Casos Praticos Fiscal Corrigidos em Aula
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Casos Praticos Fiscal Corrigidos em Aula
Farto dos garridos reclamos e anúncios luminosos na cobertura de prédios lisboetas, que
segundo presidente da CML desarmonizavam a estética da cidade e afastavam os turistas,
o executivo camarário de Lisboa apresentou à respectiva Assembleia Municipal uma
proposta de criação de uma Taxa Especial a incidir sobre todo e qualquer objecto e
estrutura publicitária colocado na cobertura ou telhado dos imóveis sitos nos bairros
históricos do Castelo, Mouraria, Príncipe Real e Chiado.
Estamos aqui perante a matéria dos tributos: os tributos são as receitas criadas pelo Estado
ou por outras entidades públicas para a satisfação de necessidades públicas sem função
sancionatória.
Em primeiro lugar, temos de classificar o tributo em causa: é um imposto, uma taxa ou uma
contribuição especial? Não é relevante qual é o nome dado no caso prático ao tributo: será
mesmo uma taxa especial? A resposta é negativa.
1. i)
Neste caso estamos perante um imposto oculto, o que exige a reserva de lei do art.
165º/1/i)). E é um imposto porque existe aqui uma valoração ad valorem. Ad valorem, quer
dizer conforme o valor. De acordo com o princípio da materialidade subjacente, tudo o que é
tributado ad valorem é sempre um imposto. Algo que seja cobrado de acordo com um
percentual de X é sempre um imposto. Quando diz que o imposto incide sobre o valor
patrimonial do prédio, o valor do imposto aumenta à medida que aumenta o valor do prédio.
O imposto distingue-se das taxas porque é marcado por ser uma prestação unilateral, não
lhe correspondendo qualquer contraprestação específica a favor do contribuinte, servindo
necessidades financeiras gerais. Portanto, quando pagamos o imposto não sabemos em
concreto quais os bens ou serviços públicos que aquele imposto visa financiar. E são ainda
marcados pelo princípio orçamental da universalidade, servindo para financiar todas as
despesas. Neste caso, não há bilateralidade porque é ad valorem. Ad valorem é sempre
unilateral: se não há sinalagma, é imposto. A delimitação é feita negativamente, ou seja, o
raciocínio não é: não há unilateralidade, logo é uma taxa. O raciocínio é o seguinte: não
existe bilateralidade, logo é um imposto, verificando-se uma tributação ad valorem.
Para ser uma taxa, nunca poderia incidir sobre o valor tributário dos prédios, mas por
exemplo se dissesse que “pela remoção do obstáculo jurídico para colocarem reclames
publicitários a Câmara iria cobrar um X”, aí já é uma taxa. Não há sinalagma porque vai pagar
mais quando o imóvel tem o valor mais elevado.
Neste caso estamos perante um caso relacionado com reclames publicitários. No acórdão
nº313/92, o tribunal constitucional diz que mesmo nos casos em que a atividade dos
particulares sofra uma limitação, a atividade estadual consistente na retirada do obstáculo
àquela limitação mediante o pagamento de um tributo, é vista pela doutrina como uma
imposição de uma taxa somente desde que tal retirada se traduza na dação da
possibilidade de utilização do bem público ou semi-público. Se este condicionalismo não
ocorrer, estamos perante uma situação que é subsumível à existência de um encargo que se
aproxima da figura do imposto. Se não se puder afirmar que tal tributo confere um serviço
ou a possibilidade de se recorrer aos serviços ou atividades públicas, não pode ser visto
como uma contraprestação e por isso não é uma taxa.
Portanto, temos de verificar se este tributo incide sobre um bem público, semipúblico ou de
domínio público, caso contrário estamos perante um imposto oculto, sendo que a criação de
impostos ocultos é da reserva relativa de competência da AR (art. 165º/1/i) CRP). Para a
jurisprudência que considera que estamos perante um imposto oculto, temos de classificar o
imposto. É precisamente este o caso.
Surge uma divergência na jurisprudência tendo em conta que em acórdãos como o nº63/99
e o nº166/2008 e a 1ª posição defendida no acórdão nº117/2010, a remoção de obstáculos
jurídicos sobre bens privados (os prédios urbanos em causa são bens privados) foi designada
de licença fiscal1 e portanto as normas que alguns municípios tinham relativamente às taxas
devidas pela afixação de reclamos luminosos seriam consideras organicamente
inconstitucionais. O mesmo é dito no ac. 558/98, julgando inconstitucional o tributo exigido
pelo Município de Guimarães pela licença para a afixação de painéis publicitários em
veículos de transporte coletivo e em veículos particulares. No mesmo sentido vai o ac.
313TC.
1 Associada à artificialidade
Estamos perante um imposto fiscal ou extrafiscal? Para Ana Paula Dourado é possível
existirem impostos fiscais e extrafiscais. Aqui está em causa uma finalidade extrafiscal,
porque visa evitar a desarmonização da estética da cidade e o afastamento de turistas. Já o
Tribunal Constitucional não considera os tributos extrafiscais impostos, logo, eles não estão
sujeitos a reserva de lei do art. 165º/1/i)CRP. De acordo com a regente, isto, associado ao
facto de o Tribunal Constitucional não usar o principio da cobertura dos custos resulta na
desproteção do contribuinte. Ao não ser imposto, estamos perante uma taxa, logo, é
bilateral. Esta posição está no ac. 70/92 e 7/84.
2.
1) O facto de ser feita aqui referencia às isenções significa que estamos a falar de benefícios
fiscais. Os benefícios fiscais são desagravamentos fiscais que introduzem exceções à
incidência tributária e que prosseguem finalidades não fiscais (extrafiscais). A situação da
vida recairia nas normas de incidência, mas estas são afastadas devido a uma lei que
introduz um regime mais benéfico. Um dos diversos tipos de benefícios ou técnicas de
atribuição de benefícios fiscais é a isenção, que pode ser total ou parcial, e que se encontra
referida no caso prático.
O art. 2º/1 do Estatuto dos Benefícios Fiscais define os benefícios fiscais como “as medidas
de caráter excecional instituídas pela tutela dos interesses públicos extrafiscais relevantes
que sejam superiores aos da tributação que impendem.” Temos de concretizar o significado
de “interesses públicos extrafiscais relevantes superiores aos da tributação”. Para tal
podemos recorrer aos princípios materiais legitimadores dos benefícios fiscais. Esses
princípios são o principio do bem estar social como princípio geral, que deve estar sempre
presente como forma de controlar o arbítrio, o princípio da proporcionalidade em sentido
amplo (abrangendo os princípios da necessidade, adequação e proporcionalidade) e o
princípio do ganho ou do mérito.
Portanto, tem de haver uma relação entre princípios fiscais legitimadores dos benefícios
fiscais e os princípios fiscais materiais. Deve ser avaliado se os princípios fiscais devem
prevalecer sobre a igualdade na vertente da capacidade contributiva, progressividade e
quaisquer outros limites fiscais materiais que sejam restringidos pelos benefícios fiscais.
Por estarmos a falar de benefícios fiscais importa referir o art. 14ºLGT, que considera que a
sua atribuição é concedida em função dos rendimentos do beneficiário ou do seu agregado
familiar e que depende do conhecimento da situação tributária global do interessado.
Como podemos verificar, não é possível considerar, no caso concreto, que existe algum
princípio que se sobreponha ao princípio da igualdade.
Para além disso, a Câmara Municipal não podia criar este beneficio fiscal: nos termos do art.
103º/2CRP, “os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os
benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes”. Ou seja, quem pode criar este benefício
fiscal é a Assembleia da República ou o Governo com a sua autorização.
ii) Também neste caso estamos perante um beneficio fiscal e aqui estamos no âmbito da
extrafiscalidade, porque os tributos têm como finalidade principal ou secundaria arrecadar
receita. Os objetivos extrafiscais são uma exceção à capacidade contributiva e, portanto, são
uma exceção ao principio da igualdade, o que significa que têm de ser justificados. O
princípio da igualdade é um principio constitucional, o que significa que deve existir um
controlo cuidadoso por parte do Tribunal Constitucional relativamente a este princípio.
Este beneficio fiscal, como é relativamente às sedes dos partidos políticos, tem caráter
objetivo. Seria subjetivo se apenas quisesse atribuir a isenção à sede dos partidos A, B ou C.
Na prática, acha-se que é justificável porque sem partidos políticos não há Democracia. Na
anterior redação do art. 44º/1/d) estatutos fiscais previa-se a isenção de IMI para a sede dos
partidos políticos. Revogou-se esta alínea mas há outra que diz que tudo o que tenha caráter
público está isento, ou seja, os partidos políticos também estão. Temos é de averiguar onde
está o contributo para o bem-estar social.
Deolinda Nunes, gerente da empresa 'Lagoas e Mares, Lda.', com sede em Faro, está muito
apreensiva relativamente aos meses de setembro e outubro, já que a empresa suportou
um valor elevado de juros para financiar a sua sucursal em Loulé e pagou diversas coimas
por infracções cometidas no trânsito com as viaturas da empresa. Nesse período, o
departamento financeiro da empresa não efetuou sequer as retenções na fonte aos
trabalhadores da empresa em relação aos seus salários. E, por outro lado, em face das
graves dificuldades financeiras da empresa, não foram entregues as quotizações dos
trabalhadores para a Segurança Social.
25.º/2: se não houver uma conduta diligente do gestor, não e uma avaliação de mérito, mas
sim de diligência.
27.º é solidária dado que e difícil não recuperar os montantes dos não residentes. Alem disso
em principio o não residente não terá muito património em Portugal.
A entrega de um tributo por parte do substituto ao fisco sem ter existido a necessária
retenção do mesmo, o patrão entrega mas não chegou a reter, confere o direito de regresso
tao parte do substituto tao só a exercer pelo direito civil.
O tributo retido e pago pelo substituto ainda que indevidamente é considerado como tendo
sido pago em nome e por conta do substituído, com isto é por conta.
Art. 24.º: como se ativia a resp solidaria dos gerentes e dos técnicos subsidiariamente em
relação as sociedade em geral. Em que e que consiste esse juízo da diligencia.
Teto sistemático: vários autores utilizam uma nomenclatura diversa mas é o mesmo dos
elementos da relação tributária- fazem parte do tapistandi de garantia. Tem que constar
necessariamente da lei, ou do DL ou de DLR. Isto e uma garantia dos particulares:
previsibilidade das suas condutas.
Diferente são as obrigações meramente declarativas: essas fazem parte do Tapestandi
sistemático, mas não do Tapestandi de garantia. Tudo o que for: isto e o que tem que ser
pago, tem que estar na lei- Tapestanidi de garantia. O resto são regulamento administrativos
que definem como se procede a tributações de carater declarativo, fazendo parte do
sistemático e não de garantia.
Resolução do caso:
1ª
Para averiguar a culpa do responsável tributário temos de seguir os seguintes passos:
Identificação do responsável pela decisão de não cumprir o dever tributário de
retenção e de entrega.
Culpa societária: se a empresa está bem organizada, para saber a quem podemos
atribuir a culpa. Devemos primeiro ver a forma de averiguar a falta de diligência e
para isso temos que olhar para a organização da sociedade para excluir a
responsabilidade. Se nada no caso nos diz de má organização, olhamos para os
sujeitos referidos no caso: gestor e departamento financeiro. Quando a empresa
está organizada passamos para o passo seguinte:
Quem tomou a decisão de diminuir o património da sociedade. Começando pelo
gestor é necessário demonstrar se fazia ou não da sua competência o cumprimento
dessa obrigação. Se sim, então ver se houve violação dos deveres de diligência
através: risco. Diz juros elevados, dai que há uma assunção de um risco elevado, se
era arriscado não houve uma conduta diligente, e o gestor pode ser
responsabilizado. Art. 23.º/2 al.c) do CIRC- servem para o cálculo das despesas. Na
jurisprudência só em situações excecionalíssimas admite que não haja o pagamento
de impostos. Também em apenas situações exclusivas é que se retira a
responsabilidade do gestor:
Fiel depositário: colocar numa instituição financeira de confiança
Pagar fornecedor com um crédito que terá de ser pago antes da entrega- risco
quase nulo, como quando compra uma obrigação de tesouro ao Estado
Catástrofes naturais
O art. 64ºCSC diz que os gestores devem ser criteriosos e ordenados em prol da
sociedade, dos trabalhadores, dos clientes e pode-se retirar também, do fisco. Em ultima
análise, se não há uma adequada gestão, a culpa é do gestor.
Quanto as coimas, também não são exceção. São despesa não dedutível em sede de IRC
23.º-A/1 e). Coimas não resultam do normal exercício da atividade. No final do ano para
calcular a coleta, estas não são dedutíveis. Assim, isto não é justificável.
24.º/1 a)- presunção de culpa se o titular estava no exercício de funções aquando da entrega
do imposto, sendo que necessário sempre ver as deliberações societárias, para saber se ele
teve impacto na decisão. Primeiro se tinha competência, e depois se a tinha, se na
deliberação disse que não se devia votar.
Deveria ser uma retenção por conta e não a titulo definitivo, porque é o pagamento do IRS
que é uma prestação periódica. Nos termos do art. 28.º/2: o primeiro responsável é o
substituído e subsidiariamente o substituto. Se não houve nem retenção, também não houve
entrega. Dizer ratio do artigo: não lhe foi retirado. Recebeu rendimento bruto. Professora
chama isto substituição impropria dado não haver nenhuma substituição concreta.
Suma do caso:
Se não for culpa societária, por ma organização e não saber quem é que tinha de cumprir
(não vai acontecer), ver quem é que tinha competência. Depois deveres de diligência, se foi
ou não arriscado. Se for arriscado, ver se se enquadram nas situações excecionalíssimas e
que justificam, porque não se não esta culpa não pode ser ilidida dado que este dinheiro não
é dele.
Caso prático nº3 - Substituição tributária
a) Decidem pagar os salários procedendo à retenção na fonte do valor de IRS, mas não
entregam esse mesmo valor ao fisco num total de 7000 euros;
b) Procedem à retenção dos valores devidos à Segurança Social, mas não os entregam;
d) A empresa acaba por receber o valor da encomenda de novembro que permite resolver
todos os seus problemas financeiros.
III - A estratégia de investir as poupanças em marketing poderia servir para ilidir a culpa
funcional dos gerentes nas situações a) e b), e tendo conseguido satisfazer a encomenda
que lhes permite sanar todos os problemas financeiros?
IV - Quem responde pela viciação da declaração de IRC e será possível ilidir a sua culpa?
I- Sujeito ativo, sujeito passivo, responsabilidade tributária: 18.º/1, 18.º/3, 20.º/1, 20.º/2,
34.º. Sujeito ativo e passivo. Art. 18.º/3 mais amplo; art. 20.º e 34.º
II-Não havia responsabilidade societária (temos que ver sempre antes) porque ambos
sabiam que tinham que pagar o imposto, ou seja, não havia má organização. Tinham
conhecimento que o tributo tinha que ser pago. Art 64.º CSC. Art. 24.º/1: subsidiariamente
Se o património é insuficiente ou inexistente pelo investimento do produto da empresa. Não
é nenhuma das situações excecionais e por isso não há exclusão da presunção de culpa.-
28.º/1: substituído fica desonerado e apenas responde o substituto que é a empresa e não
havendo responsabilidade societária, então quem responde são os gerentes.
Mas os 7000 já havia abuso de confiança- crime não dá para ilidir culpa.
SEGURANÇA SOCIAL
MAS HÁ EXCEÇAO À EXCECAO: consegue pagar- ilide apenas a primeira culpa quanto ao
risco- cumpre a o ónus de prova da exceção. Mas em relação à SS é crime não há hipótese.
Mas também quanto ao crime da al. a) já era ilidível.
24.º/3- responsabilidade do contabilista certificado que vícia a declaração de IRC, pode ser
responsabilizado pessoalmente (culpa funcional, nos termos do 24.º/3). No caso a culpa não
é ilidível porque cometeu um crime nos termos do art. 103.º/1 al. a).
Quanto ao IRC da própria sociedade, e mais simples, na análise do art 24: Temos uma
sociedade que devia pagar o IRC, e o gestor toma decisão de não pagamento do IRC. A
responsabilidade subsidiaria do gestor deve existir em caso de dissipação do património da
sociedade ou se o gestor fez aplicações de risco relativamente ao património da sociedade.
Esta situação é uma situação menos grave.
Matéria em aula
Princípio da legalidade
Nas A.L, no art. 232.º/4 a lei define o poder tributário das AL, daí que seja derivada e não
originário. Aqui as duas leis essenciais a recordar: Lei das Finanças Regionais para as R.A e a
lei das finanças locais.
As regiões autónomas têm mesmo poder de criar impostos? É diminuto porque não pode
interferir com os impostos nacionais, em que o poder que lhes é dado acaba por ser
insignificante- mas os DL regionais não podem criar as leis nacionais, ou DL autorizado. Por
isso é difícil as AR criar um imposto que não tenha sido ainda criado pela lei nacional.
Benefícios fiscais que podem ser concedidos por benefícios fiscais- 16.º/3.
Princípio da tipicidade: 103.º/2 CRP- elementos essenciais do imposto têm que constar de
lei, e ninguém tem de pagar impostos que não estejam na lei com todos os seus elementos.
A vaguidade viola o princípio da tipicidade.
Mas será que ao densificar por portaria e regulamento um conceito indeterminado presente
na lei. Uma das exceções: elementos que não carecem de constar na lei. Densificação
progressiva da lei fiscal.
EX: tributação de bens de luxo. Pode vir uma portaria a densificar este conceito sem violar a
reserva de lei.
Acórdão 127/04: regras que assumam o carater material ou substantivo estão sujeitas a
reserva de lei. As de carater procedimental ou processual, não. Sempre que tenha que ver
com a quantificação do imposto, tem que estar na lei. Se não, não tem que constar. TC
considera que há inconstitucional, mas a professora não.
EX: lei remete a quantificação do quantum para uma norma externa ou algo que não seja
possível determinar no momento.
Professora não concorda porque é um imposto sobre o volume de vendas de bens de saúde.
O imposto recaia sobre o preço do mercado. Necessário olhar para o preço de mercado para
determinar o quantum do imposto. Este não cumpre a segurança jurídica porque pode ser
facilmente alterado. Particular não sabe a alteração e não consegue ter juízo de prognose. Já
não é indeterminação de conceitos, mas sim de lei. O próprio preço de mercado é algo que
não é possível quantificar.
Resumo
Lei: 135.º/1 i) e 103.º/2; fala da matéria em causa; questão da incidência e taxa do 103.º/2.
Não estamos perante um serviço público, ou seja, a restauração é um serviço privado (art.
4ºLGT), que significa que estamos perante um imposto oculto, tendo em conta que não se
verifica aqui a bilateralidade resultante da existência de uma contraprestação, pois o valor da
taxa acaba por ser superior ao da utilidade prestada, e porque aqui existe um elemento ad
valorem, que é o preço das refeições e das estadias. Se a refeição custar 30 euros paga-se X,
se custar 15 paga-se Y. Se estivéssemos perante uma taxa, estas não estão submetidas a
reserva de lei, porque ainda não foi criado um regime geral das taxas, o que significa que
podem ser criadas por quaisquer entidades públicas. Se não existe uma submissão a reserva
de lei, é necessário proteger o particular por outra via: o princípio do custo-benefício. Mas
neste caso, estamos perante um tributo unilateral: o imposto (art. 3º/2, art. 4º LGT).
Tapestandi:
Sujeito ativo: AT
Sujeito passivo: restaurantes e consumidores
Objeto: consumo
Classificação:
Objeto: imposto sobre o consumo
Função: real e proporcional
Modo como atinge o objeto: indireto
Período temporal e extinção: imposto de obrigação única
IEC- imposto especial sobre o consumo: incide sobre o consumo especifico de um
determinado bem ou serviço.
QUANTO AO SENTIDO
Mas neste caso, nada disto é cumprido: nem a autorização por parte da Assembleia da
República nem sequer a tripla função desta autorização, porque o decreto-lei não é
autorizado mas sim simples, o que consubstancia uma inconstitucionalidade orgânica. Isto
acontece porque, neste caso, estamos perante um imposto, que carece de autorização
legislativa pela AR. Mas se estivéssemos perante uma taxa, o Governo poderia legislar,
porque como não existe reserva de lei, a defesa dos particulares apenas é feita pelo princípio
do custo-benefício.
se a recolha do lixo for uma competência da CML, mas e se for uma entidade de base
não territorial viola a reserva de lei?
Segundo o TC quando temos uma entidade de base territorial e o tributo prossegue fins
extrafiscais, o TC diz que a tributação destes tributos não se encontra na reserva de lei.
Sendo um serviço da CML que é autarquia, sendo entidade de base territorial, isto não
violaria a reserva de lei. – Acórdão 70/92 e 7/84
Mas se fosse uma empresa municipal ou qualquer outra entidade de base não territorial, se
o tributo prossegue fins extrafiscais o TC diz haver violação da reserva de lei. Ninguém
compreende esta contradição, mas é assim.
poder-se-ia criar uma taxa de contribuição económica: criar a taxa pela poluição que os
turistas criam em Lisboa. Para a regente as contribuições financeiras têm que constar de elei,
e as taxas de contribuição económica tem de definir o quantum máximo do imposto sob
pena de não haver limite à despesa.
PORTARIA
Uma remissão: a lei remete para outro ato normativo que não lei, apenas para aspetos
técnicos, mas se forem questões materiais ou quantificação do imposto, não e admitida esta
remissão. O modo como são cumpridas as obrigações, ou seja, questões procedimentais, não
tem que constar de reserva de lei.
A lei que remete para outro ato normativo que não lei só pode remeter para aspetos
técnicos. Quanto a questões de caráter meramente técnico, essa remissão é permitida. Se se
remeter para outro ato normativo questões materiais ou de quantificação do imposto já não
é permitida a remissão.
PRAZOS
Quanto a prazos, se estes interferirem sobre as garantias dos contribuinte deverão de
constar de reserva de lei.
BENEFÍCIOS FISCAIS
Art. 2.º/1 do Estatuto dos benefícios fiscais. Procedem por exemplo por via de isenções.
2.º/2
Exceção as normas de incidência, e não prosseguem os objetivos essenciais de receita e
prosseguem sempre finalidades extrafiscais.
Por opção do legislador constituinte, estes encontram-se submetidos a reserva de lei:
103.º/2.
Há quem entenda que os benefícios fiscais, por não visarem a arrecadação de receitas,
consideram que não esta sujeito à CRP fiscal mas sim económica, devido ao desvio.
Se isto tivesse sido criado por lei, este beneficio fiscal era admissível? O afastamento dos
limites materiais constitucionais carece de justificação com base em princípios orientadores,
os quais devem sempre ser ponderados com os princípios materiais fiscais a restringir.
Concluindo, neste caso não foi respeitada a reserva de lei da Assembleia da República
presente no art. 103º/2 in fine CRP, e para além disso a existência deste beneficio constitui
uma violação ao princípio da igualdade, tendo em conta que os princípios que poderiam ser
superiores a este- princípio do bem estar social, o princípio da proporcionalidade em sentido
amplo (principio da necessidade, adequação e proporcionalidade) e o princípio do ganho ou
do mérito - não se encontram aqui preenchidos. Aqui o princípio ou o interesse será o da
preservação do património gastronómico português.
• Princípio da proporcionalidade:
➢ Seria adequado? Sim.
➢ Seria necessário? Sim.
➢ Seria proporcional stricto sensu? Neste caso não nos é dito a isenção, não
precisando esta de ser total, e neste caso a isenção teria de ser balançada.
• Princípio do bem estar geral: qual é o aumento do bem estar geral? Parece
que não se verifica. Este princípio temos sempre de ver: é a forma de afastar a
arbitrariedade.
Tenho restaurante de luxo: devo ser descriminado quanto as outras pessoas? No âmbito do
DF europeu, não consta dos tratados que as instituições europeias possam dizer o que seja
sobre impostos diretos ou quaisquer outros impostos diretos que não o IVA. Mas na pratica
tem havido a existir uma harmonização fiscal indireta por via do TJUE, que quando a criação
de um tributo por um dos EM ponham m causa alguém das 4 liberdades fundamentais: livre
circulação pessoas, serviços, moeda, etc. haveria discriminação de um estrangeiro em
relação a um nacional.
Questão diferente seria por exemplo a livraria LELLO: seria possível descriminar
positivamente um negocio daqueles, mas não só pela venda de livros, mas também pela
arquitetura, havendo um beneficio fiscal pelo comercio regional, valorizando
2 – O valor tributável das prestações e despesas a que se refere o número anterior será o
seu valor nominal ou, na falta deste, o valor mais próximo das condições normais de
mercado.
4 – Será fixada, por Portaria, a lista das prestações a que referem os n. os 1, 2 e 3, bem como
os critérios concretos para apuramento do seu valor.
5 – São isentados do pagamento do imposto os trabalhadores da construção naval.»
Mas, quanto à sua duração da autorização, pode ser dispensada no caso do 165.º/5 em caso
de autorização orçamental porque caduca por si mesma.
O DL autorizado contém uma normação primária e não secundária (não são autorizações do
Governo para a emissão de regulamentos). As leis de autorização são linhas de conduta, não
criam uma fonte de direito aplicável às relações que pretende reger.
No que respeita ao objeto o mesmo parece definido uma vez que visa a tributação em sede
de IRS de todos os rendimentos pessoais que decorram de uma relação de trabalho
dependente. Em relação à sua extensão, parece que o critério esta cumprido, pois apenas se
pretende tributar os rendimentos de trabalho depende e não outros, logo esta cumprido; no
que concerne à duração da autorização e com os dados que temos já não parece estar
definida, pelo que temos uma situação de inconstitucionalidade material por violação da
reserva de lei da al. i) do n.º1 e 2 do art. 165.º CRP.
Ainda o n.º2 do art. 165.º/2 da CRP a LAL deve determinar o sentido da autorização, sentido
esse definido pelo professor Antonio Vitorino:
Quanto ao sentido:
Lei de autorização legislativa tem que se encontrar conforme o 165.º/2 e o 103.º/2, no que
concerne ao objeto que esta determinado; à extensão, porque diz até onde o Governo pode
ir- no art. 2.º; também a sua duração está determinada- 3.º; no que concerne ao sentido,
deve ser interpretado na ótica da tripla vertente do professor António Vitorino plasmada no
acordao 358/92.
No que concerne ao conteúdo material bastante da lei de autorização (103.º/2 1ª parte) que
se retira da incidência e da taxa da primeira parte do 103.º/2- an+quantum= incidência em
sentido amplo). Não constatando do caso qualquer elemento que permita escortinar sobre o
que incida o imposto-
1- Aprovação do DL:
Caso pratico:
1- Governo diz que tributa os rendimentos da LAL, mas também as despesas, que
poderão não ser rendimentos- art- 2.º-A: delimitação negativa do que é rendimento:
ou seja, nem todas as despesas que incorre a entidade patronal mesmo no interesse
do trabalhador, não são rendimentos. Logo, as despesas cujo encargo a entidade
patronal assume no predominante interesse do trabalhador, não perfazem
necessariamente rendimento do mesmo. Logo, temos uma situação de
inconstitucionalidade orgânica por violação da autorização da AR pelo Gov.
2- Suscita duas questões: 1- valor nominal é um valor fixo (20 euros), sendo então
perfeitamente determinável - se tenho despesa de 20, são esses 20 que vão ser
tributados. Não há aqui nada que não seja determinável. Não há violação nenhuma
da reserva de lei. 2- Sempre que surja uma remissão para o valor de mercado, esse
valor de mercado e determinável ou não? O valor de mercado dos bens imoveis e
relativamente estável, razão pela qual a remisso para o valor de mercado de um bem
imóvel não viola a reserva de lei porque esse valor e determinável, dado que as
oscilações nesse mercado não são muito voláteis. Quanto aos ativos mobiliários (ex:
ações, obrigações), o valor desse ativo e de tal modo volátil que não cumpre com a
necessidade de determinabilidade do 103º/2 1.ª parte a remissão para o valor do
5- Art. 2.º/1 definidos do Estatuto dos benefícios fiscais. Procedem nos moldes do art.
2.º, que no caso pratico é por via de isenções. 2.º/2
Exceção as normas de incidência, e não prosseguem os objetivos essenciais de
receita e prosseguem sempre finalidades extrafiscais.
Por opção do legislador constituinte, estes encontram-se submetidos a reserva de
lei: 103.º/2, fazem parte do direito da economia e não do direito fiscal prosseguindo
sempre finalidades extrafiscais, havendo assim uma inconstitucionalidade orgânica,
pois não havia autorização para criarem um beneficio fiscal. Alem dela, mesmo que
houvesse a autorização, haveria uma inconstitucionalidade material, pois não se
depara nenhum principio a ser conjugado com o princípio da igualdade, de forma a
se fazer um juízo de proporcionalidade e de mérito e ver se há conformidade à CRP
Há quem entenda que os benefícios fiscais, por não visarem a arrecadação de
receitas, consideram que não esta sujeito à CRP fiscal mas sim económica, devido ao
desvio
O imposto passa a ser calculado de acordo com o “valor objetivo” de cada imóvel,
um valor a fixar pelos serviços de finanças atendendo à sua “localização”,
“equipamentos” e “antiguidade”, bem como a “outros fatores relevantes” que a
lei em si mesma não especifica.
Outros fatores relevantes não e um conceito vago e indeterminado. Isto é tout court uma
reserva de lei. Inconstitucionalidade orgânica porque não cabe ao governo faze-lo, e
material. Nem se coloca a questão de saber se e técnico ou não.
Há autonomia local- 238.º/4 CRP, mas esta autonomia é derivada porque resulta sempre da
lei. A questão é saber de que lei é que resulta.
Art. 16.º da Lei da Finanças Locais, onde se estabelece que os impostos que sejam receitas
próprias dos municípios podem ser por estes mesmos municípios isentados ou adaptados. O
art. 14.º mostra quer o IMT e o IMI são receitas próprias, cuja adaptação e isenção se
estabelece no art. 16.º, significa que sim, poderia isentar. Mas por ser derivada as isenções
não podem violar a lei, não pode violar a margem de discricionariedade que resulta do art.
112.º/2 e 5 CIMI. Quanto ao IMI nem se encontra prevista qualquer discricionariedade.
Como passa a margem de discricionariedade que a lei lhe da quanto ao IMI então trata-se de
uma inconstitucionalidade orgânica. De acordo com o CIMT não se prevê de todo qualquer
margem de discricionariedade.
Inconstitucionalidade orgânica por não ser competência da Assembleia Municipal.
Diferente a iniciativa legislativa e iniciativa política. Podia propor o que quisessem, não
podiam era criar o imposto.
Os benefícios fiscais devem constar de lei e constam do art. 16.º/4 e 14.º LFL., e sendo
receita própria nos termos do art. 14.º, nos termos do 16.º/2 as Assembleias podem isentar
respeitando o princípio da igualdade e de forma não discricionária, podem criar isenções nas
suas receitas próprias ou seja IMI e IMT (14.º).
Assim, os municípios podem dispor de benefícios fiscais, relativamente aos impostos e a
outros tributos próprios, não podendo ser concedidos por mais de 5 anos- art. 16.º/4 LFL.
45.º/1 EBF
71.º/7 EBF
Em primeiro lugar, temos de classificar o tributo que está aqui presente: estamos perante um
imposto que incide sobre a venda de imóveis (art. 3º/2 e 4ºLGT), também designado de
Imposto Municipal Sobre Imóveis. Os impostos caraterizam-se por ser ad valorem, ou seja,
estão associados a uma percentagem, a um valor de tributação, que aumenta ou diminui
consoante “o valor objetivo” de cada imóvel, valor esse que depende da sua localização,
equipamentos e antiguidade. Portanto, quanto mais o imóvel tiver estas características,
maior será o preço do IMI. Para além disso, o imposto carateriza-se pela unilateralidade, ou
seja, são se sabe exatamente quais os bens ou serviços que a receita obtida com o
pagamento deste imóvel vai beneficiar.
Temos, assim, de proceder à classificação do tatbestand sistemático do imposto.
No que diz respeito à fraude fiscal, estamos perante a função de indirizzo da AR que permite
identificar o grau de determinação mínima exigível às leis de autorização ao abrigo do art.
165º/1/i) e nº2 CRP e, como reverso da medalha, o grau da margem de livre apreciação
governamental admissível. Da função de indirizzo decorre que o Parlamento, unilateralmente
ou com a colaboração do Governo, através de lei ou de autorização legislativa, deve definir
sempre as linhas de orientação política em matéria de impostos. O Governo não pode dizer
para que finalidade vai proceder à alteração. Se a competência é reservada ao Parlamento,
ele não tem de partilhá-la com o Governo, mas se o Parlamento a delegar, a orientação
política deve ser partilhada, ou seja, a reserva de competência deve implicar sempre um
assentimento parlamentar dessa orientação, mesmo que ela seja proposta pelo Governo.
Cabe, normalmente, a este a iniciativa legislativa originária (e exclusivamente, no caso das
autorizações legislativas).
Quando é dito que o imposto passa a ser calculado segundo o valor objetivo de cada imóvel,
que é fixado pelos serviços das finanças atendendo à sua localização, equipamentos e
antiguidade bem como a outros fatores relevantes, estamos aqui no âmbito da incidência
do imposto. A incidência consta do art. 1ºCIMI, que considera, no nº1, que o imposto incide
sobre o valor patrimonial tributário dos prédios rústicos e urbanos situados no território
português. Note-se que quando é referida a palavra “imóvel” esta refere-se ao conceito de
prédio, nos termos do art. 2ºCIMI, podendo o prédio ser rústico (art. 3ºCIMI), urbano (art.
4ºCIMI) ou misto (art. 5ºCIMI).
Aqui temos de atender à incidência em sentido amplo. Temos aqui 4 elementos: localização,
equipamentos, antiguidade e outros fatores relevantes. Se a portaria tão só for densificada a
questão da localização dos equipamentos e da antiguidade, não se encontrará violada a
reserva de lei. Se, pelo contrário, não se tratar de uma mera densificação de conceitos mas
sim da criação de critérios materiais por portaria, aí temos uma inconstitucionalidade
orgânica (não cabe ao governo fazê-lo), em primeiro lugar, mas também material (viola-se o
art. 103º/2 1ª parte).
Outros fatores relevantes não é um conceito vago e indeterminado, sendo tout court uma
violação da reserva de lei, originando uma inconstitucionalidade orgânica (não cabe ao
governo fazê-lo) e material (art. 103º/2 1ª parte).
Relativamente ao peso de cada elemento, é a portaria a definir os elementos que
contribuem para a quantificação do imposto, ou seja, com aqueles elementos e ao serem
precisados pela portaria, violamos o an, mas com esta parte final violamos também o
quantum (incidência em sentido amplo).
An
Objeto: localização, antiguidade e equipamentos
Relativamente ao facto de, fora das grandes cidades, a taxa poder oscilar entre 0,8% e 1%,
consoante deliberação das assembleias municipais. Temos de começar por invocar o art.
238º/4CRP a autonomia das autarquias locais é derivada porque resulta sempre da lei. A
lei em causa é a Lei das Finanças Locais, em que se estabelece, no art. 16º, que os impostos
que sejam receitas próprias dos municípios, possam ser por eles isentados ou adaptados. O
IMI é uma receita própria (art. 14ºLFL). Ou seja, sim, podemos isentar, mas as decisões não
podem contrariar a lei, porque o seu poder é derivado e não originário. Se a AM quiser
isentar, pode fazê-lo mas não pode violar a margem de discricionariedade do art.
112º/1CIMI. Quanto ao IMT não se encontra prevista qualquer discricionariedade.
Temos de considerar que os municípios, apesar de não terem poder de criação e de
adaptação em matéria de impostos, são-lhes conferidos alguns poderes em matéria fiscal:
um deles é fixar as taxas do IMI relativamente aos prédios urbanos, embora a moldura seja
fixada na lei: de acordo com o art. 112º/1CIMI, quanto aos prédios rústicos, a taxa é de
0,8% e quanto aos prédios urbanos varia entre 0,3% e 0,45%. Já nos termos do art.
112º/5CIMI, os municípios, mediante deliberação da assembleia da república, fixam a taxa a
aplicar em cada ano, dentro dos intervalos previstos no nº1/c), podendo esta ser fixada por
freguesia.
Isto significa que não é possível estabelecer-se uma taxa única de 2% nas grandes cidades,
independentemente de os prédios serem rústicos ou urbanos, tal como não se pode
estabelecer que fora das grandes cidades a taxa pode variar entre 0,8 e 1%. E isto porque as
taxas são definidas consoante a natureza dos prédios. Assim, quanto aos prédios urbanos o
valor da taxa só pode variar entre 0,3 e 0,45%. Isto significa que é correto a Federação dos
Municípios Portugueses sustentar a inconstitucionalidade, mas não por ser comprimida em
demasia a autonomia financeira local: isso significaria que as autarquias locais poderiam
alargar os valores máximo e mínimo da taxa, o que não é o que se verifica neste caso: os
valores das taxas são muito comprimidos (03,%-0,45%). Como é ultrapassada a
discricionariedade dada em matéria de IMI, há uma inconstitucionalidade orgânica, pois
não é da competência da assembleia municipal. Para além disso, não dá para entender se
estamos a falar de IMI ou de IMT. De acordo com o IMT não se prevê qualquer margem de
discricionariedade.
Quanto ao facto de se dizer que a proposta da Federação era a de que na generalidade dos
municípios a taxa pudesse oscilar entre os 0,5% e os 5%: a iniciativa legislativa e política são
duas coisas distintas; as pessoas podem propor o que quiserem, não podem é criar o
imposto.
A Assembleia da República decreta nos termos da alínea d) do artigo 161.o, da alínea i), do
n.o 1 do artigo 165.o e, do n.o 2 do artigo 165.o da Constituição, o seguinte:
1 - De modo a transformar o Imposto num tributo mais justo, poderá alterar os seus
escalões, mantendo inalterados os seus limites mínimos e máximos;
Nos termos da alínea b), do n.o 1 e, do n.o 2 do artigo 198.o da Constituição, o Governo no
âmbito da autorização legislativa concedida pela Lei n.o ?/2017 de 25 de Outubro de 2017,
decreta o seguinte:
"1 - Reduz-se os escalões do IRS de cinco para quatro, mantendo-se o valor aplicável ao
último e primeiro;
2 - Por Portaria o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais determinará a alteração dos
prazos prevista no n.o 2 do artigo 2.o da Lei de autorização."
Quid iuris?
Lei de autorização legislativa tem que se encontrar conforme o 165.º/2 e o 103.º/2, no que
concerne ao objeto que esta determinado; à extensão, porque diz até onde o Governo pode
ir- no art. 2.º; também a sua duração está determinada- 3.º; no que concerne ao sentido,
deve ser interpretado na ótica da tripla vertente do professor António Vitorino plasmada no
acórdão 358/92.
QUANTO AO SENTIDO:
Não se cumpre com os outros dois elementos da tripla vertente: o conteúdo material
bastante da lei de autorização e o elemento de informação genérica das inovações.
Com esta lei de autorização, que não estava conforme porque no que tem que ver com o
sentido, não cumpria com a ótica do particular na tripla vertente, com o conteúdo material
bastante e com o elemento de informação genérica das inovações.
No art. 2.º/2 fala de garantias dos contribuintes- quando se diz de modo a facilitar a entrega
da declaração de rendimentos, o mesmo pode alterar os prazos da sua entrega. Temos de
atender à garantia dos contribuintes- art. 103.º/2. Nesse artigo, só a primeira parte e que se
aplica aos impostos, ou seja, os benefícios fiscais e a garantia dos contribuintes, não tem de
cumprir com a an, quantum e taxa (tatbestand).
Com esta lei de autorização que não estava conforme porque no que tem a ver com o
sentido não cumpria com a ótica do particular na tripla vertente, com conteúdo material
bastante e com o elemento de informação genérica das inovações.
Se o imposto fosse proporcional cumprira o princípio da igualdade, uma vez que a mesma
taxa, alíquota seria igual para todos. A logica da progressividade tem haver com a diminuição
das desigualdades, por isso o IRS é progressivo para combater as desigualdades. E assim, 4
escalões não violam. Apenas reduz a progressividade. Consensual é que dois ou três violava,
porque havia condições completamente situações dispares no mesmo escalão. A regente
considera que só dois é que viola imperativamente. O assistente diz já com 3.
Sempre que se reduz escalões reduz-se a progressividade do imposto, quando se aumenta,
há mais escalões, e a CRP obriga que o IRS seja progressivo, ao contrario do que acontece
quanto ao IRC que é proporcional, o que garante a igualdade.
Se estivesse a criar o imposto todo novo, teria que colocar os impostos todos, como estou a
alterar o IRS, e se este já tem descrito quem o sujeito ativo ou passivo não tenho que na
alteração voltar a descriminar quem são os sujeitos. Isso apenas é necessário na criação de
um novo imposto.
Quanto à portaria é uma questão de garantia dos contribuintes. Esta esta sujeita a reserva
de lei, que apenas por fonte inferior poderá ser densificado e não introduzido novos
elementos como esta aqui presente. A alteração do prazo por portaria seria
inconstitucionalidade orgânica. A única questão
Mas e se houvesse uma alteração no sentido de progressão e ampliação das garantias dos
contribuintes?
Por portaria não! Garantias dos contribuintes tem que caber sempre, mas sempre em lei em
sentido formal. O dissenso na doutrina é que para a regente esta alteração tem que cumprir
com a reserva de lei mesmo que fosse mais benéfica. Havendo agravamento, como redução
do prazo não havia qualquer discordância, há reserva de lei. Mas sendo mais benéfico,
havendo desagravamento, a regente mantém a mesma solução porque considera que a CRP
quando fala em garantia dos contribuintes fala em sentido geral não especifico para melhor
ou pior. Também por logica da hierarquia das fontes: não faz sentido que o governo por DL
simples altere as garantias que foram consagradas numa lei da AR ou num DL autorizado. A
discordância é que Casalta Nabais e Vieira de Andrade defendem que se estivermos perante
a promoção ou ampliação das garantias dos contribuintes, estas podem ter lugar por DL
simples. Quando se previu a promoção da garantia dos contribuintes o objetivo era que os
contribuintes não ficarem desprotegidos, mas nunca uma portaria ou regulamento, porque
não e uma mera questão formal, mas material. Só por DL simples.
Quando se previu a questão da garantia dos contribuintes na CRP era de garanti-los para que
não ficassem desprotegidos, logo não faria sentido que aquando da promoção dessas
garantias o Governo não pudesse alterar. Jurisprudência não é constante.
1. Aumentar a taxa do IVA para 25% com efeitos a partir do dia 1 de maio de
2015;
2. Aumentar a taxa máxima de IRS para as duas categorias mais elevadas em
5% com efeitos nos rendimentos pessoais de 2015;
3. Aumentar a taxa de IRC para 27% para os rendimentos das pessoas coletivas
com efeitos no lucro tributável de 2015, e agravando a tributação autónoma
das despesas com veículos automóveis para 60%;
RESOLUÇÃO:
1. Aumentar a taxa do IVA para 25% com efeitos a partir do dia 1 de maio de
2015;
Temos de começar por classificar o tipo de tributo em causa: estamos perante o aumento da
taxa de um imposto (art. 3º/2 e 4º/1LGT), desde logo porque se verifica a existência de um
elemento ad valorem na parte em que se refere ao “valor tributável das prestações”, ou seja,
existe aqui uma percentagem que varia consoante as prestações a que o trabalhador tenha
direito por força da lei ou do contrato de trabalho: as prestações e as despesas são
tributadas em função daquilo que é prestado e daquilo que é gasto- se é prestado mais, é
deduzido mais. Para além disso, verifica-se ainda aqui a caraterística da unilateralidade que
se distingue da bilateralidade típica das taxas, onde existe uma contraprestação. Já neste
caso não existe qualquer contraprestação: é consignada a receita, que será para o Estado, e
nós não sabemos exatamente ao que é que vai ser aplicada.
No que respeita à taxa do IVA, o art 18.º do CIVA determina as suas taxas aplicáveis.
Estamos aqui perante problemas de aplicação da lei no tempo, o que nos leva a referir o
princípio da não retroatividade da lei fiscal, segundo o qual a lei nova só se aplica para o
futuro, ou seja, a aplicação da lei nova a factos passados é proibida nos termos do art.
103º/3CRP.
No quadro do IVA o sujeito passivo não coincide com o consumidor final. Enquanto para o
consumidor final, o IVA é um imposto de obrigação única, para o sujeito passivo ele é um
facto tributário de formação sucessiva.
Como o IVA é suportada pelo consumidor final, a aplicação da lei nova no tempo, em
matéria de IVA, não pode colocar em causa o imposto já pago pelo consumidor final.
Assim, o aumento do IVA a meio do ano fiscal só se pode aplicar aos factos tributários
(consumo, prestação de serviços ou importação) futuros (que ocorram após a entrada em
vigor da lei nova), sob pena de se colocar em causa o montante de IVA cobrado
anteriormente em cada elo da cadeia.
No caso em apreço, uma vez que apenas se aplicaria a partir do dia 1 de Maio, isto é para
factos futuros, não se coloca a questão da sua aplicação retroativa, que seria proibida pelo
art. 12.º/1 da LGT, não existindo qualquer inconstitucionalidade material.
Implicitamente os diversos países da UE dizem que a taxa máxima de IVA deverá ser de 25%.
A verdade e quando veio a crise financeira houve países a aumentarem a taxa alem dos 25%.
Temos de começar por classificar o tipo de tributo em causa: estamos perante o aumento da
taxa de um imposto (art. 3º/2 e 4º/1LGT), desde logo porque se verifica a existência de um
elemento ad valorem na parte em que se refere ao “valor tributável das prestações”, ou seja,
existe aqui uma percentagem que varia consoante as prestações a que o trabalhador tenha
direito por força da lei ou do contrato de trabalho: as prestações e as despesas são
tributadas em função daquilo que é prestado e daquilo que é gasto- se é prestado mais, é
deduzido mais. Para além disso, verifica-se ainda aqui a caraterística da unilateralidade que
se distingue da bilateralidade típica das taxas, onde existe uma contraprestação. Já neste
caso não existe qualquer contraprestação: é consignada a receita, que será para o Estado, e
nós não sabemos exatamente ao que é que vai ser aplicada.
Passemos agora para a identificação do tatbestand sistemático do imposto do IRS:
Sujeito ativo: Estado
Sujeito passivo: trabalhadores dependentes
Taxa ou alíquota: 5%
Objeto: sobre o rendimento (art. 104º/1 CRP)
Função: pessoal
Modo: direto
Período temporal de criação e de extinção: obrigação periódica.
O IRS trata-se de um imposto periódico, cujo facto tributário tem normalmente inicio no
primeiro dia do ano ou período fiscal e que só está concluído no último dia desse ano ou
periódico (factos tributários de formação sucessiva).
No caso dos IMPOSTOS PERIÓDICOS (EX: IRS e IRC quando se trate de residentes tributados
sobre o rendimento acréscimo) a proibição da retroatividade assume contornos próprios
relacionados com a formação sucessiva do facto tributário e com a existência de anos ou
períodos fiscais que separam as obrigações tributárias por períodos. A existência de factos
tributários de formação sucessiva, que só estão incluídos quando termina o ano ou período
fiscal, faz do ano ou período fiscal o parâmetro para ferirmos o próprio conceito de
retroatividade.
Assim, desde que o ano fiscal esteja em curso, a entrada em vigor de lei nova aplica-se
desde 1 de Janeiro.
O art. 13.º/2 determina que se o facto com inicio no passado, ainda estiver a decorrer, fala-
se em retrospetividade, e esta será também proibida se for violada a proteção da confiança.
Nestes termos carece de averiguação se neste caso a aplicação da Lei Nova ao início do ano
de 2005 violaria o princípio da confiança.
Dado que os factos tributários de formação sucessiva só estão concluídos no final de um ano
ou período tributário, cabe saber se as expectativas de que leis novas mais gravosas só
entrem em vigor depois de o período fiscal em curso estar concluído são protegidas
constitucionalmente.
Para analisar esta questão, o TC recorre ao principio da proteção da confiança, o qual parecia
indicar que as referidas expectativas dos contribuintes estariam protegidas por este princípio
da proteção da confiança.
Segundo o TC, para que o princípio da proteção da confiança seja tutelado, na ponderação
da eventual inconstitucionalidade de NORMAS DOTADAS DE RETROATIVIDADE
Desta forma no acórdão de 128/2009 enumera 4 requisitos para a aferição desta violação do
princípio da confiança no caso de retrospetividade:
Estes dois critérios são densificados através de 4 REQUISITOS:
Primeiro, a lei fiscal está sempre em mudança, daí não serem legitimas expetativas de
congelamento das normas por parte dos contribuintes. Além disso, dada a situação de crise
e o conhecimento público dos objetivos impostos pelo PEC, não nos parece que houvesse
esta expetativa de continuidade, nem que fossem legitimas, justificadas e fundadas em boas
razões.
Neste caso parece-nos que dado o estado de grave financeira, e as obrigações impostas para
a redução do défice público que atenta ao interesse público, esta medida zelava em si o
interesse público.
3. Aumentar a taxa de IRC para 27% para os rendimentos das pessoas coletivas
com efeitos no lucro tributável de 2015, e agravando a tributação autónoma
das despesas com veículos automóveis para 60%;
Temos de começar por classificar o tipo de tributo em causa: estamos perante o aumento da
taxa de um imposto (art. 3º/2 e 4º/1LGT), desde logo porque se verifica a existência de um
elemento ad valorem.
Passemos agora para a identificação do tatbestand sistemático do imposto do IRC:
Sujeito ativo: Estado
Sujeito passivo: Pessoas coletivas- art. 1.º e 2.º/1 CIRC
Taxa ou alíquota: 27%
Objeto: sobre o rendimento (art. 104º/1 CRP)
Função: real- Ana Paula Dourado (pessoal só para Saldanha Sanches)
Modo: direto
Período temporal de criação e de extinção: obrigação periódica.
O IRC trata-se de um imposto periódico, cujo facto tributário tem normalmente inicio no
primeiro dia do ano ou período fiscal e que só está concluído no último dia desse ano ou
periódico (factos tributários de formação sucessiva).
No caso dos IMPOSTOS PERIÓDICOS (EX: IRS e IRC quando se trate de residentes tributados
sobre o rendimento acréscimo) a proibição da retroatividade assume contornos próprios
relacionados com a formação sucessiva do facto tributário e com a existência de anos ou
períodos fiscais que separam as obrigações tributárias por períodos. A existência de factos
tributários de formação sucessiva, que só estão incluídos quando termina o ano ou período
fiscal, faz do ano ou período fiscal o parâmetro para ferirmos o próprio conceito de
retroatividade.
Assim, desde que o ano fiscal esteja em curso, a entrada em vigor de lei nova aplica-se
desde 1 de Janeiro.
tributários de obrigação única, pois a tributação autónoma incide sobre despesas avulsas
que não se prendem diretamente com a obtenção do rendimento acréscimo, apesar de
contribuírem para a concorrência da determinação do rendimento acréscimo. Isto significa
que uma lei nova só pode ser aplicada a factos tributários que ocorram após a sua entrada
em vigor, sob pena de ser retroativa e, por conseguinte, inconstitucional- proibição da
retroatividade e, neste caso a retrospetividade- 13.º/2.
E esta distinção tem relevância, designadamente, para efeitos de aplicação da lei no tempo e
para a análise da questão da proibição da retroatividade da lei fiscal desfavorável prevista no
artigo 103.º, n.º 3, da Constituição.
Este acórdão veio por fim à polemica gerada pelo acórdão n.º 18/11 do TC que considerou a
tributação autónoma como uma tributação de rendimento. Este entendeu que a aplicação
de um a lei fiscal nova a partir de 1 de Janeiro de 2008, não caia no conceito de
retroatividade, porque os factos tributários em causa ainda não estavam concluídos. O TC
começou por distinguir a tributação autónoma das despesas não documentadas dos
restantes factos sujeitos a tributação autónoma.
de a tributação autónoma estar sistematicamente incluída nos códigos do IRS e do IRC não
torna uma tributação de factos de formação sucessiva. Assim sendo, as leis novas mais
onerosas devem aplica-se a facos tributários futuros.
Assim sendo, existe uma inconstitucionalidade material, uma vez que esta alteração,
tratando-se de uma obrigação única, sendo mais onerosa, apenas se poderia aplicar a factos
tributários futuros, e nunca haver uma retrospetividade, aplicando-se desde o início de 2015,
ou uma retroatividade autêntica, nos termos do art 103.º/3 da CRP e 12.º/1 da LGT.
O IRS trata-se de um imposto periódico, cujo facto tributário tem normalmente inicio no
primeiro dia do ano ou período fiscal e que só está concluído no último dia desse ano ou
periódico (factos tributários de formação sucessiva).
No caso dos IMPOSTOS PERIÓDICOS (EX: IRS e IRC quando se trate de residentes tributados
sobre o rendimento acréscimo) a proibição da retroatividade assume contornos próprios
relacionados com a formação sucessiva do facto tributário e com a existência de anos ou
períodos fiscais que separam as obrigações tributárias por períodos. A existência de factos
tributários de formação sucessiva, que só estão incluídos quando termina o ano ou período
fiscal, faz do ano ou período fiscal o parâmetro para ferirmos o próprio conceito de
retroatividade.
Assim, desde que o ano fiscal esteja em curso, a entrada em vigor de lei nova aplica-se
desde 1 de Janeiro.
Todavia, neste caso, pretende-se aplicar ao ano de 2014, ou seja não se trata da
retrospetividade permitida pelo art. 13.º/2 aos impostos periódicos, mas sim uma
retroatividade autêntica proibida por lei nos termos do art. 13.º/1 e 103.º/3 CRP.
Será que para esta retroatividade existe algum juízo valorativo? Tribunal diz que não. Mas a
APD diz que o TC ao considerar a retroatividade autêntica mais gravosa, verdadeiramente já
esta a fazer o juízo valorativo que noa faz, e em casos mais difíceis continua-se a recorrer ao
princípio da confiança.
No ac. 129/09 do TC, o tribunal estabeleceu uma dicotomia entre a retroatividade autêntica
ou própria de normas fiscais novas mais gravosas e a retrospetividade.
A interpretação constante do TC é a de que o art. 103º/3CRP apenas consagrou a proibição
da retroatividade autêntica ou própria da lei fiscal (retroatividade forte). Como o TC
entende que a retroatividade autêntica é proibida pela constituição, sem ser necessário
avaliar se a proteção da confiança foi ou não violada, a análise da proteção da confiança é
relegada para as situações de retrospetividade.
Neste sentido, existe uma inconstitucionalidade material por violação do princípio da não
retroatividade autentica do art 103.º/3 CRP e 12.º/1 LGT.
As mais valias fazem parte do CIRS, logo, teríamos um imposto sobre o rendimento, e
portanto em termos de aplicação da lei no tempo é um imposto periódico. Se houver uma
alteração a meio do ano, estamos perante uma situação de retroatividade em sentido
próprio. Apesar de ser um imposto periódico, temos de distinguir alguns dos regimes
contidos dentro do CIRS: o IRS não é um imposto unitário, embora a CRP diga que o imposto
pessoal deva ser único e progressivo. Na verdade, temos um imposto dual. Temos que olhar
para os factos tributários para poder concluir se estamos perante tributações periódicas ou
não.
2 Esta é uma diferença em relação à reserva de lei fiscal e ao princípio da tipicidade fiscal, pois a
reserva de lei abrange quer as normas oneradas quer as normas desoneradas relacionadas com o an,
quantum, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.
Exemplo 1: mais valia potenciais- o valor das ações está a subir no mercado, ou seja, elas
valem mais do que o montante por que as comprámos. Para efeitos fiscais, tributam-se as
mais valias realizadas. Comprámos as ações numa empresa, comprámos por 100 e vendemos
por 140, no ano em que aumentou a tributação das mais valias. Vendemos as ações hoje e
entra em vigor a nova lei mais onerosa daqui a 5 dias, passando a abranger o facto tributário
decorrente da nossa alienação.
Estes dois argumentos foram discutidos no nosso tribunal e há um acórdão recente que fez a
uniformização da jurisprudência dizendo que as mais valias são factos tributários de
obrigação única: na norma de incidência, o que o IRS nos diz é que há uma tributação
quando a mais valia ocorre.
STA, também no caso de rendimentos de trabalho dependente, cada vez que é pago o
montante, tinha havido um facto tributário de obrigação única.
O caso da retenção na fonte, o saldo é feito no fim do ano. Por exemplo, há uma pessoa que
trabalha por conta de outrem de janeiro a abril, e durante esses 4 meses foi feita uma
retenção por conta. O sujeito passivo, no fim do ano, tem de apresentar a declaração, e se
não houve mais rendimentos até dezembro, a retenção que lhe foi feita muito
provavelmente vai ser reembolsada. Na lógica do STA, as retenções feitas mês a mês deviam
ter caráter definitivo e não haver reembolso. A regente acha que não basta olhar para a
lógica de incidência: não basta a norma dizer que o facto tributário é, por exemplo, a
prestação de serviços ou o CT. Isto é uma parte do tatbestand sistemático mas depois temos
de ver como é apurado o rendimento, e se este é apurado até ao fim do ano, então o facto
tributário só se constituiu até 31 de dezembro. Antes disso não sabemos se vai haver
reembolso. No caso das mais valias, pode já ter havido pagamento mas só no fim do ano é
que temos a certeza disso.
Temos depois duas situações diferentes das mais valias, para a regente:
No quadro do IRS, temos dois factos de obrigação única:
1. Retenções na fonte a titulo definitivo: constam do art. 71ºCIRS e aplicam-se a várias
situações:
Aplicam-se aos não residentes que não desenvolvam a sua atividade com grau de
permanência em território português. Por exemplo, um professor de uma
universidade estrangeira que vem dar uma semana de aulas à nossa faculdade.
Neste caso, quando a faculdade lhe pagar, vai fazer uma retenção na fonte sobre a
sua remuneração e como ele não e residente, a retenção é a titulo definitivo,
portanto, ele fica desobrigado de qualquer obrigação em Portugal, pelo que a
faculdade retém e entrega ao estado. Apesar de ser IRS, trata-se de uma obrigação
única. Portanto, um facto tributário que se constituiu e extinguiu naquela semana.
Residentes em Portugal: quando ao pagamento de rendimentos de capitais (ex:
juros), quando são pagos a um residente são retidos na fonte pela instituição
financeira e são retenções a titulo definitivo. Há uma opção dada ao sujeito passivo
para englobar mas a maior parte dos aforradores não tem vantagens em englobar.
Se ele não exerceu a opção de englobamento, a retenção foi a titulo definitivo e,
portanto, é única. No caso das mais valias, também há uma opção de englobamento,
mas o problema não é ser uma retenção a titulo definitivo ou por conta, mas sim a
questão do saldo, porque pode não haver rendimento. O significado de rendimento
coincide com o conceito de acréscimo patrimonial (diferença de património entre o
dia 31 de dezembro e 1 de janeiro).
As mais-valias tributáveis em IRS, cuja matéria tributável resulta da diferença entre as mais-
valias e as menos-valias no ano fiscal, apesar de as mais-valias não serem englobadas e de a
taxa de imposto ser proporcional (o saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias- art.
72.º/4 CIRS)
Para o STA, após o acórdão de uniformização de júris, a mais valia deve ser tratado como um
facto de obirgaçao única que ocorre aquando do momento da alienação, ou seja, é quando
se vende que há a mais valia. A lei nova não se poderá aplicar a alienações que já tenham
ocorrido. Somente se aplica a alienações futuras. Logo, no entender do STA temos duas
possibilidades. Ou há aplicação da lei para o futuro- 12.º/2 LGT, se for para o passado há
sempre uma situação de retroatividade autentica proibida constitucionalmente no art.
103.º/3 CRP.
Em contraposição, a nossa regente e do professor Nuno Oliveira Garcia diz que o saldo das
mais valias tem lugar no final do ano. Ou seja, só sei se tenho mais valias ou não, no final do
ano. Posso ir vendendo coisas, e há um saldo que e feito no final. Se o saldo for negativo, não
tenho que me preocupar com as mais valias porque estas não têm de ser tributadas. Só há
mais valias se houver um incremente patrimonial. A diferença desta raciocínio, é que as mais
valias nem sempre se aplicam ao ano civil. Necessário aplicar os critérios de violação do
princípio da confiança, visto que se trata de uma retrospetividade.
EX: dia 1 de Janeiro, e dia 31 de Dezembro. A alienação ocorre a meio do ano (compra e
venda de ações ou de imovel). Seguindo a opinião do STA (acórdão 5/2017) e entrando a lei
nova em vigor após a alienação, não e permitido aplicar-se ao passado por haver
retroatividade autentica, mas para o futuro, o resto do ano é permitido- 12.º/1 LGT.
A professora diz que ao olhar para o art. 43.º percebemos que só no final do ano é que se faz
a subtração, e nesse sentido a mais valia só é apurada no final do ano. Imaginemos que no
dia 25 de Dezembro terei que pagar mais valias de 50 mil euros a 28% do Estado. O que eu
faço então é gastar os 50 mil para o meu saldo ser zero e não ter mais-valias para pagar. Ao
seguir o entendimento da professora, a lei nova pode-se aplicar ao ano em curso. Porque o
saldo só é apurado no final do ano, e assim sendo, temos uma situação de retrospetividade-
art. 2.º CRP e há que aferir a violação do princípio da confiança.
Para o assistente faz mais sentido a posição da professora regente. O problema do STA é que
aplico a lei antiga a um determinado período do ano, e a nova ao restante período, o que
pode se injusto porque sendo mais benéfica então posso ficar a espera que a lei mude, se for
mais prejudicial então deveria ter feito os meus investimentos logo no inicio do ano.
Mas no caso concreto, há uma desconsideração quer da doutrina do STA quer da doutrina da
regente, dado que nem atendem quando se a lei se aplica ou não retroativamente, apenas
diz que vai logo se aplicar as mais valias e assim sendo trata-se de uma retroatividade
autentica proibida pelo art 103.º/3 CRP.
CIRS
incidência objetiva- art. 1.º e ver qual a categoria de rendimento que está
em presença.
Quanto as taxas especiais, os rendimentos que estão no art. 72.º também são só
tributados no final do ano (necessário declaração, etc) e só ai e taxado à alíquota
que ai estiver. Estes são tributados a taxa que ai se encontra em vez de serem
tributados aa taxa geral do art. 68.º
Acrescento:
Quando é RENDIMENTO DE CATEGORIA B, é preciso identificar o CAE: