIO DE BORDO
167
UNICESUMAR
Olá, caro estudante. Nesta unidade, daremos sequência ao estudo que iniciamos na Unidade 5 e
continuamos a analisar a tecnologia de efeito de campo (MOSFET), porém, agora, em termos de po-
larização e funcionamento dinâmico de circuitos para que você possa entender como essa maravilha
da eletrônica funciona. Analisaremos o MOSFET em corte dado pela Figura 4, em que se aplica uma
fonte de tensão entre o gate e o source e aterra os terminais de source e dreno. Podemos observar
que as lacunas na região do substrato tipo p , que se posicionam próximas da região da porta (gate),
afastam-se empurradas pelo potencial positivo aplicado em VGS e, também, pela atração exercida pelo
potencial mais negativo na região da fonte. Assim, temos uma região altamente negativa, formada no
substrato abaixo da região da porta, denominada de “região de depleção”.
+
- VGS
n n
L
Região de
depleção B
Nesse momento, o potencial positivo, também, atrai elétrons provenientes das regiões do tipo n ,
das regiões do source e do dreno, para a região do canal, formando o “canal tipo n induzido”,
interligando o dreno e o source. Mais adiante, aplicaremos, uma diferença de potencial no dreno para
verificar como ocorre a circulação de corrente, por meio desta camada.
Analisaremos, agora, o referido MOSFET para entender melhor seu funcionamento. Observe
a presença de duas regiões, fortemente, dopadas do tipo “ n ”, denominadas “ região do dreno ” e “
região do source ”, que estão difundidas no substrato. Ainda, na Figura 5, podemos observar uma
camada de dióxido de silício ( Si O2 ) com espessura entre 2 e 50 nm que isola o terminal do gate da
região do canal . Manipulando-se a tensão entre o gate e o source do MOSFET ( VGS ), provocamos
o surgimento da corrente entre o source e o dreno. Este conceito é melhor observado na Figura 5, em
que um circuito de polarização é exibido:
168
UNIDADE 6
Quando a tensão VGS é igual a zero, há apenas poucos elétrons livres na pastilha p , o que não resulta
em circulação de corrente impulsionada pela tensão entre dreno e source ( VDS ), ou seja, com tensão
igual a zero em VGS , a corrente no dreno de um MOSFET do tipo intensificação é igual a zero. Isso
o diferencia, totalmente, do JFET, que apresenta corrente no dreno com sinal negativo de tensão no
gate. Quando a tensão VGS aumenta, cargas positivas começam a surgir no terminal do gate, atraindo
os elétrons livres da pastilha p , eles se recombinam com as lacunas próximas à camada de dióxido
de silício.
169
UNICESUMAR
Com o aumento das cargas positivas no terminal do gate, elétrons da pastilha do source ( n ) passam a
se recombinar com as lacunas da pastilha p e, então, inicia-se um fluxo de corrente de source para
dreno (o que caracteriza os termos source ou fonte e dreno), porém, por convenção, a corrente I D é
adotada sempre de dreno para source e, nas representações dos circuitos com sentidos de corren-
te, serão orientadas assim. Como consequência da movimentação dos elétrons migrando do source
para o dreno, surge uma camada fina de material do tipo n próximo à camada de Si O2 denominada
“camada de inversão”, conforme mostra a Figura 7.
A formação do canal do tipo n de um MOSFET ocorre sobre seu substrato do tipo p, uma vez que
a tensão positiva aplicada em seu gate “empurra” os portadores de cargas positivas (lacunas) para
a região do source (fonte), ficando nesta região apenas os elétrons da então pastilha p em uma
área denominada “região de depleção”, composta neste momento por átomos aceitadores (em
ligações covalentes de cargas negativas), logo, o termo “camada de inversão” é dado ao fato de
que o substrato do tipo p dá lugar a formação do canal do tipo n e, portanto, a inversão.
Fonte: Sedra e Smith (2012, p. 144).
Para entender melhor o efeito da polarização do MOSFET por uma vista em corte, a Figura 7 seria
representada conforme a Figura 8. Observe o sentido convencional da corrente de dreno I D .
170
UNIDADE 6
+ ip
- VGS
iS =iD
Camada de Si O2 Canal tipo “n”
G induzido
S iG=0 D
ip
n n
Canal tipo “n”
induzido
Substrato tipo “p”
Região de
Figura 8 - NMOS polarizado com
depleção B
pequeno sinal no Dreno
Fonte: adaptada de Sedra e Smith
(2012, p.144).
No instante em que aplicamos uma tensão no gate do MOSFET ( vGS ), as lacunas do substrato tipo
“ p ” são empurradas para a região do source, e restam, nesta área, apenas as ligações covalentes de
cargas negativas de átomos aceitadores. Ao mesmo tempo, a mesma tensão no gate atrai elétrons das
regiões de dreno e source que se interligam nesta região denominada “canal tipo n ”, conforme mos-
trou a Figura 8. Mas, afinal, qual valor de tensão em vGS é necessário para formar o canal entre dreno
e source? Em outras palavras: qual valor de vGS reuniria um número suficiente de elétrons móveis
capazes de formar o canal entre dreno e source? A resposta é “ Vt ”, que significa “tensão de limiar” do
inglês “threshold voltage” (que também é conhecido como VGS (th ) do inglês “Gate Threshold Volta-
ge” – que será abordado mais adiante). O valor de Vt é fixado quando o MOSFET é fabricado e opera,
geralmente, entre 0, 5 V e 1, 0 V (SEDRA; SMITH, 2012).
Na medida em que elevamos o valor de vGS , assistimos um aumento do número de elétrons na
região do canal e, com isso, a relação entre vGS e Vt ( vGS − Vt ) determinará a corrente no dreno do
MOSFET, além da tensão VDS que impulsiona I D . A este excesso de tensão no gate (relação vGS − Vt
) é dado o nome de “tensão efetiva” ou “sobretensão de condução” (SEDRA; SMITH, 2012, p. 144).
Podemos observar, na Figura 9, que para cada valor de vGS , há um valor correspondente de I D .
171
UNICESUMAR
ID (mA)
Observe, na Figura 9, que quando vGS ≤ Vt , a corrente no dreno do MOSFET é igual a zero (ou muito
próximo disso) e só, a partir dos valores de tensão entre gate e source somados a Vt , é que conseguimos
aumentar, drasticamente, a corrente no dreno do MOSFET.
A ideia da transcondutância se define pelo mesmo princípio da ação e reação que observamos no
estudo do JFET (embora existam certas especificidades), que deriva da análise da curva de transcon-
dutância, que leva em consideração a relação entre a corrente de dreno e a tensão no gate. A Figura
10 mostra um exemplo de curva de transcondutância para o MOSFET do tipo intensificação, em que
faremos vGS = VGS para facilitar nosso entendimento.
ID
ID (ON)
172
UNIDADE 6
Observe, na Figura 10, uma curva, esta mostra o crescimento da corrente no dreno do MOSFET, a partir
do limiar VGS (th ) , indicando o valor da tensão, que tem início com o fluxo de corrente pelo dreno do
MOSFET. Assim, para valores de VGS menores que VGS (th ) , a corrente no dreno é, aproximadamente,
zero. Para I D (ON ) valores de VGS superiores a VGS (th ) , a corrente VGS do dreno é controlada por meio
da tensão VGS , neste temos um valor limite, denominado VGS (ON ) , em que a corrente no dreno atinge
seu valor ativo ().
A Figura 11 mostra as curvas de dreno para um MOSFET com alguns valores de tensão e as res-
pectivas correntes de dreno. Observe que a corrente do dreno começa a fluir a partir do ponto em
que VGS = VGS (th ) e pode operar até o limite de I D , quando aplicamos uma VGS 15 V . Os valores
intermediários de VGS resultam em valores proporcionais de I D .
região
ôhmica
VGS = + 15 V
V DD / R D região linear
(fonte de corrente)
VGS = +10 V
V GS = +5 V
VGS (th)
V DS
V DD
Observe, na Figura 11, que a corrente de dreno depende da tensão VGS e que a tensão VDD determina
um limite para a operação do MOSFET, levando-se em consideração os limites de cada modelo. Assim,
de acordo com a carga a ser acionada pelo dreno, é possível relacionar a sua corrente, realizando a
V
operação que envolve DD R = I D e estabelecer um ponto no eixo de I D . Ao interligarmos este ponto
D
ao ponto relacionado com VDD , temos, então, a reta de carga para o MOSFET.
173
UNICESUMAR
Entenda que há, basicamente, duas regiões muito importantes no gráfico da Figura 11, são as regiões
de operação do MOSFET. Observe que há uma área hachurada, esta representa a região ôhmica, em
que o MOSFET atua como um resistor, e a região linear opera como uma fonte de corrente. Quando
deslocamos um ponto sobre a reta de carga do gráfico da Figura 11, podemos estabelecer o ponto de
operação de nosso MOSFET e, assim, atuar de acordo com a necessidade do projeto, resultando na
análise dada na Figura 12:
região
ôhmica
VGS = + 15 V
V DD / R D Q’ região linear
(fonte de corrente)
VGS = +10 V
Q
V GS = +5 V
Q’’
VGS (th)
V DS
V DD
Figura 12 - Curvas de dreno para o MOSFET com pontos em diferentes regiões de operação
Fonte: adaptada de Malvino (1995, p. 575).
174
UNIDADE 6
175
UNICESUMAR
Corrente no dreno
VDS I D (on ) RDS (on ) max
I D (on ) (ativo)
34 A
VGS = 10 V
Corrente no dreno
ID (contínua) Temperatura de 25 °C 34 A
Corrente no dreno
ID (contínua) Temperatura de 100 °C 21, 4 A
Repetitiva ou não-repetitiva
Corrente de avalan- (largura de pulso limita-
I AR che da pela temperatura da
34 A
junção).
Dissipação total de
Ptot potência do compo- Temperatura = 25 °C 450 W
nente
Máxima Temperatu-
TJ ra de operação da 150 °C
junção
Fonte: adaptado de STMicroelectronics (1998, p. 1-2).
É muito importante levar em consideração o RDS (on ) de um MOSFET, pois, quando percorrido por
corrente elétrica, a queda de tensão sobre este componente ( VRDS (ON ) ) será proporcional ao valor da
176
UNIDADE 6
PD VD I D (2)
A série de imagens, da Figura 13 até a Figura 16, mostra algumas aplicações típicas
em que os MOSFETs da tecnologia CoolMOS™ se aplicam.
177
UNICESUMAR
Figura 13 - Aplicação em conversor Boost (CC-CC) na correção do fator de potência utilizando MOSFET CoolMOS™
Fonte: Infineon (2019, p. 3).
SiC Diode
CoolMOSTM
Na Figura 13, o MOSFET atua em um conversor CC-CC BOOST, este eleva a tensão de entrada para
realizar correção do fator de potência em conversores chaveados, de médio e grande porte, ou em cir-
cuitos onde a tensão CC é pequena demais para alimentar circuitos específicos, como os processadores
ou demais circuitos integrados, com necessidades específicas de alimentação.
No circuito da Figura 14, podemos observar quatro MOSFETs, cada um é acionado em sincronismo,
para que a corrente contínua, fornecida pela fonte Vin , seja convertida em corrente alternada e possa
178
UNIDADE 6
ser inserida no transformador. Conversor “full-bridge” ou “conversor de onda completa”. Perceba que
o acionamento dos transístores desse conversor deve ocorrer em diagonal cruzado, pois, senão, há
sério risco de curto-circuito. Se, por algum motivo, forem acionados na vertical, haverá corrente por
meio dos MOSFETs, e os elétrons do polo negativo migrarão, rapidamente, para o polo negativo, sem
passar pela bobina do enrolamento primário do transformador, pois há um caminho pouco relutante
dado as características da tecnologia. Este tipo de situação poderia levar o MOSFET à sua ruptura e
permanente inutilização.
Figura 14 - Circuito de um conversor full-bridge (CC-CA), utilizando MOSFET CoolMOS™
Fonte: Infineon (2019, p. 3).
CoolMOSTM CoolMOSTM
Vin
CoolMOSTM CoolMOSTM
Na Figura 15, o MOSFET é aplicado em um circuito clássico, um conversor “Flyback”. Este tipo de
conversor é utilizado, frequentemente, em fontes de alimentação chaveadas, utilizadas em carregadores
de baterias de celular, smartphones, tablets, monitores de vídeo, desktops, laptops etc. Quase todos os
equipamentos eletrônicos da atualidade utilizam conversores Flyback para alimentar seus circuitos,
dado a sua densidade de potência, eficiência, dimensões reduzidas etc.
Figura 15 - Conversor Flyback utilizando MOSFET CoolMOS™
Fonte: Infineon (2019, p. 3).
179
UNICESUMAR
CoolMOSTM
Controller
Quando observamos a imagem da Figura 16, encontramos dois MOSFETs que atuam em um conversor
“Half-bridge”, ou “meia ponte”.
Figura 16 - Conversor half-bridge utilizando MOSFET CoolMOS™
Fonte: Infineon (2019, p. 3).
CoolMOSTM
CoolMOSTM
ICE1HSO1G
180
UNIDADE 6
Nesta aplicação, cada MOSFET é acionado por vez, comutando, em um tempo, o potencial positivo
e, em outro tempo, o potencial negativo, no mesmo ponto do enrolamento primário de um transfor-
mador. Todas as aplicações de exemplo são clássicas e utilizam MOSFETs, porém, nem sempre, são
CoolMOS. Esta tecnologia representa uma opção para operações em que há a necessidade da redução
das dimensões dos equipamentos, dado a quase extinta necessidade do uso de dissipadores de calor,
resultando em alta eficiência, pois a potência de entrada dos conversores é convertida, praticamente,
toda em potência de saída, ou seja, muito pouco se dissipa em calor durante o processo de conversão.
Há aplicações que os MOSFETs são solicitados em grande escala, para correntes de centenas de
amperes. Nesses casos, os encapsulamentos são diferentes e admitem montagem com cabos, direta-
mente, parafusados em seu gabinete, conforme pode ser visto na Figura 17.
Assim como os MOSFETs, há também os IGBTs (IGBT - Insulated Gate Bipolar Transistor) ou Tran-
sístor Bipolar de Porta Isolada, que consiste na junção da tecnologia bipolar com o MOSFET, reunindo
as características dos dois dispositivos. São amplamente utilizados em acionamentos elétricos e fazem
parte dos circuitos dos inversores de frequência. A isolação entre o gate (porta) do IGBT e o canal
formado pelo seu Coletor-Emissor permite que ele atue com a alta impedância de entrada de um
MOSFET e com as características de acionamento de um transístor bipolar (Figura 18).
G
G = Gate
C = Coletor
Figura 18 - Símbolo do IGBT
E E = Emissor Fonte: Gentilin (2019, p. 195).
181
UNICESUMAR
Na Figura 19, é possível visualizar alguns encapsulamentos utilizados para a fabricação dos IGBTs. Os
encapsulamentos com terminais para soldagem, normalmente, são utilizados em projetos que envolvem
placas de circuito impresso, já os encapsulamentos maiores são utilizados quando a corrente é muito
elevada para trilhas em placas, e são necessários cabos e terminais de alta potência fixados por parafusos.
Estudamos, nesta unidade, os princípios fundamentais de dispositivos de efeito de campo, com destaque
para os MOSFETs, amplamente utilizados na eletrônica atual.
A tecnologia MOSFET é muito utilizada em aplicações em que o controle de potência é realizado
por meio da comutação em alta velocidade, no caso de conversores CC-CC, por exemplo, nas fontes
de alimentação chaveadas, controle de potência para acionamento de motores, aquecimento etc.
Os MOSFETs são, largamente, aplicados em ambientes em que o sinal de controle é dado em tensão
pulsante, com frequência fixa e razão cíclica variável (PWM), atuando de modo a modular a largura
do pulso de comutação do transístor, de maneira rápida e eficiente.
182
Chegamos ao final desta unidade. Agora, recordaremos os principais termos que traduzem a
tecnologia de transístores de efeito de campo, por meio do mapa conceitual da Figura 20.
Região de
depleção
Sobretenção
Half-bridge de consução
VGS(th)
Flyback
Região
Ôhmica
Full-bridge MOSFET
Conversor
R D(ON)
CC-CC
VRDS(ON)
Conversor
Boost
PWM
MAPA MENTAL
Figura 20 - Mapa conceitual para o transístor de efeito de campo
Fonte: o autor.
183
Agora, você deve preencher seu mapa conceitual, na Figura 21, inserindo a definição de cada
termo da Figura 20:
MOSFET
MAPA MENTAL
Figura 21 - Mapa conceitual para o MOSFET – deve ser preenchido pelo aluno
Fonte: o autor.
184
1. Os MOSFETs são tecnologias que utilizam o efeito de campo para comutar correntes em
atuações de alta velocidade e alta impedância. Sobre o MOSFET, assinale a alternativa correta
com relação ao termo Si O2 .
a) É uma camada de condução entre o terminal Gate e o Dreno, necessária para o controle da
corrente.
b) Tem como objetivo interligar o Dreno no terminal Source.
c) Opera na mesma filosofia dos transístores bipolares.
d) Permite o MOSFET utilizar fontes independentes.
e) É a camada isolante que caracteriza a alta impedância de entrada do MOSFET.
3. A queda de tensão sobre os terminais Dreno e Source determinam a potência dissipada pelo
MOSFET, logo o RDS (on ) tem um papel importantíssimo sobre este parâmetro. Sobre o termo
“ RDS ( on ) ” assinale a alternativa correta.
a) O RDS (on ) é o valor do resistor montado entre o Gate e o Source do MOSFET para estabilizar
a corrente do Gate.
b) O RDS (on ) é a resistência entre os terminais Dreno e Source do MOSFET, quando o mesmo
está em operação (ativo).
c) O RDS (on ) é utilizado para definir o valor da curva de transcondutância do MOSFET, dado
que determina a tensão do Gate.
d) A tensão no Dreno depende da relação da soma do valor de RDS (on ) e a tensão Gate-Dreno
ao quadrado.
e) O parâmetro RDS (on ) é, diretamente, proporcional à corrente do Dreno do MOSFET.
185
1. E, pois o Si O2 é uma camada de isolação formada na conexão do terminal gate do MOSFET.
2. D, pois a diferença entre a tensão Gate-Source e a tensão de limiar define a sobretensão de condução.
3. B, pois o RDS ( on ) , ou “Resistência Dreno-Source, quando o MOSFET está ativo”, é a resistência entre os
terminais Dreno e Source do MOSFET, quando ele está em operação (ativo).
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
186
GENTILIN, F. A. Eletrotécnica e Eletrônica. Maringá: UniCesumar, 2019.
INFINEON. CoolMOS™ SJ MOSFETs benefits: in hard and soft switching SMPS topologies. Villach, 2019.
Disponível em: https://www.infineon.com/dgdl/InfineonProductBrochure_CoolMOS_Benefits_i_Hard_
Soft_Switching-ProductBrochure-v07_01EN.pdf?fileId=db3a3043338c8ac80133aca62ba63047. Acesso
em: 21 dez. 2020.
187
MEU ESPAÇO
188
7
Introdução Ao
Amplificador
Operacional
Me. Fábio Augusto Gentilin
Quando comparamos grandezas, por exemplo, uma distância entre uma cidade e outra ou, mesmo,
a altura entre edifícios, utilizamos parâmetros tangíveis, ou seja, podemos ver com facilidade que há
certa diferença e quantificá-la. Se a grandeza, porém, que desejamos mensurar não fosse visível, como
a velocidade e a altura do voo de uma aeronave, a temperatura no interior de um ambiente, a corrente
elétrica de um circuito ou o valor da pressão em um reservatório? Como é possível medir e comparar
essas grandezas por meio de recursos eletrônicos?
190
UNIDADE 7
Para que os sinais elétricos sejam interpretados, devem antes ser condicionados. Assim, eles atenderão
aos limites de potencial que se podem padronizar a comparação entre sinais de mesma referência, como
se estivéssemos comparando a altura de dois edifícios com a referência da mesma elevação na sua base,
ou seja, na mesma referência ao nível do mar. Na eletrônica, é a mesma coisa, ao comparar sinais, estes
devem variar dentro de faixas conhecidas e padronizadas (por exemplo, de 0 a 5 V) e operar a partir
da mesma referência ou da mesma referência de 0 V (GND). Os circuitos amplificadores operacionais,
por sua vez, podem realizar o condicionamento dos sinais de potenciais, limitados à tensão de alimen-
tação de seus circuitos ou respeitar valores limites, apresentados pelas folhas de dados de cada modelo.
191
UNICESUMAR
Uma vez condicionados, os sinais podem ser comparados entre si, amplificados, filtrados, isolados,
convertidos ou até operacionalizados (operações lógicas e matemáticas), entre outras aplicações
importantíssimas dos amplificadores operacionais, que atuam desde a instrumentação eletrônica até
aplicações de controle, puramente analógico ou em parceria com microcontroladores, no tratamento
e processamento de sinais.
Como você faria para determinar a temperatura ambiente, neste momento? Se tivesse como exibir
em um mostrador digital, como você faria? O amplificador operacional pode auxiliar neste processo,
associado a um microcontrolador; realizar o condicionamento do sinal enviado pelo sensor e in-
troduzi-lo na entrada do conversor digital-analógico, com potenciais padronizados. Baseado nessa
leitura, relacione, no Quadro 1, a seguir, as variáveis que podem ser mensuradas por meio de recursos
eletrônicos e condicionadas por amplificadores operacionais, para posterior processamento, a ser
realizado por um microcontrolador.
Quadro 1 - Variáveis a serem mensuradas e suas faixas de operação: preenchimento do aluno
Item: Variável Faixa de operação da variável
1 Temperatura ambiente -55 a 150 °C
2
3
4
5
6
7
Fonte: o autor.
192
UNIDADE 7
DIÁRIO DE BORDO
193
UNICESUMAR
Olá! Seja bem-vindo à mais esta unidade, aqui, estudaremos uma das mais interessantes áreas já desen-
volvidas pela Eletrônica. Graças à essa tecnologia, podemos conectar o mundo analógico ao inovador
ambiente digital, seja na leitura da temperatura enviada por um sensor, seja para ouvir aquela faixa
de áudio que está gravada em CD (ou pendrive). As aplicações não param por aqui, há muito o que
aprender quando o assunto é amplificador operacional, também conhecido como AOP.
Certamente, já utilizamos, e muito, as funcionalidades dos amplificadores operacionais, e, agora,
estamos aptos a entender como funciona, quais são suas funções, limitações e os seus principais modos de
operação. Durante a segunda guerra mundial, muitos países precisavam dominar tecnologias que, na época,
não existiam e que poderiam viabilizar as telecomunicações e, até mesmo, o controle automático de
processos de fabricação, baseado em realimentação negativa (feedback) ou controle em malha fechada.
Até a década de 40, os amplificadores eram compostos de componentes discretos, como válvulas
eletrônicas. Com o advento do transístor nesta época, os circuitos com válvulas deram espaço para a
nova tecnologia, mas, ainda, continuavam circuitos discretos que ocupavam espaço e não permitiam
miniaturização. Para resolver isso, era necessário desenvolver uma tecnologia capaz de integrar todos
(ou quase todos) os componentes do circuito dentro de uma caixa (encapsulamento) e acessar seus
terminais, possibilitando a padronização e a diminuição das dimensões dos circuitos, que antes ocu-
pavam placas enormes e, agora, passavam a poucos milímetros quadrados.
Os circuitos discretos têm uma particularidade: são circuitos constituídos por componentes sepa-
rados, interconectados por algum recurso mecânico, como uma placa de circuito impresso, ponte de
terminais etc. Como exemplo, podemos citar um circuito com resistores, capacitores, diodos, transís-
tores, relés e indutores, montados em uma placa de circuito impresso, conforme a Figura 4.
194
UNIDADE 7
Cada componente do referido circuito deve estar conectado ao outro mecanicamente, logo, esse cir-
cuito é discreto e seus componentes possuem encapsulamentos de tamanhos grandes, comparados
aos componentes dos circuitos integrados.
Nos circuitos integrados (CIs), os componentes são microscópicos. Para fins de comparação, no espaço
ocupado por um simples transístor discreto, é possível integrar centenas de transístores dentro de um
único CI. Isso é possível porque os transístores de um circuito integrado (ou demais componentes
internos) não são unidos mecanicamente, são projetados e “difundidos” juntos, diretamente sobre
pastilhas de semicondutor, estas dispostas em camadas.
Os circuitos integrados tiveram seu advento em meados da década de 60. Mais especificamente,
em 1963, “nasceu” o primeiro amplificador operacional integrado, fabricado pela empresa Fairchild
nos EUA, denominado de µA709, que, naquele momento, apresentava uma série de problemas que
foram resolvidos até o surgimento do 1º amplificador operacional monolítico (integrado), realmente
estável e confiável, que foi batizado de µA741, em 1968, pela mesma equipe que projetou o µA709
com tecnologia bipolar.
195
UNICESUMAR
A evolução dessa tecnologia pôde ser acompanhada ao longo dos anos, em que a 1ª geração surgiu
no ano de 1945 com as válvulas e a 5ª geração (utilizada até os dias atuais), é datada em 1985 (PERTEN-
CE, 2015). Observe que, ao longo dos anos, diferentes tecnologias foram utilizadas para os circuitos
amplificadores operacionais:
• 1ª geração: 1945 – amplificadores operacionais com válvulas.
196
UNIDADE 7
197
UNICESUMAR
198
UNIDADE 7
O AOP atua multiplicando um determinado ganho “ A ”, ao sinal aplicado em sua entrada “ vin ”, e
amostrando-o na saída “ vout ”, o que configura sua amplificação. Assim, conforme dado pela Equação 1:
vout = A.v in
(1)
Para isso ocorrer, alguns circuitos são implementados internamente ao circuito integrado. O diagrama
da Figura 10 mostra a ideia do amplificador operacional:
AMPLIFICADOR
OPERACIONAL
TENSÃO DE TENSÃO DE
ENTRADA SAÍDA
GANHO
vin vout = A.vin
“A”
Na Figura 10, podemos observar que a tensão de entrada vin é aplicada à entrada de um estágio de ganho
“ A ”, com amplificador operacional que, em sua saída, apresenta a tensão vout , conforme Equação 1.
Perceba que, na Figura 11 (a), temos o símbolo para o amplificador operacional e, em (b), temos um
diagrama de blocos que representa os diferentes estágios internos do componente. Na simbologia que
utiliza um triângulo (Figura 11 (a)), com dois terminais, à esquerda, e um terminal, à direita, temos,
respectivamente, entrada e saída do amplificador, indicados por “ vin ” e “ vout ”. Note que, em vin ,
temos os sinais “ + ” e “ − ” que indicam:
- : entrada inversora
199
UNICESUMAR
v+
+
vin A vout
-
v-
(a)
+ Seguidor de +
Amplificador Estágio de
vin emissor push-pull vout
diferencial ganho -
- classe B
(b)
Há, também, os terminais de alimentação do amplificador que podem assumir tensões que variam de
GND ( 0 V ) a V + ou de V − a V + , com alimentação simétrica.
Fonte de alimentação simétrica é aquela que fornece dois potenciais opostos com relação ao
mesmo referencial, por exemplo: fonte de +12V e -12V com relação ao GND (0V), sendo +12V
o potencial positivo e -12V o negativo, com relação ao referencial 0V. Normalmente, utilizamos
reguladores de tensão para cada uma das tensões, a fim de manter estáveis seus valores dentro
de uma região de operação segura, de acordo com o projeto da fonte, por exemplo, a família
78xx (tensões positivas) e 79xx (tensões negativas).
200
UNIDADE 7
Olhando para a Figura 11 (b), podemos observar o estágio “amplificador diferencial”, utilizado, normal-
mente, nas entradas dos amplificadores operacionais. Na Figura 12, por sua vez, temos o circuito do
estágio amplificador diferencial clássico, com tecnologia bipolar, que, historicamente, foi introduzido
pela primeira vez com transístores e resistores idênticos em simetria, assim:
VBE 1 VBE 2
iC 1 iC 2
i i
E1 E2
Note que, neste caso, a tensão de saída ( vout ) é a diferença entre as tensões nos coletores de Q1 e Q2
( vC1 e vC2 ).
+VCC
R C1 R C2
RE
-VEE
201
UNICESUMAR
Considerando que:
iC 1 iE 1
e
i i
C2 E2
E assumindo que:
b1
iE iE 1 iE 2 (2)
Pois os dois estágios consistem em um divisor de corrente que flui de VCC até VEE
com comum referenciado no GND .
Logo:
2 VCC
iE (3)
RE
É importante lembrar que a tensão no ponto P da Figura 12, em relação às tensões
de entrada, v1 e v2 , é −VBE , pois as referidas tensões estão referenciadas para terra
(GND). Analisemos, também, que: a corrente iE (Equação 3) depende de VCC e
RE , assumidos como valores constantes, por isso, podemos concluir que a corrente
iE também será constante. Assim, o conjunto formado por −VEE e RE formam
uma fonte de corrente (PERTENCE, 2015). Para sustentar essa relação matemática,
quando uma das variáveis envolvidas aumentar, a outra, em consequência disso, deve
diminuir, daí, assumindo que iC 1 iC 2 constante , temos que:
se iC 1 aumenta iC 2 diminui
se iC 1 diminui iC 2 aumenta
202
UNIDADE 7
+12 V
R1 R2
20k 20k
-
IC1 IC2
0.00
0.00
µA
µA
+ VOUT +
Volts
-
+
0.00
v1 R4 Q1 Q2 R5 v2
BC548C BC548C
1k 1k
0V + + 0V
0.00 0.00
V1 Volts + Volts
V2
- -
IE
0.00
µA
-
R3
10k
-12 V
Figura 13 - Simulação do estágio diferencial de entrada: tensões nas bases iguais a zero: Vout igual a
zero / Fonte: o autor.
203
UNICESUMAR
Conforme mostrado na Figura 13, aumentamos a tensão apenas de v1 para 2 V e observamos o efeito
sobre vout mostrado na Figura 14.
+12 V
R1 R2
20k 20k
-
IC1 IC2
+17.8
+0.00
µA
µA
+ VOUT +
-0.36
Volts
-
v1 R4 Q1 Q2 R5 v2
BC548C BC548C
1k 1k
2V + + 0V
+1.95 0.00
V1 Volts + Volts
V2
- -
+34.4
IE
µA
-
R3
10k
-12 V
Figura 14 - Simulação do estágio diferencial de entrada: tensão em v1 igual a 2V e v2=0V: Vout negativo
Fonte: o autor.
De acordo com a Figura 13, observamos que a tensão, em vout , é igual a zero, e as correntes de coletor
dos dois transístores e do emissor também estão em zero. Já, na Figura 14, vout é igual a −0, 36 V
(observe a polaridade negativa da tensão). Note, ainda, na Figura 14, que a corrente no coletor de Q1
é igual a 17, 8 µA e que, no transístor Q2 , permanece igual a zero, além da corrente de emissor atingir
41, 3 µA . Agora, adicionaremos 2 V também em v2 para analisar o que ocorre com vout na Figura 15.
204
UNIDADE 7
+12 V
R1 R2
20k 20k
-
IC1 IC2
+18.9
+18.9
µA
µA
+ VOUT +
0.00
Volts
-
+
v1 R4 Q1 Q2 R5 v2
BC548C BC548C
1k 1k
2V + + 0V
+1.96 +1.96
V1 Volts + Volts
V2
- -
+37.0
IE
µA
-
R3
10k
-12 V
Figura 15 - Estágio diferencial de entrada: tensões iguais nas bases, tensão de saída igual a zero
Fonte: o autor.
Conforme podemos observar, a tensão em vout será igual a zero sempre que as tensões aplicadas às
bases dos transístores do par diferencial forem iguais ou ambas simultaneamente iguais a zero. Já
quando v1 recebe 0 V , e v2 assume 2 V , temos o comportamento dado na Figura 16.
205
UNICESUMAR
+12 V
R1 R2
20k 20k
-
IC1 IC2
+0.00
+17.8
µA
µA
+ VOUT +
+0.36
Volts
-
+
v1 R4 Q1 Q2 R5 v2
BC548C BC548C
1k 1k
0V + + 2V
0.00 +1.95
V1 Volts + Volts
V2
- -
+34.4
IE
µA
-
R3
10k
-12 V
Observe que semelhante ao resultado da Figura 14, a tensão vout assume uma tensão diferencial entre
os dois coletores dos transístores Q1 e Q2 , porém, nesse caso, sua polaridade é positiva ( +0, 36 V ).
Conforme o que aprendemos até agora, um conjunto de regras básicas para o amplificador operacional
pode ser dado pela seguinte relação:
206
UNIDADE 7
Essa relação nos permite entender que, de acordo com o valor das tensões aplicadas nas entradas in-
versora e não inversora do amplificador operacional, teremos um resultado na sua saída. Conforme se
realizaram os testes em amplificadores operacionais, desde sua origem, a configuração, inicialmente,
dada pela Figura 12, passou por otimizações. Na atualidade, o estágio diferencial de entrada passou
a assumir o aspecto da Figura 17, e a tensão de saída é tomada, em apenas, um dos coletores do par
diferencial, assumindo o coletor do transístor Q2 como vout . A variação de v1 ou de v2 , por sua vez,
deve obedecer às regras já mencionadas nesta unidade.
+Vcc
RC1 RC2
vout
v1 Q1 Q2 v2
-VEE
A Figura 17, portanto, mostra-nos a base para a composição de um estágio diferencial de entrada de
um amplificador operacional, com tecnologia bipolar. Muitos fabricantes diversificam esse estágio,
introduzindo circuitos adicionais ou variando sua composição, com a adição de estágios em cascata
com mais transístores, de acordo com o projeto do amplificador. O circuito da Figura 18 apresenta um
exemplo de amplificador operacional simplificado, apenas, para estudos didáticos, como o conhecido
741 , que serviu de exemplo para o projeto de tantos outros, utilizados até hoje.
207
UNICESUMAR
+VCC
-VEE vout
v1
v2 +VCC
-VEE
Obviamente, foram omitidos muitos componentes, na simplificação deste circuito. Eles podem também
ser observados na íntegra, diretamente, na folha de dados (datasheet), no site do próprio fabricante.
Um mesmo modelo de amplificador operacional, por exemplo, o 741 pode ser fabricado por
empresas diferentes, como é o caso da National Semiconductor, Fairchild, Motorola, RCA, Texas,
Signetics, Siemens etc. Assim, cada fabricante utiliza seu próprio prefixo, como a Fairchild, que
utiliza o código µA741 , ou a National com o LM 741 e, assim, por diante, mantendo-se sempre o
modelo do componente precedido por uma sigla que permite identificar seu fabricante.
Fonte: adaptado de Pertence (2015, p. 20).
208
UNIDADE 7
209
UNICESUMAR
Erro ou
sinal de Pertubação Pertubação
Atuação 1 2
(DV)
Entrada
ou Transdutor + Planta ou + Saída
de entrada
+ Controlador +
processo +
- - - (variável controlada/
Referência
(setpoint - SP) manipulada - MV)
Trasdutor de
saída
(sensor)
Realimentação
(Feedback)
Note que a realimentação ou “feedback” ocorre, amostrando o sinal da saída, na entrada, onde ocorre
uma comparação entre esses dois sinais, produzindo um terceiro sinal, denominado de “desvio ou
DV”, que se comporta como um sinal de atuação, pois, de acordo com o valor do desvio, as ações de
controle atuam sobre a planta do processo, por meio do controlador, definindo quão rápida ou lenta
será a resposta, conforme a dinâmica do processo (GENTILIN, 2020).
Os amplificadores operacionais podem ser utilizados em circuitos de condicionamento de sinais,
oriundos de sensores, em que há a necessidade da sua amplificação (ganho de tensão) e, também, na
filtragem de ruídos que podem estar sobrepostos ao sinal original.
210
UNIDADE 7
211
Chegamos ao final desta unidade e, agora, retomaremos os principais termos que
aprendemos, até aqui, estudando o mapa conceitual dado a seguir:
FEEDBACK GANHO
ENTRADA NÃO
uA709
INVERSORA
ENTRADA
uA741 AOP INVERSORA
AMPLIFICADOR
LF351
DIFERENCIAL
CA3140 REALIMENTAÇÃO
212
Agora, com base na Figura 22, você deve preencher o mapa conceitual dado na sequên-
cia (Figura 23), com o significado de cada termo e sua aplicação prática com um exemplo.
AOP
MAPA MENTAL
213
1. Os amplificadores operacionais tiveram seu desenvolvimento e utilização desde sua origem,
na solução de problemas encontrados pela humanidade e no segmento de condicionamento
de sinais. Sobre os amplificadores operacionais, assinale a alternativa correta:
a) Os AOPs surgiram em 1831 com a utilização de válvulas termiônicas, à base de Césio 137,
com o intuito de operar em amplificadores de áudio portáteis.
b) Os computadores analógicos utilizavam amplificadores operacionais para realizar operações
matemáticas.
c) Os circuitos amplificadores operacionais atuam com estágio diferencial de saída, capaz de
imprimir ganho de tensão ao sinal em malha aberta.
d) Os AOPs foram desenvolvidos com germânio, até os anos 2000, e a partir deste período pas-
saram a ser fabricados em titânio e kanthal, que dissipam menos potência reativa.
e) Os filtros ativos não utilizam amplificadores operacionais, pois eles não operam acima de 10
Hz e, portanto, possuem uma faixa muito estreita de frequência.
AGORA É COM VOCÊ
214
2. A análise de um estágio diferencial de entrada do AOP é fundamental para interpretar seu
funcionamento. Dada a figura 24, a seguir, assinale a alternativa correta:
3. Uma aplicação muito utilizada dos amplificadores operacionais acontece no controle de pro-
cessos, onde há o sinal de entrada, o sinal de saída do controlador e o feedback, necessário
para o fechamento da malha de controle. Sobre as aplicações de amplificadores operacionais
em controle, assinale a alternativa correta:
a) O feedback consiste na realimentação do sinal de saída do amplificador, em sua entrada, e
pode contribuir para a interpretação do erro ou desvio que ocorre entre o valor desejado no
setpoint e o valor real mensurado.
b) O feedback consiste no erro do sistema.
c) A variável controlada (ou variável manipulada) é conhecida como setpoint.
d) Controle em malha fechada não requer feedback, enquanto que controle e malha aberta,
mandatoriamente, deve contemplar este recurso em tempo real.
e) Em controle de processos, as entradas inversora e não inversora do AOP devem permanecer
em curto-circuito.
215
1. B, pois, no princípio, quando os primeiros AOPs surgiram eles eram utilizados para realizar operações
matemáticas em computadores analógicos.
2. E, porque, para sustentar a relação da corrente no emissor, IE= iC1+ iC2, quando iC1 aumenta, iC2 diminui,
mantendo-se IE constante.
3. A, pois o feedback, dado entre a saída do controlador e sua entrada, representa um parâmetro neces-
sário para que haja a comparação do que se deseja e o que, realmente, é produzido na saída. Assim, a
diferença entre um valor e outro representa o erro ou o desvio.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
216
GENTILIN, F. A. Automação Industrial. Maringá: Unicesumar, 2020.
PERTENCE, A. J. Eletrônica Analógica: Amplificadores Operacionais e Filtros Ativos. 8. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2015.
STMICROELECTRONICS. TDA2030A: 18W Hi-Fi AMPLIFIER AND 35W DRIVER. [S. I.: s. n.],
2000. Disponível em: https://media.digikey.com/pdf/Data%20Sheets/ST%20Microelectronics%20
PDFS/TDA2030A.pdf. Acesso em: 29 dez. 2020.
TEXAS INSTRUMENTS. LM35 Precision Centigrade Temperature Sensors. Dallas, 2020. Disponível
em: https://www.ti.com/lit/ds/snis159h/snis159h.pdf?ts=1609184923063&ref_url=https%253A%252F%-
252Fwww.google.com%252F. Acesso em: 28 dez. 2020.
TOSHIBA. A7250BP, A7251BP. [S. I.: s. n.], 1997. Disponível em: https://pdf1.alldatasheet.com/datashee-
t-pdf/view/31261/TOSHIBA/TA7250BP.html. Acesso em: 29 dez. 2020.
REFERÊNCIAS
217
MEU ESPAÇO
218
8
Propriedades Aplicadas
dos Amplificadores
Operacionais
Me. Fábio Augusto Gentilin
Quando você aperta o play, em seu smartphone, para ouvir aquela música tão agradável, e o seu som
é reproduzido nos alto-falantes (ou nos fones de ouvido), a sensação é fantástica! Parece que está em
pleno êxtase. Mas, afinal de contas, você sabe como o som reproduzido por um dispositivo pode atingir
tal amplitude, capaz de acionar os alto-falantes e, em alguns casos, caixas acústicas?
Nesta unidade, estudaremos como os amplificadores operacionais atuam para amplificar sinais que,
além do áudio, podem ser úteis para outras aplicações, como instrumentação industrial, médica e controle
de processos. A amplificação de sinais é uma das diversas utilidades dos amplificadores e, sempre, foi uma
necessidade da humanidade, desde que necessitamos captar sinais de baixa intensidade e transformá-los em
sinais capazes de acionar dispositivos; serem digitalizados; mensurados e, até mesmo, transmitidos.
O áudio é, sem dúvidas, uma das mais abundantes fontes de sinal conhecida pela nossa espécie.
Tudo na natureza parece produzir algum som. Certamente, é um assunto fortemente explorado pelas
áreas de tecnologia, em toda a história do desenvolvimento humano. Na década de 1850, inicia-se as
primeiras descobertas acerca da gravação do som, a partir do fonautógrafo, sistema inventado por
Édouard-Léon Scott de Martinville, em 1857. Este objeto foi o primeiro aparato capaz de registrar sons,
em um cilindro de papel, madeira ou vidro, e mais tarde, em 1877, otimizado por Thomas Alva Edison
para a versão que conhecemos como “gramofone” (SOUND RECORDING HISTORY, 2020, on-line)1.
Os dispositivos, por exemplo, o gramofone, os instrumentos musicais, os microfones e outras tec-
nologias de áudio, que têm como objetivo enviar informações a públicos distantes da sua origem,
requerem a amplificação de seus sinais para que, então, possam ser projetados por meio de trans-
dutores (neste caso, alto-falantes). Atualmente, essa necessidade é adequada a pequenos dispositivos
reprodutores de áudio, como smartphones e MP3 players. Estes, por sua vez, exigem a compactação e
miniaturização dos componentes internos.
As tecnologias modernas de áudio oferecem componentes eletrônicos integrados, cada vez mais
sofisticados, para atuar no processamento de som, com tecnologias de amplificação em alta fidelidade,
controle automático de ganho, baixo ruído, potências cada vez mais elevadas etc., permitindo que, cada
vez mais, dispositivos portáteis sejam desenvolvidos com a capacidade de amplificar sinais de áudio
com qualidade e eficiência, em níveis de excelência.
Além das aplicações de áudio, os amplificadores têm um papel muito importante, que resulta na
ponte entre o mundo analógico, que vemos e sentimos, e o mundo digital, composto pelos dispositivos
programáveis, microprocessadores, microcontroladores, memórias etc. Nesta aplicação, os sinais são
amplificados para atender às demandas de isolação, soma e subtração, integração e demais operações
entre sinais que dependem das características entre os meios de entrada e saída.
Quando operacionalizamos sinais, devemos imaginar que a ferramenta que manipula o processa-
mento de um sinal de entrada para a saída deve ser isenta de influência sobre este processo, ou seja,
ao ser amplificado, um sinal de entrada não deve sofrer perdas ou demais influências que possam
prejudicar suas características originais. Assim, um sinal de áudio proveniente de um instrumento
musical, uma vez amplificado, deve permanecer o mais fiel possível ao som produzido pelas cordas do
instrumento, e um sensor de nível industrial ultrassônico deve ser capaz de enviar dados referentes à
distância entre as superfícies do fluido e do sensor, com precisão e confiabilidade.
220
UNIDADE 8
DIÁRIO DE BORDO
221
UNICESUMAR
Exemplo resolvido:
Um instrumento musical utiliza um captador que produz sinal de 0 a 50 mV com
faixa de frequência de operação de 20 a 20 kHz. Um amplificador é utilizado para
amplificar o sinal do captador para uma faixa linear de 0 a 5 V, aplicados a um circuito
com microcontrolador para análise do som. Calcule o ganho do amplificador.
Dados:
vout 0 à 5V 5V
3
vin 0 à 50 mV 50.10 V
vout = A.v in
vout
A=
v in
5
A
50.10 3
A = 100
222
UNIDADE 8
O ganho “ A ” do amplificador é de 100 vezes o sinal de entrada na saída do AOP. O fator de ganho de um
AOP pode ser configurado de acordo com a relação de realimentação estabelecida, dentro dos limites
impostos pelo fabricante, variar de um valor mínimo até um valor máximo e operar em valores típicos
para cada modelo de AOP. Os dados de especificações elétricas de cada componente estão disponíveis
em suas folhas de dados ou, então, “datasheets”, do inglês.
Um exemplo prático é o LM741 (que foi um dos primeiros AOPs a serem desenvolvidos), possui as
características de ganho que podem ser acessadas em sua folha de dados, de forma individual para cada
variante, sendo “LM741A/LM741E, LM741 e LM741C”. Note que todos os exemplos são LM741, porém
alguns possuem especificações ou características elétricas diferentes, de acordo com seu sufixo (A, E e C),
e que há condições para os testes realizados, em que cada valor faz menção à tensão de alimentação “ VS ”,
e a faixa de variação da tensão de saída “ VO ”, além da temperatura, variando entre “ TAMIN ” (temperatura
ambiente mínima), “ TA ” (temperatura ambiente) e “ TAMAX ” (temperatura ambiente máxima).
O uso do termo “@” pode significar “a condições de...”, muito usual em literaturas técnicas da área
de Engenharia. Poderemos ter as condições de temperatura, pressão, umidade, por exemplo, que
ocorreram durante os testes que concluíram determinada descoberta, funcionamento de dispo-
sitivo ou experimentos científicos. O caractere @ antecede os dados informados para cada caso.
223
UNICESUMAR
O ganho de tensão de um AOP é, sem dúvidas, um dos parâmetros mais visados, no momento em que
escolhemos um amplificador operacional para inserir em um projeto. Será, todavia, que o valor do
ganho é fixo e constante em qualquer condição de operação, envolvendo a variação de temperatura,
frequência do sinal de entrada, ruído etc.? A resposta é não.
Na medida em que ocorrem variações na temperatura, muitos fenômenos invisíveis ocorrem dentro
de um componente fabricado com semicondutores, dado o aumento da taxa de portadores que se mo-
vimenta por conta desta influência. O mesmo ocorre quando variamos a frequência do sinal de entrada
e condições de ruído sobre o sinal conduzido ou radiado no espaço que contém o circuito com AOP.
Os fabricantes, normalmente, emitem suas folhas de dados, informando a tolerância para cada
variável (temperatura, frequência, ruído etc.). Assim, ao fixar o fator de realimentação, estabelecendo
o ganho de um AOP, o projetista deve prever que este componente pode ser mais ou menos tolerante
às influências externas, que varia de modelo para modelo. Desse modo, terá aquele que melhor se
adéqua a cada caso, visto que AOPs com estabilidade térmica possuem custos maiores do que aqueles
que não tem este recurso.
Observe o gráfico da Figura 1. Nele, a folha de dados do AOP AD8038 apresenta o comportamento
dinâmico do ganho da sua saída, em função da frequência. Temos algumas curvas no mesmo gráfico,
para diferentes pontos de operação de ganho, que possuem região linear estável entre 0,1 e, aproxima-
damente, 3 MHz para a curva de maior ganho (G = +10), e entre 0,1 e 13 MHz para a curva de menor
ganho (G = +1).
Perceba que para valores de ganhos maiores, a faixa de frequência do sinal de entrada pode ser mais
estreita e, para valores de ganhos menores, podemos atuar com faixas de frequência maiores.
224
UNIDADE 8
Um parâmetro muito importante a ser levado em consideração para um AOP é a sua resistência ou
impedância de entrada e de saída, já que o AOP deve receber um sinal em sua entrada, oriundo de
alguma fonte de sinal, por exemplo, um sensor, e a amplitude normalmente é da ordem dos mV. Caso
a impedância de entrada do AOP seja baixa, pode haver atenuação do sinal de entrada, sendo assim
muito importante que um AOP de boa qualidade apresente uma impedância de entrada elevada, para
não influenciar as características do sinal que entra em uma de suas entradas.
Quadro 2 - Resistência de entrada do AOP LM741
Para as características de saída de um AOP, desejamos que ele apresente baixa impedância de saída
para, assim, permitir o acionamento do estágio que está acoplado com a máxima potência possível
(Figura 2), sem distorcer o sinal fornecido à carga. Porém, como tudo na natureza, há limites! Podemos
verificar que há um parâmetro nos AOPs que determina a capacidade de corrente na saída, ou seja, I L .
VRS VRT iL
RS VR1 RT VRL
R1 RL
VS
VO
Figura 2 - Representação de um AOP recebendo sinal em sua entrada e alimentando uma carga na saída
Fonte: adaptada de Pertence (2015, p. 13).
225
UNICESUMAR
R1 VR 1 VS (4)
Isso nos permite concluir que quanto maior R1 for em relação à RS , mais queda de
tensão teremos sobre R1 , resultando na maior parcela da tensão VS (fonte de sinal),
amostrada na entrada do AOP e, com isso, a tensão VRS é mínima (PERTENCE,
2015). Quando nos referimos à resistência de saída do AOP, devemos entender, neste
caso, que desejamos a máxima taxa de sinal transferida para a carga. Desse modo, a
resistência de saída do AOP (impedância de saída) deve ser muito baixa. Analitica-
mente, podemos observar que (PERTENCE, 2015):
Fazendo:
Fica:
A tensão sobre a carga ( RL ) é dada por VRL , que consiste na diferença entre a tensão
VO e a queda de tensão VRT , esta é, diretamente, proporcional ao valor da resistên-
cia da carga RT , multiplicada pela corrente iL . Já a tensão VO é a tensão que está
disponível na saída do AOP e se pretende entregar à carga. Para que isso ocorra, a
resistência RT deve ser igual a zero, em condições ideais (PERTENCE, 2015):
VRL = VO
226
UNIDADE 8
Figura 3 - Resposta em frequência para pequenos sinais com diferentes valores de resistores na carga
Fonte: Analog Devices (2009, p. 6).
227
UNICESUMAR
Podemos observar, rapidamente, que a resposta em frequência para pequenos sinais, variando-se o
valor das resistências de carga entre 500 W , 1 kW e 2 k' , o sinal apresentou ganhos com faixas mais
estreitas para resistências de carga ( RL ) menores ( 500 W e 1 kW ) do que o sinal para curva de ganho,
que excitou uma carga de 2 kW , ou seja, com resistência da carga maior, a corrente é menor e o AOP
pode assumir uma faixa de frequências superior.
Um outro fator decisivo para a escolha de um AOP é, sem dúvidas, a resposta em frequência, ou
“BW” do inglês “Band Width”, que remete à Largura de Banda. Este parâmetro se refere à capacidade
de um AOP em operar com determinada faixa de frequências de sinal (quanto mais ampla melhor),
sem que o sinal sofra atenuações.
Em outras palavras, um sinal que possui variação de frequência, de um valor mínimo até um máximo,
é amplificado pelo AOP e, dentro dessa faixa, não sofrerá atenuação, se o BW do amplificador atender
à faixa de frequência do sinal. Normalmente, os fabricantes de AOPs informam esse parâmetro em
suas folhas de dados, por exemplo, o LM741, que possui um BW de 0,437 até 1,5 MHz, isso @ 25 °C
(NATIONAL SEMICONDUCTOR, 1998).
228
UNIDADE 8
Imagine se um músico, ao tocar seu instrumento musical, reproduzisse uma nota, que, ao ser
amplificada pelo seu equipamento, não fosse reproduzida. Como isso impactaria sobre a qua-
lidade da informação produzida?
Para entender melhor os efeitos da frequência, estudaremos o que ocorre em termos de frequência de
corte e taxa de atenuação. Observe a Figura 5:
229
UNICESUMAR
AV 1 AV (dB) 0
(8)
Além do mais:
AVO (máx)
AVO = (9)
2
Aplicando-se as propriedades de ganho em dB (decibéis) na Equação 9, fica (PER-
TENCE, 2015):
A (máx)
20 log AVO 20 log VO (10)
2
Quando utilizamos AOPs em nossos circuitos, devemos considerar as influências da
temperatura, conforme já mencionado anteriormente. Entretanto, para esta sensibili-
dade, há um termo denominado “DRIFT”, que é a capacidade de um AOP operar sob
influência da temperatura, em que o ideal seria que não houvesse qualquer variação
do seu comportamento. Na prática, porém, a maioria dos AOPs possui certa sensi-
bilidade que pode comprometer o sinal amplificado por este componente.
Em termos de variação de tensão do sinal por conta da temperatura, a represen-
tação dada nas folhas de dados é DDVt , e a unidade de medida para esta relação é mV/
ºC. Já a influência da temperatura, em um sinal em corrente, pode ser informada pela
DI
relação Dt , que, por sua vez, é dada em nA / °C . Para o exemplo do LM741, temos
um DRIFT de 15mV/ºC e 0, 5 nA / °C (NATIONAL SEMICONDUCTOR, 1998, p. 2).
Devemos entender que há, também, influência da temperatura sobre a resposta
em frequência, que pode diminuir a banda de frequência de um AOP, durante sua
operação, conforme observado na Figura 6:
230
UNIDADE 8
231
UNICESUMAR
Agora que já estamos mais familiarizados com os AOPs, estudaremos seu comportamento, quando
alimentamos seus circuitos, afinal, estudamos componentes integrados que possuem terminais de-
dicados à alimentação em corrente contínua e que possuem limites em baixas amplitudes, podendo
ser alimentados com fontes simétricas ou não. Os AOPs, normalmente, apresentam terminais para
alimentação que são identificados como V+ e V-, indicando a tensão positiva e negativa para alimen-
tação simétrica e V+ e GND para monoalimentação (uma única fonte de tensão positiva e GND).
OFFSET NULL 1 8 NC
INVERTING INPUT 2 7 V+
NON-IVERTING 3 6 OUTPUT
INPUT
V- 4 5 OFFSET NULL
Observe, na Figura 7, os símbolos V+ e V-, indicando a alimentação simétrica, adquirida com o uso de
uma fonte de alimentação simétrica ou a partir de uma fonte de alimentação mono saída e um circuito
que fixa uma referência e duas tensões, sendo uma positiva e outra negativa.
É importante salientar que a alimentação de circuitos eletrônicos deve ser constante para garantir
os resultados esperados por suas funções, logo, é importante que a fonte de alimentação seja regulada.
Para estes casos, existem reguladores de tensão integrados com 3 terminais capazes de regular a tensão
de alimentação, em canal único de tensão ou em fontes simétricas.
A família LM340 oferece uma gama de reguladores de tensão (78xx) que podem atuar em diferentes
valores de saída com proteção interna contra curto-circuito, sobreaquecimento, sobrecarga etc., devendo-se
prever sempre valor de tensão de entrada pouco superior ao valor da tensão da saída, por exemplo, o modelo
LM7812, que regula a tensão na saída em 12 V, com entrada mínima de 14,6 V em 1 A de corrente máxima.
A família de reguladores de tensão oferece reguladores positivos (família 78xx) e negativos (família
79xx), que permitem a produção de fontes de alimentação simétricas. Ambos em encapsulamentos de
3 terminais, podendo ser encontrados no formato SMD e para montagem, por meio de furos PTH -
Pin Through Hole (pinos por meio de furos) na placa de circuito impresso.
Normalmente, os encapsulamentos through-hole para a família 78xx ou 79xx utilizam o modelo
TO-220, que permite o acoplamento de dissipador de calor, por meio de base metálica e parafuso, que
auxilia na troca de calor com o meio, quando a potência dissipada pelo encapsulamento é elevada.
232
UNIDADE 8
(a)
(a) (b)
(b)
(a) (b)
Figura 9 - Encapsulamentos utilizados para reguladores de tensão: (a) SOT-223 e (b) TO-252
A Figura 11 mostra um circuito sugerido pelo fabricante Fairchild Semiconductor, em que são utilizados
dois reguladores de tensão integrados, um positivo (LM7815) e outro negativo (LM7915). Eles possuem
sua referência (GND) comum com entrada em 40 V (+20 e - 20 V) e produzem, na saída, as tensões
de +15 V e -15 V medidas a partir do GND.
(b)
233
UNICESUMAR
1 3
LM7815
+20V +15V
0.33μF 2
0.1μF
1N4001
+ 2.2μF
1μF +
1
1N4001
2 3
MC7915
-20V -15V
Figura 10 - Regulador simétrico com 7815 e 7915 Fonte: Fairchild Semiconductor (2006, p. 25).
A realimentação (ou feedback, do inglês) é um recurso utilizado com AOPs, em que a tensão da saída
é amostrada na entrada, de modo que seja possível realizar uma série de operações de amplificação,
com o fator de realimentação que estudaremos, na sequência. Quando você pensa em um controlador,
o que vem a sua mente? Um equipamento capaz de manter estável uma variável de interesse. Como,
porém, um sistema de controle pode estabilizar o valor de uma variável? Como é a relação entre o
valor desejado e o valor real?
Em aplicações de controle, normalmente, temos que imaginar uma maneira de mensurar a variável
de interesse ou variável do processo (conhecida como “Process Variable” – “PV”), e posteriormente
compará-la com a variável desejada, denominada Setpoint (SP). O processo de medição consiste em
um elemento sensor que insere o sinal da saída “de volta” na entrada, para que haja essa comparação e,
então, os ajustes adequados. Quando o circuito possui esta arquitetura, afirmamos que há realimentação.
A Figura 11 mostra um diagrama, em que um estágio de amplificação é representado. Observe os
termos, em que “ Vi ” é a tensão de entrada ou “setpoint”,“ V f ” é a tensão de realimentação ou feedback,
e “ Vd ” é tensão de desvio entre Vi e V f . A tensão que está presente na saída (“ VO ”) é amostrada na
entrada, pelo circuito que forma o fator de realimentação “ B ”.
Vi Vd AV
+ Vo
-
Vf
234
UNIDADE 8
Vd Vi V f (11)
VO = Vd . AV (12)
(14)
VO
Vi V f
AV
Sabendo-se que:
V f = B.VO (15)
VO
Vi B.VO (16)
AV
VO AV (17)
Vi 1 B. AV
Como a relação
VO
de ganho associa-se à tensão de saída, dividida pela tensão de entrada,
temos que Vi seja substituído pelo termo AVf , que ilustra o ganho de tensão em
malha fechada, também conhecido como “equação de Black” (Equação 18).
AV (18)
AVf
1 B. AV
235
UNICESUMAR
236
UNIDADE 8
VO (V) vi
VO (V) vi
vO
vO
0
0
t (ms)
t (ms)
(a)
(a)
VO (V)
VO (V)
Saturação positiva
14
Saturação positiva
região de operação
14 linear
0 região de operação
V d (μV)
linear
Saturação negativa
0 -14 V d (μV)
(b)
Saturação negativa
-14 Figura 12 - Saturação do AOP:
(a) sinal alternado e (b) sinal
contínuo
Fonte: adaptada de Pertence
(b) (2015).
Quando olhamos para o funcionamento do sinal na saída do AOP, em termos dinâmicos, devemos
estudar o “Rise Time” ( Tr ), que significa o tempo de subida do sinal, variando de 10% a 90% do seu
valor final, medido em ms. No caso do LM741, Tr=0,3ms (PERTENCE, 2015). Esse parâmetro é muito
importante, quando comutamos dispositivos em alta velocidade, que podem ser, por exemplo, o con-
trole de posição e o chaveamento e altas frequências em conversores estáticos. O atraso do sinal pode
significar problemas de dissipação de potência e, até mesmo, baixa eficiência.
Além do Tr , também temos um fator importantíssimo denominado “overshoot”, que representa a
ultrapassagem do sinal de saída do AOP em regime transitório ao seu valor final, mensurada em per-
centual de sobreposição ao valor final da saída em regime permanente. Em outras palavras: é a medida
percentual de quanto o sinal de saída ultrapassa o valor final, enquanto transita para a máxima tensão
prevista, antes de tornar-se constante ou sem alteração.
237
UNICESUMAR
O fator overshoot pode prejudicar um sinal e, por isso, deve ser minimizado.
Normalmente, as folhas de dados dos AOPs trazem o percentual de overshoot que o
modelo pode apresentar e, de acordo com o nível de sinal, é possível calcular sua
amplitude relativa como %VOVS , dado na Equação 20.
VOVS
%VOVS = .100 (20)
VO
No caso do LM741, o overshoot e o Tr estão na resposta transitória do AOP e apre-
sentam os seguintes valores:
Overshoot: 5%
Rise Time: 0,3 ms
A Figura 14 apresenta o conceito de Tr e de overshoot para que você possa relacionar o efeito do tempo
de subida e a sua ultrapassagem.
VO (V)
overshoot
VO
90%
10%
0
Tr t (ms)
O ganho de tensão serve para amplificar sinais de baixa amplitude, na ordem de mV, para sinais de
amplitudes maiores, da ordem de V, como no caso dos sensores que detectam variáveis e enviam si-
nais de baixa amplitude. Um exemplo seria os sensores de temperatura termopares que são sensíveis a
variações de temperatura e, de acordo com este estímulo, produzem em suas saídas sinais de tensão,
da ordem de mV, muito úteis para a instrumentação industrial em diversas áreas aplicadas.
238
UNIDADE 8
Chegamos ao final desta unidade e, agora, chegou a hora de exercitar o que aprendemos até aqui.
239
Para a memorizar o conteúdo dessa unidade, praticaremos o que aprendemos, utilizando-nos do
mapa conceitual:
Overshoot DRIFT
Resistência de Fator de
entrada AOP realimentação
Resistência de Equação de
saída Black
Resposta em
Saturação
frequência
240
Agora, você, estudante, deve realizar o preenchimento do seu mapa conceitual, na Figura 16, inserindo
os dados, de acordo com o significado de cada parâmetro dado na Figura 15.
AOP
MAPA MENTAL
241
1. Em um circuito de condicionamento para instrumentação médica, uma capsula piezelétrica
capta as vibrações do coração do paciente e produz um sinal que varia de 0 a 20 mV, faixa
de tensão que deve ser amplificada para que um microcontrolador possa integrar os dados
com variação proporcional de entrada de 0 a 5 V. A partir destas informações, assinale a
alternativa correta:
a) O rise time do AOP é de 400 ms.
b) O ganho do amplificador deve ser igual a 250 .
V
c) O slew-rate do AOP é de 250 ms .
d) A frequência de corte do amplificador é de 1000 Hz .
e) O ganho do amplificador deve ser igual a 250 dB .
AGORA É COM VOCÊ
242
2. Um AOP apresenta comportamento de atenuação, dado pelo gráfico da imagem, a seguir.
Analise a curva identificada como “A” no gráfico, que representa o seu ganho em malha aberta
e, depois, assinale a alternativa correta:
243
3. Um circuito de controle de temperatura atua com setpoint 25 °C , enquanto que a tempera-
tura do ambiente, atualmente, é de 30 °C . Sabendo que o AOP atua com ganho de 150 , as-
244
1. B.
Solução:
Dados:
vout = 5 V
vin 20 mV 20.10 3 V
vout = A.v in
vout
A=
v in
5
A
20.10 3
A = 250
245
3. C.
Solução:
Dados:
SP Vi 25 C
PV V f 30 C
AV = 150
Relação mV por º C : 20 mV por ºC .
Vd Vi V f
Vd 25 30
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
Vd 5 C
Aplicando-se a conversão mV por º C , fica:
20.10 −3.(−5)
−100.10 −3 V
Logo, Vd 5 C 100.10 3 V
VO = Vd . AV
VO 100.10 3.150
VO 15 V
246
ANALOG DEVICES. Low Power, 350 MHz Voltage Feedback Amplifiers: AD8038/AD8039. Nor-
wood, 2009. Disponível em: https://www.analog.com/media/en/technical-documentation/data-sheets/
AD8038_8039.pdf. Acesso em: 4 dez. 2020.
NATIONAL SEMICONDUCTOR. LM74: Operational Amplifier. Santa Clara, 1998. Disponível em: https://
pdf1.alldatasheetpt.com/datasheet-pdf/view/9027/NSC/LM741.html. Acesso em: 4 dez. 2020.
PERTENCE, A. J. Eletrônica Analógica: Amplificadores Operacionais e Filtros Ativos. 8. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2015.
Referências on-line
1
Em: http://www.soundrecordinghistory.net. Disponível em: 4 dez. 2020.
REFERÊNCIAS
247
MEU ESPAÇO
248
9
Circuitos com
Amplificadores
Operacionais
Me. Nome do Professor
Você já observou os painéis de instrumentos dos veículos modernos, cheios de recursos eletrônicos
utilizados para medir a velocidade, volume de combustível no tanque (calculado a partir do nível),
rotações por minuto do motor e, no caso de veículos elétricos modernos, instrumentos que medem o
quanto o veículo consome ou gera energia em seu movimento? O que, afinal de contas, esses instru-
mentos de medida têm a ver com os AOPs e a eletrônica?
Para realizar medidas, utilizando a eletrônica, podemos contar com soluções embarcadas, baseadas
em microcontroladores, em que é possível detectar o valor da variável e indicá-la por meio de um
mostrador (display) ou a partir do movimento de ponteiros estimulados magneticamente, além de ter
a possibilidade de salvar, na memória, amostras dos valores assumidos no tempo para cada variável.
Os recursos de digitalização, utilizados para converter variáveis analógicas (nível do tanque de com-
bustível, velocidade, temperatura da água, rotações por minuto etc.), necessitam de condicionamento
e conversão para, posteriormente, serem processados por um microcontrolador. Assim, os AOPs,
resistores, capacitores e demais componentes são utilizados para a composição de filtros, estágios de
ganho, detectores de pico, entre outros circuitos, que juntos formam um estágio de condicionamento.
Este, por sua vez, é responsável por atribuir os ganhos necessários ao sinal para compatibilizá-lo, elimi-
nar os componentes de frequência indesejados (filtros), ajustar os potenciais dos sinais para posterior
amostragem e detecção de sua máxima amplitude para entrega ao circuito de processamento.
Os AOPs são necessários para atribuir ganhos, filtrar, compatibilizar, amplificar, detectar o pico de
amplitude dos sinais, além de outras operações inerentes ao processo de condicionamento, utilizados
na instrumentação eletrônica moderna, em aplicações veiculares e, principalmente, em dispositivos
industriais e máquinas inteligentes.
Com base no conhecimento que temos a respeito dos AOPs e suas aplicações em condicionamento
de sinais, relacione em uma lista, 10 instrumentos eletrônicos que são utilizados para a medição de
variáveis e possuem mostradores digitais, conforme o exemplo dado no Quadro 1.
Quadro 1 - Instrumentos eletrônicos e suas funções
Fonte: o autor.
250
UNIDADE 9
Como seria possível integrar os dados dos sensores de um avião aos diversos computadores respon-
sáveis por controlar a trajetória de uma aeronave, informando aos pilotos sobre a altitude, velocidade,
quantidade de combustível, pressão interna, temperatura e demais variáveis importantes para que a
viagem possa ser realizada de maneira plena e segura, sem a utilização de circuitos de condicionamento
de sinais baseados em AOPs?
Recordemos de um fato que ocorreu com muita frequência nas décadas de 80 e 90. Neste período,
no Brasil, muitos veículos eram fabricados com motor à combustão interna, baseados no combustível
Etanol, que em baixas temperaturas tem dificuldades para queima. Agora, imagine uma situação em
que você vive no período mencionado e acorda bem cedo, em uma manhã fria, pois tem um compro-
misso muito importante e inadiável em seu trabalho, mas, quando você vai dar a partida em seu carro
movido à Etanol, o motor não liga. Tenta varias vezes e não consegue partir, causando muita frustração.
Devido a limitações como essa, muitos avanços tecnológicos foram desenvolvidos para otimizar as
máquinas, de modo que os motores de veículos continuem a utilizar o Etanol e comportar-se de maneira
que independe (independe no sentido de controlar a variável de influência externa) da temperatura
para dar a partida, ou seja, funcionam de maneira aproximada, com temperaturas distintas, dentro
de uma faixa predeterminada. Como, porém, isso é possível? De que maneira a eletrônica analógica,
com o uso de AOPs e demais recursos de tecnologias embarcadas, pode contribuir para que problemas
como esse possam ser solucionados?
DIÁRIO DE BORDO
251
UNICESUMAR
252
UNIDADE 9
Este fato permite que os veículos modernos se adaptem aos dias frios e quentes. Ao injetar a quantidade
correta de combustível e ar na queima, permite-se aos carros modernos um funcionamento uniforme,
independentemente da temperatura, ao longo do ano.
Para dar sequência aos estudos de nossa disciplina, aprofundaremos nosso conhecimento nos
circuitos com AOPs e demais aplicações importantes da eletrônica analógica, em que você terá a
oportunidade de aprender mais sobre o condicionamento de sinais e as possibilidades em termos de
operações que possibilitam a medição, registro e manipulação de variáveis.
Estudaremos, agora, os AOPs aplicados em circuitos clássicos para entendermos suas funcionalida-
des, começando pelos circuitos lineares, a partir do conceito de realimentação negativa (RN). Observe
a Figura 2, ela mostra um circuito amplificador inversor com RN.
Rf
iƒ
R1 i1 iB1
a
-
Vi Vo
Vd +
b
Figura 2 - Amplificador inversor
com AOP
Fonte: adaptada de Pertence
(2015, p. 52).
O termo “inversor” é aplicado ao circuito neste caso, pois o sinal, na saída Vo é defasado em 180° do
sinal de entrada Vi . Neste circuito, que podemos analisar a partir da lei das correntes de Kirchhoff
(LCK), no ponto “ a ”, podemos concluir que (PERTENCE, 2015):
i1 i f iB 1 (1)
iB1 = 0 (2)
Sabendo que:
Vi Va
i1 (3)
R1
e
Vo Va
if
R f (4)
253
UNICESUMAR
va = 0
(6)
Vi Vo
0 (7)
R1 R f
Eo
AV = (8)
Ei
Trazendo para o conceito de ganho em malha fechada, fica:
Vo
Avf = (9)
Vi
Vo Va i1.R f (10)
V1 (11)
Vo 0 .R f
R1
254
UNIDADE 9
Concluímos que o ganho em malha fechada pode ser controlado a partir da realimenta-
ção negativa, e o sinal negativo indica defasagem de 180°, entre o sinal de saída e o sinal
de entrada. No caso de números complexos, a Equação 12 fica (PERTENCE, 2015):
Vo R f
Avf 180 (13)
Vi R1
Zif R1 (14)
Isso significa que, ao admitir um resistor R1 de alto valor para aumentar a resistência
de entrada, afetamos o ganho em malha fechada, uma vez que R1 é inversamente
proporcional ao valo de Avf . Já o fator de realimentação ( B ) é dado pela relação:
R1
B
R1 R f
255
UNICESUMAR
Rf
iƒ
R1 i1 iB1
a
-
Vi Vo
Vd +
b
Vi
256
UNIDADE 9
Casamento de impedâncias
buffer
Esses circuitos são conhecidos como “buffers”, utilizados de maneira diferente do usual pelos ampli-
ficadores, que impõe ganho de tensão sobre um sinal de entrada, nos buffers. O ganho é unitário, ou
seja, não há ganho sobre o sinal de entrada na sua saída, apenas a isolação entre a fonte do sinal e o
próximo estágio.
257
UNICESUMAR
-
Vo
+
Vi
Vo
Avf
= = 1 (18
Vi
Além disso o buffer, também, é conhecido como “seguidor de tensão”, pois a saída segue a entrada,
uma vez que para um buffer ideal, temos que:
• Vo = Vi
• Rin
• Rout = 0
As aplicações dos AOPs não param por aí. Temos muitas oportunidades para utilizar os amplificado-
res operacionais e, agora, iniciaremos o estudo do amplificador somador, que pode ser observado na
Figura 6.
258
UNIDADE 9
i1 Rƒ
R1 i1
V1
R2 i2
V2
-
RN iN + +
VN
Vo
-
i i1 i2 ... in (19)
Equacionando o circuito da Figura 8 com a lei de Ohm, temos que a tensão de saída Vo fica:
259
UNICESUMAR
Rf Rf Rf
Vo V1 V2 ... VN (20)
R1 R2 RN
Ou na forma simplificada:
V V V
Vo R f 1 2 ... N (21)
R1 R2 RN
Em termos gerais, podemos concluir que a tensão de saída é igual à soma ponderada
das tensões de entrada ( V1, V2 , ... , VN ). Há, entretanto, um ajuste que pode ser feito
para minimizar os efeitos da tensão de offset do AOP, definindo o valor de um resistor
de equalização “ Re ”, por meio da relação entre os resistores R 1, R 2, ... , RN em
paralelo, conforme a Equação 22 (PERTENCE, 2015):
Re = R1 / / R2 / /... / / RN (22)
i1 Rƒ
R1 i1
V1
R2 i2
V2
-
RN iN + +
VN
Vo
-
Re
260
UNIDADE 9
Se tivermos a situação em que R= 1 R=2 = ... RN= R f (os resistores devem ser
todos iguais entre R1 e RN ), podemos utilizar a seguinte relação para o cálculo da
tensão de saída:
(23)
Vo V1 V2 V3
E, se R=
1 R= ... RN
2 = = 3.R f , podemos calcular a tensão Vo :
(24)
V V ... VN
Vo 1 2
N
Exemplo resolvido:
Determine o valor da tensão na saída do circuito da figura seguinte:
100 kΩ
1 kΩ
3 mV
2 kΩ
10 mV -
+ +
Vo
-
261
UNICESUMAR
Solução:
Calculando-se pelo método simplificado:
Utilizando-se a Equação 21:
V V
Vo R f 1 2
R1 R2
Substituindo-se os valores dados, fica:
3
10.10 3
3 3.10
Vo 100.10
110 3
2.10 3
.
Vo 100.10 3 8.10 6
Vo 800 mV
Vo Rf
Avf1
Vi R1
100.10 3
Avf1
. 3
110
Avf1 100
Ganho do sinal de 10 mV :
Vo Rf
Avf2
Vi R1
100.10 3
Avf2
2.10 3
Avf2 50
262
UNIDADE 9
Vo 100.(3.10 3 ) 50.(10.10 3 )
Vo 300.10 3 500.10 3
Vo 800.10 3 V
Vo 800 mV
Agora, estudaremos mais aplicações dos AOPs nos circuitos em que se deseja obter a
diferença entre dois sinais de entrada, ou seja, os circuitos amplificadores diferenciais
ou subtratores.
Rƒ
R1 i1
V1 a
-
i2 Vd
V2 + +
b Vo
R2
curto-circuito -
R1 = R2 R3 virtual
Rƒ = R3
Neste circuito, podemos observar que, ao aplicar a lei das correntes de Kirchhoff
(LCK), no ponto “ a”, temos (PERTENCE, 2015):
V1 Va Vo Va
0 (26)
R1 R2
263
UNICESUMAR
R2
Vb . V2 (28)
R1 R2
Substituindo-se a Equação 28 na Equação 27, temos:
R2 R2
V2 . V2 Vo . V2 (29)
R1 R2 R1 R2 0
R1 R2
Então:
R2
Vo .(V2 V1) (30)
R1
Considerando que há o conceito de “curto-circuito virtual” entre os terminais de
entrada inversora e não-inversora, temos que (SEDRA; SMITH, 2012):
(31)
Vd VR 1 VR 2
Onde:
(33)
Vd R1.i1 R1.i1
Assim:
Rd = 2.R1 (34)
264
UNIDADE 9
Estudaremos, agora, os circuitos com AOP, muito utilizados em controle automático. São eles os cir-
cuitos diferenciadores e integradores. Estes circuitos podem envolver funções que utilizam o tempo
e são úteis, quando atuamos em antecipação de eventos e, também, com condições de operação, que
podem ser mais rápidas ou mais lentas, de acordo com a dinâmica de um processo a ser controlado.
Começaremos, então, nosso estudo pelo circuito diferenciador, que, como denuncia o próprio nome,
tem equacionamento descrito por uma equação diferencial, dado na Figura 10.
Rf
iƒ
i C1
a
-
V1 Vo
Vd +
b
Aplicando-se a lei das correntes de Kirchhoff (LCK), no ponto “ a”, podemos concluir que
(PERTENDE, 2015):
dVi Vo (35)
C 0
dt R f
265
UNICESUMAR
C1
iƒ
i R1
a
-
V1 Vo
Vd +
b
Aplicando-se a lei das correntes de Kirchhoff (LCK), no ponto “ a ”, podemos concluir que (PERTEN-
CE, 2015):
Vi dV
C 1 o 0 (37)
R1 dt
Que pode ser expresso como:
t
1
Vo Vi dt (38)
R1.C 1 0
266
UNIDADE 9
267
UNICESUMAR
26 °C
25 °C
24 °C
PV SP
O desafio do controlador automático é fazer com que a temperatura do processo se estabeleça dentro
dessa faixa, sem que ocorram distúrbios que possam ultrapassar os limites de tolerância. Para realizar
esta tarefa, a ação de controle a ser utilizada deve estar sintonizada com a dinâmica do trocador de
calor, ou seja, o controlador deve ter a mesma velocidade de resposta que o sistema de troca de calor
necessita, nem a mais, nem a menos.
A Figura 13 mostra um exemplo de controle de vazão automático, em que uma válvula de controle
é utilizada para manipular a vazão, por meio de sua abertura que ocorre de 0 a 100%, de acordo com
o comando enviado pelo controlador eletrônico, baseado em ações de controle, por exemplo, o PID.
A atuação da válvula (abertura ou fechamento) depende do sinal de erro enviado pelo sistema de
instrumentação industrial, que infere, diretamente, sobre as ações de controle, que, na saída, enviam
sinal elétrico proporcional à posição desejada. O mesmo raciocínio é utilizado para demais variáveis,
além da vazão.
268
UNIDADE 9
Figura 13 - Sistema de posicionamento de válvula: ação de controle realizada por controlador eletrônico
Controlar significa manter a variável de interesse dentro dos limites aceitáveis. Logo, quando um estí-
mulo externo faz com que a variável de interesse seja deslocada de seu ponto de operação para outro
valor, automaticamente um atuador deve ser acionado para estimular o retorno da variável de processo
para sua faixa de tolerância. Isso deve ocorrer na velocidade com que o processo ocorre.
Caso a ação de controle seja mais lenta do que a resposta do sistema, teremos problemas com atrasos
e a ação corretiva para “trazer de volta” o valor de PV próximo de SP. Desse modo, pode não conseguir
mais reverter a situação causada pelo estímulo de entrada (que normalmente pode ser um degrau, uma
rampa ou mesmo um sinal senoidal), ou, se agirmos com muita intensidade, com velocidade mais alta
do que o necessário, podemos induzir a PV a um comportamento oscilatório.
Os controladores eletrônicos baseados em ações de controle Proporcionais, Integrais e Derivativas
foram concebidos para responder ao estímulo introduzido a um sistema e podem ser implementados,
a partir da combinação de circuitos com AOPs que acabamos de estudar. Conheceremos, agora, um
controlador PID baseado em AOPs, mostrado na Figura 14:
269
UNICESUMAR
Z1 Z2
R2 C2
C1
R4
R1
R3
+ - a
+ + -
Vi
V + +
-
- Vo
-
Note que dois amplificadores operacionais são utilizados neste circuito. Desse modo, estudaremos sua
configuração a partir da análise das impedâncias Z 1 e Z 2 , levantando a sua função de transferência.
V (s) Z2
(39)
Vi ( s ) Z1
Em que:
R1 (40)
Z1
R1C 1s 1
e
R2C 2s 1 (41)
Z2
C 2s
Vo ( s ) R4
(43)
V ( s) R3
270
UNIDADE 9
Temos:
Vo ( s ) Vo ( s ) V ( s ) R4 R2 ( R1C 1s 1)( R 2C 2s 1)
Vi ( s ) V ( s ) Vi ( s ) R 3R 1 R2C C 2s
R4 R2 R1C 1 R2C 2 1
R1C 1s
R 3R 1 R2C 2 R2C 2s (44)
Vo ( s ) R 4 ( R 1C 1 R 2C 2) 1 R 1C 1R 2C 2
1 s
Vi ( s ) R 3R 1C 2 R2C 2
( R 1C 1 R 2C 2) s R 1C 1
Além disso, temos que um controlador PID é expresso como (OGATA, 2003):
Vo ( s ) T
k p 1 i Td s (45)
Vi ( s ) s
Onde:
k p é o ganho proporcional.
Ti é o tempo integral.
Td é o tempo derivativo.
Em que, a partir da Equação 44, podemos definir as constantes (OGATA, 2003):
1 (47)
Ti
( R1C 1 R2C 2)
R1C 1R2C 2
Td (48)
R1C 1 R2C 2
Uma vez que os ganhos dos estágios proporcional, integral e derivativos forem, res-
pectivamente: k p , ki e kd , então, fica:
R4 ( R1C 1 R2C 2)
kp (49)
R 3R1C 2
R4 (50)
ki =
R 3R 1C 2
R4 R2C 1
kd =
R 3 (51)
271
UNICESUMAR
272
Para fixar o conteúdo desta unidade, praticaremos o que aprendemos com esse mapa conceitual:
AMPLIFICADOR AMPLIFICADOR
INVERSOR SUBTRATOR
AMPLIFICADOR BUFFER
NÃO-INVERSOR
CIRCUITO
COM AOP
AMPLIFICADOR CONTROLADOR
SOMADOR PID
AMPLIFICADOR AMPLIFICADOR
DIFERENCIADOR INTEGRADOR
273
MAPA MENTAL
274
1. Um circuito amplificador inversor possui tensão de entrada, variando entre 0 e 50 mV , e
está configurado de forma que o ganho em malha fechada é de 100 vezes. Qual o valor da
tensão na saída, quando a tensão na entrada estiver a 30% de seu valor máximo? Assinale
a alternativa correta.
a) - 15 V.
b) 1,5 V.
c) - 1,5 V.
d) 3 V.
e) - 9 V.
275
1. C.
Solução:
Dados:
Valor da tensão na saída quando a tensão na entrada estiver a 30% de seu valor máximo.
30
.50.10 3 15.10 3 V
100
Cálculo da tensão na saída a 30% do sinal de entrada:
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
Vo
Avf =
Vi
Vo = Avf .Vi
Vo 100.15.10 3
Vo 100.15.10 3
Vo = 1, 5 V
Como é um amplificador inversor, a tensão na saída está defasada em 180° da tensão, na entrada, logo,
Vo 1, 5 V
276
2. D.
Solução:
Dados:
V1 = 25 mV
V2 = 50 mV
R1 = 10 kW
R2 = 4, 7 kW
R f = 100 kW
Calcule o valor de Vo para o amplificador somador.
25.10 3 50.10 3
Vo 100.10 3
10.10 3 4, 7.10 3
Vo 100.10 3 13, 138.10 6
Vo 1, 31 mV
Vo ( s ) T
k p 1 i Td s (52)
Vi ( s ) s
Onde:
k p é o ganho proporcional.
Ti é o tempo integral.
Td é o tempo derivativo.
277
OGATA, K. Engenharia de Controle Moderno. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
PERTENCE, A. J. Eletrônica Analógica: Amplificadores Operacionais e Filtros Ativos. 8. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2015.
278
279
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
280