Resenha Crítica - Modelo
Resenha Crítica - Modelo
Resenha Crítica - Modelo
Nome:
Curso: Data:
1 CREDENCIAIS DO AUTOR
______. Ensaio sobre a filosofia da Fisiologia do Gosto. Ciência & Conhecimento, v. 2, p. 93-
124, 2006.
2 RESUMO DA OBRA
O ponto principal do artigo gira em torno dos enfoques atribuídos ao Direito, enquanto
Ciência, portanto dotado de método sistematizado e natureza tecnicista e mecânica, e enquanto
obra da atividade social, da ação comunicativa da realidade fenomênica. Para dissertar sobre o
assunto o autor aborda a epistemologia (teoria do conhecimento, natureza, origem e validade
do conhecimento), que é posta em confronto entre a ideia Positivista e a Pós-Positivista de
realizar o Direito.
Certo é que há uma crise que afeta e gera angústia em relação ao Direito, os construtos
jurídicos já não são mais capazes de promover ajuste e adequação social (e talvez isto nunca
tenha acontecido, fruto apenas de um ideal construtivista fictício de realização material do
direito). A técnica das ciências naturais aplicadas ao direito ainda é uma realidade, e que não se
julgue enquanto incorreta, mas como meio mecânico de amoldar e conformar a aplicação da
norma à sociedade. Certo é também que a estrutura social é dinâmica, plural e mutável e a
técnica cientificista adotada não atinge aos anseios sociais. É preciso ter em mente que o Direito
trabalha com o fator social (humano). O homem, por sua natureza, não está constrito ao
completo, acabado, preestabelecido, mas ao imperfeito, ao não cientificado. A racionalidade
que o Positivismo Jurídico imprime ao direito é contraditória com esta natureza diversificada,
não previsível de existência humana.
Porém, oportunamente o Positivismo orienta sua postura para condicionar a ação
humana, direcioná-la, estabelecendo as verdades, criando construtos absolutos. O ideal de
emancipação do homem, defendido pelo modelo terminou por aprisioná-lo e a vontade
(autonomia e liberdade) ficou amarrada ao que estava descrito na norma como sendo
verdadeiro, portanto, como o correto a ser seguido. O direito positivo é repleto de
procedimentos e estabelecedor de parâmetros de conduta social (“standartizado”). A proposta
Pós-Positivista, que em verdade é moderna, indica não a mudança, ou a troca, mas a retificação
do itinerário pretendido pelo Positivismo, que fora interrompido ou mesmo corrompido em sua
essência de realizar a emancipação do homem alicerçada na autonomia e na liberdade.
Reavaliar esta “nova” proposta leva na quebra de pré-conceitos, a exemplo do rigorismo
normativista, da tecnicidade e mecanicidade da aplicação do direito, a da regra geral de
subsunção do fato social à norma jurídica abstrata. O homem é a matéria-prima da obra
comunicativa social, portanto, é desta atividade que deve sair o substrato do conhecimento
jurídico; desta perspectiva de dinâmica, diversidade, autonomia e liberdade é que se deve
refletir a adequação da norma jurídica. A intersubjetividade inerente às ações humanas não são
passíveis de redução pela sua própria natureza, em verdade são complexas, dotadas de uma
pluralidade de enredos sociais que não caminham entre o verdadeiro e o falso, mas no real, no
concreto. Assimilar a proposta Pós-Positivista remete a interpretação aberta do direito (método
jurídico aberto). Porém, uma interpretação que não parte da subsunção do caso à norma jurídica
(dedução - situação genérica para um caso particular.), mas ao contrário, da análise do caso
amolda-se e aplica-se a disposição ou as disposições normativas que possam sofrer um juízo de
adequabilidade à situação concreta (indução – do específico para o geral).
Importante considerar que a leitura Pós-Positivista valora o caso particular, mas não
pretende estabelecer uma técnica específica a se seguir, pois isto acarretaria num enraizamento
na aplicação do direito. Do mesmo modo, descaracteriza o construto de que o Direito é estatuto
cientifico porque sua base está calcada em fenomenologia social, ou seja, no que concerne ao
existencialismo humano.
4 CRÍTICA DO RESENHISTA
O artigo em análise aborda uma forma diferente de se perceber o Direito. Uma forma (e
não uma fórmula) que como qualquer outra é passível de críticas e falhas. Todavia, importante
considerar o exame que o autor faz sobre o modelo aplicado. Modelo este que não se ajusta a
adequabilidade social.
A aplicação do direito tem sua vertente numa interpretação bastante focada nos moldes
da Escola Exegética francesa. Ainda assume técnica interpretativa literal, de subsunção. Remete
ao pensamento de que o homem deve se ajustar as prescrições no sentido de que seu
comportamento deve estar precisamente descrito na norma positivada. O homem se torna
ferramenta a ser trabalhada e utilizada pelo direito (encontra-se subjugado), quando o contrário
deveria acontecer: o direito deve servir de instrumento para a ação do homem, pois o
conhecimento jurídico é obra da ação inventiva, modificadora e existencial da matéria humana.
O artigo ressalta esta incoerência, no sentido de que o direito está sendo elaborado para que o
homem, na sua condição humana (terminologia bem empregada por Hannah Arendt) se amolde
aos seus construtos.
A associação do Direito à ideia de Ciência é construto enraizado porque remete ao ideal
de algo preestabelecido, pragmaticamente pronto para uso e aplicação com segurança e certeza.
Mas ainda que possa gerar certa segurança e certeza (pois se trata de outro construto também
passível de contestação), faltam outros contributos (o termo contributo aqui empregado está
associado a ideia de anseio ou vontade social) que se espera na realização do direito, como
adequação, efetividade, eficácia e, talvez o mais importante, justiça.
O Pós-Positivismo não se prende a uma fórmula de aplicação, mas de realização do
conhecimento jurídico, desembaraçado das estruturas jurídicas pré-moldadas. Desatrela-se a
imagem do conhecimento jurídico da ideia de Ciência, retira-se assim o arcabouço cientifico,
pois trabalhar com o fator humano não é trabalhar com o preestabelecido e nem com o
previsível.
Poder-se-ia suscitar que a ideia de conhecimento jurídico sem um método específico,
ou sem seguir uma fórmula, ensejaria incerteza e insegura. E de fato esta precariedade pode
acontecer, pois o conteúdo humano é arriscado e remente a isto (incerteza). Não se está
trabalhando com um sistema matemático, resolvido e/ou exato e perfeito (ideia científica de
construção do conhecimento jurídico). Todavia, o construto mecânico do direito, da forma
como vem sendo aplicado, não encontra correspondência com ritmo imperfeito da dinâmica das
relações sociais. E assim, em razão de um “segurança” e de uma “certeza” precária (talvez
falida) se torna a adequação social.
5 INDICAÇÕES DO RESENHISTA
O artigo tem por objetivo discutir alternativas e oferecer sugestões para estudantes
universitários e pesquisadores, a fim de que possam realizar e desenvolver as próprias
pesquisas, na graduação e pós-graduação, utilizando-se do rigor necessário à produção de
conhecimentos confiáveis. É de grande auxilio, principalmente, àqueles que desenvolvem
trabalhos acadêmicos no campo da ciência social.
Não se trata de conteúdo previsto em manuais, com passos a serem seguidos, mas de
texto que apresenta os fundamentos à compreensão da natureza do conhecimento jurídico, bem
como orientações operacionais que contribuem para o desenvolvimento da atitude crítica
necessária ao progresso do estudo do Direito.