65 - São Geraldo Majella
65 - São Geraldo Majella
65 - São Geraldo Majella
GERARDO ou
GERALDO MAJELLA
EDITORIAL MISSÕES
CUCUJÃES
Autor: Rafael Maria López - Melús SÃO GERARDO MAJELA
Título original: San Gerardo Mayela
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Este facto repetiu-se bastantes vezes. lntrigada
com o caso, certo dia, uma das irmãs quis segui-lo
para ver se era verdade, e, de longe, presenciou,
com grande admiração, toda a encantadora cena.
Gerardinho limitava-se a dizer à mãe:
- "Mamã, este pãozinho foi-me oferecido por
um menino que brinca sempre comigo e que é fi
lho de uma mulher belíssima. Ele também é muito
formoso".
1 A irmãzinha não pôde conter as lágrimas e
chorou de emoção. Correu para junto da mãe e
contou-lhe tudo quanto tinha visto na capelinha de
Capotinanho.
Não havia dúvidas. O seu irmão Gerardo era
um santinho pois o Menino Jesus brincava com ele
como com o seu melhor amigo.
DISTINGUE-SE NA DOUTRINA
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AB
pai era alfaiate e a mãe, além das tarefas próprias
da casa, fazia uns campitos que possuíam como
pequenos agricultores.
Gerardo frequentou a escola desde muito pe
quenino, mas teve de a abandonar aos doze anos
porque, com a morte do pai, foi obrigado a ajudar a
economia da casa, que não era nada desafogada.
Na escola era muito querido - o mais querido
de todos- pelo professor. E isto por dois motivos:
porque era o melhor e o mais obediente e porque
era mais aplicado que todos os companheiros.
Sobretudo numa disciplina distinguia-se mais
que os outros: no Catecismo, que sabia de cor e
explicava como uma pessoa adulta.
Muitas vezes o mestre ficava admirado como
aquele menino já lhe fazia perguntas tão sérias e
difíceis para a compreensão de um menino da sua
idade. E, principalmente, com as explicações tão
elevadas que lhe dava.
Também era o companheiro mais apreciado por
todos os condiscípulos que ficavam sempre conten
tes com a sua companhia. Todos o convidavam para
jogar e sentiam-se orgulhosos em ser seus amigos.
Na escola era muito queridoporque era estudioso e obediente.
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A PRIMEIRA COMUNHÃO
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dentro de ti como fazem os adultos?" de ser uma boa pessoa e bom mestre. Mas tinha
- "Sim, Jesus, Tu bem sabes que tenho uma com ele um oficial que era exactamente o contrário:
ardente vontade de Te receber. " mau génio, iracundo, blasfemo . . .
E o próprio Jesus deu-lhe a Santíssima Euca Gerardo teve que o aguentar até ao limite das
ristia. suas forças para poder aprender e assim tomar
Mas a Primeira Comunhão, a que oficialmente conta da oficina que o pai lhe tinha deixado. Este
lhe permitia sentar-se já com os adultos à Mesa oficial aproveitava todas as ocasiões que se lhe ofe
do Altar, recebeu-a quando tinha dez anos, coisa reciam para mortificar o pobre Gerardo: castigava
nada usual naqueles tempos em que a Primeira -o , repreendia-o, dava-lhe empurrões, maltratava-o
Comunhão se fazia normalmente aos doze anos quanto podia. Gerardo, em troca, obedecia-lhe,
ou ainda mais tarde. respeitava-o e procurava fazer o melhor que podia
E o que mais espanta: ele continuava com gran quanto lhe mandava.
de ânsia de receber Jesus todos os dias. Permiti Por isso, com toda a razão, colocaram uma vis
ram-lhe que o fizesse duas vezes por semana. tosa lápide de mármore por cima da porta da que foi
A sua alegria quando chegava esse dia era a oficina de Pannuto: "Aqui foi a oficina de Pannuto,
incontível. . . da qual Gerardo fez uma escola de virtudes".
Talvez tenha passado nesta oficina de alfaiataria
APRENDIZ DE ALFAIATE e de santidade uns três anos. Durante eles foi-se for
jando no espírito de sacrifício e de santa paciência,
Quando o pai, Domingos Majella, morreu deixou virtudes em que Gerardo sempre se distinguiu.
apenas a pequena oficina de alfaiataria. Não havia Passados alguns anos, depois de bem prepa
mais ninguém a ganhar para sustentar a família.. rado, tomou conta da alfaiataria paterna em que se
Por isso, Benta, sua mãe, colocou-o como aprendiz distinguiu pela sua honradez, pela perícia na arte
em casa de um tal Martinho Pannuto, que tinha fama da tesoura e da agulha, e, sobretudo, na virtude da
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caridade em que já brilhava.
Durante este tempo começou também a fazer
grandes milagres a que não dava nenhuma impor
tância. Mais ainda: via-os como algo natural mas
as pessoas tinham-nos como autênticos portentos
sobrenaturais.
PREPARANDO O CAMINHO
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ligava importância.
·Tinha um tio carnal que era provincial dos reli
giosos capuchinhos e pediu-lhe para ser admitido
na Ordem. Ao ver que Gerardo não gozava de
saúde robusta, pensando que não seria capaz de
observar a regra tão dura da sua Ordem, pediu-lhe
que desistisse deste sonho.
Vendo que as portas do convento �e lhe fecha
vam, chegou ao seu conhecimento que o bispo de
Lacedónia, Mons. Albini, precisava de um criado.
Porque era doente e possuía um temperamento
muito irascível, ninguém aguentava mais de um mês
ao seu serviço. O nosso Gerardo de tal forma se
dedicou a ele e com tanta humildade aceitou toda a
espécie de impropérios .. . que o acompanhou com
grande caridade até à morte, que aconteceu três
anos depois de ter entrado ao seu serviço.
Durante este tempo aconteceu aquele famoso
milagre realizado por São Gerardo: estava um dia
tirando água de um poço quando lhe caiu a chave
do palácio. Gerardo não se perturbou. Atou uma
imagem do Menino Jesus a uma corda e desceu
-a até ao fundo do poço para que lhe apanhasse
Atou uma imagem do Menino Jesus a uma corda, e desceu-a até
a chave. Assim o fez o Menino Jesus obediente à ao fundo do poço.. .
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voz do amigo. Ainda hoje se chama a este poço o
Poço de Gerardito.
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bem no mundo. seguiu que o seu Pároco lhe entregasse a chave da
A mãe de Gerardo, temendo que ele fosse com igreja para poder entrar quando quisesse.
os missionários, não pensou noutra coisa se não Se as paredes daquela igreja pudessem falar
fazer o que faziam as mães com os filhos e as es revelar-nos-iam imensos segredos!. . . Fechava a
posas com os maridos no tempo de São Bernardo: porta e ali rezava, se disciplinava, cantava e até
fechou-o num quarto. Mas o Senhor, quando tem dormia muito à vontade porque sabia que Alguém
os seus planos, leva-os até ao fim. O jovem Gerar velava pelo seu sono.
do fez uma corda com os lençóis e, agarrando-se Em certa ocasião Jesus falou-lhe do sacrário e
a ela, desceu pela janela . . . juntou-se ao grupo de disse:
redentoristas e, por fim, o padre Cafaro não pôde - i Louquinho! Louquinho!".
fazer mais nada senão aceitá-lo entre os seus pen A isto Gerardo respondeu:
sando que aquilo duraria muito pouco tempo. Mas - "Mais louco és Tu, Jesus, que estás aí encer
não foi assim. rado por meu amor".
Gerardo abraçou em cheio a vida de Irmão Quando lhe levantaram a calúnia, de que fa
Redentorista e foi sempre muito querido por todos. laremos mais adiante, o maior castigo que lhe foi
Tornou-se um exemplo para Irmãos e Sacerdotes. imposto e o que mais o magoou foi, sem dúvida
alguma, a proibição que lhe fez Santo Afonso de
"LOUQUINHO! LOUQUINHO!" não se aproximar da comunhão até nova ordem.
Um dia chegou um Padre redentorista de fora
Já recordámos atrás quanto ele amava Jesus e disse-lhe:
Eucaristia. O seu grande amor à Virgem Maria e à - Irmão Gerardo, ajude-me à Missa.
Eucaristia eram tudo para ele. - Não posso, Padre. Lamento muito.
Já antes de ingressar na vida religiosa passava - Mas . . . como?! Não és tu Frei Gerardo. . . de
noites inteiras de vigília diante do sacrário. Até con- Jesus?
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- Sim, Padre, mas não posso ajudar-lhe nesta
ocasião.
- Bem, já sei que estás proibido de comungar . ..
mas não estás proibido de ajudar à missa. . .
- Perdoe-me, Padre, mas não posso, porque se
lhe for ajudar à Missa, quando chegar ao momento
da comunhão e vir Jesus nas suas mãos, ninguém
me poderá deter e . . . irei roubá-lo. . .
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senão encerrá-lo numa espécie de cárcere' para
cumprir o merecido castigo.
Gerardo tinha aprendido muito bem o valor da
obediência que é muito maior até que o do próprio
sacrifício, apesar dele também ser era sumamente
devoto de toda a espécie de mortificações.
Os próprios superiores deviam estar atentos
para ver o que mandavam ao Irmão Gerardo pois
ele tomava tudo ao pé da letra como sucedeu em
certa ocasião quando alguém lhe disse:
- Anda! Mete-te no forno!
Ele estava disposto a fazê-lo se não tivesse apa
recido alguém a dizer-lhe que não fizesse tal coisa.
Estava ele ainda no cárcere, qua.1do, um dia, o
Padre Afonso pensava de si para consigo:
- Eu ficaria absolutamente seguro da sua ino
cência se ele, neste momento, se apresentasse aqui
diante de mim.
Ainda estava a pensar nisto quando se abriu
a porta e, com grande admiração de todos, ele se
aproximou do Santo e lhe disse:
- Padre, que deseja de mim pois me chamou?
Santo Afonso levantou-se e manifestou em pú
blico o que acabava de acontecer, declarando que
Padre, que deseja de mim pois me chamou?
o Irmão Gerardo era totalmente inocente. . .
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A SUA LOUCURA PELA MÃE
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lava com Ela como com o melhor amigo ou com a
mais terna Mãe. Não tinha segredos para com Ela.
Confiava-lhe todos os problemas e assuntos.
Quando realizava os maiores milagres tirava-lhes
toda a importância porque não era ele quem os fazia
mas a Virgem Maria a quem tinha recorrido.
Estava unido por uma terna e puríssima amizade
às religiosas carmelitas para as quais encaminhou
muitas e selectas vocações e não há dúvida de
que elas também colaborariam para que Gerardo
aumentasse e vivesse esta grande devoção à Vir
gem Maria.
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arrebatado uma embarcação com os seus pas Todos os pobres que batiam à portaria do con
sageiros a bordo, que, de certeza, estavam todos vento sabiam que o Irmão Gerardo seria o seu
afogados. Ao ouvi-lo, sem pensar duas vezes, ati socorro e consolo . . .
rou-se à água como estava vestido e perdeu-se no
meio das ondas embravecidas até arrastar a barca A PAIXÃO DE CRISTO E A SUA
para a terra puxando-a como se fosse um pacote de
pouco peso e salvando todos os tripulantes e tudo Foram três as principais devoções que ao longo
o que nela levavam. de toda a vida praticou o nosso Irmão Gerardo: a
Passou por diversos conventos, para onde foi Eucaristia, a Virgem Maria e a Paixão do Senhor.
destinado pela obediência, deixando um rasto de Ele conhecia muito bem, pelo menos na prática,
santidade, de trabalho e de fiel observância. Só de a doutrina que recorda S. Paulo de "completar no
uma coisa tinham medo os Padres administradores: nosso corpo o que falta à Paixão de Cristo". O Irmão
que deixasse yazia a despensa ou o celeiro. Quando Gerardo procurava sempre reflectir em si mesmo a
chegavam os pobres costumava entrar na despensa imagem do Cristo Paciente. Procurava reproduzir na
e acabar com tudo . . . sua vida todos os tormentos da Paixão e Morte do
Mas não ern detrimento da própria comunidade. Senhor. Para isso aplicava a si mesmo disciplinas
Antes pelo contrário. Assim o demonstrou o P. Caio até derramar sangue por Jesus Cristo.
ne que viu, maravilhado, que quanto mais coisas e Mesmo antes de ser redentorista, já procurava
móveis o Irmão Gerardo dava aos pobres . . . mais ganhar a amizade dos rapazes para que lhe dessem
se enchiam os depósitos da comunidade. pancadas e lhe batessem com fúria levando-os a
Sentia um afecto especial por uma categoria de acreditar que lhe faziam um grande favor em vez
pessoas: os mais pobres e os mais doentes. Para de lhe causarem dor.
eles nunca regateava horários ou gastos. Quando, durante três anos, esteve ao serviço
Tudo era para eles e por eles. do singular bispo de Lacedónia, Mons. Albini, con-
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seguiu dos outros criados esta mesma graça: a de
que todos os dias o açoitassem barbaramente e que
proferissem contra ele toda a espécie de impropé
rios, para assim se assemelhar mais e melhor ao
Salvador Paciente, ao Servo de Javé.
Até conseguiu que, mais de uma vez, o arrastas
sem pelas ruas empedradas de Muro, sua aldeiazi
ta. Até teve, certa ocasião, a grande alegria de ser
crucificado à imitação do Mestre, numa Sexta-feira
Santa, na representação de um acto teatral. Mas
pediu aos que faziam de soldados que o atassem
e cravassem de veras para que a cena resultasse
mais real.
Ainda se conservam em Nocera Pagani as estre
las de ferro e os pungentes cilícios com um pequeno
dístico que informa o piedoso visitante: "Disciplina e
cilícios usados por São Gerardo Majella" . . .
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