Tutoria UCXVI - Problema 3
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sintomas afetivos na esquizofrenia devem ser breves em relação aos critérios essenciais. Outros fatores que ajudam no
diagnóstico diferencial incluem história familiar, história pré-mórbida e resposta ao tratamento. Em certos transtornos
de personalidade podem ocorrer sintomas que se assemelham ao da esquizofrenia, como transtornos de personalidade
paranoide e borderline. Geralmente, se ocorrem sintomas psicóticos, estes são transitórios e não proeminentes.
Os quadros de retardo mental podem apresentar distúrbios de comportamento e de humor que sugerem
esquizofrenia. Contudo, o retardo mental não envolve sintomas claramente psicóticos e apresentam nível constante de
funcionamento em vez de deterioração.
Quadros ansiosos e dissociativos devem, também, ser lembrados no diagnóstico diferencial da esquizofrenia.
- Quadros orgânicos com manifestação esquizofreniforme: diversas condições clínicas apresentam-se com
sintomas semelhantes aos da esquizofrenia. A presença de alteração de nível de consciência e desorientação
temporoespacial, configurando um quadro de delirium, permite suspeitar de um transtorno mental agudo. Por outro
lado, nos quadros orgânicos crônicos, podem ocorrer alterações de memória, deterioração intelectual, prolixidade e
labilidade afetiva. Os delírios e alucinações costumam ser menos sistematizados e pode haver comprometimento da
cognição e sinais de lesão do SNC. A ocorrência de alucinações visuais também é sugestiva de um transtorno
orgânico. Muitas vezes, no entanto, o quadro clínico é muito semelhante, sendo necessária a realização de exames
complementares para exclusão de possíveis causas orgânicas. Os exames complementares estão indicados,
principalmente, em pacientes com início do quadro após os 40 anos de idade. É importante suspeitar de condições
orgânicas especialmente quando houver uma apresentação atípica ou variação do nível de consciência.
Principais quadros orgânicos com manifestação esquizofreniforme
Doenças do sistema nervoso central: - Deficiências vitamínicas;
- Infecções: sífilis, Aids, tuberculose; - Distúrbios metabólicos: insuficiência renal,
- Tumores; insuficiência hepática, hiponatremia, hipercalcemia,
- Doenças degenerativas, doenças desmielinizantes e hipoglicemia;
malformações; - Abuso de substâncias (intoxicação aguda,
- Epilepsia, especialmente do lobo temporal; dependência ou síndrome de abstinência): álcool,
- Traumatismos cranioencefálicos. estimulantes (anfetaminas e cocaína), alucinógenos
Quadros sistêmicos: (LSD) e cannabis;
- Infecções; - Medicamentos: corticoides, estimulantes (efedrina),
- Doenças autoimunes: LES, e outras doenças do anticolinérgicos, dopaminérgicos (L-dopa, amantadina,
colágeno; bromocriptina) e outros (digitálicos, dissulfiram e
- Endocrinopatias; metoclopramida).
- Intoxicações com metais pesados;
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Os APs atípicos atuam em outros sítios da dopamina e podem ter ação em outras vias neurotransmissoras. São
medicações mais bem toleradas e mais eficazes no tratamento de sintomas negativos, porém de alto custo. Os
antipsicóticos atípicos podem ser indicados nos casos de intolerância aos APs típicos ou nos pacientes em que existe
uma chance maior de ocorrer sintomas extrapiramidais. A clozapina é reservada para os casos em que há resistência a
outros APs, não devendo ser utilizada como primeira escolha, devido ao risco de complicações hematológicas
(agranulocitose).
O tratamento do primeiro episódio deve ser iniciado com doses baixas de um neuroléptico de segunda geração,
com aumento gradual da dose semanalmente. Os APs podem demorar de 3 a 8 semanas para produzir algum efeito. Se
não houver resposta satisfatória dos sintomas após este período, deve-se trocar por um neuroléptico de outra classe
farmacológica. A medicação deve ser mantida por um mínimo de 6 a 12 meses após a remissão dos sintomas. Nos
episódios psicóticos agudos, em que há extrema agitação e agressividade, podem ser utilizados neurolépticos
injetáveis (intramuscular), até que a medicação oral atue eficazmente. Quando o paciente apresenta estabilização da
sintomatologia, é indicado manter a menor dose possível da medicação, com o mínimo de efeitos colaterais e prevenir
recaídas.
Nesta fase, é possível utilizar medicações injetáveis de liberação lenta (depot ou de depósito), melhorando a
adesão ao tratamento. Porém o tratamento da esquizofrenia não deve se limitar à farmacoterapia, sendo fundamental o
recurso a estratégias multidisciplinares que tratem do paciente em seu meio, dando suporte em questões como
trabalho, lazer e moradia, e que visem também a dinâmica familiar. A internação deve ser vista como uma medida
extrema, de curta duração, a que se recorre para proteção (e não exclusão) do paciente, quando outros meios tiverem
falhado.
As drogas antipsicóticas estão associadas a eventos adversos, os quais contribuem para a má adesão do
paciente ao tratamento. O sistema extrapiramidal é a parte do sistema nervoso central, não incluída no sistema
piramidal, que está relacionada ao controle das funções motoras. Os quadros sintomáticos relacionados às suas
disfunções são: acatisia aguda, distonia aguda, parkinsonismo, discinesia tardia e síndrome neuroléptica maligna.
- Acatisia aguda
Transtorno do movimento caracterizado por sensação subjetiva de inquietude interna e irritabilidade ou disforia,
que podem ser intensas. Associado a isso, observam-se sensação física e objetiva de desconforto e movimentos
alternados dos pés ou balanço alternado das pernas quando sentado. O quadro pode deixar o paciente agitado, sentar e
levantar repetidamente, e fazê-lo andar incessantemente e no mesmo lugar, como tentativa de aliviar o sofrimento
causado pela sensação de desassossego. Os sintomas são principalmente motores e não podem ser controlados pela
vontade do paciente.
A acatisia pode aparecer a qualquer momento durante o tratamento, mas ocorre mais frequentemente nos três
primeiros meses da farmacoterapia. Sua ocorrência associa-se não somente à administração aguda do antipsicótico,
mas também ao recente aumento da dose, acometendo principalmente indivíduos jovens. A acatisia pode ser
confundida com agitação psicótica ou ansiedade. Reconhecida e diagnosticada a condição, a dosagem do antipsicótico
deve ser reduzida ao mínimo eficaz. Apesar de não haver evidências científicas, a prática clínica tem demonstrado
alguns benefícios através do uso de betabloqueadores (propranolol, de 40-120 mg/dia, VO) ou benzodiazepínicos
(clonazepam, de 2 a 6 mg/dia). Outra intervenção terapêutica possível é a mudança do antipsicótico, preferencialmente
para os de segunda geração.
- Distonia aguda
São movimentos involuntários provocados por contrações ou espasmos musculares lentos e contidos. A distonia
pode acometer o pescoço (torcicolo espasmódico), a mandíbula (abertura vigorosa da boca resultando em
deslocamento da mandíbula ou trismo), língua (protrusão) e o corpo todo (opistótono). O envolvimento dos olhos
pode resultar em uma crise oculogírica, caracterizada por um movimento dos olhos para o lado e para cima. A distonia
pode ser dolorosa e assustadora, prejudicando a adesão ao tratamento.
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A incidência é mais observada em indivíduos do sexo masculino, de idade jovem (< 30 anos). Embora seja mais
comum com doses intramusculares de antipsicóticos de alta potência, a distonia pode ocorrer com qualquer
antipsicótico. O diagnóstico diferencial é feito principalmente com estados catatônicos e convulsões.
O tratamento deve ser imediato e com o uso de agentes anticolinérgicos, preferencialmente por via
intramuscular (biperideno, 4 mg, uma ampola IM).
- Parkinsonismo
Transtorno do movimento caracterizado pela tríade: tremor, rigidez muscular e bradicinesia. O tremor
geralmente é rítmico, presente no repouso, e pode afetar membros, cabeça, boca e língua. Um tremor focal e perioral,
ocasionalmente chamado de síndrome do coelho, também pode ser observado. Além disso, o paciente pode apresentar
marcha oscilante e postura encurvada. O início do quadro ocorre entre duas e quatro semanas após a introdução ou o
aumento da dose do antipsicótico. O diagnóstico diferencial inclui outras causas de parkisonismo e depressão, que
cursa com inibição psicomotora. As estratégias terapêuticas envolvem a redução da dose ou mudança do antipsicótico,
bem como a farmacoterapia antiparkisoniana (biperideno, 2-6 mg/dia).
- Discinesia tardia
A discinesia tardia caracteriza-se por movimentos anormais, irregulares, involuntários, coreoatetoides e
repetitivos. Os movimentos dos dedos das mãos ou dos pés, assim como os movimentos periorais – movimentos
mastigatórios e contrações faciais – são os mais comuns. Os sintomas são exacerbados pelo estresse e desaparecem
durante o sono. Sua evolução tende a ser crônica, de início insidioso, geralmente após, no mínimo, seis meses de uso
de antipsicóticos e a gravidade do quadro pode ser variável.
O uso crônico e, paradoxalmente, a redução da dose podem predispor ao aparecimento dos sintomas. Devem-se
excluir estereotipias, tiques e outras condições clínicas ou neurológicas. Até o presente momento, não há tratamento
eficaz. O médico deve considerar a redução ou suspensão do antipsicótico. A prevenção também é importante no
sentido de utilizar medicação antipsicótica apenas quando claramente indicado e nas dosagens efetivas mais baixas.
- Síndrome neuroléptica maligna
A síndrome neuroléptica maligna é considerada uma complicação muito grave da farmacoterapia antipsicótica,
podendo ocorrer a qualquer momento do tratamento. Os sintomas motores podem incluir rigidez muscular, acinesia,
mutismo, agitação, distonia e alteração do nível de consciência. Os sintomas autonômicos incluem febre alta, elevação
da pressão arterial, taquicardia e sudorese. Seus principais fatores de risco são rápido aumento da dose, associação de
antipsicóticos de alta potência, e uso repetido de antipsicóticos por via intramuscular.
O diagnóstico diferencial é principalmente feito com quadros catatônicos. Os achados laboratoriais podem
apresentar aumento da CPK e leucocitose. Deve-se iniciar o tratamento o mais rápido possível. O antipsicótico deve
ser suspenso imediatamente e devem-se fornecer medidas gerais de suporte, como monitoramento do equilíbrio
hidroeletrolítico e da função renal. O tratamento específico é feito com agonistas dopaminérgicos (bromocripitina,
2,5-10 mg, VO, três vezes ao dia), associado a relaxantes musculares (dantrolene, 1-3 mg, VO, até quatro vezes por
dia). O tratamento deve ser continuado por cinco a dez dias e, com a melhora clínica do paciente, deve-se considerar a
reintrodução cuidadosa do antipsicótico de baixa potência.
6- Discutir outras formas de terapia não farmacológica para o tratamento das psicoses;
Embora os medicamentos antipsicóticos sejam o pilar do tratamento para a esquizofrenia, pesquisas
revelaram que intervenções psicossociais, incluindo psicoterapia, podem contribuir para a melhora clínica. Assim
como os agentes farmacológicos são usados para tratar possíveis desequilíbrios químicos, as estratégias não
farmacológicas podem tratar questões não biológicas.
Reabilitação cognitiva e comportamental tem sido usado no tratamento da esquizofrenia. A mais
amplamente estudada dessas técnicas sociais é o treinamento de habilidades, em que os pacientes são instruídos, após
a estabilização de seus sintomas psicóticos agudos, sobre modos apropriados de comportamento e comunicação com
os outros e sobre suas habilidades práticas de vida que podem ter sido prejudicadas pelos distúrbios cómicos.
Outro tratamento psicossocial com forte apoio empírico é a psico-educação, que permite aos membros da
família ajudar no apoio a recuperação do paciente.
Terapia cognitivo-comportamental (TCC), um tratamento originalmente desenvolvido para humor e
ansiedade também pode ser útil para sintomas psicóticos. Abordagens específicas da TCC utilizadas no tratamento de
pacientes com esquizofrenia incluem reestruturação cognitiva (isto é, envolver pacientes para mudar suas crenças
sobre suas alucinações e delírios), exposição comportamental a estímulos que desencadeiam sintomas cômicos para
melhorar sua realidade, auto- monitoramento e habilidades de enfrentamento graduadas. TCC em pacientes com
esquizofrenia também podem ajudar no sofrimento causado por alucinações ou crenças delirantes.