Espectro Da Esquizofrenia

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CURSO DE PSICOLOGIA

PSICOPATOLOGIA II
Prof. Esp. Jhennyfer Menezes
Psicóloga – CRP 10/6557

Especialista em Avaliação Psicológica


Formada em Terapia Cognitivo-Comportamental
Pós-Graduanda em Psicopatologia
PSICOPATOLOGIA II

ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA
E OUTROS TRANSTORNOS
PSICÓTICOS
(!) ALERTA IMPORTANTE: INFORMAÇÕES RETIRADAS DO DSM-5-TR
O conteúdo apresentado neste material é baseado no DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição, texto revisado). Este material oferece uma
visão geral de diversos transtornos mentais. No entanto, é crucial destacar que o DSM-5-TR
contém uma gama de informações detalhadas, que não são totalmente abrangidas aqui.

Para um estudo completo e aprofundado sobre qualquer transtorno mental mencionado,


recomendo consultar o DSM-5-TR na íntegra. Este manual é amplamente reconhecido como
referência fundamental para nós, profissionais da saúde mental, fornecendo critérios
diagnósticos, características clínicas e orientações atualizadas para o diagnóstico e
tratamento de transtornos mentais.

Lembre-se de que informações adicionais e nuances importantes podem ser encontradas no


texto completo do DSM-5-TR, contribuindo para uma compreensão mais abrangente
e precisa dos temas abordados.
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

▪ Esses transtornos são definidos por anormalidades em um ou mais dos cinco domínios
a seguir:

Delírios
Alucinações
Pensamento (Discurso) Desorganizado
Comportamento Motor Grosseiramente Desorganizado ou Anormal (Incluindo Catatonia)
Sintomas Negativos
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS QUE DEFINEM OS TRANSTORNOS PSICÓTICOS

DELÍRIOS
▪ São crenças fixas, não passíveis de mudança à luz de evidências conflitantes. Seu
conteúdo pode incluir uma variedade de temas (p. ex., persecutório, de referência,
somático, religioso, de grandeza).

▪ São considerados bizarros e claramente implausíveis e incompreensíveis por outros


indivíduos da mesma cultura, não se originando de experiências comuns da vida.

▪ Distinguir um Delírio de uma Ideia Firmemente Defendida (Sobrevalorada) é algumas


vezes difícil e depende, em parte, do grau de convicção com que a crença é defendida
apesar de evidências contraditórias claras ou razoáveis acerca de sua veracidade.
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS QUE DEFINEM OS TRANSTORNOS PSICÓTICOS

ALUCINAÇÕES
▪ São experiências semelhantes à percepção que ocorrem sem um estímulo externo. São
vívidas e claras, com toda a força e o impacto das percepções normais, não estando sob
controle voluntário.

▪ Podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial, embora as alucinações auditivas sejam


as mais comuns na esquizofrenia e em transtornos relacionados.

▪ Alucinações auditivas costumam ser vividas como vozes, familiares ou não, percebidas
como diferentes dos próprios pensamentos do indivíduo.

▪ Em alguns contextos culturais, alucinações podem ser elemento normal de experiências


religiosas.
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS QUE DEFINEM OS TRANSTORNOS PSICÓTICOS

DESORGANIZAÇÃO DO PENSAMENTO (DISCURSO)


▪ Costuma ser inferida a partir do discurso do indivíduo.
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS QUE DEFINEM OS TRANSTORNOS PSICÓTICOS


COMPORTAMENTO MOTOR GROSSEIRAMENTE
DESORGANIZADO OU ANORMAL (INCLUINDO CATATONIA)
▪ Pode se manifestar de várias formas, desde o comportamento “tolo e pueril” até a
agitação imprevisível. As alterações podem ser observadas em qualquer forma de
comportamento dirigido a um objetivo, levando a dificuldades na realização das
atividades cotidianas.

▪ Comportamento catatônico é uma redução acentuada na reatividade ao ambiente. Varia


da resistência a instruções (negativismo), passando por manutenção de postura rígida,
inapropriada ou bizarra, até a falta total de respostas verbais e motoras (mutismo e
estupor). Outras características incluem movimentos estereotipados repetidos, olhar
fixo, caretas, mutismo e eco da fala.
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS QUE DEFINEM OS TRANSTORNOS PSICÓTICOS


SINTOMAS NEGATIVOS
▪ Dois sintomas negativos são especialmente proeminentes na esquizofrenia: Expressão Emocional Diminuída e
Avolia.

▪ A Expressão Emocional Diminuída inclui reduções na expressão de emoções pelo rosto, no contato visual, na
entonação da fala (prosódia) e nos movimentos das mãos, da cabeça e da face, os quais normalmente
conferem ênfase emocional ao discurso.

▪ A Avolia é uma redução em atividades motivadas, autoiniciadas e com uma finalidade. A pessoa pode ficar
sentada por períodos longos e mostrar pouco interesse em participar de atividades profissionais ou sociais.

▪ Outros sintomas negativos incluem Alogia, Anedonia e Falta de Sociabilidade. A Alogia é manifestada por
produção diminuída do discurso. A Anedonia é a capacidade reduzida de experimentar prazer. A Falta de
Sociabilidade refere-se à aparente ausência de interesse em interações sociais, podendo estar associada à
avolia, embora possa ser uma manifestação de falta de oportunidades de interações sociais.
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

O ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS INCLUI:


Transtorno (da personalidade) Esquizotípica
Transtorno Delirante
Transtorno Psicótico Breve
Transtorno Esquizofreniforme
Esquizofrenia
Transtorno Esquizoafetivo (Tipo Bipolar/Tipo Depressivo)

*O Transtorno Da Personalidade Esquizotípica está neste capítulo porque é considerado dentro do espectro da
esquizofrenia, embora sua descrição completa seja encontrada no capítulo “Transtornos da Personalidade”.
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

O ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS INCLUI:


Transtorno Psicótico Induzido por Substância/Medicamento
Transtorno Psicótico Devido a Outra Condição Médica
Catatonia Associada a Outro Transtorno Mental
Transtorno Catatônico Devido a Outra Condição Médica
Catatonia Não Especificada
Outro Transtorno do Espectro da Esquizofrenia e Outro Transtorno Psicótico
Especificado
Transtorno do Espectro da Esquizofrenia e Outro Transtorno Psicótico Não
Especificado
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

TRANSTORNO (DA PERSONALIDADE) ESQUIZOTÍPICA


O diagnóstico engloba um padrão global de déficits sociais e interpessoais,
incluindo capacidade reduzida para relações próximas, distorções cognitivas e
perceptivas e excentricidades comportamentais, frequentemente com início no
começo da fase adulta, embora, em certos casos, o início ocorra na infância e na
adolescência.
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

TRANSTORNO DELIRANTE
Caracteriza-se por pelo menos 1 (um) mês de delírios, ainda que nenhum outro
sintoma psicótico esteja presente. Há ocorrência de delírios. Alucinações não são
proeminentes.
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

TRANSTORNO PSICÓTICO BREVE


Presença de sintomas psicóticos (delírios, ou alucinações, ou desorganização do
discurso, ou desorganização do comportamento, ou catatonia), dura mais de 1
(um) dia e remite em 1 (um) mês.
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

TRANSTORNO ESQUIZOFRENIFORME
Caracteriza-se por uma apresentação sintomática equivalente à da esquizofrenia,
exceto pela duração (menos de seis meses).
ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS DSM-5-TR

TRANSTORNO ESQUIZOAFETIVO
Um episódio de humor e sintomas da fase ativa da esquizofrenia ocorrem
concomitantemente, tendo sido antecedidos ou seguidos de pelo menos duas
semanas de delírios ou alucinações sem sintomas proeminentes de humor.

Ocorrência de sintomas A de Esquizofrenia concomitantemente a episódios


Depressivos/Maníaco e com Alucinações e Delírios por pelo menos 2 semanas na
ausência de episódio Depressivo/Maníaco.
ESQUIZOFRENIA
ESQUIZOFRENIA – CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS DSM-5-TR

▪ Os sintomas característicos da esquizofrenia envolvem uma gama de disfunções cognitivas,


comportamentais e emocionais, mas nenhum sintoma é patognomônico do transtorno.

▪ O diagnóstico envolve o reconhecimento de um conjunto de sinais e sintomas associados


a um funcionamento profissional ou social prejudicado.

▪ Indivíduos com o transtorno apresentarão variações substanciais na maior parte das


características, uma vez que a esquizofrenia é uma síndrome clínica heterogênea.
ESQUIZOFRENIA

CRITÉRIOS
DIAGNÓSTICOS
ESQUIZOFRENIA DSM-5-TR

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

A- Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa
de tempo durante um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo
menos um deles deve ser (1), (2) ou (3):
1. Delírios.
2. Alucinações.
3. Discurso desorganizado (p. ex., descarrilamento ou incoerência frequentes).
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico.
5. Sintomas negativos (i. e., expressão emocional diminuída ou avolia).
ESQUIZOFRENIA DSM-5-TR

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

B- Por período significativo de tempo desde o aparecimento da perturbação, o nível de


funcionamento em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho,
relações interpessoais ou autocuidado, está acentuadamente abaixo do nível alcançado
antes do início (ou, quando o início se dá na infância ou na adolescência, incapacidade de
atingir o nível esperado de funcionamento interpessoal, acadêmico ou profissional).
C- Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses. Esse
período de seis meses deve incluir no mínimo um mês de sintomas (ou menos, se tratados
com sucesso) que precisam satisfazer ao Critério A (i. e., sintomas da fase ativa) e pode
incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos prodrômicos
ou residuais, os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas
negativos ou por dois ou mais sintomas listados no Critério A presentes em uma forma
atenuada (p. ex., crenças esquisitas, experiências perceptivas incomuns).
ESQUIZOFRENIA DSM-5-TR

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

D- Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou transtorno bipolar com


características psicóticas são descartados porque 1) não ocorreram episódios depressivos
maiores ou maníacos concomitantemente com os sintomas da fase ativa, ou 2) se episódios
de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve em
relação aos períodos ativo e residual da doença.
E- A perturbação não pode ser atribuída aos efeitos de uma substância (p. ex., droga de
abuso, medicamento) ou a outra condição médica.
F- Se há história de transtorno do espectro autista ou de um transtorno da comunicação
iniciado na infância, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é realizado somente se delírios
ou alucinações proeminentes, além dos demais sintomas exigidos de esquizofrenia, estão
também presentes por pelo menos um mês (ou menos, se tratados com sucesso).
ESQUIZOFRENIA DSM-5-TR

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
ESQUIZOFRENIA DSM-5-TR

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
ESQUIZOFRENIA DSM-5-TR

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
ESQUIZOFRENIA

ASPECTOS
PSICOPATOLÓGICOS DA
ESQUIZOFRENIA
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

▪ Didaticamente, os sintomas da esquizofrenia podem ser divididos em dois grupos:


positivos e negativos.

▪ Os sintomas positivos representam fenômenos que, em uma situação de normalidade,


deveriam estar ausentes; são alterações qualitativas em relação ao normal. Eles podem
ser subdivididos em dois grupos de sintomas: psicóticos e de desorganização.

▪ Os sintomas negativos, por sua vez, caracterizam-se por uma redução na expressão de
funções mentais; são alterações quantitativas, para menos, em relação ao normal.
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

SINTOMAS POSITIVOS PSICÓTICOS

▪ Os sintomas psicóticos são definidos como aqueles que representam uma grave distorção
na apreensão da realidade, impedindo o indivíduo de se relacionar de forma apropriada
com o meio externo.

▪ Alucinações e Delírios são os principais sintomas psicóticos.


GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

SINTOMAS POSITIVOS PSICÓTICOS:


ALUCINAÇÃO
▪ Alucinação é uma alteração qualitativa da Sensopercepção. Consiste em uma falsa
percepção, na qual o indivíduo tem uma experiência sensorial, mas o estímulo externo
correspondente está ausente.

▪ Na esquizofrenia, no que concerne à modalidade sensorial, alucinações visuais, somáticas


(ou cinestésicas), táteis e olfativas podem ocorrer, mas as auditivas são as mais
frequentes.

▪ Nesse caso, o paciente, por exemplo, ouve vozes quando não há ninguém por perto
falando ou que as outras pessoas não são capazes de ouvir.
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

SINTOMAS POSITIVOS PSICÓTICOS:


ALUCINAÇÃO
▪ Na esquizofrenia, pode haver tanto alucinações verdadeiras, cujas características são idênticas às
da imagem perceptiva real, como pseudoalucinações, em que o objeto percebido não tem
corporeidade e é localizado no espaço subjetivo interno.

▪ Sendo alucinações verdadeiras ou pseudoalucinações, a crítica quanto à irrealidade do fenômeno


costuma estar ausente.

▪ Entre os sintomas de primeira ordem considerados como específicos da esquizofrenia, encontram-


se algumas formas especiais de vivências alucinatórias, como vozes que dialogam entre si ou que
fazem comentários sobre o indivíduo; sonorização do pensamento, que consiste em se ouvir o
próprio pensamento antes, durante ou depois de pensar; e sensações corporais impostas, em
que o paciente sente que suas vísceras estão sendo manipuladas por uma força externa.
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

SINTOMAS POSITIVOS PSICÓTICOS:


DELÍRIOS

▪ O delírio – ou ideia delirante – é uma alteração do conteúdo do pensamento, que consiste


em um juízo patologicamente falso, de conteúdo impossível, ininfluenciável, e que se
acompanha de uma convicção extraordinária.

▪ Na prática clínica, contudo, nem todas essas características estão presentes em muitas
crenças que são consideradas delirantes. Nesse sentido, alguns delírios podem ter um
conteúdo possível e, eventualmente, coincidirem com a realidade. Por outro lado,
crenças que são incompatíveis com a realidade, mas que são compartilhadas dentro de
uma mesma cultura, como os dogmas religiosos, podem não ser consideradas delirantes.
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

SINTOMAS POSITIVOS PSICÓTICOS:


DELÍRIOS
▪ Na esquizofrenia, tipicamente, o delírio é bizarro e mal sistematizado.

▪ Os delírios bizarros, por definição, estão associados a um conteúdo impossível: ter


morrido, possuir poderes paranormais, estar em mais de um lugar ao mesmo tempo ou
ter a mente influenciada pelas ondas eletromagnéticas da televisão, por exemplo.

▪ Afirma-se que, na esquizofrenia, os delírios são mal sistematizados porque faltam


coerência interna, articulação e organização às ideias apresentadas pelo paciente para
detalhar ou justificar a sua crença. Por exemplo, o paciente acredita estar sendo
perseguido, mas não é capaz de dizer de forma clara e coerente quem, como ou por que
o perseguem.
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

SINTOMAS POSITIVOS PSICÓTICOS:


DELÍRIOS

▪ Quanto ao tema, o delírio de perseguição é o mais comum na esquizofrenia.

▪ O paciente julga que o seguem ou vigiam, querem prejudicá-lo, matá-lo ou estão


tramando algo contra ele.

▪ Por outro lado, os delírios de influência são mais típicos. Estes se caracterizam pela
vivência de ter a mente ou o comportamento controlado ou influenciado por outra
pessoa ou uma força externa.
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

SINTOMAS POSITIVOS PSICÓTICOS:


DELÍRIOS

▪ Na esquizofrenia, são observadas com frequência alterações da consciência do eu,


especialmente da consciência da atividade do eu, da consciência da identidade do eu e da
consciência dos limites do eu.

▪ Quando a consciência da atividade do eu está alterada, o indivíduo se torna como que um


mero observador passivo de suas vivências, as quais ele não reconhece como próprias.

▪ Assim, o que ele faz, pensa, sente ou deseja é, para ele, controlado ou imposto por outra
pessoa.
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

SINTOMAS POSITIVOS PSICÓTICOS:


PENSAMENTO DESORGANIZADO

▪ Os sintomas expressariam uma fragmentação ou desarmonia no que se refere à cognição,


às emoções e ao comportamento.

▪ A desagregação do pensamento – ou pensamento dissociado – consiste em uma


alteração da forma do pensamento, e caracteriza-se pela perda do sentido lógico na
associação de ideias, resultando em um discurso desorganizado, incoerente e
ininteligível.
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

SINTOMAS POSITIVOS PSICÓTICOS:


PENSAMENTO DESORGANIZADO
▪ Na esquizofrenia, podem ser observadas diversas alterações.

▪ O indivíduo pode acreditar ser duas pessoas ao mesmo tempo, ou ter a crença de estar
em dois lugares ao mesmo tempo ou vivendo em duas épocas.

▪ Pode haver também uma inadequação da expressão afetiva, que está em desacordo com
o que é verbalizado ou com a situação corrente.

▪ Assim, por exemplo, a pessoa com o transtorno diz que está triste, embora esteja
sorrindo. Esse fenômeno expressa uma desarmonia entre a afetividade e o pensamento.
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

SINTOMAS NEGATIVOS

▪ Entre os sintomas negativos da esquizofrenia, podem ser listados: uma diminuição da


capacidade de experimentar e expressar afetos, a perda da capacidade de sentir prazer,
por desinteresse, desânimo, isolamento social, falta de iniciativa e de espontaneidade.

▪ O pensamento do esquizofrênico é tipicamente empobrecido, ou seja, seu discurso é


concreto e pobre em conceitos abstratos, metáforas e analogias. Na esquizofrenia, a
atenção costuma estar prejudicada, havendo dificuldades tanto para se concentrar como
para desviar o foco da atenção. Outros aspectos cognitivos, como a memória de trabalho
e as funções executivas, em geral também estão alterados.
GADELHA; NARDI;
ASPECTOS PSICOPATOLÓGICOS DA ESQUIZOFRENIA SILVA, 2021

OUTROS SINTOMAS COMUNS NA ESQUIZOFRENIA

▪ Comumente a pessoa com esquizofrenia apresenta um fenômeno conhecido como


despersonalização, uma alteração da consciência da identidade do eu que consiste no
sentimento de estranheza em relação a si próprio.

▪ O indivíduo tem a vivência de ter sofrido uma significativa transformação, de que seu
corpo ou sua personalidade já não são mais os mesmos.
ESQUIZOFRENIA

COMPREENDENDO O
DIAGNÓSTICO
ESQUIZOFRENIA
COMPREENDENDO O DIAGNÓSTICO

CARACTERÍSTICAS
ASSOCIADAS
CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS DSM-5-TR

▪ Indivíduos com esquizofrenia podem exibir afeto inadequado (p. ex., rir na ausência de
um estímulo apropriado); humor disfórico que pode assumir a forma de depressão,
ansiedade ou raiva; padrão de sono perturbado (p. ex., sono durante o dia e atividade
durante a noite); e falta de interesse em alimentar-se ou recusa da comida.

▪ Déficits cognitivos na esquizofrenia são comuns e fortemente associados a prejuízos


profissionais e funcionais. Esses déficits podem incluir diminuições na memória
declarativa, na memória de trabalho, na função da linguagem e em outras funções
executivas, bem como velocidade de processamento mais lenta.

▪ Não perceber a doença costuma ser um sintoma da própria esquizofrenia em vez de uma
estratégia de enfrentamento.
ESQUIZOFRENIA
COMPREENDENDO O DIAGNÓSTICO

DESENVOLVIMENTO E
CURSO
DESENVOLVIMENTO E CURSO DSM-5-TR

▪ As características psicóticas da esquizofrenia costumam surgir entre o fim da


adolescência e meados dos 30 anos; início antes da adolescência é raro. A idade de pico
do início do primeiro episódio psicótico é entre o início e a metade da faixa dos 20 anos
para os homens e final dos 20 anos para as mulheres.

▪ Os cursos e desfecho na esquizofrenia são heterogêneos, e o prognóstico é incerto no


início da psicose. Apesar de a maioria dos indivíduos com esquizofrenia permanecer
vulnerável à exacerbação de sintomas psicóticos e um curso crônico definido por
sintomas e prejuízos funcionais ser comum, muitos indivíduos experimentam períodos de
remissão.
ESQUIZOFRENIA
COMPREENDENDO O DIAGNÓSTICO

PROCEDIMENTOS DE
AVALIAÇÃO
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO

▪ Antes que a terapia possa começar verdadeiramente, faz-se necessário um processo de


avaliação, durante o qual informações sobre a pessoa em terapia são obtidas de
maneira colaborativa e sensível.

▪ A avaliação pode incluir a coleta de informações de diversas maneiras e de fontes


variadas. Os terapeutas podem usar entrevistas clinicas, escalas de avaliação clinica,
registros de hospitais, notas de evolução de terapias anteriores, consultas com
assistentes sociais, psiquiatras, médicos de família, neurologistas e professores,
entrevistas com pais, irmãos, filhos e cônjuges e testes neuropsicológicos.
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO

▪ Embora a avaliação costume ser vista como um processo que ocorre antes de começar a
terapia, é melhor pensar nela como um processo contínuo empregado no decorrer da
terapia, e mesmo após a sua conclusão, por conta de informações importantes de um
paciente (ou familiar) que podem não ter sido reveladas durante a entrevista inicial.

▪ Alguns fatores a se considerar também: Talvez o terapeuta não tenha feito a pergunta
certa, ou o paciente não tenha entendido a pergunta, tenha esquecido algo, relutado
para admitir certos fatos antes de conhecer o terapeuta melhor, ou tenha sido
restringido pela presença de psicose ou efeitos da medicação durante a entrevista
inicial.
ESQUIZOFRENIA
COMPREENDENDO O DIAGNÓSTICO

PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO GADELHA; NARDI;
SILVA, 2021

▪ A visão pessimista do transtorno tem sua origem na própria forma de tratamento da psicose ao
longo dos séculos, com internações prolongadas e isolamento do convívio social, o estigma
associado.

▪ Entretanto, a possibilidade de uma visão mais otimista realmente se consolidou apenas a


partir dos processos internacionais de desinstitucionalização psiquiátrica. Três fatores
principais desse contexto podem ser destacados como importantes para essa mudança:

1. A transição progressiva do tratamento das pessoas com esquizofrenia para serviços


comunitários de saúde mental e sua consequente inserção no convívio social;

2. O surgimento e a consolidação dos psicofármacos como nova possibilidade de intervenção,


principalmente como meio para o controle dos sintomas positivos; e

3. A expansão dos desfechos clínicos para além dos sintomas, incorporando, por exemplo, o
funcionamento social e cognitivo.
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO GADELHA; NARDI;
SILVA, 2021

▪ Tudo isso contribuiu para que a possibilidade de recuperação clínica na esquizofrenia,


em termos da melhora dos sintomas e do funcionamento, passasse a ser vislumbrada
como algo alcançável, mesmo com a permanência do consenso de que a cura ou
retorno ao estado pré-mórbido não seja possível.

▪ Primeiramente, é necessário estabelecer uma prática com foco na pessoa, e não na


doença, a qual é parte da sua vida, mas não a define. Nesse sentido, o diagnóstico
seria utilizado para classificar a doença, e não a pessoa. Além disso, o clínico pode
abordar as diversas dimensões que abrangem a vida da pessoa, além da dimensão
clínica. Como consequência, amplia-se também o plano de tratamento, que deixa de
ter como meta apenas a melhora dos sintomas e do funcionamento, passando a
incluir aspectos como o exercício de atividades e relações significativas, por exemplo.
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO GADELHA; NARDI;
SILVA, 2021

▪ Em segundo lugar, deve-se abordar o tratamento como mais um instrumento ou meio


para uma vida melhor e significativa, e não um fim em si mesmo.

▪ Assim como o tratamento, a medicação também ganha um papel instrumental nesse


contexto. Esse ponto introduz o terceiro grupo de recomendações, focado na promoção
da escolha e da autonomia. Nesse sentido, a medicação é usada pelo clínico como mais
uma ferramenta disponível, e não a única. Além disso, quando utilizada, sua escolha
deve ser feita de forma informada e colaborativa, considerando as diversas
possibilidades, as melhores evidências possíveis, os resultados almejados pela pessoa
e os possíveis efeitos colaterais. Desse modo, a pessoa deixaria de simplesmente
“tomar” a medicação e passaria a usá-la como mais um meio para alcançar seus
objetivos, metas e tornar sua vida mais significativa, sendo fruto de uma escolha ou
preferência também sua. Isso significa que a pessoa passa a ser vista como autora de
sua própria história, detentora da expertise sobre sua própria experiência.
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO GADELHA; NARDI;
SILVA, 2021

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO – ANTIPSICÓTICO

▪ Os antipsicóticos são medicamentos capazes de bloquear os receptores de dopamina,


em especial o receptor D2, sendo primariamente utilizados no tratamento dos
transtornos psicóticos.

▪ O tratamento da esquizofrenia deve ser individualizado, associando, sempre que


possível, intervenções farmacológicas e psicossociais em equipe multidisciplinar. A
escolha da medicação mais adequada é fundamental e deve ser discutida com o
paciente e seus familiares, equilibrando eficácia, tolerabilidade e segurança.
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO GADELHA; NARDI;
SILVA, 2021

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO – ANTIPSICÓTICO

▪ Os antipsicóticos são a pedra angular do tratamento da esquizofrenia. São eficazes


tanto na fase aguda como na fase de manutenção da doença. Devem ser utilizados
levando-se sempre em conta as características de cada indivíduo. Diversos fatores
influenciam a disposição e a capacidade de uma pessoa de permanecer em uso de
medicamentos.

▪ Deve-se buscar o alívio dos sintomas, mas observar outros fatores, desde a
tolerabilidade e o risco dos efeitos colaterais até o custo e a acessibilidade do
tratamento. A avaliação cuidadosa desses fatores deve ser feita em conjunto com o
paciente e seus responsáveis, e os médicos precisam monitorar atentamente não
apenas os sintomas psicóticos, mas também a saúde física de seus pacientes.
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO BARLOW, 2021

▪ No geral, cada medicamento é efetivo para algumas pessoas e não para outras.

▪ Os clínicos e os pacientes muitas vezes devem passar por um processo de tentativa e


erro para encontrar o medicamento que funciona melhor, e alguns indivíduos não se
beneficiam significativamente de nenhum deles.

▪ Apesar do otimismo gerado pela efetividade dos antipsicóticos, eles funcionam apenas
quando são tomados adequadamente e muitas pessoas com esquizofrenia não seguem
sua rotina de medicação.

▪ Inúmeros fatores parecem estar relacionados à baixa adesão dos pacientes com um
regime de medicação, incluindo as relações negativas entre médico e paciente, o custo
dos medicamentos e o apoio social empobrecido.
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO BARLOW, 2021

▪ Não é surpresa que os efeitos colaterais negativos são um grande fator na recusa do
paciente. Os antipsicóticos podem produzir inúmeros sintomas físicos indesejados,
como sonolência, visão turva, ressecamento da boca, aumento de peso.

▪ Em virtude de os medicamentos afetarem os sistemas neurotransmissores, também pode


haver efeitos colaterais mais sérios.

▪ Esses sintomas incluem dificuldades motoras semelhantes àquelas vivenciadas por


pessoas com doença de Parkinson, por vezes chamados sintomas parkinsonianos. Pode
incluir também uma face inexpressiva, atividade motora lenta e fala monótona,
movimentos involuntários na língua, face, boca ou mandíbula, e pode incluir projeções
da língua, bochechas infladas, boca franzida e movimentos de mastigação.
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO GADELHA; NARDI;
SILVA, 2021

▪ As últimas recomendações dizem respeito a como inspirar a esperança e promover


relações colaborativas e positivas.

▪ Os clínicos podem ter um papel importante na vida das pessoas atendidas por eles e,
como já ressaltado, para inspirar esperança, precisam, antes de tudo, incorporá-la em
suas crenças e atitudes.

▪ Ao transmiti-la, precisam propiciar um ambiente acolhedor e demonstrar interesse


genuíno pela pessoa a quem atendem, colocando-se como colaboradores e parceiros na
busca de solução dos seus problemas e de uma vida com propósito.
INDICAÇÃO DE LEITURA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais DSM V-TR – 5ª
Edição, texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023.

BARLOW, D. H.; DURAND, V. M.; HOFMANN, S. G. Psicopatologia: Uma abordagem integrada. 8ª Ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2021. BRASIL

GADELHA, A.; NARDI, A. E.; SILVA, A. G. (org.) Esquizofrenia: teoria e clínica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2021. 264 p.
OBRIGADO

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