TCC - Renan Rodrigues Silva - Final
TCC - Renan Rodrigues Silva - Final
TCC - Renan Rodrigues Silva - Final
NATAL-RN
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Em primeiro lugar a Deus, que me deu saúde e coragem para concluir mais uma etapa em
minha vida e por permitir dar essa vitória a minha mãe.
À Wilma Raimundo da Silva, mãe, por sempre está ao meu lado, pelos conselhos e
ensinamentos, pela luta de sempre proporcionar o melhor para nossa família.
À minha esposa, Rosana, pelo companheirismo e incentivo.
Ao meu pai, Marcos, minhas irmãs Marília (Lila) e Mariana, aos meus avôs e avós, a toda
à minha família.
À Terezinha Amaro (Tete) e José Raimundo (vô Zezé), que contribuíram muito para que
eu pudesse está aqui.
Às professoras Jaquelígia Brito da Silva e Fernanda Karolline de Medeiros, pelas
orientações deste TCC e por sempre atenderem as minhas dúvidas.
RESUMO
This work aims to deepen the theme of the deficiencies in public works, with a focus on
developments carried out in the central campus of the Federal University of Rio Grande do Norte,
UFRN.
Because of problems related to public procurement, such as overbilling and project errors,
exposed daily to society, it is necessary to justify not only the service company has responsibility
for these problems, as well as the managers contribute organs.
In this sense, it is necessary to demonstrate how the lack of planning is able to prejudice
the achievement of a public enterprise, especially before the start of services. For this, we studied
three main areas: design flaws, failures in budgets and the difficulty of delivering a project on
time.
At the end of the study, it was realized that the works have analyzed several flaws in
budgets, especially with regard to quantitative and lack of services. None of the analyzed works
could be delivered within the stipulated time, where all had extension. Incompatibility between
projects was the main cause of the deficiencies present in the projects of the works verified.
7.1.2 – Obra: Reforma e ampliação do prédio para abrigar atividades de pesquisa e pós-graduação
do Centro de Biociências ................................................................................................................ 31
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 43
LISTA DE FIGURAS
Figura 7.3 – Projeto de instalações elétricas do LabPlan – detalhe dos reservatórios .................... 30
Figura 7.6 – Projeto de arquitetura do Centro de Biociências – detalhe planta baixa do subsolo .. 32
Figura 7.8 – Projeto de instalações elétricas do Centro de Biociências – tomadas em conflito com
esquadria J05 ................................................................................................................................... 33
Figura 7.9 – Projeto de arquitetura do Centro de Biociências – planta de cobertura com destaque
da marquise metálica ....................................................................................................................... 33
Figura 7.11 – Projeto de arquitetura do Centro de Biociências – detalhe planta baixa do pavimento
superior ............................................................................................................................................ 34
Figura 7.12 – Projeto de combate a incêndio do Centro de Biociências – detalhe planta baixa do
pavimento superior .......................................................................................................................... 35
Figura 7.15 – Projeto de arquitetura do LabSis – detalhe planta baixa térreo ................................ 36
Figura 7.16 – Projeto de instalações elétricas do LabSis – detalhe planta baixa do térreo ............. 37
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
Tabela 7.3 – Estudo de atraso em obras no campus central da UFRN (em meses) ........................ 39
1
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) é, pela terceira vez seguida, a
melhor universidade do Norte e Nordeste, segundo o Índice Geral de Cursos (IGC), indicador de
qualidade de instituições de ensino superior (CASTRO, 2015).
O trecho da reportagem do jornal Tribuna do Norte expõe em poucas linhas o resultado do
processo de expansão que vivencia a UFRN nos últimos anos. Para isso, foi necessário adotar
algumas medidas, entre as quais podemos destacar o aumento do número de vagas, melhoria na
qualidade do ensino e incentivo ao desenvolvimento científico.
Para o desenvolvimento das ações de expansão da UFRN, as instalações físicas são
consideradas fatores essenciais. As que já existiam no campus central não eram suficientes para
atender a demanda de alunos e serviços, ou seja, havia a necessidade de novas construções e
melhoria do que já era utilizado.
Entre os anos de 2011 e 2014 foram mais de 100 obras executadas, totalizando
investimentos na ordem de R$ 148 milhões (CASTRO, 2015).
Por se tratarem de obras de interesse público, é necessário que haja um planejamento
adequado e fiscalização frequente, até por envolver valores vultosos Para isso a Superintendência
de Infraestrutura, SIN, conta com engenheiros e arquitetos para dar suporte.
No entanto, ainda é possível notar algumas deficiências no processo de execução de obras
no campus central da UFRN. Verifica-se que há uma fragilidade na etapa de planejamento e
concepção das obras que influenciam diretamente na execução dos serviços.
A construção civil tem exercido papel importante nos últimos anos como um dos ramos
que impulsionam a economia do nosso país, não só pela realização de obras particulares, mas
ações desenvolvidas pelos governos a nível municipal, estadual e, principalmente, federal têm
contribuído bastante para esse papel de destaque. Algumas medidas tomadas pelo governo têm
assumido papel importante, como, por exemplo, a realização de obras de infraestrutura por meio
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), programas sociais como o Minha Casa, Minha
Vida (MCMV) no intuito de minimizar o déficit habitacional da nossa população, medidas
econômicas como a desoneração da folha de pagamento para fomentar a contratação de mão-de-
obra, a realização de grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Com esse aumento na execução de obras custeadas por órgãos públicos passou a ser mais
rotineira a divulgação de problemas que norteiam a relação entre contratantes e contratados. No
2
entanto, a falta de informações ou conhecimentos técnicos direciona parte da sociedade a crer que
as construtoras sempre utilizam de má fé na realização de contratos públicos, o que não é verdade.
A falta de planejamento pode ser apontada como a principal responsável pelo aparecimento
de problemas na execução de empreendimentos públicos. Isso é notório quando se faz uma análise
mais profunda sobre os processos de contratação, qualidade de projetos e coerência dos
orçamentos. Um exemplo é a construção do prédio que abrigará os Laboratórios das Novas
Engenharias no campus central da UFRN, que passou por mais de um processo licitatório e até os
dias atuais não iniciou sua operação. Seguindo essa linha de pensamento, realizamos um estudo
sobre as deficiências no planejamento e execução de obras no campus central da UFRN.
1.1 - Objetivos
1.1.1 - Objetivo geral
Analisar as deficiências presentes no planejamento e execução de obras no campus central
da UFRN, com focos em projetos, orçamentos e prazos.
No quarto capítulo, são descritas as recomendações sobre orçamentos públicos, bem como
a responsabilidade dos autores.
O quinto capítulo comenta sobre os atrasos em obras públicas e também as situações em
que as responsabilidades dos atrasos podem ser imputadas aos empreiteiros ou não.
O sexto capítulo apresenta a metodologia utilizada no estudo do tema.
O capítulo sete trata das discussões e análises dos resultados da pesquisa, com discussões
auxiliadas por figuras, tabelas e quadros.
O capítulo oito dispõe sobre as considerações finais do estudo realizado.
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2.1 - Definição
A obra pública é responsável por gerar uma intervenção espacial sob os domínios do Poder
Público, no intuito de satisfazer uma necessidade da sociedade.
Segundo a Lei nº 8.666/93, também chamada de Lei das licitações, “obra pública é toda
construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de um bem público, a ser realizado no
âmbito dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como nos
órgãos da Administração Pública Direta e Indireta”.
A realização de forma direta ocorre quando a obra é feita pelo próprio órgão ou entidade da
Administração, por seus próprios meios. Indireta quando a obra é contratada com terceiros por
meio de licitação (TCU, 2010).
Além do estudo de viabilidade e dos aspectos ambientais, a fase preliminar deve ponderar
sobre o anteprojeto. Nesta fase são definidas disposições físicas (arquitetônicas) e componentes
estruturais e de instalações. O grau de detalhamento não é suficiente para um procedimento
licitatório, mas permite uma primeira estimativa de prazo para a obra, uma vez que já devem ser
analisadas as etapas construtivas e traçado um cronograma macro de execução (TCU, 2010).
todo o período de execução da obra. O recebimento definitivo é feito por servidor ou comissão
devidamente designada e capacitada por profissionais técnicos, mediante termo circunstanciado.
Caso haja a constatação de vícios, defeitos ou incorreções, a empresa contratada deverá sanar o
problema mediante prazo estipulado pela comissão, como determina o art. 69 desta Lei (TCU,
2010).
2.3 - Fiscalização
A Resolução 1.010/2005 do CONFEA estabelece em seu anexo I que a fiscalização é
“atividade que envolve a inspeção e o controle técnicos sistemáticos de obra ou serviço, com a
finalidade de examinar ou verificar se sua execução obedece ao projeto e as especificações e
prazos estabelecidos”. A Lei nº 8.666/93 em seu art. 13 caracteriza a fiscalização, supervisão ou
gerenciamento de obras ou serviços, como um serviço técnico profissional especializado (TCU,
2010).
O fiscal deve ter registro habilitado no CREA, registrar ART (Anotação de
Responsabilidade Técnica) específica do serviço, além de adotar ferramentas que materializem o
controle da obra ou serviço, seja por meio de livros ou registro de atividades. Permite-se que o(s)
autor(es) do(s) projeto(s) possam agir na fiscalização, supervisão ou gerenciamento,
exclusivamente a serviço da Administração interessada, como afirma o art. 9º da Lei de licitações
(TCU, 2010).
Em obras e serviços públicos, a fiscalização é de grande relevância, já que os recursos
públicos investidos devem ser utilizados seguindo os princípios da economicidade, eficiência e
eficácia.
Em seu art. 70, a Lei de licitações estabelece a responsabilização do fiscal em contratos
públicos: “O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a
9
terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo
essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado”.
Fonte: http://www.infra.ufrn.br/pagina.php?a=apresentacao
10
papel nessa situação. Ausência de licenças, falta de recursos, deficiências de projetos, falhas em
orçamentos são alguns dos fatores que convergem para a geração dos problemas, que poderiam
nem existir caso o planejamento fosse realizado de forma correta e no período certo.
O sucesso de um empreendimento público está associado a diversos pontos. O
planejamento pode contribuir atribuindo da seguinte forma:
Adequada caracterização da obra, com todos os elementos constitutivos necessários
para definição da estrutura analítica da obra e consequente definição de pacotes de
trabalho;
Definição de cronograma físico e físico-financeiro com relação dos serviços
previstos;
Avaliação do suprimento dos principais insumos para a execução da obra e definição
do planejamento de compra e entrega dos materiais na obra para cumprimento do
cronograma físico proposto;
Avaliação do tipo de obra e em que grau de detalhamento foi desenvolvido o projeto.
Estes fatores serão preponderantes para a definição do regime de contratação: se por
preço unitário, preço global, empreitada integral ou contratação integrada;
Definição de custos por meio de planilha detalhada. Os preços deverão ser
compostos por pacotes de trabalho, ou seja, por item em que seja possível uma
adequada mensuração de custos, prazos e insumos;
Devida análise ambiental, com o desenvolvimento do estudo e relatório de impacto
ambiental. Como resultado é necessário, no mínimo, a apresentação da licença
ambiental prévia.
Orçamento
frágil
Qualidade dos
Projetos
Fonte: Autor.
Ferreira (2001) apresenta as falhas de planejamento na construção civil como sendo:
Informação incompleta sobre o projeto;
Orçamento executivo não detalhado e subestimado;
Desconhecimento dos critérios de aplicação das técnicas construtivas;
Falta de comunicação e integração da equipe de trabalho;
Abandono prematuro do estudo previamente elaborado;
Visão de curto prazo;
Desconhecimento das técnicas de planejamento e/ou mau uso dessas técnicas.
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evitem problemas futuro nas fases posteriores, buscando assim uma melhoria contínua na
qualidade, além da economia de tempo e insumos.
A compatibilização de projetos deve ser uma das etapas obrigatórias de qualquer projeto. É
uma ferramenta que está diretamente ligada ao tamanho, complexidade e valor de investimento
dos empreendimentos. Quanto maior o projeto, maiores serão o tempo e os recursos utilizados
para compatibilizar, maior complexidade entre as áreas a serem compatibilizadas, arquitetura,
estrutura e instalações.
Segundo Ávila (2011), à medida que as etapas de projeto avançam, menor é o poder de
antecipação dos problemas no canteiro de obra, já que algumas falhas e incompatibilidades serão
detectadas apenas durante a construção. Dessa forma, análises mais aprofundadas nas etapas
iniciais do projeto tendem a gerar maior economia a construção.
Este procedimento deve ser realizado no âmbito da coordenação de projetos, com o intuito
de conciliar física, geométrica, tecnológica e produtivamente os componentes que interagem nos
elementos verticais e horizontais das edificações. Estes procedimentos constituem-se num
importante fator de melhoria da construtibilidade e da racionalização construtiva por promover a
integração dos diversos agentes e especialidades com a produção (Salgado, 2007).
Esse processo contempla diversas ações a serem desenvolvidas, como mostra a Figura 3.1.
Figura 3.1: Funções da compatibilização.
Compatibilização
Compatibilizar Integrar
Avaliar
Compatibilização nas fases Integração dos projetos,
Avaliação das soluções de estudos preliminares,
propostas das soluções e das
anteprojeto e projeto especificações técnicas
executivo
Fonte: Autor.
A compatibilização, num sentido mais amplo, não ocorre isoladamente. São necessárias
ferramentas que a viabilizem. Estas ferramentas podem ser chamadas de “Técnicas de
Compatibilização”, e são estratégias adotadas que facilitam o trabalho do profissional responsável
pela compatibilização. Atualmente existem algumas técnicas bem difundidas no ramo do
gerenciamento de projetos, tais como o uso de extranets, a sobreposição de projetos e o uso de
listas de checagem (“check-lists”).
16
Fonte: http://ibape-rs.org.br/2013/06/patologia-da-construcao-civil-principais-causas/
As anomalias que surgem durante o ciclo de vida de uma obra ocorrem essencialmente de
falhas na coordenação. Isso encaminha para um custo elevado de desperdícios, originados pela
falta de racionalização. A ausência desse controle gera superdimensionamento dos sistemas,
paradas e retrabalhos por interferências de projetos, informações incompletas ou incorretas.
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O projeto realizado sem a perspectiva da execução da obra pode apresentar uma série de
deficiências. Luiz Fernando Heineck, Ana Maria Delazari Tristão e Renato Neves, ao buscarem a
origem dos problemas que ocorrem na execução da obra, apontam para algumas deficiências que
ocorrem nos projetos. A maior parte destas deficiências se refere ao conteúdo das informações do
projeto, como a falta de justificativa para as soluções adotadas, a inexistência de memorial
descritivo, discriminações técnicas e especificações de materiais, as referências a normas sem
explicar seu conteúdo os erros de cotas, níveis e alturas, a falta de correspondência entre
discriminações e memoriais e a inexistência de informações sobre como obter componentes pouco
usuais.
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de obras, quando firmado por entidade pública ou particular com pessoa física ou jurídica não
legalmente habilitada a praticar a atividade nos termos desta Lei”.
O art. 1º, 2º e 3º da Resolução nº 307/86 do CONFEA, em conjunto com o Parágrafo 1º do
art. 2º e 4º da Lei nº 6.496/77 imputa o recolhimento de ART – Anotação de Responsabilidade
Técnica – de execução do orçamento pelo ocupante de cargo e função de orçamentista, ficando
sujeito às penalidades da Lei pelo seu não cumprimento. A falta de ART sujeitará o profissional
ou a empresa à multa prevista na alínea “a” do art. 73 da Lei nº 5.194/66, como prevê o art. 3º
(Tisaka, 2011).
Porém, o que se observa é que a maioria das licitações públicas omite a autoria dos
orçamentos, eximindo os profissionais das responsabilidades com relação aos critérios técnicos,
fiscais e mercadológicos do seu conteúdo. Isso pode ser visto na Figura 4.1.
Figura 4.1: Ausência de identificação em planilha orçamentária de obra da UFRN.
Fonte: https://sipac.ufrn.br/public/jsp/portal.jsf.
O Quadro 4.2 apresenta o resulta da busca por identificação de autoria em planilhas
orçamentárias de processos licitatórios de obras no campus central da UFRN.
Quadro 4.2: Verificação de existência da autoria de orçamentos em obras da UFRN.
Obra Processo Identificação
Reforma do prédio da reitoria 23077.053569/2012-21 Não
Reforma e ampliação da subestação abrigada da reitoria 23077.045065/2013-19 Não
Urbanização do entorno do parque poliesportivo do campus central 23077.031991/2013-15 Não
Reservatório elevado para zona central – R10 23077.029275/2013-60 Não
Reforma do bloco VI 23077.058941/2014-58 Não
Reforma de um banheiro – Pavilhão administrativo do CCSA 23077.010191/2013-52 Não
Mudança de inclinação do telhado na oficina mecânica do NTI 23077.016436/2012-74 Não
Construção do instituto do cérebro 23077.009773/2012-13 Não
Reforma dos laboratórios de restauração e informática da BCZM 23077.021141/2012-10 Não
Reestruturação elétrica da editora da UFRN 23077.031695/2015-78 Não
Fonte: https://sipac.ufrn.br/public/jsp/portal.jsf.
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No entanto, a UFRN não é a única instituição pública a omitir a autoria dos orçamentos.
Verificou-se que obras do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte também
apresentam essa deficiência. Por outro lado, constatamos que algumas instituições, entre elas
prefeituras, como a de São Gonçalo do Amarante/RN, e o Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte, apresentam em seus orçamentos analíticos a identificação do
responsável técnico, como foi verificado mediante consulta de planilhas nos sites das instituições
referenciadas.
23
5.1 - Atrasos
O atraso em obras geralmente é uma consequência do não cumprimento de
responsabilidades e prazos de conclusão que foram previstos para os serviços. Funciona como um
indicador de competitividade, onde os atrasos que afetam o tempo de duração de um
empreendimento servem como indicador de eficiência ou falta dela.
Em maio de 2013, o então Ministro Aldo Rebelo comentou sobre o atraso em obras para a
copa do mundo e olimpíadas: “O atraso é um de nossos problemas civilizatórios, faz parte de
nossa cultura. Até reunião ministerial atrasa no Brasil”.
Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), diz que
o que falta não é dinheiro, mas excelência em gestão pública (Época, 2013).
Ainda hoje muitas obras no Brasil encontram-se atrasadas. Esses atrasos são vistos como
acontecimentos que repercutem de maneira negativa para o desempenho e desenvolvimento da
obra, em virtude do não cumprimento de prazos, assim como em decorrência das despesas
acrescidas.
O atraso sistemático de obras no Brasil se deve a vários fatores, independentemente do
porte, sendo que o prejuízo não é apenas para a construtora, mas para o país em geral.
Chuvas, problemas de licenciamento, desapropriações, insipiência do planejamento, falhas
de projetos, deficiência de mão de obra e os erros no gerenciamento de obras podem ser apontadas
como as principais causas que atuam no retardo da entrega de obras.
essa falta de qualidade é resultado da pressa pela elaboração. Os projetos, que deveriam ser feitos
com antecedência, são feitos em cima da hora. Assim, é inevitável que não haja atraso, porque a
construtora não consegue tocar a obra.
Prorrogação
graciosa
Não imputável
ao empreiteiro
Prorrogação
Responsabilidade legal
de atrasos
Imputável ao
Multa
empreiteito
Fonte: Autor.
Na ocasião em que o atraso não seja imputável ao empreiteiro, ou seja, a situação que
provocou o atraso não foi de responsabilidade dele, existe a possibilidade de prorrogação graciosa
e legal. A graciosa consiste em conceder uma extensão no prazo e o pagamento das atividades em
atraso. Normalmente essas prorrogações ocorrem em função do atraso de atividades que não
estavam contempladas no planejamento original da obra. Enquanto isso, na prorrogação legal se
concede ao empreiteiro um aumento do prazo e custos em virtude do atraso verificado. O atraso
não decorre de culpa do empreiteiro, mas é diferente da prorrogação graciosa devido não existir
entendimento entre as duas partes envolvidas. Nesse caso, pode haver disputa judicial quando não
houver o consentimento entre as partes.
25
VI. 20% (vinte por cento) sobre o valor do contrato/nota de empenho, pela inexecução
total do contrato.
Além do referenciado nos itens descritos, a multa pode ser atribuída a outros graus de
infração, como mostra a Tabela 5.1 e o Quadro 5.1.
Tabela 5.1: Grau para aplicação de multas.
Grau Correspondência
01
0,5% do valor do CONTRATO
02
0,6% do valor do CONTRATO
03
0,7 % do valor do CONTRATO
04
1,0 % do valor do CONTRATO
Fonte: https://sipac.ufrn.br/public/relObraPublic.do
Abaixo, a descrição da situação para cada grau de infração.
Quadro 5.1: Descrição de infrações.
Item Descrição Grau
Ocorrência de dano físico, lesão corporal ou de
01
consequências letais a funcionários da contratada ou a 04
terceiros;
02
Fornecer informação falsa. Por ocorrência. 03
03 Não providenciar substituto para o responsável técnico
02
pela equipe de serviços. Por ocorrência.
04 Manter a documentação de habilitação desatualizada.
01
Por item e por ocorrência.
Deixar de cumprir quaisquer dos itens do Edital e seus
05 Anexos, mesmo que não previstos nesta tabela de
01
multas, após reincidência formalmente notificada pelo
fiscalizador. Por ocorrência.
Deixar de substituir prestador que tenha conduta
06
inconveniente ou incompatível com suas atribuições. 01
Por prestador a partir da notificação do fiscal.
Deixar de cumprir com quaisquer obrigações
07
trabalhistas em relação aos empregados envolvidos na 01
execução deste contrato. Por dia.
Fonte: https://sipac.ufrn.br/public/relObraPublic.do
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CAPÍTULO VI – METODOLOGIA
7.1.2 – Obra: Reforma e ampliação do prédio para abrigar atividades de pesquisa e pós-graduação
do Centro de Biociências.
Entre as plantas baixas do projeto de arquitetura e o projeto de instalações elétricas, Figura
7.5, há uma divergência na presença da janela J01, o que pode ser observado ao realizarmos a
compatibilização de projetos por meio da leitura de pranchas.
Figura 7.5: Janela J01 no subsolo do centro de biociências.
O detalhe da planta baixa do subsolo, Figura 7.6, mostra a janela J05 na sala laboratório de
informática e pós-graduação.
Figura 7.6: Projeto de arquitetura do centro de biociências – detalhe planta baixa subsolo.
O projeto de instalações elétricas do subsolo, Figura 7.8, mostra três tomadas baixas
locadas onde há a janela J05. Porém, essa esquadria ocupa a altura total do seu vão, como descrito
anteriormente, e, dessa forma, não seria possível seu uso nessa posição.
Figura 7.8: Projeto de instalações elétricas do centro de biociências – tomadas em conflito com esquadria
J05.
Figura 7.10: Projeto de drenagem pluvial do centro de biociências – destaque da marquise metálica.
Figura 7.12: Projeto de combate a incêndio do centro de biociências – detalhe planta baixa do pavimento
superior.
Figura 7.16: Projeto de instalações elétricas LabSis – detalhe planta baixa térreo.
Após a análise de algumas obras executadas no campus central da UFRN entre 2010 e o
início do ano de 2016, escolhemos quatro com diferentes tipologias para realizar o estudo. Nota-se
uma incompatibilidade com relação ao que se comenta na literatura. A Tabela 7.1 mostra o
resultado da análise de orçamentos das obras estudadas.
Tabela 7.1: Análise de orçamentos de obras no campus central da UFRN.
Valor Serviços Serviços Supressão Acréscimo
Obra Valor (R$)
medido (R$) excedentes (R$) extras (R$) (%) (%)
Construção do Depósito
de Materiais 531.478,39 531.478,07 110.963,12 21.591,78 Zero 24,94
Descartados
Construção do
Laboratório de Estudos 2.444.583,61 2.365.555,24 392.206,61 115.348,03 3,23 20,76
Sismológicos
Construção Quadra
691.561,26 674.150,13 115.327,22 44.209,86 2,52 23,07
Coberta do NEI
Construção de Muros de
906.000,00 895.309,75 Zero Zero 1,18 Zero
Arrimo
Fonte: https://sipac.ufrn.br/public/jsp/portal.jsf.
Observa-se que tanto as recomendações do TCU, como as citações da resolução do
CONFEA não são cumpridas, na maioria dos casos analisados.
Por exemplo, a obra denominada de Construção do Laboratório de Estudos Sismológicos
por ser uma edificação com quatro pavimentos, com vários tipos de projetos, diversos materiais e
serviços a executar, deveria apresentar uma proporção de aditivos superior a todas as outras obras
exemplificadas. No entanto, nota-se que isso não ocorre de fato.
As obras de Construção da Quadra Coberta do NEI e Construção do Depósito de Materiais
Descartados, que apresentam menor quantidade de projetos e de serviços, de acordo com a
planilha orçamentária, possuem aditivos superiores à obra de Construção do Laboratório de
Estudos Sismológicos. Na construção do Depósito de Materiais Descartados, o percentual de
aditivos ficou muito próximo do limite estabelecido pela Lei 8.666/93, caso ultrapassasse os 25%
seria necessário outro processo licitatório.
Em resumo, não há uma relação direta entre porte de obra e valores de acréscimo no
orçamento, como demonstra a Tabela 7.2.
39
empresas prestadoras de serviços, sem contar os atrasos por revisões de projeto ou a falta de
alguns desses, além da espera por aprovação de serviços excedentes e extras.
Como expresso no Capítulo V, a universidade, bem como outros órgãos públicos, dispõe
de instrumentos legais para penalizar as empresas que não cumprem os prazos previstos. No
entanto, nenhuma das construtoras responsáveis pela execução dessas quatro obras teve alguma
penalidade. Isso reforça a ideia de que a própria instituição, de certa forma, admite esses abusos de
prazo, onde na verdade deveria haver um maior rigor no cumprimento de prazos, o que seria
conveniente para todas as duas partes.
41
Por fim, esse estudo permitiu mostrar que as deficiências presentes na execução de
empreitadas no campus central da UFRN são fatores que podem ser mitigados ou eliminados. O
corpo técnico que compõe a SIN tem capacidade de melhorar os procedimentos de planejamento
para que projetos e orçamentos estejam prontos e coerentes antes mesmo de se iniciar os serviços.
43
REFERÊNCIAS
[6] BAETA, André Pachioni. Orçamento e Controle de Preços de Obras Públicas. 1.ed. São
Paulo: PINI, 2012. 460 p.
[7] BRASIL. Lei n° 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm. Acesso em:
14 de out. 2015.
[10] BRASIL. Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm. Acesso em: 25 de out. 2015.
[11] BRASIL. Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993. Institui Normas Para Licitações e Contratos
da Administração Pública e dá Outras Providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm. Acesso em: 25 de out. 2015.
[13] CIMINO, J.R. Planejamento e execução de obra. 1.ed. São Paulo: PINI, 1987.
44
[14] CLELAND, David I. et al. Gerência de projetos. Rio de Janeiro: Reichmann e Affonso
editores, 2002.
[15] CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 001, 23 Janeiro de 1986.
Disponivel em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html. Acesso em: 03 de
Jan. de 2016.
[16] CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 237, 19 Dezembro de
1997. Disponivel em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html. Acesso em:
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[17] CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Resolução nº. 307,
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[18] CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Resolução nº. 361,
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[19] CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Resolução nº. 1.010,
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